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Saber viver
22 • CORREIO BRAZILIENSE • Brasília, terça-feira, 20 de outubro de 2009
Editora: Ana Paula Macedo
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Muitos pais sofrem até encontrar uma boa babá para os filhos. Especialistas recomendam cuidado na hora da escolha e
dizem que o casal não deve deixar todas as tarefas de cuidado das crianças sob responsabilidade da profissional
Cadu Gomes/CB/D.A Press
Para Fernanda, mãe de Bernardo, a babá deve ser afetuosa e ter paciência para lidar com a criança
Cargo de
confiança
E
scolher uma babá pode ser muitas vezes uma tarefa difícil para os pais. Encontrar uma pro-
fissional de confiança, responsável e que se adapte à rotina da família é um desafio. Pais e
mães devem ficar atentos a alguns detalhes para conseguir contratar alguém responsável e
que cuide de maneira apropriada dos filhos. Os especialistas lembram ainda que a profis-
sional deve ser bem orientada sobre seu papel e que os pais devem ter sempre em mente que, por
mais capacitada e competente que seja, a ela jamais substituirá o papel que os pais devem exercer
na educação dos pequenos.
Para a especialista no treinamento e recrutamento de babás Ângela Clara, nunca é fácil encon-
trar alguém que se adapte às exigências das mães. O que é compreensível, dada a importância da
função que a pessoa vai desempenhar. “Todo cuidado é pouco. Estamos buscando alguém para
cuidar de nossos filhos”, afirma.
Ela recomenda que os pais busquem conhecer o máximo possível sobre a candidata antes de
contratá-la (veja quadro). Desde aspectos mais diretos, como experiências anteriores e asseio cor-
poral, até questões mais subjetivas, como o sentimento que a babá desperta na mãe e a maneira
com que ela se relaciona com as crianças. “A empatia, os sentimentos que a candidata provoca em
você também são importantes. Tente perceber ainda afetividade, segurança, como ela se compor-
ta”, enumera Ângela.
A produtora Fernanda Pimentel, mãe do pequeno Bernardo, 1 ano e 9 meses, sabe o quanto po-
de ser difícil selecionar uma babá. Desde que a pessoa que cuidava do menino decidiu voltar para
o Maranhão para viver com a família, há nove meses, iniciou-se um trabalho de busca incessante.
“Estou na quarta tentativa. Pessoas de vários perfis passaram lá em casa, desde a profissional que
achava que podia usar as minhas coisas à que ficava no telefone no período em que deveria estar
com a criança”, reclama.
Segundo a mãe, o pior aspecto da troca de babá é o desenvolvimento de confiança. “O conheci-
mento das rotinas por parte da babá, o entrosamento, a adaptação da criança com a pessoa são
muito complicados”, conta. Para Fernanda, uma babá perfeita deve saber dosar carinho e discipli-
na. “É preciso que a pessoa seja afetuosa, aplique as orientações que deixo em relação a limites e
que, acima de tudo, tenha muita paciência, afinal trabalhar com criança é algo que cansa, pois elas
estão sempre testando os limites que impomos”, completa.
Mesmo que a babá chegue com boas referências e experiência é im-
portante ficar alerta. Não é tão raro assim a falsificação de registros, e
informações erradas de endereço e experiências anteriores. Uma alter-
nativa é procurar empresas que fazem a análise dos documentos e veri-
ficam todas as informações das candidatas. “Somente antecedentes cri-
minais não é suficiente, pois, se tiver ocorrido algum problema com a
criança que ela cuidava, isso provavelmente não constará na certidão,
já que os processos que envolvem menores de 18 anos costumam cor-
rer em segredo na Justiça”, explica Ângela Clara.
Divisão de papéis
Para a terapeuta familiar Roberta Palermo, autora do livro Babá/mãe
— Manual de instruções (Editora Mescla), a relação entre pais e babás
deve ser equilibrada. Segundo ela, é importante definir exatamente qual
é o papel de cada um na educação das crianças. “A babá deveria ser um
apoio, mas nos dias de hoje passou a assumir todas as atividades de cui-
dado da criança. É ela quem dá o banho, alimenta, brinca, troca a fralda,
acorda à noite e corta a unha. Na folga dela, os pais contratam a folguista.
Enfim, não assumem em momento algum o cuidado sozinhos.”
Segundo ela, é importante que os pais exerçam sua responsabilidade
e criem vínculos com os filhos. “O problema não é ter a babá, mas cair
no comodismo que a presença dela tem trazido para dentro de casa. É
muito importante que os pais descubram as atividades de cuidado que
gostam de fazer e passem a ser mais presentes nesses momentos. A
criança quer que os pais cuidem dela”, aconselha. “Não faz sentido, por
exemplo, os pais estarem em casa e o filho ter de almoçar com a babá”,
completa.
Por outro lado, é preciso respeitar a profissional, principalmente
em frente às crianças. “As mães não podem expô-la a situações ridí-
culas, como passar a falar com o marido ou familiares em outra lín-
gua, na frente dela, para ela não entender sobre o que estão falando”,
comenta Roberta. Segundo a terapeuta, atitudes assim diminuem a
autoridade da babá sobre a criança e fazem
com que ela não seja respeitada. “Os pais têm
de deixar claro que, em sua ausência, a babá www.correiobraziliense.com.br
manda, mesmo que ela não tenha a autonomia
para tomar algumas decisões. Os pais devem
dizer até onde a babá pode tomar decisões e,
caso não gostem de alguma atitude, conversar Leia a íntegra da entrevista com a
depois, longe da criança”, sugere. terapeuta familiar Roberta Palermo
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