1. Parte 2
- PARAPSICOLOGIA E A HIPNOSE.
Parapsicologia e Hipnose, duas disciplinas aparentadas, senão por seus objetivos, ao menos pelo desenrolar de suas
histórias agitadas. Poucos temas científicos deram lugar a tantas controvérsias, denúncias, avanços e recuos. Quantas
comissões de investigação foram criadas desde o século XIX para dar veredicto científico dos fenômenos hipnóticos e
parapsicológicos; Quantos mistificadores alimentaram suas crendices na aura de aparente mistério que envolve estas
disciplinas.
O fim do século XVIII viu surgir um revolucionário método de cura criado pelo Dr. Mesmer, médico de Viena, que
lançaria a teoria dos fluídos ou magnetismo animal. Seus pacientes, em contato com uma tina cheia de água
"magnetizada", e em contato também uns com os outros, entrariam em convulsões cada vez mais violentas até
atingirem o "climax", o relax e às vezes o desaparecimento dos sintomas. Baldes com água, ímans e outros objetos
mgnetizados serviam como instrumentos terapêuticos.
Porém, os fatos existem para quem não quer fechar obstinadamente os olhos. Cientistas de prestígio estudaram a
hipnose, desmentiram as teorias mirabolantes de Mesmer, Puységur e outros iniciadores, mas não puderam
desmentir os fatos apresentados por aqueles. Analisando os fatos, formularam teorias mais de acordo com as
manifestçãoes e encarando críticas, ceticismos e dúvidas conseguiram arrancar a hipnose da feitiçaria, encantamentos
e sobrenaturalismos gratuítos.
Também a Parapsicologia passou pela etapa de grosseiras interpretações dos fatos: espíritos dos mortos, demônios,
entidades do aém foram tentados pela isca de pesquisadores menos avisados. Surgiram teorias que hoje
consideramos ingênuas. Mas, aos poucos, o joio foi separado do trigo, chegando-se a conclusôes sólidas. A
Parapsicologia ganhou um lugar ao sol no restrito mundo da Ciência uma vez que conseguiu provar definitivamente os
fatos e suas relações com o ser humano vivo.
Não obstante as relações e as interpretações mais recentes, ninguém pode ainda descrever com precisão científica
absoluta as modificações da personalidade e do cérebro de um indivíduo hipnotizado ou de uma pessoa no momento
de uma percepção extrasensorial.
Ambas disciplinas apresentam problemas ainda não resolvidos. As duas passaram também por períodos de êxito e de
decadência. E as dúvidas, objeções e críticas sobre elas lançadas devem-se também a seus contatos, às vezes
demasiado frequentes, com a charlatanice, truques, comédias e ocultismo, o que levou muitos pesquisadores sérios a
se afastarem destes dois campos de investigação científica tão importantes e necessários para um maior
conhecimento do psiquismo humano.
A análise parapsicológica dos casos espontâneos é tão importante quanto as pesquisas de laboratório. Um naturalista
poderá estudar até certo ponto o comportamento de um leão na jaula do jardim zoológico, mas esse leão enjaulado
não será o mesmo que vive em liberdade nas savanas da Africa. Ao naturalista de gabinete lhe faltariam dados
absolutamente essenciais para conhecer a fundo o comportamento dos animais.
Tirar conclusões da relação existente entre hipnose e parapsicologia, apenas baseados nas experiências de laboratório
seria correr o risco do naturalista de zoológico; o leão não poderá mordê-lo, nem perseguí-lo, mas também não
mostrará ao investigador toda sua força e comportamento.
Não é raro encontrar pessoas que identificam experiências da chamada regressão de idade, como experiências
parapsicológicas. O folclore de ocorrências a respeito da "regressão de idade" é vastíssimo e, se encarado com humor,
muito divertido. As primeiras tentativas de transformar um adulto de 40 anos numa criancinha de colo foram
praticadas pelos americanos. Era evidente para eles que a pessoa hipnotizada e "regredida" assumia por completo as
características e o comportamento de um bebê: chorava, gatinhava, tomava mamadeira, etc...
Não satisfeitos com estas proezas, conduziram o hipnotizado às paragens úmidas e quentes de seus tempos de feto.
Nada permanecia oculto, era possível recordar tudo, até o momento da concepção; lembrava-se do choque doloroso
que o espermatozóide incutia no óvulo.
Em meio ao entusiasmo destas práticas, só os mais sensatos advertiram que um feto nunca falou até hoje e que uma
criança de 6 meses seria incapaz de saber o que o hipnotizador está querendo. Por outro lado, existia a prova que
mais poderia desestimular este crescente mercado de rejuvenecimento: o adulto é capaz de imitar a posição fetal e é
capaz de imitar o comportamento de uma criança, e isto de uma maneira consciente. Surgiu então a maior objeção:
não estaria o adulto hipnotizado e "regredido" brincando de criancinha?
Não pretendo negar que a concentração da memória com a ajuda da hipnose permita a algumas pessoas encontrar de
novo uns detalhes esquecidos ou reviver acontecimentos muito distantes e apagados de sua memória normal. Isto
não seria impossível. Mas o problema está no exagero ou na mistificação de uma técnica, que às vezes pode ser útil,
transformando-a na panacéia que ajudaria a curar todos os males do psiquismo. Poucos são os psicoterapeutas que
se servem dela nos tratamentos de problemas psicológicos. E os que ainda a usam são conscientes de que o sujeito
mesmo hipnotizado pode ser um excelente ator que usa a hipnose como palco de seus devaneios.
7- A IMPORTÂNCIA DA DOR
A dor é “o pedido de socorro” do organismo enfermo avisando que algo não está bem e que alguma providência dever
ser tomada imediatamente. Assim, quando um dente dói é porque nele deve existir cárie ou algum foco começa a se
instalar na sua raiz. Dizem os entendidos que 36% das pessoas que se dizem doentes não o são de fato. Apenas são
portadores de doenças imaginárias. E nas doenças reais, 50% são de origem psicossomática, isto é, sintomas como
diarréias antes de tomar avião, dor no peito que a mulher sente toda vez que o marido chega bêbado, muitos casos
de úlceras, colites, taquicardia, asma, carregam um forte componente psíquico.
Problemas não resolvidos podem encontrar na doença uma válvula de escape. É o que se chama somatização. Pois
bem, quase sempre nestes casos, as preocupações se voltam para a doença, naturalmente. Numa "sessão de cura",
podem até desaparecer os sintomas da doença (por auto-sugestão). Mas se o mal não foi atacado na sua raiz, a
somatização pode fazer eclodir outra doença e mais outra, num círculo vicioso interminável. Nestes casos a cura seria
facilitada com a resolução dos problemas que estão ocasionando todos estes males. Cessada a causa cessa o efeito.
Hoje a Medicina reconhece que todas as doenças são influenciáveis pelo psiquismo e aconselha os médicos a não
tratarem apenas o órgão doente, mas o doente visto como uma pessoa que carrega consigo uma história que deve
ser levada em conta.
Na verdade, o curandeiro não cura. É a fé (confiança) que o doente deposita nele, nos objetos que ele apresenta
como portadores de forças milagrosas (água fluidificada, defumações, etc) que exercem sobre o doente um poder de
sugestão capaz de fazê-lo sentir-se aliviado de suas dores.
A dor – dizíamos no começo – é importante porque nos adverte para um problema. Esta dor pode desaparecer com
uma forte dose de sugestão numa sessão de cura. O doente pode sair aliviado e até convencido da cura. Quem
garante que não está equivocado? A doença pode muito bem continuar instalada dentro do seu organismo, mesmo
que tenham desaparecido os sintomas que sentia antes. Sem dor, a tendência é dispensar os cuidados médicos. Mais
adiante, quando passarem os efeitos da auto-sugestão, o „curado‟ poderá ter surpresas desagradáveis.
2. 8-TRANSE.
Estados de transe e possessão formam parte do quadro religioso de quase todas as civilizações existentes. A raridade
das manifestações psico-fisiológicas que acompanham o transe serve de base para todo tipo de interpretações,
geralmente relacionadas com causas sobrenaturais ou misteriosas.
Os chineses do séc XVIII a.C. praticavam o culto aos antepassados. Para entrarem em comunicação com os parentes
desconhecidos submetiam-se a um ritual acompanhado de músicas e danças giratórias que conduziam a um frenesí
coletivo de convulsões, saltos, e corridas desenfreadas, até que conseguissem cair no transe como meio de
participação com o mundo dos mortos. Nos santuários de adivinhaçào da Grécia antiga, adolescentes do sexo
feminino, as pitonisas, eram escolhidas para serem possuídas por Apolo. Os momentos de transe representavam a
descida de deus. Para os "aissauis" do Islã, o transe lhes propiciaria estados de insensibilidade à dor e para alcançá-
los recorrem ao djedjeb, movimento violento que se imprime à cabeça de esquerda à direita enquanto os braços
permanecem pendentes e as pernas marcam o rítmo.
Muitas são interpretações ou justificativas que os estudiosos dão para o transe. Todas elas naturalmente dependem
do ponto de vista com que são encaradas e também das circunstancias em que se manifesta o fenômeno. Para o
antrpólogo, o transe poderia simbolizar a morte da carne em vistas a renaser a uma vida, uma sensibilidade ou uma
vivencia nova. O sociólogo pode ver nele um meio usado por determinados grupos para aliviar tensões, fortalecer
crenças ou estruturas sociais. O psicólogo talvez o interprete como um mecanismo compensatório do individuo
(sentir-se alguem, escolhido, agraciado, em intimidade com o além...) ou como um sintoma de cisão da personalidade
para o psiquiatra. Enfim, o teólogo pouco avisado poderá interpreta-lo como uma prova da graça divina ou como um
sinal de condenação eterna.
O transe pode ser considerado como um estado hipnóide de dissossiação psicológica que libera, em maior ou menor
grau, o inconsciente do controle total da consciencia. Este estado de dissossiação se caracteriza pela ausência de
movimentos voluntários e com frequencia pelo automatismo da atividade ou do pensamento. A etimologia da palavra,
transitus, nos está indicando o sentido de passagem; passar dum estado de consciência a outro.
A sugestionabilidade, a memória alternante (lembranças do acontecido em estado de transe anteriores e
esquecimentos durante a vigilia e amnésia ao acordar. Também em ambos os estados costumam manifestar-se as
mesmas caracteristicas fisiologicas: contraçoes e relaxamentos musculares, perdas de reflexos , etc.
Por esta identidade em transe e hipnose, a psicologia os considera como um mesmo fenomeno. O Doutor M. E. Pascal
em 1935 fez um estudo exaustivo mostrando a total identificação psico-fisiológica entre transe, hipnose e êxtase. Sua
conclusão foi esta: o Transe é pura e simplesmente um estado de sono hipnótico.
Verificada esta identidade, chega-se à conclusão de que não existem diferentes tipos de transe (hipnótico, mediúnico,
espírita, metapsiquico ou parapsicológico) do ponto de vista psico-fisiologico, mas um só: o transe.
Em parapsicologia, transe é o estado de inconsciência mais ou menos profunda no transcurso do qual se manifesta ou
pode manifestar-se uma atividade parapsicológica. Os registros encefalográficos modernos são da mesma natureza
nos sujeitos em transe, seja este de tipo hipnótico, mediúnico ou parapsicológico, independentemente de se o sujeito
atribue seu estado à ação de entidades espirituais, à sugestão direta dum hipnotizador ou à sua capacidade de
autosugestão.
Os métodos usados pelos hipnotizadores para levarem seus pacientes ao transe são tão variados quanto possamos
imaginar. Não existe um método padronizado que sirva de base aos outros ou que atinja melhores resultados. Na
hipnose, o método é criado pelo próprio hipnotizador e os sucessos dependem mais de sua autoridade, prestigio ou
segurança que do método em si mesmo. Hoje, além da sugestão ou imaginação, a bioquímica, medicina e psicologia
encontram outras explicações cientificas para o uso de inúmeras técnicas alteradoras do campo da consciência.
Danças rítmicas e saltos: Estão entre os principais métodos de induzir a estados de êxtase em que uma pessoa se
sente dominada por uma força ou um ente superior. Vimos antes como eram praticadas por chineses e aissauis do
Islã. Nos cultos africanos e afro-americanos, a dança rítmica é parte integrante do ritual, e assim em todas as
culturas e civilizações a dança é um método dos mais empregados para chegar ao transe.
Respiração anormal: A alcalose cerebral pode também ser provocada por uma respiração intensa e rítmica; nestes
casos, o carbono, em um ácido, é eliminado do fluxo sanguíneo, e isto frequentemente conduz à dissociação histérica
e a estados de sugestionabilidade aumentada.
Brados e cantos prolongados: Podem produzir resultados semelhantes aos anteriores, ainda que menos acentuados. A
menos que sejam muito exercitados, os cantores tendem a expirar mais ar do que inspiram e, em consequência, a
concentração de CO2 nos alvéolos pulmonares e no sangue é aumentada, o que produzirá, como já vimos, uma
redução da eficiência do cérebro tornando possíveis experiências de dissociação.
No canto do curandeiro, do feiticeiro, do conjurador de espiritos; no infindável entoar de salmos e sutras dos monges
cristãos e budistas; nos gritos e gemidos, horas a fio, dos pregadores itinerantes o propósito psico-quimico-fisiológico
permanece constante: Aumentar a concentração de dióxido de carbono no organismo a fim de diminuir a eficiência da
válvula redutora, o cérebro.
A diminuição desta eficiência no órgão diretor de nossa atividade consciente levará a uma queda da capacidade crítica
e a um descenso da tensão intelectual, condições propícias para a entrada no transe.
O jejum prolongado esgota as reservas do cálcio e a taxa de açúcar disponível no organismo e a psique parecem mais
apta para perceber seus próprios pensamentos, o próprio corpo, ter alucinações, transes e outras experiências do
gênero.
Os castigos corporais: Para os cristãos, a mortificação da carne foi sempre um meio de purificar o espírito, mantendo-
o alerta contra o assalto das paixões desordenadas. Houve, porém, ao longo da história, períodos em que se
supervalorizou a mortificação corporal, dando lugar a grandes exageros. Os castigos brutais praticados contra o
próprio corpo tonaram-se freqüentes em um tipo do ascetismo mal entendido.
Sabemos, que a flagelação com chicotes do couro ou arame provoca feridas que podem desorganizar o equilíbrio
químico do organismo. Enquanto dura o suplício, as glândulas liberam grande quantidade de histamina e adrenalina;
e quando as feridas começam a supurar, várias substâncias tóxicas, produzidas pela decomposição da proteína,
penetram na corrente circulatória. A histamina produz o choque que atua sobre a mente com a mesma intensidade
que sobre o corpo e as toxinas das feridas desorganizam os sintomas enzimáticos reguladores do cérebro, reduzindo
sua eficiência. Além do mais, grandes quantidades de adrenalina podem provocar alucinações.
Conhecemos também a enorme quantidade de drogas naturais (ópio, maconha, coca, beladona, estromônio,
mandrágora, estrato de lobeliáceas, mescalina, cafeína) ou de produtos químicos (ácido lisérgico, adrenocromo,
escopolamina cloratosa, cloruro de amônio, amital do sódia, pentotal) e até os de mais fácil aquisição (café, chá,
álcool, fumo), toda esta longa lista dos produtos poderiam ser, e com freqüência o são, excelentes meios de indução
ao transe.
Não devemos esquecer a enorme eficácia que a expectativa, a crença, a simples vontade ou o ambiente contagiante
tem, em vistas a atingir estados de dissociação psicológica, assim como as condições psico-fisiológicas do sujeito:
manias, sífilis cerebral, epilepsia, endocrinopatia, histerias, conflitos internos, etc.
Especial interesse supõe para a parapsicologia o estado psico-fisiológico no qual os médiuns mais famosos realizavam
3. seus prodígios. Todos eles, para manifestar qualquer fenômeno, necessitavam cair no transe. Este não guardava as
mesmas características ou mostrava a mesma intensidade em todos os grandes dotados.
Não há espaço nestas linhas para abordar os aspectos fraudulentos do transe ou transe fingido, praticado com mais
frequência do que poderíamos esperar. De qualquer maneira, basta salientar que está muito ligado a casos de
histeria, e sabemos a dificuldade existente para diagnosticar quando um histérico está num acesso real ou fingido.
9-ALUCINAÇÕES.
As alucinações podem se manifestar em todos os domínios da atividade sensorial. Encontramos alucinações visuais,
auditivas, olfativas, gustativas, da sensibilidade geral, genital, multisensoriais, etc...
Quando as alucinações se traduzem em impressões vagas e indiferenciadas, são chamadas de elementares
(resplandores, luzes, barulhos, fulgores, murmúrios indefinidos). Quando se identificam com objetos precisos
(animais, personagens, palavras claras, músicas, cheiros definidos, etc) são chamadas de complexas ou figuradas.
As alucinações podem ser positivas ou negativas. Nas alucinações positivas se percebe o que não existe. Nas
negativas não se percebe o que de fato deveria estar impressionando os sentidos.
Apesar da estreita relação existente entre alucinação e ilusão, há, porém uma diferença fundamental: a ilusão não é
uma percepção sem base na realidade, mas uma deformação da percepção. A ilusão se apoia na realidade,
transformando-a.
As alucinações, a percepção sem objeto, compreende um estado psicológico particular, diferente em cada caso
concreto. Às vezes, não tem significado patológico. No estudo clínico das alucinações deve-se levar em conta não só a
intensidade das mesmas, o maior ou menor grau de clareza na percepção sensorial, mas também a qualidade ou
conteúdo delas. Não é a mesma coisa perceber claramente um santo, os demônios, animais aterrorizantes ou um
ruído, um resplendor, ouvir vozes, músicas ou um cheiro indefinido. Sob esta disparidade, oculta-se uma significação
que não pode ser negligenciada. O que o médico procura é desvendar, atrás das aparências sensoriais, a tendência, a
significação oculta e as causas psicológicas ou psicofisiológicas das alucinações. A manifestação freqüente de
alucinações pode ser um sintoma patológico indicador de uma personalidade desintegrada.
a)Alucinações Visuais podem ser reproduzidas experimentalmente em circunstâncias favoráveis, por isso, seu estudo
é mais fácil. Os tipos mais comuns de alucinações visuais são as chamadas imagens hipnagógicas. Consistem numa
aparição que se manifesta no momento do semi-sono ou estado crepuscular.
Em geral, a imagem alucinatória é absolutamente estereotipada: a visão de um ser fantástico, rostos, um olhar
familiar, etc. Quase sempre o paciente as reconhece como alucinações; sabe que está sendo enganado pelos sentidos.
A visão frequentemente é instantânea ou extremamente curta, e também frequentemente acompanhada de um
sentimento de angústia. Em regra, repete-se com frequência e pode ser até quotidiana. Em pessoas submetidas a
uma prolongada vigília; a sonolência provoca imagens hipnagógicas.
Nos campos de batalha, quando os soldados são forçados a passar vários dias sem dormir, são frequentes as
perturbações deste gênero. Uma modalidade pitoresca de alucinação visual é a liliputiense. O alucinado percebe um
mundo de personagens diminutos semelhantes aos de Gulliver. O paciente chega a regozijar-se com este pequeno
mundo achando-o divertido. Qualquer tipo de alucinação, inclusive as liliputienses tem sido observadas em pessoas
que aparentam boa saúde. Parece, porém que a senilidade forma uma condição especialmente favorável para as
alucinações. Também são bastante comuns no curso de intoxicações exôgenas e especialmente no alcoolismo sub-
agudo.
Os traumatismos cerebrais das últimas guerras possibilitaram inúmeras comprovações de alucinações visuais. Um
soldado ferido na região ocipital esquerda; quinze meses mais tarde, começou a ter crises caracterizadas pela
aparição de luzes brilhantes e intermitentes. Estas crises foram seguidas de outras alucinações complexas; com
imagens em movimento, vivas, representando cenas vividas pelo ferido e que haviam-no impressionado fortemente.
O Delirium Tremens é uma outra situação propícia à alucinação visual. O alcoólatra, em delírio, crê perceber formas
em movimento, silenciosos seres estranhos, animais bizarros, que podem se apresentar com os detalhes mais
realistas. As formas esquisitas parecem ameaçar o acoólatra, confundindo-o a ponto de desorientá-lo e aterrorizá-lo.
Outros sentidos, como a audição e o olfato também podem ser alucinados. A combinação de diversas alucinações
provoca no sujeito um sentimento de realidade total, tão intenso, que o alcoólatra pode chegar ao desespero.