O documento discute as políticas industriais e comerciais adotadas na América Latina no século 20, especialmente o modelo de substituição de importações. Ele explica que o modelo surgiu como resposta à crise econômica mundial dos anos 1920-1930 e foi influenciado pelas ideias de Prebisch e CEPAL. O modelo envolveu proteção à indústria nacional, desincentivo às exportações e financiamento estatal, mas também trouxe problemas como inflação, dívida e baixa competitividade.
2. Política Industrial e Comércio
Há praticamente um consenso entre os
economistas a favor do livre-comércio
Especialização e liberdade para importar
aumentam o bem-estar dos consumidores, no
país e no exterior
Por que a maior parte dos países adotam
políticas que de alguma forma restringem o
comércio (tarifas, quotas, licenciamento)?
Por que alguns governos são mais
protecionistas do que outros?
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3. AL: Protecionismo ou Liberalismo?
Fases da inserção internacional das economias
latino-americanas:
1. Da independência até 1920s:
economias abertas, voltadas para a exportação de
produtos primários
2. Período entre-guerras:
crise internacional estimula protecionismo e
substituição espontânea de importações
3. Pós-segunda guerra até 1980s:
políticas ativas de industrialização por substituição
de importações (ISI)
4. Desde a segunda metade dos anos 1980s:
liberalização e reformas pró-mercado
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4. Por que a AL adotou
o modelo de ISI
1. Choque externo: crise internacional
a) reduziu demanda pelas commodities
exportadas
b) reduziu oferta de bens manufaturados de
consumo
2. Influência das idéias de Prebisch e da
CEPAL
a) resistência à idéia de que o comércio promove
o desenvolvimento
b) tendência à deterioração dos termos de
intercâmbio dos exportadores de commodities
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5. Exportação de Produtos Agrícolas (US$ bilhões)
EUA 52.7
França 36.8
Holanda 34.4
Alemanha 23.8
Itália 15.9
China 15.5
R. Unido 14.7
Espanha 14
Brasil 13.8
Austrália 12.6
Outros 183.1
Total 417.3
Fonte: FAO, citado por Amadeo (2002)
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6. Especificidades do Modelo da AL
Objetivo da substituição de importações era
promover a auto-suficiência industrial (promover
novos setores)
O Estado assumiu para si os papéis de planejador
e financiador das políticas de desenvolvimento,
além de produtor de bens e serviços
considerados essenciais
A defesa da concorrência não era, por razões
óbvias, um instrumento considerado oportuno
para promover o desenvolvimento
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7. Especificidades do Modelo da AL
A produção industrial era voltada para
abastecer o mercado doméstico e não para
exportação
Esta é uma diferença fundamental em relação
aos tigres asiáticos que explica a
superioridade produtiva destes em relação
aos tigres latino-americanos
A partir dos anos 1970s, houve uma clara opção
pelo endividamento externo para financiar a
substituição de importações dívida
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8. Argumentos Favoráveis à ISI
Volatilidade dos preços das commodities
Deterioração dos termos de intercâmbio
Natureza dinâmica das dotações fatoriais
(capital versus trabalho e terra)
Indústria Nascente
Externalidades positivas
Equilíbrio do BdP: pessimismo quanto à
eficácia de uma desvalorização e opção por
restrições administrativas às importações
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9. Principais Instrumentos de Política
Imposição de barreiras não-tarifárias sobre
importações (licenciamento prévio, prioridade ao
similar nacional, obstáculos à contratação de
câmbio, proibições de importação, etc.)
Tarifas
Apreciação cambial
Câmbio múltiplo
Investimento governamental direto
Política monetária expansionista (juros negativos)
e política de direcionamento do crédito (escasso)
aos setores e programas prioritários
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10. Conseqüências Positivas
Industrialização
Redução de importações
Maior ênfase na responsabilidade social do
governo
Aumento de gastos com educação,
proteção social e infra-estrutura
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11. Conseqüências Negativas
Proteção e apreciação cambial restringiam
competitividade internacional do produto
nacional viés anti-exportador
Exagero na importância do crescimento industrial
em detrimento da agricultura
Absorção limitada de trabalhadores
Promoção da urbanização
Redução das receitas tributárias provenientes das
exportações em conjunto com aumento dos
subsídios à indústria pressionavam o orçamento
(desequilíbrio fiscal) inflação
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12. Críticas ao Modelo ISI
Estrutura de proteção favorecia montagem de
produtos finais e não produção de bens
básicos
Bens manufaturados domésticos eram mais
caros que os estrangeiros, prejudicando os
consumidores
Produtores tinham mercado cativo, eram
desincentivados a exportar (apreciação
cambial) e não sofriam concorrência
Excessiva capacidade de prod. industrial
Prejuízos à agricultura (apreciação cambial,
estímulo à ind. de fertilizantes e máquinas)
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13. Críticas ao Modelo ISI
Déficits orçamentários financiados com inflação
(apreciação cambial)
Juros negativos desestimulavam a poupança e
estimulavam investimentos intensivos em capital
(baixa absorção de mão-de-obra)
Trabalhadores eram penalizados por elevados
índices de desemprego e crescente
informalidade, assim como pela baixa
remuneração nos setores tradicionais
Empresas multinacionais foram atraídas para
usar tecnologia de ponta (capital-intensivas) e
para produzir para o mercado interno
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