No Diário de Coimbra de hoje, 21 de Outubro de 2014, Manuel Machado,Presidente da Câmara Municipal de Coimbra, faz balanço do primeiro ano de mandato.
Visite o portal da Câmara Municipal de Coimbra
http://cm-coimbra.pt/
Câmara Municipal de Coimbra no Facebook
https://www.facebook.com/municipiodecoimbra
Câmara Municipal de Coimbra no YOUTUBE
https://www.youtube.com/channel/UCPFR_M9mVthLlVQbxcAIrig
Câmara Municipal de Coimbra no Twitter
https://twitter.com/camaradecoimbra
Câmara Municipal de Coimbra no olhares.sapo.pt
http://olhares.sapo.pt/camaradecoimbra/
Câmara Municipal de Coimbra no FLICKR
https://www.flickr.com/photos/126008239@N05/
Grande Entrevista do Presidente da Câmara Municipal de Coimbra
1. Tiragem: 9311
País: Portugal
Period.: Diária
Âmbito: Regional
Pág: 5
Cores: Cor
Área: 25,26 x 30,34 cm²
ID: 56254458 21-10-2014 Corte: 1 de 4
Balanço Faz hoje um ano que Manuel Machado tomou posse como presidente da Câmara de Coimbra.
O autarca critica ferozmente os ataques do Estado Central à soberania do Poder Local e diz que só agora,
um ano depois, pode delegar mais competências porque encontrou uma câmara muito desorganizada
João Luís Campos
Diário de Coimbra Um ano depois,
Coimbra está melhor? Em que as-pectos?
Manuel Machado Coimbra está me-lhor.
Um ano depois, graças ao traba-lho
da Câmara e de outras entidades,
Coimbra acredita mais em si própria.
Há aspectos da vida quotidiana que
procurámos resolver, houve um cami-nho
que se fez levando Coimbra a
acreditar nos seus valores. Eu assumi
um projecto de valorizar Coimbra,
com as características que tem, com a
sua identidade, com as pessoas que
aqui vivem, aproveitando o potencial
de cada um.
Por exemplo?
A presença nos sítios onde é preciso
intervir, seja nos grandes ou micro
problemas ou apenas para compor as
pedras da calçada na antiga rua da
Cruz. Seja nestes detalhes ou nas inter-venções
estratégicas como foi a cria-ção
de equipas especializadas no
apoio aos investidores e atracção de
empresas. Temos vindo a procurar re-direccionar
quer dinheiro público
quer as energias que a Câmara tem de
despender para o desenvolvimento e
valorização da cidade. Queremos con-tinuar
o legado que nos foi transmi-tido,
aperfeiçoando-o e motivando as
pessoas a partilhar e melhorar a cidade
com o orgulho de ser conimbricense. A
circulação automóvel melhorou al-guma
coisa, a imagem externa é mais
evidente e o número de turistas mostra
que há um crescimento significativo.
Há mais pessoas a participar nos even-tos
culturais, como a passagem de
anos. Os indicadores de segurança
também são positivos.
A reorganização dos serviços que
promoveu ajudaram a tornar a au-tarquia
mais eficaz? É uma queixa
recorrente, dos munícipes, o tempo
de espera de resposta da Câmara.
A máquina vai sendo tornada mais efi-caz
ao longo do tempo. A Câmara de
Coimbra tem pessoas de excelente
qualidade profissional e humana e
num sítio ou outro há questões para
resolver, mas não vamos confundir a
árvore com a floresta. A Câmara Mu-nicipal
tem uma liderança. É uma câ-mara
e não várias câmaras, não há a
câmara lenta e a acelerada. Os serviços
municipais estão hoje melhores apesar
das restrições criadas. Existe a nível do
poder central um ataque feroz à auto-nomia
municipal. Estamos dependen-tes
de uma lei centralista, que entrou
em vigor em Setembro de 2013 e que é
uma intrusão na autonomia do poder
local ao limitar de modo absurdo a ca-pacidade
de agilização dos serviços, de
preparação da máquina municipal
para responder às necessidades dos ci-dadãos.
Foram leis mal preparadas,
aprovadas à pressa e com aspectos in-competentes.
Geram conflitos de com-petências,
sobreposição de funções e
têm encarecido a administração pú-blica
municipal. Mesmo assim, conse-guimos
aperfeiçoar o que havia e se
esta questão for resolvida vamos con-tinuar
mas sem despedimentos. Aliás,
sou dos que defende o aumento dos
postos de trabalho tal como o pedimos
à empresas. Mas não para meter apa-niguados
mas sim pessoas competen-tes
para fazer o que é preciso fazer.
Fala em câmara única, há quem diga
que centraliza muito as decisões e
delega pouco, atrasando as deci-sões…
As coisas não têm demorado mais
tempo. A minha forma de trabalho é
esta. Desde sempre as pessoas sabem
como venho e o que venho fazer. É
para trabalhar. Com motivação de
prosseguir um fim público pela comu-nidade
que represento. Encontrei uma
máquina administrativa com desor-ganização,
poderes difusos, poderes
desresponsabilizantes. Não sou cen-tralista,
mas entendo que todos os têm
funções atribuídas têm de ter condi-ções
para as exercerem em pleno.
Quando tomei posse usei uma palavra
nova quando disse que o vereador ve-reia
e director dirige, para haver uma
definição clara do grau de coordena-ção
política e uma direcção técnica
que é diferente. Para evitar casos como
os Jardins do Mondego.
Pode explicar melhor o que pre-tende
dizer com a desorganização?
Constatei que havia um conjunto de
poderes difusos, descoordenados, em
competição negativa entre si, funções
repetidas. E meter isto no caminho
leva tempo porque as pessoas afei-çoam-
se a isso e gera desresponsabi-lização
dos serviços em prejuízo dos
serviços. Neste momento estamos a
analisar as grandes opções e o orça-mento
para 2015, dependentes da pro-posta
de Orçamento de Estado que é
altamente inibidora. Depois dessa
questão estabilizada haverá uma ac-tualização
da delegação de competên-cias.
Não sou centralista mas só posso
delegar aquilo que tenho consciência
que se pode fazer. O objectivo é cum-prir
um serviço público e não um
outro qualquer.
E o que pretende com essa actuali-zação?
Pretendo ter mais tempo para desem-penhar
as missões de que estou encar-regado.
Vai delegar mais?
Sim. Um ano depois é tempo de o fazer,
mas como lhe digo a Câmara estava
com um funcionamento polinucleado
com responsabilidades múltiplas.
Como por exemplo?
Um ano depois estamos ainda para li-quidar
a Empresa Municipal de Turismo,
com dúvidas, dívidas, in ves tigações e es-tudos.
Eu não sou de meter certas coi-sas
na Praça Pública a não ser que
insistam muito comigo. Tenho de con-centrar
energias noutras coisas e não
para lavar roupa suja. Exerço esta fun-ção
num sentido agregador e por isso
não compreendo, por exemplo, que
quem foi responsável pelas contas da
Empresa de Turismo se tenha abstido
na votação das mesmas.
É verdade que desapareceram al-gumas
actas?
Não sei se desapareceram, mas ainda
não apareceram todas. Estarão arqui-vadas
num sítio onde não faço ideia. |
Manuel Machado promete
delegar mais competências
Foram leis mal preparadas,
aprovadas à pressa e com
aspectos incompetentes.
Que têm encarecido
a administração pública
municipal
Não sou centralista mas só
posso delegar aquilo que
tenho consciência que se
pode fazer.
O objectivo é cumprir
um serviço público
Manuel Machado diz
que, um ano depois,
“Coimbra acredita
mais em si”
2. Tiragem: 9311
País: Portugal
Period.: Diária
Âmbito: Regional
Pág: 6
Cores: Cor
Área: 25,39 x 30,80 cm²
ID: 56254458 21-10-2014 Corte: 2 de 4
Sociedade de Reabilitação
e o Coimbra iParque “têm
Diário de Coimbra Um dos-sier
pouco falado neste ano
foi o da Sociedade de Reabi-litação
Urbana (SRU) …
Manuel Machado situação da
SRU é uma desgraça. Trata-se
de uma empresa criada pelo
Estado Central, que é o maior
accionista (com 51%), onde
está também a Câmara (49%).
Agora não tem dinheiro para
pagar salários, o Governo não
quer lá injectar dinheiro pelo
que a empresa está bloqueada
e só fez estudos e no terreno
nada, só património a cair. É
preciso mesmo passar da fase
do papel.
De quem é a culpa por esta
“desgraça”?
Do Estado Central, à partida, e
também por não ter havido uma
acção mais determinada do Mu-nicípio
a exigir que os accionistas
cumprissem o seu dever.
Admite ficar com a parte de
capital do Estado?
A missão atribuída à SRU é im-portante
e o Governo é que,
como accionista maioritário,
terá de decidir. Não caio nessa
armadilha que os centralistas
fazem. Dizem que estão com
umas “dificuldadezitas” e a Câ-mara
toma conta. Isso é um
logro. O Estado é o responsável
directo e por isso temos a Baixa
neste estado de degradação
por incúria do Governo que
não quis atender às necessida-des
apontadas pelos estudos
que a SRU encomendou.
Qual é o ponto de situação
do processo?
Não tenho postura radical e
pedi que o accionista maioritá-rio
dissesse o que entendia e
responderam “assim assim”.
De forma leal eu disse que a
SRU tem no seu objecto social
uma missão importante e que,
se não querem prosseguir, en-tregam
e a Câmara toma conta
dos 100%, com o activo e o
passivo. Como foram incom-petentes
entregam tudo. Na úl-tima
versão em cima da
mesma aceitam entregar a
SRU mas pagando a Câmara a
parte que eles não praticaram.
Isso é um mau negócio e não
estamos de acordo. O que o
Estado não fez não pode ser a
Câmara a pagar. Queremos
tomar conta e alargar-lhe o
âmbito só que entretanto
existe um fundo que foi criado
mas é preciso conhecê-lo me-lhor.
Não quero levantar ques-tões
mas ainda não percebi
esse fundo fechado, tenho que
o estudar melhor.
São muitas entidades em
que a Câmara participa?
Há participações sociais que
têm de ser equacionadas.
Umas são justificadas e razoá-veis
mas outras nem por isso.
São muitas e espero ter essa
lista na conta de gerência. É um
“emporio” muito amplo e há
participações em que devemos
dizer aos nossos compartes
que termina a viagem.
Como por exemplo?
Por respeito para com os com-partes
prefiro não dizer. Mas há
situações que já não se justifi-cam.
Dou-lhe um exemplo
centrado em mim noutro
tempo. A Câmara interveio na
Lusitânia Gás como accionista,
teve perto de 30% e hoje deve
ter 0,0003 % que não fazem
sentido. Vende-se e termina
viagem.
Gestã0 do Choupal ? “Migalhas não”
Diário de Coimbra A mobili-dade
é um tema importante
numa cidade com esta di-mensão
e na qual tem ac-tuado,
mas sem Metro
Mondego é difícil desatar
este nó.
Manuel Machado É mais um.
O Metro também tem de sair
do papel. Já passou tempo su-ficiente.
Está tudo no papel,
confio que esteja tudo certo,
mas o metro foi concebido
para transportar pessoas.
Como havia a possibilidade de
conflitualidade negativa entre
o Metro e os SMTUC assumi a
disponibilidade de fusão na
mesma empresa e incluir os
autocarros, os tróleis e espero
o eléctrico na Sociedade Metro
Mondego. Não podemos é atu-rar
mais os esventramentos no
centro da cidade e agora anda-rem
entretidos se é mais assim
ou assado.
A um ano das eleições não
acha que este processo vai
continuar na gaveta?
Espero que não até porque
parto do princípio que as pes-soas
que estavam sentadas à
volta da mesa são honradas e
por isso o metro será realizado.
Mas tem de ser imediato, não
se pode aturar mais esta des-graça
do esventramento da
Baixa. Não é só a degradação
humana é também a ocupação
dos espaços por marginais. Isto
é inaceitável e está a prejudicar
gravemente a cidade e o Patri-mónio
Mundial. O nosso hos-pital
tem uma excelente
capacidade técnica mas depois
o estacionamento na zona en-volvente
é uma desgraça. Não
pode continuar.
E até lá que fará nesta área?
Vamos por exemplo avançar
com a ciclovia. Considerando o
projecto intermunicipal [que
liga Coimbra à Figueira da Foz]
que pega nos limites do conce-lho
e vamos levá-lo até à Lapa,
passando pela Ponte Açude e
pelo Choupal.
E a Estação Velha?
O que a Refer se comprometeu
a fazer não é a intervenção
ideal mas faça-se. A parte da ju-risdição
da Câmara está em
curso e por isso vão ter dificul-dade
em não fazer. Estamos a
meter à porta o interface rodo-ferroviário
e vai ser posto a
funcionar. A mobilidade não se
resolve com corredores BUS
com 30 metros, passa pela ra-cionalidade
e não a copiar pela
internet soluções de outros sí-tios
do mundo. Não criemos
soluções de ficção. A racionali-dade
dos transportes passa por
passeios com condições para
as pessoas, pela ciclovia, pela
articulação dos diversos dispo-sitivos
de transportes, pela
construção da ligação especial
pelo Botânico para a Alta,
passa por usar bens do patri-mónio
cultural reutilizando os
eléctricos e passa ainda por re-pensar-
se a ecovia, que foi ex-tinta
com prejuízo grave
porque os parques periféricos
construídos não foram utiliza-dos
e as excelentes viaturas
compradas foram para vários
destinos, espero que todos le-gítimos
e bem encaminhados,
mas não as vejo na frota.
Tem dúvidas?
Claro que tenho. Não sou in-vestigador,
tenho pouco tempo
mas tenho dúvidas porque sei
quantas viaturas novas foram
compradas e hoje olho para a
frota.
Que mais medidas tem pen-sadas
na mobilidade?
Na auto-industrial, no Arnado,
naturalmente fica ali bem uma
rotunda e vamos fazê-la. É
uma solução interessante. O
interface junto ao apeadeiro
velho está em curso, o parque
de estacionamento no Chou-pal
foi iniciado na minha outra
encarnação, não se conseguiu
acabar, e vamos intervir nisso,
tal como na ligação da rua do
Padrão à rua Padre Estevão
Cabral, Não são obras espan-panantes
mas são funcionais.
A ligação da avenida central
permite depois pensar no que
fazer à rua da Sofia. Há ainda
a ligação da rua de Aveiro à
rua Dias Ferreira passando
pela Cerca de S. Bernardo. É
preciso também intervir na
Cruz de Celas. E ainda na pas-sagem
inferior à Ponte rainha
Santa Isabel que implica tra-balho
na margem Esquerda,
Há muitas intervenções que
não sendo de milhões são prá-ticas.
|
Diário de Coimbra Quando
um político – quer no Poder
Central quer no Local – ini-cia
funções há uma tendên-cia
para parar processos em
curso e refazê-los apenas
para mais tarde os chamar
seus.
Manuel Machado Antes que
continue deixe-me dizer que
eu já estive em várias posições
e do mesmo modo que me
senti desconfortável quando
cessei funções e procuraram
reescrever a história, mante-nho
agora o mesmo entendi-mento.
Não concordo e acho
impróprio. A construção da ci-dade
é um trabalho de suces-sivas
gerações, aperfeiçoando
e acrescentando ao trabalho
dos que me antecederam.
Há dois casos que estavam
quase concluídos que pare-cem
agora travados. Um
deles é o desassoreamento.
Não houve da minha parte
nenhuma ordem de interrup-ção
de processos em curso. É
uma obra da responsabilidade
do Governo, neste caso da
“Não se pode aturar
mais esta desgraça
do esventramento
da Baixa de Coimbra”
Autarca não poupa críticas ao Poder Central que condiciona a actividade autárquica
Presidente não quer o Estado Central a fugir às responsabilidades
3. Tiragem: 9311
País: Portugal
Period.: Diária
Âmbito: Regional
Pág: 7
Cores: Cor
Área: 26,20 x 31,17 cm²
ID: 56254458 21-10-2014 Corte: 3 de 4
Urbana
de sair do papel”
Diário de Coimbra Foi um
ano com alguns problemas,
uns mais mediáticos que ou-tros.
Está convicto que
tomou a decisão certa no
processo do Centro de Con-gressos
no Convento de S.
Francisco?
Manuel Machado Tomei a de-cisão
correcta. Era a única exe-quível.
A empreitada do Centro
de Congressos para o Con-vento
de S. Francisco é de
grande importância, uma mais
valia de grande importância
para Coimbra, mas por vicissi-tudes
várias no dia seguinte à
minha tomada de posse a em-presa
decidiu meter uma acção
e interromper os trabalhos.
Tentámos durante três meses
resolver, até porque há um fi-nanciamento
do POVT que
tem de ser cumprido. No fim
desse tempo e face à situação
ilegal em que a empresa se co-locou
e observando que na
parte nova havia questões gra-ves
do ponto de vista técnico, a
mais conhecida é a da água,
que não foram devidamente
resolvidas, e sem que a em-presa
respondesse, não havia
outro caminho se não tomar
posse administrativa e abrir
um processo novo.
E quando conta abrir o Cen-tro
de Congressos?
Tem de ser até final do pró-ximo
ano. Vai haver dificulda-des,
cabelos brancos para
várias pessoas, presidente e
outros. A história será depois
explicada. Agora o meu inte-resse
é concluir a obra, racio-nalizando
custos e introdu zindo
as alterações necessárias. Sem
marginalidades ou outras mo-tivações
que não sejam fazer
do Convento um espaço de
congressos, convenções e de
promoção das artes.
É a sua grande preocupação
para 2015.
É preocupante pelos proble-mas
intrínsecos. Financeiros,
arquitectónicos, do ponto de
vista dos compromissos com
entidades externas. Temos de
ter aquela estrutura a servir a
cidade, tal como o Metro. A
programação do Convento
tem de começar a ser traba-lhada
um ano e meio antes...
Quem vai gerir o espaço?
A Câmara Municipal, com uma
equipa de missão. Arrancará
assim e depois logo veremos
se concessionamos algumas
partes. Mas no arranque será a
Câmara Municipal. Mas antes
disso vamos reinaugurar a
Torre de Anto, daqui a dias.
Outra situação negativa
prendeu-se com os casos de
corrupção e desvio de di-nheiro
nos SMTUC que me-receram
dois despachos de
acusação por parte do Minis-tério
Público.
Esses incidentes não ocorre-ram
no meu mandato mas ob-viamente
que não sou desa tento
a esse tipo de comportamentos.
São situações inaceitáveis e foi
reforçado o controlo. Os
SMTUC são uma entidade mu-nicipal
que tem uma função
social relevante, assegura a
mobilidade das pessoas, me-lhora
a qualidade de vida das
pessoas. Quem ali trabalhar
tem de perceber que quem
prevaricar é punido.|
Diário de Coimbra Como
têm sido as relações com os
restantes autarcas? A divi-são
na Assembleia Distrital
foi apenas uma excepção ?
Manuel Machado Na res-posta
tenho de ter presente que
sou presidente da ANMP.
Já agora, essa sua função
não lhe tira muito tempo en-quanto
presidente de Câ-mara?
Obriga-me a mais trabalho. As-sumi
essa missão por ser pre-sidente
da Câmara de Coimbra.
Às vezes ouço observações
que faço falta. Compreendo
mas estou consciente que dis-pendo
mais energia e trabalho,
mas sou novo para o fazer e
faço-o. E tenho-o feito com
uma dedicação total.Coimbra
tem beneficiado com isso e os
meus pares também por eu ser
presidente da Câmara de
Coimbra.
Fechado o parêntesis, re-gressemos
à Assembleia
Distrital.
Trata-se de uma entidade que
está em extinção e o seu patri-mónio
foi sendo espartilhado
ao longo do tempo, entregue a
várias autarquias. O princípio
que defendi e que mantenho é
que os bens patrimoniais, ma-teriais
e imateriais, devem re-verter
para os municípios onde
estão sedeados e avancei com
a disponibilidade de assumir
encargos e responsabilidades
assumidas. É que a assembleia
é a detentora do alvará do Ins-tituto
Miguel Torga mas nem
todos perceberam a importân-cia
disso e preferiram outro ca-minho
que lamentavelmente
não deu em nada e corre-se
um sério risco.
De quê?
A lei determina que se não for
decidido num prazo o Estado
toma conta de tudo. Mas uma
parte significativa dos meus
pares entendeu o contrário e
respeito.
Foi mesmo uma excepção?
Sim. Tenho um óptimo relacio-namento
com os presidentes
de Câmara das cidades da re-gião,
bem como todos os ou-tros.
Falamos sobre acções
estratégicas e tem-se conse-guido
dinamizar interesses e
motivações comuns.
Já que falamos de empresas
participadas neste caso fale-mos
de uma em que a Câ-mara
é maioritária. O
Coimbra iParque.
Essa é uma questão muito
mais complexa. O objectivo do
Iparque é importante. Tem
condições para acolher indús-trias
inovadoras, que poten-ciam
a capacidade científica e
realizadora dos nossos for-mandos
nas Universidades,
Politécnicos e sociedade em
geral. A ideia é boa. É uma so-ciedade
em que pelo tempo
que levou o capital social fosse
sucessivamente reajustado às
necessidades e até aí tudo bem.
Mas entrou em vigor uma
nova lei que determina um
bloqueio às empresas munici-pais.
Há problemas em tribu-nal,
tem uma utilização muito
escassa, há entidades que não
pagam renda. Há aspectos a
aperfeiçoar. Neste caso o iPar-que
tem de sair do papel e do
pinhal. Admito com grande se-riedade
a hipótese de interna-lização
[passagem para dentro
serviços da Câmara] do IPar-que.
Parece-me que vai ser a
única solução.
Outra participada, noutro
âmbito, é a Associação
RUAS, criada no âmbito da
candidatura a Património da
Humanidade. Quando pas-sou
um ano da classificação
foi dito pela directora regio-nal
da Cultura que a articula-ção
entre as três entidades
não era a melhor.
Ponto preliminar. É uma asso-ciação,
com a Câmara, a Uni-versidade
e o Governo, criada
para responder às regras da
classificação. É uma entidade
de contacto, uma associação
agregadora entre a Câmara, a
Universidade e a área da Cul-tura.
É um ponto de conver-gência
de propostas que
depois disseminam para casa
uma das entidades participan-tes.
Tem uma função impor-tante
e temos vindo a
par ticipar activamente nos
seus órgãos sociais. A classifi-cação
é uma vantagem impor-tante
mas é uma vantagem
que não tem efeitos imediatos.
Há coisas importantes, como a
acção no antigo Colégio da
Trindade ou nos Colégios da
Sofia que são fruto desta par-ceria.
Um ano depois falava-se que
nem placas havia a assinalar
a zona.
Estão encomendadas. A classi-ficação
de património mundial
mostra que aquele bem é pa-trimónio
de todos, de Coimbra,
Portugal e do mundo. Passa a
ser mais generalizado em ter-mos
de proprietário. A Câmara
é uma das partes. A questão da
sinalética é uma questão de di-nheiro
e não havendo outra
solução a Câmara Municipal
desencadeou o processo para
meter a sinalização na auto-es-trada
e nas estradas das ime-diações.
Alguns já estão postos
outros estão em produção. |
“Não havia outro
caminho se não tomar
posse administrativa
da obra do Convento”
A relação
com os
autarcas
Machado assume que convento será grande preocupação em 2015
Agência Portuguesa do Am-biente
(APA), e não posso dei-xar
de ficar surpreendido
quando a APA diz que precisa
de mais estudos e mais hono-rário.
Terá havido um proto-colo
em que a Câmara as sumiu
responsabilidades além das
suas atribuições próprias. O
dossier tem de ser analisado e
tem de ser o Governo a pagar.
E é uma intervenção impor-tante
e urgente, mas há imen-sos
protocolos e muitos de
eficácia duvidosa. Por exem-plo,
celebraram um com a CP
sobre as travessias, A CP/
Refer expropria terrenos e
constrói as passagens desni-veladas
e manda as facturas
para a câmara. Em Souselas, o
núcleo urbano foi destruído.
Um esbanjamento de dinheiro
público e as pessoas não
sabem que aquilo é facturado
à Câmara de Coimbra. Não
podem continuar a fazer isso.
A construção de travessias é
uma responsabilidade do Es-tado
Central. Foi um proto-colo
para fazer “very-lights”
antes das eleições.
E no Choupal, estava tudo
acordado para se ficar pelo
menos com a gestão da
parte desportiva…
O Choupal é património na-cional
e o Estado tem a obri-gação
de o proteger, preservar
Há participações
sociais que têm de
ser equacionadas.
Umas são justifica-das
e razoáveis mas
outras nem por isso
e melhorar. Mas as infraestru-turas
estão totalmente aban-donadas.
A mata tem 16 a 19
sub-contratos com entidades
que lá operam. O secretário de
Estado do Desporto terá uma
jurisdição numa parte. O Go-verno
que resolva a questão
dos 16 ou 19 utilizadores, que
organize a casa e depois disso
falamos com quem o governo
entenda e nós tomamos conta
e gerimos. Migalhas não. O
que conheço da vida pública e
autárquica diz-me que quan -
do se alinha nisso das migalhi-tas
em geral o erário pú bli co
municipal é defraudado e al-guém
fica liberto das obriga-ções
que tem. |
FOTOS: FIGUEIREDO
4. Tiragem: 9311
País: Portugal
Period.: Diária
Âmbito: Regional
Pág: 1
Cores: Cor
Área: 19,66 x 10,12 cm²
ID: 56254458 21-10-2014 Corte: 4 de 4
FIGUEIREDO
lMetro,l
lrecuperaçãol
lda Baixa el
lCoimbra iParquel
l“têm de sairl
ldo papel”
Em entrevista, Manuel Machado faz um balanço deste primeiro ano de mandato na autarquia. Diz que encontrou
uma Câmara desorganizada pelo que só agora pode delegar mais competências, o que vai fazer Página 5 a 7