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Sobre a pesquisa-ação na educação e as armadilhas do praticismo




Sobre a pesquisa-ação na educação e as
armadilhas do praticismo

Marilia Gouvea de Miranda
Universidade Federal de Goiás, Faculdade de Educação
Universidade Católica de Goiás, Departamento de Educação



Anita C. Azevedo Resende
Universidade Federal de Goiás, Faculdade de Educação
Universidade Católica de Goiás, Departamento de Psicologia




                        Introdução                                e lugar privilegiado da pesquisa. Além disso, a pró-
                                                                  pria investigação se converteria em ação, em inter-
      O conceito de pesquisa-ação representa um veio              venção social, possibilitando ao pesquisador uma atua-
privilegiado para a discussão de um dos maiores                   ção efetiva sobre a realidade estudada. Reflexão e
impasses enfrentados pelos educadores: a relação en-              prática, ação e pensamento, pólos antes contrapostos,
tre teoria e prática. A educação é, afinal, uma prática           agora seriam acolhidos em uma modalidade de pes-
social constituída na estreita relação com o conjunto             quisa que considera a intervenção social na prática
das ciências sociais e outras áreas do conhecimento.              como seu princípio e seu fim último.
Descobrir-se no seio dessa contradição e seus desdo-                    É precisamente na perspectiva da articulação
bramentos e, ainda, apreender a tensão que lhe é ine-             entre teoria e prática que o presente artigo pretende
rente são condições de todos aqueles que pensam a                 abordar a noção de pesquisa-ação. Longe de preten-
educação e nela atuam, seja ela entendida em sua di-              der fazer uma exaustiva discussão sobre as caracte-
mensão mais particular, que é a educação escolar, ou              rísticas e possibilidades dessa importante modalida-
mais global, a cultura.                                           de de investigação, o que se propõe é pensar a
      Mediante a pesquisa-ação – uma concepção de                 pesquisa-ação e suas condições e possibilidades de
pesquisa que, desde o início, se define por incorporar            articular a reflexão e a ação no contexto da prática
a ação como sua dimensão constitutiva – , o pesquisa-             educativa. Para tanto, terá que ser feita uma incur-
dor em educação não deixa dúvidas sobre a relevân-                são na questão da produção do conhecimento no
cia conferida à prática em seu processo de investiga-             mundo moderno, passo necessário para a compreen-
ção. Tratar-se-ia, assim, de uma pesquisa que articula            são da articulação da relação entre teoria e prática
a relação entre teoria e prática no processo mesmo de             nesse mesmo contexto. Em seguida, são feitas con-
construção do conhecimento, ou seja, a dimensão da                siderações sobre a modalidade de pesquisa-ação, a
prática – que é constitutiva da educação – seria fonte            partir de autores aqui tomados como exemplos de


Revista Brasileira de Educação v. 11 n. 33 set./dez. 2006                                                           511
Marilia Gouvea de Miranda e Anita C. Azevedo Resende



distintas possibilidades de entendimento do termo,        de razão ante a um objeto que podia conhecer e sobre
para, finalmente, sugerir os riscos inerentes ao su-      o qual existiria uma só verdade.
posto de resolução imediata da contradição entre                Essa fé na razão impregnaria o programa ilumi-
teoria e prática: a instrumentalização da teoria e o      nista para o qual a extensão da razão a todos os cam-
praticismo na educação.                                   pos do conhecimento, se era limitada pelo próprio
                                                          fenômeno e não poderia ir além desse, não encontra-
       Conhecimento e intervenção social                  ria limites. Nenhum campo havia que não devesse ser
                                                          submetido à indagação racional, inclusive a política
     O dilema das possibilidades e condições do co-       e a religião. A conformação da ciência como o único
nhecimento desde sempre tem sido um impasse para          conhecimento possível, e de seu método como o úni-
os homens, e tem-se restabelecido, por diferentes pers-   co válido, implicaria que o recurso a causas ou prin-
pectivas, matizes teóricos e propostas metodológicas      cípios que não fossem acessíveis a esse método não
de variados aportes, em distintos momentos históri-       daria origem ao conhecer. E qualquer conhecimento
cos. Afinal, quais são as condições de possibilidade      que não recorresse a tal método também não teria
de apreensão da realidade pelo sujeito de conheci-        valor. O método da ciência devia ser estendido a to-
mento? Qual é a relação desse conhecimento com a          dos os campos da indagação e da atividade humana, e
objetividade, com a prática? Seja na mitologia, na fi-    a vida humana deveria ser por ele guiada. Nessa pers-
losofia, nas ciências naturais, nas ciências humanas,     pectiva, o método da ciência constituiu-se descritivo,
nas artes, ou nas relações sociais cotidianas, a ques-    no sentido de que os fatos e as suas relações constan-
tão tem-se recriado e seu enfrentamento desafiado o       tes foram compreendidos pelas leis que consentiam
pensamento e compreendido processos teóricos im-          na sua previsão.
portantes. A discussão acerca da pesquisa-ação deve             Assim, a possibilidade do conhecimento, o modo
ser tomada como um desses momentos.                       de conhecer, seu valor e finalidade deslocaram-se para
     Nos quase três séculos que vão desde os finais       a afirmatividade da forma, ou seja: a verdade havia
de 1600 até meados de 1800, de Descartes a Comte,         de ser garantida mais pela forma como era obtida,
passando por Kant e Hegel, constituem-se as bases         pelos procedimentos e instrumentos, do que pelo con-
da moderna compreensão da relação entre o sujeito         teúdo que pudesse revelar. A discussão epistemológi-
que conhece e a objetividade a ser conhecida, suas        ca migrou para a afirmatividade de regras e métodos
possibilidades e seus limites, suas condições e exi-      de bem conhecer, e a empiria constituiu-se como ex-
gências – a constituição da razão como uma faculda-       pressão exclusiva do real.
de propriamente humana. Já em Descartes (1983,                  Já as ciências humanas e sociais, que se consti-
p. 29), a razão revelava-se substância e possibilidade    tuirão a partir de meados do século XIX, serão soli-
da subjetividade de todos os homens, e não encontra-      dárias e contemporâneas de um questionamento radi-
va sua validade e garantia em Deus, mas no respeito a     cal dessa possibilidade de conhecimento, apreensão
regras precisas: “ o poder de bem julgar e distinguir o   do objeto pelo sujeito que conhece e relação desse
verdadeiro do falso, que é propriamente o que se de-      conhecimento com a objetividade e a prática históri-
nomina o bom senso ou a razão, é naturalmente igual       cas. Da complexa revolução social que a Europa trans-
em todos os homens”.                                      poria para o resto do mundo se desenvolveriam no-
     Descortinavam-se o desencantamento, a secula-        vas formas de sociabilidade, de entendimento, de
rização e a humanização da razão, que encontrará na       objetivação que constituiriam novas realidades sociais
ciência, particularmente na matemática, o fundamen-       e desafios para o conhecimento científico. Processa-
to do método a ser aplicado a todos os campos do          ram-se a afirmação da razão, da ciência, da cultura
saber, e mais: a afirmação do sujeito como portador       secular e do comportamento, a indústria e a urbaniza-


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Sobre a pesquisa-ação na educação e as armadilhas do praticismo



ção, a divisão do trabalho social e a mercantilização,            interpuseram-se entre o sujeito e o objeto para garan-
num decurso crescente de intelectualismo e raciona-               tir a inteireza presumida e interna deste, e a pesquisa
lidade que reduziu os espaços da tradição, da supers-             não se comprometeu para além da representação desse
tição, da religião.                                               mesmo objeto. E, como exigência de validade, con-
     A compreensão desse mundo complexo elabo-                    firmava-o, confirmando ao mesmo tempo uma reali-
rou propostas distintas para o conhecimento da reali-             dade que podia ser explicada, quantificada, compro-
dade. De um lado, foram traduzidos para o campo da                vada, prevista e, pois, controlada. Dessa forma, o
sociedade, da cultura e do indivíduo os procedimen-               conhecimento postulou-se objetivo e neutro. Contu-
tos que já haviam sido elaborados e continuavam a                 do, ao descrever a realidade e afirmá-la na sua
elaborar-se nas ciências físicas e naturais; de outro,            exterioridade, ele também se tornou confirmativo e,
produziram-se novos procedimentos de reflexão ante                a despeito de sua pretensa neutralidade e isenção, aca-
a originalidade dos acontecimentos e dilemas que                  bou por constituir-se como prática, ao conceber como
caracterizavam a vida social e o indivíduo no mundo               verdade a realidade manifesta, reiterando-a e confir-
moderno. Institucionalizadas nesse quadro, as ciên-               mando-a.
cias humanas e sociais desenvolveram-se sobrema-                        A neutralidade ante a objetividade efetivou-se,
neira a partir da virada do século XX, enfrentando,               portanto, como conservação e afirmação da realida-
sem resolver, as questões fundamentais da relação                 de mesma, revelando-se pseudopretensão, porque
entre sujeito e objeto e entre teoria e prática.                  efetivada historicamente como conservação, manu-
     O pensamento positivista foi um momento radi-                tenção, funcionalidade e controle. Daí que se tenha
cal dessa elaboração. Assentou-se no suposto da rup-              realizado como prática tomada como aplicação e
tura entre o sujeito e o objeto, possibilitando a apro-           utilidade.
priação dos modelos e métodos das ciências naturais                     Entretanto, diante dos desafios que se colocavam
como garantia e critério da verdade do conhecer. A                no mundo que se revolucionava, já no século XIX,
verdade do objeto estava assegurada pela fiel e com-              avançando para o século XX, tendências e vertentes
provada apreensão empírica, pela possibilidade de re-             nas ciências humanas e sociais buscaram libertar-se
petição, refutação e experimentação, descrição do ob-             da epistemologia das ciências naturais. Do modelo
jeto em sua representação, forma de manifestação                  explicativo das abordagens positivistas, organicistas
imediata ou aparência. Tanto mais verdadeiro seria o              e funcionalistas, os cientistas sociais voltaram-se para
seu conhecimento quanto mais fossem fiéis sua des-                uma abordagem compreensiva: “ em lugar da
crição e representação, de maneira que qualquer su-               ‘causação funcional’, a ‘conexão de sentido’, a ‘com-
jeito poderia comprovar a sua verdade, desde que ga-              preensão’, o mundo da vida, as ações e relações so-
rantidos os mesmos procedimentos e regras de                      ciais, o indivíduo, a identidade, a alteridade, a subje-
conhecer.                                                         tividade, os valores, os ideais, as fabulações” (Ianni,
     Não se distinguiram, nessa perspectiva, os mo-               2003, p. 21).
mentos de pesquisa e de exposição do objeto. O pro-                     Tratava-se, nessa perspectiva, de assumir a uni-
cesso do conhecer era a expressão exata do objeto                 dade originária da relação entre sujeito e objeto, a in-
conhecido. A descrição do caminho da pesquisa e de                vestigação científica devendo aceitar o desafio de um
sua metodologia era já exposição do objeto investi-               objeto que não se revela pela descrição de sua mani-
gado e confirmação de sua verdade. Este era o que a               festação, mas somente pela apreensão e compreen-
regra de conhecer permitia apreender, e essa regra era            são da diversidade de seus nexos, processos e estru-
a garantia de seu conhecimento.                                   turas de diferentes ordens. Um objeto ao mesmo tempo
     Afastando qualquer possibilidade de interferên-              singular e universal, particularidade e totalidade, que
cia do sujeito, portanto, as regras e os procedimentos            não se revela na sua expressão imediata e aparente,


Revista Brasileira de Educação v. 11 n. 33 set./dez. 2006                                                             513
Marilia Gouvea de Miranda e Anita C. Azevedo Resende



mas carrega o passado e o futuro na sua expressão                Esse debate fertilizou-se e ainda ecoa no presen-
presente, que é história, que faz história, que se trans-   te, e pode ser retomado nos diferentes programas e
forma, que é razão, emoção, sentido, desejo. Enfim,         projetos de pesquisa que, a partir da crítica às possi-
um objeto que se põe como desafio, seja ele o indiví-       bilidades postas na incorporação do modelo das ciên-
duo, a sociedade, o grupo, a classe, o movimento so-        cias naturais aos objetos das ciências históricas, apre-
cial, a escola, o ser humano na sua intricada e contra-     sentam propostas de pesquisa e intervenção no campo
ditória realidade individual e histórica: as formas das     social. E uma das perspectivas que podem ser apre-
objetivações humanas que constituem a realidade             endidas nessa direção é aquela que se convencionou
objetiva e as subjetivações da objetividade que cons-       chamar pesquisa-ação, que se constituiu a partir da
tituem o sujeito.                                           primeira metade do século XX.
      É nessa perspectiva que se compreende que “ as
ciências naturais realizam principalmente a explica-                  Pesquisa-ação e prática social
ção, ao passo que as ciências sociais propiciam prin-
cipalmente a compreensão, reconhecendo-se que as                 Diversos autores descrevem a trajetória da pes-
artes surpreendem e fascinam pela revelação” (idem,         quisa-ação desde os anos de 1940 até o presente.
p. 24-25, grifos do original). Assim, o desafio da com-     Numa perspectiva bastante abrangente, é possível
preensão da realidade social passou a ser enfrentado        situá-la em dois grandes períodos: o primeiro, mais
pelo sujeito que conhece num outro patamar.                 norte-americano, a partir da emergência do termo
      Num sentido amplo, e de início, pode-se afirmar       cunhado por Kurt Lewin nos anos anteriores à Se-
que o objeto constitui uma totalidade que conecta e         gunda Guerra Mundial, indo até os anos de 1960; o
sintetiza sentidos e significados, descortinando pro-       segundo, mais europeu, australiano e canadense, do
cessos em desenvolvimento. A fidelidade ao objeto           final dos anos de 1960 até os dias atuais (Barbier,
diz respeito à apreensão dos diferentes nexos que o         2002; André, 1995). Trata-se, na verdade, de um gran-
constituem. No entanto, não se trata simplesmente de        de mosaico de concepções de pesquisa-ação, cuja
arrolar e descrever tais nexos, mas de apreendê-los         abordagem qualitativa nas ciências sociais terá seu
como síntese significativa e histórica de seus proces-      conceito, justificativa e explicitação metodológica
sos, numa totalidade que não se reduz à relação de          constituídos a partir de distintas vinculações teórico-
tudo que lhe diz respeito, mas se refere a um todo          metodológicas.
significativo que apreende o objeto como expressão               A noção de intervenção poderá variar de uma po-
objetivada de sujeitos humanos em condições histó-          sição mais próxima à experimental (como a de
ricas determinadas e elabora a síntese da experiência       Lessard-Herbert, 1991 apud Barbier, 2002) até proje-
recriada pelo pensamento.                                   tos de ação social com vistas à solução de problemas
      Tomadas dessa forma, a teoria e a prática consti-     coletivos (Thiollent, 1984). Assim, à pesquisa-ação
tuem-se reciprocamente, porque a objetividade histó-        são atribuídas leituras que adotam uma perspectiva
rica e não-natural é, antes, produto de objetivações        mais explicativa (experimental) ou mais compreensi-
humanas. O objeto é sempre objetivação de sujeitos,         va (fenomenológica ou dialética). Em princípio, as
e compreendê-lo é apreender os sentidos e significa-        abordagens da pesquisa-ação constituem-se como crí-
dos humanos que ali se depositam. O seu conheci-            tica ao positivismo, ainda que se possa entender que
mento será o reconhecimento da história e, portanto,        nem todas logrem afastar-se inteiramente dessa con-
das práticas sociais que ali se cristalizaram, sendo o      cepção. Também é certo que, em princípio, elas se
desvendamento da realidade ou o conhecimento pro-           situam como abordagens compreensivas, uma vez que
duzido acerca dos seus objetos sempre práxis que            reconhecem que “ a realidade social não é algo que
descortina e se compromete com a realidade.                 exista e possa ser conhecida com independência por


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Sobre a pesquisa-ação na educação e as armadilhas do praticismo



aquele que queira conhecê-la, mas é uma realidade                      De uma perspectiva vinculada a Jürgen Habermas,
subjetiva, construída e sustentada por meio dos signi-            os canadenses Carr e Kemmis (1988, p. 142-143), ao
ficados dos atos individuais” (Carr & Kemmis, 1988,               formularem sua concepção de pesquisa-ação na edu-
p. 116).                                                          cação, defendem que a teoria educativa deve
      Na atualidade, delineiam-se algumas concepções              corresponder a cinco exigências: a) rejeitar as noções
que buscam distinguir-se dos aportes clássicos das                positivistas de racionalidade, de objetividade e de
ciências sociais descritos. Dentre outras, pode-se es-            verdade; b) admitir a possibilidade de utilizar as cate-
tabelecer um paralelo entre duas dessas novas                     gorias interpretativas dos docentes; c) encontrar meios
releituras da pesquisa-ação: as abordagens francesa e             para distinguir as interpretações que estão ideologi-
canadense, destacando-se, respectivamente, René                   camente distorcidas das que não estão, devendo pro-
Barbier (2002) e André Morin (2004); e a abordagem                porcionar também alguma orientação sobre como su-
australiana, cujos principais expoentes são Wilfred               perar os auto-entendimentos distorcidos; d) preocupar-
Carr e Stephen Kemmis (1988). Ao tomar como refe-                 se em identificar aspectos da ordem social existente
rência esses autores e algumas de suas obras, não se              que frustram a obtenção dos fins racionais, devendo
pretende uma exegese de seu pensamento e de sua                   poder oferecer explicações teóricas mediante as quais
produção, mas situar alguns aspectos gerais que per-              os docentes vejam como eliminar ou superar tais as-
mitem apreender os desdobramentos da pesquisa-ação                pectos; e) reconhecer que a teoria educativa é prática
no campo da educação na atualidade.                               no sentido de que a questão de sua consideração edu-
      René Barbier (2002) atribui à pesquisa-ação o               cacional seja determinada pela maneira pela qual se
sentido de uma revolução epistemológica ainda não                 relaciona com a prática. Assim, a verdadeira finalida-
suficientemente explorada nas ciências humanas. Sua               de da teoria educativa seria informar e guiar a prática
noção de pesquisa-ação é a de “ uma arte de rigor clí-            dos educadores, indicando quais ações devem empre-
nico, desenvolvida coletivamente, com o objetivo de               ender se querem superar os problemas e eliminar as
uma adaptação relativa de si ao mundo” (p. 67), o                 dificuldades.
que implica uma mudança do sujeito (indivíduo ou                       Inegavelmente, podem ser feitas muitas distin-
grupo) com relação à sua realidade. Reputa como bas-              ções entre as abordagens de pesquisa-ação desses
tante próxima da sua noção a do canadense André                   autores. No entanto, a que reputamos mais importan-
Morin (2004), de quem agrega o sentido de pesquisa-               te se refere aos aportes teóricos adotados: a teoria da
ação “ integral”, que visa à mudança pela “ transfor-             complexidade de Edgar Morin (e o viés sistêmico que,
mação recíproca da ação e do discurso”. Ambos re-                 ao seu modo, René Barbier e André Morin lhe confe-
correm à teoria da complexidade de Edgar Morin para               rem) e a teoria da ação comunicativa de Habermas,
contrapor-se ao “ ideal de simplicidade” das ciências             trazida por Carr e Kemmis.
da natureza. Afinal, só um paradigma da complexida-                    Em que pesem as distinções entre as abordagens
de poderia apreender o ser humano entendido como                  de Barbier e Morin, de um lado, e de Carr e Kemmis,
“ uma totalidade dinâmica, biológica, psicológica, so-            de outro, são muitas as suas aproximações e elas são
cial, cultural, cósmica, indissociável” (Barbier, 2002,           essenciais para a compreensão do que tem sido for-
p. 87). Esse paradigma, como reconhece Barbier, im-               mulado como pesquisa-ação na atualidade, especial-
põe ao pesquisador uma visão sistêmica aberta: “ Ele              mente na educação. Primeiro, os autores são bastante
deve combinar a organização, a informação, a ener-                incisivos na crítica ao positivismo nas ciências so-
gia, a retroação, as fontes, os produtos e os fluxos,             ciais, aos limites de sua noção cientificista de pesqui-
input e output, do sistema, sem fechar-se numa                    sa, de objetividade, racionalidade e verdade. Segun-
clausura para onde o leva geralmente seu espírito teó-            do, com maior ou menor aproximação, recorrem às
rico” (idem, p. 91).                                              abordagens compreensivas para extrair delas as pos-


Revista Brasileira de Educação v. 11 n. 33 set./dez. 2006                                                             515
Marilia Gouvea de Miranda e Anita C. Azevedo Resende



sibilidades do sujeito (do conhecimento ou da ação) e                 to menos quanto mais crê ser, quanto mais se ilude
dar significado à realidade vivida mediante catego-                   em ser algo para si objetivo” (p. 198).
rias interpretativas.1 Terceiro, vinculam a noção da                        É importante ressaltar a crítica que a pesquisa-
pesquisa à idéia de mudança, de transformação dos                     ação faz a uma noção de teoria contemplativa e abs-
atores e sua realidade. Quarto, e conseqüentemente,                   trata. A afirmação de Marx de que não se trata apenas
investigam o conceito de pesquisa junto à ação, à prá-                de compreender o mundo, mas de buscar transformá-
tica, com a resolução dos saberes nas ciências huma-                  lo, é sempre presente e deve ser entendida na pers-
nas e sociais dando-se, preferencial ou exclusivamen-                 pectiva das mediações constitutivas das relações pos-
te, no campo da prática e da ação social. Quinto,                     tas entre sujeito e objeto, teoria e prática.
postulam uma noção de totalidade que se afirma refe-                        Deve-se, no entanto, estar atento para que o im-
rida à prática e diz respeito a tudo que nela se consti-              perativo de transformação da realidade social não
tui, abrangendo a ação e a experiência do sujeito. Sex-               implique a perda da mediação teórica na apreensão
to, a pesquisa-ação, mais do que uma abordagem                        dessa realidade. Nesse sentido, é importante discutir
metodológica, é um posicionamento diante de ques-                     a tendência que hoje se verifica de estabelecer o pri-
tões epistemológicas fundamentais, como a relação                     mado da ação sobre a reflexão, da prática sobre a teo-
entre sujeito e objeto, teoria e prática, reforma e trans-            ria, da experiência sobre o pensamento, tendência de
formação social.                                                      que resultam pelo menos dois graves reducionismos:
                                                                      o praticismo e a instrumentalização da teoria (Miranda,
                O praticismo e seus riscos                            2004, p. 21). O suposto de que a produção do conhe-
                                                                      cimento seja orientada para subsidiar a ação pode in-
     Quais as implicações desse posicionamento epis-                  correr numa noção bastante pragmática de teoria,
temológico para a pesquisa-ação? Antes de tudo, deve-                 aquela que se orienta para um fim útil, o que viria a
se reconhecer o quanto é importante que a pesquisa-                   conferir-lhe um caráter de instrumentalidade ou, no
ação se posicione como crítica ao objetivismo estéril                 limite, a sua negação como teoria. Não é demais lem-
próprio do positivismo, e que possa buscar, na pers-                  brar que teoria e prática guardam entre si uma rela-
pectiva compreensiva, uma apreensão da relação en-                    ção de contradição: mesmo sendo sempre e necessa-
tre sujeito e objeto que contemple essas polaridades                  riamente vinculada à prática, teoria não é prática, não
reciprocamente referidas e contraditórias. Está em                    se reduz a esta e não pode orientar-se imediatamente
causa, portanto, a natureza da relação entre sujeito e                pelo seu interesse.
objeto nas ciências humanas e sociais. Adorno (1995)                        Tal praticismo pode afetar a formação inicial e
lembra que a separação entre sujeito e objeto, ao mes-                continuada do professor, especialmente tudo o que
mo tempo real e aparente, se torna ideologia sempre                   diga respeito ao seu trato com a teoria, entendida aqui
que for fixada sem mediação. Por isso, deve-se evitar                 de modo bastante abrangente e envolvendo, além das
incorrer na armadilha de, ao se contrapor ao primado                  chamadas teorias da educação, a filosofia, as ciências
da objetividade, resvalar no subjetivismo. Mesmo                      humanas e sociais, a arte, a cultura humana. O ideal
porque “ o sujeito tanto mais é quanto menos é, e tan-                de formação não pode, por qualquer pretexto, passar
                                                                      ao largo da defesa de uma sólida formação teórica,
                                                                      cujo princípio não deveria ser a instrumentalidade da
      1
          Nesse ponto, há uma distinção importante a ser ressaltada   ação (“ teoria para quê?”), mas a fecundidade da prá-
em Carr e Kemmis com relação aos outros autores citados: os           tica social em sua estreita vinculação com a mesma
australianos afirmam que o limite da abordagem compreensiva           teoria. É nesse sentido que se deve propor a teoria
(que eles chamam de interpretativa) seria o não-reconhecimento        efetivada como prática, sobretudo quando aquela exer-
de que a realidade pode afetar (“ deformar”) a consciência.           ce seu vigor crítico: crítica da sociedade, das refor-


516                                                                      Revista Brasileira de Educação v. 11   n. 33 set./dez. 2006
Sobre a pesquisa-ação na educação e as armadilhas do praticismo



mas educacionais, das políticas públicas, dos conteú-                  Uma outra implicação de um incorreto enten-
dos ensinados, das práticas de gestão, do discurso                dimento da pesquisa-ação seria responsabilizar os
educacional, das teorias adotadas, da prática cotidia-            sujeitos (da ação, da pesquisa) pela mudança pre-
na. Não há dúvida de que o ponto de partida e de che-             tendida, quando se sabe que – sob as mediações teó-
gada dessa crítica seja a prática. Mas não há crítica             ricas, históricas, políticas, sociais e culturais já re-
possível sem a mediação da teoria. Como a teoria não              feridas – são limitadas as possibilidades da ação
é algo que possa ser buscado ou constituído para um               individual docente. Pode-se incorrer no voluntaris-
fim dado (como instrumento), não há alternativa se-               mo messiânico da ação bem-sucedida ou, o que é
não assegurar uma formação teórica aos professores.               mais provável, no insucesso frustrante da ação ma-
Isso, evidentemente, custa caro, requer uma mudan-                lograda. Ambos os enredos contrariam uma atua-
ça cultural de gigantescas proporções, contraria os               ção política refletida, realista e efetivamente trans-
interesses da indústria cultural e, sobretudo, tem o              formadora.
inconveniente de gerar um professorado crítico e                       Por fim, deve-se insistir no risco de fazer com
reivindicativo, difícil de ser administrado.                      que a pesquisa-ação seja convertida em estratégia de
     Assim, uma grave conseqüência do praticismo é                políticas públicas com a finalidade de imprimir refor-
que sua defesa vem alimentando a retórica reformista              mas no campo da retórica e da ação do professor, quan-
da educação e seus efeitos se vêm fazendo sentir nas              do então a sua discussão epistemológica e conceitual
diversas expressões de repúdio à teoria e à cultura               se transfere para normalizações instituidoras da prá-
acadêmica. Outra vez, são muitos os riscos: o aligei-             tica docente. A instituição da pesquisa como prática
ramento da formação, a descaracterização da univer-               comum e generalizada aos professores ou às escolas
sidade como agência de formação de professores, a                 desconsidera que ela requer suporte institucional e
banalização da pesquisa, a redução das condições de               acadêmico adequado, condições de trabalho compa-
autonomia e rigor para o exercício da crítica.                    tíveis, além da disposição e do interesse dos docen-
     Voltando à questão da pesquisa-ação, deve-se                 tes. Sem essas condições, pode-se alimentar uma re-
considerar que, do ponto de vista da atuação pedagó-              tórica reformista que institui o imperativo de que o
gica do professor, é preciso estar atento aos exageros            professor assuma sozinho a decisão e o risco de se
do praticismo. Uma incorreta compreensão da pes-                  contrapor a uma realidade que não dá sinais de pre-
quisa-ação pode gerar a falsa noção de que essa atua-             tender se transformar.
ção deva orientar-se para a solução de problemas iso-
lados na sala de aula ou escola. Ou seja, as idéias de                             Referências bibliográficas
ação, mudança, intervenção podem ficar condiciona-
das às exigências normativas e adaptativas da resolu-             ADORNO, Theodor W. Sobre sujeito e objeto. In: _____. Pala-
ção de problemas imediatos: a boa pesquisa, a boa                 vras e sinais: modelos críticos 2. ed. Tradução Maria Helena
prática e a boa teoria seriam, assim, aquelas que pre-            Ruschel. Petrópolis: Vozes, 1995. p. 62-75.
sidiriam a efetiva solução dos problemas enfrentados              ANDRÉ, Marli. Etnografia da prática escolar. 5. ed. Campinas:
individual ou coletivamente pelo professor. Não é                 Papirus, 1995.
preciso argumentar muito para demonstrar que efeti-               BARBIER, René. A pesquisa-ação. Tradução Lucie Didio. Brasília:
vas soluções implicam muito mais que soluções pon-                Plano, 2002.
tuais e emergenciais, pois requerem mediações teóri-              CARR, Wilfred; KEMMIS, Stephen. Teoria crítica de la
cas, históricas, políticas, sociais e culturais a serem           enseñanza. Barcelona: Martinez Roca, 1988.
construídas coletivamente, são reivindicativas e rara-            DESCARTES, René. O discurso do método. In: _____. Descar-
mente se orientam pela adaptação dos indivíduos ou                tes. 3. ed. Tradução J. Guinsburg e Bento Prado Júnior. São Paulo:
grupos ao já instituído.                                          Abril Cultural, 1983. p. 35-79.



Revista Brasileira de Educação v. 11 n. 33 set./dez. 2006                                                                      517
Marilia Gouvea de Miranda e Anita C. Azevedo Resende



IANNI, Octavio. Estilos de pensamento: explicar, compreender,         conciliação possível? (In: REUNIÃ O ANUAL DA ANPEd, 28.,
revelar. Araraquara: Cultura Acadêmica; UNESP, 2003.                  2005, Caxambu. Anais... 1 CD-ROM); O professor pesquisador e
MORIN, André. Pesquisa-ação integral e sistêmica: uma                 sua pretensão de resolver a relação teoria e prática na formação de
antropopedagogia renovada. Tradução Michel Thiollent. Rio de          professores (In: ANDRÉ, Marli (Org.). O papel da pesquisa na for-
Janeiro: DP&A, 2004.                                                  mação e na prática dos professores. 4. ed. Campinas: Papirus, 2005,
MIRANDA, Marília Gouvêa de. A pesquisa na prática profissio-          p. 129-143). E-mail: mgmiranda@uol.com.br
nal docente: limites e possibilidades. In: SILVA, Aurora H. F;
EVANGELISTA, Ely G. S. (Orgs.). Caminhando e abrindo cami-
                                                                            ANITA C. AZEVEDO RESENDE, doutora em ciências so-
nhos: trajetória da rede municipal de educação. Goiânia: Univer-      ciais pela PUC/SP, é professora da Faculdade de Educação da
sidade Federal de Goiás, 2004. p. 15-27.
                                                                      Universidade Federal de Goiás e do Departamento de Psicologia
THIOLLENT, Michel. Notas para o debate sobre pesquisa-ação.           da Universidade Católica de Goiás, e pesquisadora do CNPq. Ú l-
In: BRANDÃ O, Carlos (Org.). Repensando a pesquisa partici-
                                                                      timas publicações: Subjetividade: novas abordagens de antigas
pante. São Paulo: Brasiliense, 1984. p. 82-103.                       antinomias (In: REUNIÃ O ANUAL DA ANPEd, 28., 2005,
                                                                      Caxambu. Anais... 1 CD-ROM); Subjetividade e educação: um
      MARILIA GOUVEA DE MIRANDA, doutora em educação                  não-tão-novo desafio para um não-tão-novo mundo (Educ Ativa,
pela Pontifícia Universidade de São Paulo (PUC/SP), é professora      Goiânia, v. 6, n. 2, p. 311-321, jan./dez. 2003); O processo de
da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Goiás e do        individualização: alienação (Estudos, Goiânia, v. 30, n. 1, p. 201-
Departamento de Educação da Universidade Católica de Goiás.           215, 2003). E-mail: anita.resende@pesquisador.cnpq.br
Ú ltimas publicações: Sobre tempos e espaços da escola: do princí-
pio do conhecimento ao princípio da socialidade (Educação & So-
ciedade, Campinas: CEDES, v. 27, n. 91, p. 639-651, 2005); A psi-                                       Recebido em fevereiro de 2006
cologia da educação na perspectiva da relação teoria e prática: uma                                         Aprovado em julho de 2006




518                                                                       Revista Brasileira de Educação v. 11    n. 33 set./dez. 2006
Resumos/Abstracts/Resumens




                        Marilia Gouvea de Miranda e Anita C.
                        Azevedo Resende
                        Sobre a pesquisa-ação na educação e
                        as armadilhas do praticismo
                        A pesquisa-ação, uma modalidade de
                        pesquisa muito utilizada na educação, é



564   Revista Brasileira de Educação v. 11   n. 33 set./dez. 2006
Resumos/Abstracts/Resumens



abordada na perspectiva de suas contri-     educación, es abordada en la perspec-
buições e de seu duplo risco: o             tiva de sus contribuciones y de su
praticismo e a instrumentalização da        doble riesgo: la practicidad y la
teoria. O artigo parte de ampla discus-     instrumentación de la teoría. El artícu-
são sobre as condições e possibilidades     lo parte de una amplia discusión sobre
do conhecimento nas ciências sociais no     las condiciones y posibilidades del
mundo moderno, para situar a pesquisa-      conocimiento en las ciencias sociales
ação como uma proposta de pesquisa e        en el mundo moderno, para situar la
intervenção na realidade social. Após       pesquisa-acción como una propuesta
uma exposição da trajetória da pesqui-      de pesquisa e intervención en la
sa-ação, distingue duas grandes tendên-     realidad social. Después de una
cias de releitura dessa modalidade de       exposición de la trayectoria de la pes-
pesquisa nos dias atuais: as abordagens     quisa-acción, distingue dos grandes
francesa e canadense, destacando-se,        tendencias de relectura de esa
respectivamente, René Barbier e André       modalidad de pesquisa en los días
Morin; e a abordagem australiana, cujos     actuales: los abordajes francés y
principais expoentes são Wilfred Carr e     canadiense, destacándose, respectiva-
Stephen Kemmis.                             mente, René Barbier y André Morin; y
Palavras-chave: pesquisa-ação; pesqui-      el abordaje australiano, cuyos
sa educacional; teoria e prática            principales exponentes son Wilfred
On action research in education and         Carr y Stephen Kemmis.
the snares of practicism                    Palabras claves: pesquisa-acción;
Action research, a type of research         pesquisa educacional; teoría y
frequently employed in education, is        práctica
approached from the perspective of its
contributions and its double risk:
practicism and instrumentalization of
theory. Starting with a broad discussion
on the conditions and possibilities of
knowledge in social sciences in the
modern world, action research is
conceived as a proposal for research
and intervention in the social reality.
After discussing the trajectory of action
research, the article distinguishes two
strong tendencies in this modality of
research: the French and Canadian
approaches, emphasizing René Barbier
and André Morin respectively; and the
Australian approach, whose main
exponents are Wilfred Carr and Stephen
Kemmis.
Key words: action research; educational
research; theory and practice
Sobre la pesquisa-acción en la
educación y las trampas de la
practicidad
La pesquisa-acción, un modo de
encuesta muy utilizada en la



Revista Brasileira de Educação v. 11 n. 33 set./dez. 2006                              565

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Sobre a pesquisa ação na educação a11v1133

  • 1. Sobre a pesquisa-ação na educação e as armadilhas do praticismo Sobre a pesquisa-ação na educação e as armadilhas do praticismo Marilia Gouvea de Miranda Universidade Federal de Goiás, Faculdade de Educação Universidade Católica de Goiás, Departamento de Educação Anita C. Azevedo Resende Universidade Federal de Goiás, Faculdade de Educação Universidade Católica de Goiás, Departamento de Psicologia Introdução e lugar privilegiado da pesquisa. Além disso, a pró- pria investigação se converteria em ação, em inter- O conceito de pesquisa-ação representa um veio venção social, possibilitando ao pesquisador uma atua- privilegiado para a discussão de um dos maiores ção efetiva sobre a realidade estudada. Reflexão e impasses enfrentados pelos educadores: a relação en- prática, ação e pensamento, pólos antes contrapostos, tre teoria e prática. A educação é, afinal, uma prática agora seriam acolhidos em uma modalidade de pes- social constituída na estreita relação com o conjunto quisa que considera a intervenção social na prática das ciências sociais e outras áreas do conhecimento. como seu princípio e seu fim último. Descobrir-se no seio dessa contradição e seus desdo- É precisamente na perspectiva da articulação bramentos e, ainda, apreender a tensão que lhe é ine- entre teoria e prática que o presente artigo pretende rente são condições de todos aqueles que pensam a abordar a noção de pesquisa-ação. Longe de preten- educação e nela atuam, seja ela entendida em sua di- der fazer uma exaustiva discussão sobre as caracte- mensão mais particular, que é a educação escolar, ou rísticas e possibilidades dessa importante modalida- mais global, a cultura. de de investigação, o que se propõe é pensar a Mediante a pesquisa-ação – uma concepção de pesquisa-ação e suas condições e possibilidades de pesquisa que, desde o início, se define por incorporar articular a reflexão e a ação no contexto da prática a ação como sua dimensão constitutiva – , o pesquisa- educativa. Para tanto, terá que ser feita uma incur- dor em educação não deixa dúvidas sobre a relevân- são na questão da produção do conhecimento no cia conferida à prática em seu processo de investiga- mundo moderno, passo necessário para a compreen- ção. Tratar-se-ia, assim, de uma pesquisa que articula são da articulação da relação entre teoria e prática a relação entre teoria e prática no processo mesmo de nesse mesmo contexto. Em seguida, são feitas con- construção do conhecimento, ou seja, a dimensão da siderações sobre a modalidade de pesquisa-ação, a prática – que é constitutiva da educação – seria fonte partir de autores aqui tomados como exemplos de Revista Brasileira de Educação v. 11 n. 33 set./dez. 2006 511
  • 2. Marilia Gouvea de Miranda e Anita C. Azevedo Resende distintas possibilidades de entendimento do termo, de razão ante a um objeto que podia conhecer e sobre para, finalmente, sugerir os riscos inerentes ao su- o qual existiria uma só verdade. posto de resolução imediata da contradição entre Essa fé na razão impregnaria o programa ilumi- teoria e prática: a instrumentalização da teoria e o nista para o qual a extensão da razão a todos os cam- praticismo na educação. pos do conhecimento, se era limitada pelo próprio fenômeno e não poderia ir além desse, não encontra- Conhecimento e intervenção social ria limites. Nenhum campo havia que não devesse ser submetido à indagação racional, inclusive a política O dilema das possibilidades e condições do co- e a religião. A conformação da ciência como o único nhecimento desde sempre tem sido um impasse para conhecimento possível, e de seu método como o úni- os homens, e tem-se restabelecido, por diferentes pers- co válido, implicaria que o recurso a causas ou prin- pectivas, matizes teóricos e propostas metodológicas cípios que não fossem acessíveis a esse método não de variados aportes, em distintos momentos históri- daria origem ao conhecer. E qualquer conhecimento cos. Afinal, quais são as condições de possibilidade que não recorresse a tal método também não teria de apreensão da realidade pelo sujeito de conheci- valor. O método da ciência devia ser estendido a to- mento? Qual é a relação desse conhecimento com a dos os campos da indagação e da atividade humana, e objetividade, com a prática? Seja na mitologia, na fi- a vida humana deveria ser por ele guiada. Nessa pers- losofia, nas ciências naturais, nas ciências humanas, pectiva, o método da ciência constituiu-se descritivo, nas artes, ou nas relações sociais cotidianas, a ques- no sentido de que os fatos e as suas relações constan- tão tem-se recriado e seu enfrentamento desafiado o tes foram compreendidos pelas leis que consentiam pensamento e compreendido processos teóricos im- na sua previsão. portantes. A discussão acerca da pesquisa-ação deve Assim, a possibilidade do conhecimento, o modo ser tomada como um desses momentos. de conhecer, seu valor e finalidade deslocaram-se para Nos quase três séculos que vão desde os finais a afirmatividade da forma, ou seja: a verdade havia de 1600 até meados de 1800, de Descartes a Comte, de ser garantida mais pela forma como era obtida, passando por Kant e Hegel, constituem-se as bases pelos procedimentos e instrumentos, do que pelo con- da moderna compreensão da relação entre o sujeito teúdo que pudesse revelar. A discussão epistemológi- que conhece e a objetividade a ser conhecida, suas ca migrou para a afirmatividade de regras e métodos possibilidades e seus limites, suas condições e exi- de bem conhecer, e a empiria constituiu-se como ex- gências – a constituição da razão como uma faculda- pressão exclusiva do real. de propriamente humana. Já em Descartes (1983, Já as ciências humanas e sociais, que se consti- p. 29), a razão revelava-se substância e possibilidade tuirão a partir de meados do século XIX, serão soli- da subjetividade de todos os homens, e não encontra- dárias e contemporâneas de um questionamento radi- va sua validade e garantia em Deus, mas no respeito a cal dessa possibilidade de conhecimento, apreensão regras precisas: “ o poder de bem julgar e distinguir o do objeto pelo sujeito que conhece e relação desse verdadeiro do falso, que é propriamente o que se de- conhecimento com a objetividade e a prática históri- nomina o bom senso ou a razão, é naturalmente igual cas. Da complexa revolução social que a Europa trans- em todos os homens”. poria para o resto do mundo se desenvolveriam no- Descortinavam-se o desencantamento, a secula- vas formas de sociabilidade, de entendimento, de rização e a humanização da razão, que encontrará na objetivação que constituiriam novas realidades sociais ciência, particularmente na matemática, o fundamen- e desafios para o conhecimento científico. Processa- to do método a ser aplicado a todos os campos do ram-se a afirmação da razão, da ciência, da cultura saber, e mais: a afirmação do sujeito como portador secular e do comportamento, a indústria e a urbaniza- 512 Revista Brasileira de Educação v. 11 n. 33 set./dez. 2006
  • 3. Sobre a pesquisa-ação na educação e as armadilhas do praticismo ção, a divisão do trabalho social e a mercantilização, interpuseram-se entre o sujeito e o objeto para garan- num decurso crescente de intelectualismo e raciona- tir a inteireza presumida e interna deste, e a pesquisa lidade que reduziu os espaços da tradição, da supers- não se comprometeu para além da representação desse tição, da religião. mesmo objeto. E, como exigência de validade, con- A compreensão desse mundo complexo elabo- firmava-o, confirmando ao mesmo tempo uma reali- rou propostas distintas para o conhecimento da reali- dade que podia ser explicada, quantificada, compro- dade. De um lado, foram traduzidos para o campo da vada, prevista e, pois, controlada. Dessa forma, o sociedade, da cultura e do indivíduo os procedimen- conhecimento postulou-se objetivo e neutro. Contu- tos que já haviam sido elaborados e continuavam a do, ao descrever a realidade e afirmá-la na sua elaborar-se nas ciências físicas e naturais; de outro, exterioridade, ele também se tornou confirmativo e, produziram-se novos procedimentos de reflexão ante a despeito de sua pretensa neutralidade e isenção, aca- a originalidade dos acontecimentos e dilemas que bou por constituir-se como prática, ao conceber como caracterizavam a vida social e o indivíduo no mundo verdade a realidade manifesta, reiterando-a e confir- moderno. Institucionalizadas nesse quadro, as ciên- mando-a. cias humanas e sociais desenvolveram-se sobrema- A neutralidade ante a objetividade efetivou-se, neira a partir da virada do século XX, enfrentando, portanto, como conservação e afirmação da realida- sem resolver, as questões fundamentais da relação de mesma, revelando-se pseudopretensão, porque entre sujeito e objeto e entre teoria e prática. efetivada historicamente como conservação, manu- O pensamento positivista foi um momento radi- tenção, funcionalidade e controle. Daí que se tenha cal dessa elaboração. Assentou-se no suposto da rup- realizado como prática tomada como aplicação e tura entre o sujeito e o objeto, possibilitando a apro- utilidade. priação dos modelos e métodos das ciências naturais Entretanto, diante dos desafios que se colocavam como garantia e critério da verdade do conhecer. A no mundo que se revolucionava, já no século XIX, verdade do objeto estava assegurada pela fiel e com- avançando para o século XX, tendências e vertentes provada apreensão empírica, pela possibilidade de re- nas ciências humanas e sociais buscaram libertar-se petição, refutação e experimentação, descrição do ob- da epistemologia das ciências naturais. Do modelo jeto em sua representação, forma de manifestação explicativo das abordagens positivistas, organicistas imediata ou aparência. Tanto mais verdadeiro seria o e funcionalistas, os cientistas sociais voltaram-se para seu conhecimento quanto mais fossem fiéis sua des- uma abordagem compreensiva: “ em lugar da crição e representação, de maneira que qualquer su- ‘causação funcional’, a ‘conexão de sentido’, a ‘com- jeito poderia comprovar a sua verdade, desde que ga- preensão’, o mundo da vida, as ações e relações so- rantidos os mesmos procedimentos e regras de ciais, o indivíduo, a identidade, a alteridade, a subje- conhecer. tividade, os valores, os ideais, as fabulações” (Ianni, Não se distinguiram, nessa perspectiva, os mo- 2003, p. 21). mentos de pesquisa e de exposição do objeto. O pro- Tratava-se, nessa perspectiva, de assumir a uni- cesso do conhecer era a expressão exata do objeto dade originária da relação entre sujeito e objeto, a in- conhecido. A descrição do caminho da pesquisa e de vestigação científica devendo aceitar o desafio de um sua metodologia era já exposição do objeto investi- objeto que não se revela pela descrição de sua mani- gado e confirmação de sua verdade. Este era o que a festação, mas somente pela apreensão e compreen- regra de conhecer permitia apreender, e essa regra era são da diversidade de seus nexos, processos e estru- a garantia de seu conhecimento. turas de diferentes ordens. Um objeto ao mesmo tempo Afastando qualquer possibilidade de interferên- singular e universal, particularidade e totalidade, que cia do sujeito, portanto, as regras e os procedimentos não se revela na sua expressão imediata e aparente, Revista Brasileira de Educação v. 11 n. 33 set./dez. 2006 513
  • 4. Marilia Gouvea de Miranda e Anita C. Azevedo Resende mas carrega o passado e o futuro na sua expressão Esse debate fertilizou-se e ainda ecoa no presen- presente, que é história, que faz história, que se trans- te, e pode ser retomado nos diferentes programas e forma, que é razão, emoção, sentido, desejo. Enfim, projetos de pesquisa que, a partir da crítica às possi- um objeto que se põe como desafio, seja ele o indiví- bilidades postas na incorporação do modelo das ciên- duo, a sociedade, o grupo, a classe, o movimento so- cias naturais aos objetos das ciências históricas, apre- cial, a escola, o ser humano na sua intricada e contra- sentam propostas de pesquisa e intervenção no campo ditória realidade individual e histórica: as formas das social. E uma das perspectivas que podem ser apre- objetivações humanas que constituem a realidade endidas nessa direção é aquela que se convencionou objetiva e as subjetivações da objetividade que cons- chamar pesquisa-ação, que se constituiu a partir da tituem o sujeito. primeira metade do século XX. É nessa perspectiva que se compreende que “ as ciências naturais realizam principalmente a explica- Pesquisa-ação e prática social ção, ao passo que as ciências sociais propiciam prin- cipalmente a compreensão, reconhecendo-se que as Diversos autores descrevem a trajetória da pes- artes surpreendem e fascinam pela revelação” (idem, quisa-ação desde os anos de 1940 até o presente. p. 24-25, grifos do original). Assim, o desafio da com- Numa perspectiva bastante abrangente, é possível preensão da realidade social passou a ser enfrentado situá-la em dois grandes períodos: o primeiro, mais pelo sujeito que conhece num outro patamar. norte-americano, a partir da emergência do termo Num sentido amplo, e de início, pode-se afirmar cunhado por Kurt Lewin nos anos anteriores à Se- que o objeto constitui uma totalidade que conecta e gunda Guerra Mundial, indo até os anos de 1960; o sintetiza sentidos e significados, descortinando pro- segundo, mais europeu, australiano e canadense, do cessos em desenvolvimento. A fidelidade ao objeto final dos anos de 1960 até os dias atuais (Barbier, diz respeito à apreensão dos diferentes nexos que o 2002; André, 1995). Trata-se, na verdade, de um gran- constituem. No entanto, não se trata simplesmente de de mosaico de concepções de pesquisa-ação, cuja arrolar e descrever tais nexos, mas de apreendê-los abordagem qualitativa nas ciências sociais terá seu como síntese significativa e histórica de seus proces- conceito, justificativa e explicitação metodológica sos, numa totalidade que não se reduz à relação de constituídos a partir de distintas vinculações teórico- tudo que lhe diz respeito, mas se refere a um todo metodológicas. significativo que apreende o objeto como expressão A noção de intervenção poderá variar de uma po- objetivada de sujeitos humanos em condições histó- sição mais próxima à experimental (como a de ricas determinadas e elabora a síntese da experiência Lessard-Herbert, 1991 apud Barbier, 2002) até proje- recriada pelo pensamento. tos de ação social com vistas à solução de problemas Tomadas dessa forma, a teoria e a prática consti- coletivos (Thiollent, 1984). Assim, à pesquisa-ação tuem-se reciprocamente, porque a objetividade histó- são atribuídas leituras que adotam uma perspectiva rica e não-natural é, antes, produto de objetivações mais explicativa (experimental) ou mais compreensi- humanas. O objeto é sempre objetivação de sujeitos, va (fenomenológica ou dialética). Em princípio, as e compreendê-lo é apreender os sentidos e significa- abordagens da pesquisa-ação constituem-se como crí- dos humanos que ali se depositam. O seu conheci- tica ao positivismo, ainda que se possa entender que mento será o reconhecimento da história e, portanto, nem todas logrem afastar-se inteiramente dessa con- das práticas sociais que ali se cristalizaram, sendo o cepção. Também é certo que, em princípio, elas se desvendamento da realidade ou o conhecimento pro- situam como abordagens compreensivas, uma vez que duzido acerca dos seus objetos sempre práxis que reconhecem que “ a realidade social não é algo que descortina e se compromete com a realidade. exista e possa ser conhecida com independência por 514 Revista Brasileira de Educação v. 11 n. 33 set./dez. 2006
  • 5. Sobre a pesquisa-ação na educação e as armadilhas do praticismo aquele que queira conhecê-la, mas é uma realidade De uma perspectiva vinculada a Jürgen Habermas, subjetiva, construída e sustentada por meio dos signi- os canadenses Carr e Kemmis (1988, p. 142-143), ao ficados dos atos individuais” (Carr & Kemmis, 1988, formularem sua concepção de pesquisa-ação na edu- p. 116). cação, defendem que a teoria educativa deve Na atualidade, delineiam-se algumas concepções corresponder a cinco exigências: a) rejeitar as noções que buscam distinguir-se dos aportes clássicos das positivistas de racionalidade, de objetividade e de ciências sociais descritos. Dentre outras, pode-se es- verdade; b) admitir a possibilidade de utilizar as cate- tabelecer um paralelo entre duas dessas novas gorias interpretativas dos docentes; c) encontrar meios releituras da pesquisa-ação: as abordagens francesa e para distinguir as interpretações que estão ideologi- canadense, destacando-se, respectivamente, René camente distorcidas das que não estão, devendo pro- Barbier (2002) e André Morin (2004); e a abordagem porcionar também alguma orientação sobre como su- australiana, cujos principais expoentes são Wilfred perar os auto-entendimentos distorcidos; d) preocupar- Carr e Stephen Kemmis (1988). Ao tomar como refe- se em identificar aspectos da ordem social existente rência esses autores e algumas de suas obras, não se que frustram a obtenção dos fins racionais, devendo pretende uma exegese de seu pensamento e de sua poder oferecer explicações teóricas mediante as quais produção, mas situar alguns aspectos gerais que per- os docentes vejam como eliminar ou superar tais as- mitem apreender os desdobramentos da pesquisa-ação pectos; e) reconhecer que a teoria educativa é prática no campo da educação na atualidade. no sentido de que a questão de sua consideração edu- René Barbier (2002) atribui à pesquisa-ação o cacional seja determinada pela maneira pela qual se sentido de uma revolução epistemológica ainda não relaciona com a prática. Assim, a verdadeira finalida- suficientemente explorada nas ciências humanas. Sua de da teoria educativa seria informar e guiar a prática noção de pesquisa-ação é a de “ uma arte de rigor clí- dos educadores, indicando quais ações devem empre- nico, desenvolvida coletivamente, com o objetivo de ender se querem superar os problemas e eliminar as uma adaptação relativa de si ao mundo” (p. 67), o dificuldades. que implica uma mudança do sujeito (indivíduo ou Inegavelmente, podem ser feitas muitas distin- grupo) com relação à sua realidade. Reputa como bas- ções entre as abordagens de pesquisa-ação desses tante próxima da sua noção a do canadense André autores. No entanto, a que reputamos mais importan- Morin (2004), de quem agrega o sentido de pesquisa- te se refere aos aportes teóricos adotados: a teoria da ação “ integral”, que visa à mudança pela “ transfor- complexidade de Edgar Morin (e o viés sistêmico que, mação recíproca da ação e do discurso”. Ambos re- ao seu modo, René Barbier e André Morin lhe confe- correm à teoria da complexidade de Edgar Morin para rem) e a teoria da ação comunicativa de Habermas, contrapor-se ao “ ideal de simplicidade” das ciências trazida por Carr e Kemmis. da natureza. Afinal, só um paradigma da complexida- Em que pesem as distinções entre as abordagens de poderia apreender o ser humano entendido como de Barbier e Morin, de um lado, e de Carr e Kemmis, “ uma totalidade dinâmica, biológica, psicológica, so- de outro, são muitas as suas aproximações e elas são cial, cultural, cósmica, indissociável” (Barbier, 2002, essenciais para a compreensão do que tem sido for- p. 87). Esse paradigma, como reconhece Barbier, im- mulado como pesquisa-ação na atualidade, especial- põe ao pesquisador uma visão sistêmica aberta: “ Ele mente na educação. Primeiro, os autores são bastante deve combinar a organização, a informação, a ener- incisivos na crítica ao positivismo nas ciências so- gia, a retroação, as fontes, os produtos e os fluxos, ciais, aos limites de sua noção cientificista de pesqui- input e output, do sistema, sem fechar-se numa sa, de objetividade, racionalidade e verdade. Segun- clausura para onde o leva geralmente seu espírito teó- do, com maior ou menor aproximação, recorrem às rico” (idem, p. 91). abordagens compreensivas para extrair delas as pos- Revista Brasileira de Educação v. 11 n. 33 set./dez. 2006 515
  • 6. Marilia Gouvea de Miranda e Anita C. Azevedo Resende sibilidades do sujeito (do conhecimento ou da ação) e to menos quanto mais crê ser, quanto mais se ilude dar significado à realidade vivida mediante catego- em ser algo para si objetivo” (p. 198). rias interpretativas.1 Terceiro, vinculam a noção da É importante ressaltar a crítica que a pesquisa- pesquisa à idéia de mudança, de transformação dos ação faz a uma noção de teoria contemplativa e abs- atores e sua realidade. Quarto, e conseqüentemente, trata. A afirmação de Marx de que não se trata apenas investigam o conceito de pesquisa junto à ação, à prá- de compreender o mundo, mas de buscar transformá- tica, com a resolução dos saberes nas ciências huma- lo, é sempre presente e deve ser entendida na pers- nas e sociais dando-se, preferencial ou exclusivamen- pectiva das mediações constitutivas das relações pos- te, no campo da prática e da ação social. Quinto, tas entre sujeito e objeto, teoria e prática. postulam uma noção de totalidade que se afirma refe- Deve-se, no entanto, estar atento para que o im- rida à prática e diz respeito a tudo que nela se consti- perativo de transformação da realidade social não tui, abrangendo a ação e a experiência do sujeito. Sex- implique a perda da mediação teórica na apreensão to, a pesquisa-ação, mais do que uma abordagem dessa realidade. Nesse sentido, é importante discutir metodológica, é um posicionamento diante de ques- a tendência que hoje se verifica de estabelecer o pri- tões epistemológicas fundamentais, como a relação mado da ação sobre a reflexão, da prática sobre a teo- entre sujeito e objeto, teoria e prática, reforma e trans- ria, da experiência sobre o pensamento, tendência de formação social. que resultam pelo menos dois graves reducionismos: o praticismo e a instrumentalização da teoria (Miranda, O praticismo e seus riscos 2004, p. 21). O suposto de que a produção do conhe- cimento seja orientada para subsidiar a ação pode in- Quais as implicações desse posicionamento epis- correr numa noção bastante pragmática de teoria, temológico para a pesquisa-ação? Antes de tudo, deve- aquela que se orienta para um fim útil, o que viria a se reconhecer o quanto é importante que a pesquisa- conferir-lhe um caráter de instrumentalidade ou, no ação se posicione como crítica ao objetivismo estéril limite, a sua negação como teoria. Não é demais lem- próprio do positivismo, e que possa buscar, na pers- brar que teoria e prática guardam entre si uma rela- pectiva compreensiva, uma apreensão da relação en- ção de contradição: mesmo sendo sempre e necessa- tre sujeito e objeto que contemple essas polaridades riamente vinculada à prática, teoria não é prática, não reciprocamente referidas e contraditórias. Está em se reduz a esta e não pode orientar-se imediatamente causa, portanto, a natureza da relação entre sujeito e pelo seu interesse. objeto nas ciências humanas e sociais. Adorno (1995) Tal praticismo pode afetar a formação inicial e lembra que a separação entre sujeito e objeto, ao mes- continuada do professor, especialmente tudo o que mo tempo real e aparente, se torna ideologia sempre diga respeito ao seu trato com a teoria, entendida aqui que for fixada sem mediação. Por isso, deve-se evitar de modo bastante abrangente e envolvendo, além das incorrer na armadilha de, ao se contrapor ao primado chamadas teorias da educação, a filosofia, as ciências da objetividade, resvalar no subjetivismo. Mesmo humanas e sociais, a arte, a cultura humana. O ideal porque “ o sujeito tanto mais é quanto menos é, e tan- de formação não pode, por qualquer pretexto, passar ao largo da defesa de uma sólida formação teórica, cujo princípio não deveria ser a instrumentalidade da 1 Nesse ponto, há uma distinção importante a ser ressaltada ação (“ teoria para quê?”), mas a fecundidade da prá- em Carr e Kemmis com relação aos outros autores citados: os tica social em sua estreita vinculação com a mesma australianos afirmam que o limite da abordagem compreensiva teoria. É nesse sentido que se deve propor a teoria (que eles chamam de interpretativa) seria o não-reconhecimento efetivada como prática, sobretudo quando aquela exer- de que a realidade pode afetar (“ deformar”) a consciência. ce seu vigor crítico: crítica da sociedade, das refor- 516 Revista Brasileira de Educação v. 11 n. 33 set./dez. 2006
  • 7. Sobre a pesquisa-ação na educação e as armadilhas do praticismo mas educacionais, das políticas públicas, dos conteú- Uma outra implicação de um incorreto enten- dos ensinados, das práticas de gestão, do discurso dimento da pesquisa-ação seria responsabilizar os educacional, das teorias adotadas, da prática cotidia- sujeitos (da ação, da pesquisa) pela mudança pre- na. Não há dúvida de que o ponto de partida e de che- tendida, quando se sabe que – sob as mediações teó- gada dessa crítica seja a prática. Mas não há crítica ricas, históricas, políticas, sociais e culturais já re- possível sem a mediação da teoria. Como a teoria não feridas – são limitadas as possibilidades da ação é algo que possa ser buscado ou constituído para um individual docente. Pode-se incorrer no voluntaris- fim dado (como instrumento), não há alternativa se- mo messiânico da ação bem-sucedida ou, o que é não assegurar uma formação teórica aos professores. mais provável, no insucesso frustrante da ação ma- Isso, evidentemente, custa caro, requer uma mudan- lograda. Ambos os enredos contrariam uma atua- ça cultural de gigantescas proporções, contraria os ção política refletida, realista e efetivamente trans- interesses da indústria cultural e, sobretudo, tem o formadora. inconveniente de gerar um professorado crítico e Por fim, deve-se insistir no risco de fazer com reivindicativo, difícil de ser administrado. que a pesquisa-ação seja convertida em estratégia de Assim, uma grave conseqüência do praticismo é políticas públicas com a finalidade de imprimir refor- que sua defesa vem alimentando a retórica reformista mas no campo da retórica e da ação do professor, quan- da educação e seus efeitos se vêm fazendo sentir nas do então a sua discussão epistemológica e conceitual diversas expressões de repúdio à teoria e à cultura se transfere para normalizações instituidoras da prá- acadêmica. Outra vez, são muitos os riscos: o aligei- tica docente. A instituição da pesquisa como prática ramento da formação, a descaracterização da univer- comum e generalizada aos professores ou às escolas sidade como agência de formação de professores, a desconsidera que ela requer suporte institucional e banalização da pesquisa, a redução das condições de acadêmico adequado, condições de trabalho compa- autonomia e rigor para o exercício da crítica. tíveis, além da disposição e do interesse dos docen- Voltando à questão da pesquisa-ação, deve-se tes. Sem essas condições, pode-se alimentar uma re- considerar que, do ponto de vista da atuação pedagó- tórica reformista que institui o imperativo de que o gica do professor, é preciso estar atento aos exageros professor assuma sozinho a decisão e o risco de se do praticismo. Uma incorreta compreensão da pes- contrapor a uma realidade que não dá sinais de pre- quisa-ação pode gerar a falsa noção de que essa atua- tender se transformar. ção deva orientar-se para a solução de problemas iso- lados na sala de aula ou escola. Ou seja, as idéias de Referências bibliográficas ação, mudança, intervenção podem ficar condiciona- das às exigências normativas e adaptativas da resolu- ADORNO, Theodor W. Sobre sujeito e objeto. In: _____. Pala- ção de problemas imediatos: a boa pesquisa, a boa vras e sinais: modelos críticos 2. ed. Tradução Maria Helena prática e a boa teoria seriam, assim, aquelas que pre- Ruschel. Petrópolis: Vozes, 1995. p. 62-75. sidiriam a efetiva solução dos problemas enfrentados ANDRÉ, Marli. Etnografia da prática escolar. 5. ed. Campinas: individual ou coletivamente pelo professor. Não é Papirus, 1995. preciso argumentar muito para demonstrar que efeti- BARBIER, René. A pesquisa-ação. Tradução Lucie Didio. Brasília: vas soluções implicam muito mais que soluções pon- Plano, 2002. tuais e emergenciais, pois requerem mediações teóri- CARR, Wilfred; KEMMIS, Stephen. Teoria crítica de la cas, históricas, políticas, sociais e culturais a serem enseñanza. Barcelona: Martinez Roca, 1988. construídas coletivamente, são reivindicativas e rara- DESCARTES, René. O discurso do método. In: _____. Descar- mente se orientam pela adaptação dos indivíduos ou tes. 3. ed. Tradução J. Guinsburg e Bento Prado Júnior. São Paulo: grupos ao já instituído. Abril Cultural, 1983. p. 35-79. Revista Brasileira de Educação v. 11 n. 33 set./dez. 2006 517
  • 8. Marilia Gouvea de Miranda e Anita C. Azevedo Resende IANNI, Octavio. Estilos de pensamento: explicar, compreender, conciliação possível? (In: REUNIÃ O ANUAL DA ANPEd, 28., revelar. Araraquara: Cultura Acadêmica; UNESP, 2003. 2005, Caxambu. Anais... 1 CD-ROM); O professor pesquisador e MORIN, André. Pesquisa-ação integral e sistêmica: uma sua pretensão de resolver a relação teoria e prática na formação de antropopedagogia renovada. Tradução Michel Thiollent. Rio de professores (In: ANDRÉ, Marli (Org.). O papel da pesquisa na for- Janeiro: DP&A, 2004. mação e na prática dos professores. 4. ed. Campinas: Papirus, 2005, MIRANDA, Marília Gouvêa de. A pesquisa na prática profissio- p. 129-143). E-mail: mgmiranda@uol.com.br nal docente: limites e possibilidades. In: SILVA, Aurora H. F; EVANGELISTA, Ely G. S. (Orgs.). Caminhando e abrindo cami- ANITA C. AZEVEDO RESENDE, doutora em ciências so- nhos: trajetória da rede municipal de educação. Goiânia: Univer- ciais pela PUC/SP, é professora da Faculdade de Educação da sidade Federal de Goiás, 2004. p. 15-27. Universidade Federal de Goiás e do Departamento de Psicologia THIOLLENT, Michel. Notas para o debate sobre pesquisa-ação. da Universidade Católica de Goiás, e pesquisadora do CNPq. Ú l- In: BRANDÃ O, Carlos (Org.). Repensando a pesquisa partici- timas publicações: Subjetividade: novas abordagens de antigas pante. São Paulo: Brasiliense, 1984. p. 82-103. antinomias (In: REUNIÃ O ANUAL DA ANPEd, 28., 2005, Caxambu. Anais... 1 CD-ROM); Subjetividade e educação: um MARILIA GOUVEA DE MIRANDA, doutora em educação não-tão-novo desafio para um não-tão-novo mundo (Educ Ativa, pela Pontifícia Universidade de São Paulo (PUC/SP), é professora Goiânia, v. 6, n. 2, p. 311-321, jan./dez. 2003); O processo de da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Goiás e do individualização: alienação (Estudos, Goiânia, v. 30, n. 1, p. 201- Departamento de Educação da Universidade Católica de Goiás. 215, 2003). E-mail: anita.resende@pesquisador.cnpq.br Ú ltimas publicações: Sobre tempos e espaços da escola: do princí- pio do conhecimento ao princípio da socialidade (Educação & So- ciedade, Campinas: CEDES, v. 27, n. 91, p. 639-651, 2005); A psi- Recebido em fevereiro de 2006 cologia da educação na perspectiva da relação teoria e prática: uma Aprovado em julho de 2006 518 Revista Brasileira de Educação v. 11 n. 33 set./dez. 2006
  • 9. Resumos/Abstracts/Resumens Marilia Gouvea de Miranda e Anita C. Azevedo Resende Sobre a pesquisa-ação na educação e as armadilhas do praticismo A pesquisa-ação, uma modalidade de pesquisa muito utilizada na educação, é 564 Revista Brasileira de Educação v. 11 n. 33 set./dez. 2006
  • 10. Resumos/Abstracts/Resumens abordada na perspectiva de suas contri- educación, es abordada en la perspec- buições e de seu duplo risco: o tiva de sus contribuciones y de su praticismo e a instrumentalização da doble riesgo: la practicidad y la teoria. O artigo parte de ampla discus- instrumentación de la teoría. El artícu- são sobre as condições e possibilidades lo parte de una amplia discusión sobre do conhecimento nas ciências sociais no las condiciones y posibilidades del mundo moderno, para situar a pesquisa- conocimiento en las ciencias sociales ação como uma proposta de pesquisa e en el mundo moderno, para situar la intervenção na realidade social. Após pesquisa-acción como una propuesta uma exposição da trajetória da pesqui- de pesquisa e intervención en la sa-ação, distingue duas grandes tendên- realidad social. Después de una cias de releitura dessa modalidade de exposición de la trayectoria de la pes- pesquisa nos dias atuais: as abordagens quisa-acción, distingue dos grandes francesa e canadense, destacando-se, tendencias de relectura de esa respectivamente, René Barbier e André modalidad de pesquisa en los días Morin; e a abordagem australiana, cujos actuales: los abordajes francés y principais expoentes são Wilfred Carr e canadiense, destacándose, respectiva- Stephen Kemmis. mente, René Barbier y André Morin; y Palavras-chave: pesquisa-ação; pesqui- el abordaje australiano, cuyos sa educacional; teoria e prática principales exponentes son Wilfred On action research in education and Carr y Stephen Kemmis. the snares of practicism Palabras claves: pesquisa-acción; Action research, a type of research pesquisa educacional; teoría y frequently employed in education, is práctica approached from the perspective of its contributions and its double risk: practicism and instrumentalization of theory. Starting with a broad discussion on the conditions and possibilities of knowledge in social sciences in the modern world, action research is conceived as a proposal for research and intervention in the social reality. After discussing the trajectory of action research, the article distinguishes two strong tendencies in this modality of research: the French and Canadian approaches, emphasizing René Barbier and André Morin respectively; and the Australian approach, whose main exponents are Wilfred Carr and Stephen Kemmis. Key words: action research; educational research; theory and practice Sobre la pesquisa-acción en la educación y las trampas de la practicidad La pesquisa-acción, un modo de encuesta muy utilizada en la Revista Brasileira de Educação v. 11 n. 33 set./dez. 2006 565