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Brasil 
YOUSSEF: “O PLANAL TO SABIA DE TUDO!” 
DELEGADO: “QUEM D O PLANALTO?” 
YOUSSEF: “LULA E DI LMA” 
2GROHLUR$OEHUWRRXVVHIDmUPD 
em depoimento à Polícia Federal que 
o ex e a atual presidente da república 
não só conheciam como também usavam 
o esquema de corrupção na Petrobras 
ROBSON BONIN 
58 | 29 de outubro, 2014 | ģ ģ| 29 de outubro, 2014 | 59 
ilustração lezio jr 
a Carta ao Leitor desta edição termina com 
uma observação altamente relevante a res-peito 
do dever jornalístico de publicar a re-portagem 
a seguir às vésperas da votação 
em segundo turno das eleições presidenciais: 
“Basta imaginar a temeridade que seria não 
publicá-la para avaliar a gravidade e a necessidade do cum-primento 
desse dever”. Veja não publica reportagens com a 
intenção de diminuir ou aumentar as chances de vitória des-se 
ou daquele candidato. Veja publica fatos com o objetivo 
de aumentar o grau de informação de seus leitores sobre 
eventos relevantes, que, como se sabe, não escolhem o mo-mento 
para acontecer. Os episódios narrados nesta reporta-gem 
foram relatados por seu autor, o doleiro Alberto Yous-sef, 
e anexados a seu processo de delação premiada. Cedo ou 
tarde os depoimentos de Youssef virão a público em seu tra-jeto 
na Justiça rumo ao Supremo Tribunal Federal (STF), 
foro adequado para o julgamento de parlamentares e autori-dades 
citados por ele e contra os quais garantiu às autorida-des 
ter provas. Só então se poderá ter certeza jurídica de que 
as pessoas acusadas são ou não culpadas. 
Na última terça-feira, o doleiro alberto Youssef entrou 
na sala de interrogatórios da Polícia Federal em Curitiba 
para prestar mais um depoimento em seu processo de de-lação 
premiada. Como faz desde o dia 29 de setembro, 
sentou-se ao lado de seu advogado, colocou os braços so-bre 
a mesa, olhou para a câmera posicionada à sua frente 
e se pôs à disposição das autoridades para contar tudo o 
que fez, viu e ouviu enquanto comandou um esquema de 
lavagem de dinheiro suspeito de movimentar 10 bilhões 
EM VÍDEO 
As declarações 
de Youssef sobre 
Lula e Dilma 
foram prestadas 
na presença de 
um delegado, 
um procurador 
da República 
e do advogado
Brasil 
60 | 29 de outubro, 2014 | ģ 
ģ| 29 de outubro, 2014 | 61 
de reais. a temporada na cadeia pro-duziu 
mudanças profundas em Yous-sef. 
encarcerado des de março, o do-leiro 
está bem mais magro, tem o ros-to 
pálido, a cabeça raspada e não 
cultiva mais a barba. o estado de es-pírito 
também é outro. antes afeito às 
sombras e ao silêncio, Youssef mostra 
desassombro para denunciar, apontar 
e distribuir responsabilidades na ca-marilha 
que assaltou durante quase 
uma década os cofres da Petrobras. 
Com a autoridade de quem atuava co-mo 
o banco clandestino do esquema, 
ele adicionou novos personagens à 
trama criminosa, que agora atinge o 
topo da república. 
Comparsa de Youssef na pilha-gem 
da maior empresa brasileira, o 
ex-diretor Paulo roberto Costa já 
declarara aos policiais e procurado-res 
que nos governos do Pt a estatal 
foi usada para financiar as campa-nhas 
do partido e comprar a fideli-dade 
de legendas aliadas. Parte da 
lista de corrompidos já veio a públi- 
OUTRO LADO 
Dilma já reconheceu que houve 
GHVYLRVQD3HWUREUDVPDVDmUPD 
que foi ela quem começou a 
desarmar a quadrilha ao demitir o 
ex-diretor Paulo Roberto Costa, 
afastado da estatal em 2012 
ELE SABIA 
Alberto Youssef 
reproduziu uma conversa 
que ouviu entre Lula e o 
ex-deputado José Janene 
QDTXDOmFDFODURTXHR 
ex-presidente sabia dos 
esquemas montados 
pelo aliado e seu partido, 
o PP, para desviar 
dinheiro público 
co. Faltava clarear o lado dos cor-ruptores. 
Na ter ça-feira, Youssef 
apre sentou o pon to até agora mais 
“estarrecedor” — para usar uma ex-pressão 
cara à pre sidente dilma 
rous seff — de sua delação premia-da. 
Perguntado sobre o nível de 
comprometimento de autoridades 
no esquema de corrupção na Petro-bras, 
o doleiro foi taxativo: 
— o Planalto sabia de tudo! 
— Mas quem no Planalto? — per-guntou 
o delegado. 
— lula e dilma — respondeu o 
doleiro. 
Para conseguir os benefícios de 
um acordo de delação premiada, o 
criminoso atrai para si o ônus da 
prova. É de seu interesse, portanto, 
que não falsifique os fatos. essa é a 
regra que Yous sef aceitou. o do-leiro 
não apresentou — e nem 
lhe foram pedidas — provas 
do que disse. Por enquan-to, 
nesta fase do proces-so, 
o que mais interessa 
aos delegados é ter certeza de que o 
de poente atuou diretamente ou pelo 
menos presenciou ilegalidades. ou 
seja, querem estar certos de que não 
lidam com um fabulador ou alguém 
interessado apenas em ganhar tempo 
for necendo pistas falsas e fazendo 
acu sações ao léu. Youssef está se 
saindo bem e, a exemplo do que se 
passou com Paulo roberto Costa, o 
ex-diretor da Petrobras, tudo indica 
que seu processo de delação premia-da 
será homologado pelo supremo 
tribunal Federal (stF). Na semana 
passada, ele aumentou de cerca de 
trinta para cinquenta o número de 
políticos e autoridades que se valiam 
da corrupção na Petrobras para fi-nanciar 
suas campanhas eleitorais. 
aos investigadores, Youssef deta-lhou 
seu papel de caixa do esquema, 
sua rotina de visitas aos gabinetes 
poderosos no executivo e no legis-lativo 
para tratar, em bom portu-guês, 
das operações de lavagem de 
dinheiro sujo obtido em transações 
tenebrosas na estatal. Cabia a ele ex-patriar 
e trazer de volta o dinheiro 
quando os envolvidos precisassem. 
uma vez feito o acordo, Youssef 
terá de entregar o que prometeu na 
fa se atual da investigação. ele já 
con tou que pagava em nome do Pt 
mesadas de 100 000 a 150 000 reais 
a parlamentares aliados ao partido 
no Congresso. Citou nominalmente a 
H[PLQLVWUDGDDVDLYLO*OHLVL+Ré 
mann, a quem ele teria repassado 1 mi-lhão 
de reais em 2010. Youssef disse 
que o dinheiro foi entregue em um 
shopping de Curitiba. a senadora 
ne gou ter sido beneficiada. 
joedsoN alVes/estadão CoNteúdo 
aNdrÉ dusek/estadão CoNteúdo 
riCardo stuCkert/iNstituto lula
Brasil 
entre as muitas outras histórias 
consideradas convincentes pelos in-vestigadores 
e que ajudam a determi-nar 
a alta posição do doleiro no es-quema 
— e, consequentemente, sua 
relevância pa ra a investigação —, es-tão 
lembranças de discussões telefô-nicas 
entre lula e o ex-deputado josé 
janene, à época líder do PP, sobre a 
nomeação de operadores do partido 
para cargos estratégicos do governo. 
Youssef relatou um episódio ocorri-do, 
segundo ele, no fim do governo 
lula. de acordo com o doleiro, ele foi 
convocado pelo então presidente da 
Petrobras, sergio Gabrielli, para acal-mar 
uma empresa de publicidade que 
ameaçava explodir o esquema de cor-rupção 
na estatal. a empresa quei xa-va- 
se de que, depois de pagar de for-ma 
antecipada a propina aos políti-cos, 
tive ra seu contrato rescindido. 
Homem da confiança de lula, Ga-brielli, 
segundo o doleiro, determinou 
a Youssef que captasse 1 milhão de 
reais entre as empreiteiras que parti-cipavam 
do petrolão a fim de com-prar 
o silêncio da empresa de publici-dade. 
e assim foi feito. 
Gabrielli poderia ter realizado to-da 
essa manobra sem que lula sou-besse? 
o fato de ter ocorrido no go-verno 
dilma é uma prova de que ela 
estava conivente com as lambanças 
da turma da estatal? obviamente, não 
se pode condenar lula e dilma com 
DINHEIRO PARA O PT 
Alberto Youssef também voltou a 
detalhar os negócios que mantinha 
com o tesoureiro nacional do PT, 
João Vaccari Neto, homem forte da 
campanha de Dilma e conselheiro 
da Itaipu Binacional. Além de tratar 
dos interesses partidários com o 
dirigente petista, o doleiro 
confirmou aos investigadores ter 
feito pelo menos duas grandes 
transferências de recursos a 
Vaccari. O dinheiro, de acordo com 
o relato, foi repassado a partir de 
uma simulação de negócios entre 
grandes companhias e uma 
empresa-fantasma registrada em 
nome de laranjas mas criada pelo 
próprio Vaccari para ocultar as 
operações. Ele nega 
ELE TAMBÉM SABIA 
Durante o segundo mandato de 
Lula, o doleiro contou que foi 
chamado pelo presidente da 
Petrobras, José Sergio Gabrielli, 
para tratar de um assunto que 
preocupava o Planalto. Uma das 
empresas com contratos de 
publicidade na estatal ameaçava 
revelar o esquema de cobrança 
de pedágio. Motivo: depois de 
pagar propina antecipadamente, 
a empresa teve seu contrato 
rescindido. Ameaçado pelo 
proprietário, Gabrielli pediu ao 
doleiro que captasse 1 milhão 
de reais com as empreiteiras do 
esquema e devolvesse a quantia 
à empresa de publicidade. 
Gabrielli não quis se pronunciar 
sÉrGio liMa/FolHaPress 
CONTAS SECRETAS NO EXTERIOR 
Desde que Duda Mendonça, o marqueteiro da campanha de Lula 
em 2002, admitiu na CPI dos Correios ter recebido pagamentos 
de campanha no exterior (10 milhões de dólares), pairam sobre o 
partido suspeitas concretas da existência de 
dinheiro escondido em paraísos fiscais. Para os 
interrogadores de Alberto Youssef, no entanto, 
essas dúvidas estão começando a se transformar 
em certeza. O doleiro não apenas confirmou a existência 
das contas do PT no exterior como se diz capaz de ajudar 
a identificá-las, fornecendo detalhes de operações realizadas, 
o número e a localização de algumas delas. 
ENTREGA NO 
SHOPPING 
Alberto Youssef 
confirmou aos 
investigadores o que 
disse o ex-diretor de 
Abastecimento da 
Petrobras Paulo 
Roberto Costa sobre o 
dinheiro desviado da 
estatal para a 
campanha da ex-ministra 
da Casa Civil 
Gleisi Hoffmann 
(PT-PR) ao Senado, em 
2010. Segundo ele, o 
repasse dos recursos 
para a senadora 
petista, no valor de 
1 milhão de reais, foi 
executado em quatro 
parcelas. As entregas 
de dinheiro foram feitas 
em um shopping center 
no centro de Curitiba. 
Intermediários enviados 
por ambos entregaram 
e receberam os 
pacotes. Em nota, a 
senadora disse que 
não recebeu nenhuma 
doação de campanha 
nem conhece Paulo 
Roberto Costa ou 
Alberto Youssef 
UM PERSONAGEM AINDA OCULTO 
O doleiro narrou a um interlocutor que seu esquema 
criminoso por pouco não atuou na campanha presidencial 
deste ano. Nos primeiros dias de março, Youssef recebeu a 
ligação de um homem, identificado por ele apenas como 
“Felipe”, integrante da cúpula de campanha do PT. Ele queria 
os serviços de Youssef para repatriar 20 milhões de reais que 
seriam usados no caixa eleitoral. Youssef disse que chegou a 
marcar uma segunda conversa para tratar da operação, mas 
o negócio não foi adiante porque ele foi preso dias depois. 
Esse trecho ainda não foi formalizado às autoridades. 
lula Marques/FolHaPress 
sÉrGio liMa/FolHaPress 
ģ62 | 29 de outubro, 2014 | ģ | 29 de outubro, 2014 | 63
Brasil 
base apenas nessa narrativa. Não é 
disso que se trata. Youssef simples-mente 
convenceu os investigadores 
de que tem condições de obter provas 
do que afirmou a respeito de a opera-ção 
não poder ter existido sem o co-nhecimento 
de lula e dilma — seja 
pelos valores envolvidos, seja pelo 
contato constante de Paulo roberto 
Costa com ambos, seja pelas opera-ções 
de câmbio que fazia em favor de 
aliados do Pt e de tesoureiros do par-tido, 
seja, principalmente, pelo fato 
de que altos cargos da Petrobras en-volvidos 
no esquema mudavam de 
dono a partir de ordens do Planalto. 
os policiais estão impressionados 
com a fartura de detalhes narrados por 
Youssef com base, por enquanto, em 
sua memória. “o Vaccari está enterra-do”, 
comentou um dos interrogadores, 
referindo-se ao que o do leiro já narrou 
sobre sua parceria com o tesoureiro 
nacional do Pt, joão Vaccari Neto. o 
doleiro se comprometeu a mostrar do-cumentos 
que comprovam pelo menos 
dois pagamentos a Vaccari. o dinhei-ro, 
desviado dos cofres da Petrobras, 
teria sido repassado a partir de transa-ções 
simuladas entre clientes do banco 
clandestino de Youssef e uma empresa 
de fachada criada por Vaccari. o do-leiro 
preso disse que as provas desses e 
de outros pagamentos estão guarda-das 
em um arquivo com mais de 
 QRWDV mVFDLV TXH VHUÅR DSUH- 
sentadas por ele como evidências. 
Nesse tesouro do crime organizado, 
segundo Youssef, está a prova de uma 
das revelações mais extraordinárias 
prometidas por ele, sobre a qual já fa-lou 
aos investigadores: o número das 
contas secretas do Pt que ele operava 
HP QRPH GR SDUWLGR HP SDUDËVRV mV- 
cais. Youssef se comprometeu a ajudar 
a PF a localizar as datas e os valores 
das operações que teria feito por ins-trução 
da cúpula do Pt. 
O círculo vai se fechando 
A Polícia Federal investigava uma quadrilha especializada em 
movimentar dinheiro ilícito e acabou puxando o fio da meada daquele 
que se apresenta como o maior escândalo de corrupção da história 
Paulo 
Roberto 
Costa é 
nomeado pelo 
ex-presidente 
Lula para 
o cargo de 
diretor de 
Abastecimento 
da Petrobras 
No governo 
Dilma 
Rousseff, 
Paulo 
Roberto deixa 
a diretoria de 
Abastecimento 
2014 
Abril 
Descobre-se 
que o 
deputado André 
Vargas (PT), 
vice-presidente 
da Câmara, 
ganhou de 
presente 
do doleiro o 
aluguel de 
um jatinho 
depois da homologação da de-lação 
premiada, que parece assegura-da 
pelo que ele disse até a semana 
passada, Youssef terá de apresentar à 
justiça mais do que versões de episó-dios 
públicos envolvendo a presiden-te. 
Pela posição-chave de Youssef no 
esquema, os investigadores estão con- 
mDQWHVHPTXHHOHSURGX]LUÀDVSURYDV 
necessárias para a investigação pros-seguir. 
Youssef terá a oportunidade de rela-tar 
deste ano, poucos dias antes de ser 
preso. Youssef dirá que um integrante 
da coor denação da campanha presi-dencial 
nome de “Felipe” lhe telefonou para 
marcar um encontro pessoal e adian-tou 
reais que seriam usados na cam panha 
SUHVLGHQFLDO GH 'LOPD 5RXVVHé 'H- 
SRLVGHYHULmFDUDRULJHPGRWHOHIRQH- 
ma, Youssef marcou o encontro que 
Maio — São 
encontrados 
depósitos de 
dinheiro para 
vários políticos, 
entre eles o 
senador 
Fernando Collor 
e boa parte da 
bancada do 
PP, partido que 
apoia o governo 
Na semana que vem, alberto 
um episódio ocorrido em março 
do Pt que ele conhecia pelo 
o assunto: repatriar 20 milhões de 
Agosto — O ex-diretor 
assina acordo de delação premiada, 
confessa seus crimes e envolve no caso 
o presidente do Congresso, deputados, 
senadores, governadores e ministros — 
mais de trinta políticos. Revelou também 
que as empreiteiras pagavam 3% do 
valor dos contratos com a Petrobras 
ao PT, ao PMDB e ao PP. E disse que, em 
2010, recebeu um pedido de dinheiro 
de Antonio Palocci, coordenador 
da campanha de Dilma Rousseff 
ATÉ A MÁFIA FALOU 
Tommaso Buscetta, 
RSULPHLURPDmRVRDID]HU 
delação premiada. 
Na Sicília, seu sobrenome 
virou xingamento 
nunca se concretizou por 
ele ter se tornado hóspe-de 
da Polícia Federal em 
Curitiba. Procurados, os 
defensores do doleiro 
não quiseram comentar 
as revelações de Youssef, 
MXVWLmFDQGR TXH R SUR- 
cesso corre em segredo 
de justiça. Pelo que já 
contou e pelo que pro-mete 
ainda entregar aos 
investigadores, Youssef 
está materializando sua 
amea ça velada feita dias atrás de que 
iria “chocar o país”. ƒ 
Setembro 
O doleiro Youssef também se dispõe 
a contar o que sabe à Justiça. Suas 
primeiras revelações atingem a 
campanha presidencial do PT em 
2010 e, agora, diretamente o 
ex-presidente Lula e a presidente Dilma 
2004 2012 
Março — A Operação 
Lava-Jato prende o 
doleiro Alberto Youssef 
e descobre ligações 
dele com Paulo Roberto, 
que também é preso. 
Documentos apreendidos 
revelam que o ex-diretor 
recolhia propina junto 
às empreiteiras que 
prestavam serviços à 
Petrobras. Youssef era o 
encarregado de pagar 
propina a políticos 
Quem delata pode mentir? 
A delação premiada tem uma regra 
de ouro: quem a pleiteia não po-de 
mentir. Se, em qualquer momento, 
ficar provado que o delator não con-tou 
a verdade, os benefícios que re-cebeu 
como parte do acordo, como a 
liberdade provisória, são imediata-mente 
suspensos e ele fica sujeito a 
ter sua pena de prisão aumentada em 
até quatro anos. 
Para ter validade, a delação pre-miada 
precisa ser combinada com o 
Ministério Público e homologada pela 
Justiça. O doleiro Alberto Youssef assi-nou 
o acordo com o MP no fim de se-tembro. 
Desde então, vem dando de-poimentos 
diários aos procuradores 
que investigam o caso Petrobras. Se 
suas informações forem consideradas 
relevantes e consistentes, a Justiça — 
nesse caso, o Supremo Tribunal Fede-ral, 
já que o doleiro mencionou políti-cos 
— homologará o acordo e Youssef 
será posto em liberdade, como já ocor-reu 
com outro delator envolvido no 
mesmo caso, Paulo Roberto Costa. O 
ex-diretor da Petrobras deu detalhes 
ao Ministério Público e à Polícia Fede-ral 
sobre o funcionamento do esquema 
milionário de pagamento de propinas 
que funcionava na estatal e beneficia-va 
políticos de partidos da base aliada 
do governo. Ele já deixou a cadeia e 
aguarda o julgamento em liberdade. O 
doleiro continua preso. 
Até o ano passado, a lei brasileira 
previa que o delator só poderia usufruir 
os benefícios do acordo de delação ao 
fim do processo com o qual havia co-laborado 
— e se o juiz assim decidisse. 
Ou seja, apenas depois que aqueles 
que ele tivesse incriminado fossem 
julgados é que a Justiça resolveria se 
o delator mereceria ganhar a liberda-de. 
Desde agosto de 2013, no entanto, 
esses benefícios passaram a valer ime-diatamente 
depois da homologação 
do acordo. “Foi uma forma de estimu-lar 
a prática. Você deixa de punir o 
peixe pequeno para pegar o grande”, 
diz o promotor Arthur Lemos Júnior, que 
participou da elaboração da nova lei. 
Mais famoso — e prolífero — dela-tor 
da história recente, o mafioso Tom-maso 
Buscetta levou à cadeia cerca de 
300 comparsas. Preso no Brasil em 
1983, fechou acordo com a Justiça 
italiana e foi peça-chave na Operação 
Mãos Limpas, responsável pelo des-monte 
da máfia siciliana. Depois disso, 
conseguiu proteção para ele e a famí-lia 
e viveu livre nos Estados Unidos até 
sua morte, em 2000. 
ALEXANDRE HISAYASU 
sÉrGio liMa/FolHaPress 
ģ| 29 64 | 29 de outubro, 2014 | ģ de outubro, 2014 | 65 
ed Ferreira/estadão CoNteúdo 
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  • 1. Brasil YOUSSEF: “O PLANAL TO SABIA DE TUDO!” DELEGADO: “QUEM D O PLANALTO?” YOUSSEF: “LULA E DI LMA” 2GROHLUR$OEHUWRRXVVHIDmUPD em depoimento à Polícia Federal que o ex e a atual presidente da república não só conheciam como também usavam o esquema de corrupção na Petrobras ROBSON BONIN 58 | 29 de outubro, 2014 | ģ ģ| 29 de outubro, 2014 | 59 ilustração lezio jr a Carta ao Leitor desta edição termina com uma observação altamente relevante a res-peito do dever jornalístico de publicar a re-portagem a seguir às vésperas da votação em segundo turno das eleições presidenciais: “Basta imaginar a temeridade que seria não publicá-la para avaliar a gravidade e a necessidade do cum-primento desse dever”. Veja não publica reportagens com a intenção de diminuir ou aumentar as chances de vitória des-se ou daquele candidato. Veja publica fatos com o objetivo de aumentar o grau de informação de seus leitores sobre eventos relevantes, que, como se sabe, não escolhem o mo-mento para acontecer. Os episódios narrados nesta reporta-gem foram relatados por seu autor, o doleiro Alberto Yous-sef, e anexados a seu processo de delação premiada. Cedo ou tarde os depoimentos de Youssef virão a público em seu tra-jeto na Justiça rumo ao Supremo Tribunal Federal (STF), foro adequado para o julgamento de parlamentares e autori-dades citados por ele e contra os quais garantiu às autorida-des ter provas. Só então se poderá ter certeza jurídica de que as pessoas acusadas são ou não culpadas. Na última terça-feira, o doleiro alberto Youssef entrou na sala de interrogatórios da Polícia Federal em Curitiba para prestar mais um depoimento em seu processo de de-lação premiada. Como faz desde o dia 29 de setembro, sentou-se ao lado de seu advogado, colocou os braços so-bre a mesa, olhou para a câmera posicionada à sua frente e se pôs à disposição das autoridades para contar tudo o que fez, viu e ouviu enquanto comandou um esquema de lavagem de dinheiro suspeito de movimentar 10 bilhões EM VÍDEO As declarações de Youssef sobre Lula e Dilma foram prestadas na presença de um delegado, um procurador da República e do advogado
  • 2. Brasil 60 | 29 de outubro, 2014 | ģ ģ| 29 de outubro, 2014 | 61 de reais. a temporada na cadeia pro-duziu mudanças profundas em Yous-sef. encarcerado des de março, o do-leiro está bem mais magro, tem o ros-to pálido, a cabeça raspada e não cultiva mais a barba. o estado de es-pírito também é outro. antes afeito às sombras e ao silêncio, Youssef mostra desassombro para denunciar, apontar e distribuir responsabilidades na ca-marilha que assaltou durante quase uma década os cofres da Petrobras. Com a autoridade de quem atuava co-mo o banco clandestino do esquema, ele adicionou novos personagens à trama criminosa, que agora atinge o topo da república. Comparsa de Youssef na pilha-gem da maior empresa brasileira, o ex-diretor Paulo roberto Costa já declarara aos policiais e procurado-res que nos governos do Pt a estatal foi usada para financiar as campa-nhas do partido e comprar a fideli-dade de legendas aliadas. Parte da lista de corrompidos já veio a públi- OUTRO LADO Dilma já reconheceu que houve GHVYLRVQD3HWUREUDVPDVDmUPD que foi ela quem começou a desarmar a quadrilha ao demitir o ex-diretor Paulo Roberto Costa, afastado da estatal em 2012 ELE SABIA Alberto Youssef reproduziu uma conversa que ouviu entre Lula e o ex-deputado José Janene QDTXDOmFDFODURTXHR ex-presidente sabia dos esquemas montados pelo aliado e seu partido, o PP, para desviar dinheiro público co. Faltava clarear o lado dos cor-ruptores. Na ter ça-feira, Youssef apre sentou o pon to até agora mais “estarrecedor” — para usar uma ex-pressão cara à pre sidente dilma rous seff — de sua delação premia-da. Perguntado sobre o nível de comprometimento de autoridades no esquema de corrupção na Petro-bras, o doleiro foi taxativo: — o Planalto sabia de tudo! — Mas quem no Planalto? — per-guntou o delegado. — lula e dilma — respondeu o doleiro. Para conseguir os benefícios de um acordo de delação premiada, o criminoso atrai para si o ônus da prova. É de seu interesse, portanto, que não falsifique os fatos. essa é a regra que Yous sef aceitou. o do-leiro não apresentou — e nem lhe foram pedidas — provas do que disse. Por enquan-to, nesta fase do proces-so, o que mais interessa aos delegados é ter certeza de que o de poente atuou diretamente ou pelo menos presenciou ilegalidades. ou seja, querem estar certos de que não lidam com um fabulador ou alguém interessado apenas em ganhar tempo for necendo pistas falsas e fazendo acu sações ao léu. Youssef está se saindo bem e, a exemplo do que se passou com Paulo roberto Costa, o ex-diretor da Petrobras, tudo indica que seu processo de delação premia-da será homologado pelo supremo tribunal Federal (stF). Na semana passada, ele aumentou de cerca de trinta para cinquenta o número de políticos e autoridades que se valiam da corrupção na Petrobras para fi-nanciar suas campanhas eleitorais. aos investigadores, Youssef deta-lhou seu papel de caixa do esquema, sua rotina de visitas aos gabinetes poderosos no executivo e no legis-lativo para tratar, em bom portu-guês, das operações de lavagem de dinheiro sujo obtido em transações tenebrosas na estatal. Cabia a ele ex-patriar e trazer de volta o dinheiro quando os envolvidos precisassem. uma vez feito o acordo, Youssef terá de entregar o que prometeu na fa se atual da investigação. ele já con tou que pagava em nome do Pt mesadas de 100 000 a 150 000 reais a parlamentares aliados ao partido no Congresso. Citou nominalmente a H[PLQLVWUDGDDVDLYLO*OHLVL+Ré mann, a quem ele teria repassado 1 mi-lhão de reais em 2010. Youssef disse que o dinheiro foi entregue em um shopping de Curitiba. a senadora ne gou ter sido beneficiada. joedsoN alVes/estadão CoNteúdo aNdrÉ dusek/estadão CoNteúdo riCardo stuCkert/iNstituto lula
  • 3. Brasil entre as muitas outras histórias consideradas convincentes pelos in-vestigadores e que ajudam a determi-nar a alta posição do doleiro no es-quema — e, consequentemente, sua relevância pa ra a investigação —, es-tão lembranças de discussões telefô-nicas entre lula e o ex-deputado josé janene, à época líder do PP, sobre a nomeação de operadores do partido para cargos estratégicos do governo. Youssef relatou um episódio ocorri-do, segundo ele, no fim do governo lula. de acordo com o doleiro, ele foi convocado pelo então presidente da Petrobras, sergio Gabrielli, para acal-mar uma empresa de publicidade que ameaçava explodir o esquema de cor-rupção na estatal. a empresa quei xa-va- se de que, depois de pagar de for-ma antecipada a propina aos políti-cos, tive ra seu contrato rescindido. Homem da confiança de lula, Ga-brielli, segundo o doleiro, determinou a Youssef que captasse 1 milhão de reais entre as empreiteiras que parti-cipavam do petrolão a fim de com-prar o silêncio da empresa de publici-dade. e assim foi feito. Gabrielli poderia ter realizado to-da essa manobra sem que lula sou-besse? o fato de ter ocorrido no go-verno dilma é uma prova de que ela estava conivente com as lambanças da turma da estatal? obviamente, não se pode condenar lula e dilma com DINHEIRO PARA O PT Alberto Youssef também voltou a detalhar os negócios que mantinha com o tesoureiro nacional do PT, João Vaccari Neto, homem forte da campanha de Dilma e conselheiro da Itaipu Binacional. Além de tratar dos interesses partidários com o dirigente petista, o doleiro confirmou aos investigadores ter feito pelo menos duas grandes transferências de recursos a Vaccari. O dinheiro, de acordo com o relato, foi repassado a partir de uma simulação de negócios entre grandes companhias e uma empresa-fantasma registrada em nome de laranjas mas criada pelo próprio Vaccari para ocultar as operações. Ele nega ELE TAMBÉM SABIA Durante o segundo mandato de Lula, o doleiro contou que foi chamado pelo presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, para tratar de um assunto que preocupava o Planalto. Uma das empresas com contratos de publicidade na estatal ameaçava revelar o esquema de cobrança de pedágio. Motivo: depois de pagar propina antecipadamente, a empresa teve seu contrato rescindido. Ameaçado pelo proprietário, Gabrielli pediu ao doleiro que captasse 1 milhão de reais com as empreiteiras do esquema e devolvesse a quantia à empresa de publicidade. Gabrielli não quis se pronunciar sÉrGio liMa/FolHaPress CONTAS SECRETAS NO EXTERIOR Desde que Duda Mendonça, o marqueteiro da campanha de Lula em 2002, admitiu na CPI dos Correios ter recebido pagamentos de campanha no exterior (10 milhões de dólares), pairam sobre o partido suspeitas concretas da existência de dinheiro escondido em paraísos fiscais. Para os interrogadores de Alberto Youssef, no entanto, essas dúvidas estão começando a se transformar em certeza. O doleiro não apenas confirmou a existência das contas do PT no exterior como se diz capaz de ajudar a identificá-las, fornecendo detalhes de operações realizadas, o número e a localização de algumas delas. ENTREGA NO SHOPPING Alberto Youssef confirmou aos investigadores o que disse o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa sobre o dinheiro desviado da estatal para a campanha da ex-ministra da Casa Civil Gleisi Hoffmann (PT-PR) ao Senado, em 2010. Segundo ele, o repasse dos recursos para a senadora petista, no valor de 1 milhão de reais, foi executado em quatro parcelas. As entregas de dinheiro foram feitas em um shopping center no centro de Curitiba. Intermediários enviados por ambos entregaram e receberam os pacotes. Em nota, a senadora disse que não recebeu nenhuma doação de campanha nem conhece Paulo Roberto Costa ou Alberto Youssef UM PERSONAGEM AINDA OCULTO O doleiro narrou a um interlocutor que seu esquema criminoso por pouco não atuou na campanha presidencial deste ano. Nos primeiros dias de março, Youssef recebeu a ligação de um homem, identificado por ele apenas como “Felipe”, integrante da cúpula de campanha do PT. Ele queria os serviços de Youssef para repatriar 20 milhões de reais que seriam usados no caixa eleitoral. Youssef disse que chegou a marcar uma segunda conversa para tratar da operação, mas o negócio não foi adiante porque ele foi preso dias depois. Esse trecho ainda não foi formalizado às autoridades. lula Marques/FolHaPress sÉrGio liMa/FolHaPress ģ62 | 29 de outubro, 2014 | ģ | 29 de outubro, 2014 | 63
  • 4. Brasil base apenas nessa narrativa. Não é disso que se trata. Youssef simples-mente convenceu os investigadores de que tem condições de obter provas do que afirmou a respeito de a opera-ção não poder ter existido sem o co-nhecimento de lula e dilma — seja pelos valores envolvidos, seja pelo contato constante de Paulo roberto Costa com ambos, seja pelas opera-ções de câmbio que fazia em favor de aliados do Pt e de tesoureiros do par-tido, seja, principalmente, pelo fato de que altos cargos da Petrobras en-volvidos no esquema mudavam de dono a partir de ordens do Planalto. os policiais estão impressionados com a fartura de detalhes narrados por Youssef com base, por enquanto, em sua memória. “o Vaccari está enterra-do”, comentou um dos interrogadores, referindo-se ao que o do leiro já narrou sobre sua parceria com o tesoureiro nacional do Pt, joão Vaccari Neto. o doleiro se comprometeu a mostrar do-cumentos que comprovam pelo menos dois pagamentos a Vaccari. o dinhei-ro, desviado dos cofres da Petrobras, teria sido repassado a partir de transa-ções simuladas entre clientes do banco clandestino de Youssef e uma empresa de fachada criada por Vaccari. o do-leiro preso disse que as provas desses e de outros pagamentos estão guarda-das em um arquivo com mais de QRWDV mVFDLV TXH VHUÅR DSUH- sentadas por ele como evidências. Nesse tesouro do crime organizado, segundo Youssef, está a prova de uma das revelações mais extraordinárias prometidas por ele, sobre a qual já fa-lou aos investigadores: o número das contas secretas do Pt que ele operava HP QRPH GR SDUWLGR HP SDUDËVRV mV- cais. Youssef se comprometeu a ajudar a PF a localizar as datas e os valores das operações que teria feito por ins-trução da cúpula do Pt. O círculo vai se fechando A Polícia Federal investigava uma quadrilha especializada em movimentar dinheiro ilícito e acabou puxando o fio da meada daquele que se apresenta como o maior escândalo de corrupção da história Paulo Roberto Costa é nomeado pelo ex-presidente Lula para o cargo de diretor de Abastecimento da Petrobras No governo Dilma Rousseff, Paulo Roberto deixa a diretoria de Abastecimento 2014 Abril Descobre-se que o deputado André Vargas (PT), vice-presidente da Câmara, ganhou de presente do doleiro o aluguel de um jatinho depois da homologação da de-lação premiada, que parece assegura-da pelo que ele disse até a semana passada, Youssef terá de apresentar à justiça mais do que versões de episó-dios públicos envolvendo a presiden-te. Pela posição-chave de Youssef no esquema, os investigadores estão con- mDQWHVHPTXHHOHSURGX]LUÀDVSURYDV necessárias para a investigação pros-seguir. Youssef terá a oportunidade de rela-tar deste ano, poucos dias antes de ser preso. Youssef dirá que um integrante da coor denação da campanha presi-dencial nome de “Felipe” lhe telefonou para marcar um encontro pessoal e adian-tou reais que seriam usados na cam panha SUHVLGHQFLDO GH 'LOPD 5RXVVHé 'H- SRLVGHYHULmFDUDRULJHPGRWHOHIRQH- ma, Youssef marcou o encontro que Maio — São encontrados depósitos de dinheiro para vários políticos, entre eles o senador Fernando Collor e boa parte da bancada do PP, partido que apoia o governo Na semana que vem, alberto um episódio ocorrido em março do Pt que ele conhecia pelo o assunto: repatriar 20 milhões de Agosto — O ex-diretor assina acordo de delação premiada, confessa seus crimes e envolve no caso o presidente do Congresso, deputados, senadores, governadores e ministros — mais de trinta políticos. Revelou também que as empreiteiras pagavam 3% do valor dos contratos com a Petrobras ao PT, ao PMDB e ao PP. E disse que, em 2010, recebeu um pedido de dinheiro de Antonio Palocci, coordenador da campanha de Dilma Rousseff ATÉ A MÁFIA FALOU Tommaso Buscetta, RSULPHLURPDmRVRDID]HU delação premiada. Na Sicília, seu sobrenome virou xingamento nunca se concretizou por ele ter se tornado hóspe-de da Polícia Federal em Curitiba. Procurados, os defensores do doleiro não quiseram comentar as revelações de Youssef, MXVWLmFDQGR TXH R SUR- cesso corre em segredo de justiça. Pelo que já contou e pelo que pro-mete ainda entregar aos investigadores, Youssef está materializando sua amea ça velada feita dias atrás de que iria “chocar o país”. ƒ Setembro O doleiro Youssef também se dispõe a contar o que sabe à Justiça. Suas primeiras revelações atingem a campanha presidencial do PT em 2010 e, agora, diretamente o ex-presidente Lula e a presidente Dilma 2004 2012 Março — A Operação Lava-Jato prende o doleiro Alberto Youssef e descobre ligações dele com Paulo Roberto, que também é preso. Documentos apreendidos revelam que o ex-diretor recolhia propina junto às empreiteiras que prestavam serviços à Petrobras. Youssef era o encarregado de pagar propina a políticos Quem delata pode mentir? A delação premiada tem uma regra de ouro: quem a pleiteia não po-de mentir. Se, em qualquer momento, ficar provado que o delator não con-tou a verdade, os benefícios que re-cebeu como parte do acordo, como a liberdade provisória, são imediata-mente suspensos e ele fica sujeito a ter sua pena de prisão aumentada em até quatro anos. Para ter validade, a delação pre-miada precisa ser combinada com o Ministério Público e homologada pela Justiça. O doleiro Alberto Youssef assi-nou o acordo com o MP no fim de se-tembro. Desde então, vem dando de-poimentos diários aos procuradores que investigam o caso Petrobras. Se suas informações forem consideradas relevantes e consistentes, a Justiça — nesse caso, o Supremo Tribunal Fede-ral, já que o doleiro mencionou políti-cos — homologará o acordo e Youssef será posto em liberdade, como já ocor-reu com outro delator envolvido no mesmo caso, Paulo Roberto Costa. O ex-diretor da Petrobras deu detalhes ao Ministério Público e à Polícia Fede-ral sobre o funcionamento do esquema milionário de pagamento de propinas que funcionava na estatal e beneficia-va políticos de partidos da base aliada do governo. Ele já deixou a cadeia e aguarda o julgamento em liberdade. O doleiro continua preso. Até o ano passado, a lei brasileira previa que o delator só poderia usufruir os benefícios do acordo de delação ao fim do processo com o qual havia co-laborado — e se o juiz assim decidisse. Ou seja, apenas depois que aqueles que ele tivesse incriminado fossem julgados é que a Justiça resolveria se o delator mereceria ganhar a liberda-de. Desde agosto de 2013, no entanto, esses benefícios passaram a valer ime-diatamente depois da homologação do acordo. “Foi uma forma de estimu-lar a prática. Você deixa de punir o peixe pequeno para pegar o grande”, diz o promotor Arthur Lemos Júnior, que participou da elaboração da nova lei. Mais famoso — e prolífero — dela-tor da história recente, o mafioso Tom-maso Buscetta levou à cadeia cerca de 300 comparsas. Preso no Brasil em 1983, fechou acordo com a Justiça italiana e foi peça-chave na Operação Mãos Limpas, responsável pelo des-monte da máfia siciliana. Depois disso, conseguiu proteção para ele e a famí-lia e viveu livre nos Estados Unidos até sua morte, em 2000. ALEXANDRE HISAYASU sÉrGio liMa/FolHaPress ģ| 29 64 | 29 de outubro, 2014 | ģ de outubro, 2014 | 65 ed Ferreira/estadão CoNteúdo broGlio/aP