O documento descreve a emergência da rádio no século 20, desde as primeiras experiências individuais até se tornar um importante meio de comunicação de massas. A rádio evoluiu de um meio técnico para um meio capaz de alcançar grandes audiências, com modelos de financiamento e controle de conteúdo variando entre países.
2. Um medium na transição entre séculos
– resultado da curiosidade individual
– utilização crescente comercial/profissional e militar
– tensão crescente entre utilização pessoal (rádio-amadorismo) e
interesses comerciais e políticos → licenças e controlo
– vantagens face ao panorama mediático existente:
• alcance superior (localidades distantes, transportes marítimos e
aéreos)
• economia de custos:
– abdica progressivamente de ligação física (cabos)
– abdica progressivamente de baterias em prol da corrente
eléctrica (mediante recurso a válvulas)
– possibilita soluções de sustentação financeira diferentes
consoante o contexto político
– era de ouro: 1930-1950
• Transístor (1948) possibilita a concretização da portabilidade
• Rádio substitui Imprensa como medium de massa
3. De um meio técnico a um medium de
massas em menos de 100 anos
Enquadramento técnico:
– Bateria eléctrica (Volta, 1800)
– Electromagnetismo (Örsted, 1820)
– Transmissão de sons por sinais eléctricos (Meucci, 1856)
– Propagação de ondas electromagnéticas no espaço (Maxwell, 1864)
– Manipulação de ondas electromagnéticas (Hertz, 1888)
Aplicações social e economicamente incorporadas:
– Telégrafo (Morse, 1835); primeira linha telegráfica (Baltimore-Washington, 70 km)
financiada pelo Congresso Norte-Americano (1844)
– Telefone (Bell, 1876)
– de uma utilização cultural à utilização profissional, e finalmente,
pessoal
– Fonógrafo (Edison, 1877)
– Transmissão por ondas de rádio (Tesla, 1893; atribuída a Marconi, em 1894)
– Transmissão sem fios do código Morse:
através do canal da Mancha (Marconi, 1899)
através do Atlântico Norte (Marconi, 1901)
4. A Rádio com meio de massas: Estados Unidos
Enquadramento economico-político:
modelo económico privado, baseado na venda de espaços publicitários
conteúdos definidos pela empresa
conteúdos adaptados à audiência por estudos de mercado
popularização da rádio AM
concorrência e caos (década de 20) conduzem a limitação do espectro
1916 – A rádio “caixa de música”:
vendedores de equipamento (RCA) tornam-se emissores
criam o seu próprio mercado
1922 - primeira emissora comercial (WEAF, de Nova Iorque) criada pela
companhia telefónica AT&T
1926 – A integração empresarial como vector decisivo: RCA cria a NBC
1930/40 – O aproveitamento político
Roosevelt e as “conversas de sala”
5. A Rádio com meio de massas: Reino Unido
Enquadramento economico-político:
modelo económico público, baseado na transferência das receitas de
licenciamento e na recusa da publicidade
conteúdos definidos por uma comissão (elite)
conteúdos adaptados às necessidades e literacias da população
das limitações noticiosas iniciais (concorrência com imprensa) ao
modelo noticioso mundial
1869-1912 - monopólio dos Correios (Telégrafo em 1869, Rádio em 1904,
Telefone em 1912)
1922 - BBC criada como empresa privada (fusão dos emissores
existentes)
1927 – BBC nacionalizada (potencial de controlo demasiado importante
para os privados)
6. A Rádio como meio de massas:
União Soviética e Alemanha
Enquadramento economico-político:
modelo económico público, baseado no financiamento estatal
conteúdos definidos pelo Estado
conteúdos adaptados à necessidade de cooptação da população
directamente pelo carisma do líder
1922 – emissões regulares soviéticas, pré-controladas
– número de famílias soviéticas com receptor de rádio
demasiado baixo obriga a utilização de sistemas de som de rua
1932-1939 – emissões regulares germânicas
– número de famílias germânicas com receptor de rádio passa
de 25% para 70%
– emissão de baixa frequência (demasiado fraca para captar
media internacionais)
– emissões controladas por Goebbels (a rádio como “arma
espiritual do Estado totalitário”)