O documento discute a história do Santo Sudário de Manoppello, uma relíquia cristã que contém a imagem do rosto de Jesus Cristo. Ele descreve como a relíquia teria chegado a Manoppello na Itália no século XVI e como foi preservada pelos frades capuchinhos locais. Também menciona alguns relatos milagrosos associados ao véu ao longo dos séculos.
4. Maria Santíssima
Após a Ascensão de Cristo, a Imaculada Virgem guardou
com ela uma imagem que havia se formado na mortalha
ou acima dela. Ela a recebeu das mãos do próprio Deus e a
guardou consigo por todos os tempos, para que sempre
pu-desse contemplar o maravilhosamente belo rosto do seu
Filho. Cada vez que queria adorar o seu Filho, ela estendia a
imagem em direção ao Oriente e orava diante dela,
olhando para o seu Filho, com mãos abertas e elevadas.
Antes de o fardo de sua vida, finalmente, lhe ser tirado, os
apóstolos levaram Maria em uma maca para dentro de
uma gruta. Nesta gruta, eles deitaram Ma-ria para morrer
diante do rosto do seu Filho.
(texto georgiano do século VI citado por Paul Badde)
5. Jesus e Abgar V
Eusébio de Cesareia foi o primeiro a falar da
correspondência de Jesus e Abgar V (†50), cuja história é
contada de diversas formas por diferentes autores.
Feliz és tu que acreditaste em Mim não tendo Me visto,
porqueestá escrito sobre Mim que “aqueles que me
verão não acreditarão em Mim, e aqueles que não me
verão acreditarão em Mim”.
6. Judas Tadeu e Ananias
Jesus teria enxugado o rosto no véu, após
rezar sobre um monte, e o entregado a
Tomé.
O emissário de Abgar, Ananias, tentara
pintar Jesus sem sucesso e apenas levara
a carta de Jesus ao soberano.
Tomé teria passado o Mandylion a Tadeu,
que o levou a Abgar. Exposto numa
coluna, derrubou os ídolos de Edessa.
7. Tetradiplon
Uma cópia do Mandylion está na igreja de São
Bartolomeu dos armênios em Gênova.
Os Atos apócrifos de Tadeu referenciam o véu
como Tetradiplon.
Sob Abgar VIII (†212), o cristianismo já era
tolerado, mas um bispo teria escondido o véu
nas muralhas (era a época de Caracala), vindo
a desaparecer.
8. Imagens de Cristo
Eles se chamam gnósticos.
Possuem umas imagens, algumas pintadas
outras feitas de materiais diversos e dizem
que reproduzem o Cristo e foram feitas por
Pilatos quando Jesus estava com os
homens. Coroam-nas e expõem-nas junto
com aquelas de filósofos profanos, a saber,
de Pitágoras, Platão, Aristóteles e outros e
lhes prestam homenagem assim como
fazem os pagãos.
(Ireneu de Lião, Adversus hæreses, I, 25, 6)
10. Procópio de Cesareia († 565) diz que
o sudário foi reencontrado depois de
uma inundação, num vão da
muralha de Edessa.
Segundo Evágrio Escolástico (†590),
um bispo encontrara a imagem
aqueropita sob os tijolos da muralha,
e a população conseguira vencer o
cerco persa com sua ajuda
milagrosa.
A muralha de Edessa
11. Camuliana e Constantinopla
Um fragmento siríaco do século VI narra que
uma pagã chamada Hipácia encontrou o
sudário na água de uma fonte da vizinhança de
Camuliana, à época da perseguição de
Diocleciano (284-305).
Consta que a relíquia foi transferida de
Camuliana para Constantinopla em 574, junto
com a Santa Cruz.
Em 581 pode ter sido usado como paládio na
batalha vitoriosa em que o general Filipikos
apresentou ícones aos soldados ao lado do rio
Arzamon.
12. O véu sai de Constantinopla
Teoria: roubada de Constantinopla quando
Justiniano II foi exilado e mutilado. Em 705,
dez anos apos, reconquista a cidade e busca
inutilmente a imagem. Muda a efigie de Cristo
nas moedas a partir de 706. Então, era papa
João VII.
Lenda: o patriarca Germanos I (715-730)
entregou a imagem ao mar, nos tempos de
Leão III o Isáurio, vindo a ser resgatada por
Gregório II (715-731).
13. O véu chega a Roma
Em 753 apareceu em Roma uma imagem
aqueropita, a qual foi carregada descalço por
Estevão II, para impedir o ataque dos
lombardos de Astulfo.
Hoje se pensa que a referencia é feita ao ícone
Uronica, que tem tamanho natural e fica na
Scala Sancta, ao lado de São João de Latrão.
15. Eusébio de
Cesareia
• Impossível
representar a
Humanidade
gloriosa
Monofisitas
• Separaria a
divindade da
humanidade
Concílio de
Elvira
• Insuficiência da
arte humana para
representar a
santidade de Deus
Concílio de
Niceia II
• Latria x dulia
• Culto absoluto x
relativo
E não invoqueis,
à semelhança de Deus,
outra divindade,
porque não há mais divindades
além d’Ele!
Tudo perecerá, exceto o Seu Rosto.
Seu é o Juízo, e a Ele retornareis!
(Corão, 28:88)
16. Niceia II Ecumênico VII (787)
Foi fundamentando-se no mistério do Verbo encarnado
que Niceia justificou, contra os iconoclastas, o culto dos
ícones (…). Ao se encarnar, o Filho de Deus inaugurou uma
nova “economia” das imagens. (…) A honra prestada a
uma imagem se dirige ao modelo Original, e quem venera
uma imagem venera a pessoa que nela está pintada. A
honra prestada às santas imagens é uma “veneração
respeitosa”, e não uma adoração, que só compete a Deus.
(…) O movimento que se dirige à imagem enquanto tal
não termina nela, mas tende para a realidade da qual é
imagem.
(CCE 2131s)
17. As relíquias de Kornelimünster
Em 814, um sudário de bisso de Alexandria é
presenteado pelo Patriarca de Jerusalém à
corte de Carlos Magno.
As relíquias são destinadas à abadia
beneditina de Kornelimünster, perto de
Aachen.
18. O Santo Lençol
Em 943, o general bizantino João Curcuas
toma a cidade de Nisibis e avança até Edessa.
Constantino VII negocia a entrega do Santo
Lençol com os árabes.
No ano seguinte, a relíquia é conduzida a
Constantinopla. O imperador precedeu a
procissão a pé desde a entrada da cidade, com
o patriarca e o clero atrás, todos descalços e
com tochas, seguidos do povo, com címbalos e
hinos solenes.
19. O véu de Verônica
1011: o Papa Sérgio consagrou um altar próprio ao
sudário, na capela de Nossa Senhora em São Pedro.
1143: o véu é, por primeira vez, chamado Verônica.
20. O brilho do Rosto
1204: Com o saque de Constantinopla, ocorre
o rompimento definitivo com Roma.
1208: Inocêncio III decretou que todos os anos,
no segundo domingo depois da Epifania (Omnis
terra), a imagem fosse transportada numa
moldura, de São Pedro a Santo Spirito in Sassia.
Teve indulgencia e benção com a relíquia. Santa
Gertrudes e Santa Matilde tiveram visões
naquele dia.
22. A nova basílica de São Pedro (1506)
Papa Júlio II
É lançada a pedra
fundamental da nova
basílica: um cofre de
Donato Bramante que
levou 100 anos para
construir, com cinco
fechaduras e paredes
maciças.
24. Um testemunho inventado?
Conta-se que, em 1506, um peregrino chega a Manoppello e pede a Dottore Giacomantonio Leonelli
que receba um pacote que lhe seria muito util. O peregrino desaparece repentinamente.
25. As críticas de Lutero (1545)
Martinho Lutero
O Papa enganaria os
pobres peregrinos com
um pedaço de linho
claro
27. Exibições da Verônica
1527: durante o saque de Roma pelo general
de Frundesberg e seus mercenários espanhóis
e alemães, diz-se que a Veronica teria passado
de mão em mão pelas mais baixas espeluncas
de Roma, mas isso seria um boato histérico.
1574: Dottore Rozzi viajou toda a região,
registrando tudo, mas não fez referencia ao
véu de Manoppello.
1600: medalha do Ano Santo, encontrada em
Manoppello, com o sudário no anverso.
Últimas exibições noticiadas: 1533, 1536,
1550, 1575, 1580, 1600, 1601.
28. As peripécias de um véu
1608: Demolição da capela da Veronica.
Segundo a Relatione Historica, no mesmo ano
ocorreu o roubo do véu de Manoppello por
Pancracio Petruzzi, soldado e esposo de Marcia
Leonelli.
Ele teria se apoderado violentamente da relíquia
disputada entre seus herdeiros e depois
aprisionado em Chieti por motivos
desconhecidos.Para resgatar o marido, a mulher
teria vendido a relíquia por quatro escudos, que
chegou assim às mãos de Dom Antonino de
Fabritiis.
29. Cópias e falsificações
1617:Paulo V enviaa
rainhaConstânciada
Polôniauma copiafeita
peloflorentinoPietro
Strozzi,um ano após seu
pedido,mas com os
olhosfechados.
1618:inventário
Opusculumde
SacrossanctoVeronicae
Sudariopara a
demoliçãoda basílica,
feitopor Jacopo
Grimaldia pedidodo
Papa.Olhos abertos.
Copiasde GregorioXV
(1621-3)para a duquesa
Sforzae para a Duquesa
Cognata(fechados)
1635:Olhos fechados na
ediçãodo Opusculum
feitapor Francesco
Speroni.
Após o Ano Santode
1625, UrbanoVIII edita
uma excomunhão
(segundotestemunhos
oblíquosda época)
31. Manoppello
1638: Signor De Fabritiis presenteou o véu aos capuchinhos. Frei Clemente da Castelvecchio
cortou a beirada esfrangalhada e frei Remigio da Rapino a emoldurou.
1645: Frei Donato da Bomba publica Relatione Historica , em que afirma que o Volto Santo
fora trazido a Manoppello em 1506 e sofrera um extravio em 1608.
1646: a crônica do mosteiro afirma que o Volto Santo foi exposto aos fiéis pela primeira vez. No
mesmo ano, 13 cidadãos dão fé juramentada de que a imagem estava em Manoppello há muito
tempo.
32. Vultum tuum deprecabuntur
No mesmo ano de 1646, Francesco Mochi esculpe a
Veronica, mas o Cristo tem os olhos fechados.
33. Alguns relatos milagrosos
1703: frei Bonifácio d’Ascoli retirou a relíquia
da moldura, para pô-la numa nova, mas a
imagem sumiu, só voltando na moldura antiga.
Varias testemunhas subscreveram um
relatório.
1714: o caso se repetiu com frei Antônio. Por
63 ducados, fez-se o atual relicário de prata,
que inclui a já corroída moldura antiga.
1849: a Verônica romana teria ficado colorida
por algumas horas.
1968: bilocação de São Pio de Pietrelcina no
dia de sua morte.
34. Exibições
1854: por cinco dias no altar de São
Pedro para a proclamação do dogma
da Imaculada Conceição
Atualmente: quinto Domingo da
Quaresma, nas vésperas; e todos os
dias da Semana Santa e Oitava
Pascal.
2000: Mandylion de Edessa vai a
feira mundial de Hannover
2013: Mandylion de Edessa vai ao
Museu Nacional de Belas Artes do
Rio de Janeiro, por ocasião da XXVIII
Jornada Mundial da Juventude
37. Sob a luz do Rosto
Para entrar em comunhão com Cristo e contemplar o seu
rosto, para reconhecer o rosto do Senhor no dos irmãos e nas
vicissitudes de todos os dias, são necessárias “mãos inocentes
e corações puros”. Mãos inocentes, isto é, existências
iluminadas pela verdade do amor que vence a indiferença, a
dúvida, a mentira e o egoísmo; e além disso, são necessários
corações puros, corações arrebatados pela beleza divina, como
diz a pequena Teresa de Lisieux na sua oração à Santa Face,
corações que têm impresso o rosto de Cristo.
(Bento XVI, Discurso em Manoppello, 1º/9/2006)