Este documento resume o livro "Claro Enigma" de Carlos Drummond de Andrade, publicado em 1951. O livro contém 41 poemas divididos em 6 partes que abordam temas filosóficos e formais tradicionais como o soneto. Os poemas exploram tópicos como amor, morte e reflexão sobre a condição humana.
5. noite = negativa
amanhecer =
positivo
rosa = esperança
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X
Escurece, e não me seduz
tatear sequer uma lâmpada.
Pois que aprouve ao dia findar,
aceito a noite.
“Dissolução”
(...)
Esta rosa é definitiva,
ainda que pobre.
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Tão delicados (mais que um arbusto) e correm
e correm de um para o outro lado, sempre esquecidos
de alguma coisa. Certamente falta-lhes
não sei que atributo essencial (...)
(“Um Boi Vê os Homens”)
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II – Notícias Amorosas
Que pode uma criatura senão entre
criaturas, amar?
Amar e esquecer?
Amar e malamar
Amar, desamar e amar
Sempre, e até de olhos vidrados, amar?
(...)
Este é o nosso destino: amor sem conta,
distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,
doação ilimitada a uma completa ingratidão,
e na concha vazia do amor a procura medrosa,
paciente, de mais e mais amor.
(“Amar”)
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o redondo, claro, apolíneo
riso de quem conhece a morte.
O riso, agora "nosso", sugere no final a
expectativa diante do mistério:
Se de nosso nada possuímos
salvo o apaixonado transporte
— vida é paixão —, contigo rimos,
expectantes, em frente à Porta!
(“Aniversário”)
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De nossa mente lavamos o ouro como de nossa alma um dia os erros
se lavarão na pia da penitência. E filhos netos bisnetos
tataranetos despojados dos bens mais sólidos e rutilantes portanto os
[mais completos
irão tomando a pouco e pouco desapego de toda fortuna
e concentrando seu fervor numa riqueza só, abstrata e una.
(“Os Bens e o Sangue”)
16. 9 temas de Drummond
O indivíduo “retorcido”
Terra natal
Família
“Amigos”
Choque social
Amor “amaro”
Metalinguagem
Exercícios lúdicos
Reflexões metafísicas
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Às duas horas da tarde deste nove de agosto de 1847
nesta fazenda do Tanque e em dez outras casas de rei, q não de valete,
em Itabira Ferros Guanhães Cocais Joanesia Capão
diante do estrume em q se movem nossos escravos, e da viração
perfumada dos cafezais q trança na palma dos coqueiros (...)
(“Os Bens e o Sangue”)
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(...) ali ao canto da mesa,
não por humilde, talvez
por ser o rei dos vaidosos
e se pelar por incômodas
posições de tipo gauche,
ali me vês tu. Que tal?
Fica tranquilo: trabalho.
Afinal, a boa vida
ficou apenas: a vida
(e nem era assim tão boa
e nem se fez muito má).
Pois ele sou eu. Repara:
tenho todos os defeitos
que não farejei em ti (...)
(“A Mesa”)
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E como eu palmilhasse vagamente
uma estrada de Minas, pedregosa,
(...)
a máquina do mundo se entreabriu
para quem de a romper já se esquivava
e só de o ter pensado se carpia.
e a memória dos deuses, e o solene
sentimento de morte, que floresce
no caule da existência mais gloriosa,
tudo se apresentou nesse relance
e me chamou para seu reino augusto,
afinal submetido à vista humana.
(“A Máquina do Mundo”)