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Para os filósofos pré-socráticos, a arché ou arqué ( ρχή; origem), seria um princípio que deveriaἀ
estar presente em todos os momentos da existência de todas as coisas; no início, no
desenvolvimento e no fim de tudo. Princípio pelo qual tudo vem a ser.
Tales de Mileto: a água
Para Tales, é possível derivar toda a realidade de um único principio supremo. Sendo, água,
terra, ar e fogo que o bom-senso considera primordiais e constitutivos de todas as
coisas, a água tenha prioridade sobre os outros.
Anaximandro: ápeíron
O apeíron, o orincipio e o elemento primordial das coisas é o ilimitado.
Anaxímenes de Mileto: o ar
Põe como principio de todas as coisas o ar. Do ar procedem todos os outros
elementos e, por conseqüência, todas as coisas.
Heráclito de Éfeso: o fogo
Do fogo, mediante os movimentos ascendentes e descendentes, procedem-se e
todas coisas.no movimento descendente o fogo condensa-se e torna-se o ar,
no ascendente estes elementos se refazem e voltam a ser fogo. Logos: a lei
que regula essa harmonia.
Pitágoras de Samos: o número
Empédocles de Agrigento: os quatro elementos
O principio primordial das coisas não deve ser posto em algo diverso do mundo,
mas quatro elementos: não em um só mas no quatro elementos ao mesmo
tempo. Esta combinação é possível porque nos quatros elementos existem
poros que permitem ás partículas de um elemento penetrar no outro.
Principio básico é de que as coisas são conhecidas mediante as coisas que
lhe são semelhantes, (o semelhante é conhecido por meio do semelhante)
Anaxágoras : nous
A mente como o principio ordenador das coisas. Uma concepção espiritual.
Demócrito: os átomos
Ele acreditava que todas as coisas eram formadas por uma infinidade de "pedrinhas minúsculas,
invisíveis, cada uma delas sendo eterna, imutável e indivisível". A estas unidades mínimas
deu o nome de ÁTOMOS. Átomo significa indivisível, cada coisa que existe é formada por
uma infinidade dessas unidades indivisíveis. "Isto porque se os átomos também fossem
passíveis de desintegração e pudessem ser divididas em unidades ainda menores, a
natureza acabaria por diluir-se totalmente".
A palavra “helenística” deriva de helenismo, termo que corresponde ao período que vai de
Alexandre Magno, o macedônico, até o da dominação romana (fim do séc. IV a. C. ao fim do séc. I
d.C.). Alexandre foi o grande responsável por estender a influência grega desde o Egito até a Índia.
A filosofia helenística corresponde a um desenvolvimento natural do movimento intelectual que a
precedeu e torna a defrontar-se muitas vezes com temas pré-socráticos; porém, sobretudo ela é
profundamente marcada pelo espírito socrático. A experiência com outros povos também lhe
permitiu desempenhar certo papel no desenvolvimento da noção de cosmopolitismo, isto é, da
ideia de homem como cidadão do mundo.
As escolas helenísticas têm em comum a atividade filosófica, como amor e investigação da
sabedoria, sendo esta um modo de vida. Elas não se diferenciavam muito na escolha da forma de
sabedoria. Todas elas definiam a sabedoria como um estado de perfeita tranquilidade da alma.
Nesse sentido, a filosofia é uma terapêutica dos cuidados, das angústias e da miséria humana,
miséria resultante das convenções e obrigações sociais.
Todas as escolas helenísticas trazem certa herança socrática ao admitir que os homens estão
submersos na miséria, na angústia e no mal, porque estão na ignorância; o mal não está nas
coisas, mas no juízo de valor que os homens atribuem a elas. Disso decorre uma exigência: que os
homens cuidem de mudar radicalmente seus juízos de valor e seu modo de pensar e ser. E isso só
é possível mediante a paz interior e a tranquilidade da alma.
Mas se há semelhanças entre as escolas quanto ao modo de conceber a filosofia como terapia da
alma, há também diferenças significativas. Há os dogmáticos, para os quais a terapia consiste
em transformar os juízos de valor e há os céticos e cínicos, para os quais se trata de suspender
todos os juízos. Dentre as dogmáticas, que concordam que a escolha filosófica fundamental deve
corresponder a uma tendência inata do homem, dividem-se em epicurismo, que entende que é a
investigação do prazer que motiva toda atividade humana, e o platonismo, o aristotelismo e o
estoicismo, para os quais, segundo a tradição socrática, o amor do Bem é o instinto primordial do
ser humano.
O estoicismo e o epicurismo distinguem-se da filosofia platônico-aristotélica por uma consciência
da urgência da decisão moral, mas têm diferenças e semelhanças na forma de conceber o método
de ensino. Platonismo, aristotelismo e estoicismo têm em comum a missão de formar os cidadãos
para serem dirigentes políticos. Essa formação visa atingir uma habilidade para o uso da palavra
por meio de numerosos exercícios retóricos e dialéticos, extraindo os princípios da ciência política.
Por essa razão, vários homens vão à Atenas, vindos da África, da Itália, etc., para aprender a
governar. Mas antes precisam aprender a governar a si mesmo, para depois aprender a governar
os outros. Exercitam a sabedoria para assimilar intelectual e espiritualmente os princípios de
pensamento e de vida contida nela. O diálogo vivo e a discussão entre mestre e discípulo são os
meios indispensáveis.
O ensino estoico segue tanto a dialética quanto a retórica, enquanto os discursos epicuristas
seguiam uma forma resolutamente dedutiva, isto é, partiam dos princípios para chegar à
conclusão.
O esforço estoico para apresentar a sua filosofia num corpo sistemático exigia de seus discípulos
que tivessem sempre presente no espírito, por um trabalho constante da memória, o essencial de
seus dogmas. A noção de sistema para estoicos e epicuristas não tem a ver com a construção
conceitual, desprovido da intenção vital. O sistema tem como finalidade reunir sob forma
condensada os dogmas fundamentais que não dispensam uma argumentação rigorosa, formulada
em sentenças curtas (máximas) para ganhar força persuasiva e maior eficácia mnemotécnica
(memória). Estas escolas têm o sistema como conjunto coerente de dogmas que estão
intimamente ligados ao modo de vida praticado.
As escolas estoica e epicurista são consideradas dogmáticas por seguirem uma série de fórmulas
construídas num corpo coerente que são essencialmente ligadas à vida prática. As escolas
platônicas e aristotélicas são reservadas a uma elite que vive no ócio e tem tempo para estudar,
investigar e contemplar, as escolas estoica e epicurista adotaram o espírito popular e missionário
de Sócrates, dirigindo-se a todos os homens, ricos ou pobres, homens ou mulheres, livres ou
escravos. Qualquer um que adote o seu modo de vida será considerado filósofo, mesmo que não
desenvolva, por escrito ou oralmente, um discurso filosófico.
O ceticismo e o cinismo são também uma filosofia popular e missionária, de certo modo exagerado
em suas tendências: o primeiro suspende o juízo sobre a realidade, duvidando de que seja
possível algum conhecimento seguro e estável ou verdadeiro absolutamente; o segundo refere-se
à total indiferença ao mundo e a si mesmo, promovendo um estado de tranquilidade interior e
imperturbabilidade. Ambas dirigem-se a todas as classes da sociedade, instruindo com a própria
vida, denunciando as convenções sociais e propondo um retorno à simplicidade da vida conforme
a natureza.
Período socrático
Por volta do século V aC. começa o que podemos considerar como um novo período na
história da filosofia, ao qual podemos chamar de período Socrático ou ANTROPOLÓGICO.
Esse também é chamado deperíodo clássico da filosofia.
Podemos marcar o início desse período com a atuação dos Sofistas que estavam
preocupados mais com a linguagem e a erudição do que com a explicação do mundo. Para
os sofistas o importante era o bem falar e a arte de convencer o interlocutor.
As contendas políticas e os conflitos de opiniões favoreceram a ação desses professores
ambulantes que consideravam não haver uma verdade única. Alguns comentadores da
história da filosofia viram com maus olhos a atuação dos sofistas, principalmente devido a
escritos de Platão que os considerava não filósofos, mas manipuladores do raciocínio sem
amor pela verdade. Essa visão, entretanto, começa a ser revista, pois se percebe que os
sofistas não eram os aproveitadores mencionados em alguns manuais, mas pessoas que
se utilizaram, de forma pragmática, da filosofia.
O fato é que o centro das atenções tanto dos sofistas como de Sócrates, Platão e
Aristóteles (e dos posteriores) volta-se para o homem e suas relações. Protágoras, um
sofista dirá que "o homem é a medida de todas as coisas; daquelas que são enquanto são;
daquelas que não são, enquanto não são". E Górgias, outro sofista, preocupado com o
discurso, fará a seguinte afirmação: "o bom orador é capaz de convencer qualquer pessoa
sobre qualquer coisa".
A postura dos sofistas, demonstrando pouca preocupação com a verdade e muito mais
com o argumento, levou Platão a colocar na boca de Sócrates a afirmação de que "Ele
supõe saber alguma coisa e não sabe, enquanto eu, se não sei, tampouco suponho saber.
Parece que sou um pouco mais sábio que ele exatamente por não supor que saiba o que
não sei". Vê-se, portanto que a preocupação dos sofistas é a argumentação e a de
Sócrates/Platão é a verdade daquilo que se sabe ou do que se pode saber.
O período antropológico que também é chamado o período Clássico da Filosofia recebe
essa denominação por que nessa época floresceu não só a filosofia como também as artes
e o começo da organização de todo o saber. Principalmente pela atuação de Aristóteles e
seus discípulos do Liceu (nome de sua escola, em homenagem ao deus Apolo Lício)
floresceu o processo de aquisição e sistematização de vários saberes. A filosofia chegou
ao seu apogeu com esses três pensadores que foram uma das maiores marcas da história
do saber.
Algumas curiosidades: Sócrates ensinava na praça de Atenas, dialogando com seus
discípulos e interlocutores. Usava a maieutica e a ironia, como instrumentos
metodológicos. Em virtude de sua postura filosófica foi chamado de "inseto", comparado
com uma mosca: a mosca de Atenas. Um de seus principais discípulos foi Platão. Esse
criou uma escola, a Academia, onde se reunia com seus discípulos e onde ditou os textos
de seus diálogos em que Sócrates é o personagem principal. Um dos principais
ensinamentos de Platão é a teoria do Mundo das idéias e a da Reminiscência da Alma. Na
porta de sua academia estava escrito: "não entre aqui quem não for amante da
matemática". Aristóteles discípulo de Platão, também fundou uma escola, o Liceu, mas não
lecionava dentro de uma sala e sim andando pelos corredores. Daí vem a denominação de
escola peripatética (andar ao redor). Aristóteles foi o grande sistematizador da filosofia
(dos conhecimentos da época), classificando em várias áreas. Fez, através de uma grande
rede de discípulos, estudos de Botânica, Zoologia, Química, Psicologia etc. A esses
estudos denominou Física. Aos estudos sobre o Ser, o conhecimento, entre outros,
chamou de Metafícia (depois da física).
Ainda hoje a cultura e o saber ocidental são tributários à mentalidade e à filosofia grega, do
período clássico: quando falamos em corpo-alma estamos nos referindo a conceitos
originários de Platão. Quando pretendemos maior clareza de nosso interlocutor, e para
isso lhe fazemos uma série de questionamentos, estamos nos reportando a Sócrates.
Quando falamos em lógica, organização e sistematização de conhecimentos, estamos
aplicando uma metodologia aristotélica.
Outra conseqüência da ação desses três pilares da filosofia grega foi o fato de, após suas
mortes, a filosofia ter entrado em um período de declínio. Não por ter perdido qualidade ou
preocupação com o saber, mas pelo fato de, por um longo período, não terem aparecido
grandes nomes, propondo novos sistemas.
Neri de Paula Carneiro – Mestre em Educação,Filósofo, Teólogo, Historiador
Local original do artigo
Período pós-socrático ou Helenismo
A partir do século III aC. inicia-se a decadência político-militar da Grécia. Trata-se de uma
época em a sociedade e os valores entraram em decadência.Conseqüentemente, para
ocupar o vácuo do poder grego ascenderam os macedônios que assimilam a cultura grega,
através de Alexandre, discípulo de Aristóteles. O Helenismo se caracteriza pelo
sincretismo de elementos culturais provindos dos povos do oriente, conquistados por
Alexandre e a cultura grega. A filosofia desse período é, ao mesmo tempo, continuação
dos ensinamentos de Platão e Aristóteles, mantidos pelos seus discípulos e uma
reelaboração desses ensinamentos filosóficos.
As preocupações da filosofia no período Helenista, entretanto, mudam de curso. Deixa de
estar centrada no homem social, político e na compreensão da natureza. Ou seja, a
preocupação deixa de ser em relação a "explicação dos mistérios do universo"(MONDIN,
p. 1982, p. 107) para se voltar para problemas éticos. A filosofia começa a tratar não do
coletivo, mas da vida interior do homem. Essa preocupação ética permaneceu durante
todo o período Helenista, passou pelo Império Romano e continuou com a chegada do
Cristianismo, quando começou uma nova etapa da história da filosofia.
No período Helenista desenvolveram-se várias escolas filosóficas. Podemos destacar:
O CINISMO: esta escola pode ser apresentada como aquela que caracteriza a decadência
moral da sociedade grega e macedônica. Pode-se dizer que o personagem que melhor
caracteriza essa escola é Diógenes que em pleno meio dia, com uma vela acesa andava
pelas ruas dizendo: "procuro o homem". Cinismo vem de Cão (xýon) o que se justifica, pois
o pensador afirmava: "faço festa aos que me dão alguma coisa, lato contra os que não me
dão nada e mordo os celerados" (Diógenes, Apud, REALE; ANTISERI, 1990, p. 233). Num
banquete, ao lhe atirarem osso ele teria urinado em cima, como fazem os cães. "Diogenes
tomava sol quando Alexandre, o homem mais poderoso da terra se aproximou e lhe disse:
'pede-me o que quiseres'; ao que Diógenes respondeu: 'afasta-te do meu sol'" (ibidem,
1990, p. 233). A partir disso já podemos ter uma idéia do que essa escola pregava:
desprezo àquilo que a sociedade dominante considera valor e valorização da simplicidade
do viver. Foi uma escola que atravessou os séculos e podemos dizer que a postura
socrática esteve sempre muito próxima do ideário cínico. Aliás, se levarmos em conta a
afirmação de Gaarder podemos dizer que foi com Sócrates que nasceu o cinismo: diz o
autor: "Conta-se que, um dia, Sócrates parou diante de uma tenda do mercado em que
estavam expostas diversas mercadorias. Depois de algum tempo, ele exclamou: 'Vejam
quantas coisas o ateniense precisa para viver!'. Naturalmente ele queria dizer com isto que
ele próprio não precisava de nada daquilo.
Esta postura de Sócrates foi o ponto de partida para a filosofia cínica, fundada em Atenas
por Antístenes – um discípulo de Sócrates -, por volta de 400 a.C." (Gaarder, 1998, p. 147,
grifo no original)
O ESTOICISMO: esta escola caracteriza-se pelo espírito de completa austeridade física e
moral. Ou seja, o Homem deve suportar os sofrimentos, fugir dos prazeres fáceis e afastar-
se das permissividades e licenciosidades. A sabedoria consiste em manter uma vida
austera. A pratica da virtude "consiste na apatia (apátheia), isto é, na anulação das
paixões" (MONDIN, 1982, p. 112) Essa corrente filosófica influenciou profundamente o
cristianismo, marcando-o até nossos dias, como, por exemplo, a prática da penitência.
EPICURISMO: é a escola que pode ser colocada no extremo oposto ao estoicismo. Ela se
caracteriza pela idéia de que o homem deve buscar o prazer, entendido como "ausência da
dor e não como satisfação das paixões" (Mondin, 1982, p. 114). Desfrutar do prazer é
virtude, portanto é um bem, enquanto a dor é um mal. O supremo prazer é o saber que
pode ser obtido quando se superam as paixões que são a causa da degradação social. Diz
Epicuro "Quando dizemos que o prazer é o bem supremo não queremos referir-nos aos
prazeres do homem corrompido, que pensa só em comer, em beber e nas mulheres"
(Epicuro, apud, Mondin, 1982, p. 115).
O CETICISMO: Nesse mesmo contexto histórico formou-se o ceticismo. O Ceticismo se
caracteriza pela postura de constante busca do conhecimento. Para os céticos a sabedoria
não "não é o conhecimento da verdade, mas sua procura" (Mondin, 1982, p. 116). Pirro,
fundador dessa escola, teria dito que as coisas "são igualmente sem diferença, sem
estabilidade, indiscriminadas; logo nem nossas sensações nem nossas opiniõessão
verdadeiras ou falsas" (REALE; ANTISERI, 1990, p. 268). Assim sendo, o homem deve se
concentrar em desfrutar do que as aparências proporcionam, visto ser impossível chegar a
um saber completo e universal; é impossível ao homem, saber se as coisas são, de fato, o
que parecem ser. Como não há certeza, não existe avanço nos conhecimentos. O
progresso, portanto fica impossibilitado de acontecer.
O ECLÉTISMO: Esta escola desenvolve-se em oposição aos céticos. Afirmavam os
ecléticos que a verdade não se limita a um sistema filosófico e, portanto, deve ser
complementada por elementos das diversas escolas. A base de sua reflexão é assim
sintetizada pela padre B Mondin: "para eles, o desacordo dos filósofos deve-se ao fato de
que, não podendo a fraca ente humana abarcar toda a verdade com um só olhar, um
filósofo limita a sua investigação a um aspecto e outro filósofo a outro aspecto. Assim,
estudando aspectos diferentes da realidade é natural que cheguem a conclusões
diferentes. Por isso, para se chegar a uma compreensão adequada das coisas, não se
deve confiar em um só filósofo, mas é necessário reunir as conclusões das pesquisas dos
melhores entre eles" (MONDIN, 1982, p. 118). A postura eclética pode ser apresentada
como um dos elementos centrais da cultura romana. Seu exército se fez poderoso por que
foi capaz de, entre outras coisas, assimilar valores dos povos e exércitos vencidos.
Os ecléticos, como todos os outros pensadores do período helenista não foram criadores
de sistemas, mas assimiladores, releitores e divulgadores do pensamento grego, com
algumas variantes e acréscimos.
O Cristianismo
Além dessas correntes filosóficas e dentro desse mesmo período nasceu o cristianismo. E
várias das correntes helenistas influenciaram no desenvolvimento dessa nova mística. Em
base disso é que podemos dizer que o cristianismo, nasceu não de Jesus Cristo e do
grupo inicial de discípulos, mas a partir do sincretismo de elementos helênicos, judeus,
orientais e romanos. O cristianismo, portanto é uma religião que se fez por ecletismo. O
grande criador-divulgador do cristianismo foi Paulo de Tarso que após sua conversão levou
os ensinamentos de Jesus para além do mundo judeu. O cristianismo demorou a ser aceito
por alguns judeus, mas se desenvolveu rapidamente entre os chamados gentios. O que
teria sido a proposta de Jesus Cristo, passa a ser reinterpretada de acordo com categorias
greco-romanas. Isso, entretanto, só foi possível devido à crescente decadência do Império
Romano e à releitura de Platão, feita principalmente por Plotino e os demais
Neoplatônicos. Para percebermos a influência grega sobre o cristianismo primitivo
podemos ler as cartas de Paulo, um primor de argumentação e retórica grega.
Emblemática, sobre isso, também, o chamado um discurso de Paulo aos Atenienses, que
o ouvem embevecidos, embora não se convertam por considerarem absurda a pregação
sobre a Ressurreição.
Num primeiro momento o cristianismo se apresenta como Patrística (do séc I ao V,
aproximadamente), e depois como Escolástica, até o fim da Idade Média. Um dos
grandes nomes da Patrística foi Santo Agostinho e da Escolástica foi Santo Tomás de
Aquino.
Durante a patrística os ensinamentos sobre Jesus podem ser agrupados em dois blocos:
os textos dos apologistas e os textos contra as heresias. As apologias surgiram por que os
cristãos precisavam mostrar às autoridades romanas uma defesa de sua fé. Entre os
cristãos também aparecem algumas distorções sobre como entender os ensinamentos de
Jesus ou como falar sobre sua divindade. Contra essas distorções são formulados os
textos para "corrigi-las", uma vez que são consideradas Heresias.
Nos dois casos o trabalho precisa ser desenvolvido através de uma boa argumentação,
que tenha por base os ensinamentos de Jesus, a tradição Judaica e seja apresentado de
forma clara, para que a argumentação seja convincente. Isso foi feito utilizando-se de
elementos e argumentação lógico-formal da filosofia grega. Nesse meio é que se
desenvolveu o Neoplatonismo e se cristalizou, cada vez mais a visão platônica de que este
mundo é onde reside o pecado e a maldade. Por isso devem ser evitados todos os vícios
(estoicismo) para se chegar à pureza do céu (mundo das idéias, de Platão). Graça a isso é
que a partir do século III o cristianismo passou a exercer domínio não só sobre o
pensamento, mas também sobre o mundo político dos romanos. A influencia do
cristianismo se tornou cada vez maior e permaneceu até o fim da Idade Média. Com o
Renascimento, com o advento da Reforma Protestante e o desenvolvimento das bases do
capitalismo, o cristianismo católico perdeu espaço quando desenvolveu-se os tempos
modernos com um vasto leque de correntes filosóficas e políticas.
O segundo momento do cristianismo, a ESCOLÁSTICA, já se confunde com a Idade
Média quando os ensinamentos e valores cristãos são claramente travestidos de
elementos gregos provindos, principalmente, de Aristóteles.
O pensamento cristão, durante a Idade Média, aos poucos, foi deixando de se fundamentar
em Platão para assumir as categorias aristotélicas. Isso se deve ao fato de a filosofia grega
ter, em grande, parte se perdido no mundo ocidental. Permanecia só a vertente
neoplatônica. Mas a partir do nascimento do Islamismo de sua Guerra Santa e de seu
avanço religioso, militar, econômico e político, sobre a Europa, afogando os domínios dos
monarcas católicos surge a necessidade de uma postura de defesa. O comércio passou a
ser assimilado positivamente: os dois lados estavam ganhando. Com isso o perigo militar
também estava contido e as instituições políticas. Mas permanecia o perigo religioso: o
islamismo crescia sobre o cristianismo. E uma das características que permitiam a fácil
assimilação dos valores religiosos islâmicos era a sua lógica e sua apresentação a partir
dos conceitos de Aristóteles, que os europeus e o cristianismo desconheciam.
Para conter o avanço da religião islâmica os cristãos se viram obrigados a rever seus
conceitos e fundamentos de base platônica. Passou-se a ler Aristóteles, suas categorias
filosóficas e "científicas". Ao mesmo tempo elementos cristãos embebidos na filosofia
Aristotélica começavam a ser ensinadas nas escolas das catedrais e nos mosteiros.
Nascia a Escolástica.

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o que é arché

  • 1. Para os filósofos pré-socráticos, a arché ou arqué ( ρχή; origem), seria um princípio que deveriaἀ estar presente em todos os momentos da existência de todas as coisas; no início, no desenvolvimento e no fim de tudo. Princípio pelo qual tudo vem a ser. Tales de Mileto: a água Para Tales, é possível derivar toda a realidade de um único principio supremo. Sendo, água, terra, ar e fogo que o bom-senso considera primordiais e constitutivos de todas as coisas, a água tenha prioridade sobre os outros. Anaximandro: ápeíron O apeíron, o orincipio e o elemento primordial das coisas é o ilimitado. Anaxímenes de Mileto: o ar Põe como principio de todas as coisas o ar. Do ar procedem todos os outros elementos e, por conseqüência, todas as coisas. Heráclito de Éfeso: o fogo Do fogo, mediante os movimentos ascendentes e descendentes, procedem-se e todas coisas.no movimento descendente o fogo condensa-se e torna-se o ar, no ascendente estes elementos se refazem e voltam a ser fogo. Logos: a lei que regula essa harmonia. Pitágoras de Samos: o número Empédocles de Agrigento: os quatro elementos O principio primordial das coisas não deve ser posto em algo diverso do mundo, mas quatro elementos: não em um só mas no quatro elementos ao mesmo tempo. Esta combinação é possível porque nos quatros elementos existem poros que permitem ás partículas de um elemento penetrar no outro. Principio básico é de que as coisas são conhecidas mediante as coisas que lhe são semelhantes, (o semelhante é conhecido por meio do semelhante) Anaxágoras : nous A mente como o principio ordenador das coisas. Uma concepção espiritual. Demócrito: os átomos
  • 2. Ele acreditava que todas as coisas eram formadas por uma infinidade de "pedrinhas minúsculas, invisíveis, cada uma delas sendo eterna, imutável e indivisível". A estas unidades mínimas deu o nome de ÁTOMOS. Átomo significa indivisível, cada coisa que existe é formada por uma infinidade dessas unidades indivisíveis. "Isto porque se os átomos também fossem passíveis de desintegração e pudessem ser divididas em unidades ainda menores, a natureza acabaria por diluir-se totalmente". A palavra “helenística” deriva de helenismo, termo que corresponde ao período que vai de Alexandre Magno, o macedônico, até o da dominação romana (fim do séc. IV a. C. ao fim do séc. I d.C.). Alexandre foi o grande responsável por estender a influência grega desde o Egito até a Índia. A filosofia helenística corresponde a um desenvolvimento natural do movimento intelectual que a precedeu e torna a defrontar-se muitas vezes com temas pré-socráticos; porém, sobretudo ela é profundamente marcada pelo espírito socrático. A experiência com outros povos também lhe permitiu desempenhar certo papel no desenvolvimento da noção de cosmopolitismo, isto é, da ideia de homem como cidadão do mundo. As escolas helenísticas têm em comum a atividade filosófica, como amor e investigação da sabedoria, sendo esta um modo de vida. Elas não se diferenciavam muito na escolha da forma de sabedoria. Todas elas definiam a sabedoria como um estado de perfeita tranquilidade da alma. Nesse sentido, a filosofia é uma terapêutica dos cuidados, das angústias e da miséria humana, miséria resultante das convenções e obrigações sociais. Todas as escolas helenísticas trazem certa herança socrática ao admitir que os homens estão submersos na miséria, na angústia e no mal, porque estão na ignorância; o mal não está nas coisas, mas no juízo de valor que os homens atribuem a elas. Disso decorre uma exigência: que os homens cuidem de mudar radicalmente seus juízos de valor e seu modo de pensar e ser. E isso só é possível mediante a paz interior e a tranquilidade da alma. Mas se há semelhanças entre as escolas quanto ao modo de conceber a filosofia como terapia da alma, há também diferenças significativas. Há os dogmáticos, para os quais a terapia consiste em transformar os juízos de valor e há os céticos e cínicos, para os quais se trata de suspender todos os juízos. Dentre as dogmáticas, que concordam que a escolha filosófica fundamental deve corresponder a uma tendência inata do homem, dividem-se em epicurismo, que entende que é a investigação do prazer que motiva toda atividade humana, e o platonismo, o aristotelismo e o estoicismo, para os quais, segundo a tradição socrática, o amor do Bem é o instinto primordial do ser humano.
  • 3. O estoicismo e o epicurismo distinguem-se da filosofia platônico-aristotélica por uma consciência da urgência da decisão moral, mas têm diferenças e semelhanças na forma de conceber o método de ensino. Platonismo, aristotelismo e estoicismo têm em comum a missão de formar os cidadãos para serem dirigentes políticos. Essa formação visa atingir uma habilidade para o uso da palavra por meio de numerosos exercícios retóricos e dialéticos, extraindo os princípios da ciência política. Por essa razão, vários homens vão à Atenas, vindos da África, da Itália, etc., para aprender a governar. Mas antes precisam aprender a governar a si mesmo, para depois aprender a governar os outros. Exercitam a sabedoria para assimilar intelectual e espiritualmente os princípios de pensamento e de vida contida nela. O diálogo vivo e a discussão entre mestre e discípulo são os meios indispensáveis. O ensino estoico segue tanto a dialética quanto a retórica, enquanto os discursos epicuristas seguiam uma forma resolutamente dedutiva, isto é, partiam dos princípios para chegar à conclusão. O esforço estoico para apresentar a sua filosofia num corpo sistemático exigia de seus discípulos que tivessem sempre presente no espírito, por um trabalho constante da memória, o essencial de seus dogmas. A noção de sistema para estoicos e epicuristas não tem a ver com a construção conceitual, desprovido da intenção vital. O sistema tem como finalidade reunir sob forma condensada os dogmas fundamentais que não dispensam uma argumentação rigorosa, formulada em sentenças curtas (máximas) para ganhar força persuasiva e maior eficácia mnemotécnica (memória). Estas escolas têm o sistema como conjunto coerente de dogmas que estão intimamente ligados ao modo de vida praticado. As escolas estoica e epicurista são consideradas dogmáticas por seguirem uma série de fórmulas construídas num corpo coerente que são essencialmente ligadas à vida prática. As escolas platônicas e aristotélicas são reservadas a uma elite que vive no ócio e tem tempo para estudar, investigar e contemplar, as escolas estoica e epicurista adotaram o espírito popular e missionário de Sócrates, dirigindo-se a todos os homens, ricos ou pobres, homens ou mulheres, livres ou escravos. Qualquer um que adote o seu modo de vida será considerado filósofo, mesmo que não desenvolva, por escrito ou oralmente, um discurso filosófico. O ceticismo e o cinismo são também uma filosofia popular e missionária, de certo modo exagerado em suas tendências: o primeiro suspende o juízo sobre a realidade, duvidando de que seja possível algum conhecimento seguro e estável ou verdadeiro absolutamente; o segundo refere-se à total indiferença ao mundo e a si mesmo, promovendo um estado de tranquilidade interior e imperturbabilidade. Ambas dirigem-se a todas as classes da sociedade, instruindo com a própria
  • 4. vida, denunciando as convenções sociais e propondo um retorno à simplicidade da vida conforme a natureza. Período socrático Por volta do século V aC. começa o que podemos considerar como um novo período na história da filosofia, ao qual podemos chamar de período Socrático ou ANTROPOLÓGICO. Esse também é chamado deperíodo clássico da filosofia. Podemos marcar o início desse período com a atuação dos Sofistas que estavam preocupados mais com a linguagem e a erudição do que com a explicação do mundo. Para os sofistas o importante era o bem falar e a arte de convencer o interlocutor. As contendas políticas e os conflitos de opiniões favoreceram a ação desses professores ambulantes que consideravam não haver uma verdade única. Alguns comentadores da história da filosofia viram com maus olhos a atuação dos sofistas, principalmente devido a escritos de Platão que os considerava não filósofos, mas manipuladores do raciocínio sem amor pela verdade. Essa visão, entretanto, começa a ser revista, pois se percebe que os sofistas não eram os aproveitadores mencionados em alguns manuais, mas pessoas que se utilizaram, de forma pragmática, da filosofia. O fato é que o centro das atenções tanto dos sofistas como de Sócrates, Platão e Aristóteles (e dos posteriores) volta-se para o homem e suas relações. Protágoras, um sofista dirá que "o homem é a medida de todas as coisas; daquelas que são enquanto são; daquelas que não são, enquanto não são". E Górgias, outro sofista, preocupado com o discurso, fará a seguinte afirmação: "o bom orador é capaz de convencer qualquer pessoa sobre qualquer coisa". A postura dos sofistas, demonstrando pouca preocupação com a verdade e muito mais com o argumento, levou Platão a colocar na boca de Sócrates a afirmação de que "Ele supõe saber alguma coisa e não sabe, enquanto eu, se não sei, tampouco suponho saber. Parece que sou um pouco mais sábio que ele exatamente por não supor que saiba o que não sei". Vê-se, portanto que a preocupação dos sofistas é a argumentação e a de Sócrates/Platão é a verdade daquilo que se sabe ou do que se pode saber. O período antropológico que também é chamado o período Clássico da Filosofia recebe essa denominação por que nessa época floresceu não só a filosofia como também as artes e o começo da organização de todo o saber. Principalmente pela atuação de Aristóteles e
  • 5. seus discípulos do Liceu (nome de sua escola, em homenagem ao deus Apolo Lício) floresceu o processo de aquisição e sistematização de vários saberes. A filosofia chegou ao seu apogeu com esses três pensadores que foram uma das maiores marcas da história do saber. Algumas curiosidades: Sócrates ensinava na praça de Atenas, dialogando com seus discípulos e interlocutores. Usava a maieutica e a ironia, como instrumentos metodológicos. Em virtude de sua postura filosófica foi chamado de "inseto", comparado com uma mosca: a mosca de Atenas. Um de seus principais discípulos foi Platão. Esse criou uma escola, a Academia, onde se reunia com seus discípulos e onde ditou os textos de seus diálogos em que Sócrates é o personagem principal. Um dos principais ensinamentos de Platão é a teoria do Mundo das idéias e a da Reminiscência da Alma. Na porta de sua academia estava escrito: "não entre aqui quem não for amante da matemática". Aristóteles discípulo de Platão, também fundou uma escola, o Liceu, mas não lecionava dentro de uma sala e sim andando pelos corredores. Daí vem a denominação de escola peripatética (andar ao redor). Aristóteles foi o grande sistematizador da filosofia (dos conhecimentos da época), classificando em várias áreas. Fez, através de uma grande rede de discípulos, estudos de Botânica, Zoologia, Química, Psicologia etc. A esses estudos denominou Física. Aos estudos sobre o Ser, o conhecimento, entre outros, chamou de Metafícia (depois da física). Ainda hoje a cultura e o saber ocidental são tributários à mentalidade e à filosofia grega, do período clássico: quando falamos em corpo-alma estamos nos referindo a conceitos originários de Platão. Quando pretendemos maior clareza de nosso interlocutor, e para isso lhe fazemos uma série de questionamentos, estamos nos reportando a Sócrates. Quando falamos em lógica, organização e sistematização de conhecimentos, estamos aplicando uma metodologia aristotélica. Outra conseqüência da ação desses três pilares da filosofia grega foi o fato de, após suas mortes, a filosofia ter entrado em um período de declínio. Não por ter perdido qualidade ou preocupação com o saber, mas pelo fato de, por um longo período, não terem aparecido grandes nomes, propondo novos sistemas. Neri de Paula Carneiro – Mestre em Educação,Filósofo, Teólogo, Historiador Local original do artigo
  • 6. Período pós-socrático ou Helenismo A partir do século III aC. inicia-se a decadência político-militar da Grécia. Trata-se de uma época em a sociedade e os valores entraram em decadência.Conseqüentemente, para ocupar o vácuo do poder grego ascenderam os macedônios que assimilam a cultura grega, através de Alexandre, discípulo de Aristóteles. O Helenismo se caracteriza pelo sincretismo de elementos culturais provindos dos povos do oriente, conquistados por Alexandre e a cultura grega. A filosofia desse período é, ao mesmo tempo, continuação dos ensinamentos de Platão e Aristóteles, mantidos pelos seus discípulos e uma reelaboração desses ensinamentos filosóficos. As preocupações da filosofia no período Helenista, entretanto, mudam de curso. Deixa de estar centrada no homem social, político e na compreensão da natureza. Ou seja, a preocupação deixa de ser em relação a "explicação dos mistérios do universo"(MONDIN, p. 1982, p. 107) para se voltar para problemas éticos. A filosofia começa a tratar não do coletivo, mas da vida interior do homem. Essa preocupação ética permaneceu durante todo o período Helenista, passou pelo Império Romano e continuou com a chegada do Cristianismo, quando começou uma nova etapa da história da filosofia. No período Helenista desenvolveram-se várias escolas filosóficas. Podemos destacar: O CINISMO: esta escola pode ser apresentada como aquela que caracteriza a decadência moral da sociedade grega e macedônica. Pode-se dizer que o personagem que melhor caracteriza essa escola é Diógenes que em pleno meio dia, com uma vela acesa andava pelas ruas dizendo: "procuro o homem". Cinismo vem de Cão (xýon) o que se justifica, pois o pensador afirmava: "faço festa aos que me dão alguma coisa, lato contra os que não me dão nada e mordo os celerados" (Diógenes, Apud, REALE; ANTISERI, 1990, p. 233). Num banquete, ao lhe atirarem osso ele teria urinado em cima, como fazem os cães. "Diogenes tomava sol quando Alexandre, o homem mais poderoso da terra se aproximou e lhe disse: 'pede-me o que quiseres'; ao que Diógenes respondeu: 'afasta-te do meu sol'" (ibidem, 1990, p. 233). A partir disso já podemos ter uma idéia do que essa escola pregava: desprezo àquilo que a sociedade dominante considera valor e valorização da simplicidade do viver. Foi uma escola que atravessou os séculos e podemos dizer que a postura socrática esteve sempre muito próxima do ideário cínico. Aliás, se levarmos em conta a afirmação de Gaarder podemos dizer que foi com Sócrates que nasceu o cinismo: diz o autor: "Conta-se que, um dia, Sócrates parou diante de uma tenda do mercado em que estavam expostas diversas mercadorias. Depois de algum tempo, ele exclamou: 'Vejam quantas coisas o ateniense precisa para viver!'. Naturalmente ele queria dizer com isto que ele próprio não precisava de nada daquilo. Esta postura de Sócrates foi o ponto de partida para a filosofia cínica, fundada em Atenas por Antístenes – um discípulo de Sócrates -, por volta de 400 a.C." (Gaarder, 1998, p. 147, grifo no original) O ESTOICISMO: esta escola caracteriza-se pelo espírito de completa austeridade física e moral. Ou seja, o Homem deve suportar os sofrimentos, fugir dos prazeres fáceis e afastar- se das permissividades e licenciosidades. A sabedoria consiste em manter uma vida austera. A pratica da virtude "consiste na apatia (apátheia), isto é, na anulação das paixões" (MONDIN, 1982, p. 112) Essa corrente filosófica influenciou profundamente o cristianismo, marcando-o até nossos dias, como, por exemplo, a prática da penitência. EPICURISMO: é a escola que pode ser colocada no extremo oposto ao estoicismo. Ela se caracteriza pela idéia de que o homem deve buscar o prazer, entendido como "ausência da dor e não como satisfação das paixões" (Mondin, 1982, p. 114). Desfrutar do prazer é virtude, portanto é um bem, enquanto a dor é um mal. O supremo prazer é o saber que pode ser obtido quando se superam as paixões que são a causa da degradação social. Diz Epicuro "Quando dizemos que o prazer é o bem supremo não queremos referir-nos aos prazeres do homem corrompido, que pensa só em comer, em beber e nas mulheres" (Epicuro, apud, Mondin, 1982, p. 115). O CETICISMO: Nesse mesmo contexto histórico formou-se o ceticismo. O Ceticismo se caracteriza pela postura de constante busca do conhecimento. Para os céticos a sabedoria
  • 7. não "não é o conhecimento da verdade, mas sua procura" (Mondin, 1982, p. 116). Pirro, fundador dessa escola, teria dito que as coisas "são igualmente sem diferença, sem estabilidade, indiscriminadas; logo nem nossas sensações nem nossas opiniõessão verdadeiras ou falsas" (REALE; ANTISERI, 1990, p. 268). Assim sendo, o homem deve se concentrar em desfrutar do que as aparências proporcionam, visto ser impossível chegar a um saber completo e universal; é impossível ao homem, saber se as coisas são, de fato, o que parecem ser. Como não há certeza, não existe avanço nos conhecimentos. O progresso, portanto fica impossibilitado de acontecer. O ECLÉTISMO: Esta escola desenvolve-se em oposição aos céticos. Afirmavam os ecléticos que a verdade não se limita a um sistema filosófico e, portanto, deve ser complementada por elementos das diversas escolas. A base de sua reflexão é assim sintetizada pela padre B Mondin: "para eles, o desacordo dos filósofos deve-se ao fato de que, não podendo a fraca ente humana abarcar toda a verdade com um só olhar, um filósofo limita a sua investigação a um aspecto e outro filósofo a outro aspecto. Assim, estudando aspectos diferentes da realidade é natural que cheguem a conclusões diferentes. Por isso, para se chegar a uma compreensão adequada das coisas, não se deve confiar em um só filósofo, mas é necessário reunir as conclusões das pesquisas dos melhores entre eles" (MONDIN, 1982, p. 118). A postura eclética pode ser apresentada como um dos elementos centrais da cultura romana. Seu exército se fez poderoso por que foi capaz de, entre outras coisas, assimilar valores dos povos e exércitos vencidos. Os ecléticos, como todos os outros pensadores do período helenista não foram criadores de sistemas, mas assimiladores, releitores e divulgadores do pensamento grego, com algumas variantes e acréscimos. O Cristianismo Além dessas correntes filosóficas e dentro desse mesmo período nasceu o cristianismo. E várias das correntes helenistas influenciaram no desenvolvimento dessa nova mística. Em base disso é que podemos dizer que o cristianismo, nasceu não de Jesus Cristo e do grupo inicial de discípulos, mas a partir do sincretismo de elementos helênicos, judeus, orientais e romanos. O cristianismo, portanto é uma religião que se fez por ecletismo. O grande criador-divulgador do cristianismo foi Paulo de Tarso que após sua conversão levou os ensinamentos de Jesus para além do mundo judeu. O cristianismo demorou a ser aceito por alguns judeus, mas se desenvolveu rapidamente entre os chamados gentios. O que teria sido a proposta de Jesus Cristo, passa a ser reinterpretada de acordo com categorias greco-romanas. Isso, entretanto, só foi possível devido à crescente decadência do Império Romano e à releitura de Platão, feita principalmente por Plotino e os demais Neoplatônicos. Para percebermos a influência grega sobre o cristianismo primitivo podemos ler as cartas de Paulo, um primor de argumentação e retórica grega. Emblemática, sobre isso, também, o chamado um discurso de Paulo aos Atenienses, que o ouvem embevecidos, embora não se convertam por considerarem absurda a pregação sobre a Ressurreição. Num primeiro momento o cristianismo se apresenta como Patrística (do séc I ao V, aproximadamente), e depois como Escolástica, até o fim da Idade Média. Um dos grandes nomes da Patrística foi Santo Agostinho e da Escolástica foi Santo Tomás de Aquino. Durante a patrística os ensinamentos sobre Jesus podem ser agrupados em dois blocos: os textos dos apologistas e os textos contra as heresias. As apologias surgiram por que os cristãos precisavam mostrar às autoridades romanas uma defesa de sua fé. Entre os cristãos também aparecem algumas distorções sobre como entender os ensinamentos de Jesus ou como falar sobre sua divindade. Contra essas distorções são formulados os textos para "corrigi-las", uma vez que são consideradas Heresias. Nos dois casos o trabalho precisa ser desenvolvido através de uma boa argumentação, que tenha por base os ensinamentos de Jesus, a tradição Judaica e seja apresentado de forma clara, para que a argumentação seja convincente. Isso foi feito utilizando-se de elementos e argumentação lógico-formal da filosofia grega. Nesse meio é que se desenvolveu o Neoplatonismo e se cristalizou, cada vez mais a visão platônica de que este mundo é onde reside o pecado e a maldade. Por isso devem ser evitados todos os vícios
  • 8. (estoicismo) para se chegar à pureza do céu (mundo das idéias, de Platão). Graça a isso é que a partir do século III o cristianismo passou a exercer domínio não só sobre o pensamento, mas também sobre o mundo político dos romanos. A influencia do cristianismo se tornou cada vez maior e permaneceu até o fim da Idade Média. Com o Renascimento, com o advento da Reforma Protestante e o desenvolvimento das bases do capitalismo, o cristianismo católico perdeu espaço quando desenvolveu-se os tempos modernos com um vasto leque de correntes filosóficas e políticas. O segundo momento do cristianismo, a ESCOLÁSTICA, já se confunde com a Idade Média quando os ensinamentos e valores cristãos são claramente travestidos de elementos gregos provindos, principalmente, de Aristóteles. O pensamento cristão, durante a Idade Média, aos poucos, foi deixando de se fundamentar em Platão para assumir as categorias aristotélicas. Isso se deve ao fato de a filosofia grega ter, em grande, parte se perdido no mundo ocidental. Permanecia só a vertente neoplatônica. Mas a partir do nascimento do Islamismo de sua Guerra Santa e de seu avanço religioso, militar, econômico e político, sobre a Europa, afogando os domínios dos monarcas católicos surge a necessidade de uma postura de defesa. O comércio passou a ser assimilado positivamente: os dois lados estavam ganhando. Com isso o perigo militar também estava contido e as instituições políticas. Mas permanecia o perigo religioso: o islamismo crescia sobre o cristianismo. E uma das características que permitiam a fácil assimilação dos valores religiosos islâmicos era a sua lógica e sua apresentação a partir dos conceitos de Aristóteles, que os europeus e o cristianismo desconheciam. Para conter o avanço da religião islâmica os cristãos se viram obrigados a rever seus conceitos e fundamentos de base platônica. Passou-se a ler Aristóteles, suas categorias filosóficas e "científicas". Ao mesmo tempo elementos cristãos embebidos na filosofia Aristotélica começavam a ser ensinadas nas escolas das catedrais e nos mosteiros. Nascia a Escolástica.