O documento discute os conceitos de gêneros do discurso e estilo de acordo com Bakhtin. Afirma que os gêneros surgem da necessidade de comunicação em determinados contextos sociais e podem ser primários ou secundários. Também discute que o estilo está ligado aos gêneros e reflete a individualidade do falante, mas depende do gênero escolhido para a comunicação.
1. 1. Os gêneros do discurso
Para Bakhtin (2003), os gêneros do discurso são tipos relativamente estáveis de
enunciados que são reconhecidos pelos usuários da língua em determinado contexto
social, ou seja, surgem da necessidade de representação e comunicação de
determinado aspecto da realidade que se faz presente para um grupo de sujeitos, e
por conta disso, os gêneros nascem, circulam, transformam-se e, como também, caem
em discurso de acordo com o movimento e a transformação da própria sociedade.
Nesse sentido, entende-se que há uma enorme gama de gêneros do discurso, pois
são incontáveis as possibilidades da atividade humana. Cabe salientar a extrema
heterogeneidade dos gêneros do discurso (orais e escritos) o que poderia tornar os
traços gerais dos gêneros abstratos e vazios.
CITAÇÃO:/ Não se deve de modo algum, minimizar a extrema heterogeneidade dos
gêneros discursivos e a dificuldade daí advinda de definir a natureza geral do
enunciado. Aqui é de especial importância atentar para a diferença essencial entre os
gêneros discursivos primários (simples) e secundários (complexos) não se trata de uma
diferença funcional [...](Bakhtin,2003,p.263)/
Nessa perspectiva entendemos que há diferenças entre gêneros primários e
secundários. Os gêneros discursivos primários são os gêneros da vida cotidiana, ora
predominante, mas não exclusivamente orais e tem relação direta com contextos mais
imediatos a piada, bate papo, o chat. Enquanto os gêneros do discurso secundário
pertencem à espera da comunicação cultural mais elaborada, a jornalística, a jurídica,
a religiosa, a politica, os gêneros publicitários entre outros.
CITAÇÃO: /A própria relação mútua dos gêneros primários e secundários e o
processo de formação histórica das últimas lançam luz sobre a natureza do enunciado.
e antes de tudo sobre o complexo problemas da relação de reciprocidade entre
linguagem e ideologia. (Bakhtin, 2003, p.264)/
Para Bakhtin (2003), o não conhecimento da natureza do enunciado e a relação com
as peculiaridades das diversidades do gênero do discurso em qualquer ramo da
investigação linguística a transformam em formalismo ou quando muito em uma
abstração que deforma a historicidade da investigação, empobrecem as relações da
língua com a vida.
Nesse aspecto o enunciado é um núcleo problemático de grande importância no que
se refere a alguns campos e problemas da linguística, Bakhtin (2003, p.265) destaca a
estatística: /”Todo estilo está indissoluvelmente ligado ao enunciado e as formas
típicas de enunciado, ou seja, aos gêneros do discurso. ”/ todo enunciado seja ele oral
o escrito, é individual e reflete a individualidade do falante (ou de quem escreve), ito é
o estilo individual.
Nem todos os gêneros são igualmente propícios a tal reflexo da individualidade. No
caso dos gêneros da literatura de ficção. O estilo individual integra diretamente o
próprio edifício do enunciado. As condições menos propicias para o reflexo da
individualidade estão presentes em gêneros do discurso com forma padronizada
(modalidade de documentos oficiais, de ordens militares, nos sinais, nos sinais
verbalizados da produção, etc.), ou seja, em uma gama de gêneros é possível
identificar diferentes camadas e aspectos de uma personalidade individual.
2. Bakhtin (2003) também afirma que a relação orgânica do estilo com o gênero se
revela também na questão dos estilos de linguagem ou funcionais. Em cada campo de
linguagem são revelados gêneros que correspondem as condições específicas de dado
campo e a esses gêneros correspondem determinados estilos. Uma função (científica,
publicística, cotidiana) e as especificidades de comunicação discursiva de cada campo
geram gêneros, isto é, tipos de enunciado relativamente releváveis.
CITAÇÃO:/ O estilo indissociável de determinadas unidades temáticas, e o que é de
especial importância _ de determinados unidades composicionais: de determinados
tipos de construção do conjunto, de tipos de seu acabamento, de tipos de relação do
seu falante com outros participantes da comunicação discursiva_ com os ouvintes, os
leitores, os parceiros, o discurso do outro, etc. O estilo integra a unidade de gênero do
enunciado como seu elemento (Bakhtin, 2003, p.266)/
Na concepção de Fiorin (2006), o conteúdo temático não é o assunto específico de
um texto, mas é um domínio de sentido de que se ocupa o gênero. Nesse sentido, a
unidade composicional_ é o modo de organizar o texto, de estrutura-lo. O ato
estilístico é uma seleção de meios linguísticos. Estilo é, pois uma seleção de aspectos
lexicais, fraseológicos e gramaticais em função da imagem do interlocutor e de como
se presume sua compreensão responsiva do enunciado. Para o autor: CITAÇÃO/ Há,
assim, um estilo oficial, que usa formas respeitadas, como nos requerimentos,
discursos parlamentares, etc : um estilo objetivo_ neutro, em que há uma
identificação entre o locutor e seu interlocutor, como nas exposições científicas, em
que se usa um jargão marcado por uma “ objetividade” e uma neutralidade; um estilo
familiar, em que se vê o interlocutor fora do âmbito das hierarquias e das convenções
sociais, como nas brincadeiras com os amigos, marcados por uma atitude pessoal e
uma informalidade com relação a linguagem [...] (Fiorin, 2006, p.62)/
Para Brait (2007), o estilo está intrinsecamente ligado ao enunciado, isto é, formas
típicas de enunciados que são os gêneros. Nesse contexto, o enunciado busca refletir
em qualquer que seja a esfera de comunicação, a individualidade de quem fala ou
escreve:
CITAÇÃO:/ Uma dada função, seja ela cientifica, técnica religiosa, oficial, cotidiana,
somadas às condições especificas de cada uma das esferas da comunicação, geram um
dado gênero, ou seja, um dado tipo de enunciado, relativamente, estável do ponto de
vista temático, composicional e estatístico[...] (Brait, 2007, p.80)/
Nesse contexto é pertinente observar que, as mudanças históricas dos estilos de
linguagem estão indissoluvelmente ligadas as mudanças dos gêneros do discurso. Os
enunciados e seus tipos, isto é, os gêneros discursivos, são correias de transmissão
entre a história da sociedade e a história da linguagem. Nenhum fenômeno novo
(fonética, léxico, gramatical) pode fazer parte do sistema da língua sem ter percorrido
um amplo e longo caminho de experimentação e elaboração de gêneros e estilos.
Com essa percepção Bakhtin afirma que, onde há estilo há gênero: /”A passagem do
estilo de um gênero para outro não só modifica o som do estilo nas condições do
gênero que não lhe é próprio como destrói ou renova tal gênero” (Bakhtin, 2003,
p.268)/
Num ângulo de comparação entre a gramática e a estilística, Bakhtin (2003) faz
algumas distinções pois convergem e dixvergem em qualquer fenômeno concreto de
3. linguagem. CITAÇÃO: /[...] Se o examinamos apenas no sistema da língua estamos
diante de um fenômeno gramatical, mas se o examinamos no conjunto de enunciado
individual ou do gênero discursivo já se trata de um fenômeno estilístico. Porque a
própria escolha de uma determinada forma gramatical pelo falante é um ato estilístico
[...] (Bakntin, 2003, P.269)/
Desse modo, quando se analisar o enunciado como unidade da comunicação
discursiva. Nunca há um receptor passivo, ou seja, não há categoricamente o
“ouvinte” é um equivo dar essa visão deturpada do processo complexo e
extremamente ativo da comunicação discursiva. O ouvinte, ao compreender o
significado do discurso, ocupa uma ativa posição responsiva concordando ou
discordando, completando-o, aplicando-o, preparando-se para usá-lo, toda
compreensão da fala viva, do enunciado vivo é de natureza ativamente responsiva, ou
seja, o ouvinte se torna falante.
É correto salientar que a resposta não é necessariamente em voz alta. A
compreensão ativamente responsiva pode realizar-se na ação; como também pode
permanecer como compreensão responsiva silenciosa, mas como efeito retardado
(cedo ou tarde que foi dito responde nos próximos discursos ou no comportamento do
ouvinte). Portanto, toda compreensão plena e real é ativamente responsiva, o próprio
falante espera uma resposta, uma concordância, uma participação.
Todo falante é por si mesmo um respondente, porque ele não é o primeiro falante,
sempre faz uso de enunciações dos antecedentes.
CITAÇÃO: [...] Todo enunciado _ da replica sucinta (monovocal) do diálogo cotidiano
ao grande romance ou tratado científico tem, por assim dizer, um princípio absoluto e
um fim absoluto: antes do seu inicio, os enunciados de outros depois do seu término
os enunciados responsivos de outros[...] (Bakhtin, 2003, p.275)
Assim sendo, alternância dos seus sujeitos do discurso no dialogo real, em que se
alternam as enunciações dos interlocutores denominadas replicas. Essas replicas, por
mais breve que sejam possuem uma conclusibilidade especifica ao exprimir certa
posição do falante que suscita resposta em relação a qual se pode assumir uma
posição responsiva.
Nesse contexto, Bakhtin (2003, p.279) ao tratar da alternância dos sujeitos do
discurso afirma que é o “que emoldura o enunciado e cria para ele a massa firme,
rigorosamente delimitada dos outros enunciados a ele vinculadas[...]”/. Ao lado disso,
a conclusibilidade do enunciado, é um aspecto da alternância dos sujeitos do discurso
e possui como critério a possibilidade de responder a esse enunciado, ou seja, o
ouvinte precisava entender, concluir e em seguida responder ao enunciado. Para
tanto, há ainda de se considerar os elementos que asseguram a possibilidade de
resposta no enunciado; exauribilidade do objetivo e do sentido; projeto de discurso
ou vontade de discurso do falante (determina o todo do enunciado, o seu volume e as
fronteiras); formas típicas composicionais e de formas típicas composicionais e de
gênero do acabamento. Esse terceiro elemento é de maior importância, pois se
concretiza, na escolha de um certo gênero de discurso e, desse modo a intenção
discursiva do falante, com toda a sua individualidade é aplicada ao gênero escolhido.
CITAÇÃO:/[...] Todos os nosso enunciados possuem relativamente estáveis e típicas
de construção do todo. Dispomos de um rico repertorio de gênero de discursos orais
4. (e escritos). Em termos práticos, nós os empregamos de forma segura e habilidosa,
mas em termos teóricos podemos desconhecer inteiramente a sua existência[...](
Bakhtin, 2003, p.282)/
Assim, toda uma serie de gêneros difundidos no cotidiano é de tal forma
padronizada que a vontade discursiva individual do falante só se manifesta na escolha
de um determinado gênero e na entonação expressiva ( gêneros elevados, oficiais)
paralelamente a esses gêneros padronizados, existem gêneros mais livres e mais
criativos de comunicação discursiva. Para Bakhtin (2003) quanto mais dominamos os
gêneros, mais livremente os empregamos e descobrimos neles a nossa
individualidade, ou seja, refletimos de modo mais flexíveis e sutil a situação singular da
comunicação; em suma, realizamos de modo mais acabado o nosso livre projeto de
discurso.
Ao tratar das escolhas individuais para enunciação, Bakhtin (2003) enfatiza que
escolhemos as palavras que, pelo tiom, correspondem à expressão do nosso
enunciado. Só o contato da língua, o qual se dá no enunciado, gera a expressão. O
leque de escolha das palavras é feita a partir de outros enunciados.
Para Bakhtin (2003) a palavra existe em três aspectos: como palavra da língua
neutra, como palavra dos outros, cheia de ecos de outros enunciados e como a minha
própria palavra, porque em uma intenção de discurso determinada ela já representa
minha expressão. O elemento expressivo é uma peculiaridade constitutiva no
enunciado. O sistema da língua é dotado das formas necessárias (meios linguísticos)
para emitir a expressão, mas a própria língua e as suas unidades significativas (palavras
e as orações) carecem de expressão, são neutras. Segundo Bakhtin (2003), a estilística
considera os seguintes fatores que determinam o estilo do enunciado: a língua como
sistema, o objeto do discurso e do falante e a sua relação com esse objeto.
CITAÇÃO:/[...] O falante com sua visão do mundo, os seus juízos de valor e emoções
por um lado, e o de seu objeto de seu discurso e o sistema da língua (dos recursos
linguísticos), por outro-eis tudo o que determina o enunciado, o seu estilo e sua
composição[...] (Bakhtin, 2003, p.296).
Nesse sentido podemos evidenciar que o enunciado não está ligado apenas aos elos
procedentes mas também aos subsequentes da comunicação discursiva, ou seja, uma
marca essencial é o seu direcionamento a alguém. Bakhtin (2003) confirma que a
quem se destina o enunciado, como o falante (ou que escreve) percebe e representa
para si os seus destinatários, ou seja, disto dependem tanto a composição, como
também, o estilo do enunciado.
Quando enunciamos é considerável que a percepção do destinatário, e, sobretudo é
relevante saber se ele conhece a situação, dispõe de conhecimento? O que engloba
também conhecermos suas convicções e preconceitos. Tudo isso contribui com sua
ativa compreensão responsiva, e como conseguinte, o processo interativo acaba por
determinar a escolha do gênero dos meios composição, como também dos
linguísticos.
Ainda conforme Bakhtin (2003):
CITAÇÃO:/ O direcionamento, o endereçamento do enunciado é sua peculiaridade
constitutiva sem a qual não há nem pode haver enunciado. As várias formas típicas de
tal direcionamento e as diferentes concepções típicas de destinatários são
5. peculiaridades constutivas e determinantes dos diferentes gêneros do discurso.
(Bakhtin, 2003, p.305)/
Com base na presente análise sobre gêneros discursivos, estilo enunciação gêneros
discursivos, estilo enunciação e atitude responsiva ativa, discutiremos a seguir as
peculiaridades do gênero publicitário.
1.1 Os gêneros publicitários
É fato incontestável que os integrantes das modernas sociedades de consumo
são facilmente influenciáveis pela publicidade. Assim, por mais defesas que
possamos construir, por barreiras que levantemos sempre iremos nos deparar
com uma peça publicitária que fura o cerco, ultrapassa as neuras da nossa
resistência e estabelece uma ideia que interfere em nossas escolhas, ou seja, a
propaganda torna-se inevitável e, persuasiva.
De acordo com Carvalho (2000), ao contrário do panorama caótico do mundo
apresentado nos noticiários dos jornais a mensagem publicitária cria e exibe um
mundo perfeito, tudo são luzes e calor e encanto. E nesse contexto
mercadológico, vendem-se estilos de vida, sensações, emoções e visões de
mundo. Como bem define a autora. CITAÇÃO:/” Em sua forma de interagir, a
linguagem publicitária se caracteriza pelo reforço do individualismo. Ao
concentrar o receptor em si próprio, egoisticamente-ou quando muito, nos
“seus”_ está dizendo que o que interessa é sua roupa, sua casa, sua saúde. A
mensagem quer persuadir o receptor a realizar uma ação predeterminada e para
isso usa uma linguagem autoritária. (Carvalho 2000, p.13)
Vestegaard e Schoder (2000). Tratam sobre a representação da situação de
comunicação a representação da situação de comunicação quando se refere a
propaganda da seguinte forma. O emissor é anunciante e o receptor é o leitor, o
significado transmitido refere-se ao produto, o código é a linguagem verbal ou
visual. Nesse sentido vale dizer que os textos mediáticos são construídos e
organizados na inter-relação complexa de diferentes códigos e de processos
signicos e diversos. CITAÇÃO:/ Todo ato de comunicação se verifica em dada
situação, no contexto. Isso depende da situação em que o emissor e o receptor se
acham, incluindo os acontecimentos imediatamente anteriores, embora o
contexto também englobe a situação cultural mais ampla de ambos, bem como o
conhecimento que tenham da situação deles e de sua cultura. (Vestegaard e
Schoder 2000, P.15)/.
Para Carvalho (2000), a palavra tem o poder de criar e destruir, de prometer e
negar, e a publicidade se vale desse recurso como seu principal instrumento.
CITAÇÃO/ A função persuasiva na linguagem publicitária consiste em tentar
mudar a atitude do receptor. Para isso, ao elaborar o texto publicitário leva-se em
conta o receptor ideal da mensagem, ou seja, o público para o qual está sendo
criada. O vocabulário é escolhido no registro referente aos seus usos. Tomando
por base o vazio interior de cada ser humano, a mensagem faz ver que falta algo
para completar a pessoa: prestigio, amor, sucesso, vitória, (Carvalho 2000, P.19)
De acordo com Vestegaard / Schoder (2000), o objetivo final de toda
propaganda é vender o produto, mas para ser tecnicamente eficaz o publicitário
6. deve estimular primeiramente o desejo de compra e chamar a atenção do leitor
ouvinte, através de mensagens de consumo. A primeira tarefa do publicitário,
portanto, é conseguir que o anúncio seja notado, uma vez captada a atenção do
leitor, o anúncio deve mantê-lo e convencê-lo de que o tema daquele anúncio
específico é do interesse do consumidor.
Assim, a propaganda procura estimular o desejo do leitor e criar a convicção
sobre a qualidade do produto, através de vantagens preço, como também, a
credibilidade do produto. Outro método usado pelos publicitários é a referência
da autoridade médica e da ciência em alguns produtos. Ainda de acordo com os
autores, é importante enfatizar que o papel do publicitário é induzir à ação de
compra. É de fundamental importância para o homem da propaganda que ele não
pareça estar se impondo, evitando assim, uma rejeição do público. CITAÇÃO:/ É o
contexto que nos permite concluir se um enunciado que se mascara como
informação ou conselho constitui-se fato de um apelo à ação (Vestegaard,
Schoder, 2000, P.69)/.
Na concepção de Carvalho (2000), no texto publicitário o elemento verbal que
representa a ordem ou convite, constitui um imperativo revestido de roupagens
que camuflam as intenções do texto. CITAÇÃO/ Para persuadir e seduzir, o texto
publicitário se utiliza de estratégias linguísticas, de modo a estabelecer uma
personalidade para o produto, dotando-o de atributos e promovendo-o pela
celebração do nome (Carvalho, 2000, P.46)
Nesse aspecto convém ressaltar que a propaganda cria situações hipotéticas que
conduzem o leitor a concluir exatamente o que pretende quem o escrever muitas
vezes, a linguagem da propagando é coloquial, para parecer uma conversa; o
interlocutor é trazido para dentro do texto por meio de pronomes como você, e
isso vai gerando no leitor (interlocutor do texto) uma certa intimidade com o
raciocínio que lhe está sendo apresentado. É como se ele estivesse raciocinando
junto com o texto, concordando com as ideias apresentadas.
CITAÇÃO/ Convidando-nos a entrar no seu paraíso imaginário, a propaganda se
torna assim um espelho mágico, no qual uma interpretação mais sutil nos permite
discernir os contornos do generalizado descontentamento popular com a lida
cotidiana e com as oportunidades que nos proporciona a sociedade em que
vivemos, portanto, a propaganda se fundamenta no desejo subconsciente de um
mundo melhor (Vestegaard, Schoder, 2000, P. 132)/
Vestegaard, Schoder, (2000) afirmam ainda que a propaganda deve estar em
contato com a consciência do leitor, captando sua atenção e colocando-o a favor
do produto anunciado, nesse sentido, a principal meta do anunciante é agradar
plenamente os consumidores. Os valores sociais são fortemente marcados no
discurso da propagandae, conferem ao produto um valor simbólico ou “imagem”.
Esse papel de desempenhado por complexas de significação com a história, a
natureza, a ciência.
Para Carvalho (2000), a publicidade induz a uma visão dinâmica do social,
privilegiando as ideias mais atuais, os fatos em emergência, as inovações
tecnológicas as novidades de ultima hora. CITAÇÃO/ No texto publicitário,
qualquer que seja a mensagem implícita, é o testemunho de uma sociedade de
7. consumo e conduz a uma representação pessoal com a realidade particular. Sua
mensagem primeira e explícita é o estímulo ao consumo de um produto, mas ele
põe em destaque determinado aspecto de uma cultura, como um projeto
poderoso, sem deixar de criarem torno de si algumas zonas de sombra (Carvalho
2000, p.106)
Ainda conforme Carvalho (2000), podemos dizer que a publicidade muitas vezes,
sustenta seu discurso nas conotações culturais e linguísticas, como também,
naquelas que vinculam estereótipos, mais facilmente codificáveis e
compreensíveis. CITAÇÃO/ A mensagem publicitária sempre utilizará as palavras
com carga cultural que possuem na comunidade em que será veiculada, tentado
não contrariar o estabelecido, para que possa ser entendida e aceita (Carvalho
2000, P.108)/
Nesse contexto Vestegaard, Schoder (2000) ao tratarem dos dois sistemas
referenciais mais comuns utilizadas pela propaganda da natureza e história,
confirmam que o anuncio exemplifica a forma básica de exploração da história em
mensagens comerciais, ou seja, uma vez que o presente é vivenciado como
insuficiente, os anúncios projetam imagens de uma história mítica e imprecisa
para conferir autoridade cultural às mercadorias. O sentido de “natural” se tornou
o grau de aproximação da natureza que uma cultura histórica define como
desejável. CITAÇÃO/ Quando a propaganda o emprega, o “natural”, por
consequência, torna-se um mecanismo que permite a cultura apropriar-se das
qualidades positivas associadas com a natureza e fazer essas qualidades,
desprovidas da respectiva substância, aderirem aos produtos de fabricação
industrial. (Vestegaard, Schoder, 2000, P.176)/.
Assim, o anuncio publicitário é cercado de recursos ( repetições de sons,
valorização de certas estruturas morfossintáticas etc.) que pretende, entre outras
objetivos provocar o interesse do consumidor; estimular o desejo de comprar e
chamar a atenção do leitor, através de mensagens de consumo. Para isso, produz
uma profusão de imagens e símbolos que conectados a linguagem verbal criam e
exibem um mundo perfeito e ideal provocando, pois no leitor/ ouvinte uma
sensação ainda maior desejo e, consequentemente, uma aceitação sem qualquer
tipo de questionamento, e que só reafirma o poder de persuasão dos meios de
comunicação.
2. Cerveja: Uma breve história e a companhia Brahma
A cerveja é um produto com longa tradição no Brasil, surgindo referências a esta
bebida em documentos que dotam do século XVII. No entanto, a sua ascensão foi
demorada e tortuosa, sendo que, no início do século XIX, a cachaça e o vinho eram as
bebidas alcoólicas preferidas pelo povo. A cerveja já era produzida, mas o seu
consumo não se encontrava generalizado. Antes permanecendo como uma produção
caseira e típica de populações imigrantes.
CITAÇÃO/[...] “O consumo foi crescendo gradualmente e, em 1836, surgiu a primeira
notícia sobre a fabricação de cerveja no Brasil. Esse anúncio, publicado no jornal do
comércio do Rio de Janeiro, dizia o seguinte: Na rua Mata – Cavalos, números 90, e rua
direita número 86, da cervejaria brasileira, vende-se e muito procurada. Essa saudável
8. bebida reúne a barateza um sabor agradável e a propriedade de conservar-se por
muito tempo” [...] (Disponível em <htpp://www.cervejasdomundo.com/brasil.htm>
acesso em 21/04/2014)
Com o passar dos anos a grande quantidade de fábricas e cervejarias foram surgindo,
mas precisamente entre os anos 40 e 80 do século XIX, o que permitiu uma grande
expansão no consumo de cerveja, esse fato contribui para que esta bebida se tornasse
a mais popular do Brasil.
Até a consagração da cerveja como bebida da rainha, o produto mais procurado e
consumido pela população era a “Gengi birra”, feita de farinha de milho, gengibre,
casca de limão e água. Após a mistura dos ingredientes, deixava-se a infusão descansar
por alguns dias, e logo depois eram vendidos em garrafas ou canecas. Outra bebida
apreciada na época era a “caramuru”, feita de milho, gengibre, açúcar mascavo e água,
depois era levada a fermentação antes de ser consumida. CITAÇÃO/ [...]Estes produtos
passaram a sofrer uma forte concorrência por parte da cerveja, sendo exemplo disso o
pequeno bar “A cidade de berna”, local de grande sucesso no qual era servida a
cerveja Bavária, então produzida pela STUPAKOFF e cia. Por essa altura, o Rio de
Janeiro já era uma cidade comparável as outras da Europa, possuindo um mercado
consumidor relevante. A venda da cerveja era negociada no balcão da própria
cervejaria que atendia a particulares. As entregas eram feitas por carroças, que se
deslocavam às zonas oficiais dos bairros adjacentes. /(Disponível em
http://www,cervejasdomundo.com/brasil.htm>acesso em 21/04/2014)/
A princípio, eram poucas fábricas de cerveja existentes no país. Henri Joseph Leiden
foi o fundador da primeira fábrica de cerveja do Brasil, é Pernambuco. Aos poucos
outras regiões também foram beneficiadas com a instalação de cervejaria e com isso,
foram de suma importância e de grande contribuição para a economia do país. Como
nosso objetivo é analisarmos o discurso da Brahma, na copa 2014 é importante nos
debruçarmo-nos sobre algumas informações da companhia Brahma.
2.2 Companhia Brahma
Brahma é uma marca de cerveja brasileira criada em 1888, no Rio de Janeiro, pela
manufatura de cerveja Brahma Villiger e companhia, que depois mudaria de nome
para companhia cervejaria Brahma, e depois seria sucedida pela Ambev. CITAÇÃO/[...]
A empresa, então instalada na rua Visconde de Sapucaí 128, adotou o mesmo nome
que um Deus da Índia, muito venerado. Junto das águas do lado de Pushkar, sendo
que quem ai se banha tem todos os seus pecados perdoados, por piores que estes
sejam. A primeira imagem associada a Brahma representava uma mulher em volta por
ramos floridos de lúpulo e levada, sendo esta o componente do também primeiro
rótulo da marca. /(Disponível em: <http:// www.cervejasdo mundo.com/brasil.htm>
Acesso em 21/04/2014) /
A partir da década de 30 com algumas fusões e aquisições, a Brahma torna-se uma
empresa estrutura e virada para o futuro e cada vez mais, aposta em tecnologias e
publicidade e com isso, consegue manter grande afinidade com os consumidores, já no
ano de 1934 liderava com a marca Brahma Chopp a cerveja mais consumida no país.
Os anos seguintes são marcados pela contínua expansão da companhia e por algumas
alterações na forma de apresentar os produtos.
9. Durante os anos 80, a Brahma apostou forte no mercado de refrigerantes, toda via
manteve a origem cervejeira da empresa, nesse mesmo ano foi eleita como a melhor
cerveja importada dos EUA. A internacionalização da marca e a sua grande aceitação
no mercado interno mereceu destaque como a 7° empresa cerveja do mundo, numa
avaliação companhia de mais 90 países. Este reconhecimento econômico surgiu a
partir do reconhecimento científico, obtido após a inauguração de uma moderna
cervejaria piloto para o desenvolvimento de novo produtos.
O final da década fica marcado pela aquisição da companhia cervejaria Brahma pelo
grupo garantia, iniciando-se um período de reestruturação e construção de novas
fábricas.
Os últimos dez anos continuaram a ser de crescimento. No início de 1996 é
inaugurada a filial Rio de Janeiro, no bairro de Campo Grande-RJ. CITAÇÃO/[...] Trata-
se da maior fábrica da América Latina com capacidade de produção de 12 milhões de
hectolitros por ano. É igual mente iniciada a construção de mais 2 unidades fabris:
uma Viamão- Rio Grande do Sul e outra correspondente a cervejaria águas claras,
município de Estância, Aracaju[...] / (disponível em:
ltt://www.cervejasdomundo.com/brasil.htm>Acesso em 21/04/2014)/
Em 199, a companhia Antártica paulista e a companhia cervejaria Brahma
anunciavam a criação da companhia de bebidas das Américas (AMBEV), resultante da
fusão entre ambas. Apesar da Brahma ser totalmente brasileira, ela é famosa por ser
marca internacional da AMBEV, marcando presença em mais de 15 países ao redor do
mundo.
Em 2006, a cerveja Brahma ultrapassou em vendas a Holandesa Heineken, tornando-
se a 5° cerveja mais vendida do mundo.