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PERCEPÇÃO DE FISIOTERAPEUTAS, MÉDICOS E
       PACIENTES SOBRE EQUIPAMENTOS DE
    MOVIMENTAÇÃO PASSIVA CONTÍNUA - CPM
                                      ALINE MARIAN CALLEGARO
                                            alinemc@producao.ufrgs.br
               UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL - UFRGS

                                              CARLA S. TEN CATEN
                                            tencaten@producao.ufrgs.br
               UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL - UFRGS

                                         CARLOS FERNANDO JUNG
                                         carlosfernandojung@gmail.com
               UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL - UFRGS

                                       JOSÉ LUIS DUARTE RIBEIRO
                                             ribeiro@producao.ufrgs.br
               UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL - UFRGS

Resumo: ESTE ARTIGO APRESENTA OS RESULTADOS DE UMA PESQUISA
        EXPLORATÓRIO-DESCRITIVA, COM ABORDAGEM QUALITATIVA, QUE
        TEVE POR FINALIDADE IDENTIFICAR AS NECESSIDADES E ANALISAR A
        PERCEPÇÃO DOS FISIOTERAPEUTAS, MÉDICOS E PACIENTES EM
        RELAÇÃO AOS ASPECCTOS FUNCIONAIS E OPERACIONAIS DE
        EQUIPAMENTOS DE MOVIMENTAÇÃO PASSIVA CONTÍNUA - CPM
        UTILIZADOS NA REABILITAÇÃO DO JOELHO. OS RESULTADOS
        POSSIBILITARAM CONHECER IMPORTANTES DEMANDAS SOBRE O
        DESEMPENHO      FUNCIONAL,    EFETIVIDADE,    DURABILIDADE,
        MANUTENÇÃO,       CUSTO,       CONDIÇÕES       ESTRUTURAIS,
        OPERACIONALIDADE E OPORTUNIDADES DE MELHORIAS QUE PODEM
        CONTRIBUIR PARA O DESENVOLVIMENTO DE NOVOS PRODUTOS
        DESTA CLASSE.

Palavras-chaves: MOVIMENTAÇÃO PASSIVA CONTÍNUA, CPM, DESENVOLVIMENTO
                 DE PRODUTO
XVIII SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
                                                  Sustentabilidade Na Cadeia De Suprimentos
                                               Bauru, SP, Brasil, 7 a 9 de novembro de 2011



             PHYSICAL THERAPISTS, DOCTORS AND
                   PATIENTS PERCEPTION ABOUT
                   CONTINUOUS PASSIVE MOTION
                              EQUIPMENT - CPM
Abstract: THIS ARTICLE PRESENTS THE RESULTS OF AN EXPLORATORY-
          DESCRIPTIVE RESEARCH WITH A QUALITATIVE APPROACH, WHICH
          AIMED TO IDENTIFY THE NEEDS AND ANALYZE THE PERCEPTIONS OF
          PHYSIOTHERAPISTS,   DOCTORS    AND   PATIENTS   REGARDING
          FUNCTIONAL AND OPERATIONNAL ASPECTS OF KNEE CONTINUOUS
          PASSIVE MOTION - CPM - EQUIPMENT. THE RESULTS ALLOWED TO
          IDENTIFY IMPORTANT DEMANDS ON FUNCTIONAL PERFORMANCE,
          EFFECTIVENESS, DURABILITY, MAINTENANCE, COST, STRUCTURAL
          CONDITIONS, OPERATION AND IMPROVEMENT OPPORTUNITIES THAT
          CAN CONTRIBUTE FOR THE DEVELOPMENT OF NEW PRODUCTS OF
          THIS CLASS.

Keyword: CONTINUOUS PASSIVE MOTION, CPM, PRODUCT DEVELOPMENT




                                                                                         2
XVIII SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
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                                                                Bauru, SP, Brasil, 7 a 9 de novembro de 2011


1 Introdução
       Kleinschimidt et al. (2007) afirmam que, para obter sucesso empresarial no atual
ambiente de negócios, é necessário desenvolver produtos e serviços inovadores que possam
gerar vantagem competitiva. Isto requer, segundo Maguire (2001), identificar novas
necessidades de clientes, em especial, problemas funcionais, estruturais e operacionais de
produtos existentes no mercado que possam estar afetando a usabilidade.
       Na área da saúde, os produtos para uso profissional são freqüentemente utilizados por
um grupo heterogêneo de usuários. Maguire (2001) afirma que os profissionais desta área
atuam em diversos setores e utilizam os mais variados tipos de equipamentos para diagnóstico
e tratamento de patologias de pacientes. Além disso, em muitos casos, os responsáveis pela
escolha e aquisição destes equipamentos não são os mesmos que trabalham diretamente com
os equipamentos. Corroborando, Martin et al. (2011) afirmam que é imprescindível conhecer
a opinião de diferentes usuários, no início e ao longo do processo de desenvolvimento de
produtos para obter-se inovações.
       Rozenfeld et al. (2006) sugerem que a identificação das necessidades dos clientes
podem se transformar em requisitos funcionais de um novo produto. Estes autores afirmam
que podem ser utilizados instrumentos como: questionários estruturados, entrevistas,
checklist, diagramas de afinidade e diagrama de Mudge para a determinação destes requisitos.
Para Silva (2004), estes instrumentos de pesquisa podem auxiliar no processo de descoberta
de problemas existentes em produtos e contribuir para o desenvolvimento de novos produtos
com mais qualidade, segurança e confiabilidade.
       As necessidades de clientes são importantes para o desenvolvimento de novos
produtos na área da saúde. A identificação das necessidades realizada no início do processo de
desenvolvimento pode garantir que novos recursos possam ser incorporados em protótipos
com maior facilidade e menor custo (MARTIN et al., 2006).
       Shine (2004) afirma que as novas tecnologias estão revolucionando a prestação de
serviços na área da saúde desde a última metade do século XX. Para o desenvolvimento de
novos dispositivos e equipamentos, tem sido necessária a atuação dos profissionais das
ciências da saúde em equipes multidisciplinares que devem contar com a participação de
pacientes.
        Cooper et al. (2008) afirmam que as novas tecnologias utilizadas pelo fisioterapeuta
nos tratamentos de reabilitação qualificam a terapia recebida pelo indivíduo e melhoram o
engajamento do paciente com o tratamento. A tecnologia informatizada, por exemplo, assiste
o paciente na realização de movimentos que requerem auxílio do fisioterapeuta e permite a
mensuração precisa de características de movimentos articulares. Também proporciona
resistência ao movimento, fornece feedback de força ou assiste o cliente de forma
individualizada.
        Exemplos destas tecnologias que podem auxiliar no tratamento dos pacientes são: (i)
equipamentos de Movimentação Passiva Contínua - CPM (Continuous Passive Motion)
destinados a realizar movimentos passivos contínuos de articulações do corpo humano
(MAZZER, 2001; MAVROIDS et al., 2005); (ii) aparelhos de estimulação elétrica
(FERNANDES et al., 2005); (iii) termoterapia; (iv) neuroestimulação elétrica transcutânea, e
(v) estimulação elétrica de alta voltagem (LUZ e LIMA, 2011).
       Equipamentos para CPM podem ser utilizados para a reabilitação da articulação do
joelho (LENSSEN et al., 2008), conforme ilustrado na Figura 1. O uso deste equipamento
destina-se a auxiliar no tratamento do paciente na fase inicial de reabilitação, fazendo o


                                                                                                          3
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                                                                     Bauru, SP, Brasil, 7 a 9 de novembro de 2011


movimento articular para o paciente de forma contínua, tendo por finalidades: (i) obter um
ganho de amplitude de movimento (ADM), (ii) reduzir o edema, (iii) reduzir as aderências e
cicatrização (HEBERT et al., 2003), (iv) controlar a dor, e (v) reduzir a incidência de
trombose venosa profunda e manipulações do joelho (SALMELA et al., 2003).




       FIGURA 1 – Equipamento de CPM para o joelho. Fonte: http://www.sportstek.net/qcpmo.html
     Ao longo do tempo, diversas tecnologias destinadas a otimizar equipamentos para
CPM foram desenvolvidas e propostas.
       Mavroids et al. (2005) desenvolveram um dispositivo para a reabilitação do joelho
com variadas possibilidades de exercícios e estimulação elétrica. O sistema pode ser utilizado
como coadjuvante para as fases iniciais da reabilitação pós-operatória, que engloba a
movimentação passiva e ativa-assistida. Auxilia a marcha e recuperação da mobilidade
adequada, quando adicionado um interruptor de pé, colocado debaixo da sola do sapato do
paciente.
       Sperb (2006) desenvolveu no Brasil um dispositivo programável de movimento
passivo contínuo com tecnologia de máquinas de comando numérico. Ele possui
programação flexível, que possibilita inúmeras programações pelo cliente.
        Para Bühler (1996), a análise das necessidades dos clientes deste tipo de tecnologia
assistida é um dos fatores mais importantes para a efetiva evolução do desenvolvimento do
produto. O envolvimento do cliente em cada etapa do processo de desenvolvimento é
significativo, especialmente de clientes de longo prazo. Esta fase requer maior preocupação
da equipe que desenvolve estes produtos e metodologias apropriadas para sua realização.
        Este artigo apresenta os resultados de uma pesquisa exploratório-descritiva, com
abordagem qualitativa, que teve por finalidade identificar as necessidades e analisar a
percepção dos fisioterapeutas, médicos e pacientes em relação aos aspectos funcionais e
operacionais de equipamentos de CPM para a reabilitação do joelho, como contribuição para
o desenvolvimento de novos produtos. A estrutura do artigo está organizada da seguinte
forma: a seção 2 apresenta o método utilizado para a realização do trabalho, a seção 3
descreve o estudo aplicado, análise e interpretação dos dados, a seção 4 apresenta uma síntese
das informações e a seção 5 traz as conclusões do estudo.
2 Método
        Os resultados apresentados neste artigo foram obtidos a partir de uma pesquisa
exploratório-descritiva, com abordagem qualitativa. Este tipo de pesquisa caracteriza-se pelo
desenvolvimento de um nível de compreensão que torna possível a identificação, ordenação,
classificação e análise das diferentes formas em que são descritos os fenômenos em um
contexto local e real (YIN, 2001 e JUNG, 2004).


                                                                                                               4
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                                                                   Bauru, SP, Brasil, 7 a 9 de novembro de 2011


        Para a coleta dos dados, foi elaborado um questionário semi-estruturado composto por
perguntas abertas. Este instrumento foi aplicado em forma de entrevista em seis indivíduos
com a seguinte estratificação: (i) dois fisioterapeutas, (ii) dois médicos, e (iii) dois pacientes.
Todos os indivíduos pesquisados atuam e residem na cidade de Porto Alegre, RS. A opção
pela escolha de profissionais e pacientes foi feita devido a serem conhecidas as necessidades
dos diferentes usuários que utilizam o equipamento para CPM em processos terapêuticos na
reabilitação do joelho (MARTIN et al., 2006; MARTIN et al., 2011).
       Os fisioterapeutas são os profissionais responsáveis pela reabilitação física dos
pacientes; os médicos cirurgiões prescrevem a fisioterapia e estão interessados na reabilitação
pós-operatória, os pacientes são os clientes submetidos ao método de CPM, ou seja, que ficam
em contato direto com o equipamento, permitindo que este faça os movimentos dos seus
membros.
        O principal critério de escolha dos profissionais da saúde entrevistados foi o
conhecimento anterior sobre a utilização do equipamento de CPM para o joelho. Todos os
profissionais integrantes da pesquisa conhecem e utilizam o produto em processos
terapêuticos.
       Os pacientes entrevistados também foram escolhidos por terem sido submetidos a
processos terapêuticos que utilizaram equipamento para CPM. Um dos pacientes necessitou o
uso deste tipo de equipamento para recuperação após procedimento cirúrgico para
reconstrução do ligamento cruzado anterior e ligamento colateral do joelho. O segundo
paciente entrevistado foi submetido a terapia por CPM, na fase inicial do pós-operatório,
devido a um procedimento cirúrgico realizado no tendão quadricipital.
       Todos os participantes formalizaram seu aceite de participação na pesquisa através da
assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE.
        Para a realização das entrevistas foram elaborados dois Roteiros de Pesquisa
(ROZENFELD et al., 2006), um para os fisioterapeutas e médicos e outro para os pacientes.
Esta medida foi adotada visando a identificação das necessidades nos dois contextos, ou seja,
aquelas específicas aos profissionais e aquelas específicas aos pacientes. Além disso, buscou-
se adequar a linguagem ao público-alvo: linguagem técnica nos Roteiros elaborados para os
profissionais e uma linguagem mais simples aos pacientes.
        A estrutura do roteiro de pesquisa compreende: (i) Dados de identificação –nome, data
da entrevista e e-mail e, informações pertinentes a inclusão do sujeito no estudo, tempo de
utilização do equipamento de CPM para o joelho, conhecimento de outros equipamentos de
CPM, onde e quando; (ii) Parte 1 – inclui três questões principais que compreendem os
aspectos sobre desempenho funcional, durabilidade e custo do produto; (iii) Parte 2 –
questões mais pontuais, diferenciadas no Roteiro aplicado aos profissionais da saúde daquelas
dos pacientes. A Parte 2 foi elaborada tendo por objetivo pontuar alguns aspectos que possam
contribuir para futuros desenvolvimentos de equipamento de CPM.
        A Parte 2 do roteiro de pesquisa dos profissionais da saúde apresenta sete questões
sobre: (i) praticidade, tempo de preparo e execução do procedimento do equipamento de CPM
para joelho que o entrevistado utiliza; (ii) efetividade do equipamento de CPM no tratamento
do joelho, como é realizada a avaliação da efetividade dos tratamentos, se é sistemática
baseada na utilização de um método; (iii) confiabilidade do equipamento de CPM para joelho;
(iv) realização de procedimentos de manutenção no equipamento de CPM desde o início da
utilização e número de vezes; (v) diferenciais que poderiam ser agregados aos equipamentos
de CPM para joelho com a finalidade de melhorar a efetividade dos tratamentos; (vi) recursos
que poderiam ser disponibilizados nos equipamentos de CPM com a fim de facilitar a

                                                                                                             5
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                                                                    Bauru, SP, Brasil, 7 a 9 de novembro de 2011


operação; e (vii) viabilidade de desenvolvimento de um equipamento com as funções de CPM
para joelho, cotovelo e antebraço.
        As entrevistas foram registradas por gravação de áudio. As gravações foram transcritas
e analisadas com base nos princípios metodológicos propostos por Bardin (1977).
        Os textos foram classificados em Unidades de Contexto. Estas Unidades foram
delimitadas e agrupadas em categorias correspondentes às características do equipamento de
CPM para o joelho em quadros de análise. A categorização foi realizada a partir das
características: (i) desempenho funcional, (ii) efetividade, (iii) durabilidade e manutenção, (iv)
custo, (v) estrutura, (vi) operação, e (vii) oportunidades de melhorias. Após cada categoria foi
descrita e realizadas inferências e interpretações.
        Na sequência, as necessidades identificadas no estudo são apresentadas em um Quadro
Síntese. Por fim, são propostas características e requisitos para um novo modelo de CPM para
o joelho a partir dos resultados obtidos por ordem de importância das necessidades
identificadas.
3 Estudo aplicado
3.1 Caracterização do perfil dos entrevistados
       Foram realizadas seis entrevistas individuais com fisioterapeutas, médicos e pacientes,
todos eles usuários de equipamentos de CPM para o joelho. O perfil de cada entrevistado é
apresentado no Quadro 1.
                          Tempo de utilização do      Utilizou outro(s)
     Entrevistados        equipamento de CPM         equipamento(s) de             Área de atuação
                               para joelho         CPM? Quando e onde
                                                   PUC/RS e Clínica onde            Reabilitação,
    Fisioterapeuta 1              7 anos
                                                           trabalha            especialmente do joelho
                                                    Sim, na França –Lyon,           Reabilitação,
    Fisioterapeuta 2              10 anos
                                                     Kinetec por um ano        especialmente do joelho
                                                    Desde a década de 90:
       Médico 1                   21 anos            Alemanha, Bélgica,            Cirurgia do joelho
                                                     Catar- Golfo Árabe.
                                                   Sim, em Lyon na França        Cirurgia de ombro e
       Médico 2                   12 anos
                                                         por um ano                     joelho
                                                                                Cirurgia do ligamento
       Paciente 1               2 a 3 meses                 Não                   cruzado anterior e
                                                                                 colateral do joelho
                                                                                 Cirurgia do tendão
       Paciente 2                 30 dias                   Não
                                                                                     quadricipital
QUADRO 1 – Perfis dos entrevistados.
       O primeiro fisioterapeuta entrevistado possui sete anos de experiência na utilização do
equipamento de CPM para o joelho na reabilitação pós-operatória dos pacientes. Experiência
esta adquirida no hospital da Instituição de Ensino Superior onde trabalha e atua como
docente, assim como na clínica na qual possui o produto. A segunda fisioterapeuta
entrevistada utiliza o equipamento na sua clínica há dez anos e no hospital onde trabalha,
também operou o equipamento em Lyon na França por um ano, em 2003.
       O primeiro médico entrevistado atua na área desportiva, é médico de um time de
futebol da cidade de Porto Alegre e possui experiência na utilização do equipamento de CPM
há 21 anos. Utilizou outros equipamentos na Alemanha, Bélgica e Catar, na década de 90. O
segundo médico, especialista em ombro e joelho trabalha com o presente equipamento há 12


                                                                                                              6
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                                                                 Bauru, SP, Brasil, 7 a 9 de novembro de 2011


anos, pois possuem na clínica de reabilitação do centro de tratamento ortopédico e conheceu
outro equipamento em Lyon na França, em 2001-2002.
        Os pacientes utilizaram o equipamento por um tempo inferior, apenas na fase inicial
da reabilitação cirúrgica a que foram submetidos. O primeiro possui experiência de dois a três
meses e, o segundo, de trinta dias. Nenhum utilizou outro equipamento de CPM. O primeiro
paciente estava em fase de reabilitação pós-operatória da reconstrução do ligamento cruzado
anterior e colateral do joelho. O segundo paciente entrevistado, em fase de reabilitação pós-
operatória da reconstrução do tendão quadricipital.
        Após a fase inicial de identificação e caracterização dos entrevistados foi realizada a
Parte 1 da entrevista, única a todos os participantes. Durante esta fase, os entrevistados
falaram abertamente sobre as três perguntas referentes ao desempenho funcional, durabilidade
e custo do equipamento de CPM para o joelho.
        As respostas foram breves, sendo que a questão sobre desempenho funcional foi
respondida por todos e a com respostas mais longas. A questão referente à durabilidade foi
abordada pelos fisioterapeutas e por um dos médicos. O médico 1 e os dois pacientes
declararam que não possuem experiência sobre a manutenção. Já a pergunta referente a custo,
foi abordada pelos profissionais da saúde, os pacientes não souberam responder. De forma
geral, os entrevistados não abordaram pontos específicos, sendo necessário realizar todas as
questões da Parte 2 da entrevista para investigar as necessidades pontuais.
3.2 Análise e interpretação dos dados
        As entrevistas foram gravadas em áudio e depois de transcritas, as unidades do texto
foram delimitadas e as informações repetidas pelo mesmo entrevistado, foram cortadas. A
Análise de Conteúdo (BARDIN, 2011) permitiu identificar as características do equipamento
de CPM para o joelho a partir de oito categorias, a saber: (i) desempenho funcional, (ii)
efetividade, (iii) durabilidade e manutenção, (iv) custo, (v) estrutura, (vi) operacionalidade,
(vii) confiabilidade, e (viii) oportunidades de melhorias (BONSIEPE, 1978).
       Na Categoria 1, em relação às características de desempenho funcional, ver Quadro 2,
todos os entrevistados consideraram que o equipamento com o qual têm contato é muito bom.
Porém existe um questionamento por um dos fisioterapeutas participante da pesquisa que
corresponde ao posicionamento angular, pois parece existir diferença entre o posicionamento
angular real da articulação do joelho e o demonstrado no visor do equipamento.
        Quando comparado o desempenho funcional do equipamento atual utilizado pelos
profissionais e os modelos anteriores: os fisioterapeutas o consideram igual, o médico 1
considera o atual mais rudimentar com desempenho inferior e o médico 2 considera o atual
semelhante ao outro modelo que já operou.
        Na segunda categoria foram agrupadas as características relacionadas à efetividade do
equipamento de CPM na reabilitação do joelho, ver Quadro 3, satisfatória na perspectiva de
todos os entrevistados. Eles afirmaram que a efetividade é avaliada por goniometria, que
mensura a ADM e por perimetria, para medição da circunferência que está relacionada ao
edema. Métodos utilizados também nos estudos de Naylor et al. (2011) e Chavoutier et al.
(2000).




                                                                                                           7
XVIII SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
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                                                                         Bauru, SP, Brasil, 7 a 9 de novembro de 2011


   Entrevistado                             Categoria 1 – Desempenho funcional
                  i) Muito bom no geral.
                  ii) Limitado em relação à ADM, pois existem questionamentos em relação à amplitude
 Fisioterapeuta 1
                  real do posicionamento angular do joelho do paciente e a ADM demonstrada no visor, o
                  que pode interferir na reabilitação e desempenho.
                  i) Funciona muito bem, atende todos os objetivos que precisa com os pacientes.
 Fisioterapeuta 2
                  ii)Possuem alguns protocolos que utilizam para traçar o objetivo de tratamento.
                  i) Muito bom em cirurgias infeccionadas que é preciso fazer limpeza articular,
                  normalmente o paciente não consegue movimentar e nem permite queo fisioterapeuta o
     Médico 1
                  faça, devido a dor. O movimento contínuo, amplo, com analgesia, auxilia a atingir
                  resultados mais rápidos e eficientes que o movimento manual.
     Médico 2     i) Bom desempenho, tanto quanto à utilização como aos resultados, está satisfeito.
                  i) O desempenho do equipamento em relação ao joelho, primordial, porque durante o
                  processo fisioterapêutico não conseguia fazer o movimento completo o joelho. O CPM
    Paciente 1
                  deixou “um pouco mais solto”, acredita que sem o equipamento, a recuperação do joelho
                  seria difícil.
                  i) Devido a sua situação inicial foi muito bom, porque ele fornece uma segurança e
    Paciente 2
                  estabilidade muito boas aos movimentos.
QUADRO 2 – Características do desempenho funcional dos equipamentos de CPM para o joelho.
        Wasilewski et al. (1990) afirmam que a aplicação da CPM é um eficaz complemento
para a fisioterapia no pós-operatório dos pacientes submetidos à artroplastia total do joelho.
Scott et al. (1993), no entanto, discordam com o desempenho e efetividade em relação ao
tratamento do paciente, quando afirmam que não identificaram em seu estudo benefícios da
aplicação da CPM após artroplastia unilateral do joelho em pacientes internados, porém
acredita que a CPM pode ser benéfica na artroplastia bilateral do joelho.
  Entrevistado                                    Categoria 2 – Efetividade
 Fisioterapeuta 1 i) Quando bem empregado no pós-operatório é um efetivo coadjuvante.
                  i) Ótima, não sabe se conseguiria obter os mesmos benefícios se não tivesse o
 Fisioterapeuta 2
                  equipamento de CPM para trabalhar.
                  i) Equipamento simples, efetivo no que faz, controle de velocidade e ADM a uma
                  velocidade X. Em alguns casos, ele é fundamental, especialmente naqueles que tem
     Médico 1
                  dificuldades de movimentar. Então prescreve CPM para o outro dia, acorda na sala de
                  recuperação com o joelho no CPM.
                  i) Em casos mais complicados o equipamento de CPM funciona, é efetivo. Deve-se
                  inclusive ao fato que o próprio paciente pode ficar com o controle do aparelho. Isso o
                  tranquiliza e o paciente acaba ajudando o aparelho em vez de jogar contra. Às vezes o
     Médico 2     paciente tem medo, que vai fazer um movimento além do que suportaria e então ele
                  acaba resistindo. Se ele tem o controle de velocidade de flexão e extensão, permite que
                  aos poucos ele aumente a ADM e parada, quando é o fisioterapeuta, o paciente fica em
                  atitude defensiva podendo resistir ao movimento.
                  i) Efetivo, acredita que 50% da sua recuperação até o momento (9 meses de PO se deve
    Paciente 1
                  ao CPM), enquanto que o ganho de ADM quase 90% deve-se ao CPM.
    Paciente 2    i) Muito efetivo
QUADRO 3 – Características relacionadas à efetividade do equipamento de CPM na reabilitação do joelho.
       Ainda referente a Parte 1 da entrevista, foram identificadas e analisadas as
características sobre durabilidade e associadas aquelas referentes à manutenção, identificada
nas respostas da segunda parte da entrevista dos profissionais, ver Quadro 4. A durabilidade
foi considerada satisfatória, porém todos os equipamentos utilizados pelos entrevistados já
foram para manutenção, em torno de uma vez a cada dois ou três anos.
A última pergunta da Parte 1 permitiu a identificação de características sobre o custo do
equipamento de CPM para o joelho. Somente os profissionais souberam responder, ver


                                                                                                                   8
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                                                                              Bauru, SP, Brasil, 7 a 9 de novembro de 2011


Quadro 5. A maioria deles considera o equipamento caro, baseado no valor que os convênios
pagam para as sessões. Porém o custo-benefício compensa o investimento.
  Entrevistado                             Categoria 3 – Durabilidade e manutenção
 Fisioterapeuta 1 i) Muito boa, possui o aparelho há sete anos, foi apenas uma ou duas vezes à manutenção.
                  i) Já teve três problemas técnicos em 11 anos, um deles precisou ser resolvido por equipe
                  técnica em SP, quanto maior o tempo de uso diário, maiores os problemas relacionados à
                  manutenção. Aconteceu de o equipamento trancar e de não ligar mais. Uma vez derrubou
 Fisioterapeuta 2
                  o transformador no chão e o equipamento parou de funcionar, o técnico foi na clínica e fez
                  o concerto. Em um dos concertos pagou quase 2 mil reais, uma peça importante que não
                  existia, precisou ser projetada [...].
                  i) Depende do material que for utilizado, se forem usados alguns materiais mais leves,
                  mais fácil de manipular para usar no leito, de qualidade boa, ele vai durar bastante. Não
     Médico 1
                  tem experiência de quanto ele dura, utiliza um a dois ou três anos e sem problemas, não é
                  qualquer um que pode utilizar, só fisioterapeutas qualificados.
     Médico 2     i) Boa, tem 11 anos de utilização quase diária na clínica, foi três vezes para o concerto.
QUADRO 4 – Características relacionadas à durabilidade e manutenção do equipamento de CPM para o joelho.
        Barboza et al. (2007) concordam com estes achados, pois também consideram que o
custo dos equipamentos de CPM é elevado. Wang (2009) complementa a ideia explicando
que os equipamentos da área da saúde precisam ser implantados com sabedoria para garantir
resultados positivos com custos razoáveis, pois possuem elevados investimentos iniciais e
custos de manutenção durante toda a vida útil do produto.
  Entrevistado                                        Categoria 4 – Custo
 Fisioterapeuta 1 i) O custo do equipamento importado é caro para o padrão nacional.
                  i) O custo vale a pena em serviços particulares, em hospitais que possuem verbas e
 Fisioterapeuta 2 demanda, nos quais o paciente paga uma sessão separada para usar o equipamento. No
                  geral, as clínicas não têm o equipamento.
                  i) Barato pelo que pode gerar de resultados, pelos benefícios que proporciona, custo-
     Médico 1
                  benefício é bom, é diferente usar o CPM e a fisioterapia 2 vezes por dia.
                  i) É caro se for analisar, em torno de 5 mil reais, mas se for dividir pelos 11 anos que
                  possui, o custo é acessível. É um investimento bastante satisfatório, mas tem que cobrar
     Médico 2
                  para utilizar este tipo de equipamento, pelo convênio não é viável. Se for um equipamento
                  mais barato pode ser utilizado mais, o preço é a única coisa que freia o uso.
QUADRO 5 – Características relacionadas ao custo do equipamento de CPM para o joelho.
        A análise da segunda parte da entrevista permitiram identificar as características
estruturais, operacionais, de confiabilidade e oportunidades de melhorias, ver Quadro 6.
  Entrevistado                                        Categoria 5 – Estrutura
                    i) Estrutura geral muito boa.
 Fisioterapeuta 1
                    ii) Carrinho para transportar seria interessante, pois é muito pesado.
                    i) Para utilizar só na clínica é interessante, mas se tiver que transportar complica, é pesado.
 Fisioterapeuta 2   É preciso alguém que conheça o funcionamento para instalar.
                    ii) Regulagem antropométrica restrita.
    Médico 1        i) Equipamento simples.
    Médico 2        i) Estrutura satisfatória, porém é pesado.
                    i) Muito pesado, interessante modificar algum material para reduzir o peso. Dificuldade
                    para deslocar o equipamento até a pessoa, normalmente a pessoa vai até o equipamento.
    Paciente 1      ii) Posicionamento do pé, quando fazia flexão total, o pé movimentava, saía do lugar, o
                    que acredita causar uma perda de flexão. Acredita que um melhor encaixe para pé seria
                    melhor para a flexão e extensão.
                    i) Design pode ser melhorado, regulagem antropométrica do comprimento da perna. Não
    Paciente 2      possibilita adaptação para pessoas muito pequenas ou muito grandes.
                    ii) Estrutura confortável, sem problemas.


                                                                                                                         9
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                                                                          Bauru, SP, Brasil, 7 a 9 de novembro de 2011


QUADRO 6 – Características relacionadas à estrutura do equipamento de CPM para o joelho.
       Dentre as principais características que indicam necessidades, podem ser citadas: o
peso que interfere no transporte do equipamento, apoio para o pé e regulagem antropométrica
do comprimento da perna.
       Em relação às características operacionais: praticidade, tempo de preparo e execução,
a maioria dos entrevistados estão satisfeitos, exceto o paciente 2 que nunca operou o
equipamento, ver Quadro 7.
  Entrevistado                                     Categoria 6 – Operacão
 Fisioterapeuta 1 i) Tempo de preparo é rápido, execução precisa.
                  i) Super fácil: posiciona o paciente, mede a partir da região do trocanter até a região da
 Fisioterapeuta 2 linha média do joelho, ele tem as medidas próprias, deixa preparado, coloca o paciente ali
                  e liga, e fica funcionando.
                  i) Muito simples, muito fácil, o que ele faz seria preciso um profissional que faria uma
     Médico 1
                  coisa muita básica: flexionar e estender o joelho.
                  i) É preciso alguém que conhece o funcionamento para supervisionar.
                  i) É uma curva de aprendizado, à medida que o tempo vai passando, tu vai pegando os
     Médico 2
                  atalhos, para instalar e colocar para funcionar em torno de 5 minutos, não considera
                  problema, é prático.
                  i) Em relação à experiência de alterar os graus, é bem simples. Só olhar e clicar para
    Paciente 1    aumentar e diminuir a ADM. Bem simples, posiciona o joelho, equipamento movimenta
                  nos graus, tempo de preparo rápido.
    Paciente 2    i) Nunca operou o equipamento.
QUADRO 7 – Características relacionadas à operação do equipamento de CPM na reabilitação do joelho.
       A categoria relacionada à confiabilidade também permite inferir que a maioria dos
entrevistados confia no equipamento que utiliza, ver Quadro 8. Porém ressalta-se que o
equipamento utilizado pelos entrevistados não possui registro na Agência Nacional de
Vigilância Sanitária.
   Entrevistado                                  Categoria 7 – confiabilidade
                  i) Se o paciente estiver bem posicionado é confiável, tanto a angulação, quanto velocidade
 Fisioterapeuta 1
                  e programas.
                  i) Confia porque está trabalhando com tolerância da dor. Normalmente faz avaliação
 Fisioterapeuta 2 goniométrica para verificar o ângulo real, porque o CPM as vezes fornece 50° e quando
                  mede com goniômetro é 30, porque o pé está levantando.
                  i) Confia, considera um equipamento muito simples, que salva a articulação de uma
     Médico 1
                  pessoa.
                  i) Confiável, nenhuma queixa neste sentido.
     Médico 2
                  ii) Induzida: bem confiável em termos de ângulo também.
    Paciente 1    i) Sim, é confiável.
    Paciente 2    i) Confiável, embora no início tivessemuito medo e dúvidas, aos poucos foi confiando.
QUADRO 8 – Características relacionadas à confiabilidade em relação ao equipamento de CPM para o joelho.
        Por fim, as questões sobre os diferenciais importantes para melhorar a efetividade do
tratamento na visão dos entrevistados e os recursos para facilitar a operação. Assim como as
informações das questões dos pacientes sobre o equipamento de CPM ideal a cada um deles
apontaram as oportunidades de melhorias e inovações destes equipamentos. Assim elas são
constituintes da categoria chamada de oportunidades de melhorias, ver Quadro 9.
       Estas oportunidades de melhorias, ver Quadro 9, resumem as principais características
que podem ser alteradas nos equipamentos, segundo as necessecidades de cada profissional e
paciente entrevistado.



                                                                                                                  10
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                                                                          Bauru, SP, Brasil, 7 a 9 de novembro de 2011




   Entrevistado                            Categoria 8 – Oportunidades de Melhorias
                  i) Associar eletroestimulação.
 Fisioterapeuta 1 ii) Melhorar o transporte com um carrinho.
                  iii) Programas passivo-assistidos e resistidos.
                  i) Como está hoje é o ideal CPM.
                  ii) Estimulação elétrica associada.
 Fisioterapeuta 2 iii) Tem profissionais que utilizam gelo com o CPM, não é muito a favor do gelo com o
                  movimento.
                  iv) Poderia ser mais leve, poderia ter um carrinho para guardar e transportar.
                  i) Proteção para não machucar a perna.
                  ii) Adaptações antropométricas, baseado na média populacional.
     Médico 1     iii) Limitação da angulação máxima.
                  iv) Controle da ADM e velocidade são os principais, para a função que exerce acredita
                  que não precisa inventar muito.
                  i) custo de aquisição mais baixo
                  ii)seria interessante se fosse mais leve
     Médico 2     iii) interessante associar uma eletroestimulação, tem bastante coisa a explorar com
                  certeza, mais com os fisioterapeutas.
                  iv) para a área dele está muito prática, está bom
                  i) alongamento
                  ii) resistência para ganho de força, para fortalecer os músculos da coxa
                  iii) Resistência e relaxamento – modelo de alongamento 3S.
    Paciente 1    iv) Melhor fixação do pé, para não sair quando flexiona o joelho
                  v) Possibilidade de “dar uma folga quando está doendo”, para liberar a pressão no joelho.
                  vi) encaixe para manter o quadril eo fisioterapeuta não precisar encaixando o quadril toda
                  vezque o paciente compensa por dor.
                  i) Maior regulagem antropométrica para o comprimento da perna
                  ii) Display fixo num lugar que ele possa acompanharos grau de flexão que vai atingindo,
                  não só no visor do controle.
                  iii) Controle remoto para o próprio fisioterapeuta para controlar de longe.
                  iv) Armazenagem de dados, histórico do paciente, cartão que possa ser colocado no
                  computador para baixar os dados do paciente, baixar os gráficos, isso tudo, esta parte
    Paciente 2
                  eletrônica acha importante, tipo acompanhamento do cliente através dos dados (CRM –
                  customer relationship mangement). Muito bom até para pesquisa, é muito utilizado.
                  v) Tem empresas em outras áreas que estão desenvolvendo até busca por informações
                  remotas, por mecanismos via satélite.
                  vi) CPM atinge até um determinado limite, seria interessante se tivesse um equipamento
                  que atingisse a totalidade da flexão do joelho.
QUADRO 9 – Oportunidades de melhorias nos futuros equipamentos de CPM para o joelho.
       Assim, cabe agora manter um coerente entendimento das necessidades (COBLE et al.,
1997) para contribuir com a fase do Projeto Informacional do desenvolvimento de um
equipamento de CPM para a reabilitação do joelho. Logo, elas serão resumidas em cada
categoria e posterioprmente agrupadas por ordem de importância.
4 Síntese
        Todos os entrevistados utilizam no Brasil o mesmo modelo de equipamento
importado. Os profissionais possuem de sete a vinte e um anos de experiência com os
modelos e os pacientes, de um a três meses. Através da coleta dos dados, análise e
interpretação, podem ser sintetizadas as necessidades dos clientes em relação ao equipamento
de CPM para o joelho, ver Quadro 10. Ele indica as necessidades para devem ser levadas em
consideração no desenvolvimento de um equipamento inovador adequado aos entrevistados.


                                                                                                                  11
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                                                                           Bauru, SP, Brasil, 7 a 9 de novembro de 2011




     Categorias                      Características do equipamento de CPM para joelho
   1. Desempenho      i) Melhorar o posicionamento para o ângulo do joelho, de forma que a ADM real seja
      funcional       exatamente a mesma demonstrada no visor do equipamento.
  2. Durabilidade e
                      i) Utilizar materiais de melhor qualidade
     manutenção
       3. Custo    i) Reduzir o custo para facilitar que as clínicas possam adquirir
                   i) Utilizar materiais mais leves e mais duráveis
                   ii) Providenciar carrinho para facilitar transporte e guardar
                   iii) Melhorar design
                   iv) Fornecer maior possibilidade de regulagem antropométrica para o comprimento da
    4. Estrutural
                   perna
                   v) Melhorar o encaixe para o pé
                   vi) Providenciar encaixe para manter o quadril posicionado, de forma que o
                   fisioterapeuta não precise encaixar o quadril toda vez que o paciente compensa por dor.
                   i) Disponibilizar programas de movimentos passivo-assistidos e resistidos
                   ii) Maior disponibilidade de ADM, aangulação total da flexão do joelho.
  5. Operacional
                   iii) Possibilitar “dar uma folga quando está doendo”, para liberar a pressão no joelho, no
                   limite da ADM
 6. Confiabilidade i) Resolver problemas em relação ao ângulo real e o ângulo fornecido pelo equipamento
                   i) Associar eletroestimulação
                   ii) Incorporar programas para alongamento, fortalecimento
                   iii) Incorporar display fixo para o pacieniabilizar a Armazenagem de dados: histórico do
    7. Melhorias   paciente
      sugeridas    vi) Providenciar cartão compatível com computadores para baixar os dados do paciente,
                   gráficos. Essa parte eletrônica é importante, tipo acompanhamento do cliente através
                   dos dados (CRM – customer relationship mangement). Muito bom até para pesquisa, é
                   muito utilizado.
QUADRO 10 – Síntese das necessidades dos clientes.
       Inovação, que na perspectiva do grupo, especialmente dos fisioterapeutas deve ser para
a reabilitação do joelho, não associada ao cotovelo e antebraço. Seria difícil otimizar o
equipamento para ser utilizado em mais de uma articulação. Seria necessário fazer algumas
simplificações, com perda de qualidade, o que justifica a falta de interesse dos entrevistados
em relação a uma possível proposta de CPM para joelho, cotovelo e antebraço no mesmo
equipamento.
       Assim o equipamento inovador ideal ao grupo de entrevistados deve possuir, por
ordem de importância: desempenho semelhante aos existentes, com melhor ajuste angular e
materiais mais leves de qualidade. O custo deveria ser inferior aos existentes para facilitar a
aquisição pelos profissionais autônomos e serem utilizados por um maior número de
pacientes. A efetividade poderia ser mantida a mesma dos existentes.
        A operação de CPM pode ser mantida como os atuais, aumentando apenas os graus de
ADM para atingir o limite fisiológico de 0º de extensão e 140° de flexão (MARQUES, 2003).
Seria interessante disponibilizar programas de alongamento, movimentos passivo-assistidos e
resistidos, com flexibilidade de liberar a pressão no joelho, no limite da ADM quando o
paciente sentir muita dor.
        A estrutura poderia possibilitar regulagem antropométrica mais abrangente para o
comprimento da perna, melhor encaixe para o pé e um novo encaixe para manter o quadril do
paciente estabilizado e evitar compensações. Também é interessante um carrinho para facilitar
o transporte do produto.

                                                                                                                   12
XVIII SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
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                                                                          Bauru, SP, Brasil, 7 a 9 de novembro de 2011


       Além disso, poderia ser implementado um cartão com armazenamento dos dados, para
arquivamento do histórico do paciente. Este cartão precisa ser compatível com computadores
para que o profissional possa baixar os dados do paciente e construir gráficos de evolução.
Esta inovação auxiliaria a realização de pesquisas associadas ao tema.
       O design do equipamento poderia ser melhorado, desenvolvendo um display fixo para
o paciente visualizar a ADM que está atingindo. Por último, o equipamento ideal teria um
controle remoto para uso do fisioterapeuta.
5 Conclusões
        Este artigo apresentou os resultados de uma pesquisa exploratório-descritiva que teve
por finalidade identificar as necessidades e analisar a percepção dos usuários de equipamentos
de CPM para a reabilitação do joelho.
        A análise possibilitou identificar problemas e demandas para serem atendidas em
novos produtos ou melhoradas em produtos existentes como: (i) melhorar a ajuste angular, (ii)
utilizar materiais de melhor qualidade e mais leves, (iii) reduzir o preço para aquisição, (iv)
possibilitar maior ADM para execução do movimento passivo, programas de alongamento,
movimentos passivo-assistidos e resistidos, com flexibilidade de liberar a pressão no joelho
no limite da ADM quando o paciente sentir muita dor, (v) possibilitar a regulagem
antropométrica mais abrangente para o comprimento da perna, (vi) proporcionar um melhor
encaixe para o pé e um novo encaixe para manter o quadril do paciente estabilizado, (vi)
incorporar um carrinho para facilitar o transporte, (vii) incluir um sistema para
armazenamento dos dados, (viii) providenciar entrada para cartão de memória compatível
com computadores pessoais – PC’s, (ix) melhorar o design do equipamento, (x) incorporar no
equipamento um display para demonstrar as funções e etapas do processo de ADM, e (xi)
incorporar um sistema que permita a operação por controle remoto das funções do
equipamento.
        A identificação das necessidades foi fundamental para o conhecimento e compreensão
da percepção destes clientes acerca dos atuais equipamentos de CPM para o joelho. Os
resultados contribuem para o desenvolvimento de equipamentos inovadores direcionados às
necessidades dos principais usuários: médicos, fisioterapeutas e pacientes.
Referências
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validação de uma prancha para reabilitação passiva-ativa do joelho. In: XII CONGRESSO BRASILEIRO DE
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BARDIN, L. Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70, 2011.
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                                                                                                                  13
XVIII SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
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                                                                                                                        14

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  • 1. PERCEPÇÃO DE FISIOTERAPEUTAS, MÉDICOS E PACIENTES SOBRE EQUIPAMENTOS DE MOVIMENTAÇÃO PASSIVA CONTÍNUA - CPM ALINE MARIAN CALLEGARO alinemc@producao.ufrgs.br UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL - UFRGS CARLA S. TEN CATEN tencaten@producao.ufrgs.br UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL - UFRGS CARLOS FERNANDO JUNG carlosfernandojung@gmail.com UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL - UFRGS JOSÉ LUIS DUARTE RIBEIRO ribeiro@producao.ufrgs.br UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL - UFRGS Resumo: ESTE ARTIGO APRESENTA OS RESULTADOS DE UMA PESQUISA EXPLORATÓRIO-DESCRITIVA, COM ABORDAGEM QUALITATIVA, QUE TEVE POR FINALIDADE IDENTIFICAR AS NECESSIDADES E ANALISAR A PERCEPÇÃO DOS FISIOTERAPEUTAS, MÉDICOS E PACIENTES EM RELAÇÃO AOS ASPECCTOS FUNCIONAIS E OPERACIONAIS DE EQUIPAMENTOS DE MOVIMENTAÇÃO PASSIVA CONTÍNUA - CPM UTILIZADOS NA REABILITAÇÃO DO JOELHO. OS RESULTADOS POSSIBILITARAM CONHECER IMPORTANTES DEMANDAS SOBRE O DESEMPENHO FUNCIONAL, EFETIVIDADE, DURABILIDADE, MANUTENÇÃO, CUSTO, CONDIÇÕES ESTRUTURAIS, OPERACIONALIDADE E OPORTUNIDADES DE MELHORIAS QUE PODEM CONTRIBUIR PARA O DESENVOLVIMENTO DE NOVOS PRODUTOS DESTA CLASSE. Palavras-chaves: MOVIMENTAÇÃO PASSIVA CONTÍNUA, CPM, DESENVOLVIMENTO DE PRODUTO
  • 2. XVIII SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Sustentabilidade Na Cadeia De Suprimentos Bauru, SP, Brasil, 7 a 9 de novembro de 2011 PHYSICAL THERAPISTS, DOCTORS AND PATIENTS PERCEPTION ABOUT CONTINUOUS PASSIVE MOTION EQUIPMENT - CPM Abstract: THIS ARTICLE PRESENTS THE RESULTS OF AN EXPLORATORY- DESCRIPTIVE RESEARCH WITH A QUALITATIVE APPROACH, WHICH AIMED TO IDENTIFY THE NEEDS AND ANALYZE THE PERCEPTIONS OF PHYSIOTHERAPISTS, DOCTORS AND PATIENTS REGARDING FUNCTIONAL AND OPERATIONNAL ASPECTS OF KNEE CONTINUOUS PASSIVE MOTION - CPM - EQUIPMENT. THE RESULTS ALLOWED TO IDENTIFY IMPORTANT DEMANDS ON FUNCTIONAL PERFORMANCE, EFFECTIVENESS, DURABILITY, MAINTENANCE, COST, STRUCTURAL CONDITIONS, OPERATION AND IMPROVEMENT OPPORTUNITIES THAT CAN CONTRIBUTE FOR THE DEVELOPMENT OF NEW PRODUCTS OF THIS CLASS. Keyword: CONTINUOUS PASSIVE MOTION, CPM, PRODUCT DEVELOPMENT 2
  • 3. XVIII SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Sustentabilidade Na Cadeia De Suprimentos Bauru, SP, Brasil, 7 a 9 de novembro de 2011 1 Introdução Kleinschimidt et al. (2007) afirmam que, para obter sucesso empresarial no atual ambiente de negócios, é necessário desenvolver produtos e serviços inovadores que possam gerar vantagem competitiva. Isto requer, segundo Maguire (2001), identificar novas necessidades de clientes, em especial, problemas funcionais, estruturais e operacionais de produtos existentes no mercado que possam estar afetando a usabilidade. Na área da saúde, os produtos para uso profissional são freqüentemente utilizados por um grupo heterogêneo de usuários. Maguire (2001) afirma que os profissionais desta área atuam em diversos setores e utilizam os mais variados tipos de equipamentos para diagnóstico e tratamento de patologias de pacientes. Além disso, em muitos casos, os responsáveis pela escolha e aquisição destes equipamentos não são os mesmos que trabalham diretamente com os equipamentos. Corroborando, Martin et al. (2011) afirmam que é imprescindível conhecer a opinião de diferentes usuários, no início e ao longo do processo de desenvolvimento de produtos para obter-se inovações. Rozenfeld et al. (2006) sugerem que a identificação das necessidades dos clientes podem se transformar em requisitos funcionais de um novo produto. Estes autores afirmam que podem ser utilizados instrumentos como: questionários estruturados, entrevistas, checklist, diagramas de afinidade e diagrama de Mudge para a determinação destes requisitos. Para Silva (2004), estes instrumentos de pesquisa podem auxiliar no processo de descoberta de problemas existentes em produtos e contribuir para o desenvolvimento de novos produtos com mais qualidade, segurança e confiabilidade. As necessidades de clientes são importantes para o desenvolvimento de novos produtos na área da saúde. A identificação das necessidades realizada no início do processo de desenvolvimento pode garantir que novos recursos possam ser incorporados em protótipos com maior facilidade e menor custo (MARTIN et al., 2006). Shine (2004) afirma que as novas tecnologias estão revolucionando a prestação de serviços na área da saúde desde a última metade do século XX. Para o desenvolvimento de novos dispositivos e equipamentos, tem sido necessária a atuação dos profissionais das ciências da saúde em equipes multidisciplinares que devem contar com a participação de pacientes. Cooper et al. (2008) afirmam que as novas tecnologias utilizadas pelo fisioterapeuta nos tratamentos de reabilitação qualificam a terapia recebida pelo indivíduo e melhoram o engajamento do paciente com o tratamento. A tecnologia informatizada, por exemplo, assiste o paciente na realização de movimentos que requerem auxílio do fisioterapeuta e permite a mensuração precisa de características de movimentos articulares. Também proporciona resistência ao movimento, fornece feedback de força ou assiste o cliente de forma individualizada. Exemplos destas tecnologias que podem auxiliar no tratamento dos pacientes são: (i) equipamentos de Movimentação Passiva Contínua - CPM (Continuous Passive Motion) destinados a realizar movimentos passivos contínuos de articulações do corpo humano (MAZZER, 2001; MAVROIDS et al., 2005); (ii) aparelhos de estimulação elétrica (FERNANDES et al., 2005); (iii) termoterapia; (iv) neuroestimulação elétrica transcutânea, e (v) estimulação elétrica de alta voltagem (LUZ e LIMA, 2011). Equipamentos para CPM podem ser utilizados para a reabilitação da articulação do joelho (LENSSEN et al., 2008), conforme ilustrado na Figura 1. O uso deste equipamento destina-se a auxiliar no tratamento do paciente na fase inicial de reabilitação, fazendo o 3
  • 4. XVIII SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Sustentabilidade Na Cadeia De Suprimentos Bauru, SP, Brasil, 7 a 9 de novembro de 2011 movimento articular para o paciente de forma contínua, tendo por finalidades: (i) obter um ganho de amplitude de movimento (ADM), (ii) reduzir o edema, (iii) reduzir as aderências e cicatrização (HEBERT et al., 2003), (iv) controlar a dor, e (v) reduzir a incidência de trombose venosa profunda e manipulações do joelho (SALMELA et al., 2003). FIGURA 1 – Equipamento de CPM para o joelho. Fonte: http://www.sportstek.net/qcpmo.html Ao longo do tempo, diversas tecnologias destinadas a otimizar equipamentos para CPM foram desenvolvidas e propostas. Mavroids et al. (2005) desenvolveram um dispositivo para a reabilitação do joelho com variadas possibilidades de exercícios e estimulação elétrica. O sistema pode ser utilizado como coadjuvante para as fases iniciais da reabilitação pós-operatória, que engloba a movimentação passiva e ativa-assistida. Auxilia a marcha e recuperação da mobilidade adequada, quando adicionado um interruptor de pé, colocado debaixo da sola do sapato do paciente. Sperb (2006) desenvolveu no Brasil um dispositivo programável de movimento passivo contínuo com tecnologia de máquinas de comando numérico. Ele possui programação flexível, que possibilita inúmeras programações pelo cliente. Para Bühler (1996), a análise das necessidades dos clientes deste tipo de tecnologia assistida é um dos fatores mais importantes para a efetiva evolução do desenvolvimento do produto. O envolvimento do cliente em cada etapa do processo de desenvolvimento é significativo, especialmente de clientes de longo prazo. Esta fase requer maior preocupação da equipe que desenvolve estes produtos e metodologias apropriadas para sua realização. Este artigo apresenta os resultados de uma pesquisa exploratório-descritiva, com abordagem qualitativa, que teve por finalidade identificar as necessidades e analisar a percepção dos fisioterapeutas, médicos e pacientes em relação aos aspectos funcionais e operacionais de equipamentos de CPM para a reabilitação do joelho, como contribuição para o desenvolvimento de novos produtos. A estrutura do artigo está organizada da seguinte forma: a seção 2 apresenta o método utilizado para a realização do trabalho, a seção 3 descreve o estudo aplicado, análise e interpretação dos dados, a seção 4 apresenta uma síntese das informações e a seção 5 traz as conclusões do estudo. 2 Método Os resultados apresentados neste artigo foram obtidos a partir de uma pesquisa exploratório-descritiva, com abordagem qualitativa. Este tipo de pesquisa caracteriza-se pelo desenvolvimento de um nível de compreensão que torna possível a identificação, ordenação, classificação e análise das diferentes formas em que são descritos os fenômenos em um contexto local e real (YIN, 2001 e JUNG, 2004). 4
  • 5. XVIII SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Sustentabilidade Na Cadeia De Suprimentos Bauru, SP, Brasil, 7 a 9 de novembro de 2011 Para a coleta dos dados, foi elaborado um questionário semi-estruturado composto por perguntas abertas. Este instrumento foi aplicado em forma de entrevista em seis indivíduos com a seguinte estratificação: (i) dois fisioterapeutas, (ii) dois médicos, e (iii) dois pacientes. Todos os indivíduos pesquisados atuam e residem na cidade de Porto Alegre, RS. A opção pela escolha de profissionais e pacientes foi feita devido a serem conhecidas as necessidades dos diferentes usuários que utilizam o equipamento para CPM em processos terapêuticos na reabilitação do joelho (MARTIN et al., 2006; MARTIN et al., 2011). Os fisioterapeutas são os profissionais responsáveis pela reabilitação física dos pacientes; os médicos cirurgiões prescrevem a fisioterapia e estão interessados na reabilitação pós-operatória, os pacientes são os clientes submetidos ao método de CPM, ou seja, que ficam em contato direto com o equipamento, permitindo que este faça os movimentos dos seus membros. O principal critério de escolha dos profissionais da saúde entrevistados foi o conhecimento anterior sobre a utilização do equipamento de CPM para o joelho. Todos os profissionais integrantes da pesquisa conhecem e utilizam o produto em processos terapêuticos. Os pacientes entrevistados também foram escolhidos por terem sido submetidos a processos terapêuticos que utilizaram equipamento para CPM. Um dos pacientes necessitou o uso deste tipo de equipamento para recuperação após procedimento cirúrgico para reconstrução do ligamento cruzado anterior e ligamento colateral do joelho. O segundo paciente entrevistado foi submetido a terapia por CPM, na fase inicial do pós-operatório, devido a um procedimento cirúrgico realizado no tendão quadricipital. Todos os participantes formalizaram seu aceite de participação na pesquisa através da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE. Para a realização das entrevistas foram elaborados dois Roteiros de Pesquisa (ROZENFELD et al., 2006), um para os fisioterapeutas e médicos e outro para os pacientes. Esta medida foi adotada visando a identificação das necessidades nos dois contextos, ou seja, aquelas específicas aos profissionais e aquelas específicas aos pacientes. Além disso, buscou- se adequar a linguagem ao público-alvo: linguagem técnica nos Roteiros elaborados para os profissionais e uma linguagem mais simples aos pacientes. A estrutura do roteiro de pesquisa compreende: (i) Dados de identificação –nome, data da entrevista e e-mail e, informações pertinentes a inclusão do sujeito no estudo, tempo de utilização do equipamento de CPM para o joelho, conhecimento de outros equipamentos de CPM, onde e quando; (ii) Parte 1 – inclui três questões principais que compreendem os aspectos sobre desempenho funcional, durabilidade e custo do produto; (iii) Parte 2 – questões mais pontuais, diferenciadas no Roteiro aplicado aos profissionais da saúde daquelas dos pacientes. A Parte 2 foi elaborada tendo por objetivo pontuar alguns aspectos que possam contribuir para futuros desenvolvimentos de equipamento de CPM. A Parte 2 do roteiro de pesquisa dos profissionais da saúde apresenta sete questões sobre: (i) praticidade, tempo de preparo e execução do procedimento do equipamento de CPM para joelho que o entrevistado utiliza; (ii) efetividade do equipamento de CPM no tratamento do joelho, como é realizada a avaliação da efetividade dos tratamentos, se é sistemática baseada na utilização de um método; (iii) confiabilidade do equipamento de CPM para joelho; (iv) realização de procedimentos de manutenção no equipamento de CPM desde o início da utilização e número de vezes; (v) diferenciais que poderiam ser agregados aos equipamentos de CPM para joelho com a finalidade de melhorar a efetividade dos tratamentos; (vi) recursos que poderiam ser disponibilizados nos equipamentos de CPM com a fim de facilitar a 5
  • 6. XVIII SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Sustentabilidade Na Cadeia De Suprimentos Bauru, SP, Brasil, 7 a 9 de novembro de 2011 operação; e (vii) viabilidade de desenvolvimento de um equipamento com as funções de CPM para joelho, cotovelo e antebraço. As entrevistas foram registradas por gravação de áudio. As gravações foram transcritas e analisadas com base nos princípios metodológicos propostos por Bardin (1977). Os textos foram classificados em Unidades de Contexto. Estas Unidades foram delimitadas e agrupadas em categorias correspondentes às características do equipamento de CPM para o joelho em quadros de análise. A categorização foi realizada a partir das características: (i) desempenho funcional, (ii) efetividade, (iii) durabilidade e manutenção, (iv) custo, (v) estrutura, (vi) operação, e (vii) oportunidades de melhorias. Após cada categoria foi descrita e realizadas inferências e interpretações. Na sequência, as necessidades identificadas no estudo são apresentadas em um Quadro Síntese. Por fim, são propostas características e requisitos para um novo modelo de CPM para o joelho a partir dos resultados obtidos por ordem de importância das necessidades identificadas. 3 Estudo aplicado 3.1 Caracterização do perfil dos entrevistados Foram realizadas seis entrevistas individuais com fisioterapeutas, médicos e pacientes, todos eles usuários de equipamentos de CPM para o joelho. O perfil de cada entrevistado é apresentado no Quadro 1. Tempo de utilização do Utilizou outro(s) Entrevistados equipamento de CPM equipamento(s) de Área de atuação para joelho CPM? Quando e onde PUC/RS e Clínica onde Reabilitação, Fisioterapeuta 1 7 anos trabalha especialmente do joelho Sim, na França –Lyon, Reabilitação, Fisioterapeuta 2 10 anos Kinetec por um ano especialmente do joelho Desde a década de 90: Médico 1 21 anos Alemanha, Bélgica, Cirurgia do joelho Catar- Golfo Árabe. Sim, em Lyon na França Cirurgia de ombro e Médico 2 12 anos por um ano joelho Cirurgia do ligamento Paciente 1 2 a 3 meses Não cruzado anterior e colateral do joelho Cirurgia do tendão Paciente 2 30 dias Não quadricipital QUADRO 1 – Perfis dos entrevistados. O primeiro fisioterapeuta entrevistado possui sete anos de experiência na utilização do equipamento de CPM para o joelho na reabilitação pós-operatória dos pacientes. Experiência esta adquirida no hospital da Instituição de Ensino Superior onde trabalha e atua como docente, assim como na clínica na qual possui o produto. A segunda fisioterapeuta entrevistada utiliza o equipamento na sua clínica há dez anos e no hospital onde trabalha, também operou o equipamento em Lyon na França por um ano, em 2003. O primeiro médico entrevistado atua na área desportiva, é médico de um time de futebol da cidade de Porto Alegre e possui experiência na utilização do equipamento de CPM há 21 anos. Utilizou outros equipamentos na Alemanha, Bélgica e Catar, na década de 90. O segundo médico, especialista em ombro e joelho trabalha com o presente equipamento há 12 6
  • 7. XVIII SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Sustentabilidade Na Cadeia De Suprimentos Bauru, SP, Brasil, 7 a 9 de novembro de 2011 anos, pois possuem na clínica de reabilitação do centro de tratamento ortopédico e conheceu outro equipamento em Lyon na França, em 2001-2002. Os pacientes utilizaram o equipamento por um tempo inferior, apenas na fase inicial da reabilitação cirúrgica a que foram submetidos. O primeiro possui experiência de dois a três meses e, o segundo, de trinta dias. Nenhum utilizou outro equipamento de CPM. O primeiro paciente estava em fase de reabilitação pós-operatória da reconstrução do ligamento cruzado anterior e colateral do joelho. O segundo paciente entrevistado, em fase de reabilitação pós- operatória da reconstrução do tendão quadricipital. Após a fase inicial de identificação e caracterização dos entrevistados foi realizada a Parte 1 da entrevista, única a todos os participantes. Durante esta fase, os entrevistados falaram abertamente sobre as três perguntas referentes ao desempenho funcional, durabilidade e custo do equipamento de CPM para o joelho. As respostas foram breves, sendo que a questão sobre desempenho funcional foi respondida por todos e a com respostas mais longas. A questão referente à durabilidade foi abordada pelos fisioterapeutas e por um dos médicos. O médico 1 e os dois pacientes declararam que não possuem experiência sobre a manutenção. Já a pergunta referente a custo, foi abordada pelos profissionais da saúde, os pacientes não souberam responder. De forma geral, os entrevistados não abordaram pontos específicos, sendo necessário realizar todas as questões da Parte 2 da entrevista para investigar as necessidades pontuais. 3.2 Análise e interpretação dos dados As entrevistas foram gravadas em áudio e depois de transcritas, as unidades do texto foram delimitadas e as informações repetidas pelo mesmo entrevistado, foram cortadas. A Análise de Conteúdo (BARDIN, 2011) permitiu identificar as características do equipamento de CPM para o joelho a partir de oito categorias, a saber: (i) desempenho funcional, (ii) efetividade, (iii) durabilidade e manutenção, (iv) custo, (v) estrutura, (vi) operacionalidade, (vii) confiabilidade, e (viii) oportunidades de melhorias (BONSIEPE, 1978). Na Categoria 1, em relação às características de desempenho funcional, ver Quadro 2, todos os entrevistados consideraram que o equipamento com o qual têm contato é muito bom. Porém existe um questionamento por um dos fisioterapeutas participante da pesquisa que corresponde ao posicionamento angular, pois parece existir diferença entre o posicionamento angular real da articulação do joelho e o demonstrado no visor do equipamento. Quando comparado o desempenho funcional do equipamento atual utilizado pelos profissionais e os modelos anteriores: os fisioterapeutas o consideram igual, o médico 1 considera o atual mais rudimentar com desempenho inferior e o médico 2 considera o atual semelhante ao outro modelo que já operou. Na segunda categoria foram agrupadas as características relacionadas à efetividade do equipamento de CPM na reabilitação do joelho, ver Quadro 3, satisfatória na perspectiva de todos os entrevistados. Eles afirmaram que a efetividade é avaliada por goniometria, que mensura a ADM e por perimetria, para medição da circunferência que está relacionada ao edema. Métodos utilizados também nos estudos de Naylor et al. (2011) e Chavoutier et al. (2000). 7
  • 8. XVIII SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Sustentabilidade Na Cadeia De Suprimentos Bauru, SP, Brasil, 7 a 9 de novembro de 2011 Entrevistado Categoria 1 – Desempenho funcional i) Muito bom no geral. ii) Limitado em relação à ADM, pois existem questionamentos em relação à amplitude Fisioterapeuta 1 real do posicionamento angular do joelho do paciente e a ADM demonstrada no visor, o que pode interferir na reabilitação e desempenho. i) Funciona muito bem, atende todos os objetivos que precisa com os pacientes. Fisioterapeuta 2 ii)Possuem alguns protocolos que utilizam para traçar o objetivo de tratamento. i) Muito bom em cirurgias infeccionadas que é preciso fazer limpeza articular, normalmente o paciente não consegue movimentar e nem permite queo fisioterapeuta o Médico 1 faça, devido a dor. O movimento contínuo, amplo, com analgesia, auxilia a atingir resultados mais rápidos e eficientes que o movimento manual. Médico 2 i) Bom desempenho, tanto quanto à utilização como aos resultados, está satisfeito. i) O desempenho do equipamento em relação ao joelho, primordial, porque durante o processo fisioterapêutico não conseguia fazer o movimento completo o joelho. O CPM Paciente 1 deixou “um pouco mais solto”, acredita que sem o equipamento, a recuperação do joelho seria difícil. i) Devido a sua situação inicial foi muito bom, porque ele fornece uma segurança e Paciente 2 estabilidade muito boas aos movimentos. QUADRO 2 – Características do desempenho funcional dos equipamentos de CPM para o joelho. Wasilewski et al. (1990) afirmam que a aplicação da CPM é um eficaz complemento para a fisioterapia no pós-operatório dos pacientes submetidos à artroplastia total do joelho. Scott et al. (1993), no entanto, discordam com o desempenho e efetividade em relação ao tratamento do paciente, quando afirmam que não identificaram em seu estudo benefícios da aplicação da CPM após artroplastia unilateral do joelho em pacientes internados, porém acredita que a CPM pode ser benéfica na artroplastia bilateral do joelho. Entrevistado Categoria 2 – Efetividade Fisioterapeuta 1 i) Quando bem empregado no pós-operatório é um efetivo coadjuvante. i) Ótima, não sabe se conseguiria obter os mesmos benefícios se não tivesse o Fisioterapeuta 2 equipamento de CPM para trabalhar. i) Equipamento simples, efetivo no que faz, controle de velocidade e ADM a uma velocidade X. Em alguns casos, ele é fundamental, especialmente naqueles que tem Médico 1 dificuldades de movimentar. Então prescreve CPM para o outro dia, acorda na sala de recuperação com o joelho no CPM. i) Em casos mais complicados o equipamento de CPM funciona, é efetivo. Deve-se inclusive ao fato que o próprio paciente pode ficar com o controle do aparelho. Isso o tranquiliza e o paciente acaba ajudando o aparelho em vez de jogar contra. Às vezes o Médico 2 paciente tem medo, que vai fazer um movimento além do que suportaria e então ele acaba resistindo. Se ele tem o controle de velocidade de flexão e extensão, permite que aos poucos ele aumente a ADM e parada, quando é o fisioterapeuta, o paciente fica em atitude defensiva podendo resistir ao movimento. i) Efetivo, acredita que 50% da sua recuperação até o momento (9 meses de PO se deve Paciente 1 ao CPM), enquanto que o ganho de ADM quase 90% deve-se ao CPM. Paciente 2 i) Muito efetivo QUADRO 3 – Características relacionadas à efetividade do equipamento de CPM na reabilitação do joelho. Ainda referente a Parte 1 da entrevista, foram identificadas e analisadas as características sobre durabilidade e associadas aquelas referentes à manutenção, identificada nas respostas da segunda parte da entrevista dos profissionais, ver Quadro 4. A durabilidade foi considerada satisfatória, porém todos os equipamentos utilizados pelos entrevistados já foram para manutenção, em torno de uma vez a cada dois ou três anos. A última pergunta da Parte 1 permitiu a identificação de características sobre o custo do equipamento de CPM para o joelho. Somente os profissionais souberam responder, ver 8
  • 9. XVIII SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Sustentabilidade Na Cadeia De Suprimentos Bauru, SP, Brasil, 7 a 9 de novembro de 2011 Quadro 5. A maioria deles considera o equipamento caro, baseado no valor que os convênios pagam para as sessões. Porém o custo-benefício compensa o investimento. Entrevistado Categoria 3 – Durabilidade e manutenção Fisioterapeuta 1 i) Muito boa, possui o aparelho há sete anos, foi apenas uma ou duas vezes à manutenção. i) Já teve três problemas técnicos em 11 anos, um deles precisou ser resolvido por equipe técnica em SP, quanto maior o tempo de uso diário, maiores os problemas relacionados à manutenção. Aconteceu de o equipamento trancar e de não ligar mais. Uma vez derrubou Fisioterapeuta 2 o transformador no chão e o equipamento parou de funcionar, o técnico foi na clínica e fez o concerto. Em um dos concertos pagou quase 2 mil reais, uma peça importante que não existia, precisou ser projetada [...]. i) Depende do material que for utilizado, se forem usados alguns materiais mais leves, mais fácil de manipular para usar no leito, de qualidade boa, ele vai durar bastante. Não Médico 1 tem experiência de quanto ele dura, utiliza um a dois ou três anos e sem problemas, não é qualquer um que pode utilizar, só fisioterapeutas qualificados. Médico 2 i) Boa, tem 11 anos de utilização quase diária na clínica, foi três vezes para o concerto. QUADRO 4 – Características relacionadas à durabilidade e manutenção do equipamento de CPM para o joelho. Barboza et al. (2007) concordam com estes achados, pois também consideram que o custo dos equipamentos de CPM é elevado. Wang (2009) complementa a ideia explicando que os equipamentos da área da saúde precisam ser implantados com sabedoria para garantir resultados positivos com custos razoáveis, pois possuem elevados investimentos iniciais e custos de manutenção durante toda a vida útil do produto. Entrevistado Categoria 4 – Custo Fisioterapeuta 1 i) O custo do equipamento importado é caro para o padrão nacional. i) O custo vale a pena em serviços particulares, em hospitais que possuem verbas e Fisioterapeuta 2 demanda, nos quais o paciente paga uma sessão separada para usar o equipamento. No geral, as clínicas não têm o equipamento. i) Barato pelo que pode gerar de resultados, pelos benefícios que proporciona, custo- Médico 1 benefício é bom, é diferente usar o CPM e a fisioterapia 2 vezes por dia. i) É caro se for analisar, em torno de 5 mil reais, mas se for dividir pelos 11 anos que possui, o custo é acessível. É um investimento bastante satisfatório, mas tem que cobrar Médico 2 para utilizar este tipo de equipamento, pelo convênio não é viável. Se for um equipamento mais barato pode ser utilizado mais, o preço é a única coisa que freia o uso. QUADRO 5 – Características relacionadas ao custo do equipamento de CPM para o joelho. A análise da segunda parte da entrevista permitiram identificar as características estruturais, operacionais, de confiabilidade e oportunidades de melhorias, ver Quadro 6. Entrevistado Categoria 5 – Estrutura i) Estrutura geral muito boa. Fisioterapeuta 1 ii) Carrinho para transportar seria interessante, pois é muito pesado. i) Para utilizar só na clínica é interessante, mas se tiver que transportar complica, é pesado. Fisioterapeuta 2 É preciso alguém que conheça o funcionamento para instalar. ii) Regulagem antropométrica restrita. Médico 1 i) Equipamento simples. Médico 2 i) Estrutura satisfatória, porém é pesado. i) Muito pesado, interessante modificar algum material para reduzir o peso. Dificuldade para deslocar o equipamento até a pessoa, normalmente a pessoa vai até o equipamento. Paciente 1 ii) Posicionamento do pé, quando fazia flexão total, o pé movimentava, saía do lugar, o que acredita causar uma perda de flexão. Acredita que um melhor encaixe para pé seria melhor para a flexão e extensão. i) Design pode ser melhorado, regulagem antropométrica do comprimento da perna. Não Paciente 2 possibilita adaptação para pessoas muito pequenas ou muito grandes. ii) Estrutura confortável, sem problemas. 9
  • 10. XVIII SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Sustentabilidade Na Cadeia De Suprimentos Bauru, SP, Brasil, 7 a 9 de novembro de 2011 QUADRO 6 – Características relacionadas à estrutura do equipamento de CPM para o joelho. Dentre as principais características que indicam necessidades, podem ser citadas: o peso que interfere no transporte do equipamento, apoio para o pé e regulagem antropométrica do comprimento da perna. Em relação às características operacionais: praticidade, tempo de preparo e execução, a maioria dos entrevistados estão satisfeitos, exceto o paciente 2 que nunca operou o equipamento, ver Quadro 7. Entrevistado Categoria 6 – Operacão Fisioterapeuta 1 i) Tempo de preparo é rápido, execução precisa. i) Super fácil: posiciona o paciente, mede a partir da região do trocanter até a região da Fisioterapeuta 2 linha média do joelho, ele tem as medidas próprias, deixa preparado, coloca o paciente ali e liga, e fica funcionando. i) Muito simples, muito fácil, o que ele faz seria preciso um profissional que faria uma Médico 1 coisa muita básica: flexionar e estender o joelho. i) É preciso alguém que conhece o funcionamento para supervisionar. i) É uma curva de aprendizado, à medida que o tempo vai passando, tu vai pegando os Médico 2 atalhos, para instalar e colocar para funcionar em torno de 5 minutos, não considera problema, é prático. i) Em relação à experiência de alterar os graus, é bem simples. Só olhar e clicar para Paciente 1 aumentar e diminuir a ADM. Bem simples, posiciona o joelho, equipamento movimenta nos graus, tempo de preparo rápido. Paciente 2 i) Nunca operou o equipamento. QUADRO 7 – Características relacionadas à operação do equipamento de CPM na reabilitação do joelho. A categoria relacionada à confiabilidade também permite inferir que a maioria dos entrevistados confia no equipamento que utiliza, ver Quadro 8. Porém ressalta-se que o equipamento utilizado pelos entrevistados não possui registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Entrevistado Categoria 7 – confiabilidade i) Se o paciente estiver bem posicionado é confiável, tanto a angulação, quanto velocidade Fisioterapeuta 1 e programas. i) Confia porque está trabalhando com tolerância da dor. Normalmente faz avaliação Fisioterapeuta 2 goniométrica para verificar o ângulo real, porque o CPM as vezes fornece 50° e quando mede com goniômetro é 30, porque o pé está levantando. i) Confia, considera um equipamento muito simples, que salva a articulação de uma Médico 1 pessoa. i) Confiável, nenhuma queixa neste sentido. Médico 2 ii) Induzida: bem confiável em termos de ângulo também. Paciente 1 i) Sim, é confiável. Paciente 2 i) Confiável, embora no início tivessemuito medo e dúvidas, aos poucos foi confiando. QUADRO 8 – Características relacionadas à confiabilidade em relação ao equipamento de CPM para o joelho. Por fim, as questões sobre os diferenciais importantes para melhorar a efetividade do tratamento na visão dos entrevistados e os recursos para facilitar a operação. Assim como as informações das questões dos pacientes sobre o equipamento de CPM ideal a cada um deles apontaram as oportunidades de melhorias e inovações destes equipamentos. Assim elas são constituintes da categoria chamada de oportunidades de melhorias, ver Quadro 9. Estas oportunidades de melhorias, ver Quadro 9, resumem as principais características que podem ser alteradas nos equipamentos, segundo as necessecidades de cada profissional e paciente entrevistado. 10
  • 11. XVIII SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Sustentabilidade Na Cadeia De Suprimentos Bauru, SP, Brasil, 7 a 9 de novembro de 2011 Entrevistado Categoria 8 – Oportunidades de Melhorias i) Associar eletroestimulação. Fisioterapeuta 1 ii) Melhorar o transporte com um carrinho. iii) Programas passivo-assistidos e resistidos. i) Como está hoje é o ideal CPM. ii) Estimulação elétrica associada. Fisioterapeuta 2 iii) Tem profissionais que utilizam gelo com o CPM, não é muito a favor do gelo com o movimento. iv) Poderia ser mais leve, poderia ter um carrinho para guardar e transportar. i) Proteção para não machucar a perna. ii) Adaptações antropométricas, baseado na média populacional. Médico 1 iii) Limitação da angulação máxima. iv) Controle da ADM e velocidade são os principais, para a função que exerce acredita que não precisa inventar muito. i) custo de aquisição mais baixo ii)seria interessante se fosse mais leve Médico 2 iii) interessante associar uma eletroestimulação, tem bastante coisa a explorar com certeza, mais com os fisioterapeutas. iv) para a área dele está muito prática, está bom i) alongamento ii) resistência para ganho de força, para fortalecer os músculos da coxa iii) Resistência e relaxamento – modelo de alongamento 3S. Paciente 1 iv) Melhor fixação do pé, para não sair quando flexiona o joelho v) Possibilidade de “dar uma folga quando está doendo”, para liberar a pressão no joelho. vi) encaixe para manter o quadril eo fisioterapeuta não precisar encaixando o quadril toda vezque o paciente compensa por dor. i) Maior regulagem antropométrica para o comprimento da perna ii) Display fixo num lugar que ele possa acompanharos grau de flexão que vai atingindo, não só no visor do controle. iii) Controle remoto para o próprio fisioterapeuta para controlar de longe. iv) Armazenagem de dados, histórico do paciente, cartão que possa ser colocado no computador para baixar os dados do paciente, baixar os gráficos, isso tudo, esta parte Paciente 2 eletrônica acha importante, tipo acompanhamento do cliente através dos dados (CRM – customer relationship mangement). Muito bom até para pesquisa, é muito utilizado. v) Tem empresas em outras áreas que estão desenvolvendo até busca por informações remotas, por mecanismos via satélite. vi) CPM atinge até um determinado limite, seria interessante se tivesse um equipamento que atingisse a totalidade da flexão do joelho. QUADRO 9 – Oportunidades de melhorias nos futuros equipamentos de CPM para o joelho. Assim, cabe agora manter um coerente entendimento das necessidades (COBLE et al., 1997) para contribuir com a fase do Projeto Informacional do desenvolvimento de um equipamento de CPM para a reabilitação do joelho. Logo, elas serão resumidas em cada categoria e posterioprmente agrupadas por ordem de importância. 4 Síntese Todos os entrevistados utilizam no Brasil o mesmo modelo de equipamento importado. Os profissionais possuem de sete a vinte e um anos de experiência com os modelos e os pacientes, de um a três meses. Através da coleta dos dados, análise e interpretação, podem ser sintetizadas as necessidades dos clientes em relação ao equipamento de CPM para o joelho, ver Quadro 10. Ele indica as necessidades para devem ser levadas em consideração no desenvolvimento de um equipamento inovador adequado aos entrevistados. 11
  • 12. XVIII SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Sustentabilidade Na Cadeia De Suprimentos Bauru, SP, Brasil, 7 a 9 de novembro de 2011 Categorias Características do equipamento de CPM para joelho 1. Desempenho i) Melhorar o posicionamento para o ângulo do joelho, de forma que a ADM real seja funcional exatamente a mesma demonstrada no visor do equipamento. 2. Durabilidade e i) Utilizar materiais de melhor qualidade manutenção 3. Custo i) Reduzir o custo para facilitar que as clínicas possam adquirir i) Utilizar materiais mais leves e mais duráveis ii) Providenciar carrinho para facilitar transporte e guardar iii) Melhorar design iv) Fornecer maior possibilidade de regulagem antropométrica para o comprimento da 4. Estrutural perna v) Melhorar o encaixe para o pé vi) Providenciar encaixe para manter o quadril posicionado, de forma que o fisioterapeuta não precise encaixar o quadril toda vez que o paciente compensa por dor. i) Disponibilizar programas de movimentos passivo-assistidos e resistidos ii) Maior disponibilidade de ADM, aangulação total da flexão do joelho. 5. Operacional iii) Possibilitar “dar uma folga quando está doendo”, para liberar a pressão no joelho, no limite da ADM 6. Confiabilidade i) Resolver problemas em relação ao ângulo real e o ângulo fornecido pelo equipamento i) Associar eletroestimulação ii) Incorporar programas para alongamento, fortalecimento iii) Incorporar display fixo para o pacieniabilizar a Armazenagem de dados: histórico do 7. Melhorias paciente sugeridas vi) Providenciar cartão compatível com computadores para baixar os dados do paciente, gráficos. Essa parte eletrônica é importante, tipo acompanhamento do cliente através dos dados (CRM – customer relationship mangement). Muito bom até para pesquisa, é muito utilizado. QUADRO 10 – Síntese das necessidades dos clientes. Inovação, que na perspectiva do grupo, especialmente dos fisioterapeutas deve ser para a reabilitação do joelho, não associada ao cotovelo e antebraço. Seria difícil otimizar o equipamento para ser utilizado em mais de uma articulação. Seria necessário fazer algumas simplificações, com perda de qualidade, o que justifica a falta de interesse dos entrevistados em relação a uma possível proposta de CPM para joelho, cotovelo e antebraço no mesmo equipamento. Assim o equipamento inovador ideal ao grupo de entrevistados deve possuir, por ordem de importância: desempenho semelhante aos existentes, com melhor ajuste angular e materiais mais leves de qualidade. O custo deveria ser inferior aos existentes para facilitar a aquisição pelos profissionais autônomos e serem utilizados por um maior número de pacientes. A efetividade poderia ser mantida a mesma dos existentes. A operação de CPM pode ser mantida como os atuais, aumentando apenas os graus de ADM para atingir o limite fisiológico de 0º de extensão e 140° de flexão (MARQUES, 2003). Seria interessante disponibilizar programas de alongamento, movimentos passivo-assistidos e resistidos, com flexibilidade de liberar a pressão no joelho, no limite da ADM quando o paciente sentir muita dor. A estrutura poderia possibilitar regulagem antropométrica mais abrangente para o comprimento da perna, melhor encaixe para o pé e um novo encaixe para manter o quadril do paciente estabilizado e evitar compensações. Também é interessante um carrinho para facilitar o transporte do produto. 12
  • 13. XVIII SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Sustentabilidade Na Cadeia De Suprimentos Bauru, SP, Brasil, 7 a 9 de novembro de 2011 Além disso, poderia ser implementado um cartão com armazenamento dos dados, para arquivamento do histórico do paciente. Este cartão precisa ser compatível com computadores para que o profissional possa baixar os dados do paciente e construir gráficos de evolução. Esta inovação auxiliaria a realização de pesquisas associadas ao tema. O design do equipamento poderia ser melhorado, desenvolvendo um display fixo para o paciente visualizar a ADM que está atingindo. Por último, o equipamento ideal teria um controle remoto para uso do fisioterapeuta. 5 Conclusões Este artigo apresentou os resultados de uma pesquisa exploratório-descritiva que teve por finalidade identificar as necessidades e analisar a percepção dos usuários de equipamentos de CPM para a reabilitação do joelho. A análise possibilitou identificar problemas e demandas para serem atendidas em novos produtos ou melhoradas em produtos existentes como: (i) melhorar a ajuste angular, (ii) utilizar materiais de melhor qualidade e mais leves, (iii) reduzir o preço para aquisição, (iv) possibilitar maior ADM para execução do movimento passivo, programas de alongamento, movimentos passivo-assistidos e resistidos, com flexibilidade de liberar a pressão no joelho no limite da ADM quando o paciente sentir muita dor, (v) possibilitar a regulagem antropométrica mais abrangente para o comprimento da perna, (vi) proporcionar um melhor encaixe para o pé e um novo encaixe para manter o quadril do paciente estabilizado, (vi) incorporar um carrinho para facilitar o transporte, (vii) incluir um sistema para armazenamento dos dados, (viii) providenciar entrada para cartão de memória compatível com computadores pessoais – PC’s, (ix) melhorar o design do equipamento, (x) incorporar no equipamento um display para demonstrar as funções e etapas do processo de ADM, e (xi) incorporar um sistema que permita a operação por controle remoto das funções do equipamento. A identificação das necessidades foi fundamental para o conhecimento e compreensão da percepção destes clientes acerca dos atuais equipamentos de CPM para o joelho. Os resultados contribuem para o desenvolvimento de equipamentos inovadores direcionados às necessidades dos principais usuários: médicos, fisioterapeutas e pacientes. Referências BARBOZA, A.; RITZEL, C. H.; MASSAIA, E.; BOSCHI, E. S.; BINI, R. R.; VAZ, M. A. Construção e validação de uma prancha para reabilitação passiva-ativa do joelho. In: XII CONGRESSO BRASILEIRO DE BIOMECÂNICA, 2007, São Paulo. Anais... São Paulo: SBB, 30 maio a 02 jun. 2007. BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1977. BARDIN, L. Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70, 2011. BONSIEPE, G.; KELLNER, P.; POESSNECKER, H. Metodologia experimental: desenho industrial. Brasília: CNPq/Coordenação Editorial, 1984. BÜHLER, C. Approach to the analysis of user requirements in assistive technology. International journal of industrial ergonomics, vol. 17, p. 187-192, 1996. CHAVOUTIER, P. L.; BOUCHET, J. Y.; RICHAUD C. Reproductibilité et fiabilité des measures périmétriques d'un member inférieur sain = Reproducibility and effectiveness of perimetric evaluation of a healthy lower extremity. Annales de kinésithérapie, vol. 27, n. 1, p. 3-7, 2000, ISSN 0302-427X. COBLE, J. M.; KARAT, J.; KAHAN, M. G. Maintaining a focus on user requirements throughout the development of clinical workstation software. In: Proceedings of conference on human factors in computing systems, 1997, Atlanta. New York: ACM Press, p. 170-177, March 1997. COOPER, R. A. et al. A perspective on intelligent devices and environments in medical rehabilitation. Medical engineering & physics, vol. 30, p. 1387–1398, 2008, ISSN 1350-4533. 13
  • 14. XVIII SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Sustentabilidade Na Cadeia De Suprimentos Bauru, SP, Brasil, 7 a 9 de novembro de 2011 FERNANDES, K. C. B. G. et al. Análise morfométrica dos tecidos muscular e conjuntivo após desnervação e estimulação elétrica de baixa frequência. Revista brasileira de fisioterapia, vol. 9, n. 2, p. 235-241, 2005. HEBERT, S. et al. Ortopedia e traumatologia: princípios e prática. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2003. 1631 p. JUNG, C. F. Metodologia para pesquisa e desenvolvimento: aplicada a novas tecnologias, produtos e processos. Rio de Janeiro: Axcel Books, 2004. KLEINSCHMIDT, E. J.; BRENTANI, U.; SALOMO, S. Performance of Global New Product Development Programs: A Resource-Based View. The journal of product innovation management, Philadelphia v. 24, n. 5, p.419–441, 2007. LENSSEN, T. A. F. et al. Effectiveness of prolonged use of continuous passive motion (CPM), as an adjunct to physiotherapy, after total knee arthroplasty. BMC musculoskeletal disorders, vol. 9, n. 60, 2008. LUZ, N. D.; LIMA, A. C. G. Recursos fisioterapêuticos em linfedema pós-mastectomia: uma revisão de literatura. Fisioterapia em movimento (Impr.), vol. 24, n.1, p. 191-200, 2011.ISSN 0103-5150. MAGUIRE, M. Context of Use within usability activities. International journal of human-computer studies, vol. 55, p. 453-483, 2001. MARQUES, A. P. Manual de goniometria. 2 ed. São Paulo: Manole, 2003. MARTIN, J. L.; MURPHY, E.; CROWE, J. A.; NORRIS, B. J. Capturing user requirements in medical device development: the role of ergonomics, Physiological measurement, vol. 27, n. 8, p. R49-R62, 2006. MARTIN, J. L.; CLARK, D. J,; MORGAN, S. P.; CROWE, J. A.; MURPHY, E. A user-centred approach to requirements elicitation in medical device development: a case study from an industry perspective. Applied ergonomics, 2011. Doi:10.1016/j.apergo.2011.05.002. MAVROIDS, C. et al. Smart portable rehabilitation devices. Journal of neuroengineering and rehabilitation, vol. 2, n. 18, p. 1-15, 2005. MAZZER, P. Y. C. N. Desenvolvimento de um aparelho de movimentação passiva contínua para o cotovelo, SP. 2001. 76 f. Dissertação (Mestrado em Bioengenharia) - Universidade de São Paulo, São Carlos. NAYLOR, J. M. et al. Validity and reliability of using photography for measuring knee range of motion: a methodological study. BMC musculoskeletal disorders, vol. 12, n. 77, 2011. SALMELA, L. F. T.; MACEDO, B. G.; AGUIAR, C. M.; BAHIA, L. A. O impacto da movimentação passiva contínua no tratamento de pacientes submetidos a artroplastia total de joelho. Acta fisiátrica, vol. 10, n. 1, p. 21- 27, 2003. SCOTT, N.; MALANGA, G.; ZIMMERMAN, J. Continuous passive motion in therehabilitation setting: a retrospective study. American journal of physical medicine and rehabilitation, vol. 72, n. 3, 1993. SHINE, K. I. Technology and health. Technology in society, vol. 26, p. 137–148, 2004. SILVA, J. A. Desempenho do sistema de medição. In: ENCONTRO PARA A QUALIDADE DE LABORATÓRIOS, 2004, São Paulo. Anais... São Paulo: ENQUALAB, 1a 3 de jun. de 2004. SPERB, D. Q. Desenvolvimento de dispositivo programável de movimento passivo contínuo para membros inferiores, RS. 2006. 87 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) – Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria. SPORTSTEK. Chattanooga Optiflex - Continuous Passive Motion (CPM). Disponível em: <http://www.sportstek.net/qcpmo.html>. Acesso em 10 julho 2011. ROZENFELD, H. et al. Gestão de desenvolvimento de produtos: uma referência para a melhoria do processo. São Paulo: Saraiva, 2006, 542 p. WANG, B. Strategic Health Technology Incorporation. Synthesis lectures on biomedical engineering, vol 4, n. 1, p. 1-71, 2009. WASILEWSKI, S. A.; WOODS, L. C.; TORGERSON, W. R. Jr,; HEALY, W. L. Value of continuous passive motion in total knee arthroplasty. Orthopedics, vol. 13, p. 291–295, 1990. YIN, R. K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 2 ed. Porto Alegre: Bookman, 2001. 14