1) O documento discute os diferentes tipos de divisórias internas e revestimentos externos em construção civil, incluindo frontais, tabiques, rebocos e pinturas.
2) São descritos três tipos principais de frontais - frontais à francesa, frontais à galega e frontais tecidos - assim como três tipos de tabiques - tabiques simples, tabiques de duas faces e tabiques aliviados.
3) O documento fornece detalhes técnicos sobre como cada tipo é construído e quais materiais são utilizados.
1. 26 ENCICLOPÉDIA PRÁTICA
DA CONSTRUÇÃO CIVIL 26
INTERIORES E
E X T E R I O R E S
S U M A R I O :
TABIQUES — FRONTAIS — EMBOÇOS — REBOCOS —TESBOÇOS
ESTUQUES — LAMBEIS — REVESTIMENTOS — DIVISÓRIAS
ENVIDRAÇADOS — MATERIAIS — MADEIRAS — PINTURAS
CAIAÇÕES — 25 FIGURAS
PREÇO i5$oo
EDIÇÃO DO AUTOK
F. PEREIRA DA COSTA
DISTRIBUIÇÃO DA POBTUGÁLIA EDITOEA
L I S B O A PREÇO 154.00
2. TEXTO E DESENHOS DE F. PEREIRA l» A COSTA
I N T E R I O R
E X T E R I O
E
E S
DOE interiores e exteriores designamos todos os traba- No número dos trabalhos exteriores mencionamos os
lhos de acabamento nas edificações. Dentro deste acabamentos cias fachadas e das empenas, com os seus
princípio consideramos trabalhos interiores os guarne- guarnecimentos e revestimentos, pinturas e caiações.
cimentos, os revestimentos, as divisórias envidraça- Os frontais e tabiques de tosco de madeira, ainda,
das, os envidraçados propriamente ditos e as pintaras às vezes, necessários, são também estudados neste
e caiações. Caderno.
Fig. 1.—FRONTAL A FRANCESA
— l —
4. INTERIORES É EXTERIORES
Depois de todos os prumos estarem assentes proce-de-
se ao assentamento do ripado. As ripas pregam se
sobre todos os prumos, distanciadas umas das outras
cerca de Ora,40, pouco mais ou menos.
Entre um paramento e outro as ripas são dispostas
alternadamente. Cada ripa é pregada com um prego de
sétia em cada prumo.
As secções das ripas são de Om,036 x Om,024, mas
pode rbertamente aceitar-se as que têm uso nos madei-ramentos.
Os espaços entre prumos e entre ripas enchem-se
com alvenaria de argamassa de cal e areia aos traços
de l : 2 ou l : 3 e fragmentos de tijolo, pedra miúda,
jorra, etc.
Depois desta ' espécie de alvenaria estar bem seca
faz-se o usual reboco da mesma argamassa
até cobrir a face das ripas.
O frontal à galega (#) é muito mais
pesado do que o frontal forrado ou à fran-cesa,
mas tem as suas vantagens e utili-dade.
A sua espessura oscila por Om,15 em
tosco.
OS F R O N T A I S T E C I D O S
são o que pode chamar-se verdadeiramente
esqueleto dos velhos tempos da gaiola ou es-queleto,
que tanto desenvolvimento tiveram
desde o advento da Arte Pombalina até
ao predomínio do betão armado.
Este sistema de construção era uma
grande escola de carpintaria civil.
O frontal tecido ó de compleição prática.
Dividido o comprimento do frontal a cons-truir
em nembos, com a largura de lm,00
pouco mais ou menos, faz-se o arvoramento
dos prumos, com a secção vulgar de Om,10x
X0m>10, pregados de orelha para as vigas
do pavimento, em baixo, e do tecto, em
cima, como ó de prever. Quando os pru-mos
não possam coincidir com as vigas de
que falamos, aplicam-se os chinchareis para
neles se pregarem os prumos e fica o caso
resolvido.
Depois, dividida a altura do pó direito
em partes iguais, assentam-se travessanhos
horizontais de prumo a prumo, ligados por
orelhas derrabadas.
Nos rectângulos formados entre os pru-mos
e travessanhos assentam-se escoras em
diagonal, para melhor garantia do trava-mento.
Nas construções de frontais em edificações já existen-tes,
é de boa norma empregar dois frechais, um em
baixo sobre o vigamento, e outro em cima contra o
vigamento superior, para neles se pregarem por orelha
os prumos de todo o frontal.
A preparação dos portais nos frontais consegue-se
facilmente. Assentam-se dois prumos como ombreiras,
nos lagares convenientes, ligados aos outros prumos
também por travessanhos e, na altura própria, assenta-
-se nma verga que se fixa nas duas ombreiras por
orelhas derrabadas. Dois pregos sobre cada orelha fixa
a verga às ombreiras. Se a largura do portal ultrapassa
Ora,60 é conveniente dividir a largura do vão em partes
iguais, e aplicar-lhe por cada parte um pendurai que da
verga vá pregar por orelha ordinária ao vigamento su-perior,
Os pendurais ligam-se à verga por orelhas derra-badas.
A construção dos portais nos frontais ó igual em to-dos
os seus sistemas.
Construído o tosco faz-se o seu enchimento até à
face de um lado e outro, com alvenaria de pedra miúda
e bocados de tijolos, com argamassa de cal e areia ao
traço de l : 2 ou l : 3.
A espessura do tosco deste frontal regula por Om,10,
que é a espessura da madeira empregada.
Hg. 3.— TABIQUE SIMPLES
T A~'B i Q U E S
C~")s tdbiques formam as divisórias secundárias em re-
^^^ lação aos frontais. As espessuras dos tabiques
são muito mais delgadas do que as dos frontais. Os tabi-ques
em alguns casos são apenas construções ligeiras,
mas no entanto constroem-se íabiques de certa categoria.
(#) Em algumas
por francesas.
regiões do País estes frontais são designado*
5. INTEKIORES E EXTERIOEES
Fig. 4.—TABIQUE ALIVIADO
Há nma relativa diversidade de tabiques, mas apenas
estudamos nesta nossa obra, trôs de entre eles, aqueles
que ainda na actualidade nos são úteis.
OS TABIQUES SIMPLES (Fig. S) são apa-nas
construídos por uma série de tábuas costaneiras
pregadas numas calhas que se fixaram sobre o viga-mento
ou sobre o solho, em baixo, e nas vigas do tecto,
9in cima. As calhas são serrat'5es com um rebaixo para
o assentamento das costaneiras.
A espessura delas gira em volta de Om,04 e a espes-sara
do rebaixo mede Om,025, que corresponde à espes-sura
das tábuas.
A saliência da espessura da calha do lado oposto às
tábuas ó ultrapassada pela saliência das fasquias. Ter-minado
o tosco pregam-se as fasquias de ambos os seus
lados, conforme indicámos para os frontais e temos o
tabique pronto a receber o reboco.
Quando os tabiques têm certo comprimento é íeister
dotá-los com travessanhos de um lado ao outro.
Assim, estes travessanhos têm os seus cantos rebai-xados,
tal como as calhas, para a respectiva entrada
das costaneiras. Também às vezes têm o seu compri-i,.:."&.—
POETAIS DE;, TABIQUES
(Tabique Simples— Tabigue Aliviado)
mento interrompido por prumos, para lhes darem maior
robustês e com aspas para lhe aliviarem o peso.
OS TABIQUES DE DUAS FACES (Fig. 2) são
uns tabiques também chamados duplos, porque são for-mados
por duas ordens de costaneiras. às vezes tábuas
de solho.
Constroe-se primeiramente a estrutura de prumos
e de travessanhos, como temos indicado, e pregam-se
as costaneiras de um lado e depois do outro, em sen-tido
contrário.
De um lado pregam-se, por exemplo, no sentido dia-gonal
da esquerda para a direita, e do outro da direita
para a esquerda, como mostramos nos desenhos.
A espessura deste tabique no tosco é apenas de 0™,08
ou Om,09. Este sistema pode também comportar aspas,
que são umas escoras metidas em diagonal.
OS TABIQUES ALIVIADOS (Fig. 4) são
destinados a lugares onde se não podem suportar car-gas.
Por isso a sua construção tem por fim empurrar
para as paredes laterais todo o peso da estrutura e do
seu revestimento, que por mais leve que seja tem sem-pre
a sua carga.
Assim, a sua construção inicia-se com o assentamento
do frechai superior pregado para o vigamento do andar
de cima. Segue-se o assentamento das duas aspas que,
partindo cada uma de uma viga do pavimento, junto
das paredes laterais, vão alcançar o frechai superior a
meio do comprimento do tabique. Uma boneca aperta
as duas aspas. Em baixo as aspas entalham por sam-blagens
na respectiva viga. Um travessanho liga as duas
aspas, Om,05 acima do vigamento do pavimento.
Entre as aspas e entre os frechais e travessanhos pre-gam-
se tábuas costaneiras. Depc-is, finalmente, fasquiam-
-se ambos os paramentos do modo que temos indicado.
Se este tabique contiver um portal, pomos os prumos
que servem do ombreiras ao vão com a sua respectiva
verga na própria altura, e assentamos aspas dessas om-breiras
para o vigamento do solho.
Um frechai aliviado, Om,05 acima das vigas, vai da
aspa à ombreira, onde liga por orelhas derrabadas. De-pois
enchem-se de costaneiras todos os espaços. As
ombreiras são fixadas no frechai superior por uma ore-lha
derrabada, e entram por respiga aliviada na viga
do solho. Finalmente prega-se o fasquiado como de
ordinário e reboca-se.
Convém acentuar que as tábuas que fecham os tabi-ques.
quase sempre costaneiras por serem do mais
baixo preço, não têm necessidade de se encostarem bem
umas às outras, antes pelo contrário, porque pelas fen-das
pode a argamassa de um lado e outro juntar-se
e formar um bloco conveniente.
TABIQUES LIGEIROS são a designação de
certas divisórias constituídas simplesmente por toscos
de serrafões, de aligeirada estrutura, que levam pre-gados
de um lado e do outro, na formação dos seus pa-ramentos,
placas de estafe, que depois são esboçadas
e estucadas pelos sistemas usuais.
Também se usam algumas divisórias ligeiras, consti-tuídas
somente por tábuas aplainadas, de macho e fê-mea,
como tabiques, na separação de algumas depen-dências.
Tudo isto, porém, são construções de acaso,
que não podem fazer parte integrante das edificações.
— 4
6. INTEEIORES E EXTERI@BBS
U E C I M E N T O S
G f T
paramentos das paredes são cobertos de emboços,
rebocos, esboços, estuques e diversos guarneci-mentos
e revestimentos que distinguireiuos convenien-temente.
A primeira cobertura a aplicar nos paramentos das
paredes, tanto interiores como exteriores, é o emboço,
chapado ou pardo, que pode ser de argamassa de cal
e areia ou de cimento e areia.
As paredes só. se emboçaiu depois d^s suas alvena-rias
estarem bem secas. Com as alvenarias húmidas
não se pode garantir a segurança dos guarnecimentos
nem a habitação iica salubre.
Por conseguinte só depois das paredes estarem natu-ralmente
bem secas se emboçam|e rebocam.
Fig. 6.— FRONTAL A GALEGA
Algumas vezes, por motivo de pressas, faz-se a se-cagem
artificial das alveuarias, mas isso trás inconve-nientes,
porque a cal não teve o tempo suficiente para
se carbonetar, conservando-se a argamassa mole e fria,
não ficando as paredes com a solidez necessária. Pois
sabe-se que a ligação dos materiais é obtida lentamente
pela acção do ácido carbónico do ar e do leite de
caL
Por conseguinte partimos do princípio que só depois
das paredes estarem bem secas se pode proceder aos
seus guarnecimentos.
E M B O Ç O E R E B O C O
emboço é a primeira operação a realizar sobre os
paramentos das paredes. Consta simplesmente
de um chapado de argamassa sobre a alvenaria. Geral-mente
o emboço anda junto com o reboco, que por sua
vez consta de uma camada de argamassa de cerca de
Om,01 de espessura e que deve ficar bem aprumada
e serrafada, para que a parede não fique torta nem
com saliências nem com reintrâncias.
Na maior parte das construções emboça-se e rebo-ca-
se tudo na mesma ocasião, mas o melhor processo
para se obter o melhor resultado com a segurança das
massas, ó emboçar-se e só depois do emboço seco se
deve rebocar.
O emboço é, pois, um trabalho ligeiro, enquanto o
reboco é já um trabalho em que o pedreiro tem de se
esmerar com a sua regularização. O bom acabamento
do reboco é feito com uma régua a serrafar a massa
do paramento em todos os Sfintidos, para a parede ficar
bem direita e com a superfície totalmente perfeita.
TF
g. 7.— FRONTAL A GALEGA
{Ligação de dou frontais}
— 5 —
7. INTERIORES E EXTERIORES
Os traços para as argamassas dos rebocos vulgares
são 1:2 e l : 3 de cal gorda e areia e de l : 5 e l : 6
de cimento e areia. Não é conveniente fazer massas de
cal e cimento juntamente, porque a natureza desses dois
materiais é antagónica e a qualidade de um anula as
qualidades -do outro. A cal é quente; o cimento é frio.
Para as construções na vizinhança do mar também
não é conveniente aplicar rebocos com massa de ci-mento,
porque se deterioram passado pouco tempo,
A argamassa de cal gorda e areia dá, nesses locais,
muito melhores resultados.
Quando se pretendem rebocos de boa contextura fa-zem-
se com cal gorda em pasta em vez de cal em pó.
E S B O Ç O
"PjBPOis dos rebocos estarem bem secos procede-se ao
esboço da parede com uma massa de cal gorda
em pasta e areia fina ao traço de 1:2 respectivamente.
Os esboços fazem-se com massas dobradas ; isto é,
aplicam-se por duas camadas, a primeira mais forte
e mais grossa do que a segunda.
Fig. S.— PAREDE EMBOÇADA E REBOCADA
A espessura do esboço sobre o reboco oscila de
Om,005 a Om,01 e deve ficar bem desenipenada. Os estu-cadores
aplicam-no com a frlocha, que é ura rectângulo
de madeira de cerca de 0"1.40xO:':J30, com a espessura
de O"1,02 e provida de uma asa ou pega peia parte de
baixo. A parte de cima ó a face lisa e desenipenada que
afaga a face da parede.
Há várias espécies de esboços: o esboço para estu-que,
o esboço, áspero, o chamado fio de areia e o esboço
esponjado.
ESBOÇO PARA ESTUQUE. — É um esboço
preparado com areia muito fina. a areia de. esboço, numa
argamassa bem amassada com cal em pasta que se hi-drata
no próprio local da obra, para não perder as boas
qualidades.
Este esboço deve ser aplicado com esmero para não
se prejudicar o estuque.
ESBOÇO ÁS PB EO. — É um esboço preparado
com areia mais grossa do que aquele anteriormente des-crito.
Tem também a designação de esboço forte. Des-tina-
se às paredes que são simplesmente caiadas com
qualquer cor.
O traço normal deste esboço é de 2 : 1,5, respecti-vamente
cal e areia.
ESBOÇO A FIO DE A R EI A.—É um guar-necimento
para caiar a cor, relativamente delgado, e o
seu traço oscila por 1,5 de cal por l de areia.
ESBOÇO E S P O N J A D O . — Trata-se de um
esboço de massa vulgar aplicado sobre qualquer reboco,
que depois de ser alizado com a talocha e quando já
começa a sezoar é afagado com urna escova de esponja.
Este afagamento é feito batendo-se com a escova de
esponja em pancadinhas sobre o esboço.
As vezes em lugar da esponja utiliza-se uni bocado
de serapilheira, que provoca um afagamento um pouco
áspero e próprio para uma caiação a cor, se a massa
já não for dotada de qualquer terra para a colorir.
E S T U Q U E
Co depois do esboço estar muito bem seco se mete o
estuque, o último guarnecimento das paredes das
casas de habitação e de fins públicos e comerciais.
O estuque vulgar é unia massa de cal e gesso apli-cada
directamente sobre o esboço.
A cal é utilizada em pasta hidratada no local da obra
para se garantir a sua frescura e o gesso deve ser muito
fino e bem cozido.
O traço normal do estuque vulgar anda por 6 ou 7
quilogramas de gesso por cerca de 30 quilogramas de cal.
No final dá-se sobre a superfície estucada uma leve
aguada de leite de cal.
E S T U Q U E S E S P E C I A I S
estuque nào ó outra coisa que uma argamassa
branca e fina, susceptível de receber pulimeuto,
que se aplica sobre o esboço.
Os estucadores dão-no com a talocha sobre os para-mentos
das paredes, onde deve ficar muito bem aper-tado,
liso e sem cavidades.
Há duas espécies de estuque: o de cal e o de gesso
Para os estuques de cal há vários traços que descrê
vemos:
1) Cal morta com seis meses, giz (-*) e pó de márnion
ou de qualquer outra pedra fina e branca;
(*) O giz é uma espécie de carboneto de cal.
6 —
8. INTEEIOEES E EXTEEIOEES
2) Cal, areia muito fina e pó de calcáreo duro ou de
mármore;
3) Uma mistura de grés, tijolo e mármore moídos.
Estes estuques aplicam-se por ramadas sucessivas, de-vendo
as primeiras serem mais grossas do que as últi-mas.
A última de/e ser bastante fina, porque assim pro-porcionará
um melhor pulimento.
Para o estuque de gesso também igualmente há vários
traços. Assim, temos:
1) Três partes de cal morta de fresco, uma parte de
areia e quatro partes de gesso ;
2) Gesso muito fino caldeado numa dissolução de
cola forte, que assim tratado tem a presa menos rápida
que o gesso ordinário, o torna-se muito duro ;
3) Gesso caldeado em água de alúmen;
4) Gesso calcinado num forno de reverbero e mo-lhado
à saída em água, com 10 por cento de alúmen,
durante três horas pouco mais ou menos, sendo depois
esse gesso com alúmen submetido a fogo vivo e em se-guida
pulverizado e peneirado.
Os estuques de gesso não são muito aconselhados
para exteriores por causa das chuvas. No entanto nos
interiores podem ser lavados com água.
Estes estuques, especialmente o de gesso caldeado,
podem receber, incrustados, veios de cores a fingir
mármores, leitos também de gesso caldeado colorido.
Os estuques brunem-se passando-os com pó de grés
moído e pedra pomes, e obtem-se um bom pulimento
continuando essa operação e esfregando-se depois com
trapos embebidos em cera.
E S T U Q U E S C O L O R I D O S
s estuques "podem ser de cores. Basta para isso
preparar as massas com as tintas necessárias.
Assim, para se obter um estuque compleíamente branco
Fiy. 10.—PAREDE EMBOÇADA, REBOCADA,
ESBOÇADA E ESTUCADA
junta-se à massa cola de peixe ; para um estuque ama-relo
ou verde, junta-se óxido de ferro hidratado ou
óxido de cromo; para os estuques castanhos, azuis
e cores similares, juntam-se os óxidos de manganês e de
cobre e os hidrocarbonatos de cobre. Convém ter em
conta que estes estuques assim preparados não resistem
à humidade, embora se possam lavar sem perigo de se
estragarem.
Estes são os estuques com cor na massa.
f.-nàoço ,
Fig. 9.— PAREDE EMBUÇADA. REBOCADA
E ESBOÇADA
Q
A N O T A Ç Õ E S
DANDO os estuques estalam não se devem tapar sim-plesmente
as rachas, antes devem abrir se mais
ou alargarem-se com um ponteiro, e só depois se deve
fazer o tapamento com massa de gesso.
O alargamento das fendas tem a designação de ale-grar.
Depois de toda a reparação ostar concluída é conve-niente
para harmonizar toda a parede ou tecto, dar-lhe
uma deniio de leite de cal muito mais diluído do que
o vulgar.
IUAXDO certas partes dos paramentos ficam tremidas
o melhor processo de remediar esse defeito é
picar imediatamente o estuque, enquanto está ainda
húmido, para se não conhecer o remendo pelas suas
costuras,
Depois com uma ligeira demão de leite de cal muito
diluído fica toda a superfície perfeita.
— 'i
9. INTERIORES E EXTERIORES
Fig. 11.— PAREDE INTERIOR
(Estuques lisos em baixo e áspero em cima)
PODAS as dependências quando acabam de ser estu-cadas
devem imediata e totalmente ser arejadas,
para se evitar que o estuque apodreça. Pois, como é
bem sabido, a humidade é o gran.de inimigo deste guar-necimento.
Para se conseguir o bom arejamento abrem se todas
as janelas e possivelmente todas as portas; deste modo
o ar circula livremente e o sol pode bem entrar.
Também se costumam às vezes fechar todas as jane-las
e portas e depois, cora fogareiros bem acesos, bra-seiras
e outros vasos com fogo, fazer um grande aqueci-mento
de todas as dependências. Quando tudo estiver
bem quente faz-se a abertura rápida de todos os vãos
de portas e janelas.
Esta manobra pode- ser repetida várias vezes até se
presumir que as paredes estão bem secas
-•
e L
Fig. 12. — PAREDE INTERIOR
•''Estuques lisos com faixas de cores diferente» e silhar de -madeira)
Também por vezes se utiliza uma porção de s:.
muni calcinado, deposto num vaso qualquer a me:
dependência estucada; este sal começa a absorv
humidade, tornando-se líquido à medida que o loc
vai aquecendo,
Este sal recupera-se aquecendo-o de novo
mente se pratica a operação da casa.
São perigosas para a saúde as casas onde os esn
se conservam húmidos ou apodrecidos.
R E B O C O S E S P E C I A I S
certas dependências das edificações, onde se
talam laboratórios, lavadouros, câmaras fotográ-ficas
de raios X e outras oficinas onde se trabalhe c c n
ácidos, lixívias e outros produtos corrosivos e maií M
menos similares, ó mister fazer-se a aplicação de re-bocos
especiais, para se evitarem infiltrações que CAI--
ficam as paredes.
Estes rebocos especiais têm de ser estudados rsri
cada caso.
De igual modo se aplicam rebocos especiais par.. -
tecção das paredes contra as intempéries e outros <~
R E B O C O CO M. D I A T O M I T E . — É
grande vantagem a sua, aplicação nas paredes onde
infiltrações de águas, lixívias e ácidos aparecem à í
dos paramentos,
O traço para este reboco de argamassa de cii
e areia é o de l : 4 com a mistura de 10 por cento
volume do cimento de diatomite ou de qualquer
produto para esse fim indicado. Sobre este reboco poòt
fazer-se o esboço.
R E B O C O COM BARITA. — É um reboe»
aplicado nas instalaçOes de Raios X, para ser evitada m.
passagem dos respectivos raios, dimanados da apare-lhagem,
através das paredes. A dosagem é feita na ar-gamassa
de cimento e areia ao traço de l: 4 e às vezes
de 1:3. A adição da barita à argamassa, conforme m
força expelidora dos raios, ó de cerca do dobro do f >
lume do cimento.
Indica-se um traço de l de cimento, 2 de areia e 2 á»
barita, entre outros. A espessura destes rebocos nnnea
deve ser inferior a Om,02. Também algumas vezes §*
indica a cal.
R E B O C O PARA M AR M O R IT E. — Pmm
boa segurança dos revestimentos de marmorite, rebo-cam-
se as paredes com uma argamassa forte de cimenlB
e areia, como por exemplo os traços de l : 3 ou l : 4.
mas nunca mais fracos. Como o revestimento é fone
têm os rebocos de ser fortes também, porque de con-trário
a marmorite puxava-os e todo o trabalho ficai»
danificado.
R E B O C O A F A G A D O . — Trata-se de mm.
reboco de massa de cimento, que pode ter os traços àt
l : 3, l : 4 ou l : 5. e fica superiormente afagado ^ K-Iher,
depois de bem alinhado e serrafado.
10. INTERIORES E EXTEBIORE:
C
Fíg. 13. — PAREDE ISTEBIOB
(Em baixo lambris de madeira apaindado»)
%vxr^73^^^^^^tr^sx^::nrza;.l^L^±n^z:^.4^rr^i:z^^i^x
Fig. 15.—P ABE DE REVESTIDA
DE AZULEJOS
Este reboco é geralmente aplicado nos socos das fa-chadas
e nas paredes interiores de instalações sanitárias
de condição modesta.
O cimento alagado pode ser pintado com tintas de
óleo. mas para poder receber bem a pintara tem pri-meiramente
de ser queimado com ácido sulfúrico.
O reboco afagado pode ser efectcado com cimento
branco o com cimeníos coloridos.
E E B O C O P R O J E C T A D O .— Designain-se
rebocos projectados os revestimentos das paredes com
juasnas granitadas e de várias cores, numa composicS j
de massa de cimento, projectados contra um reboco já
anteriormente dado às alvenarias.
Os granitos são pequeninos grãos de mármore de
qualquer cor e a massa é composta de cimento colorido
ou de cimento vulgar com mistura de qualquer óxido.
Projecta-se a massa contra a parede por meio de um
aparelho mecânico ou, se as superfícies a revestir são
pequenas, com uma espécie de crivo de uso normal.
R E B O C O À T I R O L E S A . — O tírolês é
uma argamassa de cimento e areia grossa, a um traço
relativamente forte, para revestimento de paredes, ge-ralmente
nos seus socos. Aplica-se, projectando-o, contra
um reboco já dado à parede, por meio de um crivo de
furos um pouco largos.
Este revestimento fica quase sempre na própria cor
do cimento, mas às vezes mistura-se na massa um óxido
de qualquer cor para o colorir.
Também em algumas obras dá-se-lhe a cor por caiação
no fim de pronto.
R E B O C O DE ALHETAS. — Os rebocos
afagados e projectados de qualquer tipo e de qualquer
material, são susceptíveis de serem providos de alhetas
com os seus respectivos golpes de aresta bem vincados
e afagados e juntas refendidas,
De igual maneira podem comportar arestas feitas de
qualquer sistema e também por qualquer material dife-rente
do que se aplica na superfície.
Fig. U.— PA1ÍEDE IN T E MOR
(Estuques lisos e Aparador de madeira)
Fig 19. — PAREDE REVESTIDA
DE AZULEJOS
11. INTERIORES E EXTERIORES
M A T E R I A I S
materiais que entram na composição das arga-massas
para os emboços, rebocos, esboços e es-tuques,
são, como já vimos, a areia, a cal, o cimento
e o gesso.
Das cais e do cimento já escrevemos, quando tratámos
das Obras de Alvenaria (*), e da areia e do gesso es-crevemos
agora.
A R E I A . — A areia para os rebocos deve ser
pura, de grão seco, anguloso e áspero e sempre isenta
de matérias estranhas. Para bem servir deve ser lavada
e peneirada, para se libertar de pedras e lixos.
Para os esboços finos emprega-se a areia de esboço,
de grão muito fino e muito pura. No esboço a fio de
de um lado e movidas do outro manualmente ; o fundo
ó constituído por fasquias com espaços apertados.
GESSO. — O gesso é um sulfato de cal hidratada
e comp3e-se aproximadamente de 22/00 de água, mas
como a pedra de que se extrai quase nunca ó pura, re-sulta
que o gesso é uma mistura de sulfato e carbonato
de cal.
A calcinação da pedra é feita a uma temperatura de
120° aproximadamente, evaporando-se a água da crista-lização
e fazendo-se o resfriamento.
Reduzida a pedra a pó, este conserva o ácido sulfú-rico
que se combina com a cal. A pasta de gesso é,
por conseguinte, um sulfato anidro de cal.
Amassado o gesso com água toma rapidamente o en-durecimento.
Assim, temos o gesso que no comércio tem
o nome de gesso de presa.
O gesso deve ser utilizado bem cozido e bem moído
e de fabricação recente.
TSsiot.
Fig. 17. —- PAREDE ESTUCADA COM LAMBIUS
DE AZULEJOS
areia convém uma areia cujos grãos contenham quartzo
em abundâm-ia pura garantia de um bonito áspero.
As areias para os esboços tom de sor lavadas e bem
peneiradas num crivo apertado. O pior elemento que
pode passar nestas areias é a pederneira, que pode re-bentar
com o esiuque mesmo passado muito tempo, pois
que a pouco e pouco vem à superfície.
As areias peneiram-se numas cirandas de madeira,
que são umas caixas assentes em plano inclinado, fixas
M A D E I R A S
A s madeiras para a execução dos lambris carecem
ser de boas qualidades, isentas quanto possível
de nós, sem rachas e sem revessos e completamente
secas.
Como madeira de maior cotação para esta sorte de
trabalhos está indicado o carvalho em primeiro lugar, a
nogueira e a macacaúba em seguida.
Vamos apresentar algumas características das melho-res
madeiras para este ramo de carpintaria:
Carvalho. — E uma madeira muito dura e resistente.
A sua cor ó de um ainarelo-escuro com raios muito es-curos
e a sua fibra ó compacta e fácil de ser trabalhada.
Nogueira. — Tem a fibra muito fina e a sua cor é es-cura
e raiada ligeiramente. E uma excelente madeira
para, a construção de guarnecimentos e revestimentos.
Macacaúba. — E uma bonita madeira relativamente
dura e de cor encarniçada.
Cedro. — E uma madeira resinosa, muito dura e quase
incorruptível. A sua cor é de avermelhado-claro com
veios escuros.
Castanho.— Madeira relativamente resistente, de fibra
compacta, de cor acastanhada e boa para os limpos de
carpintaria, mas má no contacto com as alvenarias.
Bicelâo. — Designada por mogno de África ó esta
madeira dura, de cor avermelhada-escura com veios
escuros, muito indicada para revestimentos.
Pits-pine. — É uma madeira resinosa e muito dura.
De cor amarelada com veios escuros, oferece boas
vantagens para a carpintaria civil em todas as obras
de limpos.
Casquinha.— E, como se sabe, uma boa madeira de
construção, resistente, de tibra compacta e de cor
clara. Pode ser pulida e envernizada, mas recomenda-se
para trabalhos pintados.
(#) Ver o Caderno n.° 13 desta Enciclopédia,
— 10 —
12. INTERIORES E EXTERIORES
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Fig. 18.—AZULEJOS A FACE
DO ESTUQUE
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Fig. 19.—AZULEJOS EMBEIN-TBÃNCIA
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Fig. 20.— AZULEJOS COM
FAIXA BEINTBANTE
R E V E S T E N T O S
A s paredes levam, por vezes, além dos guarnecimen-tos,
revestimentos de vários sistemas e materiais,
que dão mais realce ou beleza aos aposentos.
Nos paramentos exteriores, as fachadas, os revesti-mentos
muitas vezes limitam-se a azulejos e forros de
pedra. Nos paramentos interiores já é mais variada a
quantidade de materiais que se aplicam nos revestimen-tos,
sendo o mais importante a madeira e o mais vulgar
os azulejos.
As casas de banho, latrinas, cozinhas e vestíbulos, são
quase sempre revestidos de azulejos; nas edificações
de categoria são essas dependências revestidas de már-mores.
Os revestimentos interiores são geralmente tratados
apenas nos lambris (*). Assim, nas salas e gabinetes
aplicam-se lambris de madeira (Fig. 21) almofadados,
formando um todo perfeito em todas as suas faces. São
variados os sistemas e estilos dessa carpintaria, que
pode ser executada em todas as madeiras indicadas para
a carpintaria e marcenaria.
S I L H A R É S DE A Z U L E J O S
PSTES revestimentos são, como já dissemos, destina-dos
às dependências sanitárias, cozinhas, vestíbulos
e escadas. A altura dos lambris ó variável, mas é sem-pre
conveniente acertá-la com um número certo de
fiadas.
Os silhares de azulejos podem ser encimados ou re-matados
superiormente por uma faixa constituída por
peças de pequena largura. Em baixo, sobre o pavimento,
os azulejos podem assentar directamente nele ou sobre
o rodapé. Este pode ser constituído por ladrilhos-mo-saicos,
rectos ou curvos, como mostramos nos desenhos.
O assentamento dos azulejos pode ser feito com as jun-tas
desencontradas ou com as juntas alinhadas, e, ainda,
à face do estuque, com saliência e com reintrância.
A saliência do silhar é obtida com a espessura do
azulejo sobre o paramento estucado. A reintrância pode
comportar qualquer profundidade; é apenas, para esse
efeito, necessário preparar-lhe a faixa superior.
Nos nossos desenhos (Figs. 18, 19 e 20) mostramos
essas três maneiras de apresentar os lambris de azule-jos,
que podem ser brancos ou de cores.
S I L H A R E S DE M Á R M O R E
s silhares de mármore podem ser formados por pe-ças
que formam a altura própria do silhar ou por
pedras de várias superfícies. A fixação das pedras às
paredes pode ser feita por mechas de gesso, por massa
de cimento e por gatos e perues de ferro galvanizado.
(*) Designam-se por lambris ou filhares os revestimentos que
apenas atingem certa altura dos paramentos, provindo, porém, da
altura das costas das cadeiras.
13. INTERIORES E EXTERIORES
Fig. 51.— L.ÍMBUTL DE MADEIRA APAINELADO
(Conjunto e Pormenores)
'% 2á. — LAMBRIL ENGRADADO SOBRE A FACE ESTUCADA
14. INTERIORES E EXTERIORES
A espessura das pedras de forro oscila de Om,02 a
Om,025 e têm a designação de pedra serrada. São puli-das
na sua face, que não deve apresentar defeitos de
espécie alguma.
O lambril de pedra tem como base um rodapé também
de pedra, e é rematado superiormente por uma faixa
ou cornija, que costuma ser rica de molduras. Nos lam-bris
modestos é dispensado o rodapé e a cornija.
Este tipo de lambril pode ser saliente sobre o para-mento
estucado e reintrante na parede. Podem ser em-pregados
mármores de várias cores em combinações
sumptuosas.
S I L H A R E S DE M A D E I R A
lambris de madeira atingem por vezes, em obras
de grande categoria, uma riqueza invulgar, pela
qualidade da madeira empregada e pelo alto trabalho
de carpintaria.
Estes revestimentos podem ser almofadados, engra-dados
pelo sistema prático usual, e compostos por tábuas
unidas umas às outras por macho e fêmea, com réguas
e fasquias molduradas pregadas por cima.
Quando os lambris são engradados e almofadados
comportam todas as molduras que se lhe queiram dotar
e que se acertam por samblagens, tal qual como se pra-tica
no engradamento de portas, assunto que já estu-dámos
(*).
Inferiormente assenta-se sobre o lambril o rodapé
provido com a sua respectiva base, e superiormente é
assente um aparador, que por sua vez pode ter maior
ou menor balanço.
Estes são os lambris de madeira de maior categoria.
Porém, também se aplicam destes revestimentos apeiias
constituídos pelo engradamento (Fiy. 22), ficando o lugar
das almofadas com o paramento da parede à vista, que
depois se pinta como convier na formação do conjunto.
Os mais modestos dos lambris são aqneles que se
constróem só com tábuas de qualquer largura, unidas
umas às outras formando como que um taipal, pregan-do-
se por cima todas as réguas e fasquias molduradas
que sejam indicadas.
Pode também levar superiormente um aparador e em
baixo ser rematado pelo rodapé.
Os lambris de madeira são fixados às paredes com
pregos ou parafusos, para buchas de madeira embebidas
na alvenaria. Essa fixação faz-se nas couceiras e tra-vessas
e nunca pelas almofadas.
Estes revestimentos podem ser pintados, enverniza-dos,
pulidos ou encerados consoante as madeiras em
que são construídos.
Os revestimentos devem fazer uma perfeita concor-dância
com os alizares dos portais.
S I L H A R E S S I M P L E S
mais simples silhares são apenas constituídos por
uma régua de madeira ou por uma faixa de már-more
polido, assentes nas paredes, na altura própria
(*) Ver o Caderno n.° 22 desta Enciclopédia.
das costas das cadeiras, para elas se encostarem sem
dano para os estuques.
As réguas podem comportar uma moldura em toda a
volta como ornamento. A sua largura pode medir Om,10
e a espessura saliente Om,02 ou Om,03, isto tanto para
madeira como para pedra.
Algumas vezes estes silhares, cujo nome lhe é mais
apropriado do que aos outros tipos de revestimento,
formam na sua parte superior uma saliência de O™.OS
ou Om,10, que é um verdadeiro aparador para objectos,
fotografias, etc. (Fig. 16).
S Í L H A R E S D E C H A P A S
JTAS salas e galerias comerciais e nos átrios de resi-dências
é usual também, a construção de lambris
constituídos só por chapas metálicas ou de materiais de
fantasia. Umas vezes só, simplesmente fixadas, prega-das
ou aparafusadas para buchas nas paredes, outras
metidas, enquadradas em engradamentos de madeira,
como se fossem almofadas.
Estes lambris bem trabalhados e vistosos prestam-se
para vestíbulos, corredores e outras dependências de
movimento, mas quando são despidos de bom arranjo
têm só lugar em casas de trabalho.
S I L H A R E S D E C O R T I Ç A
A cortiça é um bom material para a construção de
lambris. Preparadas as placas de aglomerados de
várias cores, obtêm-se combinações relativamente felizes
de harmonia. Com as placas de cortiça constroem-se
apainelados com os seus rodapés em baixo e aparadores
em cima, com as mesmas proporções que se estabelecem
para a madeira e para o mármore.
A sua fixação às paredes ó feita por meio de colagem.
A conservação é obtida por enceramento.
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Fig. 23.—DIVISÓRIA ENVIDRAÇADA
(Sobre murets de tyoloj
— 13 —
15. INTERIORES E EXTERIORES
E N V I D R A Ç A D O S
envidraçados são geralmente divisórias de madeira
ou ferro com vidros total ou parcialmente dis-postos,
assentes na separação de aposentos dentro da
mesma dependência, a fim de lhes manter a luz.
Alguns envidraçados são dotados de portas de ligação
de um lado para o outro, mas em muitas edificações as
entradas para os aposentos assim separados, são feitas
noutros locais.
Os envidraçados podem ser completamente construí-dos
de madeira ou de ferro, com a sua parte inferior
almofadada, com apainelados variados, conforme o pro-jecto
da obra, ou tendo como base on parapeito um
murete de tijolo onde assenta, numa espécie de tábua
de peito, o envidraçado propriamente dito (Fig. 23).
Quando estas divisórias vão do pavimento até ao tecto
a sua construção forma um todo completo, embora
quando a sua superfície seja grande tenha de se engra-dar
por partes que serão unidas no local próprio.
O sistema do engradamento é o vulgar usado na cons-trução
das portas por meio de samblagens. As suas
almofadas e os seus pinásios são construídos como em
CORTE
VERTICAL
,, PLANTA y, A-B
Fig. 24. — DIVISÓRIA ENVIDRAÇADA
todos os outros casos. Aquelas por meio dos envazíados
e estes por respigas e furos.
O assentamento dos envidraçados comporta um leve
encastramento num rasgo aberto no reboco das paredes
de cada lado, onde deve entrar relativamente à vontade.
No tecto deve do mesmo modo ficar assente, enquanto
que no pavimento é conveniente ficar apoiado. Um ro-dapé
de cada lado sutados para o soalho dão-lhe o re-mate
apropriado.
Como remate para os paramentos das paredes
pequeninos quartos de círculo pregados de encont
aos cantos são suficientes, como mostramos nos porme-nores
(Fig- 25).
Os rodapés da divisória devem concordar com os que
estão assentes nas paredes, bem como os aparadores
se as paredes também os possuírem.
A altura do almofadado ó variável, se não houvei
motivos nas 'paredes que dêem qualquer sujeição.
A espessura da madeira para as couceiras e travessas
vai de Om,032 a Om,042 de casquinha, e de Om,035 a
Om.045 de pinho, consoante as dimensões das divisórias.
Os envidraçados assentes sobre muretes são de situa-ção
mais firme; destinam-se a larga existência.
As secções das madeiras são as mesmas que indicá-mos
para os anteriores.
Os muretes são providos geralmente dos mesmos
guarnecimentos das paredes com os quais ligam, e os
seus rodapés conjugam-se com os restantes das mesmas
dependências.
Os muretes sSo encabeçados por capeamentos de pé
dra serrada pulida ou de madeira pintada, com as fun-ções
de tábuas de peito. É nos capeamentos dos muretes
que se apoiam os envidraçados, que podem ou não atin
gir o tecto.
No nosso estudo (Fig. 24) a divisória comporta umi
gola em toda a volta do vão, tanto dos lados como nc
tecto.
O envidraçado propriamente dito pode ter a fornu
que se desejar. A situação da porta é variável; tomi
lugar onde for mais conveniente.
No nosso estudo o portal é guarnecido nas ombreiras
e na verga, por uma guarnição de pedra serrada pulidí
ou de madeira pintada, com a mesma saliência das golas
de tijolo, que serve de aro.
A porta tanto pode ser envidraçada como almofadada
Alguns dos vidros, entre os quais os das fiadas d(
cima, podem possuir movimento de bandeira basculante
se isso for conveniente.
Em certas edificações constroem-se envidraçados rnuitt
acima do pavimento, umas vezes até junto do tectc
e outras mesmo muito abaixo dele.
Esses envidraçados comportam aros em toda a volt;
onde assentam, com ou sem ferragens, isto é, de movi
mento ou fixos. Quando possuem guarnecimentos no vã(
podem ser como os que estudámos para as portas inte
riores.
Os envidraçados podem também comportar partes fixai
a par de outras móveis, para deixar passar a luz e o ar
Os envidraçados tanto podem ser interiores com<
exteriores. Neste caso temos os que vedam estufas
varandas e outros lugares que comuniquem para fora
Os envidraçados interiores que são, entre eles. comi
os que já estudámos, podem ser construídos em variai
madeiras, conforme os locais onde têm lugar.
Em bancos, salões de festas, galerias e outros locai
de frequência importante, constroem-se de madeira
caras e levam como acabamento pulimento ou cera.
16. INTERIORES E EXTERIORES
Fig. 25. — PORMENORES DA DIVISÓRIA ENVIDRAÇADA
P I N T U R A
A pintura é o último acabamento a aplicar nas edifi-cações,
tanto nas madeiras como nas paredes
e nos trabalhos de ferro.
Os trabalhos de pintura têm de ser bein acabados
para qne resultem como é de conveniência. As pinturas
dos trabalhos de madeira são sempre feitas na base do
óleo de linhaça, bem como as que se aplicam nos ferros.
As pinturas a aplicar nas paredes podem ser na base
do óleo e na de água.
Nos trabalhos exteriores, fachadas e empenas, além
da pintura a óleo podem ser dadas também as caiações.
Nas paredes interiores já as tintas de água podem ser
utilizadas com vantagens por vezes. No entanto as me-lhores
pinturas são as que se fazem com tintas de óleo.
No mercado encontram-se tintas de boa qualidade já
preparadas. Algumas cores de grande beleza aplicadas
noutros países não têm entre nós as qualidades apre-ciadas
devido à acção do sol. sendo por isso da melhor
conveniência preparar as tintas de acordo com os climas
onde se empregam.
P I N T U R A DE M A D E I R A
A XTES de se realizar a pintura sobre a madeira ó con-veniente
preparar primeiramente a superfície que
se destina a pintar.
Assim, começam-se por queimar com maçarico todos
os nós e de seguida dá-se uma demão de aparelho com
tinta de óleo de qualquer cor vulgar.
Depois do aparelho estar bem seco, passa-se tudo a
lixa e betumam-se os nós, rachas e outras imperfeições,
que perturbam a lisura da superfície, com massa de óleo.
Quando as massas estiverem bem secas e rijas, passa-se
de novo toda a superfície com lixa, de modo a poder
receber a primeira demão da pintura com tinta de óleo.
Dão-se geralmente duas demãos e depois de uma
nova passagem de lixa dá-se finalmente a última demão.
Depois de toda a pintura estar bem seca dá-se como
acabamento uma demão de esmalte.
Nos caixilhos e portas exteriores não se aplica o es-malte,
porque a sua resistência às intempéries é nula.
17. INTERIORES E EXTERIORES
P I N T U R A D E P A R E D E S
A s paredes destinadas a pintura síio estucadas, por-que
de outro modo não se podia fazer trabalho
conveniente. Os trabalhos para esta pintura iniciam-se
pela aplicação de uma deinão de óleo de linhaça fervido
sobre toda a superfície.
Quando esta demão de óleo for quase toda absorvida
pela parede, torna-se necessário dar-se-lhe outra demão
igual. Segue-se uma demão de tinta de aparelho à base
de óleo de linhaça em toda a superfície.
Depois do aparelho estar bem seco será tudo bem
passado a lixa, e em seguida tomam-se com massa de
óleo- as juntas, rachas, buracos e outros defeitos que a
parede possa ter.
Só depois de todo o paramento se encontrar eomple-tamente
seco se dá a primeira demão da sua pintura,
e depois desta estar por sua vez seca dá-se a segunda
e finalmente a terceira. Como complemento pode-se
aplicar uma demão de esmalte.
Nas pinturas exteriores não se aplicam os esmaltes.
Nos interiores podem aplicar-se, como já dissemos,
tintas de água. Geralmente com estas tintas, que se
aplicam a duas demãos, não é necessário tratar os pa-ramentos
com óleo fervido. Tratam-se com massa de
óleo as imperfeições, e depois dos betumados estarem
secos dão-se as demãos de tinta.
Convém acentuar que os estuques devem ficar per-feitos
para se evitarem grandes espessuras de massas,
o que não é nada conveniente para as tintas de água.
P I N T U R A D E F E R R O
TNICIA-SE a pintura de ferro com a aplicação de uma
demão de aparelho, que pode ser com zarcão e óleo
de linhaça. Depois passa-se tudo a lixa, e nas grandes
superfícies, como de chapas e almas de vigas, tomam-se
as imperfeições com massa de óleo.
Quando as massas estiverem secas começam-se a dar
as demãos de pintura necessárias, umas após outras,
à medida que se vão secando.
COMPOSIÇÃO DAS TINTAS
A composição das tintas deve ser feita com esmero para
•^ que a pintura fique bem apresentada e duradoura.
É mister, para se atingir esse fim, empregar mate-riais
de confiança bem fabricados e preparados. Tam-bém
é de recomendar que se pulverisem bem as terras
porque às vezes vêm relativamente grossas, o que é um
tanto prejudicial à pintura. Fica grossa e serabulhenta.
O óleo tem de ser forçosamente bom, pois se assim
não acontece, os maus óleos tornam a pintura má; por
vezes os maus óleos não deixam mais secar a pintura,
até que ela se deteriora, precocemente. O bom óleo para
as pinturas é o de linhaça bem fabricado.
O bom alvaiade é o que se obtém no mercado, em pó,
dissolvendo-se depois com óleo de linhaça. O segredo
da boa pintura está nas boas massas, e estas no bom
óleo e no bom alvaiade.
O alvaiade de chumbo, conquanto perigoso para
saúde do operário pintor, ó melhor do que o de zine
Porém, há quem prefira este último carbonato.
TINTAS PKEPARADAS COM ÓLEO.
Preparam se as tintas de óleo para a quantidade i
l quilograma com a composição seguinte: Ok,71 <
alvaiade, 0^30 de óleo, Ok,02 de tinta em. pó e Ok,0!
de secante.
Devemos lembrar que a boa prática do pintor poi
levá-lo algumas vezes a alterar o que mais ou men
está determinado, com vantagem para o bom trabalh
PINTURA DE MADEIRA.—Parai met
quadrado de superfície a pintar com três demãos, pi
cisamos: Ok,450 de tinta preparada; para as barrage
Ok,200 de massa de óleo; para a demão final de <
malte Ok,120 desse produto.
PINTURA DE PAREDES.— Para l mel
qnadrado de superfície de estuque a pintar com ti
demãos. necessita-se de Ok,500 de tinta preparada, al<
de Ok,240 de óleo fervido e de Ok,250 de massa de ól
para os trabalhos preliminares. Se se aplicar uma dem
de esmalte precisamos de Ok.180 desse produto.
P I N T U R A DE F E R R O . — Para l mel
quadrado de superfície a pintar com três deniãos, s
necessários Ok,300 de tinta preparada. Para os seus p]
paratórios gastam-se cerca de Õk,180 de massa de ól(
PREPARAÇÃO DE MASSAS DE ÓLEO.
Compõe-se uma massa de óleo para l quilograma c<
a composição seguinte: Ok,160 de óleo e Ok,840 de ci
Esta ó a massa de vidraceiro, usada nos vidros.
Também se prepara uma boa massa para barragei
cuja composição para o volume de l quilograma,
assim: Ok,050 de óleo, Ok,500 de cré e Ok,450 de
vaiade.
PREPARAÇÃO DO ÓLEO FERVIDO.
Para os preparatórios de pintura sobre estuque pré]
ra-se o óleo fervente com a mistura de litargírio, i
seguintes quantidades, para l metro quadrado de parec
(^,180 de óleo e Ok,030 de litargírio, isto para u;
demão; para duas demãos: Ok,320 de óleo e Ok
s040
litargírio.
C A I A Ç Ã O
PODAS as paredes exteriores, fachadas, empenas
muros são por vezes simplesmente caiados. J
certas edificações também se fazem caiações em parec
interiores.
As boas caiações são feitas geralmente com t
demãos, levando a primeira, para boa fixação das ag
das, uma mistura de sebo, qne é realizada em cei
de 5 por cento do volume da cal que compõe a agua-o
chamado leite de cal. As duas demãos finais pod
ser de qualquer cor, bastando para isso juntar ao lê
de cal a tiata cm pó que se desejar.
Quando a caiação for aplicada sobre esboço áspero
em fio de areia, obtem-se óptimo resultado quandi
última das demãos for aplicada com escova de espoe
Também se costuma fazer essa demão com uma bon<
de serapilheira.
— 16 —