Este documento descreve a anatomia macroscópica da medula espinhal e seus envoltórios, incluindo sua forma, estrutura geral, conexões com nervos espinhais, segmentos medulares, vascularização e lesões. É detalhado o formato em "H" da substância cinzenta e os três funículos da substância branca, assim como os principais núcleos e vias ascendentes e descendentes. Lesões como transecção total, síndrome anterior e de Brown-Séquard são explicadas.
2. Introdução
• “miolo” / indica o que está dentro
• Órgão do SNC mais simples e cuja estrutura
(tubo neural) foi menos modificada durante o
desenvolvimento.
• Conceito: é uma massa cilindróide de tecido
nervoso situada dentro do canal vertebral
sem, entretanto, ocupá-lo completamente.
3.
4. Introdução
• Cranialmente a medula limita-se com o bulbo,
aproximadamente ao nível do forame magno do
osso occipital.
• No homem adulto mede aproximadamente
45cm, sendo pouco menor na mulher.
• O limite caudal da medula tem importância
clínica e no adulto situa-se geralmente na 2ª
vértebra lombar (L2)
• A medula termina afilando-se para formar um
cone, o cone medular, que continua com um
delgado filamento meníngeo, o filamento
terminal.
7. Forma e Estrutura Geral
• O calibre da medula
espinhal não é uniforme,
pois apresenta duas
dilatações denominadas C4-T1
intumescência cervical e
intumescência lombar.
• Formação: Maior
quantidade de neurônios
e, portanto, de fibras
T11-L1
nervosas que entram ou
saem destas áreas.
L2
8. Forma e Estrutura Geral
• A superfície da medula apresenta os seguintes sulcos
longitudinais, que percorrem em toda a sua extensão:
o sulco mediano posterior, fissura mediana anterior,
sulco lateral anterior e o sulco lateral posterior.
• Na medula cervical existe ainda o sulco intermédio
posterior que se situa entre o sulco mediano posterior
e o sulco lateral posterior e que se continua em um
septo intermédio posterior no interior do funículo
posterior.
• Nos sulcos lateral anterior e lateral posterior fazem
conexão, respectivamente as raízes ventrais e dorsais
dos nervos espinhais.
9.
10. Forma e Estrutura Geral
• Na medula, a substância cinzenta localiza-se por dentro da branca e
apresenta a forma de uma borboleta, ou de um "H". Nela distinguimos de
cada lado, três colunas que aparecem nos cortes como cornos e que são
as colunas anterior, posterior e lateral. A coluna lateral só aparece na
medula torácica e parte da medula lombar. No centro da substância
cinzenta localiza-se o canal central da medula.
• A substância branca é formada por fibras, a maioria delas mielínicas, que
sobem e descem na medula e que podem ser agrupadas de cada lado em
três funículos ou cordões:
• Funículo anterior: situado entre a fissura mediana anterior e o sulco
lateral anterior.
• Funículo lateral: situado entre os sulcos lateral anterior e o lateral
posterior.
• Funículo posterior: situado entre o sulco lateral posterior e o sulco
mediano posterior, este ultimo ligado a substancia cinzenta pelo septo
mediano posterior. Na parte cervical da medula o funículo posterior é
dividido pelo sulco intermédio posterior em fascículo grácil e fascículo
cuneiforme.
12. Conexões com os Nervos Espinhais
– Segmentos Medulares –
• Nos sulcos lateral anterior e lateral posterior
fazem conexão com pequenos filamentos
nervosos denominados de filamentos
radiculares, que se unem para formar,
respectivamente, as raízes ventrais e dorsais
dos nervos espinhais. As duas raízes se unem
para formação dos nervos espinhais,
ocorrendo à união em um ponto situado
distalmente ao gânglio espinhal que existe na
raiz dorsal.
13. Conexões com os Nervos Espinhais
Raízes Nervosas
– Segmentos Medulares –
14. Topografia Vertebromedular
• A um nível abaixo da segunda vértebra
lombar encontramos apenas as
meninges e as raízes nervosas dos
últimos nervos espinhais, que dispostas
em torno do cone medular e filamento
terminal, constituem, em conjunto, a
chamada cauda eqüina. Como as raízes
nervosas mantém suas relações com os
respectivos forames intervertebrais, há
um alongamento das raízes e uma
diminuição do ângulo que elas fazem
com a medula. Estes fenômenos são
mais pronunciados na parte caudal da
medula, levando a formação da cauda
eqüina.
15. Topografia Vertebromedular
• Como conseqüência da diferença de ritmos de
crescimento entre a coluna e a medula, temos o
afastamento dos segmentos medulares das vértebras
correspondentes.
• Nível da medula - regra: entre os níveis C2 e T10,
adicionamos o número dois ao processo espinhoso da
vértebra e se tem o segmento medular subjacente.
• No adulto, as vértebras T11 e T12 correspondem aos
segmentos lombares. Já o processo espinhoso de L1
corresponde aos cinco segmentos sacrais.
17. Envoltórios da Medula
• Cranialmente a dura-mater espinhal, continua
na dura-máter craniana, caudalmente ela se
termina em um fundo-de-saco ao nível da
vértebra S2.
• Prolongamentos laterais da dura-máter
embainham as raízes dos nervos espinhais,
constituindo um tecido conjuntivo (epineuro),
que envolve os nervos.
18. Envoltórios da Medula
• A aracnóide espinhal se dispõem entre a dura-máter
e a pia-máter. Compreende um folheto justaposto à
dura-máter e um emaranhado de trabéculas
aracnóideas, que unem este folheto à pia-máter.
• A pia-máter é a membrana mais delicada e mais
interna. Ela adere intimamente o tecido superficial
da medula e penetra na fissura mediana anterior.
Quando a medula termina no cone medular, a pia-
máter continua caudalmente, formando um
filamento esbranquiçado denominado filamento
terminal.
20. Envoltórios da Medula
• A pia-máter forma, de cada lado da medula,
uma prega longitudinal denominada
ligamento denticulado, que se dispõem em
um plano frontal ao longo de toda a extensão
da medula.
• Os dois ligamentos denticulados são
elementos de fixação da medula e
importantes pontos de referência em cirurgias
deste órgão.
22. Envoltórios da Medula
Espaços Importantes para a Clínica:
• O espaço epidural, ou extradural, situa-se entre a
dura-máter e o periósteo do canal vertebral. Contém
tecido adiposo e um grande número de veias que
constituem o plexo venoso vertebral interno.
• O espaço subdural, situado entre a dura-máter e a
aracnóide, é uma fenda estreita contendo uma
pequena quantidade de líquido.
• O espaço subaracnóideo contém uma quantidade
razoavelmente grande de líquido cérebro-espinhal ou
líquor.
• Alguns autores ainda consideram um outro espaço
denominado subpial, localizado entre a pia-máter e o
tecido nervoso.
26. Vascularização da Medula Espinhal
• Artérias Espinhais Segmentares
- Artérias Radiculares
• Artérias Nutritivas (variáveis):
- Grande Artéria Espinhal Anterior de Adamkiewicz –
responsável pela irrigação dos 2/3 inferiores da Medula
27. Vascularização da Medula Espinhal
Veias da Medula Espinhal:
• Drenam para 6 canais longitudinais que se
comunicam com as Veias do Cérebro e Seios
Venosos
• Plexo Venoso Vertebral Interno
28. Conceitos Importantes
• Substância cinzenta: neuróglia, corpos de
neurônios e fibras predominantemente
amielínicas;
• Substância branca: neuróglia e fibras
predominantemente mielínicas;
• Núcleo: massa de s. cinzenta dentro de s. branca,
ou grupo delimitado de neurônios com
aproximadamente a mesma estrutura e função;
• Córtex: s. cinzenta que se dispõe em uma camada
fina na superfície do cerebelo e do cérebro;
29. Conceitos Importantes
• Tracto: feixe de fibras nervosas com
aproximadamente a mesma origem, mesma
função e mesmo destino – amielínicas e
mielínicas. EX.: Tracto cortico-espinhal lateral.
• Fascículo: um tracto mais compacto.
• Lemnisco: “fita”. Alguns feixes de fibras sensitivas
que levam impulsos nervosos ao tálamo.
• Funículo: “cordão”. É usado para a s. branca da
medula. Um funículo contém vários tractos ou
fascículos.
32. Neurônios Medulares
Viscerais
Radiculares
• Neurónios Somáticos
Axónio Longo de projeção
(tipo I de Golgi) Cordonais
de associação
• Neurónios
Axónio Curto
(tipo II de Golgi)
33. Núcleos da Substância Cinzenta
• Grupos ou Colunas do Corno Anterior (Zona
Somato-Motora):
– Grupo Interno/Medial
(Musculatura Esqueleto axial)
– Grupo Externo/Lateral
(Musculatura Esqueleto apendicular –
Intumescência cervical e lombar)
– Grupo Central:
• Núcleo Frénico (nervos C3, C4 e C5)
• Núcleo Acessório (nervos C1-C6)
• Núcleo Lombo-Sagrado (nervos L2-S1)
34. Núcleos da Substância Cinzenta
• Grupos ou Colunas do Corno Posterior (Zona
Somato-Sensível):
– Substância Gelatinosa de Rolando
(portão da dor – regula entrada no SN de impulsos dolorosos)
– Núcleo Dorsal (Coluna de Clark)
(Propriocepção inconsciente)
– Núcleo Propius
– Núcleo Aferente Visceral (Coluna de Betcherew)
• Lâminas de Rexed (I-X)
• (distribuição regular dos neurônios medulares)
36. VIAS ASCENDENTES OU SENSITIVAS
•Feixes grácil e cuneiforme Sensibil. proprioceptiva e vibratória; tacto epicritico
•Espinotalâmico anterior Tacto protopático
•Espinocerebelar anterior e posterior Informação proprioceptiva e de receptores
•Espinotalâmico lateral Temperatura e dor
• Espino-tectal Reflexos espinovisuais
•Postero lateral
• Espino-olivar Órgãos cutâneos e proprioceptivos
•Espino-reticular Pele, músculos e articulações
37. VIAS DESCENDENTES OU MOTORAS
Piramidais •Feixes cortico-espinhais Movimentos voluntários (distais)
•Vestibulo-espinhal Equilibrio e facilitia extensores
•Tecto-espinhal Reflexos relacionados com visão
Extra •Reticulo-espinhal Movimentos voluntários e actividade reflexa
Piramidais •Rubro-espinhal Motilidade e facilita flexores
•Olivo-espinhal Actividade muscular
•Vegetativos descendentes Funções viscerais
38. VIAS INTERSEGMENTARES
• Ligação entre neurônios de diferentes níveis
• Descendentes e ascendentes
• Curtas e Longas
39. Lesões da Medula Espinhal
Lesões compressivas
Síndrome do choque espinhal
Síndromes destrutivas da medula espinhal
41. Síndrome do choque espinhal
• Segue-se a lesões agudas graves da medula
espinhal
• Redução das funções medulares abaixo da
zona afectada e do SNA
• Duração: < 24h - 4 semanas
42. Síndromes destrutivas da medula
espinhal
• Síndrome do seccionamento transversal completo da
medula espinhal
• Síndrome anterior da medula espinhal
• Síndrome central da medula espinhal
• Síndrome de Brown-Séquard ou hemissecção da
medula espinhal
• Siringomielia
• Poliomielite
• Esclerose múltipla
• Esclerose lateral amiotrófica (ELA) ou síndrome de Lou
Gehrig
43. Síndrome da Transecção Medular Total
• Perda de toda a sensibilidade e
motricidade voluntária abaixo do nível
da lesão.
• Causas: deslocação de fraturas, ferida
de arma branca ou de fogo, tumor em
expansão.
• Paralisia do neurônio motor inferior e
atrofia muscular
• Paralisia espástica bilateral
• Perda bilateral de sensibilidade
44. Síndrome Medular Anterior
• Causas: contusão da medula por fratura ou deslocamento
vertebral, lesão da artéria espinhal anterior, hérnia discal
• Paralisia bilateral do neurônio motor inferior
• Paralisia espástica bilateral
• Perda bilateral de sensibilidade
45. Síndrome Medular Central
• Causas: normalmente por hiperextensão da coluna cervical →
compressão da medula entre os corpos vertebrais e ligamentos
amarelos
• Paralisia bilateral do neurônio motor inferior
• Paralisia espástica bilateral
• Perda bilateral de sensibilidade
46. Síndrome de Brown-Séquard ou
Hemissecção Medular
• Causas: deslocamento de fraturas da coluna vertebral, ferida de
arma branca ou de fogo ou tumor em expansão
• Hemissecção completa (rara) ou incompleta
• Paralisia unilateral do neurónio motor inferior
• Paralisia espástica unilateral
• Anestesia cutânea unilateral
• Perda unilateral de sensibilidade
• Perda contralateral da sensibilidade
táctil, dolorosa e térmica
47. Siringomielia
• Causas: anomalia do
desenvolvimento do canal lesão da via espino-talâmica lateral
central da medula, afetando
normalmente a região cervical
da medula e tronco cerebral.
48. Poliomielite
• Infecção viral aguda dos
neurônios da coluna cinzenta
anterior da medula espinhal
e núcleos motores dos pares
cranianos.
• Atrofia muscular
• Problemas respiratórios
49. Esclerose múltipla
• SNC - desmielinização das vias ascendentes e
descendentes
• Causa desconhecida
• Possivelmente, mutações nos genes que codificam
as proteínas das bainhas de mielina ou por reações
auto-imunes contra essas proteínas.
• Sintomas: fraqueza dos membros, ataxia,
espasticidade e paralisia.
50. Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) ou
Síndrome de Lou-qehrig
• Exclusiva das vias córtico-espinhal e neurónios motores das
colunas cinzentas anteriores
• Causa desconhecida
• Progressiva atrofia muscular, paresias, fasciculação,
espasticidade. Pode afectar pares cranianos.
51. Bibliografia
• Machado, Ângelo; Neuroanatomia Funcional; Editora
Atheneu; 2ª edição; 2004
• Snell, Richard; Neuroanatomia Clínica para Estudantes de
Medicina; Editora Guanabara Koogan; 5ª edição; 2001
• Netter, Frank; Atlas of Human Anatomy; Elsevier; 4ª edição;
2006