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Desde cedo, o tema da  morte  frequentou a poesia de Drummond.  Ainda jovem, ele escreveu poemas de profunda maturidade sobre a grande sombra.  Confira, por exemplo, os poemas  "Morte no Avião"  e  "Os Últimos Dias",   ambos de  A Rosa do Povo   (1945).
Mais impressionante ainda é  "Como Encarar a Morte",   no qual o poeta "visualiza" o fim da existência de cinco ângulos:  de longe;  a meia distância;  de lado;  de dentro;  e (terrível!) sem vista.
Repare na rica sutileza das imagens para falar da indesejada sem nunca citar o nome dela:   "o viajante sem identidade";   "o gás de um estado indefinível".   É no trato de um assunto espinhoso  como esse que se vê quem de fato merece o título de poeta. 
De longe Quatro bem-te-vis levam nos bicos o batel de ouro e lápis-lazúli, e pousando-o sobre uma acácia cantam o canto costumeiro.
O barco lá fica banhado de brisa aveludada, açúcar, e os bem-te-vis, já esquecidos de perpassar, dormem no espaço.
A meia distância Claridade infusa na sombra, treva implícita na claridade? Quem ousa dizer o que viu, se não viu a não ser em sonho?
Mas insones tornamos a vê-lo e um vago arrepio vara a mais íntima pele do homem. A superfície jaz tranquila.
De lado Sente-se já, não a figura, passos na areia, pés incertos, avançado e deixando ver um certo código de sandálias.
Salvo rosto ou contorno explícito, como saber que nos procura o viajante sem identidade? Algum ponto em nós se recusa.
De dentro Agora não se esconde mais. Apresenta-se, corpo inteiro, se merece nome de corpo o gás de um estado indefinível.
Seu interior mostra-se aberto. Promete riquezas, prêmios, mas eis que falta curiosidade, e todo ferrão de desejo.
Sem vista Singular, sentir não sentindo ou sentimento inexpresso de si mesmo, em vaso coberto de resina e lótus e sons.
Nem viajar nem estar quedo em lugar algum do mundo, só o não saber que afinal se sabe e, mais sabido, mais se ignora
FORMATAÇÃO: Mima (Wilma) Badan [email_address] Do site:  www.algumapoesia.com.br MÚSICA: Violin Sonata Execução: Baby Einstein (Repasse com os devidos créditos) BLOGS: www.mimabadan.blogspot.com wwwrecantodepalavras .blogspot.com wwwrecantodasreceitas .blogspot.com wwwpurezadoutrinaria .blogspot.com wwwcasadavovomima .blogspot.com PPSs e ESTÓRIAS INFANTIS em: www.slideshare.net/mimabadan

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Como encarar a morte - Carlos Drummond de Andrade

  • 1.  
  • 2. Desde cedo, o tema da morte frequentou a poesia de Drummond. Ainda jovem, ele escreveu poemas de profunda maturidade sobre a grande sombra. Confira, por exemplo, os poemas "Morte no Avião" e "Os Últimos Dias", ambos de A Rosa do Povo (1945).
  • 3. Mais impressionante ainda é "Como Encarar a Morte", no qual o poeta "visualiza" o fim da existência de cinco ângulos: de longe; a meia distância; de lado; de dentro; e (terrível!) sem vista.
  • 4. Repare na rica sutileza das imagens para falar da indesejada sem nunca citar o nome dela:   "o viajante sem identidade"; "o gás de um estado indefinível". É no trato de um assunto espinhoso como esse que se vê quem de fato merece o título de poeta. 
  • 5. De longe Quatro bem-te-vis levam nos bicos o batel de ouro e lápis-lazúli, e pousando-o sobre uma acácia cantam o canto costumeiro.
  • 6. O barco lá fica banhado de brisa aveludada, açúcar, e os bem-te-vis, já esquecidos de perpassar, dormem no espaço.
  • 7. A meia distância Claridade infusa na sombra, treva implícita na claridade? Quem ousa dizer o que viu, se não viu a não ser em sonho?
  • 8. Mas insones tornamos a vê-lo e um vago arrepio vara a mais íntima pele do homem. A superfície jaz tranquila.
  • 9. De lado Sente-se já, não a figura, passos na areia, pés incertos, avançado e deixando ver um certo código de sandálias.
  • 10. Salvo rosto ou contorno explícito, como saber que nos procura o viajante sem identidade? Algum ponto em nós se recusa.
  • 11. De dentro Agora não se esconde mais. Apresenta-se, corpo inteiro, se merece nome de corpo o gás de um estado indefinível.
  • 12. Seu interior mostra-se aberto. Promete riquezas, prêmios, mas eis que falta curiosidade, e todo ferrão de desejo.
  • 13. Sem vista Singular, sentir não sentindo ou sentimento inexpresso de si mesmo, em vaso coberto de resina e lótus e sons.
  • 14. Nem viajar nem estar quedo em lugar algum do mundo, só o não saber que afinal se sabe e, mais sabido, mais se ignora
  • 15. FORMATAÇÃO: Mima (Wilma) Badan [email_address] Do site: www.algumapoesia.com.br MÚSICA: Violin Sonata Execução: Baby Einstein (Repasse com os devidos créditos) BLOGS: www.mimabadan.blogspot.com wwwrecantodepalavras .blogspot.com wwwrecantodasreceitas .blogspot.com wwwpurezadoutrinaria .blogspot.com wwwcasadavovomima .blogspot.com PPSs e ESTÓRIAS INFANTIS em: www.slideshare.net/mimabadan

Notas del editor

  1. O barco lá fica banhado de brisa aveludada, açúcar, e os bem-te-vis, já esquecidos de perpassar, dormem no espaço. O barco lá fica banhado de brisa aveludada, açúcar, e os bem-te-vis, já esquecidos de perpassar, dormem no espaço
  2. O barco lá fica banhado de brisa aveludada, açúcar, e os bem-te-vis, já esquecidos de perpassar, dormem no espaço. O barco lá fica banhado de brisa aveludada, açúcar, e os bem-te-vis, já esquecidos de perpassar, dormem no espaço
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