O documento discute as armas biológicas e sua história, incluindo exemplos de seu uso em guerras antigas e modernas. Também descreve algumas das doenças mais temidas usadas como armas biológicas, como antraz e botulismo.
2. O que seria uma Guerra Biológica ?
A Guerra biológica consiste no uso de microorganismos ou de
toxinas, como arma de guerra para incapacitar ou matar um adversário. A
ciência sempre esteve associada á necessidade de promover o bem da
humanidade, porém o conhecimento pode ser utilizado com objetivos
maliciosos. Um exemplo é a utilização de microrganismos Patogênicos
manipulados laboratorialmente com a intenção de desestruturar uma nação
inimiga.
Uma vez que qualquer microrganismo infeccioso pode ser utilizado
como bioarma, os de maior preferências e relacionam-se com gravidade
do impacto causado na saúde pública, a taxa de indivíduos infectados
e mortalidade, a facilidade da produção em massa e seus custos, a
capacidade de induzir o pânico público com consequente a
dificuldade de medidas preventivas. Tais como : Anthrax, Botulismo,
Varíola.
3. Sabemos que na antiguidade e na Idade Média a Guerra Biológica
era praticada através do uso das substâncias tóxicas originárias de
organismos vivos. Os Exércitos usavam corpos em decomposição para
contaminar os abastecimento de água de uma cidade, ou atiravam dentro
das muralhas inimigas cadáveres de vítimas de doenças como varíola ou
peste bubônica (conhecida na Idade Média como peste negra).
A criação e armazenamento de armas biológicas foi proibida pela
Convenção sobre Armas Biológicas (BWC) de 1972. Até maio de 1997,
o acordo foi assinado por 159 países, dos quais 141 já reafirmaram
inclusive o Brasil. Este acordo é evitar o devastador impacto de um ataque
bem sucedido, que poderia resultar em milhares, possivelmente milhões
de mortes. No entanto, a convenção proíbe somente a criação e o
armazenamento, mas não o uso destas armas. O consenso entre analistas
militares é que, exceto no contexto do bioterrorismo, a guerra biológica
tem uma aplicação militar bastante limitada.
4. No início de outubro de 2001, num
ato de bioterrorismo, alguém enviou pelo
correio norte-americanos cinco cartas
contendo esporos do Bacillus anthracis, o
agente não efetivo do antraz ou
carbúnculo. Uma doença de animais
domésticos, comum em áreas rurais em
todo o mundo. É transmitida por esporos
de bacilos que se multiplicam nos corpos
de animais mortos e penetram no solo
onde permanecem viáveis por anos uma
doença infecciosa aguda altamente letal.
5. Embora ANTHRAX possa ser
achado globalmente, é mais frequente em
países com programas de saúde públicos
menos unificados e efetivos. Áreas
atualmente listadas como Alto risco são
América do Sul e América Central, Europa
Meridional e Oriental, Ásia, África, Caribe,
e o Oriente Médio.
Até 20 de novembro de
2008, apenas os seguintes
países não tinham ratificado a
Convenção: Angola, Bahamas,
Coreia do Norte, Egito, Iraque,
Israel, Myanmar, República
Dominicana, Síria, Somália.
Infecção pelo ANTHRAX
6. Os leucócitos têm a função de combater agentes causadores de
doenças, capturando os microorgamismos estranhos ao organismo.
São eles também que produzem anticorpos contra doenças. No entanto,
alguns fatores podem diminuir a quantidade dessas células de defesa no
sangue, nos deixando mais desprotegidos. Quando há uma alteração no
sistema imune e as células não conseguem responder ao agente agressor,
seja ele um vírus, uma bactéria ou um fungo, ele não é eliminado do
organismo, provocando a doença.
Assim a Guerra Biológica se torna, na maioria dos casos, letal ao
ser vivo. Uma arma invisível, sem cheiro e que provoca sintomas
desconhecidos pela maioria dos médicos é de grande preocupação.
Imunidade x Guerra Biológica
7. O mal invisivel
No mundo todo são realizadas experiências biológicas destinadas à
guerra. Pelo menos 12 países possuem comprovadamente armas
biológicas, entre eles o Iraque, que sintetizou o Bacillus anthracis (Antrax).
Nas guerras empreendidas pela humanidade o recurso de uso de doenças
sempre foi empregado e mais desenvolvido cientificamente no último
século. O uso de armas químicas e biológicas introduziu máscaras de
proteção no equipamento básico dos soldados.
O uso de armas biológicas, feitas com vírus e bactérias, é
impossível de ser detectado por equipamentos de segurança. Armas que
podem dizimar populações ao contaminar o ar, a água ou os alimentos e
para as quais não há tratamento. Muito fácil assim, entrar em um aeroporto
como o dos EUA onde circulam milhares de pessoas por dia, e
delicadamente se espalhar pelo ar uma dessas bactérias sem que a pessoa
seja apreendida no instante do ato.
8. Aeroporto Internacional de Los Angeles (EUA). É o quinto aeroporto mais movimentado
do mundo, cerca de 55 milhões de passageiros e 2 milhões de toneladas de carga.
9. Sem fronteiras
“Se o século passado foi marcado mais pela tecnologia das
ciências exatas, o século 21 será marcado pelo desenvolvimento do
genoma humano, alterando todo o conhecimento do organismo humano,
proporcionando uma bagagem imensurável que vai influenciar toda a
saúde no planeta. “
Segundo a infectologista Maria Luiza Moretti em entrevista para o
Jornal da Unicamp , com a globalização que elimina as fronteiras para as
doenças, o mundo investe na luta contra grandes epidemias, mas algumas
podem voltar, porque a evolução dos microorganismos é completamente
imprevisível, mais ainda quando manipulada pelo homem. A gripe
espanhola, por exemplo, dizimou toda uma população em 1918 e hoje a
humanidade ainda é suscetível ao vírus porque não ficaram cicatrizes: não
houve sobreviventes que pudessem passar para a geração futura a
resistência, que pode ressurgir com o mesmo poder de contaminação e
morte.
10. Históricos
O uso de armas biológicas é tanto novo, como velho. É algo que
vem sendo usado de maneira cruel e nem sempre eficiente durante
séculos. Desde épocas mais remotas, tem-se a ameaça de epidemias
geradas por agentes biológicos. Atualmente essas bioarmas são fabricadas
laboratórios e espalhados pelo Iraque, Irã, Síria, Líbia, Índia, Paquistão,
China, Estados Unidos, Rússia, Coréia do Norte e Afeganistão, ao que se
sabe.
1346 O primeiro uso de agentes bacteriológicos num conflito armado, em
Kaffa (actual Feodóssia). Nessa batalha os corpos de soldados Tártaros
que tinham sucumbido à Peste Negra foram atirados sobre as muralhas da
cidade. Já agora a Peste Negra NÃO era a Peste Bubónica nem foi
transmitida pelas ratazanas negras.
11. 1710 Durante a Guerra entre a Rússia e a Suécia as tropas Russas
aparentemente usaram os cadáveres dos seus soldados mortos pela Peste
Negra. As pessoas que sobreviviam ganhando imunidade para tentarem
provocar uma epidemia junto das tropas inimigas.
1767 A Guerra Franco-Índia foi combatida na América do Norte pela
França e pela Inglaterra. Ambos os lados contavam com o apoio maciço de
tribos Índias. Os Ingleses atacaram o Forte Carillon (francês) sem sucesso.
Um general inglês Jeffery Amherst, forneceu às tribos índias aliadas dos
Franceses cobertores infectados o vírus do sarampo. A epidemia matou
todos os Índios. Pouco depois o general atacou com sucesso o Forte
Carlillon renomeando-o Forte Ticonderoga. Obviamente a epidemia de
Sarampo foi indispensável nesta vitória.
12. 1917 Na 1ªGuerra Mundial agentes alemães inocularam cavalos e gado
destinados à França com vírus nos Estados Unidos. Muitos mais relatos
há vindos da Unidade de Guerra Biológica japonesa que infectou milhares
de camponeses chineses durante a invasão à China anterior à 2ª Guerra
Mundial. Marcou a entrada da química nos campos de batalha.
1937 o Japão iniciou pesquisas com agentes biológicos na Manchúria,
os quais foram usados contra a China em 1940, levando a uma epidemia
de praga na região. No final da 2ªGuerra, os laboratórios foram
destruídos, revelando um arsenal biológico de cerca de 400 Kg de
Anthrax prontos para serem utilizados em bombas de fragmentação.
13. Em 1944, criou o “Soman’’, oito vezes mais letal que o primeiro e duas
vezes mais que o segundo. Os gases dos nervos matam em minutos.
Atuam inibindo uma enzima chamada acetilcolinesterase, necessária ao
controle dos movimentos musculares. Os gases mortíferos dos nazistas
não chegaram aos campos de batalha, mas foram empregados em larga
escala no assassínio de populações inteiras.
Na Universidade da Pensilvânia, em 1965, a desconfiança de um
estudante levou à descoberta de dois contratos secretos com o Pentágono
para pesquisa em guerra química e biológica. Empresas como a Dow
Chemical e a Monsanto foram acusadas de fabricar desfolhantes. Na
Alemanha, pelo menos treze empresas fornecem pesticidas aparentemente
inocentes a países do Terceiro Mundo.
14. A praga continuou até 1969, porem nesse ano produção dessas armas
chegou a ser suspensas. A população despertou para o problema um ano
antes, quando durante testes com gases neurotóxicos na base militar de
Dugway, no Utah, um vazamento do produto matou 6 mil carneiros das
redondezas.
1972, houve convenção para proibição do desenvolvimento de armas
biológicas, que teve a participação de diversos países, incluindo Estados
Unidos, Iraque e União Soviética, porem diversos incidentes e acidentes
continuam ocorrendo ao redor do globo.
15. 1979 e 1985 a nação africana de Zimbabwe apresentou uma grave
epidemia de doença pelo Anthrax, registrando mais de 10 mil infecções
cutâneas. A versão respiratória da doença é raramente encontrada em
sua forma natural, não tendo sido registrado nenhum caso no Brasil e
apenas 18 casos nos EUA entre 1900 e 1978. Nessa mesma época ouve
o surto da variola, a qual a foi interrompida no início da década de 80,
ainda que em alguns países da América do Norte e da Europa Ocidental
isso tenha ocorrido alguns anos antes.
Anos 90 um acontecimento ocorrido, que comprova a razoável
facilidade em produzir armas químicas pelos países em desenvolvimento.
Logo que na segunda metade da década de 80, o Iraque construiu uma
planta de refino de petróleo em Musayyib, ao sul de Bagdá.
16. No início de outubro de 2001, num ato de bioterrorismo, alguém enviou
pelo correio cinco cartas contendo esporos do Bacillus anthracis, o agente
não efetivo do antraz ou carbúnculo para os correios dos norte-americanos.
Nesse mesmo ano ouve o ataque as Torres Gêmeas, porem não
considerada um ataque bioterrorista já que é a liberação deliberada de
vírus, bactérias ou de outros germes.
17. As mais temidas armas biológicas
Anthrax (GRUPO A)
Historiadores acreditam que uma das pragas descritas no Velho
Testamento por ter atingido o Antigo Egito. Isto só é possível porque a
bactéria é muito resistente ao ambiente, podendo permanecer no solo
por muito tempo mesmo sob condições desfavoráveis como o calor e a
seca. O nome da doença vem do grego que significa carvão e refere-
se às manchas negras deixadas na pele quando a infecção é cutânea.
Quando a infecção se dá pela inalação dos esporos, a forma
respiratória se manifesta após 1 a 6 dias. Os sintomas são febre,
fadiga, tosse e desconforto no tórax. Dispnéia, diaforese e cianose
surgem abruptamente. A morte ocorre em quase 100% dos casos,
após 24 a 36 horas do surgimento dos sintomas.
18. Distribuição Geográfica
A bactéria distribui-se pelas zonas temperadas, Américas Central e do
Sul, sul e leste europeu, Ásia, África e Caribe.
19. Casos recentes - Ano de 2014
Washington - Setenta e cinco cientistas podem ter sido expostos
acidentalmente ao antraz em uma unidade de saúde do governo
americano em Atlanta, Geórgia, afirmaram autoridades. O diretor da
agência federal de Saúde Pública admitiu nesta quarta-feira (16/7) a
existência de uma sequência de erros de segurança, depois de
perigosas falhas na gestão de amostras de gripe e antraz. "Embora
tenhamos cientistas que estão entre os melhores do mundo em sua
especialidade, nem sempre aplicaram o mesmo rigor que empregam
em seus experimentos científicos, para melhorar a segurança", disse
Frieden.
20. Botulismo (Clostridium botulinum)
O Botulismo é uma toxi-infecção habitualmente adquirida por
ingestão de alimentos contaminados, com exteriorização neurológicas
seletiva, de ocorrência súbita em surtos imprevistos, evolução
dramática e elevada letalidade. A toxina não respeita órgão algum do
organismo, uma vez deflagrada sua ação é acrescida pela hipoxia
progressivamente crescente das lesões cardiopulmonares.
Modo de transmissão
Ingestão de bactérias (toxinas) presentes nos alimentos
contaminados (conservas em geral); Carne mal cozida; Embutidos
(salsichas, presunto), Queijo frescal, etc.
21. Distribuição Geográfica
Em 1793, na Alemanha. Depois na Europa, se estudou a abolição
de sudorese em voluntários sem Hiper-hidrose, e por fim em pacientes
com Hiper-hidrose axilar. Logo depois nos EUA, se aplicou a toxina em
Hiper-hidrose das mãos.
22. Casos recentes - Ano de 2013
Luciana Aparecida Frontarolli, 38 anos, está internada desde 7 de
dezembro na unidade de tratamento intensivo (UTI) do Hospital São
Paulo. O diagnóstico, constatado no mesmo dia, foi preciso: botulismo.
de acordo com sua mãe, Maria Aparecida Albino, Luciana já apresenta
melhoras e está consciente, mas ainda não fala. “Ela começou
sentindo náuseas e diarreia. A princípio, os médicos desconfiaram que
era uma virose, mas piorou. Aos poucos, seu corpo foi ficando
paralisado”, conta.
23. Varíola
Os registros mais antigos da varíola foram encontrados em
egípcios mumificados há cerca de 3 mil anos. Do Vale do Nilo,
espalhou-se para a Índia, chegando à China no século I d.C. As
primeiras descrições da doença são do médico chinês Ko Hung (340
d.C), de Ahrun de Alexandria (622) e do persa Abui-Bekr Al-Razi
(Rhazes), em seu livro De Pestilentia, no século X. É possível que a
moléstia tenha sido a causa de epidemias como a Praga de Atenas
(430 a.C.), a Praga Antonina (165) e pela devastação do exército
etíope na Guerra dos Elefantes em Meca (568). A primeira referência à
doença na Europa foi feita por Gregório de Tours, cronista do reino
franco, em 582, relatando a morte de dois jovens príncipes por uma
moléstia que chamou de corales.
24. Distribuição Geográfica
A varíola chegou às Américas junto com os espanhóis e, em
contato com populações sem nenhuma imunidade, dizimando quase
metade dos exércitos astecas, inclusive o rei Cuitlahuac, que substituíra
Montezuma no comando. Espalhou-se para o sul e norte, devastando o
império inca e matando o imperador Huayna Chupauc, seu herdeiro e
vários generais.
25. Casos recentes - Ano de 2014
Médicos veterinários do Instituto de Defesa Agropecuária de Mato
Grosso (Indea/MT) confirmaram clinicamente a doença varíola bovina
em um animal em São José dos Quatro Marcos, município da região
Sudoeste do Estado. Também foi confirmado que um produtor foi
contaminado pelo vírus.
Em cinco hectares, o produtor Ordalei Geraldi Benato possui 20
cabeças de vacas leiteiras, metade delas foram contaminadas pelo
vírus da varíola bovina. Benato está se recuperando dos sintomas da
doença. Ele conta que teve febre alta e precisou ser medicado.
26. Ebola
Considerada a epidemia mais mortífera da história a doença
foi “descoberta” no Zaire (atual república democrática do Congo), há
cerca de 40 anos. Um jovem cientista belga viajou para uma parte
remota da floresta do Congo com a tarefa de descobrir por que tantas
pessoas estavam morrendo de uma doença misteriosa e aterrorizante.
Em setembro de 1976, um pacote com uma garrafa
térmica azul havia chegado ao Instituto de Medicina Tropical em
Antuérpia, na Bélgica. Peter Piot tinha 27 anos e, com formação em
medicina, atuava como microbiologista clínico. "Era um frasco normal,
como os que usamos para manter o café quente", lembra Piot, hoje
diretor da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres.
27. Várias epidemias de febre hemorrágica produzida pelo Ebola são
conhecidas: em 1976, duas epidemias, no Zaire e no Oeste do Sudão,
provocaram cerca de 340 mortes. Houve uma terceira epidemia em 1979,
no Sudão, e uma quarta, em 1996, no Zaire; ambas com menor
quantidade de mortos. A última epidemia matou 224 pessoas em Uganda,
entre outubro de 2000 e março de 2001.
Existem, atualmente, 4 variações do gênero filovírus descritas,
sendo 3 do vírus Ebola (Ebola Zaires, Ebola Sudão e Ebola Reston), no
entanto, algumas vacinas têm sido desenvolvidas a fim de que o problema
seja minimizado.
29. Casos recentes - Ano de 2014
Mortos por ebola chegam a quase 4.000 e doença segue fora de
controle em três países da África, diz OMS (8/10/2014 às 15h34
(Atualizado em 8/10/2014 às 16h16.)
O pior surto de ebola já registrado matou 3.879 pessoas em um total
de 8.033 casos até 5 de outubro, e não há nenhuma evidência de que a
epidemia está sendo mantida sob controle na África Ocidental, informou
a OMS (Organização Mundial da Saúde) nesta quarta-feira (8).
30. Revista Eletrônica de Ciências - www.cdcc.sc.usp.br/ciencia/artigos
Jornal UNICAMP - http://www.unicamp.br/unicamp
http://www.naturale.med.br
http://www.cve.saude.sp.gov.br/
http://www.digimed.ufc.br
http://www.tuasaude.com
http://www.acm.org.br/
http://www.araraquara.com/
http://pecuaria.ruralbr.com.br/
Referências