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A história da educação no brasi1
1. A História da educação no Brasil
Capitulo 1
A EDUCAÇÃO NO BRASIL COLONIAL
A educação é espelho de um povo .O que forem os homens ,haverá de ser a educação por eles
ministradas .A filosofia de uma nação ,sobretudo seu conceito de homem ,haverá de estar
concretizado em sua educação.
(José Antônio Tobias )
Em geral, se afirma que a história da educação brasileira começa com a
chegada dos primeiros jesuítas ao Brasil. Ao afirmar isso, se esquece de que
quando os portugueses chegaram aqui, não encontraram uma terra inabitada, pelo
contrario nossa terra já estava habitada pelos índios, que ao seu modo, também
educavam suas crianças.
Segundo Tobias pg 25 pode-se afirmar que; o índio, Portugal, o negro, o
jesuíta e o brasileiro são os principais personagens do inicio da história da educação
no Brasil, com isso pode-se dizer que a educação brasileira tem seu inicio na fusão
de três continentes, de três culturas ,de três cores, de três mundos diferentes:
América , Europa , África.
1.1 – A forma de educação dos primeiros habitantes do Brasil
Quando os colonizadores chegaram aqui, encontraram uma terra
habitada, por um povo considerado por eles primitivo, com costumes e tradições
diferentes da dos portugueses.
Sobre isso Tobias (1972 p.26) diz:
O índio vivia na época do mito.Sua religião ,ainda que reconhecendo a Tupã
como principal deus ,era feita de vários deuses :traduzindo o ser simples do
2. indígena brasileiro ,sua arte era primitiva ,de cores berrantes, sobressaindo
necessariamente o vermelho, tirado do urucu. O índio era sadio, guerreiro e
exímio em caça e pesca; sua danças, ubás, ocas, traduzem o mundo
primitivo da arte .As relações de família e das famílias ,na tribo ,mostram um
povo feliz ,dentro do seu universo e da sua cultura....
Não há muitos relatos sobre a educação dos índios naquela época. No
entanto, sabe-se que a educação dos índios se dava por toda a vida. Quer dizer,
mesmo depois de adultos os índios continuavam a ser educados.
Ainda a esse respeito Maria Abádia da Silva 2005 MEC relata:
Antes mesmo da ocupação dos colonizadores portugueses, o território
brasileiro já era habitado por numerosos povos indígenas, os quais tinham
formas próprias de organização social e vivências de processos educativos
na tribo, por meio de tradições, códigos de linguagens, danças, festas e
rituais religiosos.
O espírito comunitário, a participação da mulher nos rituais religiosos e na
agricultura e a ausência de castigo na educação dos filhos intrigaram os
colonizadores.
De acordo com Saviani (2010, p.36), os índios viviam em comunidades e
tinham uma economia natural e de subsistência. Não tinham uma educação dividida
por classes. Todos tinham acesso à educação. A única diferença estava na
distribuição do que aprendiam que era de acordo com o sexo, o conhecimento era
ensinado na vida prática do dia-a-dia pelo conjunto da tribo, onde os mais velhos
ensinavam aos mais novos as regras de convívio social, o trabalho, os costumes, os
rituais e a guerra, entre outras atividades.
A esse respeito Tobias relata.
“A educação indígena era eminentemente empírica, consistindo, antes de
mais nada, em transmitir através das gerações uma tradição codificada. A
escola era o lar e o mato; muito mais importantes as lições do exemplo que
as das palavras. (...) muito mais empíricas do que científicas, muito mais
físicas do que intelectualizadas, modeladoras do homem para capacitá-lo a
enfrentar muito mais a vida prática e concreta do que determinada
profissão, própria e típica da sociedade e cultura evoluídas”. (TOBIAS, pág.
26)
3. 1.2- Os jesuítas.
Quando os colonizadores ocuparam essas terras, já habitadas pelos
povos nativos, vieram com eles os padres da Companhia de Jesus com os
seguintes objetivos: evangelizar os nativos, catequizar, propagar a fé cristã, difundir
valores, dogmas e princípios cristãos, introduzir o princípio do trabalho como
instrumento de dignificação do homem e contribuir com a coroa portuguesa
processo de colonização e de exploração das terras.
‘A companhia de Jesus foi criada por Inácio de Loyola no século XVI. Os
jesuítas como eram conhecidos, utilizavam-se de métodos de ensinamentos
religiosos, a principal razão da criação da companhia de Jesus foi o combate ao
movimento protestante que estava em ascendência na Europa. Os jesuítas também
ensinavam em universidades e colégios.
Rachel Silveira Wrege 1993 define:
A companhia de Jesus é criada, na mesma época do advento das grandes
navegações e das descobertas de território além mar pela coroa
portuguesa.Sendo essas terras de além mar passiveis de exploração
comercial, o Rei de Portugual D.Joaõ III incumbe os padres jesuitas
portugueses de realizar um processo de catequese de ensino nas Colônias
dominadas pela Metrópole Portuguesa ,a fim de atenderem a uma
problemática religiosa ,e ao mesmo tempo colonizadora, qual seja, o
combate do Protestantismo em vias de ascendencia na Europa ,de forma a
grantir o predominio do Catolicismo ao menos nas colonias portuguesas de
exploração comercial ...
Segundo Gadotti a pedagogia dos jesuítas exerceu grande influência em
quase todo o mundo, incluindo o Brasil. Chegaram aqui em 1549, foram expulsos
em 1759 e retornaram em 1847.
Conforme visto esta ordem religiosa foi criada no contexto da Contra
Reforma Católica. Ainda sobre esse respeito
Moacir Gadotti pag 72 relata:
A ordem dos jesuítas foi fundada em 1534 pelo militar espanhol INÁCIO DE
LOYOLA ( 1491-1556) com o objetivo de consagrar-se à educação da
juventude católica. Seguia os princípios cristãos e insurgia-se contra a
pregação religiosa protestante. O criador da Companhia de Jesus imprimiu
uma rígida disciplina e o culto da obediência a todos os componentes da
ordem.
4. A Ratium Studiorum é o plano de estudos, de métodos e a base filosófica
dos jesuítas. Representa o primeiro sistema organizado da educação
católica. Ela foi promulgada em 1599, depois de um período de elaboração
e experimentação. A educação dos jesuítas destinava-se à formação das
elites burguesas, para prepará-las a exercer a hegemonia cultural e política.
Eficientes na formação das classes dirigentes
1.2.1 O estabelecimento da companhia de Jesus no Brasil
A educação formal no Brasil começa em 1549, com a chegada dos
padres da Companhia de Jesus, que encontraram aqui um ambiente propicio para o
trabalho educacional e catequético. Como relata Tobias pág. 49. Nos indígenas e na
simplicidade, um tanto bronca, dos primeiros filhos de portugueses, ainda não
existia, nem preconceito filosófico, nem ideias heréticas, nem lutas com outras
ordens religiosas e nem os impedimentos de uma sociedade evoluída e
artificializada.
Ao chegarem ao Brasil os Jesuítas tinham como tarefa principal a
evangelização dos índios, que eram os habitantes das terras que haviam acabado
de serem descobertas, porém a catequese não foi somente para os índios mais
também atingiu os filhos dos colonos.
Paulo Rennes MARÇAL RIBEIROpa15
O principal objetivo da Companhia de Jesus era o de recrutar fiéis e
servidores. A catequese assegurou a conversão da população indígena à fé
católica e sua passividade aos senhores brancos. A educação elementar foi
inicialmente formada para os curumins, mais tarde estendeu-se aos filhos
dos colonos.
Os jesuítas criaram aldeias de recolhimento que eram destinados à
catequese, à evangelização e à preparação de mão-de-obra, civilizando as tribos
indígenas para que colaborassem na exploração da riqueza das terras, os jesuítas
celebravam os rituais religiosos nas aldeias, batizavam os nativos, ensinavam a
estes a língua portuguesa, os bons costumes e o catecismo, além de forçá-los ao
trabalho.
Lenira weil ferreira 1994
5. OS filhos dos índios e os filhos dos colonos, que aprendiam a ler escrever,
cantar e falar o português, cantar, dançar, tocar flauta etc. Em escolas fixas
ou ambulantes. Estas escolas eram poderosos instrumentos de penetração
e dominação. Apesar dos jesuítas aprenderem a língua dos índios
,ensinavam na língua portuguesa ,¨ara instruir por ela e conquistar mais
facilmente os selvagens¨...
1.21 -A catequização indígena e sua consequência
Os colonizadores com o auxilio dos padres jesuítas, edificaram aqui uma
sociedade hierarquizada e autoritária, em que o poder centrava-se no monarca e
também nas autoridades católicas.
Foram impostos os padrões da cultura europeia, desprezando assim o
modo de vida dos Índios, também tentaram cristianizar a população indígena,
disciplinando-a conforme as normas da Igreja Católica, para isso os padres jesuítas
construíram um sistema educacional com o objetivo de intervir na infância indígena ,
Fortes 2007 p 18 A catequização quando resistida, poderia gerar pra a
criança indígena atos de violência ,como podemos ver na afirmação de
Neste período,os jesuítas tentaram cristianizar a população indígena
brasileira, disciplinando-a conforme as normas da Igreja Católica. Para fazê-
lo, os padres jesuítas construíram um sistema educacional com o objetivo
de intervir na infância ameríndia, separando as crianças dos seus pais para
afastá-las de sua má influência e ter mais sucesso na sua conversão e
“humanização”. Resistir à catequese autorizava o uso da força,conforme a
lei portuguesa da época
Por serem duas culturas completamente diferentes foram gerados
conflitos e com isso tribos inteiras foram dizimadas, outras se rebelaram e resistiram,
e outras se aculturaram. Resistir à catequese autorizava o uso da força, conforme a
lei portuguesa da época.
Conforme fortes 2010 p18
Pode-se depreender dos livros de história brasileira que os primeiros
"homens brancos" que chegaram ao Brasil, embora se dissessem
fundamentados em princípios cristãos, não trouxeram consigo nenhuma
fraternidade: não tratavam os outros "seres" que aqui encontraram como
humanos, irmãos, semelhantes, tampouco respeitaram qualquer diferença,
fosse ela cultural, étnica ou física. Ao contrário da fraternidade, instauraram,
de forma bastante egoísta, a cultura que trouxeram, impondo-a, inserindo-a
6. forçosa e violentamente, alegando ser tudo em nome de "Deus". O Brasil
nasce, portanto, sob a imposição da violência do colonizador, em nome da
ordem e da civilidade.
Moacir Gadotti faz importantes considerações sobre as consequências da
educação dos jesuítas:
Os jesuítas nos legaram um ensino de caráter verbalista, retórico,
livresco, memorístico e repetitivo, que estimulava a competição través de
prêmios e castigos. Discriminatórios e preconceituosos, os jesuítas
dedicaram-se à formação das elites coloniais e difundiram nas lasses
populares a religião da subserviência, da dependência e do
paternalismo,características marcantes de nossa cultura ainda hoje. Era
uma educação que reproduzia uma sociedade perversa, dividida entre
analfabetos e sabichões, os “doutores”.
Com tudo isso a pode-se afirmar que a colonização gerou para os índios
uma desaculturação ,pois para os colonizadores que tinham como interesse o
trabalho escravo indígena isso se tornou necessário ,os responsáveis pela
desaculturaçao foram os jesuítas, que começaram com as crianças ,por terem
ainda pouco conhecimento de sua cultura ,sendo assim mais fácil inserir os
costumes que era interessado:
Conforme dito por nascimento 2007 p5
Não se pode esquecer que, apesar de os jesuítas serem os primeiros
educadores enviados ao Brasil, estes não tinham o intuito de educar, mas
sim de catequizar os indígenas, a fim de angariar trabalhadores para a
Coroa. Eles estavam cientes de que, para converter os nativos à sua fé,
seria necessário primeiramente alfabetizá-los. Assim, para atingir o objetivo
jesuítico na Terra de Santa Cruz, era preciso começar a catequizar as
crianças, porque nelas ainda não estavam enraizados os hábitos e
costumes da cultura indígena, enquanto que o trabalho com os adultos
tornava-se praticamente impossível, devido às suas crenças.
A esse respeito maria abadala
Os portugueses posicionaram-se como seres superiores, senhores que
sabiam a forma correta de se viver e de organização social e política.
Era preciso mudar os hábitos e fazer com que os nativos assumissem
comportamentos de civilizados. Logo, trataram de conhecer a língua das
tribos indígenas para, em seguida, impor a língua portuguesa como oficial,
moldar condutas, negar as suas formas de organização, tradições, rituais e
prazeres.
7. Enfim, negar toda a sua cultura.Os colonizadores não só desprezaram a
maneira que os nativos educaram seus descendentes, como ocultaram os
seus direitos e negaram as suas identidades.
A esse respeito maria abadala
Os portugueses posicionaram-se como seres superiores, senhores que
sabiam a forma correta de se viver e de organização social e política.
Era preciso mudar os hábitos e fazer com que os nativos assumissem
comportamentos de civilizados. Logo, trataram de conhecer a língua das
tribos indígenas para, em seguida, impor a língua portuguesa como oficial,
moldar condutas, negar as suas formas de organização, tradições, rituais e
prazeres.
Enfim, negar toda a sua cultura.Os colonizadores não só desprezaram a
maneira que os nativos educaram seus descendentes, como ocultaram os
seus direitos e negaram as suas identidades.
A criação das primeiras escolas
Os jesuítas passaram a trabalhar na catequização dos indígenas, no
entanto, o interesse maior dos jesuítas estava na instalação dos colégios, que
seriam responsáveis também pela educação dos filhos das elites. Eles não estavam
apenas catequizando, mas espalhando nas novas gerações a mesma fé, a mesma
língua e os mesmos costumes.
A educação nesse período estava para além das aulas exclusivamente
voltadas para o ensino das sagradas escrituras e da doutrina católica, pois seu
objetivo era conduzir os indígenas ao abandono de seus costumes, suas crenças e a
sua submissão ao conjunto de preceitos e sacramentos da Igreja Católica Apostólica
Romana. Como se vê no documento que encerrava os objetivos e atividades
educacionais dos jesuítas, a Ratio Studiorum:
8. Em março de 1549, chega o primeiro governador geral, Tome de Souza, e os
primeiros jesuítas sob o comando do Padre Manoel de Nóbrega. Cerca de quinze
dias após a chegada, edificaram a primeira escola elementar brasileira, em
Salvador.
A educação média era totalmente voltada para os homens da
classe dominante,
A historia da educação escolar no brasil
O período colonial brasileiro, baseado na grande propriedade e na mão-de-
obra escrava, contribuiu para o florescimento de uma sociedade altamente
patriarcal caracterizada pela autoridade sem limite dos donos de terras. O
estilo medieval europeu da cultura transmitida pelos jesuítas correspondia
às exigências necessárias para a sociedade que nascia do ponto de vista
da minoria dominante. A organização social da colônia e o conteúdo cultural
se relacionavam harmonicamente. Uma sociedade latifundiária,
escravocrata e aristocrática, sustentada por uma economia agrícola e
rudimentar, não necessitava de pessoas letradas e nem de muitos para
governar, mas sim de uma massa iletrada e submissa. Neste contexto, só
mesmo uma educação humanística voltada para o espiritual poderia ser
inserida, ou seja, uma cultura que acreditavam ser neutra.