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  DESENVOLVIMENTO DO TURISMO E SEUS IMPACTOS NA APA DO DELTA
                                           DO PARNAÍBA


                                                        SANTIAGO, Cristiane Maria Cordeiro¹
                                                               cristianesantiago21@gmail.com

                                                                    OLIVEIRA, Gilmara Alves de²
                                                             gilmara_alvesdeoliveira@hotmail.com

                                                                           NUNES, Virgínia Ribeiro²
                                                                     ribeironunes2008@hotmail.com

                                                            MOURA FÉ, Manuella Andressa B. de²
                                                                manuellaandressa@hotmail.com

                                                   NETO, Agostinho Ferreira da Costa²
                                                          agostinhonetoo@hotmail.com
¹Bolsista PIBIC, graduanda do curso de Geografia- Universidade Estadual do Piauí UESPI
              ²Graduandos do curso de Turismo- Universidade Estadual do Piauí – UESPI

                                                                     MOURA, Liége de Souza³
                                                                     liege.moura@hotmail.com
                                      ³Orientadora. Professora do curso de Geografia da UESPI.
                                         Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente – UFPI.


RESUMO: Considerando a importância da Área de Proteção Ambiental (APA) do Delta do Parnaíba para o
desenvolvimento do turismo, faz-se necessário compreender o nível de impactos resultantes da atividade
turística, visando propor medidas que amenizem as dificuldades advindas do turismo a fim de caminhar rumo
à sustentabilidade. Para tanto, esse trabalho visa analisar o desenvolvimento da atividade turística e os
impactos decorrentes desta na APA do Delta do Parnaíba e, discutir os aspectos teóricos relacionados a
turismo em Unidades de Conservação mais precisamente, nas Áreas de Proteção Ambiental (APAs). Esse
trabalho mostra os resultados preliminares do Projeto de Iniciação Cientifica- PIBIC/UESPI 2010-2011.
Nesse sentido, foi realizada pesquisa bibliográfica para discussão dos fundamentos teóricos que norteiam o
estudo, considerando o entendimento acerca de Unidades de Conservação, de uma forma geral e, mais
especificamente, referente à APAs, verificando, os impactos positivos e negativos que o turismo pode causar
não só na natureza como também, no meio social, econômico e cultural, discutindo o conceito de turismo
sustentável e a importância de sua aplicabilidade. Portanto, através da análise dos aspectos teóricos, foi
possível ampliar os conhecimentos acerca da atividade turística em Unidades de Conservação e analisar,
também, a necessidade e a importância de existir um turismo sustentável, uma vez que, a adoção desta
concepção traria maiores benefícios a todos os envolvidos, principalmente, ao ambiente natural.

Palavras-Chave: Impactos do turismo, Unidades de Conservação, Sustentabilidade


INTRODUCÃO


        Dada a relevância da Área de Proteção Ambiental (APA) para o desenvolvimento
do turismo é importante compreender o nível de impactos resultantes da atividade,
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considerando os aspectos positivos e negativos para posteriores recomendações de medidas
que visem a promoção da sustentabilidade. Nesse contexto, a APA do Delta do Parnaíba
constitui o objeto de estudo dessa pesquisa.


       Para tanto, a fim de alcançar o objetivo geral que é analisar o desenvolvimento da
atividade turística e os impactos decorrentes desta na APA do Delta do Parnaíba, objetiva-
se discutir primeiro, neste trabalho, os aspectos teóricos relacionados a turismo em
Unidades de Conservação e ao desenvolvimento do turismo em Áreas de Proteção
Ambiental (APA).


       Esse trabalho procura mostrar os resultados preliminares do Projeto de Iniciação
Cientifica- PIBIC/UESPI 2010-2011, tendo sido trabalhados conteúdos pertinentes a
compreensão dos termos essenciais da pesquisa. Foi realizada pesquisa bibliográfica para
discussão dos fundamentos teóricos que norteiam o estudo, considerando o entendimento
acerca de Unidades de Conservação, de uma forma geral e, mais especificamente, referente
à APAs, verificando, os impactos positivos e negativos que o turismo pode causar não só
na natureza como também, no meio social, econômico e cultural, discutindo o conceito de
turismo sustentável e a importância de sua aplicabilidade.


       A análise das diversas alterações decorrentes do turismo é essencial para a
compreensão das formas de uso e ocupação do espaço em questão. Portanto, através dessa
análise, foi possível ampliar os conhecimentos acerca da atividade turística em Unidades
de Conservação e observar, também, a necessidade e a importância de existir um turismo
sustentável, uma vez que, a adoção desta concepção traria maiores benefícios a todos os
envolvidos, principalmente, ao ambiente natural.


ATIVIDADE TURÍSTICA


       A atividade turística suscitou um elevado crescimento econômico nas últimas
décadas, trazendo grandes contribuições em vários setores produtivos, uma vez que, essa
atividade gera enorme fluxo de pessoas o que condiciona aumento do consumo de um
modo geral. Com isso, há aumento da infra-estrutura e, também surge a necessidade de
outros serviços como transporte, alojamentos e restauração.
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       O turismo é um instrumento de desenvolvimento por afetar vários setores da
economia. E, como ainda não existe uma definição exata, o mesmo é definido de acordo
com os interesses de cada área, as quais dão ênfase aos seus aspectos de maior interesse. O
turismo, por muitos anos, foi considerado uma atividade que não provocava danos ao meio
ambiente. Esta se compara a uma indústria, por transformar atrativos potenciais, que é
matéria-prima do turismo, em produtos compostos por uma infraestrutura básica e de apoio
e só se diferencia pelo fato de não liberar na atmosfera grande quantidade de gases tóxicos.
Devido a esse entendimento, ocorreram e, ainda ocorre o uso indevido, dos recursos
naturais causando impactos no meio ambiente (DIAS, 2003).


        O turismo depende muito do planejamento e monitoramento do espaço para
perdurar, é preciso esclarecer que, assim como qualquer outra atividade econômica, ele
pode trazer impacto tanto positivo como negativo.


        O sistema de monitoria e avaliação leva em consideração os aspectos ambientais,
socioculturais, econômicos e políticos. O monitoramento, o qual é essencial para o
desenvolvimento turístico sustentável tem a função, segundo Dias (2003, p. 80), de “...
realizar avaliações permanentes, auditorias ambientais e o exame contínuo de graus de
mudança.” Nas intervenções turísticas, esse processo é utilizado para a obtenção da
qualidade do local, da comunidade e da experiência do visitante.


         É importante ressaltar que é crescente a quantidade de turistas que procuram
áreas naturais a fim de um descanso em contato com a natureza original. É notório o
interesse de alguns turistas por áreas preservadas, por esses espaços proporcionarem um
maior contato com elementos de uma natureza quase intocada. Por isso, eleva-se as
discussões acerca dos impactos gerados por este fluxo crescente de pessoas em espaços
sensíveis e finitos que podem ser drasticamente alterados pela ação humana se não ocorrer
um planejamento adequado por parte dos gestores. As degradações provocadas pela
atividade turística, principalmente em áreas costeiras, são frutos de uma atividade sem
planejamento, pois foi erguida e ainda ergue-se, apesar do conhecimento já obtido sobre
questões ambientais, infraestruturas em locais frágeis, que precisam de monitoramento
visando uma melhor qualidade na gestão do espaço, para evitar distorções irreparáveis.
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       Hoje, a sociedade está cada vez mais exigente em relação à gestão pública, uma vez
que a sustentabilidade é uma condição necessária. Discutir os indicadores do turismo
sustentável vem se consolidando como principal instrumento de controle e monitoramento
na busca da sustentabilidade da atividade turística. Há uma crescente conscientização por
parte das pessoas, o que tende a beneficiar todas as modalidades turísticas, propiciando a
proteção ao meio ambiente, fazendo com que as áreas receptoras busquem meios de manter
a qualidade do ambiente a fim de cativar o consumidor do turismo, proporcionando, com
isso, a melhoria das paisagens e a conservação dos recursos naturais sem que, para isso, se
abra mão do lazer e do bem estar da população local e do turista.


       Os indicadores de sustentabilidade segundo BRASIL (2007, p. 65), “são
ferramentas utilizadas no sistema de gestão, planos de monitoria e avaliação para
dimensionar as mudanças nos aspectos considerados mais importantes da sustentabilidade
de uma região.”


IMPACTOS DO TURISMO


       Geralmente, quando se fala em impactos ambientais relacionados ao turismo,
costuma-se sempre associá-los de forma negativa, somente na questão natural, contudo,
como o turismo abrange e influência todos os elementos do ambiente (sociedade, cultura,
economia, meio natural, etc.), os impactos estão presentes em todos eles também.


       O turismo moderno é altamente consumidor de recursos naturais e não há dúvida
que a expansão turística contribui para o aumento dos problemas ambientais. A busca por
ambientes naturais levou também a exploração de ambientes frágeis, acelerando a
degradação e destruição dos mesmos. É o caso das áreas costeiras, lugares que recebem
grande número de visitantes e que, conseqüentemente, sofrem mais danos.


       O impacto, Segundo BRASIL (2007, p. 46), ocorre quando “uma ação ou um
conjunto de ações incide sobre determinado aspecto no ambiente, originando uma
transformação no seu comportamento ao longo do tempo”. Os impactos que o turismo
pode gerar ao ambiente referem-se ao conjunto de modificações ou seqüência de eventos
provocados pela atividade nas localidades receptoras.
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          Segundo Dias (2003), na atividade turística somente considerava-se seus impactos
positivos, e se tinha a idéia de que, com seu desenvolvimento, muito iria interferir na
economia. Dessa forma, muitos países em desenvolvimento incentivaram o turismo sem
verificar sua viabilidade. Ocorre que muitos agentes econômicos concebem o turismo
como atividade meramente econômica, cuja rentabilidade tenha retorno a curto prazo,
implicando maior preocupação com a rápida ocupação dos recursos para posterior
investimento.


          Os impactos negativos no ambiente podem ser resultantes principalmente, da
infraestrutura, que é indispensável para a atividade; os resíduos gerados, ou mesmo, o
grande número de visitantes presentes em áreas naturais, o que desperta maior
preocupação.
          Considerando a área de estudo, a APA do Delta do Parnaíba, torna-se pertinente
enfatizar impactos ocorridos em ambientes naturais. O lixo e resíduos sólidos tornam-se
problemas graves. Depositados nos ambientes naturais, degradam a aparência física além
de muitas vezes causar a morte de algumas espécies, sem falar que, com o passar do
tempo, as pessoas deixam de visitar o local, o qual torna- se desvalorizado por conta da
poluição. Infelizmente, a falta de conscientização em relação à má deposição de lixo ainda
é muito grande.


          Além do lixo, existe também o problema da destinação dos esgotos provenientes
das instalações destinadas ao turismo como os hotéis, áreas de lazer, etc., que, por sua vez,
também polui esteticamente ou visualmente quando realizados sem planejamento. Nisso
inclui ainda, a própria infra-estrutura de suporte, como outdoors colocados em locais
inadequados, e outros.


          Os impactos políticos- institucionais negativos do turismo trazem a insegurança
institucional; cultura de desagregação; falta de participação do setor privado e da sociedade
civil (BRASIL, 2007). O turismo agride tanto quanto as indústrias, por conta do
crescimento e implantação de infra-estruturas necessárias para seu desenvolvimento, tais
como, aumento dos transportes aéreos, rodoviários, ou ferroviários. Além disso, provoca e
contribui para o aumento da poluição em todas as suas formas, como exemplo, a poluição
sonora.
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       A atividade turística contínua, e as mudanças que ocorrem a médio e longo prazo na
economia e na ecologia local provocam uma série de conseqüências para todo o meio
ambiente, através das construções e o desenvolvimento da infra-estrutura, com o uso da
terra de forma insustentável e o desflorestamento para as construções e instalações, afirma
Dias (2003). No entanto, é bom considerar que o turismo em particular, depende
fortemente que o meio ambiente encontre-se em bom estado para que ele possa se
desenvolver e permanecer por muito mais tempo.


       A perda da biodiversidade assim como, a diminuição da camada de ozônio também
tem contribuições do turismo, são exemplos de impactos no âmbito global. Por outro lado,
as implicações de indústrias ou outras atividades econômicas também afetam o turismo,
como a contaminação de rios, campos, são exemplos de ambientes que poderiam estar
servindo como local turístico e acaba por perder seu valor quando passa a ser poluído por
indústrias, por exemplo. Implica conseqüentemente na perda do potencial turístico, ou seja,
o turismo tanto contribui para a degradação ambiental como é afetado por ela. Uma boa
gestão e planejamento do turismo podem trazer grandes benefícios aos atores envolvidos,
prevenindo erros ou evitando danos irreversíveis à natureza.


       Para facilitar o monitoramento dos impactos, Dias (2003), agrupa os mesmos em
três áreas principais onde ocorrem impactos ambientais do turismo: relacionados com os
recursos naturais, com a poluição e os impactos físicos de modo geral.


       Levando em consideração os benefícios trazidos pela atividade turística, de um
modo geral, pode-se ressaltar, e é de acordo entre os autores, que ela contribui muito para a
criação de reservas naturais protegidas como as Unidades de Conservação, e, como é o
caso da APA do delta do Parnaíba, permitindo que a fauna e a flora permaneçam em seus
locais de origem, proporcionando bem estar aos visitantes sem agredir tanto ao meio
ambiente.


       Pode-se destacar também a geração de renda e benefícios para outros setores da
economia; destaca-se o turismo na geração de novas ocupações, permanentes e/ou
temporárias, ampliação na arrecadação de tributos locais, aumento das compras locais; a
escolha e uso eficiente de tecnologias ambientalmente saudáveis; melhorias das condições
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ambientais; também há contribuições no campo sócio - cultural, através da valorização da
cultura, dos costumes, tradições e do patrimônio histórico; ele também é fator de
aceleração de mudanças sociais positivas e o intercâmbio cultural entre moradores e
visitantes.


         Existe uma série de benefícios que o turismo pode gerar, mas para isso é preciso
evidenciar que um bom planejamento e gestão das atividades é primordial para minimizar
os impactos negativos no ambiente que podem ser resultantes principalmente, da
infraestrutura que é indispensável para a atividade; os resíduos gerados, ou mesmo, o
grande número de visitantes presentes em áreas naturais, o que desperta maior
preocupação.


         O trabalho de Rodrigues (1997) mostra os efeitos que outra atividade econômica
pode causar na atividade turística. Trazer uma industrialização em massa para uma zona
costeira implica uma gama de impactos ao meio ambiente tais como: poluição sonora,
visual, das águas marinhas provocando a diminuição das espécies, alterando assim o
equilíbrio aquático, sem falar na degradação das paisagens cênicas do lugar alterando de
forma substancial o fluxo turístico. Cita o exemplo da praia do Pecém no Ceará, que já
havia o problema da erosão costeira e que acentuou- se com a construção do porto. Na área
de influência direta do porto e do complexo metalmecânico, as atividades turísticas foram
francamente atrapalhadas pelas atividades industriais. A reflexão deve ser feita na ótica de
que os investimentos com turismo devem ter seu retorno assegurado, o que não é certo no
Pecém.


         Nota-se, além disso, que a degradação no litoral não se deve somente à
industrialização, mas também à ocupação desenfreada da população nestas zonas, com a
construção cada vez maior de moradias, sem o devido planejamento e adequação ao meio
ambiente, e a tendência é de aumentar ainda mais esse desordenamento populacional,
tendendo ao aumento de conflitos e disputas que deverão ser regulamentados e dirigidos
por programas de gerenciamento costeiro que contemple os anseios populares e a
capacidade ambiental de suportar a pressão sobre os diversos elementos que compõem o
geossistemas litorâneo. (RODRIGUES, 1997).
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       Levando em consideração esses impactos do turismo e relacionando-os
posteriormente aos impactos na APA do Delta do Parnaíba, pode-se afirmar que a atividade
turística implica em trazer melhorias da qualidade de vida, porém, nesse mesmo contexto,
pode gerar conseqüências desfavoráveis, por exemplo, o aumento populacional que vai
demandar mais recursos naturais, gerar mais resíduos, alterar o comportamento dos
nativos, enfim, uma série de alterações no ambiente. Desse modo, o turismo pode trazer
muitos benefícios, mas, ao mesmo tempo, ocasionar resultados maléficos a todos os
envolvidos.


TURISMO SUSTENTÁVEL


       Segundo a OMT, o que motiva o turista é o crescimento da seletividade ao escolher
o destino, sensibilidade ao meio ambiente, cultura local, e a exigência maior à qualidade.
Partindo desse ponto se percebe como é de grande importância a sustentabilidade em
qualquer área.


       Desenvolvimento sustentável é, segundo o BRASIL (2007), a atividade que
harmoniza o crescimento econômico e social, preservando o patrimônio natural de forma a
garantir que gerações futuras também atendam suas necessidades. Turismo sustentável “é a
atividade que satisfaz as necessidades dos turistas e as necessidades socioeconômicas das
regiões receptoras, enquanto a integridade cultural, a integridade dos ambientes naturais e a
diversidade biológica são mantidas para o futuro.” BRASIL (2007, p. 25)


       Este novo paradigma é essencial para que o turismo consiga maximizar os
benefícios advindos da atividade, mas para isso é necessário a participação de todos os
atores envolvidos, principalmente o poder público.


       Destacando os princípios da sustentabilidade os quais são: sustentabilidade
ambiental, sócio- cultural, econômica, político- institucional, pode-se afirmar que todos se
relacionam entre si e que devem ser planejados juntos para alcançar a sustentabilidade,
pois todas as implicações do turismo afetam todos esses campos. De acordo com o
programa de Regionalização do Turismo (BRASIL, 2007, p.25) “a sustentabilidade é uma
função complexa que combina de maneira particular cinco variáveis: interdependência,
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reciclagem, parceria, flexibilidade e diversidade”. E, todos os aspectos, áreas, elementos
que envolvem o turismo devem ser trabalhados de forma sustentável.


       Para tanto, existem meios que se propõem a avaliar os impactos sobre o meio
ambiente e que auxilia na prevenção ou reversão de danos ao meio ambiente.


       A Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) deve ser compreendida como um
conjunto de métodos e procedimentos os quais permitem avaliar as conseqüências
ambientais de um determinado plano, programa, política, aproveitando as conseqüências
benéficas e minimizando seus efeitos maléficos do ponto de vista social e ambiental
(OLIVEIRA, 1998). Segundo o autor, esses métodos e procedimentos são instrumentos
usados pelo empreendimento para auxiliá-lo na execução ou não do empreendimento. Para
isso é primordial que o empresário e as autoridades públicas conheçam as conseqüências
do projeto sobre o meio ambiente.


       O objeto de estudo da Avaliação de Impacto Ambiental é qualquer ação humana
sobre o meio ambiente e para a análise dos impactos provocados por obras e atividades
significativamente degradadoras faz-se um Estudo de Impacto Ambiental prévio (EIA) e
Relatórios de Impacto Ambiental (RIMA) que são imprescindíveis ao processo de
licenciamento ambiental. O primeiro constitui-se de relatórios técnicos específicos e
esclarecedores do processo industrial e o segundo é destinado ao público com uma
linguagem adequada ao meio, que através de audiências públicas podem discutir sobre as
implicações provocadas por determinados empreendimentos em seu meio ambiente.
(OLIVEIRA, 1998).


       Qualquer ação humana é objeto de avaliação sobre o impacto no meio ambiente. À
medida que essas ações aumentam é preciso adotar medidas que procurem obter
conhecimento aprofundado da área a ser explorada, em seguida, do empreendimento.


UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


       Levando em consideração que a APA do Delta é uma importante área de
Conservação é pertinente entender como se deu a criação dessas áreas. A partir do estudo
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de Costa (2002), é possível compreender melhor como funcionam, quais os objetivos e
aplicabilidade.


         Com o passar dos anos as leis que visavam à proteção de áreas naturais foram se
aperfeiçoando e tornou-se como se conhece hoje. As Unidades de Conservação podem ser
criadas em nível municipal, estadual e federal, podendo ser vinculada a diferentes órgãos
administrativos, de acordo com sua natureza, objetivo ou estatuto e sua existência se dá
após a adoção de medidas que efetive sua criação como demarcação do terreno, instalação
de infra-estrutura, colocação de recursos humanos e outros.


         Conservação é a administração dos recursos de um país de forma planejada, para
impossibilitar a exploração prejudicial, (COSTA, 2002). No entanto, para se criar uma
Unidade de Conservação ainda há muitos obstáculos como se observa na leitura de Costa
(2002), o principal seria a falta de recursos para indenizações, além disso, as áreas onde
possuem moradores ou são de interesse político, dificilmente são transformadas em
Unidades de Conservação.


         Para se entender melhor como se organiza as Unidades de Conservação, considera-
se que o conjunto delas constitui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC)
o qual o define como espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas
jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituídos pelo pode
público com objetivos de conservação e limites definidos sob regime especial de
administração, ao qual se aplicam as garantias adequadas de proteção (COSTA, 2002).


         As Unidades de Conservação dividem-se em dois grupos:


         Unidades de Proteção Integral (UPI) que é composta pelas Unidades de
Conservação: estação ecológica; reserva biológica; parque nacional; monumento natural;
refugio de vida silvestre. O objetivo da UPI é preservar a natureza, sendo admitido apenas
o uso indireto dos seus recursos naturais, com exceção dos casos previstos em lei (COSTA,
2002).
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       Unidades de Uso Sustentável (UUS) que é composta por área de proteção
ambiental; área de relevante interesse ecológico, floresta nacional, reserva extrativista, de
fauna, de desenvolvimento sustentável e particular de patrimônio natural. Segundo Costa
(2002), ele tem como objetivo compatibilizar a conservação da natureza com o uso
sustentável de parcelas de seus recursos.


       Segundo o SNUC (2000), o termo preservação significa o conjunto de métodos e
procedimentos que visem a proteção a longo prazo das espécies, habitat e ecossistemas,
além da manutenção dos processos ecológicos, prevenindo a diminuição dos sistemas
naturais.


       A Área de Proteção Ambiental - APA é tida como uma área de extensão com certo
grau de ocupação humana, a qual possui características abióticas, bióticas, estéticas ou
culturais. Essa reserva visa proteger a diversidade biológica, disciplinar o processo de
ocupação e assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais. Sendo assim,
qualquer empreendimento poluidor não pode ser instalado nessas áreas.


       Assim, o que se pretende observar e analisar na APA do Delta é se a atividade
turística existente hoje condiz ou não com o objetivo que se propõe as APAs de modo
geral. Sabe-se que a APA do Delta abrange os estados do Piauí, Ceará e Maranhão, foi
criada em 1996 e possui uma extensão de 313.800,000km de área. Tendo por base esses
conceitos e fundamentos acerca do turismo sustentável é possível visualizar se este
objetivo está sendo aplicado nesta APA em especial.


       Verificando a relação entre as categorias de Unidades de Conservação com o
turismo destaca-se que as APAs, a RPPN e os Parques Nacionais são as áreas mais
importantes para a instalação do turismo (ecoturismo). Entretanto os investimentos nessas
áreas não são suficientes para obter um melhor andamento das atividades, como, a
qualidade no atendimento aos visitantes bem como, dificuldades na gestão de turismo,
comprometendo a satisfação dessas necessidades, evitando o uso incorreto dos espaços
naturais.
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       A ausência da aplicação dos princípios de sustentabilidade, recomendados por
BRASIL (2007), a falta de planejamento e os fatores políticos causam pressões enormes
nas áreas naturais. Costa (2002) comenta que o uso turístico dos recursos naturais deve
enfatizar o ser humano, separando a população e o turista. Essa visão se faz necessária para
que os diferentes aspectos do planejamento e gestão atendam a proposta de
desenvolvimento sustentável, onde todos saem lucrando.


       O uso turístico em áreas protegidas é condicionado ao número de pessoas que as
Unidades de Conservação podem suportar. Para se conhecer essa variável surgiram
diversas metodologias.


       A capacidade de carga, segundo Costa (2002, p.66), “é um conceito relativo que
envolve diferentes considerações e juízos científicos, apresentando uma variedade de
valores as quais devem ser associados aos objetivos de manejo especifico para cada área”.


       Para Dias (2003, p. 83), o estudo de capacidade de carga turística compreende “a
análise da quantidade de turistas que um espaço pode suportar sem interferir de maneira
significativa no meio físico, no comportamento da comunidade receptora e na experiência
do visitante.” Porém, há controvérsias, pois existem dificuldades na elaboração do conceito
e operacionalização da capacidade de carga, porque seu ponto pode ser visto de forma
diferente e conflitante por diferentes grupos.


        A perspectiva do turista em relação à capacidade de carga poderá ser totalmente
diferente, mas igualmente relevante; em relação às interferências na qualidade de sua
experiência, será difícil determinar a capacidade de carga, pois cada indivíduo possui um
grau de tolerância à quantidade de gente em determinado lugar; os aspectos da capacidade
de carga a serem considerados variam de acordo com as características socioeconômicas e
psíquicas do turista, aspectos do comportamento turístico e dos padrões do turismo.


        Dias (2003), discute que há uma série de conceitos sobre capacidade de carga,
dentre elas, dois pontos podem ser considerados: primeiro que a capacidade de carga não é
o nível após o qual os impactos surgem. Qualquer nível terá seus impactos os quais podem
aumentar com o crescimento dos visitantes, ou seja, a menor presença humana em um
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determinado ambiente já apresenta alterações no mesmo podendo aumentar à medida que
cresce o número de pessoas. O segundo, que o ponto de capacidade de carga não é o limite
de saturação. Ele pode ser o cenário onde a qualidade do meio ambiente pode ser mantida,
assim como, o valor da experiência do visitante. Digamos que a capacidade de carga se
assemelha ao conceito de sustentabilidade.
       A capacidade de manejo, segundo Costa, (2002.p. 68) “é a soma de condições que a
administração de uma área protegida necessita para poder cumprir com qualidade suas
funções e objetivos”. Além da capacidade de carga, a metodologia de monitoramento de
impactos de visitantes considera que todo e qualquer tipo de visitação a áreas naturais
causa impacto. Portanto, há de se preestabelecer impactos indicando níveis mínimos e
máximos de ocorrência e aceitabilidade. O limite aceitável de cambio é a metodologia
adequada à realidade do turismo, ela observa as condições desejáveis para uma área
receber visitantes.


       Na verdade todas estas metodologias se assemelham na forma de avaliar
contribuindo muito para o planejamento ambiental o qual requer diversos instrumentos de
manejo sendo o principal deles o zoneamento ambiental que é uma de suas técnicas.
Proporciona o manejo e normas específicas com o propósito de oferecer condições para
que todos os objetivos possam ser cumpridos em uma Unidade de Conservação. Além
dessa técnica, existe o Plano de Ação Emergencial que, segundo Costa (2002), visa ao
planejamento das atividades de uma Unidade de Conservação. Pois, qualquer que seja a
Unidade de Conservação, ela necessita de infra-estrutura básica, sede administrativa,
postos de vigilância, alojamentos, além de outras voltadas para o atendimento turístico.


CONCLUSÃO


       Ao trabalhar a questão turística e sua influência nos diversos setores da sociedade,
incluindo as relações sociais e com a natureza, conclui-se que é cada vez maior a
importância de avaliar as conseqüências de qualquer ação de origem humana a fim de
evitar que a atividade turística extinga- se em determinados locais por conta da destruição
dos recursos. É imprescindível a existência de Unidades de Conservação, seja de Proteção
Integral ou de Uso Sustentável, mas, contudo é preciso haver um planejamento e gestão
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atuantes para que as partes envolvidas- natureza e sociedade - tenham seus limites
respeitados.


       Portanto, através da análise dos aspectos teóricos, foi possível ampliar os
conhecimentos acerca da atividade turística em Unidades de Conservação e analisar,
também, a necessidade e a importância de existir um turismo sustentável, uma vez que, a
adoção desta concepção traria maiores benefícios a todos os envolvidos, principalmente, ao
ambiente natural. Reconhecendo os impactos da atividade turística nas diferentes
dimensões, seja ambiental, econômica, sócio cultural e político institucional.


REFERÊNCIAS


BRASIL. Ministério do Turismo. Roteiros do Brasil: Turismo e Sustentabilidade.
Brasília: 2007. 126p.


COSTA, Patrícia Cortes. Unidades de Conservação. São Paulo: Aleph, 2002.


CUNHA, Sandra Baptista; GUERRA, Antônio José Teixeira (Orgs). Avaliação e Perícia
Ambiental. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1999.


DIAS, Reinaldo. Turismo Sustentável e Meio Ambiente. São Paulo: Atlas, 2003.


LEMOS, Amália Inês G. de (Org.) Turismo: Impactos Sócio-ambientais. 3 ed. São
Paulo: Hucitec, 2001.


OLIVEIRA, Antônio I. de Assis. Da Avaliação de Impacto Ambiental (AIA). In: O
Licenciamento Ambiental. São Paulo: Iglu,1998. p. 143-165.


PEREZ, Amparo S. (Org.) Introdução à Metodologia da Pesquisa em Turismo. São
Paulo: Roca, 2005. 287p.


RODRIGUES, Adyr B. Turismo e Ambiente – Reflexões e Propostas. São Paulo:
Hucitec, 1997. p.177.

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Artigo 3

  • 1. 1 DESENVOLVIMENTO DO TURISMO E SEUS IMPACTOS NA APA DO DELTA DO PARNAÍBA SANTIAGO, Cristiane Maria Cordeiro¹ cristianesantiago21@gmail.com OLIVEIRA, Gilmara Alves de² gilmara_alvesdeoliveira@hotmail.com NUNES, Virgínia Ribeiro² ribeironunes2008@hotmail.com MOURA FÉ, Manuella Andressa B. de² manuellaandressa@hotmail.com NETO, Agostinho Ferreira da Costa² agostinhonetoo@hotmail.com ¹Bolsista PIBIC, graduanda do curso de Geografia- Universidade Estadual do Piauí UESPI ²Graduandos do curso de Turismo- Universidade Estadual do Piauí – UESPI MOURA, Liége de Souza³ liege.moura@hotmail.com ³Orientadora. Professora do curso de Geografia da UESPI. Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente – UFPI. RESUMO: Considerando a importância da Área de Proteção Ambiental (APA) do Delta do Parnaíba para o desenvolvimento do turismo, faz-se necessário compreender o nível de impactos resultantes da atividade turística, visando propor medidas que amenizem as dificuldades advindas do turismo a fim de caminhar rumo à sustentabilidade. Para tanto, esse trabalho visa analisar o desenvolvimento da atividade turística e os impactos decorrentes desta na APA do Delta do Parnaíba e, discutir os aspectos teóricos relacionados a turismo em Unidades de Conservação mais precisamente, nas Áreas de Proteção Ambiental (APAs). Esse trabalho mostra os resultados preliminares do Projeto de Iniciação Cientifica- PIBIC/UESPI 2010-2011. Nesse sentido, foi realizada pesquisa bibliográfica para discussão dos fundamentos teóricos que norteiam o estudo, considerando o entendimento acerca de Unidades de Conservação, de uma forma geral e, mais especificamente, referente à APAs, verificando, os impactos positivos e negativos que o turismo pode causar não só na natureza como também, no meio social, econômico e cultural, discutindo o conceito de turismo sustentável e a importância de sua aplicabilidade. Portanto, através da análise dos aspectos teóricos, foi possível ampliar os conhecimentos acerca da atividade turística em Unidades de Conservação e analisar, também, a necessidade e a importância de existir um turismo sustentável, uma vez que, a adoção desta concepção traria maiores benefícios a todos os envolvidos, principalmente, ao ambiente natural. Palavras-Chave: Impactos do turismo, Unidades de Conservação, Sustentabilidade INTRODUCÃO Dada a relevância da Área de Proteção Ambiental (APA) para o desenvolvimento do turismo é importante compreender o nível de impactos resultantes da atividade,
  • 2. 2 considerando os aspectos positivos e negativos para posteriores recomendações de medidas que visem a promoção da sustentabilidade. Nesse contexto, a APA do Delta do Parnaíba constitui o objeto de estudo dessa pesquisa. Para tanto, a fim de alcançar o objetivo geral que é analisar o desenvolvimento da atividade turística e os impactos decorrentes desta na APA do Delta do Parnaíba, objetiva- se discutir primeiro, neste trabalho, os aspectos teóricos relacionados a turismo em Unidades de Conservação e ao desenvolvimento do turismo em Áreas de Proteção Ambiental (APA). Esse trabalho procura mostrar os resultados preliminares do Projeto de Iniciação Cientifica- PIBIC/UESPI 2010-2011, tendo sido trabalhados conteúdos pertinentes a compreensão dos termos essenciais da pesquisa. Foi realizada pesquisa bibliográfica para discussão dos fundamentos teóricos que norteiam o estudo, considerando o entendimento acerca de Unidades de Conservação, de uma forma geral e, mais especificamente, referente à APAs, verificando, os impactos positivos e negativos que o turismo pode causar não só na natureza como também, no meio social, econômico e cultural, discutindo o conceito de turismo sustentável e a importância de sua aplicabilidade. A análise das diversas alterações decorrentes do turismo é essencial para a compreensão das formas de uso e ocupação do espaço em questão. Portanto, através dessa análise, foi possível ampliar os conhecimentos acerca da atividade turística em Unidades de Conservação e observar, também, a necessidade e a importância de existir um turismo sustentável, uma vez que, a adoção desta concepção traria maiores benefícios a todos os envolvidos, principalmente, ao ambiente natural. ATIVIDADE TURÍSTICA A atividade turística suscitou um elevado crescimento econômico nas últimas décadas, trazendo grandes contribuições em vários setores produtivos, uma vez que, essa atividade gera enorme fluxo de pessoas o que condiciona aumento do consumo de um modo geral. Com isso, há aumento da infra-estrutura e, também surge a necessidade de outros serviços como transporte, alojamentos e restauração.
  • 3. 3 O turismo é um instrumento de desenvolvimento por afetar vários setores da economia. E, como ainda não existe uma definição exata, o mesmo é definido de acordo com os interesses de cada área, as quais dão ênfase aos seus aspectos de maior interesse. O turismo, por muitos anos, foi considerado uma atividade que não provocava danos ao meio ambiente. Esta se compara a uma indústria, por transformar atrativos potenciais, que é matéria-prima do turismo, em produtos compostos por uma infraestrutura básica e de apoio e só se diferencia pelo fato de não liberar na atmosfera grande quantidade de gases tóxicos. Devido a esse entendimento, ocorreram e, ainda ocorre o uso indevido, dos recursos naturais causando impactos no meio ambiente (DIAS, 2003). O turismo depende muito do planejamento e monitoramento do espaço para perdurar, é preciso esclarecer que, assim como qualquer outra atividade econômica, ele pode trazer impacto tanto positivo como negativo. O sistema de monitoria e avaliação leva em consideração os aspectos ambientais, socioculturais, econômicos e políticos. O monitoramento, o qual é essencial para o desenvolvimento turístico sustentável tem a função, segundo Dias (2003, p. 80), de “... realizar avaliações permanentes, auditorias ambientais e o exame contínuo de graus de mudança.” Nas intervenções turísticas, esse processo é utilizado para a obtenção da qualidade do local, da comunidade e da experiência do visitante. É importante ressaltar que é crescente a quantidade de turistas que procuram áreas naturais a fim de um descanso em contato com a natureza original. É notório o interesse de alguns turistas por áreas preservadas, por esses espaços proporcionarem um maior contato com elementos de uma natureza quase intocada. Por isso, eleva-se as discussões acerca dos impactos gerados por este fluxo crescente de pessoas em espaços sensíveis e finitos que podem ser drasticamente alterados pela ação humana se não ocorrer um planejamento adequado por parte dos gestores. As degradações provocadas pela atividade turística, principalmente em áreas costeiras, são frutos de uma atividade sem planejamento, pois foi erguida e ainda ergue-se, apesar do conhecimento já obtido sobre questões ambientais, infraestruturas em locais frágeis, que precisam de monitoramento visando uma melhor qualidade na gestão do espaço, para evitar distorções irreparáveis.
  • 4. 4 Hoje, a sociedade está cada vez mais exigente em relação à gestão pública, uma vez que a sustentabilidade é uma condição necessária. Discutir os indicadores do turismo sustentável vem se consolidando como principal instrumento de controle e monitoramento na busca da sustentabilidade da atividade turística. Há uma crescente conscientização por parte das pessoas, o que tende a beneficiar todas as modalidades turísticas, propiciando a proteção ao meio ambiente, fazendo com que as áreas receptoras busquem meios de manter a qualidade do ambiente a fim de cativar o consumidor do turismo, proporcionando, com isso, a melhoria das paisagens e a conservação dos recursos naturais sem que, para isso, se abra mão do lazer e do bem estar da população local e do turista. Os indicadores de sustentabilidade segundo BRASIL (2007, p. 65), “são ferramentas utilizadas no sistema de gestão, planos de monitoria e avaliação para dimensionar as mudanças nos aspectos considerados mais importantes da sustentabilidade de uma região.” IMPACTOS DO TURISMO Geralmente, quando se fala em impactos ambientais relacionados ao turismo, costuma-se sempre associá-los de forma negativa, somente na questão natural, contudo, como o turismo abrange e influência todos os elementos do ambiente (sociedade, cultura, economia, meio natural, etc.), os impactos estão presentes em todos eles também. O turismo moderno é altamente consumidor de recursos naturais e não há dúvida que a expansão turística contribui para o aumento dos problemas ambientais. A busca por ambientes naturais levou também a exploração de ambientes frágeis, acelerando a degradação e destruição dos mesmos. É o caso das áreas costeiras, lugares que recebem grande número de visitantes e que, conseqüentemente, sofrem mais danos. O impacto, Segundo BRASIL (2007, p. 46), ocorre quando “uma ação ou um conjunto de ações incide sobre determinado aspecto no ambiente, originando uma transformação no seu comportamento ao longo do tempo”. Os impactos que o turismo pode gerar ao ambiente referem-se ao conjunto de modificações ou seqüência de eventos provocados pela atividade nas localidades receptoras.
  • 5. 5 Segundo Dias (2003), na atividade turística somente considerava-se seus impactos positivos, e se tinha a idéia de que, com seu desenvolvimento, muito iria interferir na economia. Dessa forma, muitos países em desenvolvimento incentivaram o turismo sem verificar sua viabilidade. Ocorre que muitos agentes econômicos concebem o turismo como atividade meramente econômica, cuja rentabilidade tenha retorno a curto prazo, implicando maior preocupação com a rápida ocupação dos recursos para posterior investimento. Os impactos negativos no ambiente podem ser resultantes principalmente, da infraestrutura, que é indispensável para a atividade; os resíduos gerados, ou mesmo, o grande número de visitantes presentes em áreas naturais, o que desperta maior preocupação. Considerando a área de estudo, a APA do Delta do Parnaíba, torna-se pertinente enfatizar impactos ocorridos em ambientes naturais. O lixo e resíduos sólidos tornam-se problemas graves. Depositados nos ambientes naturais, degradam a aparência física além de muitas vezes causar a morte de algumas espécies, sem falar que, com o passar do tempo, as pessoas deixam de visitar o local, o qual torna- se desvalorizado por conta da poluição. Infelizmente, a falta de conscientização em relação à má deposição de lixo ainda é muito grande. Além do lixo, existe também o problema da destinação dos esgotos provenientes das instalações destinadas ao turismo como os hotéis, áreas de lazer, etc., que, por sua vez, também polui esteticamente ou visualmente quando realizados sem planejamento. Nisso inclui ainda, a própria infra-estrutura de suporte, como outdoors colocados em locais inadequados, e outros. Os impactos políticos- institucionais negativos do turismo trazem a insegurança institucional; cultura de desagregação; falta de participação do setor privado e da sociedade civil (BRASIL, 2007). O turismo agride tanto quanto as indústrias, por conta do crescimento e implantação de infra-estruturas necessárias para seu desenvolvimento, tais como, aumento dos transportes aéreos, rodoviários, ou ferroviários. Além disso, provoca e contribui para o aumento da poluição em todas as suas formas, como exemplo, a poluição sonora.
  • 6. 6 A atividade turística contínua, e as mudanças que ocorrem a médio e longo prazo na economia e na ecologia local provocam uma série de conseqüências para todo o meio ambiente, através das construções e o desenvolvimento da infra-estrutura, com o uso da terra de forma insustentável e o desflorestamento para as construções e instalações, afirma Dias (2003). No entanto, é bom considerar que o turismo em particular, depende fortemente que o meio ambiente encontre-se em bom estado para que ele possa se desenvolver e permanecer por muito mais tempo. A perda da biodiversidade assim como, a diminuição da camada de ozônio também tem contribuições do turismo, são exemplos de impactos no âmbito global. Por outro lado, as implicações de indústrias ou outras atividades econômicas também afetam o turismo, como a contaminação de rios, campos, são exemplos de ambientes que poderiam estar servindo como local turístico e acaba por perder seu valor quando passa a ser poluído por indústrias, por exemplo. Implica conseqüentemente na perda do potencial turístico, ou seja, o turismo tanto contribui para a degradação ambiental como é afetado por ela. Uma boa gestão e planejamento do turismo podem trazer grandes benefícios aos atores envolvidos, prevenindo erros ou evitando danos irreversíveis à natureza. Para facilitar o monitoramento dos impactos, Dias (2003), agrupa os mesmos em três áreas principais onde ocorrem impactos ambientais do turismo: relacionados com os recursos naturais, com a poluição e os impactos físicos de modo geral. Levando em consideração os benefícios trazidos pela atividade turística, de um modo geral, pode-se ressaltar, e é de acordo entre os autores, que ela contribui muito para a criação de reservas naturais protegidas como as Unidades de Conservação, e, como é o caso da APA do delta do Parnaíba, permitindo que a fauna e a flora permaneçam em seus locais de origem, proporcionando bem estar aos visitantes sem agredir tanto ao meio ambiente. Pode-se destacar também a geração de renda e benefícios para outros setores da economia; destaca-se o turismo na geração de novas ocupações, permanentes e/ou temporárias, ampliação na arrecadação de tributos locais, aumento das compras locais; a escolha e uso eficiente de tecnologias ambientalmente saudáveis; melhorias das condições
  • 7. 7 ambientais; também há contribuições no campo sócio - cultural, através da valorização da cultura, dos costumes, tradições e do patrimônio histórico; ele também é fator de aceleração de mudanças sociais positivas e o intercâmbio cultural entre moradores e visitantes. Existe uma série de benefícios que o turismo pode gerar, mas para isso é preciso evidenciar que um bom planejamento e gestão das atividades é primordial para minimizar os impactos negativos no ambiente que podem ser resultantes principalmente, da infraestrutura que é indispensável para a atividade; os resíduos gerados, ou mesmo, o grande número de visitantes presentes em áreas naturais, o que desperta maior preocupação. O trabalho de Rodrigues (1997) mostra os efeitos que outra atividade econômica pode causar na atividade turística. Trazer uma industrialização em massa para uma zona costeira implica uma gama de impactos ao meio ambiente tais como: poluição sonora, visual, das águas marinhas provocando a diminuição das espécies, alterando assim o equilíbrio aquático, sem falar na degradação das paisagens cênicas do lugar alterando de forma substancial o fluxo turístico. Cita o exemplo da praia do Pecém no Ceará, que já havia o problema da erosão costeira e que acentuou- se com a construção do porto. Na área de influência direta do porto e do complexo metalmecânico, as atividades turísticas foram francamente atrapalhadas pelas atividades industriais. A reflexão deve ser feita na ótica de que os investimentos com turismo devem ter seu retorno assegurado, o que não é certo no Pecém. Nota-se, além disso, que a degradação no litoral não se deve somente à industrialização, mas também à ocupação desenfreada da população nestas zonas, com a construção cada vez maior de moradias, sem o devido planejamento e adequação ao meio ambiente, e a tendência é de aumentar ainda mais esse desordenamento populacional, tendendo ao aumento de conflitos e disputas que deverão ser regulamentados e dirigidos por programas de gerenciamento costeiro que contemple os anseios populares e a capacidade ambiental de suportar a pressão sobre os diversos elementos que compõem o geossistemas litorâneo. (RODRIGUES, 1997).
  • 8. 8 Levando em consideração esses impactos do turismo e relacionando-os posteriormente aos impactos na APA do Delta do Parnaíba, pode-se afirmar que a atividade turística implica em trazer melhorias da qualidade de vida, porém, nesse mesmo contexto, pode gerar conseqüências desfavoráveis, por exemplo, o aumento populacional que vai demandar mais recursos naturais, gerar mais resíduos, alterar o comportamento dos nativos, enfim, uma série de alterações no ambiente. Desse modo, o turismo pode trazer muitos benefícios, mas, ao mesmo tempo, ocasionar resultados maléficos a todos os envolvidos. TURISMO SUSTENTÁVEL Segundo a OMT, o que motiva o turista é o crescimento da seletividade ao escolher o destino, sensibilidade ao meio ambiente, cultura local, e a exigência maior à qualidade. Partindo desse ponto se percebe como é de grande importância a sustentabilidade em qualquer área. Desenvolvimento sustentável é, segundo o BRASIL (2007), a atividade que harmoniza o crescimento econômico e social, preservando o patrimônio natural de forma a garantir que gerações futuras também atendam suas necessidades. Turismo sustentável “é a atividade que satisfaz as necessidades dos turistas e as necessidades socioeconômicas das regiões receptoras, enquanto a integridade cultural, a integridade dos ambientes naturais e a diversidade biológica são mantidas para o futuro.” BRASIL (2007, p. 25) Este novo paradigma é essencial para que o turismo consiga maximizar os benefícios advindos da atividade, mas para isso é necessário a participação de todos os atores envolvidos, principalmente o poder público. Destacando os princípios da sustentabilidade os quais são: sustentabilidade ambiental, sócio- cultural, econômica, político- institucional, pode-se afirmar que todos se relacionam entre si e que devem ser planejados juntos para alcançar a sustentabilidade, pois todas as implicações do turismo afetam todos esses campos. De acordo com o programa de Regionalização do Turismo (BRASIL, 2007, p.25) “a sustentabilidade é uma função complexa que combina de maneira particular cinco variáveis: interdependência,
  • 9. 9 reciclagem, parceria, flexibilidade e diversidade”. E, todos os aspectos, áreas, elementos que envolvem o turismo devem ser trabalhados de forma sustentável. Para tanto, existem meios que se propõem a avaliar os impactos sobre o meio ambiente e que auxilia na prevenção ou reversão de danos ao meio ambiente. A Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) deve ser compreendida como um conjunto de métodos e procedimentos os quais permitem avaliar as conseqüências ambientais de um determinado plano, programa, política, aproveitando as conseqüências benéficas e minimizando seus efeitos maléficos do ponto de vista social e ambiental (OLIVEIRA, 1998). Segundo o autor, esses métodos e procedimentos são instrumentos usados pelo empreendimento para auxiliá-lo na execução ou não do empreendimento. Para isso é primordial que o empresário e as autoridades públicas conheçam as conseqüências do projeto sobre o meio ambiente. O objeto de estudo da Avaliação de Impacto Ambiental é qualquer ação humana sobre o meio ambiente e para a análise dos impactos provocados por obras e atividades significativamente degradadoras faz-se um Estudo de Impacto Ambiental prévio (EIA) e Relatórios de Impacto Ambiental (RIMA) que são imprescindíveis ao processo de licenciamento ambiental. O primeiro constitui-se de relatórios técnicos específicos e esclarecedores do processo industrial e o segundo é destinado ao público com uma linguagem adequada ao meio, que através de audiências públicas podem discutir sobre as implicações provocadas por determinados empreendimentos em seu meio ambiente. (OLIVEIRA, 1998). Qualquer ação humana é objeto de avaliação sobre o impacto no meio ambiente. À medida que essas ações aumentam é preciso adotar medidas que procurem obter conhecimento aprofundado da área a ser explorada, em seguida, do empreendimento. UNIDADES DE CONSERVAÇÃO Levando em consideração que a APA do Delta é uma importante área de Conservação é pertinente entender como se deu a criação dessas áreas. A partir do estudo
  • 10. 10 de Costa (2002), é possível compreender melhor como funcionam, quais os objetivos e aplicabilidade. Com o passar dos anos as leis que visavam à proteção de áreas naturais foram se aperfeiçoando e tornou-se como se conhece hoje. As Unidades de Conservação podem ser criadas em nível municipal, estadual e federal, podendo ser vinculada a diferentes órgãos administrativos, de acordo com sua natureza, objetivo ou estatuto e sua existência se dá após a adoção de medidas que efetive sua criação como demarcação do terreno, instalação de infra-estrutura, colocação de recursos humanos e outros. Conservação é a administração dos recursos de um país de forma planejada, para impossibilitar a exploração prejudicial, (COSTA, 2002). No entanto, para se criar uma Unidade de Conservação ainda há muitos obstáculos como se observa na leitura de Costa (2002), o principal seria a falta de recursos para indenizações, além disso, as áreas onde possuem moradores ou são de interesse político, dificilmente são transformadas em Unidades de Conservação. Para se entender melhor como se organiza as Unidades de Conservação, considera- se que o conjunto delas constitui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) o qual o define como espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituídos pelo pode público com objetivos de conservação e limites definidos sob regime especial de administração, ao qual se aplicam as garantias adequadas de proteção (COSTA, 2002). As Unidades de Conservação dividem-se em dois grupos: Unidades de Proteção Integral (UPI) que é composta pelas Unidades de Conservação: estação ecológica; reserva biológica; parque nacional; monumento natural; refugio de vida silvestre. O objetivo da UPI é preservar a natureza, sendo admitido apenas o uso indireto dos seus recursos naturais, com exceção dos casos previstos em lei (COSTA, 2002).
  • 11. 11 Unidades de Uso Sustentável (UUS) que é composta por área de proteção ambiental; área de relevante interesse ecológico, floresta nacional, reserva extrativista, de fauna, de desenvolvimento sustentável e particular de patrimônio natural. Segundo Costa (2002), ele tem como objetivo compatibilizar a conservação da natureza com o uso sustentável de parcelas de seus recursos. Segundo o SNUC (2000), o termo preservação significa o conjunto de métodos e procedimentos que visem a proteção a longo prazo das espécies, habitat e ecossistemas, além da manutenção dos processos ecológicos, prevenindo a diminuição dos sistemas naturais. A Área de Proteção Ambiental - APA é tida como uma área de extensão com certo grau de ocupação humana, a qual possui características abióticas, bióticas, estéticas ou culturais. Essa reserva visa proteger a diversidade biológica, disciplinar o processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais. Sendo assim, qualquer empreendimento poluidor não pode ser instalado nessas áreas. Assim, o que se pretende observar e analisar na APA do Delta é se a atividade turística existente hoje condiz ou não com o objetivo que se propõe as APAs de modo geral. Sabe-se que a APA do Delta abrange os estados do Piauí, Ceará e Maranhão, foi criada em 1996 e possui uma extensão de 313.800,000km de área. Tendo por base esses conceitos e fundamentos acerca do turismo sustentável é possível visualizar se este objetivo está sendo aplicado nesta APA em especial. Verificando a relação entre as categorias de Unidades de Conservação com o turismo destaca-se que as APAs, a RPPN e os Parques Nacionais são as áreas mais importantes para a instalação do turismo (ecoturismo). Entretanto os investimentos nessas áreas não são suficientes para obter um melhor andamento das atividades, como, a qualidade no atendimento aos visitantes bem como, dificuldades na gestão de turismo, comprometendo a satisfação dessas necessidades, evitando o uso incorreto dos espaços naturais.
  • 12. 12 A ausência da aplicação dos princípios de sustentabilidade, recomendados por BRASIL (2007), a falta de planejamento e os fatores políticos causam pressões enormes nas áreas naturais. Costa (2002) comenta que o uso turístico dos recursos naturais deve enfatizar o ser humano, separando a população e o turista. Essa visão se faz necessária para que os diferentes aspectos do planejamento e gestão atendam a proposta de desenvolvimento sustentável, onde todos saem lucrando. O uso turístico em áreas protegidas é condicionado ao número de pessoas que as Unidades de Conservação podem suportar. Para se conhecer essa variável surgiram diversas metodologias. A capacidade de carga, segundo Costa (2002, p.66), “é um conceito relativo que envolve diferentes considerações e juízos científicos, apresentando uma variedade de valores as quais devem ser associados aos objetivos de manejo especifico para cada área”. Para Dias (2003, p. 83), o estudo de capacidade de carga turística compreende “a análise da quantidade de turistas que um espaço pode suportar sem interferir de maneira significativa no meio físico, no comportamento da comunidade receptora e na experiência do visitante.” Porém, há controvérsias, pois existem dificuldades na elaboração do conceito e operacionalização da capacidade de carga, porque seu ponto pode ser visto de forma diferente e conflitante por diferentes grupos. A perspectiva do turista em relação à capacidade de carga poderá ser totalmente diferente, mas igualmente relevante; em relação às interferências na qualidade de sua experiência, será difícil determinar a capacidade de carga, pois cada indivíduo possui um grau de tolerância à quantidade de gente em determinado lugar; os aspectos da capacidade de carga a serem considerados variam de acordo com as características socioeconômicas e psíquicas do turista, aspectos do comportamento turístico e dos padrões do turismo. Dias (2003), discute que há uma série de conceitos sobre capacidade de carga, dentre elas, dois pontos podem ser considerados: primeiro que a capacidade de carga não é o nível após o qual os impactos surgem. Qualquer nível terá seus impactos os quais podem aumentar com o crescimento dos visitantes, ou seja, a menor presença humana em um
  • 13. 13 determinado ambiente já apresenta alterações no mesmo podendo aumentar à medida que cresce o número de pessoas. O segundo, que o ponto de capacidade de carga não é o limite de saturação. Ele pode ser o cenário onde a qualidade do meio ambiente pode ser mantida, assim como, o valor da experiência do visitante. Digamos que a capacidade de carga se assemelha ao conceito de sustentabilidade. A capacidade de manejo, segundo Costa, (2002.p. 68) “é a soma de condições que a administração de uma área protegida necessita para poder cumprir com qualidade suas funções e objetivos”. Além da capacidade de carga, a metodologia de monitoramento de impactos de visitantes considera que todo e qualquer tipo de visitação a áreas naturais causa impacto. Portanto, há de se preestabelecer impactos indicando níveis mínimos e máximos de ocorrência e aceitabilidade. O limite aceitável de cambio é a metodologia adequada à realidade do turismo, ela observa as condições desejáveis para uma área receber visitantes. Na verdade todas estas metodologias se assemelham na forma de avaliar contribuindo muito para o planejamento ambiental o qual requer diversos instrumentos de manejo sendo o principal deles o zoneamento ambiental que é uma de suas técnicas. Proporciona o manejo e normas específicas com o propósito de oferecer condições para que todos os objetivos possam ser cumpridos em uma Unidade de Conservação. Além dessa técnica, existe o Plano de Ação Emergencial que, segundo Costa (2002), visa ao planejamento das atividades de uma Unidade de Conservação. Pois, qualquer que seja a Unidade de Conservação, ela necessita de infra-estrutura básica, sede administrativa, postos de vigilância, alojamentos, além de outras voltadas para o atendimento turístico. CONCLUSÃO Ao trabalhar a questão turística e sua influência nos diversos setores da sociedade, incluindo as relações sociais e com a natureza, conclui-se que é cada vez maior a importância de avaliar as conseqüências de qualquer ação de origem humana a fim de evitar que a atividade turística extinga- se em determinados locais por conta da destruição dos recursos. É imprescindível a existência de Unidades de Conservação, seja de Proteção Integral ou de Uso Sustentável, mas, contudo é preciso haver um planejamento e gestão
  • 14. 14 atuantes para que as partes envolvidas- natureza e sociedade - tenham seus limites respeitados. Portanto, através da análise dos aspectos teóricos, foi possível ampliar os conhecimentos acerca da atividade turística em Unidades de Conservação e analisar, também, a necessidade e a importância de existir um turismo sustentável, uma vez que, a adoção desta concepção traria maiores benefícios a todos os envolvidos, principalmente, ao ambiente natural. Reconhecendo os impactos da atividade turística nas diferentes dimensões, seja ambiental, econômica, sócio cultural e político institucional. REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério do Turismo. Roteiros do Brasil: Turismo e Sustentabilidade. Brasília: 2007. 126p. COSTA, Patrícia Cortes. Unidades de Conservação. São Paulo: Aleph, 2002. CUNHA, Sandra Baptista; GUERRA, Antônio José Teixeira (Orgs). Avaliação e Perícia Ambiental. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1999. DIAS, Reinaldo. Turismo Sustentável e Meio Ambiente. São Paulo: Atlas, 2003. LEMOS, Amália Inês G. de (Org.) Turismo: Impactos Sócio-ambientais. 3 ed. São Paulo: Hucitec, 2001. OLIVEIRA, Antônio I. de Assis. Da Avaliação de Impacto Ambiental (AIA). In: O Licenciamento Ambiental. São Paulo: Iglu,1998. p. 143-165. PEREZ, Amparo S. (Org.) Introdução à Metodologia da Pesquisa em Turismo. São Paulo: Roca, 2005. 287p. RODRIGUES, Adyr B. Turismo e Ambiente – Reflexões e Propostas. São Paulo: Hucitec, 1997. p.177.