O documento discute as variações linguísticas no Português brasileiro, explicando que elas ocorrem devido a fatores regionais, sociais e históricos. Essas variações incluem diferenças de vocabulário, pronúncia, morfologia e sintaxe em diferentes regiões e grupos sociais do país. A língua muda gradualmente ao longo do tempo e do espaço.
5. Como nosso país é muito
grande e desigual, com
Estados grandes e
pequenos, ricos e pobres,
com gente vivendo no
litoral, na floresta, nas
grandes cidades, em
povoados e na roça, é
natural que a Língua sofra
variações, que é, tão
somente, maneiras
diferentes de se dizer a
mesma coisa. Esse
fenômeno chamamos de
Variação Linguística.
6. Variação Linguística
A língua não é usada de modo
homogêneo por todos os seus
falantes. O uso de uma língua
varia de época para época, de
região para região, de classe
social para classe social, e
assim por diante. Nem
individualmente podemos
afirmar que o uso seja
uniforme. Dependendo da
situação, uma mesma pessoa
pode usar diferentes variedades
de uma só forma da língua.
8. Qualquer falante do
Português possui um
conhecimento implícito e
altamente elaborado da
língua, muito embora não
seja capaz de explicar esse
conhecimento. É esse
conhecimento que impede
uma pessoa de falar uma
frase do tipo: “Uma menino
chegou aqui amanhã.”
9. A gramática
normativa trata
apenas da
modalidade culta
(padrão) da língua,
mas não posemos
esquecer que a
linguagem é
influenciada por
muitos fatores.
10. Não há certo ou
errado no uso da
língua, o que há é
uma forma
adequada ou
inadequada de
usar a linguagem
em determinadas
situações de
comunicação.
11. Casos:
1- Um advogado no
tribunal do júri:
- É evidente que a
testemunha está faltando
com a verdade.
2- Um advogado
conversando com um
colega:
- Tá na cara que a
testemunha tá enrolado.
13. Nível Fonológico
– o L final da sílaba é
pronunciado como
consoante pelos
gaúchos, enquanto em
quase todo o Brasil é
vocalizado, ou seja, é
pronunciado com U.
Há ainda o R caipira;
o S chiado do
carioca, etc.
14. Nível morfossintático
algumas vezes, por
analogia, pessoas flexionam
verbos irregulares com se
fossem regulares: “manteu”
(manteve) “vim” (vir).
Outros não realizam a
concordância entre o verbo
e o sujeito: “eles foi”; “os
menino compraro”.
Há ainda o uso da regência:
“eu lhe vi” (eu o vi), só para
citar alguns casos
15. Nível vocabular
algumas palavras são empregadas com
sentidos específicos, de acordo com a
localidade.
Ex: Uma criança em Portugal é “miudo”, ao
passo que no Brasil pode ser “moleque”,
“guri”, “piá”, “menino”.
Outro exemplo, são as gírias.
Ex:
“Afe ou aff” - variação usado pelos
adolescentes substituindo o "que saco!“
“Babado” - Fofoca, novidade.
“Parada” - Coisa, negócio, troço, objeto.
Usado para referência genérica ou quando
não se lembra a designação exata de algo.
Exemplo: "Me manda aquela parada de que
você falou."
16. Variedade Histórica:
Acontece ao longo de um determinado período de
tempo, pode ser identificada ao se comparar dois
estados de uma língua. O processo de mudança é
gradual: uma variante inicialmente utilizada por um
grupo restrito de falantes passa a ser adotada por
indivíduos socioeconomicamente mais expressivo. A
forma antiga permanece ainda entre as gerações mais
velhas, período em que as duas variantes convivem;
porém com o tempo a nova variante torna-se normal na
fala, e finalmente consagra-se pelo uso na modalidade
escrita. As mudanças podem ser de grafia ou de
significado.
17. Cantiga da Ribeirinha
No mundo non me sei parelha,
Mentre me for como me vai,
Cá já moiro por vós, e - ai!
Mia senhor branca e vermelha.
Queredes que vos retraia
Quando vos eu vi em saia!
Mau dia me levantei,
Que vos enton non vi fea!
E, mia senhor, desd'aquel'dia, ai!
Me foi a mi mui mal,
E vós, filha de don Paai
Moniz, e bem vos semelha
D'haver eu por vós guarvaia,
Pois eu, mia senhor, d'alfaia
Nunca de vós houve nem hei
Valia d'ua correa.
No mundo ninguém se assemelha a
mim
Enquanto a vida continuar como
vai,
Porque morro por vós e - ai! -
Minha senhora alva e de pele
rosadas,
Quereis que vos retrate
Quando eu vos vi sem manto.
Maldito seja o dia em que me
levantei
E então não vos vi feia!
E minha senhora, desde aquele dia,
ai!
Tudo me ocorreu muito mal!
E a vós, filha de Dom Paio
Moniz, parece-vos bem
Que me presenteis com uma
guarvaia,
Pois eu, minha senhora, como
presente,
Nunca de vós recebera algo,
Mesmo que de ínfimo valor.
20. Receita di repõi nu ái
e ói
Gredienti:
5 denti di ái
3 cuié de ói
1 cabess de repôi
1 cuié de mastumati
Sá a gosto
Mé qui fais?
Casca u ái, pica u ái e soca u
ái com sá.
Cêquenta o ói, foga o ái no ói
quentim.
Pica o repôi beeemm finim,
foga o repôi nu ói quentimm
Poim mastumati, mexi Ca cué
pra fazê o môi.
Prontim! Pó cume.
21. O jeito cearense de ser!
Cearense não joga fora... Ele
rola no mato!
Cearense não discute... Bota
boneco!
Cearense não corre... Faz
carreira!
Cearense não ri... Se abre!
Cearense não brinca... Fresca!
Cearense não toma água com
açúcar... Bebe garapa!
Cearense não percebe... Dá fé!
22. Causo cuiabano
Tava aquele aguaceiro e os
dois atarracado no escuro.
Ele tava até na orêa e ela
uma bocó de fivela tava lá
com ele. Quando o pai dela
viu, disse na hora:
Bonito pra chas cara! Um
cêpo dum marmandjo de
catcho com minha fia.
Amanhã vai sê uma
futxicaiada só.
Cânhâem seu Nardo!
Senhor tá pensano que sô
cordero? Tcha por Deus!
Chialá mamãe! Djá vô ino!
23. Variedade Social
Variação Social: É aquela pertencente a um
grupo específico de pessoas. Neste caso,
podemos destacar as gírias, as quais pertencem
a grupos de surfistas, tatuadores, entre
outros; a linguagem coloquial, usada no dia a dia
das pessoas; e a linguagem formal, que é aquela
utilizada pelas pessoas de maior prestígio
social.
Fazendo parte deste grupo estão os jargões,
que pertencem a uma classe profissional mais
específica, como é o caso dos médicos,
profissionais da informática, dentre outros.
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27. Atividade
Observe a imagem
abaixo e responda
as perguntas a
seguir:
a) Qual tipo de
linguagem o
personagem da imagem
acima usou para se
expressar: linguagem
culta ou coloquial?
28. b) Observando bem a imagem, diga pelo
menos dois fatores que contribuem para
que o personagem fale dessa forma?
c) Esse jeito como o personagem falou dá
para o ouvinte/leitor compreender?
d) Essa linguagem usada por ele é
considerada “correta” ou “errada”? Por
quê?
e) Reescreva essa fala do personagem
seguindo a norma culta da linguagem.
29. Tendo em vista que “as gírias” compõem o quadro
de variantes linguísticas ligadas ao aspecto
sociocultural, analise os excertos a seguir,
indicando o significado de cada termo destacado
de acordo com o contexto:
a – Possivelmente não iremos à festa. Lá, todos os
convidados são patricinhas e mauricinhos!
b - Nossa! Como meu pai é careta! Não permitiu
que eu assistisse àquele filme.
c – Os namoros resultantes da modernidade
baseiam-se somente no ficar.
d – E aí mano? Estás a fim de encontrar com uma
mina hoje? A parada vai bombar!
e – Aquela aula de matemática foi péssima, não
saquei nada daquilo que o professor falou.
30. A seguir são apresentados alguns fragmentos
textuais. Sua tarefa consistirá em analisá-los,
atribuindo a variação linguística condizente
aos mesmos:
a – Antigamente
“Antigamente, as moças chamavam-se
mademoiselles e eram todas mimosas e
muito prendadas. Não faziam anos:
completavam primaveras, em geral dezoito.
Os janotas, mesmo sendo rapagões,
faziam-lhes pé-de-alferes, arrastando a
asa, mas ficavam longos meses debaixo do
balaio."
Carlos Drummond de Andrade
31. b - Vício na fala
Para dizerem milho dizem mio
Para melhor dizem mió
Para pior pió
Para telha dizem teia
Para telhado dizem teiado
E vão fazendo telhados.
Oswald de Andrade
32. c –“ Aqui no Norte do Paraná, as pessoas
chamam a correnteza do rio de corredeira.
Quando a corredeira está forte é perigoso
passar pela pinguela, que é uma ponte muito
estreita feita, geralmente, com um tronco de
árvore. Se temos muita chuva a pinguela pode
ficar submersa e, portanto, impossibilita a
passagem. Mas se ocorre uma manga de chuva,
uma chuvinha passageira, esse problema deixa
de existir.”
33. d – E aí mano? Tá a fim de dá uns rolé
hoje?
Qual é! Vai topá a parada? Vê se
desencana! Morô velho?