1) Os telemóveis estão se tornando cada vez mais integrados ao corpo humano, se movendo da mão para a roupa e pele. Isso pode potencializar novas formas de relações sociais.
2) À medida que os dispositivos se aproximam mais dos sentidos humanos, as pessoas ficarão mais dependentes da visão e das imagens fornecidas, permitindo maior controle sobre o que vemos e somos.
3) A felicidade pode aumentar para mais pessoas à medida que a fronteira entre realidade e virtualidade se torna mais tê
1. CENTRO DE FORMAÇÃO AGRÍCOLA DE ALMEIRIM
STC 5 – Redes de Informação e Comunicação
FICHA DE REFLEXÃO
Tema: Biologização dos telemóveis (DR1 – Sociedade - Tipo I – II - III)
O seguinte texto é retirado do blog de José Pacheco Pereira.
No final do texto existem comentários de dois seguidores deste blog
expressando a sua opinião.
Leia o texto com muita atenção de modo a responder às questões de
seguida apresentadas.
Nota: Se ajudar, vá tirando notas ao longo da leitura de casos que sejam um exemplo do que se
pede.
1. Descreva diferentes usos dados ao telemóvel seja por diferenças de
idades, de géneros, de profissões, de situação geográfica, de condição
económica, …. Tente fundamentar a sua resposta com algum caso
conhecido por si.
2. Considera que um telemóvel é mais um objecto usado pelo ser social
demonstrativo de um determinado estatuto? Explicite a sua opinião, se
possível dando exemplos.
3. Comente o texto dando também a sua opinião sobre o futuro dos
telemóveis (como os imagina no futuro, que novas funções poderão ter,
que aspectos virão a ser modificados a fim de colmatar problemas actuais
existentes devido ao uso dos telemóveis, …). Refira também que
consequências poderão advir do uso do telemóvel nas relações sociais.
TRATADO DOS TELEMÓVEIS
A “biologização dos devices” e notas dispersas
O efeito dos telemóveis, que tenderão a perder este nome com o cada vez
maior afastamento em relação quer aos telefones, quer aos nossos conceitos
de mobilidade, será cada vez mais poderoso quanto o device se incrustar no
nosso corpo. Passará da nossa mão, onde existe ainda como objecto
autónomo, para a nossa roupa e daí para a nossa pele. Colar-se-á ao corpo,
como a televisão se colará às paredes da nossa casa ou aos nossos olhos.
Esta evolução, a que tenho chamado a “biologização dos devices”, potenciará
um novo mundo de relações humanas e sociais. O provável é que, quanto mais
os aparelhos se aproximarem das fontes dos nossos sentidos, mais se
moldarão à sua hierarquia e às suas fragilidades. Ficaremos cada vez mais
presos à visão, o nosso mais enganador sentido, e à janela sobre o mundo que
ele nos dá. Cada vez mais quem controlar o que vemos, controla o que somos.
2. Haverá um esplendor de imagens pobres – jogos, pornografia, superfícies – no
lugar da vida vivida, com o crescimento de uma virtualidade que funciona como
ersatz dos prazeres reais caros, e o pensamento recuará empurrado pelo
automatismo dos gestos programados (permitidos). O tempo e o espaço
mudarão significativamente a uma maior velocidade do que aquela em que já
estão a mudar e que já é muita.
As imagens sem símbolos serão o “ópio do povo”. Não excluo que, para cada
vez mais pessoas, a felicidade aumente porque a felicidade é a impressão de
estar feliz. À medida que a diferença entre a virtualidade e a realidade seja
cada vez menor, e dependa de literacias hard e de posses (posse) no mundo
hard, os pobres terão eficazes técnicas de felicidade virtual à sua disposição.
Este texto é experimental, explora apenas alguns caminhos, pela via do
exagero como método.
*
Uma nota: um pouco por todo o lado nos textos dos blogues o acto de ir para
férias está directamente associado ao abandono nas férias dos mecanismos de
comunicação - televisão, telefones, jornais.
Interessante esta percepção de um afastamento do mundo pela recusa dos
seus canais de comunicação como sendo "férias". Como se o trabalho fosse
hoje apenas receber, estar imerso em comunicações, informações.
*
A Ana escreve :
“Não concordo que o telemóvel ponha em causa o direito de ignorar um
telefonema. Esse é precisamente um dos direitos que apenas têm as pessoas
com telefone. O gozo bestial/ às vezes o sofrimento de o ignorar.
Por isso, sugiro a eliminação deste direito no projecto de Tratado dos
Telemóveis. Ou então a sua inclusão num artigo autónomo com a epígrafe Boa
Utilização do Telemóvel - Liberdades. Podíamos fazer uma Convenção
Preparatória do Tratado dos Telemóveis.”
JPT escreve:
"há três meses que desliguei de vez o telemóvel, perdi direito a numero até.
Todos me olham algo estranhos como se alguma coisa meio-grave me tivesse
acontecido. Ou então reforçando a ideia (talvez já algo formada) de que tenho
a mania que sou um bocado diferente, "a modos que quer parecer intelectual"
ou quejando."
In: http://abrupto.blogspot.com/2003/07/tratado-dos-telemveis-biologizao-
dos.html
Bom Trabalho
Virgínia da Costa Almeida