O documento descreve a transição do Romantismo para os movimentos Realista e Naturalista na literatura do século XIX. A visão subjetiva e idealizada da realidade do Romantismo foi substituída por uma abordagem mais objetiva e crítica dos movimentos Realista e Naturalista, que procuravam retratar de forma fiel problemas sociais da época. Exemplos de obras e autores representativos desses movimentos no Brasil são dados.
2. O mundo de cavaleiros destemidos, de
virgens ingênuas e frágeis, e o ideal de uma vida
primitiva, distante da civilização, tudo isso
terminara. A segunda metade do século XIX
presencia profundas modificações no modo de
pensar e agir das pessoas. No plano das idéias,
surgem inúmeras correntes científicas, que
procuram explicar fenômenos sociais, naturais e
psicológicos à luz de teorias materialistas. No plano
da ação, vive-se a segunda etapa da Revolução
Industrial, cujas contradições sociais começam a
aparecer.
3. A arte e a literatura refletem essas mudanças.
Em lugar do egocentrismo romântico, verifica-se um
enorme interesse em descrever, analisar e até em
criticar a realidade. A visão subjetiva e parcial da
realidade é substituída pela visão que procura ser
objetiva, fiel, sem distorções. Em lugar de fugir à
realidade, os realistas procuram apontar suas falhas
como forma de estimular a mudança das instituições e
dos comportamentos humanos. Em lugar de heróis,
surgem pessoas comuns, cheias de problemas e
limitações como qualquer um de nós.
4. Na Europa, esses movimentos tiveram
início, respectivamente, com a publicação do
romance realista Madame Bovary (1857), de
Gustave Flaubert e do romance naturalista
Thérèse Raquin (1867), de Émile Zola.
No Brasil, esses movimentos tiveram
início, respectivamente, com a publicação do
romance realista Memórias póstumas de Brás
Cubas (1881), de Machado de Assis e do
romance naturalista O Mulato (1881), de Aluísio
Azevedo
5. O estilo realista fixa-se na realidade do
homem em sociedade, cercado de problemas
cotidianos e rotineiros. O foco de atenção é a
estrutura social, descrita em todas as suas
peculiaridades, identificando interesses,
valores e mudanças. A preocupação em
conhecer a sociedade, revelar seu
funcionamento e os conflitos que ela gera torna
a produção artística e literária analítica,
desconfiada e desmistificadora.
7. Realismo Romantismo
Objetivismo Subjetivismo
Descrição e adjetivação objetivas,
tentando captar o real como ele é
Descrições e adjetivação
idealizantes
Mulher não idealizada Mulher idealizada
Amor e outros sentimentos
subordinados aos interesses
sociais.
Amor sublime e puro, acima
de qualquer interesse
Herói problemático, cheio de
fraquezas, manias e incertezas
Herói íntegro
Narrativa lenta, acompanhando o
tempo psicológico
Narrativa de ação e
aventura
Personagens trabalhadas
psicologicamente
Personagens planas
Universalismo Individualismo, culto do eu
8. O estilo naturalista, baseado em teorias
científicas da época (Positivismo, Determinismo,
Darwinismo), irá aprofundar alguns aspectos do
Realismo, focalizando o homem como produto de
leis físicas e sociais. O romance naturalista é
marcado pela análise social a partir de grupos
marginalizados em que o homem se torna produto
do meio. Denunciou a hipocrisia e a degradação
dos seres humanos, a decadência das instituições
e as lutas sociais. O homem nessa perspectiva é
caracterizado como animal cujo destino é
determinado pela hereditariedade e pelo meio em
que vive. Impossibilitado de direcionar sua vida,
fica a mercê das influências sociais que o cercam.
9. Característica da linguagem da prosa naturalista
¨Determinismo do meio e do momento
¨Determinismo do instinto
¨Determinismo da hereditariedade
¨Determinismo patológico
¨Crítica social
¨Exatidão nas descrições
¨Apelo à minúcia
¨Linguagem simples e coloquial
¨Descrição e narrativa lentas
¨Impessoalidade
¨Zoomorfismo
10. Realismo Naturalismo
Origem na França (1857) Origem na França (1867)
Romance documental Romance experimental
Acumula documentos,
fotografa a realidade
Imagina experiência que
remetem a conclusões
Arte desinteressada,
impassibilidade
Arte engajada, de denúncia
Seleciona temas Detém-se nos aspectos mais
degradantes
Reproduz a realidade
exterior, bem como a interior,
análise psicológica
Centra-se nos aspectos
exteriores: atos, gestos,
ambientes
Volta-se para a psicologia do
indivíduo
Prefere a biologia, a
patologia, centra-se no social
11. Retrata as classes
dominantes, a alta burguesia
urbana.
Espelha as camadas
inferiores, o proletariado,
os marginais.
É indireto na interpretação: o
leitor tira as suas conclusões.
É direto na interpretação:
expõe conclusões, cabendo
ao leitor aceitá-las ou
discuti-las.
Grande preocupação com o
estilo.
O estilo é relegado a
segundo plano: no primeiro, a
denúncia.
12. Representantes e Obras
+ Machado de Assis
Memórias póstumas de Brás Cubas
Quincas Borba
Dom Casmurro
Esaú e Jacó
Memorial de Aires
13. +Aluísio Azevedo
O Mulato
Casa de Pensão
O Cortiço
+Raul Pompéia
O Ateneu
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