1. Publicado pela revista Psicologia: Teoria e Prática – 2010, 12(3):66-77Publicado pela revista Psicologia: Teoria e Prática – 2010, 12(3):66-77
Avaliação de estresse em policiais militaresAvaliação de estresse em policiais militares
Por Rafael Almeida Psicólogo Clínico CRP04/45541Por Rafael Almeida Psicólogo Clínico CRP04/45541
Professor substituto da Disciplina de DesenvolvimentoProfessor substituto da Disciplina de Desenvolvimento
Interpessoal CFSD2016 PMMGInterpessoal CFSD2016 PMMG
2. Muitos profissionais, ao ingressarem na carreira, são
atraídos pelo status da profissão, pela possibilidade de
ascensão e “segurança” do concurso público, porém,
com o decorrer do tempo,
deparam-se, entre outros
aspectos, com a falta de
reconhecimento, a percepção
de risco e risco real, as perdas
de colegas e o sofrimento
mental represado pela
corporação.
3.
4. Na fase de alerta, o
organismo é exposto a uma
situação de tensão e se
prepara para a ação. Algumas
reações presentes são
taquicardia, tensão muscular
e sudorese. Se o agente
estressor não é excluído, o
organismo passa ao estágio
de resistência.
5. Na fase de resistência, o
sujeito, automaticamente,
utiliza energia adaptativa
para se reequilibrar.
Quando consegue, os sinais
iniciais (das reações
bioquímicas) desaparecem e
o indivíduo tem a impressão
de que melhorou, porém a
sensação de desgaste
generalizado, sem causa
aparente, e as dificuldades
com a memória ocorrem
nesse estágio, mas, muitas
vezes, não são identificadas
pelo indivíduo em situações
de estresse excessivo.
6. Na fase de quase exaustão, o organismo
está enfraquecido e não consegue se
adaptar ou resistir ao estressor. Nesse
estágio, as doenças começam a aparecer,
como herpes simples, psoríase, picos de
hipertensão e diabetes.
7. Na fase de exaustão, a exaustão psicológica e a física se manifestam, e, em alguns
casos, a morte pode ocorrer. As doenças aparecem frequentemente tanto em
nível psicológico, em forma de depressão, ansiedade aguda, inabilidade de tomar
decisões, vontade de fugir de tudo, como também em nível físico, com alterações
orgânicas, hipertensão arterial essencial, úlcera gástrica, psoríase, vitiligo e
diabetes.
8. O estresse é definido como um estado de tensão que causa uma ruptura no equilíbrio
interno do organismo. Quando o estresse ocorre, o equilíbrio (homeostase) é quebrado, e
não há mais entrosamento entre os vários órgãos do corpo. Como o organismo tem o
impulso de buscar o equilíbrio, automaticamente é feito um esforço para restabelecer a
homeostase interior.
Quando consegue restabelecer a ordem interior, o estresse é eliminado, e o organismo
recupera se e volta ao seu estado normal. A volta ao equilíbrio pode ocorrer pelo término‑
da fonte de estresse ou quando se aprende a lidar com ela adequadamente, mesmo em
sua presença. Porém, nem sempre a volta ao equilíbrio pelo organismo ocorre de
forma satisfatória.
9. Quando o peso psíquico do trabalho se eleva,
torna se fonte de tensão e desprazer,‑
convergindo em fadiga, astenia e outras
patologias.
O estudo de Minayo, Souza e Constantino
(2007), com base em uma pesquisa, investigou
características socioeconômicas, qualidade de
vida, condições de trabalho e de saúde de
policiais militares e civis do Estado do Rio de
Janeiro. Ficou evidenciado que os policiais são
as maiores vítimas do desempenho de suas
atividades, sobretudo os militares e aqueles que
exercem funções operacionais. Diferentes
variáveis se associaram à vivência de risco nas
duas corporações, destacando se as condições‑
de trabalho, em especial, o exercício de outras
atividades no período legal de descanso. Na
finalização, o estudo apontou os conflitos
enfrentados pelos policiais em sua atividade
profissional como causadores de grande
sofrimento mental.
10.
11.
12. Os resultados da pesquisa indicaram que a
profissão policial militar necessita de maior
atenção quanto ao aspecto psicológico, visto que
o índice de policiais com estresse foi elevado.
A população de policiais faz uso de
tranquilizantes diária ou semanalmente, um
número quase seis vezes maior que a média da
população nacional. Tal situação pode estar
relacionada à natureza e às condições do
trabalho, uma vez que há uma dedução de que o
uso das substâncias eram utilizadas após a
jornada de trabalho. Portanto, esses
profissionais
parecem mais propensos a desenvolver outras
patologias psicológicas, o que confirma a
necessidade de um trabalho preventivo e
paliativo.
13. Apesar de o estresse ser quase sempre
reversível, é preciso formular tratamentos ou
ações preventivas, considerando o que estressa
o policial e como reduzir ou eliminar os
estressores. Além disso, devem se adotar‑
tratamentos capazes de aumentar a resistência
desses profissionais e aliviar os sintomas
presentes no momento. Recomendam se, ainda,‑
formas de minimizar os efeitos do estresse,
como alimentação equilibrada, relaxamentos,
exercício físico, entre outras, como
acompanhamento psicológico individual e,
consequentemente, estratégias
de enfrentamento para manter a estabilidade
emocional dos policiais, atitude positiva
perante o trabalho, de forma a gerar qualidade
de vida.
14. A embriaguez em serviço é crime previsto no artigo 202 do Código Penal Militar,
prevendo pena de detenção de seis meses a dois anos.
15. O serviço policial é muito desgastante e
exaustivo, o que faz muitos policiais
recorrerem do uso de drogas lícitas e/ou
ilícitas para mascarar problemas pessoais ou
institucionais. É preciso que o problema do
alcoolismo seja visto da ótica humana, como
uma doença, uma vez que a própria
Organização Mundial de Saúde (OMS) já o
trata como tal.
16. O serviço policial é muito desgastante e
exaustivo, o que faz muitos policiais
recorrerem do uso de drogas lícitas e/ou
ilícitas para mascarar problemas pessoais
ou institucionais. É preciso que o
problema do alcoolismo seja visto da ótica
humana, como uma doença, uma vez que
a própria Organização Mundial de Saúde
(OMS) já o trata como tal.
17. O Código Internacional de Doença já trata
o alcoolismo como doença (F10 –
Transtornos mentais e comportamentais
devidos ao uso de álcool). Da mesma
forma o Tribunal Superior do Trabalho
(TST) veiculou uma nota no seu site oficial
descaracterizando justa causa em
demissão por alcoolismo. Para o TST, o
alcoolismo “é patologia que gera
compulsão, impele o alcoolista a consumir
descontroladamente a substância
psicoativa e retira-lhe a capacidade de
discernimento sobre seus atos”,
merecendo, por isso, “tratamento e não
punição”.
18. Definição
• A dependência de álcool (alcoolismo) é uma doença crônica e
multifatorial;
• Isso significa que diversos fatores contribuem para o seu
desenvolvimento, incluindo a quantidade e frequência de uso
do álcool, a condição de saúde do indivíduo e fatores
genéticos, psicossociais e ambientais.
• No entanto, o diagnóstico é baseado na 5ª edição do Manual
Diagnóstico Estatístico de Transtornos Mentais (Diagnostic
and Statistical Manual of Mental Disorders, DSM-5), da
Associação Americana de Psiquiatria.
19. Nivel de álcool X Efeitos a curto prazo
• 0,01 a 0,05 g% - Sensação de relaxamento e leve
euforia;
• 0,10 a 0,15 g% - Caminhar e utilizar habilidades
motoras finas tornam-se muito difíceis;
• 0,20 a 0,25 g% - A visão se torna obscura, a fala é
confusa, é impossível caminhar sem cambalear e
pode haver coma alcoólico;
• Acima de 0,35 g% - Pode ocorrer a morte.
20. • 30 a 50% dos usuários satisfazem os critérios para
transtorno depressivo maior(17,1%);
• 33% tem um transtorno de ansiedade
concomitante(5,1%);
• 14% possuem personalidades antissociais(1 a 3%) e
• 36% são adictos em outras substâncias.
O perfil dos alcoolistas x Transtornos
mentais
21. Efeitos Psicossociais
• Desinibição comportamental: falsa sensação
de confiança e liberdade dos limites sociais
resultantes do consumo de álcool. Resultando
em maior agressividade, riscos ou
comportamentos que seriam evitados em
outras circunstâncias.
22. • Miopia do álcool: tendência do álcool a
aumentar a concentração da pessoa em
situações imediatas e de reduzir a consciência
a respeito de situações distantes;
• Por exemplo, estudo com universitários
divididos em pares e conversando por 15
minutos após ingestão de bebidas alcoólicas.
23. • Envolvimento em situações sexuais sem
proteção;
• Problemas sociais diversos, como dificuldades
em relacionamentos interpessoais;
• Diversos tipos de violências, como homicídios,
agressões, roubos, suicídios, estupros e
assédio doméstico.
24. Álcool e redução da tensão
• Hipótese da redução da tensão, ou seja, o
álcool e outras substâncias que causam
dependência são reforçadores porque aliviam
a tensão, em parte por estimularem o SNC
para liberar neurotransmissores que acalmam
a ansiedade e reduzem a sensibilidade a dor.
25. • Modelo da autoconsciência, propõe que o álcool
distorce o processamento de informações,
tornando o pensamento mais superficial e menos
crítico;
• Modelo da autodepreciação, propõe que
algumas pessoas que bebem utilizam o álcool
como desculpa para os fracassos pessoais e
outros resultados negativos em suas vidas.
Fatores cognitivos sociais
26. • Um terceiro modelo defende que o
comportamento sob o efeito do álcool
represente um descanso bem vindo das regras
da vida cotidiana.
• Cada um desses modelos, enfatiza a
importância do contexto social no ato de
beber.
27. Tratamento e prevenção da dependência de
álcool
• Os medicamentos incluem agentes de desintoxicação
para administrar a abstinência, agentes
sensibilizadores ao álcool para impedir que o
indivíduo beba no futuro e agentes antidesejo para
reduzir o risco de recaída;
• No maioria dos casos devido a depressão, são
administrados antidepressivos, pro exemplo, a
fluoxetina;
28. • Terapia comportamental que conecta um
estímulo desagradável(um medicamento
nauseante) a um comportamento
indesejável(beber ou fumar), fazendo com
que o paciente evite o comportamento;
• Exemplo disso é a associação de Dissulfiram e
o consumo de álcool.
29. • Uma forma de prevenção baseia-se na extinção
gradual dos estímulos para a bebida;
• A pessoa é exposta repetidas vezes a estímulos
relacionados ao álcool, como o aroma da bebida
preferida, mas não pode beber;
• As respostas dos pacientes, que de início estavam
física e psicologicamente condicionadas, diminuem
com a exposição repetida em numerosas sessões.
30. • Treinamento de enfrentamento e habilidades
sociais, ensina-se estratégias aos indivíduos
para enfrentar situações de alto risco sem
ajuda do álcool;
• Essas situações em geral, envolvem pressões
sociais, emoções negativas como a raiva e a
frustração e dificuldades de comunicação.
31. • Controle de bebida: Os pesquisadores tem
debatido de forma intensa sobre a controversa
questão de se as pessoas que tem problemas
com a bebida podem aprender a beber com
moderação;
• No entanto, para um pequeno contingente
desses indivíduos, beber com moderação pode
ser um objetivo social mais realista do que a
abstinência total.
32. • Grupos de autoajuda: O grupo AA, fundado em 1935,
aborda 12 passos e reconhece o modelo bioquímico de
abuso de álcool e o alcoolismo é visto como incurável;
• Os grupos envolvem discussões em grupo sobre
experiências dos membros na recuperação do abuso de
álcool;
• Outro grupo de autoajuda, o Rational Recovery,
oferece uma alternativa não espiritual ao tratamento
de dependência de álcool.
33. Máxima do AA
“Procurarei viver o dia que
passa apenas, sem tentar
resolver todos os problemas da
minha vida inteira.”