SlideShare una empresa de Scribd logo
1 de 97
Publicamos, a partir da página 181 deste volume, o Índice geral por ordem alfabética onde
encontram-se listados todos os ensinamentos contidos nos cinco volumes da Coletânea Alicerce do Paraíso.
ÍNDICE
Capítulo 1
AGRICULTURA NATURAL
Introdução à Agricultura Natural.........................................................11
A força do solo......................................................................................20
Princípio da Agricultura Natural.........................................................26
A grande revolução da agricultura.........................................................30
Danos causados pelas pragas.................................................................38
Danos causados pelas chuvas e ventos..................................................39
O globo terrestre respira......................................................................40
Capítulo 2
ARTE
Paraíso Terrestre...................................................................................45
A respeito do Paraíso Terrestre.............................................................47
Considerações sobre o Paraíso Terrestre...............................................49
A arte de Deus........................................................................................51
Religião e Arte........................................................................................53
Religião e Arte........................................................................................54
Religião artística.....................................................................................55
Ciência e Arte........................................................................................57
A missão da Arte.....................................................................................59
Paraíso – Mundo da Arte..........................................................................60
O Paraíso é o Mundo do Belo.................................................................62
Características particulares da civilização japonesa...........................65
A respeito do Jardim da Terra Divina...................................................68
Significado da construção do Museu de Belas-Artes...........................72
Obras-primas da arte ao alcance do povo...........................................76
Por que as obras-primas chegaram às minhas mãos...........................78
Campanha de formação do Paraíso por meio das flores.....................82
As plantas têm vida................................................................................84
A respeito da coletânea de poemas
“yama to mizu” (monte e água)...................................................86
Capítulo 3
SOCIEDADE
3.1 - O Homem e a luta entre o bem e o mal
Ateísmo é superstição..............................................................................89
Por que o mal se revela..............................................................................91
O homem mau é ignorante.....................................................................93
O homem mau é enfermo.....................................................................95
Como acabar com os crimes.....................................................................97
O verdadeiro homem forte.....................................................................99
O hábito de resignação dos japoneses................................................101
Vencer o mal........................................................................................102
Sejam fortes os virtuosos....................................................................104
Acabar com os perversos....................................................................106
Indignação ao mal..............................................................................107
3.2– A sociedade e a luta entre o bem e o mal
Espírito de justiça...............................................................................111
O mundo dominado pelo mal...............................................................113
Eliminação do mal..............................................................................116
A fonte da corrupção...........................................................................118
A origem dos males sociais....................................................................122
A verdadeira causa da intranqüilidade social....................................124
O mal social é ou não é causado pelo meio ambiente?.....................126
É possível solucionar os males sociais?.............................................128
O mau comportamento dos filhos.......................................................132
Jornal que enaltece o bem....................................................................133
Os virtuosos bem-sucedidos na vida..................................................135
A Terceira Guerra Mundial pode ser evitada.....................................137
3.3 - A nação
A bússola da reconstrução do Japão..................................................140
A palavra “Su”...................................................................................144
Novo conceito de amor à pátria........................................................145
O Japão é um país civilizado ou selvagem?.......................................148
O caráter dependente dos japoneses..................................................150
Os japoneses não têm ambição..........................................................155
Nação regida pelo Caminho...............................................................157
Obediência ao Caminho Perfeito........................................................159
Precisamos ser universais..................................................................162
3.4 - Religião, Educação e Política
Religião, Educação e Política...............................................................165
Religião e Política...............................................................................167
As leis e o caráter selvagem do homem..................................................168
Poder revogante ou poder constituinte?............................................171
A tolice do controle da natalidade.....................................................172
Não menospreze os cálculos..............................................................173
A instrução prematura é prejudicial..................................................176
Por que surgem crianças-prodígio......................................................177
Índice geral por ordem alfabética......................................................181
INTRODUÇÃO À AGRICULTURA NATURAL
Em geral as pessoas não conseguem aceitar minha tese sobre a Agricultura Natural.
Ficam pasmadas com ela, pois acham que é uma visão completamente diferente em relação à
agricultura. Mas a verdade é que não só os produtos agrícolas, mas o próprio homem se
encontra intoxicado pelos adubos.
Muitos depositam confiança na tese por ser minha. Apesar disso, colocam-na em prática
meio temerosos, experiência confessada em todos os relatórios. Antes, porém, da colheita,
ocorre uma surpreendente mudança na plantação e conseguem-se excelentes resultados,
superando todas as expectativas.
É desnecessário afirmar que “mais vale um fato que cem teorias”. Creio que, em
conseqüência dessa importante descoberta, não apenas ocorrerá uma grande revolução na
agricultura japonesa, como também poderá haver, um dia, uma revolução na agricultura em
escala mundial. Sendo assim, esta grande salvação da humanidade será uma boa-nova sem
precedentes; para a nossa Igreja, entretanto, cujo objetivo é a construção do Paraíso Terrestre,
não passará de algo mais do que óbvio.
Para explicar o que é a Agricultura Natural, vou partir do seu princípio básico. Em
primeiro lugar, o que vem a ser o solo? Sem dúvida, é uma obra do Criador e serve para a
cultura de cereais e verduras, importantíssimos para a manutenção da vida humana. Por
conseguinte, sua natureza é misteriosa, impossível de ser decifrada pela ciência da matéria.
A agricultura atual, sem saber, acabou tomando o caminho errado e, como conseqüência,
menosprezou a força do solo, chegando à errônea conclusão de que, para se obterem
melhores resultados, deveria haver interferência humana. Com base nesse raciocínio, passou
a utilizar estercos, adubos químicos, etc. Dessa maneira, a natureza do solo foi pouco a pouco
se degradando, sofrendo transformações, e a sua força original acabou diminuindo. Contudo,
o homem não percebe isso e acredita que a causa das más colheitas é a falta de adubos.
Assim, utiliza-os em maior quantidade, o que reduz ainda mais a força do solo. Atualmente o
solo japonês está tão pobre, que todos os agricultores lamentam o fato.
Vou mostrar como são temíveis os adubos artificiais:
1 – O maior problema, talvez, é o aparecimento de pragas. Sem pesquisar as causas dessa
ocorrência, concentra-se todo o empenho no sentido de combatê-las. Mas é provavelmente
por desconhecerem a causa das pragas que os agricultores se empenham na sua eliminação.
Na verdade, elas surgem dos adubos, e o aumento das espécies de pragas é decorrente do
aumento dos tipos de adubos. Os agricultores desconhecem, também, que os pesticidas, ainda
que consigam eliminá-las, infiltram-se no solo, causando-lhe prejuízos e tornando-se a causa
do aparecimento de novas pragas.
2 – Absorvendo os adubos, as plantas enfraquecem bastante e tornam-se facilmente
quebradiças ante a ação dos ventos e das águas. Como ocorre a queda das flores, os frutos são
em menor quantidade. Além disso, pelo fato de as plantas alcançarem maior altura e suas
folhas serem maiores, os frutos acabam ficando na sombra, o que, no caso do arroz, do trigo,
da soja, etc., faz com que a casca seja mais grossa e os grãos sejam menores.
3 – A amônia contida no estrume e o sulfato de amônia e outros adubos químicos são
venenos violentos que, absorvidos pelas plantas, acabam sendo absorvidos também pelo
homem; mesmo que seja em quantidades ínfimas, não se pode dizer que eles não façam mal à
saúde. A própria Medicina tem afirmado que, se suspendessem por dois ou três anos a
utilização de esterco como adubo, o problema de lombrigas e outros parasitas deixaria de
existir. Também nesse aspecto verificamos o fabuloso resultado da Agricultura Natural.
4 – Ultimamente, o preço dos adubos tem aumentado muito, de modo que a despesa que
se tem com eles quase empata com a receita oriunda da venda da colheita, o que acaba
forçando a sua venda no mercado negro.
5 – O trabalho que se tem com a compra e a aplicação de adubos e inseticidas é
excessivo.
6 – Os produtos obtidos através da Agricultura Natural são mais saborosos e apresentam
melhor crescimento, sendo maiores que os produtos obtidos com adubos. Sua quantidade
também é maior.
Com o que acabamos de expor, creio que os leitores puderam compreender como são
temíveis os tóxicos dos adubos e como é melhor o cultivo que não os utiliza. Não seria
exagero afirmar que se trata de uma revolução jamais vista na agricultura japonesa.
Vou, agora, mostrar em que consiste o método e os resultados que obtive através da
minha própria experiência e dos relatos feitos por pessoas que já experimentaram esse tipo de
cultivo. Antes, porém, gostaríamos de perguntar: quantas pessoas conhecem realmente o
sabor das verduras? Diríamos que pouquíssimas. Isso porque não há verduras em que não
tenham sido utilizados adubos químico e esterco. Absorvendo esses elementos, os produtos
acabam perdendo o sabor atribuído pelos Céus. Se, ao invés disso, fizermos com que
absorvam os nutrientes da própria terra, eles terão seu sabor natural e, portanto, serão muito
mais saborosos. Como aumentou o meu estado de felicidade após conhecer o sabor das
verduras cultivadas sem adubos! Além do dinheiro e da mão-de-obra que se poupa, fica-se
livre do mau cheiro e da transmissão de parasitas, as pragas diminuem e o sabor e a
quantidade dos produtos aumentam. Enfim, matam-se sete coelhos numa só cajadada.
Não posso me calar diante de problema tão grave. Gostaria de comunicar esta boa-nova a
todos e compartilhar dos seus benefícios.
Qual é a propriedade do solo? Ele é constituído pela união de três elementos – terra, água
e fogo – os quais formam uma força trinitária. Evidentemente, a força básica responsável
pelo crescimento das plantas é o elemento terra; o elemento água e o elemento fogo são
forças auxiliares. A qualidade do solo é um fator importantíssimo, pois representa a força
primordial para o bom ou mau resultado da colheita. Portanto, a condição principal para
obtermos boas colheitas é a melhoria da qualidade do solo. Quanto melhor for o elemento
terra, melhores serão os resultados.
O método para fertilizar o solo consiste em fortalecer sua energia. Para isso, é necessário,
primeiramente, torná-lo puro e limpo, pois, quanto mais puro o solo, maior é a sua força para
o desenvolvimento das plantas. Acontece, porém, que até hoje a agricultura considera bom
encharcar o solo com substâncias impuras, contrariando frontalmente o que foi exposto
acima, donde se pode concluir o quanto ela está errada. Para explicar esse erro, usarei a
antítese, o que, penso eu, ajudará a compreensão dos leitores.
Desde a antigüidade os adubos são considerados como elementos indispensáveis ao
plantio, mas a verdade é que quanto mais os agricultores os aplicam, mais eles vão matando o
solo. Com a adubagem, conseguem-se bons resultados temporariamente; pouco a pouco, no
entanto, o solo vai ficando intoxicado, tornando necessário o uso de mais adubos, para a
obtenção de boas colheitas. Assim, quanto maior for a quantidade de adubos, mais contrários
são os resultados.
Quando a colheita do arroz começa a declinar, os rizicultores acrescentam-lhe terra tirada
de locais onde não foram utilizados adubos. Com isso, a colheita melhora durante algum
tempo. Nessas ocasiões, eles se baseiam num raciocínio errado, interpretando que, como
cultivam ano após ano, a plantação absorve os nutrientes do solo, causando o
empobrecimento deste. Esquecem, entretanto, que isso ocorreu devido à utilização de adubos.
Como nas novas terras a força vital é mais intensa, podem-se obter bons resultados. Deixando
de lado as teorias, vou explicar, na prática, as vantagens da Agricultura Natural.
Em primeiro lugar, uma das características desse tipo de cultivo é a menor estatura das
plantas. Nn cultivo com adubos, elas crescem mais e têm folhas maiores; tratando-se de
plantas leguminosas, como dissemos antes, isso faz com que os frutos fiquem à sombra e não
tenham bom crescimento. Ocorre, também, a queda das flores, trazendo como conseqüência a
menor quantidade de frutos. No caso da soja, quando não se utilizam adubos consegue-se o
dobro da colheita, e nenhum grão se apresenta bichado; além disso, seu sabor é
incomparável. Evidentemente, em outras espécies como ervilhas e favas obtém-se o mesmo
resultado, e a casca é bastante macia.
Outro aspecto digno de observação é a não-ocorrência de nenhum fracasso. Muitas vezes
um leigo resolve plantar batatas e colhe-as em pequena quantidade e tamanho reduzido.
Nesses casos, é costume a pessoa se lamentar, dizendo que a colheita foi péssima, mas ela
não percebe que isso resultou do uso excessivo de adubos. Interpretando os resultados de
maneira errada, ou seja, atribuindo o fracasso à pouca utilização de adubos, passa a usá-los
em maior quantidade, o que faz piorar ainda mais a situação. Quando indagados a respeito, os
especialistas e os orientadores, que não percebem a verdadeira causa do problema,
respondem de maneiras totalmente desconcertantes, como por exemplo: “A causa está nas
sementes, que, ou não eram boas ou foram semeadas fora da época apropriada”. Ou então: “O
problema foi causado pela acidez do solo”.
As batatas plantadas sem adubos, no entanto, são muito brancas e cremosas, possuem
bastante aroma e agradam logo ao primeiro contato com o paladar. São tão saborosas que, a
princípio, pensa-se que são de alguma espécie diferente. O mesmo acontece com o inhame e
a batata-doce. Esta última deve ser plantada em canteiros altos e em fileiras, entre as quais
deve haver uma boa distância, de modo que a planta receba bastante sol. Assim, conseguir-
se-ão batatas enormes e deliciosas, capazes de impressionar qualquer pessoa. Aliás, parece
que os próprios agricultores não costumam adicionar muitos adubos ao solo quando se trata
de batata-doce.
Agora tecerei considerações a respeito do milho. Seu cultivo sem adubos tem
apresentado ótimos resultados. Gostaria, portanto, de dar-lhe um destaque especial. No início,
por um ou dois anos, a colheita pode não satisfazer as expectativas, visto que as sementes
ainda contêm as toxinas dos adubos, mas no terceiro ano os resultados já começam a
aparecer. Sem toxinas no solo nem nas sementes, o milho cresce com o caule bastante forte, e
suas folhas apresentam um verde vivo. Caso cresça num local onde não falta água nem sol,
apresenta espigas longas, com os grãos tão bem dispostos que não há espaços vazios entre
eles; logo na primeira mordida se percebe que são macios e doces, apresentando um sabor
inesquecível.
Quanto aos nabos, são branquinhos, grossos, consistentes e doces, o que os torna muito
saborosos. A aspereza e a acidez dos nabos são decorrentes das toxinas dos adubos. Aliás, as
verduras produzidas sem adubos apresentam boa coloração, maciez e um aroma que abre o
apetite, sendo livres de pragas. Evidentemente, são mais higiênicas, pela não-utilização de
esterco.
O que eu também gostaria de recomendar são as berinjelas. Elas apresentam excelente
coloração e aroma, casca macia e realmente dão água na boca. Em minha casa ninguém
consegue mais comer berinjelas produzidas com adubos.
Tratando-se do plantio de arroz, mistura-se palha cortada ao solo alagado, que, assim, se
aquece, pois a palha absorve o calor. Há, ainda, outro detalhe, já bastante conhecido: a água
fria das montanhas faz mal à plantação. Por isso, devem-se fazer as valetas o mais rasas e
longas possível, a fim de aquecer a água. Não se devem, também, fazer lagos no trecho
intermediário, pois nestes, devido à profundidade, a água não esquenta de forma adequada.
No caso do pepino, melancia, abóbora, etc., obtêm-se resultados como jamais haviam
sido conseguidos. Quanto ao arroz e ao trigo, têm estatura baixa e apresentam excelente
quantidade e qualidade. O arroz, sobretudo, tem brilho e consistência especiais, além de
excelente paladar, sendo sempre classificado como arroz de especial categoria.
Eis, portanto, as vantagens da Agricultura Natural. Não poderia haver melhor boa-nova,
principalmente para quem tem horta caseira. O manuseio de esterco não só é insuportável
para os amadores, como também traz o inconveniente de indesejáveis larvas de parasitas
acabarem se hospedando na pessoa. Até agora, por desconhecimento desses fatos, trabalhava-
se muito e no fim se obtinham maus resultados. No meu caso, por exemplo, apenas semeio as
verduras e não tenho maiores trabalhos a não ser, de vez em quando, remover o mato que
começa a crescer. Assim, obtenho excelentes verduras, e não há nada tão gratificante.
Como eu já disse, não há necessidade de adubos químicos nem de estrume, mas é preciso
usar compostos naturais em larga escala. O mais importante, em qualquer cultivo, é ter
cuidado para que as pontas dos pêlos absorventes cresçam livremente; para isso, deve-se
evitar o endurecimento do solo. O composto natural deve estar meio decomposto apenas,
pois, se o estiver totalmente, acaba endurecendo. Aquele que é feito somente com capim
decompõe-se rapidamente, mas o de folhas de árvores demora muito mais, devido às fibras e
nervuras, que são duras; portanto, deve-se deixá-lo decompondo por longo tempo, até sua
suficiente decomposição. A razão disso é que as pontas dos pêlos absorventes têm o seu
crescimento prejudicado pelas fibras das folhas utilizadas como compostos orgânicos.
Ultimamente dizem que é bom arejar a raiz das plantas, mas isso não tem sentido, pois se é
um solo que até deixa passar o ar, nele se processa o bom desenvolvimento das raízes. Na
verdade, o ar nada tem a ver com isso.
Outro ponto importante é o aquecimento do solo. No caso das radicelas e dos pêlos
absorventes das verduras comuns, basta fazer uma camada de composto natural com mais ou
menos 30 centímetros, numa profundidade aproximadamente igual. Tratando-se de nabo,
cenoura, bardana ou outros vegetais em que se visam as raízes, a profundidade deve ser
compatível com o comprimento da raiz de cada planta. O composto à base de capim deve ser
bem misturado com a terra, utilizando-se o composto à base de folhas de árvores para formar
o leito abaixo do solo, como já foi explicado. Esse é o ideal.
Ultimamente fala-se muito em solo ácido, mas a causa da acidez está nos adubos.
Portanto, o problema desaparece quando se deixa de usá-los.
É muito comum evitar-se o uso do mesmo solo para culturas repetitivas. Entretanto, eu
tenho obtido ótimos resultados através delas (1). E os resultados têm melhorado a cada ano.
Pode parecer milagre, mas há uma boa razão para isso. Como tenho afirmado, para vivificar o
solo e ativar sua força, é necessário fazer culturas repetitivas, pois, com elas, o solo vai se
adaptando naturalmente à cultura em questão.
Quanto às pragas, com a eliminação dos adubos seu número poderá não chegar a zero,
mas reduz-se a uma fração do atual. Os próprios agricultores afirmam que o excesso de
adubos aumenta as pragas.
Com relação ao fumo para charuto, sabe-se que o melhor é o produzido em Manila e
Havana. Não apresenta folhas bichadas e tem excelente aroma; certa vez eu ouvi um especia-
lista no assunto dizer que na sua produção não se utilizam adubos. A inexistência de insetos
em folhas do mato e o excelente aroma que algumas delas possuem são decorrentes da
ausência de adubos.
Há um aspecto que deve ser observado: quando se introduz a Agricultura Natural num
local já tratado com adubos, não se obtêm bons resultados durante um ou dois anos, porque a
terra está intoxicada. É como um beberrão que deixa de beber abruptamente e por algum
tempo fica meio atordoado. O mesmo problema acontece com os fumantes inveterados
quando, de repente, suspendem o fumo, ou quando os viciados em morfina ou cocaína ficam
sem estes entorpecentes. Deve-se, portanto, ter paciência por dois ou três anos; nesse espaço
de tempo e com a diminuição gradativa das toxinas de adubos no solo e nas sementes, o solo
começará a manifestar sua força.
Com as considerações que acabamos de tecer sobre a Agricultura Natural, os leitores
deverão ter compreendido o quanto a agricultura tradicional está errada. Evidentemente, o
novo método não tem nenhuma ligação com a fé, bastando apenas utilizar-se os compostos
naturais para se obterem resultados revolucionários. Devem, contudo, reconhecer que,
somando-se a esse procedimento a purificação do solo através da Luz de Deus, conseguem-se
melhores resultados ainda.
1o
de julho de 1949
A FORÇA DO SOLO
O princípio básico da Agricultura Natural consiste em fazer manifestar a força do solo.
Até agora o homem desconhecia a verdadeira natureza do solo, ou melhor, não lhe era dado
conhecê-la. Tal desconhecimento levou-o a adotar o uso de adubos e acabou por colocá-lo
numa situação de total dependência em relação a eles, tornando essa prática uma espécie de
superstição.
No começo, por melhor que eu explicasse o processo da Agricultura Natural, as pessoas
não me davam ouvidos e acabavam em gargalhadas. Pouco a pouco, porém, minhas
explicações foram sendo aceitas e, ultimamente, de ano para ano, aumenta o contingente de
praticantes do novo método, mesmo porque as colheitas, em toda parte, vêm dando
prodigiosos resultados. Ainda que a maioria pertença à esfera dos fiéis de nossa Igreja, em
várias regiões já está aparecendo, fora dessa esfera, um número considerável de simpatizantes
e praticantes da Agricultura Natural, número este que tende a aumentar rapidamente. Já se
pode imaginar que não está longe o dia em que a veremos praticada em todo o território
japonês. Falando abertamente, a divulgação do nosso método de agricultura poderá ser
definida como “movimento para destruir a superstição dos adubos”.
Não usando absolutamente nada daquilo a que se dá o nome de adubo, seja de origem
animal ou química, pois é um cultivo que utiliza apenas compostos naturais, o método é,
realmente, o que seu nome diz: Agricultura Natural. As folhas e capins secos formam-se
naturalmente, ao passo que os adubos químicos e mesmo o estrume de cavalo ou galinha,
assim como os resíduos de peixe, carvão de madeira, etc., não caem do céu, nem brotam da
terra: são transportados pelo homem. Portanto, não é preciso dizer que são antinaturais.
Nada poderia existir no Universo sem os benefícios da Grande Natureza, ou seja, nada
nasceria nem se desenvolveria sem os três elementos básicos: o fogo, a água e a terra. Em
termos científicos, esses elementos correspondem, respectivamente, ao oxigênio, ao
hidrogênio e ao nitrogênio. Todos os produtos agrícolas existentes são gerados por eles.
Dessa forma, Deus fez com que possam ser produzidas todas as espécies de cereais e
verduras que constituem a alimentação do homem. Seguindo a lógica, tudo será
perfeitamente compreendido. Não seria absurdo se Deus criasse o homem e não
providenciasse os alimentos que lhe possibilitariam a vida? Logo, se determinado país não
consegue produzir os alimentos necessários à sua população é porque, em algum ponto, ele
não está de acordo com as leis da Natureza criada por Deus. Enquanto não se atentar para
isso, não se poderá sequer imaginar uma solução para o problema da escassez de alimentos.
A Agricultura Natural proposta por mim tem como base o princípio citado. O
empobrecimento e as dificuldades dos agricultores serão solucionados satisfatoriamente com
a adoção desse método. Deus deseja corrigir a penosa situação em que eles se encontram, e
por isso está se dignando, com Sua benevolência e compaixão, a revelar e fazer propagar o
princípio da Agricultura Natural, através de mim, para todo o mundo. Urge, portanto, que os
agricultores despertem o mais rápido possível e adotem esse novo método agrícola. Só assim
eles serão verdadeiramente salvos.
Conforme dissemos, se os três elementos básicos – fogo, água e terra – são forças
motrizes para desenvolver os produtos agrícolas, bastará que estes sejam plantados numa
terra pura, expostos ao sol e suficientemente abastecidos com água, para se obter um grande
êxito, jamais visto até hoje. Não se sabe desde quando, mas o homem cometeu um enorme
equívoco ao usar adubos, pois ignorou, completamente, a natureza do solo.
Efeitos contrários dos adubos
No início, a utilização de adubos traz bons resultados, mas, se essa prática continuar por
muito tempo, gradativamente começarão a surgir efeitos contrários. Entre outras
conseqüências, as plantas vão perdendo sua função inerente de absorver os nutrientes do solo
e mudam suas características, passando a absorver os adubos como nutrientes. Se fizermos
uma comparação com os toxicômanos, poderão compreender isso muito bem. Quando
alguém começa a fazer uso de tóxicos, sente uma sensação muito agradável e durante certo
período seu cérebro se torna mais lúcido. Por não conseguir esquecer esse prazer, a pessoa
cai, pouco a pouco, num vício profundo, do qual é difícil se livrar. Entretanto, quando o
efeito do tóxico acaba, ela fica em estado de letargia ou sente dores violentas. Como a
situação é intolerável, ingere tóxico novamente, embora saiba o mal que isso lhe faz. E chega
até ao roubo, para obter os recursos com que comprá-lo. Histórias com este seguimento são
constantemente noticiadas nos jornais. Aplicando tal esquema à agricultura, podemos dizer
que, hoje, todos os solos cultiváveis do Japão estão sob os efeitos de tóxicos e, por isso,
gravemente enfermos. Todavia, tendo-se tornado cegos adeptos dos adubos, os agricultores
não conseguem libertar-se deles. Ao ouvirem minhas explicações, esperançosos, resolvem
suspendê-los, iniciando o cultivo natural. No entanto, como nos primeiros meses os
resultados são insatisfatórios, eles concluem, precipitadamente, que o mais certo é desistir da
mudança e voltar à prática habitual.
O nosso método de cultivo está baseado na fé, e por isso muitos o praticam sem duvidar
do que eu digo. Assim fazendo, chegam à total compreensão do verdadeiro valor da
Agricultura Natural.
Descreverei agora a seqüência dos fatos que ocorrem com a mudança da agricultura
tradicional para a natural. No caso do arroz, ao transplantar-se a muda para o arrozal alagado,
durante algum tempo a coloração das folhas não é boa, e os talos são finos; geralmente o
visual é bem inferior ao de outros arrozais. Isso dá ensejo à zombaria por parte dos
agricultores das proximidades, o que leva o plantador a vacilar, questionando se está no
caminho certo. Cheio de preocupação e intranqüilidade, ele começa a fazer promessas a
Deus. Entretanto, passados dois ou três meses, os pés de arroz começam a apresentar-se com
mais vigor, melhorando tanto na época do florescimento, que o agricultor se sente aliviado.
Finalmente, por ocasião da colheita, estão com o crescimento normal, ou acima dele. Ao se
proceder à colheita, a quantidade do arroz sempre ultrapassa as previsões; além disso ele é de
boa qualidade, tendo brilho, aderência e sabor agradável. Geralmente é um produto de
primeira ou segunda classe, podendo-se dizer que não aparecem tipos abaixo desse nível de
classificação. E mais ainda: seu peso varia de 5 a 10% acima do peso do arroz cultivado com
adubos, e, o que é especialmente interessante, devido à sua consistência é um arroz que não
se reduz com o cozimento, antes duplica ou triplica seu volume. Sustenta tanto que, mesmo
comendo 30% menos, a pessoa se sente plenamente satisfeita. Logo, há uma grande
vantagem do ponto de vista econômico.
Se todos os japoneses comessem arroz cultivado pelo método da Agricultura Natural,
teríamos um resultado igual ao que se obteria se a produção fosse aumentada em 30%,
tornando-se desnecessária a importação de arroz. E como isso seria esplêndido para a
economia nacional!
A superstição dos adubos
Esclareçamos melhor o assunto tratado anteriormente. O fato de a plantação, durante dois
ou três meses, apresentar um aspecto inferior, pode ser explicado pela presença de tóxicos no
solo e nas sementes, mesmo que sejam só resíduos. Com o passar dos dias, esses tóxicos vão
sendo eliminados e o solo e a plantação tendem a melhorar, restaurando-se a sua capacidade
natural. Isso me parece perfeitamente compreensível por parte dos agricultores, pois eles
sabem que, após uma troca de água ou uma chuva muito forte, mesmo os arrozais alagados
de pior qualidade melhoram um pouco. Em verdade, isso ocorre porque os tóxicos dos
adubos foram lavados e diminuíram. Quando o crescimento dos produtos agrícolas não é
bom, costuma-se acrescentar terra ao solo. Se eles melhoram, os agricultores crêem ver
confirmada sua suposição de que o solo estava pobre devido a contínuas plantações que
absorveram seus nutrientes. Isso também é errado, pois o enfraquecimento do solo é causado
pelos tóxicos de adubos utilizados ano após ano. Assim, percebe-se facilmente que os
agricultores se deixaram dominar pela superstição dos adubos.
Os efeitos do uso de compostos naturais
Vejamos, agora, de que maneira a Natureza colabora com a Agricultura Natural. Quando
se trata do cultivo de arroz em terreno alagado, procede-se ao corte da palha em pedaços bem
pequenos, os quais serão misturados ao solo, para aquecê-lo. No caso do cultivo em terra
firme, misturar-se-ão folhas e capins secos, apodrecidos até que suas nervuras fiquem macias.
A razão disso é que, quando o solo está endurecido, o desenvolvimento das raízes fica
dificultado, porque as pontas encontram resistência. Atualmente, dizem ser bom que o ar vá
até as raízes, mas não é verdade, pois não há nenhuma razão para isso. Apenas, se ele chega
até elas, é porque o solo não está endurecido. No caso de produtos cujas raízes não se
aprofundam muito no solo, o ideal seria misturar, a este, compostos de folhas e capins; para
os produtos de raízes profundas, deve-se preparar um leito composto de folhas de árvores a
mais ou menos 35 cm de profundidade. Isso servirá para aquecer a terra. Variando a
profundidade das raízes, o leito será formado na proporção adequada.
Geralmente as pessoas pensam que nos compostos naturais existem elementos
fertilizantes, mas isso não corresponde à realidade. O papel desempenhado por eles é o de
aquecer o solo, não o deixando endurecer. No caso de ressecamento do solo junto às raízes,
devem-se colocar os compostos naturais numa espessura apropriada, pois isso conserva a
umidade do solo. São esses os três benefícios dos compostos naturais.
Como se poderá perceber pelo que foi dito acima, o mais importante na Agricultura
Natural é vivificar o solo. Vivificar o solo significa conservá-lo sempre puro, não utilizando
matérias impuras como os adubos. Dessa forma, já que não existem obstáculos, ele pode
manifestar suficientemente a sua capacidade original. É engraçado que os agricultores falem
em ‘‘deixar o solo descansar”. Trata-se, também, de um grande erro. Quanto mais cultivado,
melhor será o solo. Em termos humanos, quanto mais se trabalha, mais saúde se tem; quanto
mais se descansa, mais fraco se fica. Os agricultores, ao contrário, acreditam que, quanto
mais se cultiva o solo, mais fraco ele vai ficando, devido ao consumo dos seus nutrientes por
parte dos produtos agrícolas. Assim, procuram beneficiá-lo dando-lhe repouso, ou seja,
suspendem as culturas repetitivas, mudando sempre a área de plantio. Isto é uma idiotice.
Cultura repetitiva, colheita farta
De acordo com o nosso método, a cultura repetitiva é uma prática muito recomendável.
Uma prova disso é que estou cultivando milho, pelo sétimo ano consecutivo, em Gora,
Hakone, numa terra em que há mistura de pequenas pedras. Apesar da má qualidade da terra,
as espigas são mais longas que o normal, e os grãos, juntinhos e enfileirados, são adocicados,
macios e saborosos.
Para justificar a cultura repetitiva, basta lembrar a capacidade inerente ao solo de se
adaptar ao produto que é plantado. Compreenderemos isso muito bem se fizermos uma
comparação com o ser humano. As pessoas que executam trabalhos braçais têm seus
músculos desenvolvidos; quando se trata de atividade intelectual, é o cérebro que se
desenvolve. Por essa mesma razão, quem muda constantemente de profissão ou de residência
não obtém sucesso, o que nos leva a concluir o quanto estiveram errados os agricultores até
hoje.
As boas novas para a sericultura
Finalizando, gostaria de dizer que, se cultivarmos o bicho-da-seda com folhas de
amoreira tratada sem adubos, ele não adoecerá, seus fios serão de muito boa qualidade,
resistentes, brilhantes, e a produção aumentará. Tal prática ocasionaria uma grande evolução
no mundo da sericultura e traria incalculáveis benefícios à economia do país.
5 de maio de 1953
PRINCÍPIO DA AGRICULTURA NATURAL
Para que todos entendam realmente o princípio da Agricultura Natural, proponho-me
explicá-lo através da ciência do espírito – da qual tomei conhecimento por meio da
Revelação Divina – pois é impossível fazê-lo através do pensamento que norteia a ciência da
matéria. No início, talvez seja muito difícil compreender esse princípio; todavia, à medida
que o lerem várias vezes e o saborearem bem, fatalmente a dificuldade irá diminuindo. Caso
isso não aconteça, é porque a pessoa está muito presa às superstições da Ciência.
O que eu exponho é a Verdade Absoluta. Os próprios fatos o comprovam. Como todos
sabem, o método agrícola utilizado atualmente consiste na fusão do método primitivo com o
método científico. Julga-se que houve um grande progresso, porém os resultados mostram
exatamente o contrário, conforme podemos constatar pela grande diminuição da produção no
ano passado. Os pés de arroz não tinham força suficiente para vencer as diversas calamidades
que ocorreram, e essa foi a causa direta daquela diminuição. Mas qual a causa do
enfraquecimento dos pés de arroz? Se eu disser que o fenômeno foi causado pelo tóxico
chamado adubo, todos se surpreenderão, pois os agricultores, até agora, vieram acreditando
cegamente que o adubo é algo imprescindível no cultivo agrícola. Devido a essa crença, ao
pouco conhecimento dos agricultores e à cegueira da Ciência, não foi possível descobrir os
malefícios dos adubos.
E inegável o valor da Ciência em relação a muitos aspectos; entretanto no que se refere à
agricultura, ela não tem nenhuma força, ou melhor, está muito equivocada, pois considera
bom o método criado pelo homem, negligenciando o Poder da Natureza. Isso acontece
porque ainda se desconhece a natureza do solo e dos adubos. Há longos anos, o governo, os
grandes agricultores e os cientistas vêm desenvolvendo um grande esforço conjunto, mas não
se vê nenhum progresso ou melhoria. Diante de uma fraca produção como a do ano passado,
podemos dizer que a Ciência não consegue fazer nada, sendo vencida pela Natureza sem
oferecer nenhuma resistência. Não há mais nenhum método a ser empregado. A agricultura
japonesa está realmente num beco-sem-saída. Mas devemos alegrar-nos, pois Deus ensinou-
me o meio de sair dele – a Agricultura Natural. Afirmo que, além dessa, não existe outra
maneira de salvar o Japão.
A base do problema é a falta de conhecimento em relação ao solo. A agricultura, até
agora, tem negligenciado esse fator, que é o principal, dando maior importância ao adubo,
algo acessório. Pensem bem. Sem a terra, o que podem fazer as plantas, sejam elas quais
forem? Um bom exemplo é o daquele soldado americano que, após a guerra, praticou o
cultivo na água, despertando grande interesse. Creio que ainda devem estar lembrados disso.
No início, os resultados foram excelentes, mas ultimamente, pelo que tenho ouvido falar, eles
foram decaindo, e o método acabou sendo abandonado.
Até hoje os agricultores fizeram pouco caso do solo, chegando a acreditar que os adubos
eram o alimento das plantações. Com essa atitude, cometeram um espantoso engano. O
resultado é que o solo se tornou ácido, perdendo seu vigor original. Isso está muito bem
comprovado pela grande diminuição da safra no ano passado. Não percebendo seu erro, os
agricultores gastam inutilmente elevadas somas em adubos, despendendo árduo esforço. É
uma grande tolice, pois se está produzindo a própria causa dos danos.
Empregarei agora o bisturi da ciência espiritual para explicar a natureza do solo. Antes,
porém, é preciso conhecer seu significado original.
Deus, Criador do Universo, assim que criou o homem criou o solo, a fim de que este
produzisse os alimentos para nutri-lo. Basta semear a terra que a semente germinará, e o
caule, as folhas, as flores e os frutos se desenvolverão, proporcionando-nos fartas colheitas
no outono. Assim, o solo, que produz alimentos, é um maravilhoso técnico ao qual
deveríamos dar grande preferência. Obviamente, como se trata do Poder da Natureza, a
Ciência deveria pesquisá-lo. Entretanto, ela cometeu um grande erro: confiou mais no poder
humano.
Mas o que é o Poder da Natureza? E a incógnita surgida da fusão do Sol, da Lua e da
Terra, ou seja, dos elementos fogo, água e solo. O centro da Terra, como todos sabem, é uma
massa de fogo, a qual é a fonte geradora do calor do solo. A essência desse calor, infiltrando-
se pela crosta terrestre, preenche o espaço até a estratosfera. Nessa essência também existem
duas partes: a espiritual e a material. A parte material é conhecida pela Ciência com o nome
de nitrogênio, mas a parte espiritual ainda não foi descoberta por ela. Paralelamente, a
essência emanada do Sol é o elemento fogo, que também possui uma parte espiritual e uma
parte material; esta última é a luz e o calor, mas aquela também ainda não foi detectada pela
Ciência. A essência emanada da Lua é o elemento água, e a sua parte material é constituída
por todas as formas em que a água se apresenta; quanto à parte espiritual, também ainda não
foi descoberta. O produto da união desses três elementos espirituais ainda não detectados
constitui a incógnita X através da qual todas as coisas existentes no Universo nascem e
crescem. Essa incógnita X é semelhante ao nada, mas é a origem da força vital de todas as
coisas. Conseqüentemente, o desenvolvimento dos produtos agrícolas também se deve a esse
poder. Por isso, podemos dizer que ele é o fertilizante infinito. Reconhecendo-se essa
verdade, amando-se e respeitando-se o solo, a capacidade deste se fortalece espantosamente.
A Agricultura Natural é, pois, o verdadeiro método agrícola. Não existe outro. Através de sua
prática, o problema da agricultura será solucionado pelas raízes.
Sem dúvida as pessoas ficarão boquiabertas, mas existe outro fator importante. O
homem, até agora, pensava que a vontade-pensamento, assim como a razão e o sentimento,
limitava-se aos animais. Entretanto, eles existem também nos corpos inorgânicos.
Obviamente, como o solo e as plantações estão naquele caso, respeitando-se e amando-se o
solo sua capacidade natural se manifestará ao máximo. Para tanto, o mais importante é não
sujá-lo, mas torná-lo ainda mais puro. Com isso, ele ficará alegre e, logicamente, se tornará
mais ativo. A única diferença é que a vontade-pensamento, nos seres animados, é mais livre e
móvel, ao passo que, o solo e as plantas não têm liberdade nem movimento. Assim, se
pedirmos uma farta colheita com sentimento de gratidão, nosso sentimento se transmitirá ao
solo, que não deixará de corresponder-nos. Por desconhecimento desse princípio, a Ciência
comete uma grande falha, considerando que tudo aquilo que é invisível e impalpável não
existe.
27 de janeiro de 1954
A GRANDE REVOLUÇÃO DA AGRICULTURA
Parte I
Há mais de dez anos descobri e venho propondo o método agrícola que, dispensando o
uso dos adubos químicos e do estrume de origem animal e humana, possibilita a obtenção de
grandes colheitas. Naquela época, conquanto eu me esforçasse bastante, tentando convencer
os agricultores, ninguém queria me ouvir. Entretanto, é minha convicção, desde o princípio,
que o método natural de cultivo representa a Verdade Absoluta, e estou certo de que todos
chegarão à mesma conclusão, compreendendo também que, se não se apoiarem nisso, não só
os agricultores nunca poderão ser salvos, mas o próprio destino da nação ficará
comprometido. É por esse motivo que venho insistindo no assunto até hoje.
Como a situação foi se tornando séria, exatamente como eu temia que acontecesse – não
sei se feliz ou infelizmente sinto uma necessidade cada vez maior de fazer os agricultores
japoneses e todos os povos entenderem a Agricultura Natural. Comecei, também, a enxergar
luz no futuro da nossa agricultura, motivo que me leva a anunciá-la aqui, de maneira ampla,
certo de que afinal chegou a hora.
O fato de eu ser um religioso favoreceu a implantação da Agricultura Natural. Com
efeito, não foram poucos os fiéis que, embora não compreendessem bem as minhas
explicações, passaram a praticar esse método de cultivo, podendo constatar seus resultados
positivos num espaço de tempo relativamente curto. Pouco a pouco foi crescendo o número
de simpatizantes, inclusive entre agricultores fora da esfera da Igreja.
Explicarei agora, minuciosamente, o princípio básico da Agricultura Natural, método que
permite a obtenção de grandes colheitas utilizando apenas compostos naturais. Abordarei, em
primeiro lugar, as vantagens do método: não serão necessários gastos com adubos, o dano
causado pelos insetos nocivos diminuirá de forma considerável, ficarão reduzidos a menos da
metade os prejuízos causados pelos ventos e pelas chuvas. Logo, é um método assombroso.
Tudo isso refere-se ao arroz, mas aplica-se a qualquer tipo de produção agrícola. Resumindo,
todos os produtos cultivados pela Agricultura Natural apresentarão maravilhosos resultados.
No caso da batata-doce, por exemplo, obter-se-ão batatas enormes, de causar espanto; nas
leguminosas os grãos serão grandes, e a quantidade maior; o nabo terá uma bela cor branca,
textura fina, consistente e macia, e um excelente sabor; as verduras, não carcomidas pelos
insetos, terão boa coloração, serão macias e de sabor esplêndido. Além dessas espécies, o
milho, a melancia, a abóbora, enfim, todos os cereais, legumes, verduras ou frutas, serão de
ótima qualidade.
Merece especial destaque o maravilhoso sabor dos produtos da Agricultura Natural;
quem experimentar seu arroz, trigo e verduras, é provável que nunca mais tenha vontade de
comer os que são produzidos através do cultivo com adubos. Atualmente eu me alimento
apenas com produtos naturais e, como felizmente os praticantes do método vêm aumentando
cada vez mais, ganho-os em grande quantidade, a ponto de não poder consumir tudo.
Quanto às frutas, são de qualidade muito boa, tendo tido sua safra aumentada após a
suspensão do uso de adubos; como a receita decorrente de sua venda também aumentou,
todos os interessados estão agradecidos. Do mesmo modo, as flores são maiores, de
coloração mais bonita e viva; usadas em vivificações florais, por exemplo, duram mais
tempo, contentando mais e melhor a muitas pessoas.
Logo em seguida à adoção da Agricultura Natural, ocorre uma acentuada diminuição de
insetos nocivos. Estes surgem dos adubos artificiais e por isso é óbvio que, se os agricultores
deixarem de usar tais adubos, eles não se criarão mais. Hoje em dia, entretanto, na tentativa
de exterminá-los, utilizam-se intensamente os defensivos agrícolas, que, penetrando no solo,
tornam-se a causa da proliferação dos insetos nocivos. De tal forma isso revela ignorância,
que nos causa compaixão.
Nos últimos tempos, os produtos agrícolas mostram-se mais vulneráveis aos danos
causados pelos ventos e pelas chuvas que ocorrem todos os anos; na Agricultura Natural, tais
prejuízos diminuirão muito, porque, deixando de absorver adubos artificiais, que os
enfraquecem demasiadamente, os produtos resistirão melhor às intempéries.
Descobri que tanto os adubos de origem animal como os adubos químicos, ao serem
absorvidos pelas plantas, tornam-se venenos e que esses venenos vêm a constituir alimento
para os insetos nocivos, os quais passam a se multiplicar ferozmente. Conforme o tipo de
adubo, a partir dele próprio proliferam microorganismos que começam a carcomer as plantas.
Se surgirem na raiz, carcomerão os pêlos absorventes e acabarão por enfraquecer o vegetal.
Aí está a causa das folhas secas, caules quebrados, queda das flores, frutos imaturos e
atrofiamento das batatas. Inúmeros outros tipos de microorganismos podem proliferar nas
diversas partes da planta, mas, se esta for saudável, terá força para eliminá-los. Entretanto,
devido ao enfraquecimento causado pela aplicação de adubos, as plantas acabam sendo
vencidas por eles.
A planta sem adubos é mais resistente aos ventos e às chuvas, não se prostrando com
facilidade; ainda que caia, logo se reerguerá, ao passo que a cultivada com adubos
permanecerá caída, ocasionando um prejuízo enorme. Poderão compreendê-lo bem se
observarem a ponta das raízes. Nas plantas cultivadas sem adubos, os pêlos absorventes são
muito mais numerosos e compridos, e a ramificação é bem maior; portanto, o enraizamento é
mais forte. Quer se trate de arroz, quer se trate de verduras, qualquer agricultor sabe que
quanto menor é a estatura da planta e quanto mais curtas são as suas folhas, mais frutos ela
dará. Em contrapartida, as plantas cultivadas com adubos são mais altas, têm folhas grandes,
mas, embora à primeira vista sejam magníficas, sua frutificação não é tão boa.
Correlatamente, no caso do bicho-da-seda, se o cultivarmos com amoreira tratada sem
adubos, ele será saudável, seu casulo terá mais resistência e brilho, e a produção será maior.
Isso também se deve à não-proliferação de doenças no bicho-da-seda.
Conforme vemos, todos os produtos cultivados pela Agricultura Natural são
incomparavelmente vantajosos em relação aos que são cultivados com adubos.
O que se deve conhecer em primeiro lugar, é a capacidade específica do solo. Antes de
mais nada, ele foi criado por Deus, Criador do Universo, a fim de produzir alimento suficien-
te para prover o homem e os animais. Por essa razão, a terra já está em si mesma
abundantemente adubada – podemos até dizer que toda ela é uma massa de adubos.
Desconhecendo isso até hoje, os homens se enganaram ao pensar que os alimentos das
plantas são os adubos. Baseados nessa crença, vieram aplicando adubos artificiais e,
conseqüentemente, foram enfraquecendo, de forma desastrosa, a energia original do solo.
Não é um equívoco espantoso?
Para que a produção agrícola aumente, deve-se fortalecer ao máximo a própria energia
do solo. E como se poderá fazer isso? Não lhe misturando nada a não ser os compostos
naturais, fazendo-o permanecer puro e preservando-o o mais que se puder. Assim se obterão
ótimos resultados, mas, com a mentalidade que tem vigorado até agora, jamais se conseguirá
acreditar nisso.
Com base nas razões citadas, vemos que o princípio fundamental da Agricultura Natural
é o absoluto respeito à Natureza, que é uma grande mestra. Quando observamos o
desenvolvimento e o crescimento de tudo que existe, compreendemos que não há nada que
não dependa da força da Grande Natureza, isto é, do Sol, da Lua e da Terra, ou, em outras
palavras, do fogo, da água e da terra. Sem dúvida isso ocorre também com as plantações,
pois, se a terra for mantida pura e elas forem expostas ao sol e abundantemente abastecidas
de água, produzir-se-á mais do que o necessário para o sustento do ser humano. Dirijam seu
olhar para a superfície do solo das matas e atentem para a abundância de capins secos e
folhas caídas, cuja provisão é renovada em cada outono. Eles representam o trabalho da
Natureza para enriquecer o solo, e ela nos ensina que devemos utilizá-los. Os agricultores
acreditam haver elementos fertilizantes nesses capins secos e folhas caídas, que eles
consideram adubos naturais, mas isso não é verdade. A eficácia do “adubo natural” consiste
em aquecer a terra e não deixar que ela resseque e endureça; em síntese, fazer que a terra
absorva água e calor e não fique dura.
Assim, para darmos “adubo natural” ao arroz, basta cortar a palha em pedaços
pequeninos e misturá-los bem à terra. Esse é o processo natural. A palha é do próprio arroz e
é eficaz para o aquecimento das raízes. A existência de bosques perto das hortas é bem
significativa: devemos usar as folhas e capins secos para o cultivo de nossas verduras. O
centro do globo terrestre é uma enorme massa de fogo da qual se irradia constantemente o
calor, isto é, o espírito do solo. Aí está o nitrogênio – adubo que nos foi concedido por Deus
– o qual atravessa as camadas do planeta, eleva-se a uma certa altitude e aí permanece, até
que, com a chuva, desça para sua superfície e penetre no solo. Esse nitrogênio caído do céu é
adubo natural e, sem dúvida, sua quantidade é a ideal, sem excesso nem falta.
Mas por que razão começaram a empregar adubos de nitrogênio? Por ocasião da
Primeira Grande Guerra, devido à falta de alimentos e à necessidade de aumentar
rapidamente sua produção, a Alemanha descobriu o meio de obter nitrogênio da atmosfera.
Ao empregá-lo, conseguiu que a produção tivesse um aumento enorme. A partir de então, tal
resultado foi difundido mundialmente, mas a verdade é que se trata de algo passageiro, que
não se prolongará por muito tempo. Fatalmente o excesso de nitrogênio provocará o
enfraquecimento do solo e acabará fazendo a produção diminuir. Entretanto, ainda não se
compreendeu esse mecanismo. Em outras palavras, basta pensarmos que tudo isso é
semelhante ao que ocorre com os toxicômanos.
Há um fato para o qual devo chamar atenção: embora se adote a Agricultura Natural, a
quantidade de tóxicos existentes no solo e nas sementes em conseqüência do cultivo
tradicional, exercerá uma grande influência. Por exemplo: em alguns arrozais, a partir do
primeiro ano haverá um aumento de 10% na produção; em outros, no primeiro e no segundo
ano haverá uma redução de 10 a 20%; finalmente, a partir do terceiro ano, haverá um
aumento de 10 a 20%, e daí em diante os resultados gradativamente alcançarão os índices
esperados. Contudo, enquanto os resultados se apresentarem demasiado ruins, é porque ainda
restam tóxicos de adubos artificiais em grande quantidade; para amenizar a ação destes
últimos é bom acrescentar ao solo, provisoriamente, terras isentas de adubos.
Existe outro fato muito importante: uma vez que o arroz absorve adubos químicos como
o sulfato de amônia, esse violento tóxico é ingerido pelo homem diariamente e, mesmo em
doses mínimas, de forma imperceptível, é óbvio que irá causar-lhe danos. Pode-se dizer que
talvez seja essa uma das causas do aumento percentual das pessoas hoje acometidas por
doenças.
A seguir, enumero, de forma rápida, as vantagens econômicas do cultivo natural:
1 – Os gastos com adubos serão dispensados.
2 – Os trabalhos diminuirão pela metade.
3 – A safra aumentará enormemente.
4 – Os produtos aumentarão de peso específico, não diminuirão de volume ao serem
cozidos e terão um delicioso sabor.
5 – O prejuízo causado pelos insetos nocivos diminuirá muito.
6 – Problemas que preocupam o homem como o das larvas e parasitas intestinais
desaparecerão.
Através das vantagens acima, poderão compreender a enorme bênção que é o nosso
método de cultivo. Com a Agricultura Natural, o problema alimentar do Japão ficará solucio-
nado, o que, além de tudo, irá motivar ou exercer boa influência sobre outros problemas –
principalmente o que concerne à saúde do homem. Se essa técnica for difundida pelo nosso
país, incrementar-se-á sua reconstrução, e não há a menor dúvida de que, um dia, ele chegará
a ser visto, por todos os outros países, como uma nação de cultura elevada. Trabalhando
nesse sentido, desejo fazer que o maior número possível de japoneses leia esta publicação
especial.
Por último, quero frisar que não tenho o mínimo propósito de divulgar nossa Igreja
através do presente artigo, mesmo porque as pessoas alheias a ela poderão praticar a
Agricultura Natural e alcançar bons resultados, conforme dissemos anteriormente.
Parte II
Examinando os relatórios provindos de várias regiões sobre os resultados da Agricultura
Natural no ano passado, constatei que alguns agricultores, infelizmente, por ser ainda muito
cedo, não puderam efetuar colheitas. Entretanto, como tenho dados suficientes, passo a
relatar minhas impressões.
Visto que a Agricultura Natural, antes de tudo, dispensa os adubos, até agora
considerados como a vida dos produtos agrícolas, todos os tipos de censura lhe foram feitos
pelos próprios familiares dos agricultores e por pessoas de suas aldeias, terminando por
torná-la alvo de gozação e risos. Mas os praticantes do método suportaram tudo isso em
silêncio e persistiram. Ao ler esses relatos, lágrimas de emoção me sobem aos olhos; sinto,
também, um aperto no coração quando penso que, não fosse pela sua fé, eles nada teriam
conseguido. Entretanto, partindo de pessoas que descendem de longas gerações totalmente
dominadas pela superstição dos adubos, essa descrença de muitos é natural. Tudo isso me faz
lembrar certos descobridores e inventores que a História registrou, cujas obras ainda hoje
prestam serviços à humanidade, e que, mesmo sofrendo por mal-entendidos e opressões,
continuaram lutando para ver reconhecidos os frutos de sua inteligência
e trabalho. Esse difícil procedimento não poderia deixar de nos comover.
Com base nisso, eu estava certo de que a Agricultura Natural encontraria, por algum
tempo, oposição e dificuldades, mas também acreditava que ela não tardaria a mostrar
resultados surpreendentes, bastando ter paciência durante certo período. Como eu esperava,
posso notar, através dos relatórios chegados às minhas mãos, que finalmente o cultivo sem
adubos está despertando interesse em vários setores. No início, as circunstâncias eram muito
desfavoráveis e, como os próprios agricultores não tinham muita confiança no novo método,
foram poucos os que abertamente começaram a praticá-lo; a grande maioria começou a
experimentá-lo naquele estado de “confiar, desconfiando”. Além do mais, como a terra e as
sementes ainda estavam muito impregnadas de tóxicos, no primeiro ano as plantas
apresentavam folhas amarelas e talos muito finos, de modo que os plantadores chegavam a
achar que elas secariam. Segundo suas próprias informações, isso os deixava tão inseguros e
impacientes, que só lhes restava orar a Deus por um milagre; entretanto, diante dos bons
resultados na época das colheitas, eles ficaram mais tranqüilos, embora só viessem a receber
a coroa da vitória depois de ultrapassada essa fase difícil.
5 de maio de 1953
DANOS CAUSADOS PELAS PRAGAS
São três as preocupações dos agricultores: o elevado preço dos adubos, os prejuízos
causados pelas pragas e os danos decorrentes dos ventos e das chuvas. Como já expliquei, em
capítulos anteriores, os malefícios dos adubos, passarei a falar agora sobre os danos causados
pelas pragas.
É importante saber, de forma conclusiva, que as pragas se originam dos adubos.
Aplicados ao solo, eles acabam tornando-o impuro, modificam suas características, fazem
regredir sua capacidade e, ao mesmo tempo, deixam sujeiras como resíduos. É óbvio que
todas as matérias sujas apodrecem. Aí aparecem larvas ou ovos,juntamente com bactérias. Se
essa é a lei da matéria, nela se enquadram as plantas. O aparecimento de vermes nas fossas
comprova o que dizemos. As várias espécies de pragas originam-se dos diversos tipos de
adubos. Dizem que ultimamente surgiram novas espécies, mas isso nada mais é que uma
conseqüência do aparecimento de novos adubos. O fato é evidenciado pela afirmação dos
agricultores de que existem muitos insetos nocivos em locais próximos às fossas.
Outro ponto importante é que, quando aparecem pragas, utilizam-se defensivos agrícolas
para combatê-las, o que é extremamente prejudicial. Os inseticidas são venenos e matam os
insetos, mas, quando se infiltram no solo, acabam contaminando-o e enfraquecendo-o ainda
mais. Assim, o que nele for cultivado sofrerá os danos causados por mais um veneno, além
dos tóxicos dos adubos. O solo, da mesma forma que o homem, perde a resistência, e as
pragas se multiplicam. É realmente um círculo vicioso. Nesse aspecto, inclusive, pode-se
notar o quanto a agricultura tradicional está errada. Além do mais, ingerindo alimentos que
absorveram substâncias venenosas como o sulfato de amônia contido nos fertilizantes, o
corpo humano sofre os seus efeitos; e é óbvio que isso faça mal à saúde, pois suja o sangue.
No caso do arroz, por exemplo, que se come diariamente, mesmo que a quantidade de veneno
ingerido em cada refeição seja ínfima, ela vai se acumulando ao longo do tempo e torna-se a
causa de doenças.
15 de janeiro de 1951
DANOS CAUSADOS
PELAS CHUVAS E VENTOS
Os danos causados pelas chuvas e ventos tendem a aumentar de ano para ano, e tanto o
governo como o povo estão bastante preocupados em evitá-los. As obras preventivas são de
altíssimo custo, de modo que, no momento, adotam-se apenas soluções improvisadas;
todavia, alguma coisa deverá ser feita, já que os prejuízos se repetem a cada ano. Atualmente,
não há outra alternativa a não ser procurar diminuí-los.
Com a nossa Agricultura Natural, entretanto, as raízes das plantas se tornam mais
resistentes, a incidência de quebra dos caules é mínima, e não ocorre queda das flores nem
apodrecimento dos caules após a irrigação. Mesmo quando as outras áreas de plantio são
afetadas consideravelmente, as da Agricultura Natural sofrem danos irrisórios, o que as
pessoas acham muito estranho. Observando as extremidades das raízes, vemos que elas
apresentam formações capilares mais longas e em maior quantidade que as das plantações
convencionais, circunstância que lhes proporciona enorme resistência nessas ocasiões.
Estabelecendo analogia com o homem, está comprovado que as pessoas que comem
apenas alimentos frescos e sem tóxicos são sadias. O mesmo acontece com as plantas, e isso
não se limita ao trigo ou arroz. Segundo os agricultores, as plantas de baixa estatura e folhas
pequenas são as que oferecem as melhores safras, as que dão mais frutos. É justamente o que
ocorre na Agricultura Natural; pode-se ver, portanto, como ela é ideal. Além do mais, seus
produtos apresentam excelente qualidade e sabor, reconhecidos por todos aqueles que já a
experimentaram. A razão disso é que, quando se utilizam adubos, os nutrientes são
absorvidos na maior parte pelas folhas, o que as faz crescer demasiadamente, afetando a
frutificação. Acrescente-se que a quantidade de arroz obtida através da Agricultura Natural é
bem maior; já se conseguiram até cento e cinqüenta brotos com uma só semente, resultando
em cerca de quinze mil grãos – recorde admirável. Outra característica do arroz produzido
por esse método é que a sua palha se apresenta bastante forte e fácil de ser trabalhada.
15 de janeiro de 1951
O GLOBO TERRESTRE RESPIRA
Todos sabem que os seres vivos respiram. Na verdade, a respiração é uma propriedade de
todos os seres até mesmo dos vegetais e dos minerais. Se eu disser que o globo terrestre
também respira, muitos poderão achar estranho; todavia, com a explanação que farei a seguir,
tenho certeza de que ninguém irá discordar.
O globo terrestre respira uma vez por ano. A expiração inicia-se na primavera e chega ao
ponto culminante no verão. O ar que ele expira é quente, como no caso da respiração do
homem, e isso se deve à dispersão do seu próprio calor. Na primavera essa dispersão é mais
intensa, e tudo começa a crescer; as folhas começam a brotar e até o homem se sente mais
leve. Com a chegada do verão, as folhas tornam-se mais vigorosas e, atingido o clímax da
expiração, o globo terrestre recomeça a inspirar; daí as folhas principiarem a cair. Tudo toma,
então, um sentido decrescente, e o próprio homem fica mais austero. O outro ponto
culminante é o inverno. Essa é a imagem da Natureza.
O ar expirado pelo globo terrestre é a energia espiritual do solo, que a Ciência denomina
nitrogênio; graças a ele as plantas se desenvolvem. O nitrogênio sobe às camadas mais altas
da atmosfera junto com a corrente de ar ascendente e lá se acumula, retornando ao solo com
as chuvas. Esse é o adubo da Natureza, à base de nitrogênio. Por essa razão, é um erro retirar
o nitrogênio do ar e utilizá-lo como adubo. É certo que com a aplicação de adubo químico à
base de nitrogênio consegue-se o aumento da produção, mas seu uso prolongado acarreta
intoxicação e envelhecimento do solo, pois a força deste diminui. Como é do conhecimento
geral, o adubo à base de nitrogênio foi elaborado pela primeira vez na Alemanha, durante a
Primeira Guerra Mundial. No caso de ser necessário aumentar a produção de alimentos
devido à guerra, ele satisfaz o objetivo; entretanto, com o fim da guerra e o conseqüente
retorno à normalidade, seu uso deve ser suspenso.
Outro aspecto importante é o que diz respeito às manchas solares, que desde a
antigüidade têm servido de assunto para muitos debates. A verdade é que essas manchas
representam a respiração do Sol. Dizem que elas aumentam de número de onze em onze
anos, mas isso acontece porque a expiração chegou ao ponto culminante. Com relação ao
luar, considera-se que ele é o reflexo da luz do Sol, mas convém saber que o Sol arde graças
ao elemento água, proveniente da Lua. Esta possui um ciclo de vinte e oito dias, e isso
também constitui o seu movimento de respiração.
5 de setembro de 1948
PARAÍSO TERRESTRE
“Paraíso Terrestre” é uma expressão que soa maravilhosamente. Não há nenhuma outra
que inspire mais Luz e Esperança. A maioria das pessoas, no entanto, considera o Paraíso
Terrestre uma utopia, algo sem qualquer possibilidade de realização. Quanto a mim, creio na
sua chegada e sinto-a bem próxima.
Meditemos na grande advertência bíblica: “Arrependei-vos, porque é chegado o Reino
dos Céus”. Parece-nos impossível que o grande fundador do poderoso cristianismo, que
influenciou metade do mundo, tenha proferido palavras sem fundamento.
É natural que todos queiram saber o que seja o Paraíso Terrestre. Vou descrevê-lo
apelando para a imaginação.
O Paraíso Terrestre pode ser compreendido como o Mundo dos Felizes. Será um mundo
de alta civilização, isento de doença, pobreza e conflito. Cabe a nós, entretanto, encontrar a
forma de minorar o sofrimento humano e transformar em paraíso este mundo repleto de
males.
Inicialmente, precisamos descobrir como eliminar a doença, pois, entre as três grandes
desgraças que citamos, ela é a principal. Em seguida, temos de vencer a pobreza, cuja causa
primária é a doença; os pensamentos errados, as falhas políticas e a deficiente organização
social são causas secundárias. Quanto à inclinação para o conflito é motivada pelo estado
selvagem de que a humanidade ainda não conseguiu se libertar. Portanto, é essencial eliminar
as três grandes desgraças.
Como adquiri confiança na solução desses problemas, vou esclarecer a realidade da
forma mais simples possível.
Todos aqueles que ingressam em nossa Igreja e seguem seus ensinamentos, para sua
própria surpresa, vão sendo purificados espiritual e fisicamente, libertam-se pouco a pouco da
pobreza e tomam aversão aos conflitos. Há inúmeras experiências de fé provando que a
maioria dos fiéis, com o correr dos anos, goza de crescente felicidade.
É condenável salientar os defeitos alheios, mas, neste momento, devo fazer referência às
pessoas que, embora possuam fé, tombam nas garras de doenças fatais ou continuam vivendo
de forma miserável, porém satisfeitas e contentes. Comparando-as com os descrentes, pode
ser que estejam salvas espiritualmente, mas não fisicamente. A salvação foi feita pela metade.
A Verdadeira Salvação abrange o espírito e o corpo. Numa família, todos devem tornar-se
saudáveis, libertar-se da pobreza e usufruir de alegria plena. Até hoje, porém, visava-se
apenas à salvação do espírito, não havendo preocupação com o corpo físico; todos se
resignavam, considerando que a Fé limita-se à salvação da alma.
Muitos religiosos afirmam que a Fé que busca obter graças imediatas é de nível inferior.
Trata-se de uma concepção ilógica, pois não há quem não aspire a graças imediatas. Se
alguém se queixa de dores físicas, é estranho retrucar que o homem deve superar a vida e a
morte. Ora, ninguém é capaz de tal superação. Pensar que se conseguiu tal coisa é enganar a
si próprio.
Um episódio relacionado à história do mestre Takuan é bem ilustrativo. Quando ele
estava às portas da morte, cercado de pessoas, alguém lhe solicitou que escrevesse uma frase.
Takuan, tomando da pena, escreveu: “Não quero morrer.” Imaginando algum engano, pois
julgavam que um mestre tão notável não escreveria tal coisa, entregaram-lhe novamente a
pena e o papel. E o mestre escreveu: “Não quero morrer de maneira alguma.”
Admiro essa atitude. Em igual circunstância, a tendência vaidosa seria escrever: “Acaso
temerei a morte?” O mestre, porém, abandonou todo falso orgulho e revelou francamente
seus sentimentos. Isso merece consideração, porque um simples bonzo não conseguiria agir
assim.
Muitas pessoas que pretendem salvar o próximo, fazem autopropaganda, apesar de ainda
não viverem livres das desgraças. A intenção pode ser boa, mas os meios são incorretos. Só
devemos pensar em conduzir aqueles que são vítimas de sofrimentos e misérias, quando já
tivermos conseguido a nossa própria salvação e felicidade; então, poderemos trazê-los ao
nível em que estamos. Nossos semelhantes sentir-se-ão atraídos ao presenciar nosso estado
feliz. É quando a propaganda surte cem por cento de efeito. Eu mesmo não ousei difundir
meus ensinamentos antes de me encontrar em boas condições. Só o fiz quando me senti
abençoado pelas Graças Divinas.
Se considerarmos que o Paraíso Terrestre é o Mundo dos Felizes, concluiremos que, no
lugar onde as pessoas se reúnem e se tornam felizes, está estabelecido o Paraíso Terrestre.
25 de janeiro de 1949
A RESPEITO DO PARAÍSO TERRESTRE
Diariamente, através do rádio e dos jornais, tomamos conhecimento de que a sociedade
está repleta de males. Numa visão a grosso modo, e excluindo a guerra, podemos enumerar a
corrupção dos funcionários públicos, assassinatos, roubos, fraudes, suicídios, tuberculose e
outras doenças contagiosas, falta de alimentos, crises habitacionais, dificuldades financeiras,
opressão de impostos, etc. As coisas boas são tão poucas quanto as estrelas do amanhecer...
Então surge a dúvida: por que a sociedade chegou até esse ponto?
Realmente, pode ser que existam muitas causas, mas, em poucas palavras, diríamos que a
situação é decorrente da decadência moral e também da acentuada decadência do nível do
homem. É por isso que, ultimamente, os entendidos no assunto e os educadores começaram a
interessar-se por essa questão. Outra causa que pode ser levantada é que, após a Segunda
Grande Guerra, o pensamento liberal passou dos limites. Parece que se discute a reforma e o
incremento da educação, da moral e da educação cívica por não haver outra alternativa. Mas
é interessante observar que, em tais ocasiões, o Japão nunca recorre à Religião, o que talvez
possa ser explicado. As religiões antigas são fracas demais, e as novas, em sua maioria, são
supersticiosas e falsas. É por isso que, como todos vêem, ainda não se conseguiu achar um
caminho que levasse à solução radical do problema. Eu, porém, elaborei um plano concreto,
objetivando solucioná-lo de forma diferente.
Para começar, baseei-me nas diversões populares. Naturalmente, em qualquer época, a
grande massa popular necessita de diversões. Na sociedade atual, entretanto, as que existem
são de baixíssima categoria. De fato, teatro, cinema, esporte, xadrez, dominó, etc., são
diversões aceitáveis, mas acho que se fazem necessárias recreações de nível ainda mais
elevado. É com esse objetivo que a nossa Igreja está construindo o protótipo do Paraíso
Terrestre, nas terras de Hakone e Atami. Como já escrevi várias vezes, aí será construído o
paraíso ideal, onde se acham perfeitamente harmonizadas a beleza natural e a beleza criada
pelo homem. Um projeto grandioso como esse, não creio que já tenha sido elaborado por
alguém. Encantada com a atmosfera tão diferente do mundo a que está acostumada, qualquer
pessoa, nesses locais, esquece-se de tudo e até pensa estar em cima das nuvens. Visto que
isso acontece antes mesmo de termos concluído metade da obra, todos ficam maravilhados.
O protótipo de Hakone já está próximo de sua conclusão, mas, como é uma obra de
pequena escala, falarei a respeito do protótipo de Atami, em plena construção, atualmente.
No jardim de cem mil metros quadrados, com altos e baixos, estão sendo plantados
arbustos e árvores que dão flores, como ameixeiras, cerejeiras, azaléias, etc., mescladas com
árvores que estão sempre verdes. Também está em fase de preparação a construção de um
jardim com as mais diversas variedades de flores. Pela sua beleza encantadora na primavera e
pela paisagem da Baía de Sagami, que se pode avistar ao longe, não seria exagero dizer que o
protótipo de Atami é um enorme e ideal “Jardim do Éden”.
Como localização, este protótipo do Paraíso Terrestre está situado no melhor local de
Atami. Além do mais, para acrescentarmos maior beleza ao lugar, construiremos um
magnífico museu de belas-artes, cuja conclusão certamente fará com que o protótipo do
Paraíso Terrestre de Atami se torne alvo da admiração não só de japoneses como de
estrangeiros. Por conseguinte, qualquer pessoa que visite esse local purificará seu espírito
maculado pelas condições do mundo, e sua alma, completamente árida, será regada na
própria fonte. Assim revigorada, seu trabalho renderá mais e, naturalmente, seu caráter
também se elevará. Por isso, a contribuição do protótipo do Paraíso Terrestre para o espírito
das pessoas da sociedade será inestimável.
1º de janeiro de 1952
CONSIDERAÇÕES SOBRE
O PARAÍSO TERRESTRE
O Paraíso Terrestre a que costumamos nos referir, é, em termos mais claros, o Mundo do
Belo. Em relação ao homem, é a beleza dos sentimentos, o belo espiritual. Naturalmente, as
palavras e atitudes do homem devem ser belas. Da expansão do belo individual nasceria o
belo social, isto é, as relações pessoais se tornariam belas, assim como também as casas, as
ruas, os meios de transporte e as praças públicas. Em grande escala, como é natural que a
limpeza acompanhe o Belo, a política, a educação e as relações econômicas também se
tornariam belas e limpas, da mesma forma que as relações diplomáticas entre os países.
Pensando desse modo, podemos perceber o quanto a sociedade contemporânea está cheia
de fealdade e maldade. Nas classes baixas, principalmente, o Belo é escasso demais, em
virtude das péssimas condições financeiras, que causam a decadência do ensino e a
precariedade dos estabelecimentos e instalações de atendimento ao público. Daí,
conseqüentemente, nasce a intranqüilidade social.
Agora, gostaria de falar em especial sobre a parte relativa às diversões. Nesse campo, o
Belo precisa ser muito enriquecido, pois a consciência do Belo é o que de melhor existe para
a elevação dos sentimentos humanos. Esse é um dos motivos pelos quais sempre
incentivamos a Arte. Nem é preciso mencionar o quanto o baixo nível das artes, na época
atual, está degradando a espiritualidade das pessoas.
Como se vê, o fator essencial para a criação do Mundo do Belo é o poder econômico.
Enquanto o povo for pobre, não poderemos sequer sonhar em concretizar esse mundo. Mas
como fortalecer o poder econômico? Se todos os indivíduos trabalharem com total empenho
visando a elevar o poder de produção, estarão fortalecendo-o. A condição básica para tanto é
a saúde de cada indivíduo. E a saúde é o principal objetivo de nossa Igreja, o que se torna
evidente pelo grande número de pessoas perfeitamente saudáveis que estamos conseguindo
criar unicamente com o poder de purificação por nós manifestado.
Portanto, devemos dizer que a Igreja Messiânica Mundial é a primeira religião à qual
Deus atribuiu a qualificação para o estabelecimento do Mundo do Belo. Concretizá-lo, é
questão de tempo. Para se certificarem dessa verdade, basta observarem atentamente a
atuação de nossa Igreja daqui em diante.
3 de junho de 1950
A ARTE DE DEUS
Como seres contemporâneos, é chegada a hora de nos conscientizarmos da época em que
estamos vivendo. Vou explicar o que isso significa.
A cultura material progrediu tanto que, através da invenção do rádio, da televisão e de
outros meios de comunicação, podemos tomar ciência dos acontecimentos mundiais em
poucos instantes. Se não compreendermos a importância desse fato, não poderemos falar
sobre a civilização atual.
Nos Estados Unidos, começou-se a falar, há alguns anos, sobre a Nação Universal e
Governo Universal. Tais expressões não estarão prenunciando, para um futuro próximo, o
advento de um mundo ideal? Será, com efeito, um grande acontecimento. Quando raiar esse
dia, naturalmente se escolherá um Presidente Mundial, e qualquer nação poderá apresentar
seus candidatos. Entretanto, para o nascimento desse Novo Mundo, será necessário haver
uma enorme revolução em todos os setores, especialmente no pensamento humano.
Obviamente, todos os “ismos” serão varridos, e, ao mesmo tempo, haverá unificação dos
pensamentos.
Para melhor compreensão, darei um exemplo. Suponhamos que um exímio pintor pinte
um grande quadro representando o mundo. Ele o expressaria com a máxima beleza, através
de linhas e cores variadas, sem nenhum defeito, com Técnica Divina. Como não é difícil
imaginar, os preparativos para a pintura desse quadro levariam vários milênios. As primeiras
linhas seriam o mais importante, pois representariam as fronteiras dos países, e levariam
muito tempo para serem traçadas. Em seguida, viria a escolha das cores: vermelho, azul,
amarelo, branco, violeta, enfim, uma variedade delas.
A título de experiência, tentemos aplicar isso aos diferentes povos e países. Quero,
porém, alertar-lhes que se trata apenas de uma suposição. Cada país desempenharia uma
função de acordo com a peculiaridade de sua cor. Desenhadas as linhas e usadas habilmente
as cores, estaria pronto o quadro do mundo. E que mais poderia ser este quadro senão a
Grande Arte de Deus Todo-Poderoso? Até hoje, entretanto, considerando a cor de seu país a
melhor de todas, os homens quiseram pintar o quadro somente com essa cor, razão pela qual
não foi possível obterem êxito. Naturalmente, outro fator que eles não levaram em conta foi o
tempo. A derrota sofrida pelo Japão e pela Alemanha na última guerra ilustra muito bem o
que estamos dizendo. Por analogia, os “ismos” ou ideologias podem ser comparados às tintas
fabricadas por cada país. Conseqüentemente, uma nação não pode tentar pintar além da sua
linha limite, porque isso provoca atritos com as outras, cujos objetivos são os mesmos. Como
esses atritos constituem um estorvo para o quadro do mundo, elaborado por Deus com base
no amor à humanidade, obtém-se apenas um sucesso temporário. Vejamos.
A maioria dos heróis que apareceram desde os tempos antigos, acabaram sendo
derrotados por terem cometido o erro de criar obstáculos para a Arte de Deus. Baseadas nesse
fato, as potências mundiais, ao invés de tentarem pintar os outros países com a sua cor,
devem se esforçar para tornar mais viva e mais bela a cor de cada país. Se adotarem essa
política, estarão concordes com a Vontade Divina, e assim se concretizará o Mundo Ideal.
Estes são os motivos pelos quais é necessário pensar na Religião. Entretanto, na forma
como vêm sendo praticadas até hoje, cada uma querendo pintar a outra com a sua cor, as reli-
giões deixam de acompanhar a marcha do tempo, ficando em desacordo com o Plano de
Deus. Por isso, precisamos entender a Vontade Divina que está por trás do progresso da
civilização e, dando-nos as mãos, fazer de todas as religiões uma só força, para a construção
do mundo Ideal que está prestes a surgir.
20 de dezembro de 1949
RELIGIÃO E ARTE
Sempre dizemos que o objetivo de Deus é construir o Paraíso Terrestre. Ora, se o Paraíso
Terrestre é um mundo sem conflitos, um mundo de eterna paz e absoluta Verdade, Bem e
Belo, a Arte terá um desenvolvimento extraordinário.
Segundo diz um antigo ditado, a Religião é a mãe da Arte; é óbvio, portanto, que ambas
estão profundamente relacionadas. Todavia, é interessante notar que, entre os fundadores das
inúmeras religiões que surgiram até hoje, foram poucos os que demonstraram interesse
artístico. Dos religiosos que se destacaram nesse campo, podemos citar: no Ocidente, o pintor
Leonardo da Vinci e os compositores Bach e Hendel; no Japão, a arte budista do príncipe
Shotoku, Gyoki, as esculturas de Kukai, etc.; na China, durante a Era So-Guem, e no Japão,
durante a Era Tempyo, as pinturas de alguns bonzos.
Vou explicar a causa do desinteresse dos religiosos pela Arte.
Como o mundo se achasse completamente mergulhado na Era da Noite e a Era da Luz
estivesse longe demais, não havia necessidade de preparativos para a concretização do
Paraíso Terrestre. Em outras palavras, estava-se na época infernal. Encontrando-se em
condição infernal e não em situação celestial, os fundadores de religiões, para difundir seus
ensinamentos, tiveram de percorrer caminhos espinhosos e passar por enormes sofrimentos.
Sendo assim, não havia motivo para se falar em Paraíso ou Arte, e até podemos dizer que
nenhum deles afirmou que iria construir o Paraíso Terrestre. Contudo, houve profecias sobre
o advento de um mundo ideal, embora não se esclarecesse quando. Entre elas, podemos citar
o “Mundo de Miroku”, anunciado por Buda; o “Reino dos Céus”, profetizado por Cristo; a
“Agricultura Justa”, de Nitiren; o “Pavilhão da Doçura”, do fundador da Igreja Tenrikyo, e o
“Mundo dos Pinheiros”, do fundador da Igreja Oomotokyo. Foi-nos revelado, porém, que
finalmente o tempo é chegado. Como o Paraíso está prestes a nascer, queremos anunciar o
seu advento para toda a humanidade.
Naturalmente, seria impossível imaginar que um projeto tão grandioso – que poderíamos
considerar um sonho – pudesse ser concretizado com a força humana; entretanto, como se
trata do Plano de Deus, Todo-Poderoso, não resta a menor dúvida que ele se tornará
realidade. Atualmente, Deus está manifestando inúmeros milagres para demonstrar Sua Força
e, dessa maneira, infundir-nos uma sólida fé. Poderão compreender isso ao ver que todos os
messiânicos, experimentando tais milagres, vão adquirindo uma fé inabalável.
Visando à concretização do Plano Divino, a Igreja Messiânica Mundial não mede
esforços para promover a Arte. E é para iniciar essa promoção que estamos construindo os
protótipos do Paraíso Terrestre de Hakone e Atami, em locais de magnífica paisagem. Se as
pessoas não estiverem conscientes desses pontos, não conseguirão entender o verdadeiro
significado do nascimento de nossa Igreja. Em resumo, as religiões existentes até hoje
tiveram a missão de preparar os alicerces para a construção do Paraíso Terrestre, e a missão
da Igreja Messiânica Mundial é concretizá-la.
6 de maio de 1950
RELIGIÃO E ARTE
O conceito atual de que Religião está desligada da Arte parece-me um grande equívoco.
Enobrecer os sentimentos do homem e enriquecer-lhe a vida, proporcionando-lhe alegria e
sentido, é a missão da Arte. Os entendidos no assunto sentem indizível prazer em apreciar as
flores, na primavera, e as paisagens campestres ou marítimas. Não é exagero dizer que o
Paraíso Terrestre, que temos por ideal, é o Mundo da Arte, o qual não é outro senão o mundo
da Verdade, do Bem e do Belo, a que costumo me referir.
A Arte é a representação do Belo. Mas por que será que ela foi negligenciada até os
nossos dias?
Monges antigos e famosos demonstraram notável genialidade no campo artístico,
esculpindo e construindo templos. Entre esses artistas religiosos, sobressaiu o príncipe
Shotoku. Dificilmente se pode crer, dizem todos, que a magnificência arquitetônica do
Templo Horyuji, de Nara – obra-prima do príncipe – e as pinturas e esculturas que adornam o
seu interior, tenham sido criadas há mais de mil e trezentos anos.
Por outro lado, como houve muitos monges que divulgaram doutrinas adotando a
simplicidade e o ascetismo, certamente nasceu o conceito de que não há nenhuma relação
entre a Arte e a Religião. Aqui impera a Verdade e o Bem, mas falta o Belo.
Pelas razões expostas, pretendo fazer uma grande divulgação da Arte.
25 de janeiro de 1949
RELIGIÃO ARTÍSTICA
Sempre se pensou que não há muita relação entre Arte e Religião. Entretanto, no Japão,
as manifestações artísticas tiveram início com a arte budista, não obstante se limitassem a
simples quadros, estátuas, tecelagem, etc. No que se refere à música, existiam instrumentos
tais como “sho” (2), “hitiriki” (3), “mokugyo” (4) e “dora” (5) e os sons emitidos na leitura
dos sutras budistas. Por isso, podemos dizer que se tratava de uma arte primitiva.
Mais tarde, estimulada pela introdução das artes chinesa e coreana no país, a arte
japonesa passou por um período de imitações, até que conseguiu criar um estilo próprio.
Atualmente, com a importação da cultura ocidental, também foi introduzida a arte do
Ocidente. Principalmente após a Era Meiji (1868-1912), afluíram, com grande intensidade, as
artes dos Estados Unidos e da Europa. Em conseqüência, no panorama artístico japonês da
época atual, encontram-se as melhores obras de todo o mundo, as quais estão sendo
absorvidas e assimiladas, de modo que, aos poucos, vai se criando uma arte universal. Por
isso, talvez possamos afirmar que o Japão é um centro cultural.
Não existe, ou melhor, nunca existiu uma religião que desse tanta importância à Arte
quanto a Igreja Messiânica Mundial. Isto porque o Paraíso Terrestre – nosso objetivo último
– é o Mundo da Arte. Obviamente, se ele é um mundo isento de doença, pobreza e conflito,
isto é, o mundo de perfeita Verdade, Bem e Belo, o homem seguirá a Verdade, amará o Bem
e odiará o Mal; assim, todas as coisas se tornarão belas. Nesse sentido, a Arte não será apenas
um deleite indispensável; ela constituirá a própria vida e se desenvolverá intensamente. Ou
seja, o Paraíso Terrestre será o Mundo da Arte. Eis o motivo pelo qual tenho grande interesse
por ela e pretendo incentivá-la bastante, no futuro. Como primeiro passo, estou construindo o
protótipo do Paraíso Terrestre, em Atami; quando ele estiver concluído, atrairá ainda mais a
atenção da sociedade, recebendo muitos elogios. Infalivelmente, merecerá consideração a
nível mundial. Portanto, estamos dando prosseguimento aos planos sob essa diretriz.
6 de junho de 1951
CIÊNCIA E ARTE
O mundo contemporâneo pensa que tudo pode ser resolvido pela Ciência. Entretanto,
embora quase ninguém chegue a perceber, existem diversas coisas importantes que a Ciência
não consegue resolver. Analisemos a Arte, por exemplo.
A pintura e as mais diversas expressões artísticas, como a literatura, a música, o cinema e
até o teatro, possuem algum teor científico, mas não é preciso dizer que estão quase
totalmente fundamentadas no conjunto da genialidade, inteligência, consciência e esforço do
homem. Todos sabem o quanto a Arte é necessária para a sociedade humana. Se ela não
existisse, a vida seria seca e sem sabor, como se estivéssemos dentro de uma cela de pedra.
Exemplifiquemos: sempre que caminho pela cidade, sinto que, se não houvesse lojas,
residências e prédios ao redor, e eu não pudesse ver o verde das árvores da rua ou dos jardins
das casas, mas apenas uma parede semelhante à de um presídio de uma só cor sombria,
prolongada em linha reta, talvez eu não suportaria andar sequer alguns quarteirões. Assim, a
bela visão proporcionada pelo rico colorido das casas, pelas diferentes feições e expressões
das pessoas, com sua maneira característica de se vestir e de andar – a exuberância dos
jovens exibindo a moda; as pessoas de idade, os recém-chegados do interior – enfim, os
infinitos aspectos que encontramos, cada um com algo de interessante, é que nos permitem
andar pela rua sem entediar-nos. Quando nos distanciamos da cidade, dentro de um ônibus ou
de um trem, não ficamos cansados porque a paisagem variada – montanhas, rios, plantas,
árvores e plantações – nos faz passar o tempo. Além do mais, as diversas transformações
ocasionadas pelo clima das estações enriquecem o nosso sentimento. O mundo é realmente
uma arte criada pela Natureza e pela mão do homem. É por isso que vale a pena viver.
Pensando dessa forma, poderão concluir que até a Ciência é uma parte da Arte e
entender, portanto, que ela tem uma função auxiliar. Assim, é por demais evidente que há
uma ligação inseparável da Arte com a vida do homem. Ante essa evidência, a Igreja
Messiânica Mundial interessa-se pela Arte e estimula-a como nenhuma religião o fez até
agora.
Entretanto, até mesmo na Arte existem níveis. Se ela é de nível inferior, corre o perigo de
abaixar o nível das pessoas, levando-as à degradação, motivo pelo qual é preciso muita
cautela. Por isso, a Arte deve ser de nível elevado – uma arte que, deleitando a pessoa, eleve
o seu sentimento.
A teoria é fácil, mas existirão organizações que se encarreguem disso? Quanto ao
exterior, nada posso afirmar; porém, todos sabem que, nesse ponto, a situação do Japão é
muito precária. Para corrigir essa falha, nossa Igreja está efetuando a construção do protótipo
do Paraíso Terrestre, do qual faz parte o Museu de Belas-Artes. Há um sábio e antigo ditado
que diz: “A Religião é a mãe da Arte”. Ele exprime muito bem a atividade de construção que
estamos desenvolvendo.
30 de abril de 1952
A MISSÃO DA ARTE
Cada coisa existente no Universo possui uma utilidade específica para a sociedade
humana, ou seja, uma missão atribuída pelos Céus. Naturalmente, a Arte não constitui
exceção. Portanto, uma vez que o artista é um membro da organização social, ele deve
conscientizar-se de sua missão e exercê-la plenamente, pois essa é a Verdadeira Arte e
também a responsabilidade que lhe cabe.
Entretanto, quando observo os artistas da atualidade, não posso deixar de ficar
decepcionado com as atitudes inconseqüentes da maioria. É claro que existem artistas
excelentes, mas a maior parte se esquece da sua responsabilidade, ou melhor, não tem
nenhuma consciência dela. Além do mais, eles constituem um problema, pois, tendo-se como
criaturas superiores, fazem o que bem entendem sem a menor vergonha. Acham que, agindo
de acordo com sua própria vontade, estão manifestando sua personalidade e seu caráter de
gênio. A sociedade, por sua vez, os superestima, considerando-os pessoas especiais, e aprova
quase tudo que eles fazem. Por isso, sua mania de grandeza torna-se ainda maior.
É preciso, todavia, que o caráter dos artistas seja muito mais elevado que o das pessoas
comuns. Explicarei isto com base na Religião.
Inegavelmente, nos primórdios da sua história, a humanidade possuía muitas
características animais, mas não há dúvida de que, após a era selvagem, ela veio progredindo
gradativamente, construindo-se, pouco a pouco, a civilização ideal. Neste sentido, o
progresso da civilização consiste na eliminação do caráter animal do homem. Alcançar esse
nível é alcançar a Verdadeira Civilização. Ainda hoje, porém, a maioria das pessoas está
sujeita ao terror da guerra, prova de que persiste no homem uma grande parcela de
características animais. Assim, cabe ao artista uma grande missão: ele é um dos encarregados
da eliminação de tais características.
Torna-se necessário, portanto, elevar o caráter do homem por meio da Arte.
Naturalmente, esse objetivo será alcançado através da literatura, da pintura, da música, do
teatro, do cinema e de outras artes. O espírito dos artistas, comunicando-se por esses
veículos, influenciará o espírito do povo. Falando mais claro, as vibrações espirituais
emitidas pela alma do artista tocarão a sensibilidade das pessoas através das obras literárias,
da pintura, dos instrumentos musicais, dos cantos, das danças, etc. Em outras palavras:
haverá uma sólida ligação entre o espírito do artista e o espírito de quem apreciar suas obras.
Se o caráter daquele for baixo, o das pessoas também se degradará; obviamente, se for um
caráter elevado, terá o efeito contrário.
Eis a importância da Arte. O artista deve funcionar como orientador espiritual do povo.
Neste sentido, não seria exagero afirmar que uma parte da responsabilidade do aumento do
mal social cabe aos artistas.
Vejamos: erotismo cada vez mais vulgar, literatura cada vez mais grotesca, quadros cada
vez mais monstruosos; as opiniões dos artistas, assim como também a música, o teatro e o
cinema, cada vez piores. Se analisarem minuciosamente tais fatos, certamente
compreenderão que a minha tese não é errada.
15 de outubro de 1949
PARAÍSO – MUNDO DA ARTE
Costumo dizer que o Paraíso é o Mundo da Arte, mas isso não deixa de ser um conceito
bastante resumido. Naturalmente, o aperfeiçoamento da Arte é desejável, seja a pintura, a
escultura, a música, as artes cênicas, a dança, a literatura, a arquitetura, etc., entretanto, para
se poder falar em Paraíso, é preciso que todas as artes estejam reunidas, ou melhor, que tudo
seja artístico.
Segundo o meu princípio, a solução dos sofrimentos pela Graça Divina não é outra coisa
senão a magnífica Arte da Vida, isto porque a Arte, na sua essência, deve satisfazer as
condições da Verdade, do Bem e do Belo.
Em primeiro lugar, no sofredor não há, fundamentalmente, Verdade. O homem deve ser
sadio por natureza. Quando ele perde a saúde espiritual ou material, significa que deixou de
ser o que era: Verdade. Tomemos por exemplo uma jarra: se ela apresentar um defeito,
perderá sua utilidade. Como objeto, nela não há Verdade se deixar vazar água, se cair quando
a colocarmos em pé, ou quebrar-se quando tentarmos usá-la. Para que a jarra possa ser
utilizada, é preciso consertá-la. O mesmo acontece com os homens. Se uma pessoa, por
motivo de doença não puder cumprir as missões para as quais foi criada, tornar-se-á inútil
para a sociedade. Deverá, pois, submeter-se à reforma que vem a ser o Johrei da nossa Igreja,
prece a Deus em favor de quem sofre.
A seguir, consideremos o Bem. Se não houver, no homem, nenhuma parcela de Bem e
ele praticar somente o mal, também deixará de ser um homem verdadeiro: será um animal.
Tal espécie de homem prejudicaria a coletividade em que vive, e precisaríamos, ao invés de
condená-lo, evitar sua existência. Mas isso compete a Deus, que possui o direito sobre a vida
e a morte.
Inúmeras pessoas tornam-se vítimas do fracasso, da doença e da pobreza; algumas
chegam até a perder a vida. Elas estão sendo julgadas por Deus. Entretanto, embora se fale no
mal de forma genérica, existe aquele que é praticado conscientemente e aquele que é
praticado inconscientemente. O sofrimento varia de acordo com essa diferença. A justiça é
perfeita.
Dispenso maiores explanações sobre o Belo, por ser assunto do domínio de todos; mas,
como temos dito, a condição fundamental para transformar este mundo em paraíso está na
concretização da Verdade, do Bem e do Belo. Assim, tanto a eliminação das máculas
causadoras das doenças, como a reformulação dos métodos agrícolas, são, logicamente, artes.
A primeira é a Arte da Vida, e a segunda, a Arte da Agricultura. Acrescentemos, ainda, a
construção do protótipo do Paraíso Terrestre, que é a Arte do Belo. Com a junção das três,
construiremos o Mundo da Luz, consubstanciado na trindade Verdade-Bem-Belo. É o Paraíso
Terrestre, ou a concretização do Mundo de Miroku.
4 de outubro de 1950
O PARAÍSO É O MUNDO DO BELO
Os fiéis da nossa Igreja estão bem cientes de que o objetivo de Deus é a construção do
mundo ideal, de perfeita Verdade, Bem e Belo. Sendo assim, o objetivo de Satanás, Seu
antagonista, é obviamente a Falsidade, o Mal e a Fealdade. Falsidade e Mal não necessitam
de explicações; portanto, falarei a respeito da Fealdade.
Neste mundo, existem coisas erradas. Há casos, por exemplo, em que a Fealdade se
associa à Verdade e ao Bem. Ao ver tais fatos, muitas vezes as pessoas fazem deles alvo de
admiração e respeito. Em termos mais claros, desde tempos remotos, não são poucas as
pessoas que, comendo e vestindo-se precariamente, morando em cabanas, enfim, vivendo
uma vida miserável, realizam práticas virtuosas para o bem do próximo e da sociedade.
Realmente, se suas condições de vida fossem desfavoráveis, isso seria inevitável para elas
poderem sobreviver, mas algumas, mesmo tendo condições para viverem de modo diferente,
escolhem espontaneamente tal forma de vida, o que acredito não ser desejável. Entre elas,
encontram-se muitos religiosos que escolhem uma vida de abstinência como meio de
aprimoramento, achando ser um meio excelente. Quem vê isso, considera-os pessoas
sublimes. Mas, para falar a verdade, esse pensamento não é correto, pois se negligencia um
fator importantíssimo, que é o Belo; ou seja, temos Verdade, Bem e Fealdade. Neste sentido,
desde que não ultrapassem as condições adequadas a cada indivíduo, as vestes, a alimentação
e a moradia do homem devem ser utilizadas da maneira mais bela possível, porque isso está
de acordo com a Vontade Divina. Além do mais, o Belo não é simplesmente uma satisfação
individual, mas também o que causa uma sensação agradável aos outros; assim, podemos
dizer que é uma espécie de boa ação. Na verdade, quanto mais alto grau de civilização a
sociedade alcançar, tudo deverá se tornar mais belo. Pensem bem. Na vida dos selvagens não
existe quase nenhuma beleza. Por isso, também podemos dizer que o progresso da civilização
é, em parte, o progresso do Belo.
Naturalmente a nível individual, os homens também devem procurar manter uma beleza
adequada, para causar boa impressão às demais pessoas; sobretudo as mulheres, devem
procurar mostrar-se ainda mais belas. Talvez não seja da minha conta falar-lhes semelhantes
coisas, mas é a pura verdade: dentro de casa, deve-se sempre ter o cuidado de não deixar teias
de aranha no teto, de conservar o assoalho tão limpo que não haja nem um cisco, de arrumar
logo os objetos desagradáveis à vista e deixar os utensílios bem organizados. Assim, tanto os
moradores da casa como as visitas sentir-se-ão bem, o sentimento de respeito nascerá
naturalmente, e o conceito do chefe da casa também se elevará. Devemos, ainda, cuidar do
Alicerce5
Alicerce5
Alicerce5
Alicerce5
Alicerce5
Alicerce5
Alicerce5
Alicerce5
Alicerce5
Alicerce5
Alicerce5
Alicerce5
Alicerce5
Alicerce5
Alicerce5
Alicerce5
Alicerce5
Alicerce5
Alicerce5
Alicerce5
Alicerce5
Alicerce5
Alicerce5
Alicerce5
Alicerce5
Alicerce5
Alicerce5
Alicerce5
Alicerce5
Alicerce5
Alicerce5
Alicerce5
Alicerce5
Alicerce5
Alicerce5
Alicerce5
Alicerce5
Alicerce5
Alicerce5
Alicerce5
Alicerce5
Alicerce5
Alicerce5
Alicerce5
Alicerce5
Alicerce5
Alicerce5
Alicerce5
Alicerce5
Alicerce5
Alicerce5
Alicerce5
Alicerce5
Alicerce5
Alicerce5
Alicerce5
Alicerce5
Alicerce5
Alicerce5
Alicerce5
Alicerce5
Alicerce5
Alicerce5
Alicerce5
Alicerce5
Alicerce5
Alicerce5
Alicerce5

Más contenido relacionado

Similar a Alicerce5

Perguntando sobre solo e raízes ana primavesi
Perguntando sobre solo e raízes   ana primavesiPerguntando sobre solo e raízes   ana primavesi
Perguntando sobre solo e raízes ana primavesiYohanna Bettini
 
Telecurso 2000 aula 31 a lagarta acabou com o meu feijão!
Telecurso 2000 aula 31   a lagarta acabou com o meu feijão!Telecurso 2000 aula 31   a lagarta acabou com o meu feijão!
Telecurso 2000 aula 31 a lagarta acabou com o meu feijão!netoalvirubro
 
Manual hortaliças web f
Manual hortaliças web fManual hortaliças web f
Manual hortaliças web fIgor Bulhões
 
A Importância de se Chamar Abelha
A Importância de se Chamar AbelhaA Importância de se Chamar Abelha
A Importância de se Chamar Abelhafvpcampusexplorer
 
Plantas medicinais populares
Plantas medicinais popularesPlantas medicinais populares
Plantas medicinais popularessofiaackermann
 
RECEITAS DE PLANTAS COM PROPRIEDADES INSETICIDAS
RECEITAS DE PLANTAS COM PROPRIEDADES INSETICIDASRECEITAS DE PLANTAS COM PROPRIEDADES INSETICIDAS
RECEITAS DE PLANTAS COM PROPRIEDADES INSETICIDASmnmaill
 
Receita organica defensivo
Receita organica defensivoReceita organica defensivo
Receita organica defensivoLuciano Marques
 
Apostila agricultura-geral-2012
Apostila agricultura-geral-2012Apostila agricultura-geral-2012
Apostila agricultura-geral-2012Lúcio Déo
 
Apostila agricultura-geral-2012
Apostila agricultura-geral-2012Apostila agricultura-geral-2012
Apostila agricultura-geral-2012Péricles Budoi
 
Prova de ciências
Prova de ciênciasProva de ciências
Prova de ciênciasEducArte2012
 
Ainda Existe Esperança - Edição 2011
Ainda Existe Esperança - Edição 2011 Ainda Existe Esperança - Edição 2011
Ainda Existe Esperança - Edição 2011 Bruno Glathardt
 
Nomenclatura dos inimigosdas culturas
Nomenclatura dos inimigosdas culturasNomenclatura dos inimigosdas culturas
Nomenclatura dos inimigosdas culturasRui Medeiros
 
Apostila biologia pró-técnico
Apostila   biologia pró-técnicoApostila   biologia pró-técnico
Apostila biologia pró-técniconetoalvirubro
 
Insetos benéficos do algodoeiro
Insetos benéficos do algodoeiroInsetos benéficos do algodoeiro
Insetos benéficos do algodoeironetoneves
 
Livro - Profecias de dom Bosco sobre o Brasil
Livro -  Profecias de dom Bosco sobre o BrasilLivro -  Profecias de dom Bosco sobre o Brasil
Livro - Profecias de dom Bosco sobre o BrasilUma Luz além do Mundo
 

Similar a Alicerce5 (20)

Perguntando sobre solo e raízes ana primavesi
Perguntando sobre solo e raízes   ana primavesiPerguntando sobre solo e raízes   ana primavesi
Perguntando sobre solo e raízes ana primavesi
 
Telecurso 2000 aula 31 a lagarta acabou com o meu feijão!
Telecurso 2000 aula 31   a lagarta acabou com o meu feijão!Telecurso 2000 aula 31   a lagarta acabou com o meu feijão!
Telecurso 2000 aula 31 a lagarta acabou com o meu feijão!
 
Manual hortaliças web f
Manual hortaliças web fManual hortaliças web f
Manual hortaliças web f
 
A Importância de se Chamar Abelha
A Importância de se Chamar AbelhaA Importância de se Chamar Abelha
A Importância de se Chamar Abelha
 
Cf 2011 texto_base_final_fechado_
Cf 2011 texto_base_final_fechado_Cf 2011 texto_base_final_fechado_
Cf 2011 texto_base_final_fechado_
 
Plantas medicinais populares
Plantas medicinais popularesPlantas medicinais populares
Plantas medicinais populares
 
RECEITAS DE PLANTAS COM PROPRIEDADES INSETICIDAS
RECEITAS DE PLANTAS COM PROPRIEDADES INSETICIDASRECEITAS DE PLANTAS COM PROPRIEDADES INSETICIDAS
RECEITAS DE PLANTAS COM PROPRIEDADES INSETICIDAS
 
Receita organica defensivo
Receita organica defensivoReceita organica defensivo
Receita organica defensivo
 
Apostila agricultura-geral-2012
Apostila agricultura-geral-2012Apostila agricultura-geral-2012
Apostila agricultura-geral-2012
 
Apostila agricultura-geral-2012
Apostila agricultura-geral-2012Apostila agricultura-geral-2012
Apostila agricultura-geral-2012
 
Prova de ciências
Prova de ciênciasProva de ciências
Prova de ciências
 
21cie
21cie21cie
21cie
 
Ainda Existe Esperança - Edição 2011
Ainda Existe Esperança - Edição 2011 Ainda Existe Esperança - Edição 2011
Ainda Existe Esperança - Edição 2011
 
Nomenclatura dos inimigosdas culturas
Nomenclatura dos inimigosdas culturasNomenclatura dos inimigosdas culturas
Nomenclatura dos inimigosdas culturas
 
Apostila biologia pró-técnico
Apostila   biologia pró-técnicoApostila   biologia pró-técnico
Apostila biologia pró-técnico
 
Insetos benéficos do algodoeiro
Insetos benéficos do algodoeiroInsetos benéficos do algodoeiro
Insetos benéficos do algodoeiro
 
Livro - Profecias de dom Bosco sobre o Brasil
Livro -  Profecias de dom Bosco sobre o BrasilLivro -  Profecias de dom Bosco sobre o Brasil
Livro - Profecias de dom Bosco sobre o Brasil
 
Ainda Existe Esperança
Ainda Existe EsperançaAinda Existe Esperança
Ainda Existe Esperança
 
Ainda Existe Esperança
Ainda Existe EsperançaAinda Existe Esperança
Ainda Existe Esperança
 
Abc hortaliças
Abc hortaliçasAbc hortaliças
Abc hortaliças
 

Más de Michelle Delpin Hidalgo (6)

El Factor Maya
El Factor MayaEl Factor Maya
El Factor Maya
 
Alicerce3
Alicerce3Alicerce3
Alicerce3
 
Alicerce2
Alicerce2Alicerce2
Alicerce2
 
Alicerce1
Alicerce1Alicerce1
Alicerce1
 
Recopilaciones - Parejas
Recopilaciones - ParejasRecopilaciones - Parejas
Recopilaciones - Parejas
 
Actividades seculares johrei
Actividades seculares johreiActividades seculares johrei
Actividades seculares johrei
 

Último

METODOLOGIA ELANA* – ENSINO LEVA AUTONOMIA NO APRENDIZADO. UMA PROPOSTA COMP...
METODOLOGIA ELANA* – ENSINO LEVA  AUTONOMIA NO APRENDIZADO. UMA PROPOSTA COMP...METODOLOGIA ELANA* – ENSINO LEVA  AUTONOMIA NO APRENDIZADO. UMA PROPOSTA COMP...
METODOLOGIA ELANA* – ENSINO LEVA AUTONOMIA NO APRENDIZADO. UMA PROPOSTA COMP...PIB Penha
 
O Livro dos Mortos do Antigo Egito_240402_210013.pdf
O Livro dos Mortos do Antigo Egito_240402_210013.pdfO Livro dos Mortos do Antigo Egito_240402_210013.pdf
O Livro dos Mortos do Antigo Egito_240402_210013.pdfmhribas
 
Vivendo a vontade de Deus para adolescentes - Cleide Silva
Vivendo a vontade de Deus para adolescentes - Cleide SilvaVivendo a vontade de Deus para adolescentes - Cleide Silva
Vivendo a vontade de Deus para adolescentes - Cleide SilvaSammis Reachers
 
Tabela bíblica Periódica - Livros da Bíblia.pdf
Tabela bíblica Periódica - Livros da Bíblia.pdfTabela bíblica Periódica - Livros da Bíblia.pdf
Tabela bíblica Periódica - Livros da Bíblia.pdfAgnaldo Fernandes
 
Oração A Bem-Aventurada Irmã Dulce Dos Pobres
Oração A Bem-Aventurada Irmã Dulce Dos PobresOração A Bem-Aventurada Irmã Dulce Dos Pobres
Oração A Bem-Aventurada Irmã Dulce Dos PobresNilson Almeida
 
Dar valor ao Nada! No Caminho da Autorrealização
Dar valor ao Nada! No Caminho da AutorrealizaçãoDar valor ao Nada! No Caminho da Autorrealização
Dar valor ao Nada! No Caminho da Autorrealizaçãocorpusclinic
 
Lição 4 - Como se Conduzir na Caminhada.pptx
Lição 4 - Como se Conduzir na Caminhada.pptxLição 4 - Como se Conduzir na Caminhada.pptx
Lição 4 - Como se Conduzir na Caminhada.pptxCelso Napoleon
 
Paulo é vítima de fake news e o primeiro culto num domingo
Paulo é vítima de fake news e o primeiro culto num domingoPaulo é vítima de fake news e o primeiro culto num domingo
Paulo é vítima de fake news e o primeiro culto num domingoPIB Penha
 
As festas esquecidas.pdf................
As festas esquecidas.pdf................As festas esquecidas.pdf................
As festas esquecidas.pdf................natzarimdonorte
 
As violações das leis do Criador (material em pdf)
As violações das leis do Criador (material em pdf)As violações das leis do Criador (material em pdf)
As violações das leis do Criador (material em pdf)natzarimdonorte
 
Lição 5 - Os Inimigos do Cristão - EBD.pptx
Lição 5 - Os Inimigos do Cristão - EBD.pptxLição 5 - Os Inimigos do Cristão - EBD.pptx
Lição 5 - Os Inimigos do Cristão - EBD.pptxCelso Napoleon
 
toaz.info-livro-a-trilha-menos-percorrida-de-m-scott-peck-compressed-pr_8b78f...
toaz.info-livro-a-trilha-menos-percorrida-de-m-scott-peck-compressed-pr_8b78f...toaz.info-livro-a-trilha-menos-percorrida-de-m-scott-peck-compressed-pr_8b78f...
toaz.info-livro-a-trilha-menos-percorrida-de-m-scott-peck-compressed-pr_8b78f...VANESSACABRALDASILVA
 
Série Evangelho no Lar - Pão Nosso - Cap. 132 - Em tudo
Série Evangelho no Lar - Pão Nosso - Cap. 132 - Em tudoSérie Evangelho no Lar - Pão Nosso - Cap. 132 - Em tudo
Série Evangelho no Lar - Pão Nosso - Cap. 132 - Em tudoRicardo Azevedo
 
EUBIOSOFIA - MEMÓRIAS DA SOCIEDADE TEOSÓFICA BRASILEIRA
EUBIOSOFIA - MEMÓRIAS DA SOCIEDADE TEOSÓFICA BRASILEIRAEUBIOSOFIA - MEMÓRIAS DA SOCIEDADE TEOSÓFICA BRASILEIRA
EUBIOSOFIA - MEMÓRIAS DA SOCIEDADE TEOSÓFICA BRASILEIRAMarco Aurélio Rodrigues Dias
 

Último (16)

METODOLOGIA ELANA* – ENSINO LEVA AUTONOMIA NO APRENDIZADO. UMA PROPOSTA COMP...
METODOLOGIA ELANA* – ENSINO LEVA  AUTONOMIA NO APRENDIZADO. UMA PROPOSTA COMP...METODOLOGIA ELANA* – ENSINO LEVA  AUTONOMIA NO APRENDIZADO. UMA PROPOSTA COMP...
METODOLOGIA ELANA* – ENSINO LEVA AUTONOMIA NO APRENDIZADO. UMA PROPOSTA COMP...
 
O Livro dos Mortos do Antigo Egito_240402_210013.pdf
O Livro dos Mortos do Antigo Egito_240402_210013.pdfO Livro dos Mortos do Antigo Egito_240402_210013.pdf
O Livro dos Mortos do Antigo Egito_240402_210013.pdf
 
Vivendo a vontade de Deus para adolescentes - Cleide Silva
Vivendo a vontade de Deus para adolescentes - Cleide SilvaVivendo a vontade de Deus para adolescentes - Cleide Silva
Vivendo a vontade de Deus para adolescentes - Cleide Silva
 
Tabela bíblica Periódica - Livros da Bíblia.pdf
Tabela bíblica Periódica - Livros da Bíblia.pdfTabela bíblica Periódica - Livros da Bíblia.pdf
Tabela bíblica Periódica - Livros da Bíblia.pdf
 
Oração A Bem-Aventurada Irmã Dulce Dos Pobres
Oração A Bem-Aventurada Irmã Dulce Dos PobresOração A Bem-Aventurada Irmã Dulce Dos Pobres
Oração A Bem-Aventurada Irmã Dulce Dos Pobres
 
Dar valor ao Nada! No Caminho da Autorrealização
Dar valor ao Nada! No Caminho da AutorrealizaçãoDar valor ao Nada! No Caminho da Autorrealização
Dar valor ao Nada! No Caminho da Autorrealização
 
Lição 4 - Como se Conduzir na Caminhada.pptx
Lição 4 - Como se Conduzir na Caminhada.pptxLição 4 - Como se Conduzir na Caminhada.pptx
Lição 4 - Como se Conduzir na Caminhada.pptx
 
Centros de Força do Perispírito (plexos, chacras)
Centros de Força do Perispírito (plexos, chacras)Centros de Força do Perispírito (plexos, chacras)
Centros de Força do Perispírito (plexos, chacras)
 
Paulo é vítima de fake news e o primeiro culto num domingo
Paulo é vítima de fake news e o primeiro culto num domingoPaulo é vítima de fake news e o primeiro culto num domingo
Paulo é vítima de fake news e o primeiro culto num domingo
 
As festas esquecidas.pdf................
As festas esquecidas.pdf................As festas esquecidas.pdf................
As festas esquecidas.pdf................
 
As violações das leis do Criador (material em pdf)
As violações das leis do Criador (material em pdf)As violações das leis do Criador (material em pdf)
As violações das leis do Criador (material em pdf)
 
Lição 5 - Os Inimigos do Cristão - EBD.pptx
Lição 5 - Os Inimigos do Cristão - EBD.pptxLição 5 - Os Inimigos do Cristão - EBD.pptx
Lição 5 - Os Inimigos do Cristão - EBD.pptx
 
VICIOS MORAIS E COMPORTAMENTAIS NA VISÃO ESPÍRITA
VICIOS MORAIS E COMPORTAMENTAIS  NA VISÃO ESPÍRITAVICIOS MORAIS E COMPORTAMENTAIS  NA VISÃO ESPÍRITA
VICIOS MORAIS E COMPORTAMENTAIS NA VISÃO ESPÍRITA
 
toaz.info-livro-a-trilha-menos-percorrida-de-m-scott-peck-compressed-pr_8b78f...
toaz.info-livro-a-trilha-menos-percorrida-de-m-scott-peck-compressed-pr_8b78f...toaz.info-livro-a-trilha-menos-percorrida-de-m-scott-peck-compressed-pr_8b78f...
toaz.info-livro-a-trilha-menos-percorrida-de-m-scott-peck-compressed-pr_8b78f...
 
Série Evangelho no Lar - Pão Nosso - Cap. 132 - Em tudo
Série Evangelho no Lar - Pão Nosso - Cap. 132 - Em tudoSérie Evangelho no Lar - Pão Nosso - Cap. 132 - Em tudo
Série Evangelho no Lar - Pão Nosso - Cap. 132 - Em tudo
 
EUBIOSOFIA - MEMÓRIAS DA SOCIEDADE TEOSÓFICA BRASILEIRA
EUBIOSOFIA - MEMÓRIAS DA SOCIEDADE TEOSÓFICA BRASILEIRAEUBIOSOFIA - MEMÓRIAS DA SOCIEDADE TEOSÓFICA BRASILEIRA
EUBIOSOFIA - MEMÓRIAS DA SOCIEDADE TEOSÓFICA BRASILEIRA
 

Alicerce5

  • 1. Publicamos, a partir da página 181 deste volume, o Índice geral por ordem alfabética onde encontram-se listados todos os ensinamentos contidos nos cinco volumes da Coletânea Alicerce do Paraíso. ÍNDICE Capítulo 1 AGRICULTURA NATURAL Introdução à Agricultura Natural.........................................................11 A força do solo......................................................................................20 Princípio da Agricultura Natural.........................................................26 A grande revolução da agricultura.........................................................30 Danos causados pelas pragas.................................................................38 Danos causados pelas chuvas e ventos..................................................39 O globo terrestre respira......................................................................40 Capítulo 2 ARTE Paraíso Terrestre...................................................................................45 A respeito do Paraíso Terrestre.............................................................47 Considerações sobre o Paraíso Terrestre...............................................49 A arte de Deus........................................................................................51 Religião e Arte........................................................................................53 Religião e Arte........................................................................................54 Religião artística.....................................................................................55 Ciência e Arte........................................................................................57 A missão da Arte.....................................................................................59 Paraíso – Mundo da Arte..........................................................................60 O Paraíso é o Mundo do Belo.................................................................62 Características particulares da civilização japonesa...........................65 A respeito do Jardim da Terra Divina...................................................68 Significado da construção do Museu de Belas-Artes...........................72 Obras-primas da arte ao alcance do povo...........................................76 Por que as obras-primas chegaram às minhas mãos...........................78 Campanha de formação do Paraíso por meio das flores.....................82 As plantas têm vida................................................................................84 A respeito da coletânea de poemas “yama to mizu” (monte e água)...................................................86 Capítulo 3
  • 2. SOCIEDADE 3.1 - O Homem e a luta entre o bem e o mal Ateísmo é superstição..............................................................................89 Por que o mal se revela..............................................................................91 O homem mau é ignorante.....................................................................93 O homem mau é enfermo.....................................................................95 Como acabar com os crimes.....................................................................97 O verdadeiro homem forte.....................................................................99 O hábito de resignação dos japoneses................................................101 Vencer o mal........................................................................................102 Sejam fortes os virtuosos....................................................................104 Acabar com os perversos....................................................................106 Indignação ao mal..............................................................................107 3.2– A sociedade e a luta entre o bem e o mal Espírito de justiça...............................................................................111 O mundo dominado pelo mal...............................................................113 Eliminação do mal..............................................................................116 A fonte da corrupção...........................................................................118 A origem dos males sociais....................................................................122 A verdadeira causa da intranqüilidade social....................................124 O mal social é ou não é causado pelo meio ambiente?.....................126 É possível solucionar os males sociais?.............................................128 O mau comportamento dos filhos.......................................................132 Jornal que enaltece o bem....................................................................133 Os virtuosos bem-sucedidos na vida..................................................135 A Terceira Guerra Mundial pode ser evitada.....................................137 3.3 - A nação A bússola da reconstrução do Japão..................................................140 A palavra “Su”...................................................................................144 Novo conceito de amor à pátria........................................................145 O Japão é um país civilizado ou selvagem?.......................................148 O caráter dependente dos japoneses..................................................150 Os japoneses não têm ambição..........................................................155 Nação regida pelo Caminho...............................................................157 Obediência ao Caminho Perfeito........................................................159
  • 3. Precisamos ser universais..................................................................162 3.4 - Religião, Educação e Política Religião, Educação e Política...............................................................165 Religião e Política...............................................................................167 As leis e o caráter selvagem do homem..................................................168 Poder revogante ou poder constituinte?............................................171 A tolice do controle da natalidade.....................................................172 Não menospreze os cálculos..............................................................173 A instrução prematura é prejudicial..................................................176 Por que surgem crianças-prodígio......................................................177 Índice geral por ordem alfabética......................................................181 INTRODUÇÃO À AGRICULTURA NATURAL Em geral as pessoas não conseguem aceitar minha tese sobre a Agricultura Natural. Ficam pasmadas com ela, pois acham que é uma visão completamente diferente em relação à agricultura. Mas a verdade é que não só os produtos agrícolas, mas o próprio homem se encontra intoxicado pelos adubos. Muitos depositam confiança na tese por ser minha. Apesar disso, colocam-na em prática meio temerosos, experiência confessada em todos os relatórios. Antes, porém, da colheita, ocorre uma surpreendente mudança na plantação e conseguem-se excelentes resultados, superando todas as expectativas. É desnecessário afirmar que “mais vale um fato que cem teorias”. Creio que, em conseqüência dessa importante descoberta, não apenas ocorrerá uma grande revolução na agricultura japonesa, como também poderá haver, um dia, uma revolução na agricultura em escala mundial. Sendo assim, esta grande salvação da humanidade será uma boa-nova sem precedentes; para a nossa Igreja, entretanto, cujo objetivo é a construção do Paraíso Terrestre, não passará de algo mais do que óbvio. Para explicar o que é a Agricultura Natural, vou partir do seu princípio básico. Em primeiro lugar, o que vem a ser o solo? Sem dúvida, é uma obra do Criador e serve para a cultura de cereais e verduras, importantíssimos para a manutenção da vida humana. Por conseguinte, sua natureza é misteriosa, impossível de ser decifrada pela ciência da matéria. A agricultura atual, sem saber, acabou tomando o caminho errado e, como conseqüência, menosprezou a força do solo, chegando à errônea conclusão de que, para se obterem melhores resultados, deveria haver interferência humana. Com base nesse raciocínio, passou a utilizar estercos, adubos químicos, etc. Dessa maneira, a natureza do solo foi pouco a pouco se degradando, sofrendo transformações, e a sua força original acabou diminuindo. Contudo, o homem não percebe isso e acredita que a causa das más colheitas é a falta de adubos. Assim, utiliza-os em maior quantidade, o que reduz ainda mais a força do solo. Atualmente o solo japonês está tão pobre, que todos os agricultores lamentam o fato. Vou mostrar como são temíveis os adubos artificiais:
  • 4. 1 – O maior problema, talvez, é o aparecimento de pragas. Sem pesquisar as causas dessa ocorrência, concentra-se todo o empenho no sentido de combatê-las. Mas é provavelmente por desconhecerem a causa das pragas que os agricultores se empenham na sua eliminação. Na verdade, elas surgem dos adubos, e o aumento das espécies de pragas é decorrente do aumento dos tipos de adubos. Os agricultores desconhecem, também, que os pesticidas, ainda que consigam eliminá-las, infiltram-se no solo, causando-lhe prejuízos e tornando-se a causa do aparecimento de novas pragas. 2 – Absorvendo os adubos, as plantas enfraquecem bastante e tornam-se facilmente quebradiças ante a ação dos ventos e das águas. Como ocorre a queda das flores, os frutos são em menor quantidade. Além disso, pelo fato de as plantas alcançarem maior altura e suas folhas serem maiores, os frutos acabam ficando na sombra, o que, no caso do arroz, do trigo, da soja, etc., faz com que a casca seja mais grossa e os grãos sejam menores. 3 – A amônia contida no estrume e o sulfato de amônia e outros adubos químicos são venenos violentos que, absorvidos pelas plantas, acabam sendo absorvidos também pelo homem; mesmo que seja em quantidades ínfimas, não se pode dizer que eles não façam mal à saúde. A própria Medicina tem afirmado que, se suspendessem por dois ou três anos a utilização de esterco como adubo, o problema de lombrigas e outros parasitas deixaria de existir. Também nesse aspecto verificamos o fabuloso resultado da Agricultura Natural. 4 – Ultimamente, o preço dos adubos tem aumentado muito, de modo que a despesa que se tem com eles quase empata com a receita oriunda da venda da colheita, o que acaba forçando a sua venda no mercado negro. 5 – O trabalho que se tem com a compra e a aplicação de adubos e inseticidas é excessivo. 6 – Os produtos obtidos através da Agricultura Natural são mais saborosos e apresentam melhor crescimento, sendo maiores que os produtos obtidos com adubos. Sua quantidade também é maior. Com o que acabamos de expor, creio que os leitores puderam compreender como são temíveis os tóxicos dos adubos e como é melhor o cultivo que não os utiliza. Não seria exagero afirmar que se trata de uma revolução jamais vista na agricultura japonesa. Vou, agora, mostrar em que consiste o método e os resultados que obtive através da minha própria experiência e dos relatos feitos por pessoas que já experimentaram esse tipo de cultivo. Antes, porém, gostaríamos de perguntar: quantas pessoas conhecem realmente o sabor das verduras? Diríamos que pouquíssimas. Isso porque não há verduras em que não tenham sido utilizados adubos químico e esterco. Absorvendo esses elementos, os produtos acabam perdendo o sabor atribuído pelos Céus. Se, ao invés disso, fizermos com que absorvam os nutrientes da própria terra, eles terão seu sabor natural e, portanto, serão muito mais saborosos. Como aumentou o meu estado de felicidade após conhecer o sabor das verduras cultivadas sem adubos! Além do dinheiro e da mão-de-obra que se poupa, fica-se livre do mau cheiro e da transmissão de parasitas, as pragas diminuem e o sabor e a quantidade dos produtos aumentam. Enfim, matam-se sete coelhos numa só cajadada. Não posso me calar diante de problema tão grave. Gostaria de comunicar esta boa-nova a todos e compartilhar dos seus benefícios. Qual é a propriedade do solo? Ele é constituído pela união de três elementos – terra, água e fogo – os quais formam uma força trinitária. Evidentemente, a força básica responsável
  • 5. pelo crescimento das plantas é o elemento terra; o elemento água e o elemento fogo são forças auxiliares. A qualidade do solo é um fator importantíssimo, pois representa a força primordial para o bom ou mau resultado da colheita. Portanto, a condição principal para obtermos boas colheitas é a melhoria da qualidade do solo. Quanto melhor for o elemento terra, melhores serão os resultados. O método para fertilizar o solo consiste em fortalecer sua energia. Para isso, é necessário, primeiramente, torná-lo puro e limpo, pois, quanto mais puro o solo, maior é a sua força para o desenvolvimento das plantas. Acontece, porém, que até hoje a agricultura considera bom encharcar o solo com substâncias impuras, contrariando frontalmente o que foi exposto acima, donde se pode concluir o quanto ela está errada. Para explicar esse erro, usarei a antítese, o que, penso eu, ajudará a compreensão dos leitores. Desde a antigüidade os adubos são considerados como elementos indispensáveis ao plantio, mas a verdade é que quanto mais os agricultores os aplicam, mais eles vão matando o solo. Com a adubagem, conseguem-se bons resultados temporariamente; pouco a pouco, no entanto, o solo vai ficando intoxicado, tornando necessário o uso de mais adubos, para a obtenção de boas colheitas. Assim, quanto maior for a quantidade de adubos, mais contrários são os resultados. Quando a colheita do arroz começa a declinar, os rizicultores acrescentam-lhe terra tirada de locais onde não foram utilizados adubos. Com isso, a colheita melhora durante algum tempo. Nessas ocasiões, eles se baseiam num raciocínio errado, interpretando que, como cultivam ano após ano, a plantação absorve os nutrientes do solo, causando o empobrecimento deste. Esquecem, entretanto, que isso ocorreu devido à utilização de adubos. Como nas novas terras a força vital é mais intensa, podem-se obter bons resultados. Deixando de lado as teorias, vou explicar, na prática, as vantagens da Agricultura Natural. Em primeiro lugar, uma das características desse tipo de cultivo é a menor estatura das plantas. Nn cultivo com adubos, elas crescem mais e têm folhas maiores; tratando-se de plantas leguminosas, como dissemos antes, isso faz com que os frutos fiquem à sombra e não tenham bom crescimento. Ocorre, também, a queda das flores, trazendo como conseqüência a menor quantidade de frutos. No caso da soja, quando não se utilizam adubos consegue-se o dobro da colheita, e nenhum grão se apresenta bichado; além disso, seu sabor é incomparável. Evidentemente, em outras espécies como ervilhas e favas obtém-se o mesmo resultado, e a casca é bastante macia. Outro aspecto digno de observação é a não-ocorrência de nenhum fracasso. Muitas vezes um leigo resolve plantar batatas e colhe-as em pequena quantidade e tamanho reduzido. Nesses casos, é costume a pessoa se lamentar, dizendo que a colheita foi péssima, mas ela não percebe que isso resultou do uso excessivo de adubos. Interpretando os resultados de maneira errada, ou seja, atribuindo o fracasso à pouca utilização de adubos, passa a usá-los em maior quantidade, o que faz piorar ainda mais a situação. Quando indagados a respeito, os especialistas e os orientadores, que não percebem a verdadeira causa do problema, respondem de maneiras totalmente desconcertantes, como por exemplo: “A causa está nas sementes, que, ou não eram boas ou foram semeadas fora da época apropriada”. Ou então: “O problema foi causado pela acidez do solo”. As batatas plantadas sem adubos, no entanto, são muito brancas e cremosas, possuem bastante aroma e agradam logo ao primeiro contato com o paladar. São tão saborosas que, a
  • 6. princípio, pensa-se que são de alguma espécie diferente. O mesmo acontece com o inhame e a batata-doce. Esta última deve ser plantada em canteiros altos e em fileiras, entre as quais deve haver uma boa distância, de modo que a planta receba bastante sol. Assim, conseguir- se-ão batatas enormes e deliciosas, capazes de impressionar qualquer pessoa. Aliás, parece que os próprios agricultores não costumam adicionar muitos adubos ao solo quando se trata de batata-doce. Agora tecerei considerações a respeito do milho. Seu cultivo sem adubos tem apresentado ótimos resultados. Gostaria, portanto, de dar-lhe um destaque especial. No início, por um ou dois anos, a colheita pode não satisfazer as expectativas, visto que as sementes ainda contêm as toxinas dos adubos, mas no terceiro ano os resultados já começam a aparecer. Sem toxinas no solo nem nas sementes, o milho cresce com o caule bastante forte, e suas folhas apresentam um verde vivo. Caso cresça num local onde não falta água nem sol, apresenta espigas longas, com os grãos tão bem dispostos que não há espaços vazios entre eles; logo na primeira mordida se percebe que são macios e doces, apresentando um sabor inesquecível. Quanto aos nabos, são branquinhos, grossos, consistentes e doces, o que os torna muito saborosos. A aspereza e a acidez dos nabos são decorrentes das toxinas dos adubos. Aliás, as verduras produzidas sem adubos apresentam boa coloração, maciez e um aroma que abre o apetite, sendo livres de pragas. Evidentemente, são mais higiênicas, pela não-utilização de esterco. O que eu também gostaria de recomendar são as berinjelas. Elas apresentam excelente coloração e aroma, casca macia e realmente dão água na boca. Em minha casa ninguém consegue mais comer berinjelas produzidas com adubos. Tratando-se do plantio de arroz, mistura-se palha cortada ao solo alagado, que, assim, se aquece, pois a palha absorve o calor. Há, ainda, outro detalhe, já bastante conhecido: a água fria das montanhas faz mal à plantação. Por isso, devem-se fazer as valetas o mais rasas e longas possível, a fim de aquecer a água. Não se devem, também, fazer lagos no trecho intermediário, pois nestes, devido à profundidade, a água não esquenta de forma adequada. No caso do pepino, melancia, abóbora, etc., obtêm-se resultados como jamais haviam sido conseguidos. Quanto ao arroz e ao trigo, têm estatura baixa e apresentam excelente quantidade e qualidade. O arroz, sobretudo, tem brilho e consistência especiais, além de excelente paladar, sendo sempre classificado como arroz de especial categoria. Eis, portanto, as vantagens da Agricultura Natural. Não poderia haver melhor boa-nova, principalmente para quem tem horta caseira. O manuseio de esterco não só é insuportável para os amadores, como também traz o inconveniente de indesejáveis larvas de parasitas acabarem se hospedando na pessoa. Até agora, por desconhecimento desses fatos, trabalhava- se muito e no fim se obtinham maus resultados. No meu caso, por exemplo, apenas semeio as verduras e não tenho maiores trabalhos a não ser, de vez em quando, remover o mato que começa a crescer. Assim, obtenho excelentes verduras, e não há nada tão gratificante. Como eu já disse, não há necessidade de adubos químicos nem de estrume, mas é preciso usar compostos naturais em larga escala. O mais importante, em qualquer cultivo, é ter cuidado para que as pontas dos pêlos absorventes cresçam livremente; para isso, deve-se evitar o endurecimento do solo. O composto natural deve estar meio decomposto apenas, pois, se o estiver totalmente, acaba endurecendo. Aquele que é feito somente com capim
  • 7. decompõe-se rapidamente, mas o de folhas de árvores demora muito mais, devido às fibras e nervuras, que são duras; portanto, deve-se deixá-lo decompondo por longo tempo, até sua suficiente decomposição. A razão disso é que as pontas dos pêlos absorventes têm o seu crescimento prejudicado pelas fibras das folhas utilizadas como compostos orgânicos. Ultimamente dizem que é bom arejar a raiz das plantas, mas isso não tem sentido, pois se é um solo que até deixa passar o ar, nele se processa o bom desenvolvimento das raízes. Na verdade, o ar nada tem a ver com isso. Outro ponto importante é o aquecimento do solo. No caso das radicelas e dos pêlos absorventes das verduras comuns, basta fazer uma camada de composto natural com mais ou menos 30 centímetros, numa profundidade aproximadamente igual. Tratando-se de nabo, cenoura, bardana ou outros vegetais em que se visam as raízes, a profundidade deve ser compatível com o comprimento da raiz de cada planta. O composto à base de capim deve ser bem misturado com a terra, utilizando-se o composto à base de folhas de árvores para formar o leito abaixo do solo, como já foi explicado. Esse é o ideal. Ultimamente fala-se muito em solo ácido, mas a causa da acidez está nos adubos. Portanto, o problema desaparece quando se deixa de usá-los. É muito comum evitar-se o uso do mesmo solo para culturas repetitivas. Entretanto, eu tenho obtido ótimos resultados através delas (1). E os resultados têm melhorado a cada ano. Pode parecer milagre, mas há uma boa razão para isso. Como tenho afirmado, para vivificar o solo e ativar sua força, é necessário fazer culturas repetitivas, pois, com elas, o solo vai se adaptando naturalmente à cultura em questão. Quanto às pragas, com a eliminação dos adubos seu número poderá não chegar a zero, mas reduz-se a uma fração do atual. Os próprios agricultores afirmam que o excesso de adubos aumenta as pragas. Com relação ao fumo para charuto, sabe-se que o melhor é o produzido em Manila e Havana. Não apresenta folhas bichadas e tem excelente aroma; certa vez eu ouvi um especia- lista no assunto dizer que na sua produção não se utilizam adubos. A inexistência de insetos em folhas do mato e o excelente aroma que algumas delas possuem são decorrentes da ausência de adubos. Há um aspecto que deve ser observado: quando se introduz a Agricultura Natural num local já tratado com adubos, não se obtêm bons resultados durante um ou dois anos, porque a terra está intoxicada. É como um beberrão que deixa de beber abruptamente e por algum tempo fica meio atordoado. O mesmo problema acontece com os fumantes inveterados quando, de repente, suspendem o fumo, ou quando os viciados em morfina ou cocaína ficam sem estes entorpecentes. Deve-se, portanto, ter paciência por dois ou três anos; nesse espaço de tempo e com a diminuição gradativa das toxinas de adubos no solo e nas sementes, o solo começará a manifestar sua força. Com as considerações que acabamos de tecer sobre a Agricultura Natural, os leitores deverão ter compreendido o quanto a agricultura tradicional está errada. Evidentemente, o novo método não tem nenhuma ligação com a fé, bastando apenas utilizar-se os compostos naturais para se obterem resultados revolucionários. Devem, contudo, reconhecer que, somando-se a esse procedimento a purificação do solo através da Luz de Deus, conseguem-se melhores resultados ainda. 1o de julho de 1949
  • 8. A FORÇA DO SOLO O princípio básico da Agricultura Natural consiste em fazer manifestar a força do solo. Até agora o homem desconhecia a verdadeira natureza do solo, ou melhor, não lhe era dado conhecê-la. Tal desconhecimento levou-o a adotar o uso de adubos e acabou por colocá-lo numa situação de total dependência em relação a eles, tornando essa prática uma espécie de superstição. No começo, por melhor que eu explicasse o processo da Agricultura Natural, as pessoas não me davam ouvidos e acabavam em gargalhadas. Pouco a pouco, porém, minhas explicações foram sendo aceitas e, ultimamente, de ano para ano, aumenta o contingente de praticantes do novo método, mesmo porque as colheitas, em toda parte, vêm dando prodigiosos resultados. Ainda que a maioria pertença à esfera dos fiéis de nossa Igreja, em várias regiões já está aparecendo, fora dessa esfera, um número considerável de simpatizantes e praticantes da Agricultura Natural, número este que tende a aumentar rapidamente. Já se pode imaginar que não está longe o dia em que a veremos praticada em todo o território japonês. Falando abertamente, a divulgação do nosso método de agricultura poderá ser definida como “movimento para destruir a superstição dos adubos”. Não usando absolutamente nada daquilo a que se dá o nome de adubo, seja de origem animal ou química, pois é um cultivo que utiliza apenas compostos naturais, o método é, realmente, o que seu nome diz: Agricultura Natural. As folhas e capins secos formam-se naturalmente, ao passo que os adubos químicos e mesmo o estrume de cavalo ou galinha, assim como os resíduos de peixe, carvão de madeira, etc., não caem do céu, nem brotam da terra: são transportados pelo homem. Portanto, não é preciso dizer que são antinaturais. Nada poderia existir no Universo sem os benefícios da Grande Natureza, ou seja, nada nasceria nem se desenvolveria sem os três elementos básicos: o fogo, a água e a terra. Em termos científicos, esses elementos correspondem, respectivamente, ao oxigênio, ao hidrogênio e ao nitrogênio. Todos os produtos agrícolas existentes são gerados por eles. Dessa forma, Deus fez com que possam ser produzidas todas as espécies de cereais e verduras que constituem a alimentação do homem. Seguindo a lógica, tudo será perfeitamente compreendido. Não seria absurdo se Deus criasse o homem e não providenciasse os alimentos que lhe possibilitariam a vida? Logo, se determinado país não consegue produzir os alimentos necessários à sua população é porque, em algum ponto, ele não está de acordo com as leis da Natureza criada por Deus. Enquanto não se atentar para isso, não se poderá sequer imaginar uma solução para o problema da escassez de alimentos. A Agricultura Natural proposta por mim tem como base o princípio citado. O empobrecimento e as dificuldades dos agricultores serão solucionados satisfatoriamente com a adoção desse método. Deus deseja corrigir a penosa situação em que eles se encontram, e por isso está se dignando, com Sua benevolência e compaixão, a revelar e fazer propagar o princípio da Agricultura Natural, através de mim, para todo o mundo. Urge, portanto, que os agricultores despertem o mais rápido possível e adotem esse novo método agrícola. Só assim eles serão verdadeiramente salvos. Conforme dissemos, se os três elementos básicos – fogo, água e terra – são forças motrizes para desenvolver os produtos agrícolas, bastará que estes sejam plantados numa terra pura, expostos ao sol e suficientemente abastecidos com água, para se obter um grande
  • 9. êxito, jamais visto até hoje. Não se sabe desde quando, mas o homem cometeu um enorme equívoco ao usar adubos, pois ignorou, completamente, a natureza do solo. Efeitos contrários dos adubos No início, a utilização de adubos traz bons resultados, mas, se essa prática continuar por muito tempo, gradativamente começarão a surgir efeitos contrários. Entre outras conseqüências, as plantas vão perdendo sua função inerente de absorver os nutrientes do solo e mudam suas características, passando a absorver os adubos como nutrientes. Se fizermos uma comparação com os toxicômanos, poderão compreender isso muito bem. Quando alguém começa a fazer uso de tóxicos, sente uma sensação muito agradável e durante certo período seu cérebro se torna mais lúcido. Por não conseguir esquecer esse prazer, a pessoa cai, pouco a pouco, num vício profundo, do qual é difícil se livrar. Entretanto, quando o efeito do tóxico acaba, ela fica em estado de letargia ou sente dores violentas. Como a situação é intolerável, ingere tóxico novamente, embora saiba o mal que isso lhe faz. E chega até ao roubo, para obter os recursos com que comprá-lo. Histórias com este seguimento são constantemente noticiadas nos jornais. Aplicando tal esquema à agricultura, podemos dizer que, hoje, todos os solos cultiváveis do Japão estão sob os efeitos de tóxicos e, por isso, gravemente enfermos. Todavia, tendo-se tornado cegos adeptos dos adubos, os agricultores não conseguem libertar-se deles. Ao ouvirem minhas explicações, esperançosos, resolvem suspendê-los, iniciando o cultivo natural. No entanto, como nos primeiros meses os resultados são insatisfatórios, eles concluem, precipitadamente, que o mais certo é desistir da mudança e voltar à prática habitual. O nosso método de cultivo está baseado na fé, e por isso muitos o praticam sem duvidar do que eu digo. Assim fazendo, chegam à total compreensão do verdadeiro valor da Agricultura Natural. Descreverei agora a seqüência dos fatos que ocorrem com a mudança da agricultura tradicional para a natural. No caso do arroz, ao transplantar-se a muda para o arrozal alagado, durante algum tempo a coloração das folhas não é boa, e os talos são finos; geralmente o visual é bem inferior ao de outros arrozais. Isso dá ensejo à zombaria por parte dos agricultores das proximidades, o que leva o plantador a vacilar, questionando se está no caminho certo. Cheio de preocupação e intranqüilidade, ele começa a fazer promessas a Deus. Entretanto, passados dois ou três meses, os pés de arroz começam a apresentar-se com mais vigor, melhorando tanto na época do florescimento, que o agricultor se sente aliviado. Finalmente, por ocasião da colheita, estão com o crescimento normal, ou acima dele. Ao se proceder à colheita, a quantidade do arroz sempre ultrapassa as previsões; além disso ele é de boa qualidade, tendo brilho, aderência e sabor agradável. Geralmente é um produto de primeira ou segunda classe, podendo-se dizer que não aparecem tipos abaixo desse nível de classificação. E mais ainda: seu peso varia de 5 a 10% acima do peso do arroz cultivado com adubos, e, o que é especialmente interessante, devido à sua consistência é um arroz que não se reduz com o cozimento, antes duplica ou triplica seu volume. Sustenta tanto que, mesmo comendo 30% menos, a pessoa se sente plenamente satisfeita. Logo, há uma grande vantagem do ponto de vista econômico. Se todos os japoneses comessem arroz cultivado pelo método da Agricultura Natural, teríamos um resultado igual ao que se obteria se a produção fosse aumentada em 30%, tornando-se desnecessária a importação de arroz. E como isso seria esplêndido para a economia nacional!
  • 10. A superstição dos adubos Esclareçamos melhor o assunto tratado anteriormente. O fato de a plantação, durante dois ou três meses, apresentar um aspecto inferior, pode ser explicado pela presença de tóxicos no solo e nas sementes, mesmo que sejam só resíduos. Com o passar dos dias, esses tóxicos vão sendo eliminados e o solo e a plantação tendem a melhorar, restaurando-se a sua capacidade natural. Isso me parece perfeitamente compreensível por parte dos agricultores, pois eles sabem que, após uma troca de água ou uma chuva muito forte, mesmo os arrozais alagados de pior qualidade melhoram um pouco. Em verdade, isso ocorre porque os tóxicos dos adubos foram lavados e diminuíram. Quando o crescimento dos produtos agrícolas não é bom, costuma-se acrescentar terra ao solo. Se eles melhoram, os agricultores crêem ver confirmada sua suposição de que o solo estava pobre devido a contínuas plantações que absorveram seus nutrientes. Isso também é errado, pois o enfraquecimento do solo é causado pelos tóxicos de adubos utilizados ano após ano. Assim, percebe-se facilmente que os agricultores se deixaram dominar pela superstição dos adubos. Os efeitos do uso de compostos naturais Vejamos, agora, de que maneira a Natureza colabora com a Agricultura Natural. Quando se trata do cultivo de arroz em terreno alagado, procede-se ao corte da palha em pedaços bem pequenos, os quais serão misturados ao solo, para aquecê-lo. No caso do cultivo em terra firme, misturar-se-ão folhas e capins secos, apodrecidos até que suas nervuras fiquem macias. A razão disso é que, quando o solo está endurecido, o desenvolvimento das raízes fica dificultado, porque as pontas encontram resistência. Atualmente, dizem ser bom que o ar vá até as raízes, mas não é verdade, pois não há nenhuma razão para isso. Apenas, se ele chega até elas, é porque o solo não está endurecido. No caso de produtos cujas raízes não se aprofundam muito no solo, o ideal seria misturar, a este, compostos de folhas e capins; para os produtos de raízes profundas, deve-se preparar um leito composto de folhas de árvores a mais ou menos 35 cm de profundidade. Isso servirá para aquecer a terra. Variando a profundidade das raízes, o leito será formado na proporção adequada. Geralmente as pessoas pensam que nos compostos naturais existem elementos fertilizantes, mas isso não corresponde à realidade. O papel desempenhado por eles é o de aquecer o solo, não o deixando endurecer. No caso de ressecamento do solo junto às raízes, devem-se colocar os compostos naturais numa espessura apropriada, pois isso conserva a umidade do solo. São esses os três benefícios dos compostos naturais. Como se poderá perceber pelo que foi dito acima, o mais importante na Agricultura Natural é vivificar o solo. Vivificar o solo significa conservá-lo sempre puro, não utilizando matérias impuras como os adubos. Dessa forma, já que não existem obstáculos, ele pode manifestar suficientemente a sua capacidade original. É engraçado que os agricultores falem em ‘‘deixar o solo descansar”. Trata-se, também, de um grande erro. Quanto mais cultivado, melhor será o solo. Em termos humanos, quanto mais se trabalha, mais saúde se tem; quanto mais se descansa, mais fraco se fica. Os agricultores, ao contrário, acreditam que, quanto mais se cultiva o solo, mais fraco ele vai ficando, devido ao consumo dos seus nutrientes por parte dos produtos agrícolas. Assim, procuram beneficiá-lo dando-lhe repouso, ou seja, suspendem as culturas repetitivas, mudando sempre a área de plantio. Isto é uma idiotice.
  • 11. Cultura repetitiva, colheita farta De acordo com o nosso método, a cultura repetitiva é uma prática muito recomendável. Uma prova disso é que estou cultivando milho, pelo sétimo ano consecutivo, em Gora, Hakone, numa terra em que há mistura de pequenas pedras. Apesar da má qualidade da terra, as espigas são mais longas que o normal, e os grãos, juntinhos e enfileirados, são adocicados, macios e saborosos. Para justificar a cultura repetitiva, basta lembrar a capacidade inerente ao solo de se adaptar ao produto que é plantado. Compreenderemos isso muito bem se fizermos uma comparação com o ser humano. As pessoas que executam trabalhos braçais têm seus músculos desenvolvidos; quando se trata de atividade intelectual, é o cérebro que se desenvolve. Por essa mesma razão, quem muda constantemente de profissão ou de residência não obtém sucesso, o que nos leva a concluir o quanto estiveram errados os agricultores até hoje. As boas novas para a sericultura Finalizando, gostaria de dizer que, se cultivarmos o bicho-da-seda com folhas de amoreira tratada sem adubos, ele não adoecerá, seus fios serão de muito boa qualidade, resistentes, brilhantes, e a produção aumentará. Tal prática ocasionaria uma grande evolução no mundo da sericultura e traria incalculáveis benefícios à economia do país. 5 de maio de 1953 PRINCÍPIO DA AGRICULTURA NATURAL Para que todos entendam realmente o princípio da Agricultura Natural, proponho-me explicá-lo através da ciência do espírito – da qual tomei conhecimento por meio da Revelação Divina – pois é impossível fazê-lo através do pensamento que norteia a ciência da matéria. No início, talvez seja muito difícil compreender esse princípio; todavia, à medida que o lerem várias vezes e o saborearem bem, fatalmente a dificuldade irá diminuindo. Caso isso não aconteça, é porque a pessoa está muito presa às superstições da Ciência. O que eu exponho é a Verdade Absoluta. Os próprios fatos o comprovam. Como todos sabem, o método agrícola utilizado atualmente consiste na fusão do método primitivo com o método científico. Julga-se que houve um grande progresso, porém os resultados mostram exatamente o contrário, conforme podemos constatar pela grande diminuição da produção no ano passado. Os pés de arroz não tinham força suficiente para vencer as diversas calamidades que ocorreram, e essa foi a causa direta daquela diminuição. Mas qual a causa do enfraquecimento dos pés de arroz? Se eu disser que o fenômeno foi causado pelo tóxico chamado adubo, todos se surpreenderão, pois os agricultores, até agora, vieram acreditando cegamente que o adubo é algo imprescindível no cultivo agrícola. Devido a essa crença, ao pouco conhecimento dos agricultores e à cegueira da Ciência, não foi possível descobrir os malefícios dos adubos. E inegável o valor da Ciência em relação a muitos aspectos; entretanto no que se refere à agricultura, ela não tem nenhuma força, ou melhor, está muito equivocada, pois considera bom o método criado pelo homem, negligenciando o Poder da Natureza. Isso acontece
  • 12. porque ainda se desconhece a natureza do solo e dos adubos. Há longos anos, o governo, os grandes agricultores e os cientistas vêm desenvolvendo um grande esforço conjunto, mas não se vê nenhum progresso ou melhoria. Diante de uma fraca produção como a do ano passado, podemos dizer que a Ciência não consegue fazer nada, sendo vencida pela Natureza sem oferecer nenhuma resistência. Não há mais nenhum método a ser empregado. A agricultura japonesa está realmente num beco-sem-saída. Mas devemos alegrar-nos, pois Deus ensinou- me o meio de sair dele – a Agricultura Natural. Afirmo que, além dessa, não existe outra maneira de salvar o Japão. A base do problema é a falta de conhecimento em relação ao solo. A agricultura, até agora, tem negligenciado esse fator, que é o principal, dando maior importância ao adubo, algo acessório. Pensem bem. Sem a terra, o que podem fazer as plantas, sejam elas quais forem? Um bom exemplo é o daquele soldado americano que, após a guerra, praticou o cultivo na água, despertando grande interesse. Creio que ainda devem estar lembrados disso. No início, os resultados foram excelentes, mas ultimamente, pelo que tenho ouvido falar, eles foram decaindo, e o método acabou sendo abandonado. Até hoje os agricultores fizeram pouco caso do solo, chegando a acreditar que os adubos eram o alimento das plantações. Com essa atitude, cometeram um espantoso engano. O resultado é que o solo se tornou ácido, perdendo seu vigor original. Isso está muito bem comprovado pela grande diminuição da safra no ano passado. Não percebendo seu erro, os agricultores gastam inutilmente elevadas somas em adubos, despendendo árduo esforço. É uma grande tolice, pois se está produzindo a própria causa dos danos. Empregarei agora o bisturi da ciência espiritual para explicar a natureza do solo. Antes, porém, é preciso conhecer seu significado original. Deus, Criador do Universo, assim que criou o homem criou o solo, a fim de que este produzisse os alimentos para nutri-lo. Basta semear a terra que a semente germinará, e o caule, as folhas, as flores e os frutos se desenvolverão, proporcionando-nos fartas colheitas no outono. Assim, o solo, que produz alimentos, é um maravilhoso técnico ao qual deveríamos dar grande preferência. Obviamente, como se trata do Poder da Natureza, a Ciência deveria pesquisá-lo. Entretanto, ela cometeu um grande erro: confiou mais no poder humano. Mas o que é o Poder da Natureza? E a incógnita surgida da fusão do Sol, da Lua e da Terra, ou seja, dos elementos fogo, água e solo. O centro da Terra, como todos sabem, é uma massa de fogo, a qual é a fonte geradora do calor do solo. A essência desse calor, infiltrando- se pela crosta terrestre, preenche o espaço até a estratosfera. Nessa essência também existem duas partes: a espiritual e a material. A parte material é conhecida pela Ciência com o nome de nitrogênio, mas a parte espiritual ainda não foi descoberta por ela. Paralelamente, a essência emanada do Sol é o elemento fogo, que também possui uma parte espiritual e uma parte material; esta última é a luz e o calor, mas aquela também ainda não foi detectada pela Ciência. A essência emanada da Lua é o elemento água, e a sua parte material é constituída por todas as formas em que a água se apresenta; quanto à parte espiritual, também ainda não foi descoberta. O produto da união desses três elementos espirituais ainda não detectados constitui a incógnita X através da qual todas as coisas existentes no Universo nascem e crescem. Essa incógnita X é semelhante ao nada, mas é a origem da força vital de todas as coisas. Conseqüentemente, o desenvolvimento dos produtos agrícolas também se deve a esse poder. Por isso, podemos dizer que ele é o fertilizante infinito. Reconhecendo-se essa verdade, amando-se e respeitando-se o solo, a capacidade deste se fortalece espantosamente.
  • 13. A Agricultura Natural é, pois, o verdadeiro método agrícola. Não existe outro. Através de sua prática, o problema da agricultura será solucionado pelas raízes. Sem dúvida as pessoas ficarão boquiabertas, mas existe outro fator importante. O homem, até agora, pensava que a vontade-pensamento, assim como a razão e o sentimento, limitava-se aos animais. Entretanto, eles existem também nos corpos inorgânicos. Obviamente, como o solo e as plantações estão naquele caso, respeitando-se e amando-se o solo sua capacidade natural se manifestará ao máximo. Para tanto, o mais importante é não sujá-lo, mas torná-lo ainda mais puro. Com isso, ele ficará alegre e, logicamente, se tornará mais ativo. A única diferença é que a vontade-pensamento, nos seres animados, é mais livre e móvel, ao passo que, o solo e as plantas não têm liberdade nem movimento. Assim, se pedirmos uma farta colheita com sentimento de gratidão, nosso sentimento se transmitirá ao solo, que não deixará de corresponder-nos. Por desconhecimento desse princípio, a Ciência comete uma grande falha, considerando que tudo aquilo que é invisível e impalpável não existe. 27 de janeiro de 1954 A GRANDE REVOLUÇÃO DA AGRICULTURA Parte I Há mais de dez anos descobri e venho propondo o método agrícola que, dispensando o uso dos adubos químicos e do estrume de origem animal e humana, possibilita a obtenção de grandes colheitas. Naquela época, conquanto eu me esforçasse bastante, tentando convencer os agricultores, ninguém queria me ouvir. Entretanto, é minha convicção, desde o princípio, que o método natural de cultivo representa a Verdade Absoluta, e estou certo de que todos chegarão à mesma conclusão, compreendendo também que, se não se apoiarem nisso, não só os agricultores nunca poderão ser salvos, mas o próprio destino da nação ficará comprometido. É por esse motivo que venho insistindo no assunto até hoje. Como a situação foi se tornando séria, exatamente como eu temia que acontecesse – não sei se feliz ou infelizmente sinto uma necessidade cada vez maior de fazer os agricultores japoneses e todos os povos entenderem a Agricultura Natural. Comecei, também, a enxergar luz no futuro da nossa agricultura, motivo que me leva a anunciá-la aqui, de maneira ampla, certo de que afinal chegou a hora. O fato de eu ser um religioso favoreceu a implantação da Agricultura Natural. Com efeito, não foram poucos os fiéis que, embora não compreendessem bem as minhas explicações, passaram a praticar esse método de cultivo, podendo constatar seus resultados positivos num espaço de tempo relativamente curto. Pouco a pouco foi crescendo o número de simpatizantes, inclusive entre agricultores fora da esfera da Igreja. Explicarei agora, minuciosamente, o princípio básico da Agricultura Natural, método que permite a obtenção de grandes colheitas utilizando apenas compostos naturais. Abordarei, em primeiro lugar, as vantagens do método: não serão necessários gastos com adubos, o dano causado pelos insetos nocivos diminuirá de forma considerável, ficarão reduzidos a menos da metade os prejuízos causados pelos ventos e pelas chuvas. Logo, é um método assombroso. Tudo isso refere-se ao arroz, mas aplica-se a qualquer tipo de produção agrícola. Resumindo, todos os produtos cultivados pela Agricultura Natural apresentarão maravilhosos resultados. No caso da batata-doce, por exemplo, obter-se-ão batatas enormes, de causar espanto; nas leguminosas os grãos serão grandes, e a quantidade maior; o nabo terá uma bela cor branca,
  • 14. textura fina, consistente e macia, e um excelente sabor; as verduras, não carcomidas pelos insetos, terão boa coloração, serão macias e de sabor esplêndido. Além dessas espécies, o milho, a melancia, a abóbora, enfim, todos os cereais, legumes, verduras ou frutas, serão de ótima qualidade. Merece especial destaque o maravilhoso sabor dos produtos da Agricultura Natural; quem experimentar seu arroz, trigo e verduras, é provável que nunca mais tenha vontade de comer os que são produzidos através do cultivo com adubos. Atualmente eu me alimento apenas com produtos naturais e, como felizmente os praticantes do método vêm aumentando cada vez mais, ganho-os em grande quantidade, a ponto de não poder consumir tudo. Quanto às frutas, são de qualidade muito boa, tendo tido sua safra aumentada após a suspensão do uso de adubos; como a receita decorrente de sua venda também aumentou, todos os interessados estão agradecidos. Do mesmo modo, as flores são maiores, de coloração mais bonita e viva; usadas em vivificações florais, por exemplo, duram mais tempo, contentando mais e melhor a muitas pessoas. Logo em seguida à adoção da Agricultura Natural, ocorre uma acentuada diminuição de insetos nocivos. Estes surgem dos adubos artificiais e por isso é óbvio que, se os agricultores deixarem de usar tais adubos, eles não se criarão mais. Hoje em dia, entretanto, na tentativa de exterminá-los, utilizam-se intensamente os defensivos agrícolas, que, penetrando no solo, tornam-se a causa da proliferação dos insetos nocivos. De tal forma isso revela ignorância, que nos causa compaixão. Nos últimos tempos, os produtos agrícolas mostram-se mais vulneráveis aos danos causados pelos ventos e pelas chuvas que ocorrem todos os anos; na Agricultura Natural, tais prejuízos diminuirão muito, porque, deixando de absorver adubos artificiais, que os enfraquecem demasiadamente, os produtos resistirão melhor às intempéries. Descobri que tanto os adubos de origem animal como os adubos químicos, ao serem absorvidos pelas plantas, tornam-se venenos e que esses venenos vêm a constituir alimento para os insetos nocivos, os quais passam a se multiplicar ferozmente. Conforme o tipo de adubo, a partir dele próprio proliferam microorganismos que começam a carcomer as plantas. Se surgirem na raiz, carcomerão os pêlos absorventes e acabarão por enfraquecer o vegetal. Aí está a causa das folhas secas, caules quebrados, queda das flores, frutos imaturos e atrofiamento das batatas. Inúmeros outros tipos de microorganismos podem proliferar nas diversas partes da planta, mas, se esta for saudável, terá força para eliminá-los. Entretanto, devido ao enfraquecimento causado pela aplicação de adubos, as plantas acabam sendo vencidas por eles. A planta sem adubos é mais resistente aos ventos e às chuvas, não se prostrando com facilidade; ainda que caia, logo se reerguerá, ao passo que a cultivada com adubos permanecerá caída, ocasionando um prejuízo enorme. Poderão compreendê-lo bem se observarem a ponta das raízes. Nas plantas cultivadas sem adubos, os pêlos absorventes são muito mais numerosos e compridos, e a ramificação é bem maior; portanto, o enraizamento é mais forte. Quer se trate de arroz, quer se trate de verduras, qualquer agricultor sabe que quanto menor é a estatura da planta e quanto mais curtas são as suas folhas, mais frutos ela dará. Em contrapartida, as plantas cultivadas com adubos são mais altas, têm folhas grandes, mas, embora à primeira vista sejam magníficas, sua frutificação não é tão boa.
  • 15. Correlatamente, no caso do bicho-da-seda, se o cultivarmos com amoreira tratada sem adubos, ele será saudável, seu casulo terá mais resistência e brilho, e a produção será maior. Isso também se deve à não-proliferação de doenças no bicho-da-seda. Conforme vemos, todos os produtos cultivados pela Agricultura Natural são incomparavelmente vantajosos em relação aos que são cultivados com adubos. O que se deve conhecer em primeiro lugar, é a capacidade específica do solo. Antes de mais nada, ele foi criado por Deus, Criador do Universo, a fim de produzir alimento suficien- te para prover o homem e os animais. Por essa razão, a terra já está em si mesma abundantemente adubada – podemos até dizer que toda ela é uma massa de adubos. Desconhecendo isso até hoje, os homens se enganaram ao pensar que os alimentos das plantas são os adubos. Baseados nessa crença, vieram aplicando adubos artificiais e, conseqüentemente, foram enfraquecendo, de forma desastrosa, a energia original do solo. Não é um equívoco espantoso? Para que a produção agrícola aumente, deve-se fortalecer ao máximo a própria energia do solo. E como se poderá fazer isso? Não lhe misturando nada a não ser os compostos naturais, fazendo-o permanecer puro e preservando-o o mais que se puder. Assim se obterão ótimos resultados, mas, com a mentalidade que tem vigorado até agora, jamais se conseguirá acreditar nisso. Com base nas razões citadas, vemos que o princípio fundamental da Agricultura Natural é o absoluto respeito à Natureza, que é uma grande mestra. Quando observamos o desenvolvimento e o crescimento de tudo que existe, compreendemos que não há nada que não dependa da força da Grande Natureza, isto é, do Sol, da Lua e da Terra, ou, em outras palavras, do fogo, da água e da terra. Sem dúvida isso ocorre também com as plantações, pois, se a terra for mantida pura e elas forem expostas ao sol e abundantemente abastecidas de água, produzir-se-á mais do que o necessário para o sustento do ser humano. Dirijam seu olhar para a superfície do solo das matas e atentem para a abundância de capins secos e folhas caídas, cuja provisão é renovada em cada outono. Eles representam o trabalho da Natureza para enriquecer o solo, e ela nos ensina que devemos utilizá-los. Os agricultores acreditam haver elementos fertilizantes nesses capins secos e folhas caídas, que eles consideram adubos naturais, mas isso não é verdade. A eficácia do “adubo natural” consiste em aquecer a terra e não deixar que ela resseque e endureça; em síntese, fazer que a terra absorva água e calor e não fique dura. Assim, para darmos “adubo natural” ao arroz, basta cortar a palha em pedaços pequeninos e misturá-los bem à terra. Esse é o processo natural. A palha é do próprio arroz e é eficaz para o aquecimento das raízes. A existência de bosques perto das hortas é bem significativa: devemos usar as folhas e capins secos para o cultivo de nossas verduras. O centro do globo terrestre é uma enorme massa de fogo da qual se irradia constantemente o calor, isto é, o espírito do solo. Aí está o nitrogênio – adubo que nos foi concedido por Deus – o qual atravessa as camadas do planeta, eleva-se a uma certa altitude e aí permanece, até que, com a chuva, desça para sua superfície e penetre no solo. Esse nitrogênio caído do céu é adubo natural e, sem dúvida, sua quantidade é a ideal, sem excesso nem falta. Mas por que razão começaram a empregar adubos de nitrogênio? Por ocasião da Primeira Grande Guerra, devido à falta de alimentos e à necessidade de aumentar rapidamente sua produção, a Alemanha descobriu o meio de obter nitrogênio da atmosfera.
  • 16. Ao empregá-lo, conseguiu que a produção tivesse um aumento enorme. A partir de então, tal resultado foi difundido mundialmente, mas a verdade é que se trata de algo passageiro, que não se prolongará por muito tempo. Fatalmente o excesso de nitrogênio provocará o enfraquecimento do solo e acabará fazendo a produção diminuir. Entretanto, ainda não se compreendeu esse mecanismo. Em outras palavras, basta pensarmos que tudo isso é semelhante ao que ocorre com os toxicômanos. Há um fato para o qual devo chamar atenção: embora se adote a Agricultura Natural, a quantidade de tóxicos existentes no solo e nas sementes em conseqüência do cultivo tradicional, exercerá uma grande influência. Por exemplo: em alguns arrozais, a partir do primeiro ano haverá um aumento de 10% na produção; em outros, no primeiro e no segundo ano haverá uma redução de 10 a 20%; finalmente, a partir do terceiro ano, haverá um aumento de 10 a 20%, e daí em diante os resultados gradativamente alcançarão os índices esperados. Contudo, enquanto os resultados se apresentarem demasiado ruins, é porque ainda restam tóxicos de adubos artificiais em grande quantidade; para amenizar a ação destes últimos é bom acrescentar ao solo, provisoriamente, terras isentas de adubos. Existe outro fato muito importante: uma vez que o arroz absorve adubos químicos como o sulfato de amônia, esse violento tóxico é ingerido pelo homem diariamente e, mesmo em doses mínimas, de forma imperceptível, é óbvio que irá causar-lhe danos. Pode-se dizer que talvez seja essa uma das causas do aumento percentual das pessoas hoje acometidas por doenças. A seguir, enumero, de forma rápida, as vantagens econômicas do cultivo natural: 1 – Os gastos com adubos serão dispensados. 2 – Os trabalhos diminuirão pela metade. 3 – A safra aumentará enormemente. 4 – Os produtos aumentarão de peso específico, não diminuirão de volume ao serem cozidos e terão um delicioso sabor. 5 – O prejuízo causado pelos insetos nocivos diminuirá muito. 6 – Problemas que preocupam o homem como o das larvas e parasitas intestinais desaparecerão. Através das vantagens acima, poderão compreender a enorme bênção que é o nosso método de cultivo. Com a Agricultura Natural, o problema alimentar do Japão ficará solucio- nado, o que, além de tudo, irá motivar ou exercer boa influência sobre outros problemas – principalmente o que concerne à saúde do homem. Se essa técnica for difundida pelo nosso país, incrementar-se-á sua reconstrução, e não há a menor dúvida de que, um dia, ele chegará a ser visto, por todos os outros países, como uma nação de cultura elevada. Trabalhando nesse sentido, desejo fazer que o maior número possível de japoneses leia esta publicação especial. Por último, quero frisar que não tenho o mínimo propósito de divulgar nossa Igreja através do presente artigo, mesmo porque as pessoas alheias a ela poderão praticar a Agricultura Natural e alcançar bons resultados, conforme dissemos anteriormente. Parte II Examinando os relatórios provindos de várias regiões sobre os resultados da Agricultura Natural no ano passado, constatei que alguns agricultores, infelizmente, por ser ainda muito
  • 17. cedo, não puderam efetuar colheitas. Entretanto, como tenho dados suficientes, passo a relatar minhas impressões. Visto que a Agricultura Natural, antes de tudo, dispensa os adubos, até agora considerados como a vida dos produtos agrícolas, todos os tipos de censura lhe foram feitos pelos próprios familiares dos agricultores e por pessoas de suas aldeias, terminando por torná-la alvo de gozação e risos. Mas os praticantes do método suportaram tudo isso em silêncio e persistiram. Ao ler esses relatos, lágrimas de emoção me sobem aos olhos; sinto, também, um aperto no coração quando penso que, não fosse pela sua fé, eles nada teriam conseguido. Entretanto, partindo de pessoas que descendem de longas gerações totalmente dominadas pela superstição dos adubos, essa descrença de muitos é natural. Tudo isso me faz lembrar certos descobridores e inventores que a História registrou, cujas obras ainda hoje prestam serviços à humanidade, e que, mesmo sofrendo por mal-entendidos e opressões, continuaram lutando para ver reconhecidos os frutos de sua inteligência e trabalho. Esse difícil procedimento não poderia deixar de nos comover. Com base nisso, eu estava certo de que a Agricultura Natural encontraria, por algum tempo, oposição e dificuldades, mas também acreditava que ela não tardaria a mostrar resultados surpreendentes, bastando ter paciência durante certo período. Como eu esperava, posso notar, através dos relatórios chegados às minhas mãos, que finalmente o cultivo sem adubos está despertando interesse em vários setores. No início, as circunstâncias eram muito desfavoráveis e, como os próprios agricultores não tinham muita confiança no novo método, foram poucos os que abertamente começaram a praticá-lo; a grande maioria começou a experimentá-lo naquele estado de “confiar, desconfiando”. Além do mais, como a terra e as sementes ainda estavam muito impregnadas de tóxicos, no primeiro ano as plantas apresentavam folhas amarelas e talos muito finos, de modo que os plantadores chegavam a achar que elas secariam. Segundo suas próprias informações, isso os deixava tão inseguros e impacientes, que só lhes restava orar a Deus por um milagre; entretanto, diante dos bons resultados na época das colheitas, eles ficaram mais tranqüilos, embora só viessem a receber a coroa da vitória depois de ultrapassada essa fase difícil. 5 de maio de 1953 DANOS CAUSADOS PELAS PRAGAS São três as preocupações dos agricultores: o elevado preço dos adubos, os prejuízos causados pelas pragas e os danos decorrentes dos ventos e das chuvas. Como já expliquei, em capítulos anteriores, os malefícios dos adubos, passarei a falar agora sobre os danos causados pelas pragas. É importante saber, de forma conclusiva, que as pragas se originam dos adubos. Aplicados ao solo, eles acabam tornando-o impuro, modificam suas características, fazem regredir sua capacidade e, ao mesmo tempo, deixam sujeiras como resíduos. É óbvio que todas as matérias sujas apodrecem. Aí aparecem larvas ou ovos,juntamente com bactérias. Se essa é a lei da matéria, nela se enquadram as plantas. O aparecimento de vermes nas fossas comprova o que dizemos. As várias espécies de pragas originam-se dos diversos tipos de
  • 18. adubos. Dizem que ultimamente surgiram novas espécies, mas isso nada mais é que uma conseqüência do aparecimento de novos adubos. O fato é evidenciado pela afirmação dos agricultores de que existem muitos insetos nocivos em locais próximos às fossas. Outro ponto importante é que, quando aparecem pragas, utilizam-se defensivos agrícolas para combatê-las, o que é extremamente prejudicial. Os inseticidas são venenos e matam os insetos, mas, quando se infiltram no solo, acabam contaminando-o e enfraquecendo-o ainda mais. Assim, o que nele for cultivado sofrerá os danos causados por mais um veneno, além dos tóxicos dos adubos. O solo, da mesma forma que o homem, perde a resistência, e as pragas se multiplicam. É realmente um círculo vicioso. Nesse aspecto, inclusive, pode-se notar o quanto a agricultura tradicional está errada. Além do mais, ingerindo alimentos que absorveram substâncias venenosas como o sulfato de amônia contido nos fertilizantes, o corpo humano sofre os seus efeitos; e é óbvio que isso faça mal à saúde, pois suja o sangue. No caso do arroz, por exemplo, que se come diariamente, mesmo que a quantidade de veneno ingerido em cada refeição seja ínfima, ela vai se acumulando ao longo do tempo e torna-se a causa de doenças. 15 de janeiro de 1951 DANOS CAUSADOS PELAS CHUVAS E VENTOS Os danos causados pelas chuvas e ventos tendem a aumentar de ano para ano, e tanto o governo como o povo estão bastante preocupados em evitá-los. As obras preventivas são de altíssimo custo, de modo que, no momento, adotam-se apenas soluções improvisadas; todavia, alguma coisa deverá ser feita, já que os prejuízos se repetem a cada ano. Atualmente, não há outra alternativa a não ser procurar diminuí-los. Com a nossa Agricultura Natural, entretanto, as raízes das plantas se tornam mais resistentes, a incidência de quebra dos caules é mínima, e não ocorre queda das flores nem apodrecimento dos caules após a irrigação. Mesmo quando as outras áreas de plantio são afetadas consideravelmente, as da Agricultura Natural sofrem danos irrisórios, o que as pessoas acham muito estranho. Observando as extremidades das raízes, vemos que elas apresentam formações capilares mais longas e em maior quantidade que as das plantações convencionais, circunstância que lhes proporciona enorme resistência nessas ocasiões. Estabelecendo analogia com o homem, está comprovado que as pessoas que comem apenas alimentos frescos e sem tóxicos são sadias. O mesmo acontece com as plantas, e isso não se limita ao trigo ou arroz. Segundo os agricultores, as plantas de baixa estatura e folhas pequenas são as que oferecem as melhores safras, as que dão mais frutos. É justamente o que ocorre na Agricultura Natural; pode-se ver, portanto, como ela é ideal. Além do mais, seus produtos apresentam excelente qualidade e sabor, reconhecidos por todos aqueles que já a experimentaram. A razão disso é que, quando se utilizam adubos, os nutrientes são absorvidos na maior parte pelas folhas, o que as faz crescer demasiadamente, afetando a frutificação. Acrescente-se que a quantidade de arroz obtida através da Agricultura Natural é bem maior; já se conseguiram até cento e cinqüenta brotos com uma só semente, resultando
  • 19. em cerca de quinze mil grãos – recorde admirável. Outra característica do arroz produzido por esse método é que a sua palha se apresenta bastante forte e fácil de ser trabalhada. 15 de janeiro de 1951 O GLOBO TERRESTRE RESPIRA Todos sabem que os seres vivos respiram. Na verdade, a respiração é uma propriedade de todos os seres até mesmo dos vegetais e dos minerais. Se eu disser que o globo terrestre também respira, muitos poderão achar estranho; todavia, com a explanação que farei a seguir, tenho certeza de que ninguém irá discordar. O globo terrestre respira uma vez por ano. A expiração inicia-se na primavera e chega ao ponto culminante no verão. O ar que ele expira é quente, como no caso da respiração do homem, e isso se deve à dispersão do seu próprio calor. Na primavera essa dispersão é mais intensa, e tudo começa a crescer; as folhas começam a brotar e até o homem se sente mais leve. Com a chegada do verão, as folhas tornam-se mais vigorosas e, atingido o clímax da expiração, o globo terrestre recomeça a inspirar; daí as folhas principiarem a cair. Tudo toma, então, um sentido decrescente, e o próprio homem fica mais austero. O outro ponto culminante é o inverno. Essa é a imagem da Natureza. O ar expirado pelo globo terrestre é a energia espiritual do solo, que a Ciência denomina nitrogênio; graças a ele as plantas se desenvolvem. O nitrogênio sobe às camadas mais altas da atmosfera junto com a corrente de ar ascendente e lá se acumula, retornando ao solo com as chuvas. Esse é o adubo da Natureza, à base de nitrogênio. Por essa razão, é um erro retirar o nitrogênio do ar e utilizá-lo como adubo. É certo que com a aplicação de adubo químico à base de nitrogênio consegue-se o aumento da produção, mas seu uso prolongado acarreta intoxicação e envelhecimento do solo, pois a força deste diminui. Como é do conhecimento geral, o adubo à base de nitrogênio foi elaborado pela primeira vez na Alemanha, durante a Primeira Guerra Mundial. No caso de ser necessário aumentar a produção de alimentos devido à guerra, ele satisfaz o objetivo; entretanto, com o fim da guerra e o conseqüente retorno à normalidade, seu uso deve ser suspenso. Outro aspecto importante é o que diz respeito às manchas solares, que desde a antigüidade têm servido de assunto para muitos debates. A verdade é que essas manchas representam a respiração do Sol. Dizem que elas aumentam de número de onze em onze anos, mas isso acontece porque a expiração chegou ao ponto culminante. Com relação ao luar, considera-se que ele é o reflexo da luz do Sol, mas convém saber que o Sol arde graças ao elemento água, proveniente da Lua. Esta possui um ciclo de vinte e oito dias, e isso também constitui o seu movimento de respiração. 5 de setembro de 1948 PARAÍSO TERRESTRE “Paraíso Terrestre” é uma expressão que soa maravilhosamente. Não há nenhuma outra que inspire mais Luz e Esperança. A maioria das pessoas, no entanto, considera o Paraíso
  • 20. Terrestre uma utopia, algo sem qualquer possibilidade de realização. Quanto a mim, creio na sua chegada e sinto-a bem próxima. Meditemos na grande advertência bíblica: “Arrependei-vos, porque é chegado o Reino dos Céus”. Parece-nos impossível que o grande fundador do poderoso cristianismo, que influenciou metade do mundo, tenha proferido palavras sem fundamento. É natural que todos queiram saber o que seja o Paraíso Terrestre. Vou descrevê-lo apelando para a imaginação. O Paraíso Terrestre pode ser compreendido como o Mundo dos Felizes. Será um mundo de alta civilização, isento de doença, pobreza e conflito. Cabe a nós, entretanto, encontrar a forma de minorar o sofrimento humano e transformar em paraíso este mundo repleto de males. Inicialmente, precisamos descobrir como eliminar a doença, pois, entre as três grandes desgraças que citamos, ela é a principal. Em seguida, temos de vencer a pobreza, cuja causa primária é a doença; os pensamentos errados, as falhas políticas e a deficiente organização social são causas secundárias. Quanto à inclinação para o conflito é motivada pelo estado selvagem de que a humanidade ainda não conseguiu se libertar. Portanto, é essencial eliminar as três grandes desgraças. Como adquiri confiança na solução desses problemas, vou esclarecer a realidade da forma mais simples possível. Todos aqueles que ingressam em nossa Igreja e seguem seus ensinamentos, para sua própria surpresa, vão sendo purificados espiritual e fisicamente, libertam-se pouco a pouco da pobreza e tomam aversão aos conflitos. Há inúmeras experiências de fé provando que a maioria dos fiéis, com o correr dos anos, goza de crescente felicidade. É condenável salientar os defeitos alheios, mas, neste momento, devo fazer referência às pessoas que, embora possuam fé, tombam nas garras de doenças fatais ou continuam vivendo de forma miserável, porém satisfeitas e contentes. Comparando-as com os descrentes, pode ser que estejam salvas espiritualmente, mas não fisicamente. A salvação foi feita pela metade. A Verdadeira Salvação abrange o espírito e o corpo. Numa família, todos devem tornar-se saudáveis, libertar-se da pobreza e usufruir de alegria plena. Até hoje, porém, visava-se apenas à salvação do espírito, não havendo preocupação com o corpo físico; todos se resignavam, considerando que a Fé limita-se à salvação da alma. Muitos religiosos afirmam que a Fé que busca obter graças imediatas é de nível inferior. Trata-se de uma concepção ilógica, pois não há quem não aspire a graças imediatas. Se alguém se queixa de dores físicas, é estranho retrucar que o homem deve superar a vida e a morte. Ora, ninguém é capaz de tal superação. Pensar que se conseguiu tal coisa é enganar a si próprio. Um episódio relacionado à história do mestre Takuan é bem ilustrativo. Quando ele estava às portas da morte, cercado de pessoas, alguém lhe solicitou que escrevesse uma frase. Takuan, tomando da pena, escreveu: “Não quero morrer.” Imaginando algum engano, pois julgavam que um mestre tão notável não escreveria tal coisa, entregaram-lhe novamente a pena e o papel. E o mestre escreveu: “Não quero morrer de maneira alguma.” Admiro essa atitude. Em igual circunstância, a tendência vaidosa seria escrever: “Acaso temerei a morte?” O mestre, porém, abandonou todo falso orgulho e revelou francamente seus sentimentos. Isso merece consideração, porque um simples bonzo não conseguiria agir assim.
  • 21. Muitas pessoas que pretendem salvar o próximo, fazem autopropaganda, apesar de ainda não viverem livres das desgraças. A intenção pode ser boa, mas os meios são incorretos. Só devemos pensar em conduzir aqueles que são vítimas de sofrimentos e misérias, quando já tivermos conseguido a nossa própria salvação e felicidade; então, poderemos trazê-los ao nível em que estamos. Nossos semelhantes sentir-se-ão atraídos ao presenciar nosso estado feliz. É quando a propaganda surte cem por cento de efeito. Eu mesmo não ousei difundir meus ensinamentos antes de me encontrar em boas condições. Só o fiz quando me senti abençoado pelas Graças Divinas. Se considerarmos que o Paraíso Terrestre é o Mundo dos Felizes, concluiremos que, no lugar onde as pessoas se reúnem e se tornam felizes, está estabelecido o Paraíso Terrestre. 25 de janeiro de 1949 A RESPEITO DO PARAÍSO TERRESTRE Diariamente, através do rádio e dos jornais, tomamos conhecimento de que a sociedade está repleta de males. Numa visão a grosso modo, e excluindo a guerra, podemos enumerar a corrupção dos funcionários públicos, assassinatos, roubos, fraudes, suicídios, tuberculose e outras doenças contagiosas, falta de alimentos, crises habitacionais, dificuldades financeiras, opressão de impostos, etc. As coisas boas são tão poucas quanto as estrelas do amanhecer... Então surge a dúvida: por que a sociedade chegou até esse ponto? Realmente, pode ser que existam muitas causas, mas, em poucas palavras, diríamos que a situação é decorrente da decadência moral e também da acentuada decadência do nível do homem. É por isso que, ultimamente, os entendidos no assunto e os educadores começaram a interessar-se por essa questão. Outra causa que pode ser levantada é que, após a Segunda Grande Guerra, o pensamento liberal passou dos limites. Parece que se discute a reforma e o incremento da educação, da moral e da educação cívica por não haver outra alternativa. Mas é interessante observar que, em tais ocasiões, o Japão nunca recorre à Religião, o que talvez possa ser explicado. As religiões antigas são fracas demais, e as novas, em sua maioria, são supersticiosas e falsas. É por isso que, como todos vêem, ainda não se conseguiu achar um caminho que levasse à solução radical do problema. Eu, porém, elaborei um plano concreto, objetivando solucioná-lo de forma diferente. Para começar, baseei-me nas diversões populares. Naturalmente, em qualquer época, a grande massa popular necessita de diversões. Na sociedade atual, entretanto, as que existem são de baixíssima categoria. De fato, teatro, cinema, esporte, xadrez, dominó, etc., são diversões aceitáveis, mas acho que se fazem necessárias recreações de nível ainda mais elevado. É com esse objetivo que a nossa Igreja está construindo o protótipo do Paraíso Terrestre, nas terras de Hakone e Atami. Como já escrevi várias vezes, aí será construído o paraíso ideal, onde se acham perfeitamente harmonizadas a beleza natural e a beleza criada pelo homem. Um projeto grandioso como esse, não creio que já tenha sido elaborado por alguém. Encantada com a atmosfera tão diferente do mundo a que está acostumada, qualquer pessoa, nesses locais, esquece-se de tudo e até pensa estar em cima das nuvens. Visto que isso acontece antes mesmo de termos concluído metade da obra, todos ficam maravilhados.
  • 22. O protótipo de Hakone já está próximo de sua conclusão, mas, como é uma obra de pequena escala, falarei a respeito do protótipo de Atami, em plena construção, atualmente. No jardim de cem mil metros quadrados, com altos e baixos, estão sendo plantados arbustos e árvores que dão flores, como ameixeiras, cerejeiras, azaléias, etc., mescladas com árvores que estão sempre verdes. Também está em fase de preparação a construção de um jardim com as mais diversas variedades de flores. Pela sua beleza encantadora na primavera e pela paisagem da Baía de Sagami, que se pode avistar ao longe, não seria exagero dizer que o protótipo de Atami é um enorme e ideal “Jardim do Éden”. Como localização, este protótipo do Paraíso Terrestre está situado no melhor local de Atami. Além do mais, para acrescentarmos maior beleza ao lugar, construiremos um magnífico museu de belas-artes, cuja conclusão certamente fará com que o protótipo do Paraíso Terrestre de Atami se torne alvo da admiração não só de japoneses como de estrangeiros. Por conseguinte, qualquer pessoa que visite esse local purificará seu espírito maculado pelas condições do mundo, e sua alma, completamente árida, será regada na própria fonte. Assim revigorada, seu trabalho renderá mais e, naturalmente, seu caráter também se elevará. Por isso, a contribuição do protótipo do Paraíso Terrestre para o espírito das pessoas da sociedade será inestimável. 1º de janeiro de 1952 CONSIDERAÇÕES SOBRE O PARAÍSO TERRESTRE O Paraíso Terrestre a que costumamos nos referir, é, em termos mais claros, o Mundo do Belo. Em relação ao homem, é a beleza dos sentimentos, o belo espiritual. Naturalmente, as palavras e atitudes do homem devem ser belas. Da expansão do belo individual nasceria o belo social, isto é, as relações pessoais se tornariam belas, assim como também as casas, as ruas, os meios de transporte e as praças públicas. Em grande escala, como é natural que a limpeza acompanhe o Belo, a política, a educação e as relações econômicas também se tornariam belas e limpas, da mesma forma que as relações diplomáticas entre os países. Pensando desse modo, podemos perceber o quanto a sociedade contemporânea está cheia de fealdade e maldade. Nas classes baixas, principalmente, o Belo é escasso demais, em virtude das péssimas condições financeiras, que causam a decadência do ensino e a precariedade dos estabelecimentos e instalações de atendimento ao público. Daí, conseqüentemente, nasce a intranqüilidade social. Agora, gostaria de falar em especial sobre a parte relativa às diversões. Nesse campo, o Belo precisa ser muito enriquecido, pois a consciência do Belo é o que de melhor existe para a elevação dos sentimentos humanos. Esse é um dos motivos pelos quais sempre incentivamos a Arte. Nem é preciso mencionar o quanto o baixo nível das artes, na época atual, está degradando a espiritualidade das pessoas. Como se vê, o fator essencial para a criação do Mundo do Belo é o poder econômico. Enquanto o povo for pobre, não poderemos sequer sonhar em concretizar esse mundo. Mas como fortalecer o poder econômico? Se todos os indivíduos trabalharem com total empenho visando a elevar o poder de produção, estarão fortalecendo-o. A condição básica para tanto é
  • 23. a saúde de cada indivíduo. E a saúde é o principal objetivo de nossa Igreja, o que se torna evidente pelo grande número de pessoas perfeitamente saudáveis que estamos conseguindo criar unicamente com o poder de purificação por nós manifestado. Portanto, devemos dizer que a Igreja Messiânica Mundial é a primeira religião à qual Deus atribuiu a qualificação para o estabelecimento do Mundo do Belo. Concretizá-lo, é questão de tempo. Para se certificarem dessa verdade, basta observarem atentamente a atuação de nossa Igreja daqui em diante. 3 de junho de 1950 A ARTE DE DEUS Como seres contemporâneos, é chegada a hora de nos conscientizarmos da época em que estamos vivendo. Vou explicar o que isso significa. A cultura material progrediu tanto que, através da invenção do rádio, da televisão e de outros meios de comunicação, podemos tomar ciência dos acontecimentos mundiais em poucos instantes. Se não compreendermos a importância desse fato, não poderemos falar sobre a civilização atual. Nos Estados Unidos, começou-se a falar, há alguns anos, sobre a Nação Universal e Governo Universal. Tais expressões não estarão prenunciando, para um futuro próximo, o advento de um mundo ideal? Será, com efeito, um grande acontecimento. Quando raiar esse dia, naturalmente se escolherá um Presidente Mundial, e qualquer nação poderá apresentar seus candidatos. Entretanto, para o nascimento desse Novo Mundo, será necessário haver uma enorme revolução em todos os setores, especialmente no pensamento humano. Obviamente, todos os “ismos” serão varridos, e, ao mesmo tempo, haverá unificação dos pensamentos. Para melhor compreensão, darei um exemplo. Suponhamos que um exímio pintor pinte um grande quadro representando o mundo. Ele o expressaria com a máxima beleza, através de linhas e cores variadas, sem nenhum defeito, com Técnica Divina. Como não é difícil imaginar, os preparativos para a pintura desse quadro levariam vários milênios. As primeiras linhas seriam o mais importante, pois representariam as fronteiras dos países, e levariam muito tempo para serem traçadas. Em seguida, viria a escolha das cores: vermelho, azul, amarelo, branco, violeta, enfim, uma variedade delas. A título de experiência, tentemos aplicar isso aos diferentes povos e países. Quero, porém, alertar-lhes que se trata apenas de uma suposição. Cada país desempenharia uma função de acordo com a peculiaridade de sua cor. Desenhadas as linhas e usadas habilmente as cores, estaria pronto o quadro do mundo. E que mais poderia ser este quadro senão a Grande Arte de Deus Todo-Poderoso? Até hoje, entretanto, considerando a cor de seu país a melhor de todas, os homens quiseram pintar o quadro somente com essa cor, razão pela qual não foi possível obterem êxito. Naturalmente, outro fator que eles não levaram em conta foi o tempo. A derrota sofrida pelo Japão e pela Alemanha na última guerra ilustra muito bem o que estamos dizendo. Por analogia, os “ismos” ou ideologias podem ser comparados às tintas fabricadas por cada país. Conseqüentemente, uma nação não pode tentar pintar além da sua linha limite, porque isso provoca atritos com as outras, cujos objetivos são os mesmos. Como esses atritos constituem um estorvo para o quadro do mundo, elaborado por Deus com base no amor à humanidade, obtém-se apenas um sucesso temporário. Vejamos.
  • 24. A maioria dos heróis que apareceram desde os tempos antigos, acabaram sendo derrotados por terem cometido o erro de criar obstáculos para a Arte de Deus. Baseadas nesse fato, as potências mundiais, ao invés de tentarem pintar os outros países com a sua cor, devem se esforçar para tornar mais viva e mais bela a cor de cada país. Se adotarem essa política, estarão concordes com a Vontade Divina, e assim se concretizará o Mundo Ideal. Estes são os motivos pelos quais é necessário pensar na Religião. Entretanto, na forma como vêm sendo praticadas até hoje, cada uma querendo pintar a outra com a sua cor, as reli- giões deixam de acompanhar a marcha do tempo, ficando em desacordo com o Plano de Deus. Por isso, precisamos entender a Vontade Divina que está por trás do progresso da civilização e, dando-nos as mãos, fazer de todas as religiões uma só força, para a construção do mundo Ideal que está prestes a surgir. 20 de dezembro de 1949 RELIGIÃO E ARTE Sempre dizemos que o objetivo de Deus é construir o Paraíso Terrestre. Ora, se o Paraíso Terrestre é um mundo sem conflitos, um mundo de eterna paz e absoluta Verdade, Bem e Belo, a Arte terá um desenvolvimento extraordinário. Segundo diz um antigo ditado, a Religião é a mãe da Arte; é óbvio, portanto, que ambas estão profundamente relacionadas. Todavia, é interessante notar que, entre os fundadores das inúmeras religiões que surgiram até hoje, foram poucos os que demonstraram interesse artístico. Dos religiosos que se destacaram nesse campo, podemos citar: no Ocidente, o pintor Leonardo da Vinci e os compositores Bach e Hendel; no Japão, a arte budista do príncipe Shotoku, Gyoki, as esculturas de Kukai, etc.; na China, durante a Era So-Guem, e no Japão, durante a Era Tempyo, as pinturas de alguns bonzos. Vou explicar a causa do desinteresse dos religiosos pela Arte. Como o mundo se achasse completamente mergulhado na Era da Noite e a Era da Luz estivesse longe demais, não havia necessidade de preparativos para a concretização do Paraíso Terrestre. Em outras palavras, estava-se na época infernal. Encontrando-se em condição infernal e não em situação celestial, os fundadores de religiões, para difundir seus ensinamentos, tiveram de percorrer caminhos espinhosos e passar por enormes sofrimentos. Sendo assim, não havia motivo para se falar em Paraíso ou Arte, e até podemos dizer que nenhum deles afirmou que iria construir o Paraíso Terrestre. Contudo, houve profecias sobre o advento de um mundo ideal, embora não se esclarecesse quando. Entre elas, podemos citar o “Mundo de Miroku”, anunciado por Buda; o “Reino dos Céus”, profetizado por Cristo; a “Agricultura Justa”, de Nitiren; o “Pavilhão da Doçura”, do fundador da Igreja Tenrikyo, e o “Mundo dos Pinheiros”, do fundador da Igreja Oomotokyo. Foi-nos revelado, porém, que finalmente o tempo é chegado. Como o Paraíso está prestes a nascer, queremos anunciar o seu advento para toda a humanidade. Naturalmente, seria impossível imaginar que um projeto tão grandioso – que poderíamos considerar um sonho – pudesse ser concretizado com a força humana; entretanto, como se trata do Plano de Deus, Todo-Poderoso, não resta a menor dúvida que ele se tornará realidade. Atualmente, Deus está manifestando inúmeros milagres para demonstrar Sua Força e, dessa maneira, infundir-nos uma sólida fé. Poderão compreender isso ao ver que todos os messiânicos, experimentando tais milagres, vão adquirindo uma fé inabalável. Visando à concretização do Plano Divino, a Igreja Messiânica Mundial não mede esforços para promover a Arte. E é para iniciar essa promoção que estamos construindo os
  • 25. protótipos do Paraíso Terrestre de Hakone e Atami, em locais de magnífica paisagem. Se as pessoas não estiverem conscientes desses pontos, não conseguirão entender o verdadeiro significado do nascimento de nossa Igreja. Em resumo, as religiões existentes até hoje tiveram a missão de preparar os alicerces para a construção do Paraíso Terrestre, e a missão da Igreja Messiânica Mundial é concretizá-la. 6 de maio de 1950 RELIGIÃO E ARTE O conceito atual de que Religião está desligada da Arte parece-me um grande equívoco. Enobrecer os sentimentos do homem e enriquecer-lhe a vida, proporcionando-lhe alegria e sentido, é a missão da Arte. Os entendidos no assunto sentem indizível prazer em apreciar as flores, na primavera, e as paisagens campestres ou marítimas. Não é exagero dizer que o Paraíso Terrestre, que temos por ideal, é o Mundo da Arte, o qual não é outro senão o mundo da Verdade, do Bem e do Belo, a que costumo me referir. A Arte é a representação do Belo. Mas por que será que ela foi negligenciada até os nossos dias? Monges antigos e famosos demonstraram notável genialidade no campo artístico, esculpindo e construindo templos. Entre esses artistas religiosos, sobressaiu o príncipe Shotoku. Dificilmente se pode crer, dizem todos, que a magnificência arquitetônica do Templo Horyuji, de Nara – obra-prima do príncipe – e as pinturas e esculturas que adornam o seu interior, tenham sido criadas há mais de mil e trezentos anos. Por outro lado, como houve muitos monges que divulgaram doutrinas adotando a simplicidade e o ascetismo, certamente nasceu o conceito de que não há nenhuma relação entre a Arte e a Religião. Aqui impera a Verdade e o Bem, mas falta o Belo. Pelas razões expostas, pretendo fazer uma grande divulgação da Arte. 25 de janeiro de 1949 RELIGIÃO ARTÍSTICA Sempre se pensou que não há muita relação entre Arte e Religião. Entretanto, no Japão, as manifestações artísticas tiveram início com a arte budista, não obstante se limitassem a simples quadros, estátuas, tecelagem, etc. No que se refere à música, existiam instrumentos tais como “sho” (2), “hitiriki” (3), “mokugyo” (4) e “dora” (5) e os sons emitidos na leitura dos sutras budistas. Por isso, podemos dizer que se tratava de uma arte primitiva. Mais tarde, estimulada pela introdução das artes chinesa e coreana no país, a arte japonesa passou por um período de imitações, até que conseguiu criar um estilo próprio. Atualmente, com a importação da cultura ocidental, também foi introduzida a arte do Ocidente. Principalmente após a Era Meiji (1868-1912), afluíram, com grande intensidade, as artes dos Estados Unidos e da Europa. Em conseqüência, no panorama artístico japonês da
  • 26. época atual, encontram-se as melhores obras de todo o mundo, as quais estão sendo absorvidas e assimiladas, de modo que, aos poucos, vai se criando uma arte universal. Por isso, talvez possamos afirmar que o Japão é um centro cultural. Não existe, ou melhor, nunca existiu uma religião que desse tanta importância à Arte quanto a Igreja Messiânica Mundial. Isto porque o Paraíso Terrestre – nosso objetivo último – é o Mundo da Arte. Obviamente, se ele é um mundo isento de doença, pobreza e conflito, isto é, o mundo de perfeita Verdade, Bem e Belo, o homem seguirá a Verdade, amará o Bem e odiará o Mal; assim, todas as coisas se tornarão belas. Nesse sentido, a Arte não será apenas um deleite indispensável; ela constituirá a própria vida e se desenvolverá intensamente. Ou seja, o Paraíso Terrestre será o Mundo da Arte. Eis o motivo pelo qual tenho grande interesse por ela e pretendo incentivá-la bastante, no futuro. Como primeiro passo, estou construindo o protótipo do Paraíso Terrestre, em Atami; quando ele estiver concluído, atrairá ainda mais a atenção da sociedade, recebendo muitos elogios. Infalivelmente, merecerá consideração a nível mundial. Portanto, estamos dando prosseguimento aos planos sob essa diretriz. 6 de junho de 1951 CIÊNCIA E ARTE O mundo contemporâneo pensa que tudo pode ser resolvido pela Ciência. Entretanto, embora quase ninguém chegue a perceber, existem diversas coisas importantes que a Ciência não consegue resolver. Analisemos a Arte, por exemplo. A pintura e as mais diversas expressões artísticas, como a literatura, a música, o cinema e até o teatro, possuem algum teor científico, mas não é preciso dizer que estão quase totalmente fundamentadas no conjunto da genialidade, inteligência, consciência e esforço do homem. Todos sabem o quanto a Arte é necessária para a sociedade humana. Se ela não existisse, a vida seria seca e sem sabor, como se estivéssemos dentro de uma cela de pedra. Exemplifiquemos: sempre que caminho pela cidade, sinto que, se não houvesse lojas, residências e prédios ao redor, e eu não pudesse ver o verde das árvores da rua ou dos jardins das casas, mas apenas uma parede semelhante à de um presídio de uma só cor sombria, prolongada em linha reta, talvez eu não suportaria andar sequer alguns quarteirões. Assim, a bela visão proporcionada pelo rico colorido das casas, pelas diferentes feições e expressões das pessoas, com sua maneira característica de se vestir e de andar – a exuberância dos jovens exibindo a moda; as pessoas de idade, os recém-chegados do interior – enfim, os infinitos aspectos que encontramos, cada um com algo de interessante, é que nos permitem andar pela rua sem entediar-nos. Quando nos distanciamos da cidade, dentro de um ônibus ou de um trem, não ficamos cansados porque a paisagem variada – montanhas, rios, plantas, árvores e plantações – nos faz passar o tempo. Além do mais, as diversas transformações ocasionadas pelo clima das estações enriquecem o nosso sentimento. O mundo é realmente uma arte criada pela Natureza e pela mão do homem. É por isso que vale a pena viver. Pensando dessa forma, poderão concluir que até a Ciência é uma parte da Arte e entender, portanto, que ela tem uma função auxiliar. Assim, é por demais evidente que há uma ligação inseparável da Arte com a vida do homem. Ante essa evidência, a Igreja
  • 27. Messiânica Mundial interessa-se pela Arte e estimula-a como nenhuma religião o fez até agora. Entretanto, até mesmo na Arte existem níveis. Se ela é de nível inferior, corre o perigo de abaixar o nível das pessoas, levando-as à degradação, motivo pelo qual é preciso muita cautela. Por isso, a Arte deve ser de nível elevado – uma arte que, deleitando a pessoa, eleve o seu sentimento. A teoria é fácil, mas existirão organizações que se encarreguem disso? Quanto ao exterior, nada posso afirmar; porém, todos sabem que, nesse ponto, a situação do Japão é muito precária. Para corrigir essa falha, nossa Igreja está efetuando a construção do protótipo do Paraíso Terrestre, do qual faz parte o Museu de Belas-Artes. Há um sábio e antigo ditado que diz: “A Religião é a mãe da Arte”. Ele exprime muito bem a atividade de construção que estamos desenvolvendo. 30 de abril de 1952 A MISSÃO DA ARTE Cada coisa existente no Universo possui uma utilidade específica para a sociedade humana, ou seja, uma missão atribuída pelos Céus. Naturalmente, a Arte não constitui exceção. Portanto, uma vez que o artista é um membro da organização social, ele deve conscientizar-se de sua missão e exercê-la plenamente, pois essa é a Verdadeira Arte e também a responsabilidade que lhe cabe. Entretanto, quando observo os artistas da atualidade, não posso deixar de ficar decepcionado com as atitudes inconseqüentes da maioria. É claro que existem artistas excelentes, mas a maior parte se esquece da sua responsabilidade, ou melhor, não tem nenhuma consciência dela. Além do mais, eles constituem um problema, pois, tendo-se como criaturas superiores, fazem o que bem entendem sem a menor vergonha. Acham que, agindo de acordo com sua própria vontade, estão manifestando sua personalidade e seu caráter de gênio. A sociedade, por sua vez, os superestima, considerando-os pessoas especiais, e aprova quase tudo que eles fazem. Por isso, sua mania de grandeza torna-se ainda maior. É preciso, todavia, que o caráter dos artistas seja muito mais elevado que o das pessoas comuns. Explicarei isto com base na Religião. Inegavelmente, nos primórdios da sua história, a humanidade possuía muitas características animais, mas não há dúvida de que, após a era selvagem, ela veio progredindo gradativamente, construindo-se, pouco a pouco, a civilização ideal. Neste sentido, o progresso da civilização consiste na eliminação do caráter animal do homem. Alcançar esse nível é alcançar a Verdadeira Civilização. Ainda hoje, porém, a maioria das pessoas está sujeita ao terror da guerra, prova de que persiste no homem uma grande parcela de características animais. Assim, cabe ao artista uma grande missão: ele é um dos encarregados da eliminação de tais características. Torna-se necessário, portanto, elevar o caráter do homem por meio da Arte. Naturalmente, esse objetivo será alcançado através da literatura, da pintura, da música, do teatro, do cinema e de outras artes. O espírito dos artistas, comunicando-se por esses veículos, influenciará o espírito do povo. Falando mais claro, as vibrações espirituais emitidas pela alma do artista tocarão a sensibilidade das pessoas através das obras literárias, da pintura, dos instrumentos musicais, dos cantos, das danças, etc. Em outras palavras:
  • 28. haverá uma sólida ligação entre o espírito do artista e o espírito de quem apreciar suas obras. Se o caráter daquele for baixo, o das pessoas também se degradará; obviamente, se for um caráter elevado, terá o efeito contrário. Eis a importância da Arte. O artista deve funcionar como orientador espiritual do povo. Neste sentido, não seria exagero afirmar que uma parte da responsabilidade do aumento do mal social cabe aos artistas. Vejamos: erotismo cada vez mais vulgar, literatura cada vez mais grotesca, quadros cada vez mais monstruosos; as opiniões dos artistas, assim como também a música, o teatro e o cinema, cada vez piores. Se analisarem minuciosamente tais fatos, certamente compreenderão que a minha tese não é errada. 15 de outubro de 1949 PARAÍSO – MUNDO DA ARTE Costumo dizer que o Paraíso é o Mundo da Arte, mas isso não deixa de ser um conceito bastante resumido. Naturalmente, o aperfeiçoamento da Arte é desejável, seja a pintura, a escultura, a música, as artes cênicas, a dança, a literatura, a arquitetura, etc., entretanto, para se poder falar em Paraíso, é preciso que todas as artes estejam reunidas, ou melhor, que tudo seja artístico. Segundo o meu princípio, a solução dos sofrimentos pela Graça Divina não é outra coisa senão a magnífica Arte da Vida, isto porque a Arte, na sua essência, deve satisfazer as condições da Verdade, do Bem e do Belo. Em primeiro lugar, no sofredor não há, fundamentalmente, Verdade. O homem deve ser sadio por natureza. Quando ele perde a saúde espiritual ou material, significa que deixou de ser o que era: Verdade. Tomemos por exemplo uma jarra: se ela apresentar um defeito, perderá sua utilidade. Como objeto, nela não há Verdade se deixar vazar água, se cair quando a colocarmos em pé, ou quebrar-se quando tentarmos usá-la. Para que a jarra possa ser utilizada, é preciso consertá-la. O mesmo acontece com os homens. Se uma pessoa, por motivo de doença não puder cumprir as missões para as quais foi criada, tornar-se-á inútil para a sociedade. Deverá, pois, submeter-se à reforma que vem a ser o Johrei da nossa Igreja, prece a Deus em favor de quem sofre. A seguir, consideremos o Bem. Se não houver, no homem, nenhuma parcela de Bem e ele praticar somente o mal, também deixará de ser um homem verdadeiro: será um animal. Tal espécie de homem prejudicaria a coletividade em que vive, e precisaríamos, ao invés de condená-lo, evitar sua existência. Mas isso compete a Deus, que possui o direito sobre a vida e a morte. Inúmeras pessoas tornam-se vítimas do fracasso, da doença e da pobreza; algumas chegam até a perder a vida. Elas estão sendo julgadas por Deus. Entretanto, embora se fale no mal de forma genérica, existe aquele que é praticado conscientemente e aquele que é praticado inconscientemente. O sofrimento varia de acordo com essa diferença. A justiça é perfeita. Dispenso maiores explanações sobre o Belo, por ser assunto do domínio de todos; mas, como temos dito, a condição fundamental para transformar este mundo em paraíso está na
  • 29. concretização da Verdade, do Bem e do Belo. Assim, tanto a eliminação das máculas causadoras das doenças, como a reformulação dos métodos agrícolas, são, logicamente, artes. A primeira é a Arte da Vida, e a segunda, a Arte da Agricultura. Acrescentemos, ainda, a construção do protótipo do Paraíso Terrestre, que é a Arte do Belo. Com a junção das três, construiremos o Mundo da Luz, consubstanciado na trindade Verdade-Bem-Belo. É o Paraíso Terrestre, ou a concretização do Mundo de Miroku. 4 de outubro de 1950 O PARAÍSO É O MUNDO DO BELO Os fiéis da nossa Igreja estão bem cientes de que o objetivo de Deus é a construção do mundo ideal, de perfeita Verdade, Bem e Belo. Sendo assim, o objetivo de Satanás, Seu antagonista, é obviamente a Falsidade, o Mal e a Fealdade. Falsidade e Mal não necessitam de explicações; portanto, falarei a respeito da Fealdade. Neste mundo, existem coisas erradas. Há casos, por exemplo, em que a Fealdade se associa à Verdade e ao Bem. Ao ver tais fatos, muitas vezes as pessoas fazem deles alvo de admiração e respeito. Em termos mais claros, desde tempos remotos, não são poucas as pessoas que, comendo e vestindo-se precariamente, morando em cabanas, enfim, vivendo uma vida miserável, realizam práticas virtuosas para o bem do próximo e da sociedade. Realmente, se suas condições de vida fossem desfavoráveis, isso seria inevitável para elas poderem sobreviver, mas algumas, mesmo tendo condições para viverem de modo diferente, escolhem espontaneamente tal forma de vida, o que acredito não ser desejável. Entre elas, encontram-se muitos religiosos que escolhem uma vida de abstinência como meio de aprimoramento, achando ser um meio excelente. Quem vê isso, considera-os pessoas sublimes. Mas, para falar a verdade, esse pensamento não é correto, pois se negligencia um fator importantíssimo, que é o Belo; ou seja, temos Verdade, Bem e Fealdade. Neste sentido, desde que não ultrapassem as condições adequadas a cada indivíduo, as vestes, a alimentação e a moradia do homem devem ser utilizadas da maneira mais bela possível, porque isso está de acordo com a Vontade Divina. Além do mais, o Belo não é simplesmente uma satisfação individual, mas também o que causa uma sensação agradável aos outros; assim, podemos dizer que é uma espécie de boa ação. Na verdade, quanto mais alto grau de civilização a sociedade alcançar, tudo deverá se tornar mais belo. Pensem bem. Na vida dos selvagens não existe quase nenhuma beleza. Por isso, também podemos dizer que o progresso da civilização é, em parte, o progresso do Belo. Naturalmente a nível individual, os homens também devem procurar manter uma beleza adequada, para causar boa impressão às demais pessoas; sobretudo as mulheres, devem procurar mostrar-se ainda mais belas. Talvez não seja da minha conta falar-lhes semelhantes coisas, mas é a pura verdade: dentro de casa, deve-se sempre ter o cuidado de não deixar teias de aranha no teto, de conservar o assoalho tão limpo que não haja nem um cisco, de arrumar logo os objetos desagradáveis à vista e deixar os utensílios bem organizados. Assim, tanto os moradores da casa como as visitas sentir-se-ão bem, o sentimento de respeito nascerá naturalmente, e o conceito do chefe da casa também se elevará. Devemos, ainda, cuidar do