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Renascimento e Maneirismo: Camões
2014/2015
FICHA TÉCNICA
TÍTULO: Renascimento e Maneirismo: Camões
AUTORIA: Professora Doutora Maria Luísa de Castro Soares
PRODUÇÃO: Dr. Paulo Luís Rodrigues Veloso Gonçalves
DIREÇÃO: Drª. Maria Margarida Melo de Carvalho
DATA: 2014/2015
Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro - UTAD
Renascimento e Maneirismo: Camões
2014/2015
RENASCIMENTO
Serve de mote e ilustração ao tema, o pormenor central do qua-
dro “Escola de Atenas ”, de Rafael, que contém os bastiões filosó-
ficos do Renascimento, recuperados da Antiguidade : Platão e
Aristóteles
Platão (figura da esquerda)representa a filosofia abstrata e teóri-
ca e aponta para o alto, para o mundo das formas ideaisou mate-
máticas eAristóteles, gesticula em direção ao que o rodeia a indi-
car a sua preocupação com o mundo concreto e material, repre-
sentando a filosofia natural e empírica
Renascimento e Maneirismo: Camões
2014/2015
Introdução:
O Humanismo (florescimento das Letras e das Artes em conformidade com os modelos do pensamento da Antiguida-
de Clássica; valorização da ciência experimental e do espírito crítico) surgiu em Itália no século XIV . É o movimento
cultural defensor do Homem em pleno desenvolvimento das suas virtualidades e empenhado na ação, sendo uma das
causas do Renascimento. Porém, não se confunde com este período histórico-literário, o qual se fundamenta em aspe-
tos não apenas culturais, mas ainda políticos, sociais e económicos (Dresden s/d; Martins 1971: 151-233).
Nos séculos XV e XVI, com a descoberta de novos mundos, com a amplificação, aperfeiçoamento e invenções técnicas
e com a vinda de muitos Gregos e Bizantinos fugidos dos Turcos para Itália, não devemos só falar em Humanismo, mas
em Renascimento. O século XV é, na verdade, o período de florescimento do Renascimento italiano (Garin 1966; Garin
1975; Martins 1989) que tem de ser caracterizado pelo surgimento, no plano literário, do classicismo renascentista.
No campo filosófico, há uma nova forma de ver o homem e o mundo, em parte decorrente do Humanismo e que con-
diciona a cosmovisão renascentista (Garin 1982).
Renascimento e Maneirismo
Renascimento e Maneirismo: Camões
2014/2015
Introdução:
Em Portugal, o século XVI apresenta uma fisionomia particular relativamente ao resto da Europa. A grande contribui-
ção portuguesa para o Renascimento foram os Descobrimentos que vieram alargar o conhecimento do mundo e
do homem, ostentando-se a primazia da observação e da experiência sobre o saber livresco. Enquanto na Europa
ocidental prevalecia o culto da Antiguidade, os homens de ciência portugueses afirmavam a superioridade dos
modernos pela certeza do saber experimental. Neste contexto, na écloga polémica “Basto”, o pastor Gil (porta-
voz do ideário de Sá de Miranda), afirma:
“Andei d' aquém para além;
vira terra e lugares,
tudo seus avessos tem;
o que não espermentares
Não cuides que o sabes bem;”
(Miranda 1976: 150).
Renascimento e Maneirismo
Renascimento e Maneirismo: Camões
2014/2015
“O Nascimento de Vénus”- Botticelli
Séc. XV
A mundividência do Renascimento (Soares 2007: 27-29) caracteriza-se genericamente por vetores ideológicos como:
1. O otimismo antropológico ou antropocentrismo: a noção de que o homem é por si capaz de progresso, de vitória sobre as barreiras, de co-
nhecer sempre mais e de dominar o mundo que vai conhecendo. O homem é, além disso, o centro de todas as construções artísticas, literárias e filosófi-
cas, contrariamente à ordo teocêntrica medieval.
2. As tentações antropolátricas e a euforia naturalista: a noção de que o homem, criatura modelar, pode ser feliz à face da terra. De facto, os
renascentistas consideram que o mundo é o local ideal para o homem viver. Em sua opinião, o homem não tem que fugir da ligação sensual com esse
mundo, devendo antes procurar aí a sua glória. O homem vai realizar-se plenamente ao nível da natureza, não precisa de hipotecar a sua felicidade para
um mundo sobrenatural.
3. O hedonismo: Interligado com o otimismo antropológico e a euforia naturalista, o hedonismo vem acrescentar aos anteriores princípios filo-
sóficos de ampla expressão artística, a componente do prazer. O homem - além da busca da alegria e da afirmação dos seus poderes naturais - deve pro-
curar o prazer dos sentidos e do espírito.
4 . O racionalismo é um vetor filosófico dominante. O homem do Renascimento recusa tudo o que possa ser entrave à marcha da razão. Eis a
semente do racionalismo, em que a razão vem retirar à fé o papel de instância decisiva no conhecimento da verdade.
Em suma: A essência do espírito renascentista - que sintetiza o movimento em termos ideológicos - reside na eudemonia, ou procura da
felicidade, com fundamento nas características anteriores, vetores praticamente inexistentes no pensamento medieval (Soares 2007: 27).
RENASCIMENTO
MUNDIVIDÊNCIA
https://www.google.pt/search?q=nascimento+de+v%C3%A9nus+de+botticelli%
Renascimento e Maneirismo: Camões
2014/2015
“O Nascimento de Vénus”- Botticelli
Séc. XV e 1ª metade do séc.XVI
Primavera de Botticelli - Século XV
euforia naturalista
e hedonismo
RENASCIMENTO
MUNDIVIDÊNCIA
https://www.google.pt/search?q=nascimento+de+v%C3%A9nus+de+botticelli%
Renascimento e Maneirismo: Camões
2014/2015
RENASCIMENTO
MUNDIVIÊNCIA
•Está-se a Primavera trasladando
em vossa vista deleitosa e honesta;
nas lindas faces, olhos, boca e testa,
boninas, lírios, rosas debuxando.
De sorte, vosso gesto matizando,
natura quanto pode manifesta
que o monte, o campo, o rio e a floresta
se estão de vós, Senhora, namorando.
Se agora não quereis que quem vos ama
possa colher o fruito destas flores,
perderão toda a graça vossos olhos.
Porque pouco aproveita, linda Dama,
que semeasse Amor em vós amores,
se vossa condição produze abrolhos. (Camões pág. 128)
O homem - além da busca da alegria e da afirmação dos seus poderes naturais - deve procurar o prazer dos sentidos e do espírito. Veja-se co-
mo exemplo o soneto camoniano, intertexto – ideologicamente falando - do subtexto “Alegoria da Primavera”, de Boticelli:
Renascimento e Maneirismo: Camões
2014/2015
36
Os crespos fios d' ouro se esparziam
Pelo colo que a neve escurecia;
Andando, as lácteas tetas lhe tremiam,
Com quem Amor brincava e não se via;
Da alva petrina flamas lhe saíam,
Onde o Minino as almas acendia.
Polas lisas colũnas lhe trepavam
Desejos, que como hera se enrolavam.
37
Cum delgado cendal as partes cobre
De quem vergonha é natural reparo;
Porém nem tudo esconde nem descobre
O véu, dos roxos lírios pouco avaro;
Mas, pera que o desejo acenda e dobre,
Lhe põe diante aquele objecto raro.
Já se sentem no Céu, por toda a parte,
Ciúmes em Vulcano, amor em Marte.
Pansensualidade e erótica hedonista do Renascimento
Retrato de VÉNUS Camões - Lusíadas canto II
Nascimento de Vénus - Sandro Botticelli
Renascimento e Maneirismo: Camões
2014/2015
Mundividência do Renascimento—Classicismo
Pietà - Miguel Ângelo Séc. XVI
A beleza da escultura deriva do classicismo nela
impresso. Tem como tema a mãe com o seu filho
morto nos braços.
Em momentos de angústia, sobressai a serenidade
da composição em forma triangular.
Renascimento e Maneirismo: Camões
2014/2015
Mundividência do Renascimento — Classicismo
David - Miguel Ângelo Séc. XVI
•David foi uma obra que se transformou num sím-
bolo de Florença. Foi esculpida em 1501.
Renascimento e Maneirismo: Camões
2014/2015
Maneirismo - Tendência artística do séc. XVI europeu.
Provém do italiano Maniera, usado como sinónimo de
estilo que tem por base os grandes Mestres do princí-
pio do século (Miguel Ângelo, Rafael e Leonardo). De
início paralela à persistência das fórmulas do Renasci-
mento e, mais tarde, aos primórdios do Barroco.
Miguel Ângelo - Estátua de Moisés –
Pormenor da cabeça.
Renascimento/Maneirismo
Renascimento e Maneirismo: Camões
2014/2015
Maneirismo - Características:
1. desintegração do equilíbrio clássico do Renascimento;
2. ruptura da noção de harmonia entre a natureza e a razão;
3. perda da noção humanista de um mundo antropocêntrico;
4. violação da regra clássica da rigorosa organização em perspectiva;
5. indiferença face ao conceito cúbico de espaço;
6. indiferença em relação à regra do eixo de simetria;
7. Procura de efeitos de surpresa;
8. Gosto do bizarro;
9. Gosto pela ambiguidade e pelo equívoco;
10. Predilecção pelo anti-naturalismo;
11. Valorização neoplatónica de uma beleza ideal;
12. Importância concedida à invenção, à criatividade;
13. Insistência nas alusões obscuras;
14. tendência para a codificação de receitas estéticas e artísticas;
15. tendência para o jogo de contrastes;
Maneirismo – Pintura
Pietà
Renascimento e Maneirismo: Camões
2014/2015
David: o mesmo modelo estético, duas mundividências
Séc. XVI (Renascimento) - Miguel Ângelo Séc. XVII (Maneirismo/Barroco) - Bernini
Pormenor do rosto: Expressividade
Renascimento e Maneirismo: Camões
2014/2015
Temas do Maneirismo
1. O homem e a sua miséria
1.1. desde o ventre materno;
1.2. desde o pecado de Adão;
1.3.pela “baixeza” do barro que o gerou.
Ex: soneto “A miséria do homem desde que nasce”
1ª quadra:
“Abre os olhos ao pranto, antes que ao dia
O mísero mortal; quando amanhece
Logo nas fachas da prisão padece
Do mal para que nasce em companhia”
Último terceto
“Chega enfim da sua vida a noite escura
Tão breve que chorando digo,
Ai! Que há do berço um passo à sepultura”
2. A vida e o mundo: caos, tormenta, labirinto
2.1. a vida comparável a um mar embravecido, onde o homem é um náufrago;
2.2. o tópico do pereat mundus ou “mundo às avessas”
2.3. A imagem do labirinto, espaço de perda e inquietação
Renascimento e Maneirismo: Camões
2014/2015
Temas do Maneirismo
3.O tempo, metamorfose e destruição
3.1. A celeridade do tempo entendido como degradação, trânsito do prazer para o sofrimento.
Ex: A vida é algo que
“passa como sombra (…) a vida é sonho vão”
(Martim de Crasto Rio)
3.2. A alienação temporal, fruto do envelhecimento.
4. O engano e o desengano - Ideia de insignificância ontológica e empírica e do carácter ilusório da vi-
da.
4.1. A ideia do mundo como um teatro
4.2. a ideia do mundo como um tecelão que urde as teias dos enganos até que chegue o desengano a cortar
esse fio
4.3. A imagem da areia movediça, instável, para ilustrar o carácter enganoso do mundo (Ex. Frei Agostinho da
Cruz)
5. A melancolia e angústia - entendimento da vida como um desterro, um “Vale de lágrimas”
http://www.youtube.com/watch?v=XpJ3OvqgVBg
Renascimento e Maneirismo: Camões
2014/2015
Pintura e escultura maneiristas
O Enterro do Conde de Orgaz- El Greco
Senhor dos Passos
El Greco
http://www.youtube.com/watch?
v=XeZftq8XQW0&feature=relmfu
Senhor dos Passos
https://www.google.pt/search?
q=senhor+dos+passos
Renascimento e Maneirismo: Camões
2014/2015
Maneirismo em Camões
1. O homem e a sua miséria
Ex: “Quando vim da materna sepultura” (Canção X)
1.2 - A miséria do homem, desde o barro que o gerou (Concepção bíblica)
Ex: O Homem “bicho da terra vil” (Os Lusíadas)
2. Vida e mundo, caos, tormento, labirinto
Ex, Soneto: Cá nesta Babilónia, donde mana
Matéria a quanto mal o mundo cria;
Cá donde o puro Amor não tem valia,
Que a Mãe, que manda mais, tudo profana;
Cá onde o mal se afina e o bem se dana,
E pode mais que a honra a tirania;
Cá onde a errada e cega Monarquia
Cuida que um nome vão a desengana;
Cá neste labirinto, onde a nobreza,
Com esforço e saber pedindo vão
Às portas da cobiça e da vileza;
Cá neste escuro caos de confusão,
Cumprindo o curso estou da natureza.
Vê se me esquecerei de ti, Sião!
1.1 - A Miséria humana desde o ventre materno
Renascimento e Maneirismo: Camões
2014/2015
Maneirismo em Camões
3. O engano e o desengano
Ex, Soneto:
Que poderei do mundo já querer,
Que naquilo em que pus tamanho amor,
Não vi senão desgosto e desamor,
E morte, enfim, que mais não pode ser?
Pois vida me não farta de viver,
Pois já sei que não mata grande dor,
Se cousa há que mágoa dê maior,
Eu a verei, que tudo posso ver.
A morte a meu pesar me assegurou
De quanto mal me vinha; já perdi
O que perder o medo me ensinou.
Na vida desamor somente vi;
Na morte, a grande dor que me ficou:
Parece que para isto só nasci.
Renascimento e Maneirismo: Camões
2014/2015
Maneirismo em Camões
4. tópico do Pereat mundus - (O mundo às avessas) e solução para o desconcerto na fé:
Ex, Soneto:
Verdade, Amor, Razão, Merecimento
Qualquer alma farão segura e forte,
Porém Fortuna, Caso, Tempo e Sorte
Têm do confuso mundo o regimento.
Efeitos mil revolve o pensamento,
E não sabe a que causa se reporte,
Mas sabe que o que é mais que vida e morte,
Que não o alcança o humano entendimento.
Doutos varões darão razões subidas,
Mas são experiências mais provadas
E por isso é melhor ter muito visto.
Cousas há i que passam sem ser cridas
E cousas cridas há, sem ser passadas;
Mas o melhor de tudo é crer em Cristo
Renascimento e Maneirismo: Camões
2014/2015
Maneirismo em Camões
5. O tempo: Metamorfose e destruição - Perspetiva agónica da mudança :
Ex, Soneto:
Correm turvas as águas deste rio,
Que as do céu e as do monte as enturbaram;
Os campos florescidos se secaram,
Intratável se fez o vale, e frio;
Passou o Verão, passou o ardente Estio,
Umas cousas por outras se trocaram;
Os fementidos Fados já deixaram
Do mundo o regimento ou desvario.
Tem o tempo sua ordem já sabida,
O mundo, não; mas anda tão confuso,
Que parece que dele Deus se esquece.
Casos, opiniões, natura e uso
Fazem que nos pareça desta vida
Que não há nela mais que o que parece.
EX, Soneto:
O tempo acaba o ano, o mês e a hora,
A força, a arte, a manha, a fortaleza;
O tempo acaba a fama e a riqueza,
O tempo o mesmo tempo de si chora;
O tempo busca e acaba o onde mora
Qualquer ingratidão, qualquer dureza,
Mas não pode acabar minha tristeza,
Enquanto não quiserdes vós, Senhora.
O tempo o claro dia torna escuro
E o mais ledo prazer em choro triste;
O tempo, a tempestade em grão bonança;
Mas de abrandar o tempo estou seguro
O peito de diamante, onde consiste
A pena e o prazer desta esperança.
Renascimento e Maneirismo: Camões
2014/2015
Maneirismo em Camões
Em suma: O homem - Criatura miserável
Desconcerto ontológico
Ex, Soneto:
O dia em que eu nasci, moura e pereça,
Não o queira jamais o tempo dar,
Não torne mais ao mundo e, se tornar,
Eclipse nesse passo o sol padeça.
A luz lhe falte, o sol se lhe escureça,
Mostre o mundo sinais de se acabar,
Nasçam-lhe monstros, sangue chova o ar,
A mãe ao próprio filho não conheça.
As pessoas, pasmadas de ignorantes,
As lágrimas no rosto, a cor perdida,
Cuidem que o mundo já se destruiu.
Ó gente temerosa, não te espantes,
Que este dia deitou ao mundo a vida
Mais desgraçada que jamais se viu!
Renascimento e Maneirismo: Camões
2014/2015
Referências Bibliográficas:
Belchior, Maria de Lourdes (1995): Os Homens e os Livros – Séculos XVI e XVII. In Guerra, João Augusto da Fonseca Guerra & Vieira, José Augusto da Silva (1995) Aula Viva – Portu-
guês Porto: Porto Editora: 255.
Bernardes, José A. Cardoso (1999): História Crítica da Literatura Portuguesa, Vol. II. Humanismo e Renascimento. Lisboa/São Paulo: Editorial Verbo.
Burke, Peter 3
(1987): The Italian Renaissance culture and society in Italy, Cambridge. University Press
Camões, Luís de (1973): Rimas. (Texto estabelecido e prefaciado por Álvaro Júlio da Costa Pimpão). Coimbra: Atlântida (Reeditado em 1994, com nota de apresentação de Aníbal
Pinto de Castro).
Camões, Luís de (2006): Os Lusíadas. (Com leitura, prefácio e notas de Costa Pimpão e apresentação de Aníbal Pinto de Castro). Lisboa: Ed. Instituto.
Cruz, Frei Agostinho da (1918): Obras (Prefácio e notas de Mendes dos Remédios), Coimbra: França Amado
Curtius, E. R. (1981): Literatura Europea y Edad Media Latina, 2 vols, México: I.
Dresden, Sem (s.d.): O Humanismo no Renascimento. Porto: Inova.
Garin, Eugenio (1966): Storia della filosofia italiana. Vol. II. Torino: Einaudi.
Garin, Eugenio (1975): L’Umanesimo italino. 6ª edição. Bari: Laterza.
Garin, Eugenio (1982): O Renascimento. História de uma revolução cultural. Porto: Telos.
Garin, Eugenio (1989): Idade Média e Renascimento. Lisboa: Editorial Estampa.
Huizinga, Johan (s/d): O declínio da Idade Média. (trad. fr. de J. Bastin, Paris, 1948). Lisboa: Ulisseia.
Koyré, Alexandre (s/d) : Do mundo fechado ao universo infinito. Lisboa: Gradiva.
Lourenço, Eduardo (1994): In Camões 1525-1580. Le temps de Camões par Vasco Graça Moura; Camões et le temps par Eduardo Lourenço, Bordeaux: L’Escampette.
Martins, José Vitorino de Pina (1971): Cultura Italiana. Lisboa: Editorial Verbo.
Martins, José Vitorino de Pina (1989): Humanisme et Renaissance de l’Italie au Portugal. Les deux regards de Janus. Paris/Lisbonne : Centre Culturel Portugais.
Miranda, Sá de (1976): Obras Completas de Sá de Miranda (Prefácio e notas de Rodrigues Lapa. Lisboa Ed. Sá da Costa
Maneirismo In: http://www.youtube.com/watch?v=XpJ3OvqgVBg
Senhor dos Passos In: https://www.google.pt/search?q=senhor+dos+passos
El Greco In: http://www.youtube.com/watch?v=XeZftq8XQW0&feature=relmfu

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Renascimento e maneirismo em camões

  • 1. Renascimento e Maneirismo: Camões 2014/2015 FICHA TÉCNICA TÍTULO: Renascimento e Maneirismo: Camões AUTORIA: Professora Doutora Maria Luísa de Castro Soares PRODUÇÃO: Dr. Paulo Luís Rodrigues Veloso Gonçalves DIREÇÃO: Drª. Maria Margarida Melo de Carvalho DATA: 2014/2015 Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro - UTAD
  • 2. Renascimento e Maneirismo: Camões 2014/2015 RENASCIMENTO Serve de mote e ilustração ao tema, o pormenor central do qua- dro “Escola de Atenas ”, de Rafael, que contém os bastiões filosó- ficos do Renascimento, recuperados da Antiguidade : Platão e Aristóteles Platão (figura da esquerda)representa a filosofia abstrata e teóri- ca e aponta para o alto, para o mundo das formas ideaisou mate- máticas eAristóteles, gesticula em direção ao que o rodeia a indi- car a sua preocupação com o mundo concreto e material, repre- sentando a filosofia natural e empírica
  • 3. Renascimento e Maneirismo: Camões 2014/2015 Introdução: O Humanismo (florescimento das Letras e das Artes em conformidade com os modelos do pensamento da Antiguida- de Clássica; valorização da ciência experimental e do espírito crítico) surgiu em Itália no século XIV . É o movimento cultural defensor do Homem em pleno desenvolvimento das suas virtualidades e empenhado na ação, sendo uma das causas do Renascimento. Porém, não se confunde com este período histórico-literário, o qual se fundamenta em aspe- tos não apenas culturais, mas ainda políticos, sociais e económicos (Dresden s/d; Martins 1971: 151-233). Nos séculos XV e XVI, com a descoberta de novos mundos, com a amplificação, aperfeiçoamento e invenções técnicas e com a vinda de muitos Gregos e Bizantinos fugidos dos Turcos para Itália, não devemos só falar em Humanismo, mas em Renascimento. O século XV é, na verdade, o período de florescimento do Renascimento italiano (Garin 1966; Garin 1975; Martins 1989) que tem de ser caracterizado pelo surgimento, no plano literário, do classicismo renascentista. No campo filosófico, há uma nova forma de ver o homem e o mundo, em parte decorrente do Humanismo e que con- diciona a cosmovisão renascentista (Garin 1982). Renascimento e Maneirismo
  • 4. Renascimento e Maneirismo: Camões 2014/2015 Introdução: Em Portugal, o século XVI apresenta uma fisionomia particular relativamente ao resto da Europa. A grande contribui- ção portuguesa para o Renascimento foram os Descobrimentos que vieram alargar o conhecimento do mundo e do homem, ostentando-se a primazia da observação e da experiência sobre o saber livresco. Enquanto na Europa ocidental prevalecia o culto da Antiguidade, os homens de ciência portugueses afirmavam a superioridade dos modernos pela certeza do saber experimental. Neste contexto, na écloga polémica “Basto”, o pastor Gil (porta- voz do ideário de Sá de Miranda), afirma: “Andei d' aquém para além; vira terra e lugares, tudo seus avessos tem; o que não espermentares Não cuides que o sabes bem;” (Miranda 1976: 150). Renascimento e Maneirismo
  • 5. Renascimento e Maneirismo: Camões 2014/2015 “O Nascimento de Vénus”- Botticelli Séc. XV A mundividência do Renascimento (Soares 2007: 27-29) caracteriza-se genericamente por vetores ideológicos como: 1. O otimismo antropológico ou antropocentrismo: a noção de que o homem é por si capaz de progresso, de vitória sobre as barreiras, de co- nhecer sempre mais e de dominar o mundo que vai conhecendo. O homem é, além disso, o centro de todas as construções artísticas, literárias e filosófi- cas, contrariamente à ordo teocêntrica medieval. 2. As tentações antropolátricas e a euforia naturalista: a noção de que o homem, criatura modelar, pode ser feliz à face da terra. De facto, os renascentistas consideram que o mundo é o local ideal para o homem viver. Em sua opinião, o homem não tem que fugir da ligação sensual com esse mundo, devendo antes procurar aí a sua glória. O homem vai realizar-se plenamente ao nível da natureza, não precisa de hipotecar a sua felicidade para um mundo sobrenatural. 3. O hedonismo: Interligado com o otimismo antropológico e a euforia naturalista, o hedonismo vem acrescentar aos anteriores princípios filo- sóficos de ampla expressão artística, a componente do prazer. O homem - além da busca da alegria e da afirmação dos seus poderes naturais - deve pro- curar o prazer dos sentidos e do espírito. 4 . O racionalismo é um vetor filosófico dominante. O homem do Renascimento recusa tudo o que possa ser entrave à marcha da razão. Eis a semente do racionalismo, em que a razão vem retirar à fé o papel de instância decisiva no conhecimento da verdade. Em suma: A essência do espírito renascentista - que sintetiza o movimento em termos ideológicos - reside na eudemonia, ou procura da felicidade, com fundamento nas características anteriores, vetores praticamente inexistentes no pensamento medieval (Soares 2007: 27). RENASCIMENTO MUNDIVIDÊNCIA https://www.google.pt/search?q=nascimento+de+v%C3%A9nus+de+botticelli%
  • 6. Renascimento e Maneirismo: Camões 2014/2015 “O Nascimento de Vénus”- Botticelli Séc. XV e 1ª metade do séc.XVI Primavera de Botticelli - Século XV euforia naturalista e hedonismo RENASCIMENTO MUNDIVIDÊNCIA https://www.google.pt/search?q=nascimento+de+v%C3%A9nus+de+botticelli%
  • 7. Renascimento e Maneirismo: Camões 2014/2015 RENASCIMENTO MUNDIVIÊNCIA •Está-se a Primavera trasladando em vossa vista deleitosa e honesta; nas lindas faces, olhos, boca e testa, boninas, lírios, rosas debuxando. De sorte, vosso gesto matizando, natura quanto pode manifesta que o monte, o campo, o rio e a floresta se estão de vós, Senhora, namorando. Se agora não quereis que quem vos ama possa colher o fruito destas flores, perderão toda a graça vossos olhos. Porque pouco aproveita, linda Dama, que semeasse Amor em vós amores, se vossa condição produze abrolhos. (Camões pág. 128) O homem - além da busca da alegria e da afirmação dos seus poderes naturais - deve procurar o prazer dos sentidos e do espírito. Veja-se co- mo exemplo o soneto camoniano, intertexto – ideologicamente falando - do subtexto “Alegoria da Primavera”, de Boticelli:
  • 8. Renascimento e Maneirismo: Camões 2014/2015 36 Os crespos fios d' ouro se esparziam Pelo colo que a neve escurecia; Andando, as lácteas tetas lhe tremiam, Com quem Amor brincava e não se via; Da alva petrina flamas lhe saíam, Onde o Minino as almas acendia. Polas lisas colũnas lhe trepavam Desejos, que como hera se enrolavam. 37 Cum delgado cendal as partes cobre De quem vergonha é natural reparo; Porém nem tudo esconde nem descobre O véu, dos roxos lírios pouco avaro; Mas, pera que o desejo acenda e dobre, Lhe põe diante aquele objecto raro. Já se sentem no Céu, por toda a parte, Ciúmes em Vulcano, amor em Marte. Pansensualidade e erótica hedonista do Renascimento Retrato de VÉNUS Camões - Lusíadas canto II Nascimento de Vénus - Sandro Botticelli
  • 9. Renascimento e Maneirismo: Camões 2014/2015 Mundividência do Renascimento—Classicismo Pietà - Miguel Ângelo Séc. XVI A beleza da escultura deriva do classicismo nela impresso. Tem como tema a mãe com o seu filho morto nos braços. Em momentos de angústia, sobressai a serenidade da composição em forma triangular.
  • 10. Renascimento e Maneirismo: Camões 2014/2015 Mundividência do Renascimento — Classicismo David - Miguel Ângelo Séc. XVI •David foi uma obra que se transformou num sím- bolo de Florença. Foi esculpida em 1501.
  • 11. Renascimento e Maneirismo: Camões 2014/2015 Maneirismo - Tendência artística do séc. XVI europeu. Provém do italiano Maniera, usado como sinónimo de estilo que tem por base os grandes Mestres do princí- pio do século (Miguel Ângelo, Rafael e Leonardo). De início paralela à persistência das fórmulas do Renasci- mento e, mais tarde, aos primórdios do Barroco. Miguel Ângelo - Estátua de Moisés – Pormenor da cabeça. Renascimento/Maneirismo
  • 12. Renascimento e Maneirismo: Camões 2014/2015 Maneirismo - Características: 1. desintegração do equilíbrio clássico do Renascimento; 2. ruptura da noção de harmonia entre a natureza e a razão; 3. perda da noção humanista de um mundo antropocêntrico; 4. violação da regra clássica da rigorosa organização em perspectiva; 5. indiferença face ao conceito cúbico de espaço; 6. indiferença em relação à regra do eixo de simetria; 7. Procura de efeitos de surpresa; 8. Gosto do bizarro; 9. Gosto pela ambiguidade e pelo equívoco; 10. Predilecção pelo anti-naturalismo; 11. Valorização neoplatónica de uma beleza ideal; 12. Importância concedida à invenção, à criatividade; 13. Insistência nas alusões obscuras; 14. tendência para a codificação de receitas estéticas e artísticas; 15. tendência para o jogo de contrastes; Maneirismo – Pintura Pietà
  • 13. Renascimento e Maneirismo: Camões 2014/2015 David: o mesmo modelo estético, duas mundividências Séc. XVI (Renascimento) - Miguel Ângelo Séc. XVII (Maneirismo/Barroco) - Bernini Pormenor do rosto: Expressividade
  • 14. Renascimento e Maneirismo: Camões 2014/2015 Temas do Maneirismo 1. O homem e a sua miséria 1.1. desde o ventre materno; 1.2. desde o pecado de Adão; 1.3.pela “baixeza” do barro que o gerou. Ex: soneto “A miséria do homem desde que nasce” 1ª quadra: “Abre os olhos ao pranto, antes que ao dia O mísero mortal; quando amanhece Logo nas fachas da prisão padece Do mal para que nasce em companhia” Último terceto “Chega enfim da sua vida a noite escura Tão breve que chorando digo, Ai! Que há do berço um passo à sepultura” 2. A vida e o mundo: caos, tormenta, labirinto 2.1. a vida comparável a um mar embravecido, onde o homem é um náufrago; 2.2. o tópico do pereat mundus ou “mundo às avessas” 2.3. A imagem do labirinto, espaço de perda e inquietação
  • 15. Renascimento e Maneirismo: Camões 2014/2015 Temas do Maneirismo 3.O tempo, metamorfose e destruição 3.1. A celeridade do tempo entendido como degradação, trânsito do prazer para o sofrimento. Ex: A vida é algo que “passa como sombra (…) a vida é sonho vão” (Martim de Crasto Rio) 3.2. A alienação temporal, fruto do envelhecimento. 4. O engano e o desengano - Ideia de insignificância ontológica e empírica e do carácter ilusório da vi- da. 4.1. A ideia do mundo como um teatro 4.2. a ideia do mundo como um tecelão que urde as teias dos enganos até que chegue o desengano a cortar esse fio 4.3. A imagem da areia movediça, instável, para ilustrar o carácter enganoso do mundo (Ex. Frei Agostinho da Cruz) 5. A melancolia e angústia - entendimento da vida como um desterro, um “Vale de lágrimas” http://www.youtube.com/watch?v=XpJ3OvqgVBg
  • 16. Renascimento e Maneirismo: Camões 2014/2015 Pintura e escultura maneiristas O Enterro do Conde de Orgaz- El Greco Senhor dos Passos El Greco http://www.youtube.com/watch? v=XeZftq8XQW0&feature=relmfu Senhor dos Passos https://www.google.pt/search? q=senhor+dos+passos
  • 17. Renascimento e Maneirismo: Camões 2014/2015 Maneirismo em Camões 1. O homem e a sua miséria Ex: “Quando vim da materna sepultura” (Canção X) 1.2 - A miséria do homem, desde o barro que o gerou (Concepção bíblica) Ex: O Homem “bicho da terra vil” (Os Lusíadas) 2. Vida e mundo, caos, tormento, labirinto Ex, Soneto: Cá nesta Babilónia, donde mana Matéria a quanto mal o mundo cria; Cá donde o puro Amor não tem valia, Que a Mãe, que manda mais, tudo profana; Cá onde o mal se afina e o bem se dana, E pode mais que a honra a tirania; Cá onde a errada e cega Monarquia Cuida que um nome vão a desengana; Cá neste labirinto, onde a nobreza, Com esforço e saber pedindo vão Às portas da cobiça e da vileza; Cá neste escuro caos de confusão, Cumprindo o curso estou da natureza. Vê se me esquecerei de ti, Sião! 1.1 - A Miséria humana desde o ventre materno
  • 18. Renascimento e Maneirismo: Camões 2014/2015 Maneirismo em Camões 3. O engano e o desengano Ex, Soneto: Que poderei do mundo já querer, Que naquilo em que pus tamanho amor, Não vi senão desgosto e desamor, E morte, enfim, que mais não pode ser? Pois vida me não farta de viver, Pois já sei que não mata grande dor, Se cousa há que mágoa dê maior, Eu a verei, que tudo posso ver. A morte a meu pesar me assegurou De quanto mal me vinha; já perdi O que perder o medo me ensinou. Na vida desamor somente vi; Na morte, a grande dor que me ficou: Parece que para isto só nasci.
  • 19. Renascimento e Maneirismo: Camões 2014/2015 Maneirismo em Camões 4. tópico do Pereat mundus - (O mundo às avessas) e solução para o desconcerto na fé: Ex, Soneto: Verdade, Amor, Razão, Merecimento Qualquer alma farão segura e forte, Porém Fortuna, Caso, Tempo e Sorte Têm do confuso mundo o regimento. Efeitos mil revolve o pensamento, E não sabe a que causa se reporte, Mas sabe que o que é mais que vida e morte, Que não o alcança o humano entendimento. Doutos varões darão razões subidas, Mas são experiências mais provadas E por isso é melhor ter muito visto. Cousas há i que passam sem ser cridas E cousas cridas há, sem ser passadas; Mas o melhor de tudo é crer em Cristo
  • 20. Renascimento e Maneirismo: Camões 2014/2015 Maneirismo em Camões 5. O tempo: Metamorfose e destruição - Perspetiva agónica da mudança : Ex, Soneto: Correm turvas as águas deste rio, Que as do céu e as do monte as enturbaram; Os campos florescidos se secaram, Intratável se fez o vale, e frio; Passou o Verão, passou o ardente Estio, Umas cousas por outras se trocaram; Os fementidos Fados já deixaram Do mundo o regimento ou desvario. Tem o tempo sua ordem já sabida, O mundo, não; mas anda tão confuso, Que parece que dele Deus se esquece. Casos, opiniões, natura e uso Fazem que nos pareça desta vida Que não há nela mais que o que parece. EX, Soneto: O tempo acaba o ano, o mês e a hora, A força, a arte, a manha, a fortaleza; O tempo acaba a fama e a riqueza, O tempo o mesmo tempo de si chora; O tempo busca e acaba o onde mora Qualquer ingratidão, qualquer dureza, Mas não pode acabar minha tristeza, Enquanto não quiserdes vós, Senhora. O tempo o claro dia torna escuro E o mais ledo prazer em choro triste; O tempo, a tempestade em grão bonança; Mas de abrandar o tempo estou seguro O peito de diamante, onde consiste A pena e o prazer desta esperança.
  • 21. Renascimento e Maneirismo: Camões 2014/2015 Maneirismo em Camões Em suma: O homem - Criatura miserável Desconcerto ontológico Ex, Soneto: O dia em que eu nasci, moura e pereça, Não o queira jamais o tempo dar, Não torne mais ao mundo e, se tornar, Eclipse nesse passo o sol padeça. A luz lhe falte, o sol se lhe escureça, Mostre o mundo sinais de se acabar, Nasçam-lhe monstros, sangue chova o ar, A mãe ao próprio filho não conheça. As pessoas, pasmadas de ignorantes, As lágrimas no rosto, a cor perdida, Cuidem que o mundo já se destruiu. Ó gente temerosa, não te espantes, Que este dia deitou ao mundo a vida Mais desgraçada que jamais se viu!
  • 22. Renascimento e Maneirismo: Camões 2014/2015 Referências Bibliográficas: Belchior, Maria de Lourdes (1995): Os Homens e os Livros – Séculos XVI e XVII. In Guerra, João Augusto da Fonseca Guerra & Vieira, José Augusto da Silva (1995) Aula Viva – Portu- guês Porto: Porto Editora: 255. Bernardes, José A. Cardoso (1999): História Crítica da Literatura Portuguesa, Vol. II. Humanismo e Renascimento. Lisboa/São Paulo: Editorial Verbo. Burke, Peter 3 (1987): The Italian Renaissance culture and society in Italy, Cambridge. University Press Camões, Luís de (1973): Rimas. (Texto estabelecido e prefaciado por Álvaro Júlio da Costa Pimpão). Coimbra: Atlântida (Reeditado em 1994, com nota de apresentação de Aníbal Pinto de Castro). Camões, Luís de (2006): Os Lusíadas. (Com leitura, prefácio e notas de Costa Pimpão e apresentação de Aníbal Pinto de Castro). Lisboa: Ed. Instituto. Cruz, Frei Agostinho da (1918): Obras (Prefácio e notas de Mendes dos Remédios), Coimbra: França Amado Curtius, E. R. (1981): Literatura Europea y Edad Media Latina, 2 vols, México: I. Dresden, Sem (s.d.): O Humanismo no Renascimento. Porto: Inova. Garin, Eugenio (1966): Storia della filosofia italiana. Vol. II. Torino: Einaudi. Garin, Eugenio (1975): L’Umanesimo italino. 6ª edição. Bari: Laterza. Garin, Eugenio (1982): O Renascimento. História de uma revolução cultural. Porto: Telos. Garin, Eugenio (1989): Idade Média e Renascimento. Lisboa: Editorial Estampa. Huizinga, Johan (s/d): O declínio da Idade Média. (trad. fr. de J. Bastin, Paris, 1948). Lisboa: Ulisseia. Koyré, Alexandre (s/d) : Do mundo fechado ao universo infinito. Lisboa: Gradiva. Lourenço, Eduardo (1994): In Camões 1525-1580. Le temps de Camões par Vasco Graça Moura; Camões et le temps par Eduardo Lourenço, Bordeaux: L’Escampette. Martins, José Vitorino de Pina (1971): Cultura Italiana. Lisboa: Editorial Verbo. Martins, José Vitorino de Pina (1989): Humanisme et Renaissance de l’Italie au Portugal. Les deux regards de Janus. Paris/Lisbonne : Centre Culturel Portugais. Miranda, Sá de (1976): Obras Completas de Sá de Miranda (Prefácio e notas de Rodrigues Lapa. Lisboa Ed. Sá da Costa Maneirismo In: http://www.youtube.com/watch?v=XpJ3OvqgVBg Senhor dos Passos In: https://www.google.pt/search?q=senhor+dos+passos El Greco In: http://www.youtube.com/watch?v=XeZftq8XQW0&feature=relmfu