3. Editorial
Consciência
ambiental
O
uso de materiais plásticos, tão comuns no dia-a-dia, se
transformou em um problema. É que depois de usados
vão para os lixões, quase sempre com sua capacidade
esgotada, e muitas vezes são jogados na natureza, demorando
décadas para se decompor.
O que fazer diante dessa situação? Pesquisadores tentam encontrar alternativas para problemas rotineiros, mas que podem
fazer uma diferença enorme quando solucionados. Foi buscando
uma dessas alternativas que uma equipe de técnicos e engenheiros da Usina da Pedra, de Serrana, conseguiu montar uma plantapiloto para desenvolver o plástico biodegradável. Os resultados
desse trabalho são o assunto da reportagem de capa desta edição
da Canavieiros.
O entrevistado deste mês é o presidente da Copercana, Cocred e Sindicato Rural de Sertãozinho, Antonio Eduardo Tonielo.
Ele falou sobre as feiras Agrocana & Fenasucro, que acontecem
simultaneamente de 2 a 5 de setembro em Sertãozinho. Tonielo
aponta o aumento na demanda mundial de alimentos como uma
oportunidade para o Brasil, que tem área e condições para crescer
e produzir.
A editoria Notícias Copercana traz reportagem sobre o Biocoop, departamento da cooperativa que faz a coleta seletiva de materiais, que são enviados a usinas de reciclagem de lixo. Nas páginas da Canaoeste, uma reportagem sobre a Semana Mundial de
Aleitamento Materno que contou, em Sertãozinho, com o apoio
do Netto Campello Hospital e Maternidade.
O destaque deste mês vai para a Fenasucro e Agrocana 2008.
Nos quatro dias dos eventos, são esperados cerca de 30 mil visitantes no Centro de Eventos Zanini, onde mais de 420 empresas
colocarão em exposição tudo que há de mais moderno em máquinas e equipamentos voltados à indústria (Fenasucro) e à área
agrícola (Agrocana). De acordo com a organização das feiras, a
previsão é que os negócios realizados no período cheguem a R$ 2
bilhões, R$ 200 mil a mais do que no ano passado.
O artigo técnico desta edição é assinado pelo assistente de
Controle Agrícola da Canaoeste, Thiago de Andrade Silva, que
traz o acompanhamento da safra 2008/2009. Para completar, o agrônomo da filial da Canaoeste em Pitangueiras, Marcelo de Felício,
ensina como evitar uma praga que assusta os produtores da região: o migdolus. A Canavieiros traz, ainda, os prognósticos climáticos do dr. Oswaldo Alonso, os artigos sobre legislação do dr.
Juliano Bortoloti, dicas de português, indicação de livros, agenda
de eventos, repercutiu, classificados e muito mais.
Boa Leitura!
Conselho Editorial
Revista Canavieiros - Agosto de 2008
3
4. Indice
EXPEDIENTE
Capa
CONSELHO EDITORIAL:
Antonio Eduardo Tonielo
Augusto César Strini Paixão
Clóvis Aparecido Vanzella
Manoel Carlos de Azevedo Ortolan
Manoel Sérgio Sicchieri
Oscar Bisson
Plástico Biodegradável
é de cana-de-açúcar
A descoberta pode se tornar
uma alternativa viável contra a
poluição; produto é
desenvolvido na Usina da
Pedra, em Serrana
Pag.
Pag.
20
DESTA
DESTA QUES
OUTRAS
Entrevista
ARTIGO DO
Pag.
PRESIDENTE
14
Antonio Eduardo Tonielo
Presidente da Copercana, Cocred
e Sindicato Rural de Sertãozinho
CONSECANA
Pag.
"Ninguém produz ganhando
pouco"
Pag.
Pag.
05
Pag.
Pag.
Oportunidades de negócios associadas à expansão
do setor sucroalcooleiro
Pag.
Pag.
Notícias
08
08
10
Copercana
- Copercana investe em coleta seletiva
de lixo
Pag.
INFORMAÇÕES
SETORIAIS
26
Pag.
28
ARTIGOS
TÉCNICOS
LEGISLAÇÃO
Pag.
30
Pag.
32
Canaoeste
- Netto Campello participa de campanha da amamentação
Pag.
Notícias
Pag.
PRAGAS E
DOENÇAS
4
4
Revista Canavieiros - Agosto de 2008
COMERCIAL E PUBLICIDADE:
(16) 3946-3311 - Ramal: 2008
comercial@revistacanavieiros.com.br
DEPARTAMENTO DE MARKETING
E COMUNICAÇÃO:
Ana Carolina Paro, Carla Rossini, Daniel
Pelanda, Janaina Bisson, Letícia Pignata,
Marcelo Massensini, Rafael Mermejo,
Roberta Faria da Silva.
TIRAGEM:
12.000 exemplares
35
36
AGENDE-SE
37
38
Destaque
Fenasucro & Agrocana 2008: Sertãozinho
no centro do mundo
FOTOS:
Marcelo Massensini
Rafael Mermejo
IMPRESSÃO:
São Francisco Gráfica e Editora
CLASSIFICADOS
Pag.
DIAGRAMAÇÃO:
Rafael H. Mermejo
CULTURA
Pag.
12
16
Cocred
- Demonstração de resultado do 1ºsemestre de 2008
- Balanço patrimonial
COLABORAÇÃO:
Marcelo Massensini
REPERCUTIU
Pag.
Notícias
JORNALISTA RESPONSÁVEL:
Carla Rossini – MTb 39.788
15
Ponto de vista
Eduardo Antonio Licco e
Fabricio Dorado Soler
EDITORA:
Cristiane Barão – MTb 31.814
Pag.
Pag.
22
ISSN:
1982-1530
A Revista Canavieiros é distribuída gratuitamente aos cooperados, associados e
fornecedores do Sistema Copercana,
Canaoeste e Cocred. As matérias assinadas
são de responsabilidade dos autores. A
reprodução parcial desta revista é autorizada, desde que citada a fonte.
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Sertãozinho – SP - CEP:- 14.170-680
Fone: (16) 3946 3311
www.revistacanavieiros.com.br
5. Entrevista
Antonio Eduardo Tonielo
Presidente da Copercana, Cocred e Sindicato Rural de Sertãozinho
"Ninguém
produz
ganhando
pouco"
Carla Rossini
A
afirmação é do presidente da Copercana, Cocred e Sindicato Rural de Sertãozinho, Antonio
Eduardo Tonielo, que concedeu entrevista exclusiva à Canavieiros. Toninho Tonielo falou sobre as
feiras Agrocana & Fenasucro, que acontecem simultaneamente de 2 a 5 de setembro em Sertãozinho.
O empresário e cooperativista também comentou
suas expectativas em relação aos preços e mercados
de cana, açúcar e álcool. Tonielo aponta a alta nos
preços dos alimentos como uma oportunidade para o
Brasil, que tem espaço e condições para crescer e se
desenvolver. Leia, a seguir, a íntegra da entrevista.
Revista Canavieiros: O que os produtores rurais que visitarem a Fenasucro & Agrocana vão
encontrar de novidades?
Toninho Tonielo: A cada ano que passa, os produtores encontram cada vez mais novidades. Atualmente, os sistemas de plantio e cultivo estão muito desenvolvidos, então, teremos plantadeiras de cana, GPS e
mais uma série de equipamentos para a produção. As
feiras, que são as maiores do mundo nesse segmento,
apresentam muitas novidades interessantes para que
nosso produtor de cana-de-açúcar possa melhorar seus
Conselho Editorial
Revista Canavieiros -Agosto de 2008
Revista Canavieiros Julho
Revista Canavieiros -- Agosto de 2008
3
5
6. Entrevista
equipamentos, suas tecnologias e suas
condições de trabalho.
ser vamos começar o ano de 2009 com
um valor de ATR bem melhor do que o
que nós começamos esse ano.
apesar de estar longe ainda. O europeu e o americano têm muito dinheiro
e protegem os seus produtores, querem segurar o emprego e a produção
nos países deles e nós que pagamos,
já que somos países emergentes.
Revista Canavieiros: Os cooperados da Copercana, Canaoeste e CoRevista Canavieiros: Nesse períocred vão conseguir comprar com pre- do mais difícil, como devem proceder
ços melhores na feira ?
os produtores de cana?
Tonielo: Eu acredito que eles enTonielo: O conselho para o produRevista Canavieiros: Como estão
contrarão excelentes preços em máqui- tor de cana é o que falamos sempre: é as condições do açúcar no mercado
nas e equipamentos porque na área de um ano que não se deve investir muito mundial?
produtos químicos já é rotina da coo- e trabalhar com bastante cautela. Mas
Tonielo: O açúcar no mercado munperativa praticar bons preços. E tam- eu acredito que a fase ruim da cana, do dial já começou a melhorar e esperamos
bém, recentemente, realizamos o IV açúcar e do álcool está passando. que melhore ainda mais. Os preços coAgronegócios Copercana, que faturou Quem trabalhou com economia e está meçaram a subir a partir de julho e isso
mais de R$ 100 milhões – quem tinha atento às mudanças deve se recuperar é muito bom para o Brasil. A Índia deve
que comprar insumos, já comprou. mais fácil e terminar essa safra com fô- ter uma queda muito grande na produMas a Agrocana deve apresentar li- lego para começar a próxima.
ção de açúcar e não vai conseguir parnhas de financiamento
ticipar muito do mercado.
para implementos, tratores,
O que o governo tem que fazer é apoiar a Isso vai ajudar bem o Bramáquinas e caminhões
sil. Vários países não têm
exportação, criar condições de
para que o produtor posmais condições de crescer,
sa melhorar sua frota e seu
que são os casos da Ausfinanciamento, mas sem intervenção
sistema de transporte.
trália e Indonésia, por
exemplo. Quem tem açúcar
Revista Canavieiros: Para SertãoRevista Canavieiros: O senhor mais abundante é o Brasil e essa mezinho o que significa receber essas fei- acha que haveria alguma forma de in- lhora vai ajudar o preço do álcool e a
ras, que são as maiores do mundo em tervenção do governo para fazer rea- cana vai junto. O mercado de açúcar
se tratando de cana-de-açúcar?
gir os preços da cana?
mundial atravessou dois anos muito
Tonielo: Qualquer cidade gostaria de
Tonielo: Acho que não porque, ruins, mas deverão vir anos melhores.
ter feiras iguais à Fenasucro & Agroca- quando o governo intervém, ele só atra- Agora, a Índia, que produzia 32 milhões
na, que são muito bem organizadas e vi- palha. Na minha opinião, a interven- toneladas, vai produzir 20 milhões apesitadas por pessoas de mais de 30 paí- ção do governo é ruim para qualquer nas, uma queda muito grande. Como lá
ses. Para Sertãozinho significa muito de- setor. O que o governo tem que fazer é o plantio é de subsistência, eles comesenvolvimento e alavanque na nossa apoiar a exportação, criar condições de çaram a deixar a cana de lado e isso ajueconomia. Conseqüentemente, as em- financiamento, mas sem intervenção.
da bastante o Brasil, que ainda é o maipresas da nossa cidade estão cada vez
or exportador de açúcar no mundo.
mais equipadas para poder oferecer mais
Revista Canavieiros: Muito se faempregos e tecnologia ao setor sucroal- lou sobre a Rodada de Doha. O seRevista Canavieiros: O senhor
cooleiro. É motivo de orgulho para Ser- nhor acha que, se as negociações ti- acha que a produção de biocombustãozinho receber essas feiras.
vessem obtido êxito, haveria algum tíveis vai competir com a produção
benefício para o produtor de cana?
de alimentos?
Revista Canavieiros: Falando em
Tonielo: Claro. Se alguma coisa de
Tonielo: Não concordo. Até acho
cana, o valor do ATR continua bai- melhor tivesse acontecido, com certe- que os biocombustíveis tiveram uma
xo, essa é uma tendência até o final za melhoraria a vida do produtor de boa participação para subir os preços
deste ciclo?
cana. Se eles tirassem um pouco dos das commodities, porque estávamos
Tonielo: Eu era muito pessimista subsídios, os nossos preços melhora- com preços muito ruins de soja e micom o valor do ATR, principalmente no riam muito, tanto para o álcool como lho, o que viabilizava produzir biocominício dessa safra, mas hoje estou mais para o milho, a soja, etc. Se a Rodada bustível. Mas agora até o biodiesel
otimista. E quem está dentro do ramo e tivesse dado certo, não tinha coisa está inviável porque tivemos um auacompanha o que está acontecendo melhor no mundo para que a gente pu- mento do diesel baseado em 2% que
com o álcool e com o açúcar no Brasil e desse competir com igualdade, porque foi colocado de biodiesel. Nos preços
no mundo, sabe do que eu estou falan- nós competimos no mundo contra um em que estão as commodities hoje, o
do. Poucas pessoas podem mostrar ou monte de subsídios absurdos, que atra- biodiesel ficou inviável porque compodem enxergar um cenário mais favo- palham nosso produtor porque somos pramos o diesel muito mais barato. Mas
rável, mas acredito que o valor do ATR um país pobre, onde o governo não tudo isso para o Brasil é muito bom
ainda vai surpreender muitos produto- tem condições de subsidiar a agricul- porque o produtor precisa ganhar dires. O valor que o ATR está apresen- tura. Então nós ainda pagamos por nheiro para produzir mais. Ninguém
tando hoje é ridículo, mas se Deus qui- isso. Mas uma hora isso vai acabar, produz ganhando pouco.
“
6
Revista Canavieiros - Agosto de 2008
8. Ponto de Vista
Oportunidades de negócios
associadas à expansão do
setor sucroalcooleiro
Eduardo Antonio Licco¹
Fabricio Dorado Soler ²
A
expansão do setor sucroalcooleiro tem incrementado o número de usinas de açúcar e álcool e, por conseqüência, demandado
maior rigor dos órgãos ambientais para
o licenciamento ambiental de instalação de novas plantas agroindustriais
e/ou ampliações das já existentes.
No Estado de São Paulo, cumpre ao
Departamento de Avaliação de Impacto Ambiental (DAIA) e à CETESB (Companhia de Tecnologia de Saneamento
Ambiental) analisar impactos ambientais associados a esses empreendimentos responsáveis pela produção de
açúcar, etanol e energia. Durante a avaliação dos estudos ambientais apresentados para a obtenção das licenças (LP,
LI e LO), o DAIA conta com o suporte
da CETESB para avaliar estudos de dispersão atmosférica, balanço de massas
dos poluentes emitidos pelos empreendimentos sucroalcooleiros.
Como se tem observado, os impactos sobre a qualidade do ar, associados à operação de usinas, têm sido
enormemente mitigados desde a edição
do Decreto Estadual nº 47.700/03, que
regulamenta a eliminação gradativa da
queima da palha da cana-de-açúcar,
bem como pela adesão do setor ao Protocolo Agroambiental e, principalmente, em virtude da Resolução SMA/SP
nº 33/07, que determina que os licenciamentos de empreendimentos sucroalcooleiros somente serão emitidos quando estiver estabelecido no processo de
licenciamento ambiental, ausência da
queima da palha da cana-de-açúcar
como prática de pré-colheita.
O Estado de São Paulo tem atuado
no sentido de estabelecer procedimentos rígidos destinados a combater efeitos e minimizar o lançamento de emissões de poluentes atmosféricos.
No entanto, com a modernização
do sistema de licenciamento ambiental e gerenciamento da qualidade do
ar por meio dos Decretos nº 48.523/04
(“Decreto de Bacias Aéreas”), nº
50.753/06 e nº 52.469/07, abrem-se
oportunidades de NEGÓCIO às usinas de açúcar e álcool.
As normas mencionadas trazem a
definição de conjunto de ações para
incentivar reduções de emissões de poluentes atmosféricos de empreendi-
Fabricio Dorado Soler
mentos instalados em sub-regiões classificadas como saturadas (SAT) e em
vias de saturação (EVS), considerando, para tanto, que o grau de saturação
da qualidade do ar é determinado a partir do cotejamento de concentrações
verificadas nos últimos anos, com os
padrões de qualidade do ar (PQAR) estabelecidos pelo Decreto nº 8.468/76.
Os padrões de qualidade do ar, por
sua vez, são instrumentos de controle
ambiental de poluentes atmosféricos,
cuja aplicação encontra-se associada a
critérios de capacidade de suporte do
meio ambiente, ou seja, relacionada ao
grau de saturação da sub-região em que
se encontra instalada determinada fonte de emissão.
Insta salientar que em sub-regiões
classificadas como SAT e EVS, a CETESB estabelecerá Programa de Redução de Emissões Atmosféricas - PREA
e a renovação da Licença de Operação (LO) dos empreendimentos condicionar-se-á às seguintes exigências
técnicas: I) utilização de sistemas de
controle de poluição do ar baseados
na melhor tecnologia prática disponível; II) implementação de Plano de Monitoramento de Emissões Atmosféri-
8
Revista Canavieiros - Agosto de 2008
9. Ponto de Vista
cas; e III) cumprimento de metas de
redução de emissões, em termos de
prazo e quantidades estabelecidas pela
CETESB, que poderá ser atendido por
meio da compensação.
de poluição do ar baseados na melhor
tecnologia prática disponível, ou por
meio da aquisição de CEAR’s, no âmbito da delineada Câmara Paulista de
Compensação de Emissões Atmosféricas (CPCEA – www.cpcea.com.br).
Essa compensação de emissões se
viabilizará por meio de transações de
Créditos de Emissões Atmosféricas
Reduzidas (CEAR’s), gerados a partir
de reduções de emissões de determinados poluentes, quais sejam: material
particulado (MP), óxidos de nitrogênio
(NOx), compostos orgânicos voláteis
(COVs), óxidos de enxofre (SOx) e monóxido de carbono (CO), sendo que ao
setor sucroalcooleiro a demanda tende
a residir em emissões de NOx e MP.
Trata-se de relevante oportunidade às unidades agroindustriais que, com
a mecanização da colheita da cana-deaçúcar em substituição às queimadas,
podem aproveitar do período de excepcionalidade e gerar Créditos de Emissões em virtude de “medidas que, comprovadamente, resultem na redução de
emissão de poluentes para a atmosfera”, como de fato ocorre com a mecanização da colheita.
Vale atentar que tanto as fontes novas de poluição como no caso da ampliação das já existentes que pretendam
instalar-se ou operar no território paulista, em sub-regiões SAT e EVS, serão
obrigadas a compensar suas emissões
atmosféricas adicionais, seja por meio
da utilização de sistemas de controle
Acrescenta-se que a validação
desses CEAR’s está condicionada à
avaliação da metodologia empregada
para o cálculo da redução de emissão
e do respectivo fator de conversão de
cada medida empregada, que leva em
conta o fator de incerteza de cada metodologia utilizada.
Finalmente, diante dessa evolução
no tratamento das questões ambientais, torna-se imperioso que os empreendedores do setor sucroalcooleiro
atentem às novas regras e promovam
investimentos na geração de créditos
de emissões atmosféricas reduzidas,
sejam eles para uso próprio visando
ampliação de usinas de açúcar e álcool, ou para futura comercialização (curto e médio prazo) no âmbito da Câmara Paulista de Compensação de Emissões Atmosféricas.
1. Doutor em Saúde Pública pela Faculdade de Saúde Pública da USP, Master of
Science In Engineering pela University of
Washington. Engenheiro Químico e
Sanitarista. Professor do Instituto Mauá de
Tecnologia e do Centro Universitário
SENAC. Diretor da EALicco Consultoria.
2. Especialista em Gestão Ambiental pela
Faculdade de Saúde Pública da USP, Pósgraduado em Gestão Ambiental e Negócios do
Setor Energético pelo Instituto de Eletrotécnica
e Energia da USP, cursando MBA Executivo
de Infra-Estrutura na Escola de Economia da
FGV. Advogado do Setor Ambiental do
escritório Siqueira Castro Advogados.
Revista Canavieiros - Agosto de 2008
9
10. Notícias
Copercana
Copercana investe em coleta
seletiva de lixo
Marcelo Massensini
Cooperativa contrata funcionária especializada, para ampliação de programa
O
sistema Copercana, Canaoeste e Cocred (incluindo a Cred
Copercana, Copercana Seguros e o Netto Campello Hospital e Maternidade), que sempre deu grande importância a assuntos relacionados à
preservação do meio ambiente, ampliou, no último mês de junho, o serviço de coleta seletiva de lixo que já realizava desde abril de 2005. O BioCoop,
departamento responsável pela separação de materiais recicláveis, passou
a ser coordenado pela bióloga Priscila
de Oliveira, que ficará responsável por
realizar a ampliação do serviço de coleta seletiva. Hoje, o BioCoop conta com
mais dois funcionários, que realizam a
seleção e o armazenamento dos materiais advindos da matriz e das filiais
todos os locais em que esses materiais
são usados para explicar aos funcionários como descartar o material.
No BioCoop é realizada a triagem
de papéis, papelões, plásticos e caixas
de madeira que são descartados pelo
sistema, tanto na matriz quanto nas filiais. Estes materiais, após serem separados, são prensados e enfardados
para, posteriormente, serem repassados
para usinas de reciclagem. “Para que
não haja confusão quanto à função desempenhada pelo BioCoop, é necessário esclarecer que reciclagem é o processo de transformação do lixo sólido,
tipicamente domiciliar, em novos produtos e que esse tipo de transformação não é feita na sede. Nós focamos
na logística que permitisse o transporte, separação e venda desses materiais”, esclarece Priscila.
O BioCoop ainda armazena caixas
de madeira, sacarias e “chapaflex” (chapas de madeira sintética) que são descartadas pelos supermercados da Copercana e que são vendidas para locais que os reutilizam.
Além da separação, o outro grande
trabalho do departamento é o de conscientização dos colaboradores das empresas sobre a reciclagem. Em julho, o
BioCoop lançou uma campanha para a
coleta seletiva de copos descartáveis,
que terá o mesmo destino dos papelões e plásticos que já eram separados
no setor. Cartazes foram afixados em
10
Revista Canavieiros - Agosto de 2008
Estão previstos ainda para 2008 a
melhoria da coleta seletiva de papéis de
escritório, a inclusão de filiais no escopo de recolhimento de materiais, intensificação dos programas de conscientização junto aos funcionários e o estudo
de uma mudança do local sede do BioCoop. “Há, ainda, um projeto em fase de
conclusão sobre os tubos de soros que
são utilizados pelo Netto Campelo. Se
bem manuseado, este tubo não corre risco de contaminação e seu plástico é de
primeira qualidade. Portanto, será separado e, posteriormente, direcionado a
locais de reciclagem”, adianta Priscila.
O BioCoop foi implantado pelo sistema a partir de um projeto de faculda-
Processo de “enfardamento”
do papelão
de de Gianne Maria Sant’ Ana Martelo,
funcionária da Cocred, e, desde 2007, a
BASF (empresa multinacional do setor
químico) colocou à disposição do projeto recursos financeiros para sua expansão e melhoria. “Apesar de o BioCoop ser um projeto que tem seu pilar
econômico sólido, é fundamental frisarmos que seu maior objetivo é a conscientização dos colaboradores internos
sobre a importância da reciclagem e
como cada um pode contribuir com
pequenas atitudes para a construção
de um mundo melhor”, explica Gianne.
MAS AFINAL, POR QUE RECICLAR?
Visto que o destino do lixo é um problema constante em quase todos os
municípios, os “lixões” continuam sendo o destino da maior parte dos resíduos
urbanos produzidos no Brasil, com graves prejuízos ao meio ambiente, à saúde e
à qualidade de vida da população.
O depósito em locais inadequados torna o lixo um grande risco à saúde da
população que o cerca. A poluição de córregos e rios causa enchentes e a proliferação de vetores de ampla variedade de doenças. Mesmo em aterros sanitários, o “chorume” – líquido resultante da decomposição do lixo – que se forma
causa a contaminação de aqüíferos do lençol freático e muitas vezes escorrem ao
longo de ruas adjacentes. A situação exige soluções para o destino final do lixo
no sentido de reduzir o seu volume. Ou seja: no destino final, é preciso ter menos
lixo. É aí que entra a reciclagem.
“Transformar resíduos dando-lhes características de um novo material, ou
de um material que possa ser consumido novamente, além de diminuir o volume
dos aterros sanitários, proporciona a redução de impactos ambientais nas etapas de fabricação e de industrialização”, explica Gianne.
12. Notícias
Canaoeste
Netto Campello participa de
Netto Campello participa de
campanha da amamentação
campanha da amamentação
Marcelo Massensini
Duas funcionárias do hospital ministraram palestras para profissionais da saúde, mães e gestantes
E
ntre os dias 1 e 7 de agosto foi
comemorada, em mais de 120
países, a 11ª Semana Mundial
do Aleitamento Materno. Na cidade de
Sertãozinho, pelo segundo ano consecutivo, a data foi lembrada com um
evento que, além de conscientizar pais
e mães sobre a importância da amamentação, reuniu membros das principais instituições de saúde da cidade, entre elas o Netto Campello Hospital e Maternidade.
A campanha, que teve o slogan
“Se o Assunto é Amamentar Apoio à
Mulher em Primeiro Lugar”, teve seu
ponto alto no ciclo de palestras que
aconteceu na quinta e sexta-feira,
dias 7 e 8, no auditório da ISOS (Instituto de Saúde Ocupacional de Sertãozinho). “Durante os primeiros meses, a mãe precisa de muito apoio para
amamentar. Por isso este curso orienta também os profissionais da saúde
para poder ajudar todas as mães”, explica Paula Parducci, coordenadora da
Maternidade do Netto
Campello Hospital e Maternidade.
A primeira palestra da
quinta-feira, intitulada “A
Importância do Aleitamento Materno”, foi ministrada pela coordenadora de enfermagem da
Secretaria Municipal de
Saúde de Sertãozinho,
Andréa Karla Rustici, que
falou sobre os pontos
positivos para a mãe que
amamenta.
Ainda no dia 7, a coordenadora do Departamento de Saúde Preventiva da Sermed, Fabiana Paula Vieira Campamine, proferiu palestra sobre técnicas de
amamentação e posicionamento do bebê para
o aleitamento. A última
palestrante do dia foi a
nutricionista Alessandra Rodrigues Pratti,
que deu orientações
nutricionais às mulheres que amamentam.
Aproximadamente 100 pessoas
participaram dos dois dias
Na sexta-feira, a primeira palestrante foi a coordenadora da
Maternidade do Netto Campello Hospital e Maternidade, Paula Miranda da Silva Parducci. Ela falou sobre traumas
mamilares. Logo em seguida, Adriana
Renata Recco, supervisora da Maternidade da Santa Casa de Sertãozinho, abordou a ordenha mamária.
cerrar os trabalhos, Gustavo F. Pacca, médico pediatra e neonatologista, falou sobre os direitos da mulher
que amamenta.
No dia 09, junto com a Campanha
do Aleitamento e a segunda etapa da
Vacinação contra a Pólio, a Secretaria
da Saúde organizou a pesquisa Amamunic, com objetivo de detectar o perfil da
alimentação de menores de
1 ano. O levantamento servirá para avaliar a situação
no município e nortear as políticas de saúde. No ano passado, a Amamunic pesquisou 831 crianças, sendo que
564 haviam recebido leite materno nas últimas 24h.
O gerente administrativo
do Netto Campello, Marcos
Paula Parducci e Marli Medeiros: os profissionais da saúde são
Lopes, considera a união de
importantes para a conscientização
grande valia. “Podemos entender essa semana com um marco de enCláudia Bis Furlan, auditora em
A supervisora da UTI neonatal da
Santa Casa de Sertãozinho, Cristiane qualidade do Netto Campello Hospi- tendimento entre as instituições de saúSanches Lucato Ravásio, por sua vez, tal e Maternidade, ministrou palestra de. Nós, do Netto Campello, gostaríamos
abordou os pontos positivos para o sobre o papel do profissional de en- de reforçar que estamos sempre abertos
fermagem na amamentação. E para en- às iniciativas de educação em saúde
bebê amamentado.
12
Revista Canavieiros - Agosto de 2008
13. A UTI Móvel do Netto Campello estava
de plantão durante todo o evento
mana a Secretaria Municipal de Saúde,
a Santa Casa de Sertãozinho, a Sermed,
o Rotary Club Aparecida, o Grupo Balbo e o Rotary Club Sertãozinho.
PORQUE
AMAMENTAR?
O aleitamento caracteriza-se como a
primeira vacina do bebê. Portanto, essencial para seu desenvolvimento. De acordo com o Ministério da Saúde, a alimentação do bebê, exclusiva com leite do
peito, tem que ocorrer até os seis meses e
a manutenção até os dois anos de vida.
como esta, pois nosso objetivo é ser mais:
ser mais parceiro, companheiro e presente na vida e na saúde dos cidadãos sertanezinos e cidades vizinhas”, diz Lopes.
Uma das mães participantes, Marli
de Medeiros Maciel, que deu à luz na
Maternidade do Netto Campello, considera o evento “muito importante para
conscientizar as mães sobre a impor-
tância do leite materno, que não tem
custo e faz muito bem para a saúde dos
bebês”, diz. “É importante que as mães
participem para adquirirem conhecimento. Entendendo a necessidade da criança, você vai evitar doenças e deixar
a criança mais feliz”, completa.
Além do Netto Campello Hospital e
Maternidade, contribuíram com a se-
“O leite materno é um alimento rico,
que tem tudo que o bebê precisa, falando nutricionalmente. Além de fortalecer muito o vínculo mãe e bebê. Como
essa semana é voltada para o apoio,
notamos a importância dos profissionais de saúde ajudando as mães a amamentar. O leite materno é um alimento
feito para o bebê. Não é preciso dar
outro leite para o bebê senão o leite
materno”, completa Paula Parducci.
Revista Canavieiros - Agosto de 2008
13
14. Artigo do Presidente
Canaoeste
De perto não é o que
De perto não é o que
parece
parece
Manoel Carlos de Azevedo Ortolan*
T
ravestida de prosperidade, a realidade do setor sucroalcooleiro brasileiro é mais dramática do
que aparenta. Para os grandes grupos
industriais e investidores, que têm capital para esperar o vento mudar de direção, a situação é mais tranqüila. No
entanto, para os de menor porte e, principalmente, para os fornecedores de
cana, que não têm fôlego financeiro
para agüentar períodos mais longos de
crise, a água começa a bater no nariz.
Já havíamos, em oportunidades anteriores, abordado essa questão, mas o
problema tem se agravado muito rapidamente e cabe a nós, enquanto dirigentes de associação, manifestar a
nossa preocupação com os rumos que
se delineiam para o setor e para o produtor de matéria-prima.
Amargamos uma crise de preços.
As cotações do açúcar estão em baixa
porque há mais oferta do que demanda. O etanol também está remunerando menos porque estamos em plena
safra. Além disso, a produção está em
franco crescimento já que há mais usinas em operação. Nas três safras anteriores à atual, entraram em atividade
52 indústrias. Para esta, a 2008/09, a
estimativa é que comecem a moer outras 32. Assim, se na safra 2005/06, a
região Centro-Sul produziu 14,3 bilhões
de litros, nesta, a estimativa chega a
24,3 bilhões de litros. Os veículos flexíveis aqueceram sobremaneira o mer-
14
Revista Canavieiros - Agosto de 2008
cado doméstico, mas o externo continua fechado. E pelas leis do mercado,
se a oferta aumenta, o preço diminui.
E como as cotações dos produtos
acabam definindo a da cana, a remuneração do fornecedor independente está
em queda livre e com um agravante: os
custos de produção sofreram forte alta
neste último ano. Assim, para produzir
uma tonelada de cana, o fornecedor investiu R$ 49,00 e recebe por ela R$ 35,00,
tendo ainda de descontar do pagamento o custo da colheita, feita pela usina,
via de regra que representa entre R$
18,00 a R$ 20,00 por tonelada. Além disso durante os meses da safra recebe
80% do valor, ficando 20% para parcelar entre janeiro e abril, esse é o motivo
da nossa preocupação: a conta não fecha pela segunda safra consecutiva e,
pelo visto, o próximo ciclo também será
de preços nada animadores.
O resultado dessa matemática é o
endividamento crescente dos produtores, especialmente dos pequenos e
médios, cujo perfil é bem definido: grande parte está na atividade há gerações,
a propriedade rural é, muitas vezes, seu
único patrimônio e fonte de renda. E,
além desses reflexos “dentro da porteira”, há também os da “porteira para
fora”, já que o fornecedor de cana irriga a economia local e estimula a distribuição de renda. Em situações de crise, muitos setores sentem os reflexos
e numa região como a de Sertãozinho,
notadamente marcada pelo setor sucroalcooleiro, esses impactos são bem
mais marcantes.
O certo é que a médio e longo prazo as perspectivas são as melhores
para o agronegócio da cana por motivos exaustivamente abordados. No
entanto, essa crise de preços poderá
desanimar o produtor e tirá-lo do caminho. Nas duas últimas safras, o fornecedor praticamente pagou para produzir e por mais que ele aposte no futuro
e acredite na atividade, chega uma hora
em que ele não tem mais como continuar trabalhando. Fazemos esse alerta
porque, visto à distância, o setor sucroalcooleiro brasileiro é um dos mais
promissores. No entanto, num olhar
mais atento, avistamos uma crise silenciosa e perigosa.
*presidente da Canaoeste
(Associação dos Plantadores de Cana
do Oeste do Estado de São Paulo)
15. Consecana
Notícias
Canaoeste
CIRCULAR Nº 07/08
DATA: 31 de julho de 2008
Conselho dos Produtores de Cana-de-Açúcar, Açúcar e Álcool do Estado de São Paulo
A
seguir, informamos o preço médio do kg do ATR para efeito de emissão da Nota de Entrada de cana entregue
durante o mês de JULHO de 2008. O preço médio do kg de ATR para o mês de JULHO, referente à Safra 2008/2009,
é de R$ 0,2470.
O preço de faturamento do açúcar no mercado interno e externo e os preços do álcool anidro e hidratado, destinados aos
mercados interno e externo, levantados pela ESALQ/CEPEA,
nos meses de ABRIL a JULHO
e acumulados até JULHO, são
apresentados a seguir:
Os preços do Açúcar de
Mercado Interno (ABMI) e os
do álcool anidro e hidratado
destinado à industria (AAI e
AHI), incluem impostos, enquanto que os preços do açúcar
de mercado externo (ABME e AVHP) e do álcool anidro e
hidratado, carburante (AAC e AHC) destinados ao mercado externo (AAE e AHE), são líquidos (PVU/PVD).
Os preços líquidos médios do kg do ATR, em R$/kg, por
produto, obtidos nos meses de ABRIL a JULHO e acumulados até JULHO, calculados com base nas informações contidas na Circular 01/07.
Revista Canavieiros - Agosto de 2008
15
20. Reportagem de Capa
Plástico Biodegradável é de
cana-de-açúcar
Carla Rossini
A descoberta pode se tornar uma alternativa viável contra a poluição;
produto é desenvolvido na Usina da Pedra, em Serrana
S
acolas, garrafas, embalagens de
alimentos, brinquedos. Enfim,
produtos que facilitaram a vida
das pessoas, se tornaram parte do cotidiano e que são feitos de plástico. O
uso é tão rotineiro que muitas vezes as
pessoas não param para pensar o quanto esse material faz parte do dia-a-dia.
Mas, depois de usado, onde será que
tudo isso vai parar? A resposta é simples. Em lixões e aterros sanitários que
estão com a capacidade de recebimento praticamente esgotada. Além disso,
estima-se que o plástico demore quase um século para se decompor.
Produtos fabricados pela BioCycle
O que fazer diante dessa situação?
Pesquisadores estão tentando encontrar alternativas para problemas rotineiros, mas que podem fazer uma diferença enorme quando solucionados.
Foi buscando uma dessas alternativas, mais precisamente na década de
90, com a extinção do IAA (Instituto
do Açúcar e do Álcool), que uma equipe de técnicos e engenheiros da Usina
da Pedra, de Serrana, conseguiu montar uma planta-piloto para desenvolver o plástico biodegradável. Até então, o material era pouco conhecido e
a nova tecnologia precisou de investimento e dedicação para ser desenvolvida. Desde 2000 existe a empresa PHBISA, que tem como sócios as Usinas
Santo Antonio e São Francisco - da
família Balbo -, e a Pedra Agroindustrial – da família Biagi.
O plástico biodegradável desenvolvido na Usina da Pedra é composto por carbono, oxigênio e hidrogênio e denomina-se polihidroxibutirato (PHB). Dele pode derivar um copolímero polihidroxibutirato-valerato
(PHB-HV) sendo os dois pertencentes à família dos polihidroxialcanoatos, descritos como poliésteres de
origem natural similar.
“Plásticos biodegradáveis são feitos com matéria-prima renovável,
como a cana-de-açúcar, com compleEtapas do plástico bruto
ta biodegrabilidade (não poluidora),
além de sua capacidade de ser produzido por processos que usam tecnologia limpa. Esse plástico é um produto biocompatível e ecologicamente
correto”, explica o diretor executivo
da Biocycle (marca do plástico fabricado pela PHBISA), Sylvio Ortega.
O ciclo do carbono para o plástico
biodegradável se completa em um período muito mais curto quando comparado com os plásticos originados
de combustíveis fósseis. Ele se dá por
meio da compostagem do plástico biodegradável, que libera CO2 e que é
resgatado pelas plantas para o crescimento vegetativo.
Já o ciclo do plástico que tem o
petróleo como matéria-prima começou
há milhões de anos por meio da formação do petróleo pelo lento proces-
20
Revista Canavieiros - Agosto de 2008
21. Reportagem de Capa
que é empregado como extrator do biopolímero. No seu processo de produção, o bagaço da cana-de-açúcar é
usado como fonte para a produção de
energia elétrica e de vapor. Os efluentes são basicamente água e matéria
orgânica da bactéria que, por sua vez,
é lançada na lavoura de cana-de-açúcar, como fertilizante orgânico”, garante Sylvio.
Os plásticos biodegradáveis são
produtos estáveis como os plásticos
comuns, só que para eles se degradarem é preciso uma atividade bacteriana que vai transformá-los em CO2 e
água. “O Ciclo de vida do PHB tem
seu fim após sua biodegradação,
onde é transformado em CO2 e água.
O CO2 é reabsorvido pela plantação
de cana, produzindo um efeito positivo para o meio ambiente, na ordem de
4,4 toneladas de CO2 por tonelada de
Biocycle produzido”, afirma o diretor.
Sylvio Ortega,
diretor executivo da Biocycle
so de fossilização. Além disso, a utilização em larga escala desses combustíveis fósseis tem agravado as condições para o aquecimento global, uma vez que
aumenta a concentração
de gás carbônico na atmosfera. “O petróleo retirado do subsolo e disponibilizado no meio ambiente libera CO2, que é
o grande causador do
aquecimento global. Já
os bioplásticos resgatam
CO2 do meio ambiente,
contribuindo para a preservação do mesmo”,
observa Ortega.
para produzir 60 toneladas por ano.
Atualmente está sendo projetada
uma planta comercial na Usina da
Pedra que entrará em operação em
2011 e terá capacidade de produção
de 30 mil toneladas. “Dependendo
da aceitação do produto no mercado, nosso objetivo é aumentar gradativamente essa capacidade de
produção”, explica Sylvio.
Qualquer produto que dependa de
altas ou baixas temperaturas para o
seu armazenamento, podem se utilizar do plástico biodegradável. Desde
fevereiro, o Brasil passou a contar com
a norma brasileira - ABNT número
15.488-1-2 – que regulamenta os ensaios para definir se um polímero é
biodegradável e compostável. Um dos
pontos mais importantes para os produtores do plástico é que ao final da
biodegradação e da compostagem vai
sobrar um composto orgânico com
qualidade suficiente para que uma
planta nasça e cresça nele. “Isso mostra que o composto tem uma qualidade de fertilizante”, afirma otimista Sylvio.
A planta de produção do Biocycle é pioneira e tem capacidade
O tempo de decomposição varia de acordo com o tamanho da
peça do plástico em
questão, mas a norma
define prazos entre 90 e
120 dias para que o plástico desapareça. O Biocycle já obteve essa
certificação pelas normas européias equivalentes às normas brasileiras.
Ele explica que a produção do plástico desenvolvido pela Biocycle é
feita a partir de açúcar e
energia, que são transformados por uma bactéria
natural (Alcaligeness
s.p.) – sem modificação
genética – que se alimenta do açúcar e o transforma em poliéster.
“No processo também se utiliza um álcool
superior como solvente,
O Ciclo de vida do PHB tem seu fim após sua biodegradação, onde é
transformado em CO2 e água. O CO2 é reabsorvido pela plantação de cana
Uma única desvantagem é apontada: o
lado econômico. “A
desvantagem é ainda o
desenvolvimento da
tecnologia comparada
com o plástico comum,
o que torna o produto
um pouco mais caro
aqui no Brasil em função das cargas tributárias, desconsiderando
as vantagens ambientais”, explica Sylvio.
Revista Canavieiros - Agosto de 2008
21
22. Destaque
Fenasucro & Agrocana 2008
Marcelo Massensini
Organização prevê aumento de público e faturamento; rally a pé dará direito de concorrer a um carro
E
ntre os dias 2 e 5 de setembro
Sertãozinho voltará a ser o destino obrigatório de todos os
profissionais – brasileiros e estrangeiros – envolvidos no setor de cana,
açúcar e álcool. Pela quarta vez consecutiva acontecem, simultaneamente, as
duas maiores feiras do setor sucroalcooleiro: a XVI Fenasucro e a VI Agrocana.
Nos quatro dias de eventos, espera-se que cerca de 30 mil pessoas passem pelo Centro de Eventos Zanini,
onde mais de 420 empresas colocarão
em exposição tudo que há de mais moderno em máquinas e equipamentos
voltados à indústria (Fenasucro) e à
área agrícola (Agrocana).
De acordo com a organização das
feiras, a previsão é que os negócios
realizados no período cheguem a R$ 2
bilhões, R$ 200 mil a mais do que no
ano passado. “Com o etanol na ordem
do dia em escala mundial, seja por
questões energéticas ou ambientais,
nossas expectativas são otimistas”,
afirma Fernando Barbosa, diretor da
promotora Multiplus.
A Fenasucro será realizada dentro
do Pavilhão I, (16 mil metros quadrados de área), no Pavilhão II e numa
área externa do Centro de Eventos Za-
Agrocana 2007
nini (com mais de 8 mil metros quadrados). Lá os visitantes encontrarão estandes das principais empresas fornecedoras do setor, com produtos ligados às áreas de utilidades, serviços, automação e instrumentação, elétrica, caldeiraria e mecânica pesada,
química e derivados, energia e outros.
Já a Agrocana ocupará o espaço
externo do recinto, numa área de aproximadamente 18 mil metros quadrados.
Os destaques são os equipamentos e
insumos voltados para o preparo de
solo, plantio, tratos culturais e colheita da cana-de-açúcar. A Agrocana
conta, ainda, com o apoio do sistema
Fenasucro 2007
Copercana, Canaoeste e Cocred, que
terá um estande na feira para mostrar
todas as vantagens oferecidas a seus
cooperados e associados.
O Centro de Eventos fica localizado
às margens da Rodovia Armando de Salles Oliveira, na saída de Sertãozinho para
Bebedouro. O horário de funcionamento
das feiras é das 13h às 20h, mas a entrada
de visitantes pré-credenciados acontecerá
somente até as 19 horas. O evento é direcionado apenas para convidados já credenciados ou profissionais que possam
comprovar sua atuação direta no setor
sucroalcooleiro. Para os demais, serão
vendidos os passaportes que valerão
para os 4 dias de feira. Até o dia 27/08 os
passaportes custarão R$130,00 e durante
a feira, na bilheteria, R$ 150,00.
A Fenasucro & Agrocana 2007 têm
o patrocínio da ABB, Promac, Toyota,
Brumazi, Banco do Brasil e SEW Eurodrive. A Fenasucro é uma realização do
Ceise Nacional e conta com o apoio do
Ciesp, Fiesp, Stab, Sebrae-SP, Unica,
Prefeitura Municipal de Sertãozinho e
Abimaq. Já a Agrocana é uma realização do Sindicato Rural de Sertãozinho
e tem o apoio da Copercana, Canaoeste, Cocred, Unesp (Jaboticabal) e Prefeitura Municipal de Sertãozinho.
22
Revista Canavieiros - Agosto de 2008
24. Destaque
Rally vai sortear carro entre cooperados
da Copercana
A edição deste ano terá uma novidade especial para os cooperados e associados do sistema Copercana, Canaoeste e Cocred. Uma parceria entre
a organização da Agrocana 2008, Orplana, Copercana e a Revista Canavieiros, vai sortear um carro zero km entre os 15 mil produtores filiados à Orplana e ao sistema.
Estande da Copercana na
Agrocana 2007
Com isso, a organização da feira
espera qualificar ainda mais o público
do evento, levando ao centro o maior
número possível de pessoas ligadas
ao setor, aumentando ainda mais as
possibilidades de negócios durante a
realização dos Eventos.
Para concorrer ao carro, o produtor
deverá percorrer, a pé, os PCs (pontos
de controle). Cada ponto será em um
estande de uma empresa apoiadora do
Rally. A cada PC que o associado passar,
ele terá seu selo carimbado. Após con-
seguir todas as carimbadas, ele vai depositar o selo na urna – que ficará no
estande do sistema Copercana, Canaoeste e Cocred – para concorrer ao carro
que será sorteado ao final da Agrocana.
As empresas já oficializaram seu
apoio ao Rally e serão Pontos de
Controle: Multiplus Eventos, Copercana e Orplana, Fiat, Valtra,
AGCO e Ansell.
Programação paralela
Como de costume, durante as feiras, acontecerão eventos simultâneos,
como o Fórum Internacional sobre o
Futuro do Álcool, o Brasil Cana Show,
o Encontro de Negócios, o Prêmio
MasterCana e o Seminário Gegis.
tembro no Teatro Municipal de Sertãozinho e contará com a presença de diversas autoridades e lideranças do setor. O
assunto principal deste ano será a internacionalização do etanol e sua transformação em commoditie agrícola.
O Fórum Internacional sobre o Futuro do Álcool acontecerá no dia 1º de se-
A oitava edição do Brasil Cana
Show – organizado pela Stab –, que
também reúne as atividades do Simpósio Internacional, acontecerá durante
todos os dias das feiras e, desta vez,
vai intercalar palestras técnicas e visitas externas.
Mais informações sobre as feiras e as
palestras nos sites: www.fenasucro.com.br
e www.agrocana.com.br
Fórum Internacional para o
Futuro do Álcool em 2007
24
Revista Canavieiros - Agosto de 2008
25. Comércio internacional
Cresce a participação do
Brasil no comércio mundial
Da Redação
B
rasília (14.8.2008) - O comércio
mundial do agronegócio cresceu 57% entre os anos de 1997
e 2006. Nesse período, o valor exportado em todo o mundo subiu de US$ 388,6
para US$ 609,8 bilhões. Em igual intervalo, a participação do Brasil nesse
mercado subiu dois pontos percentuais, passando para 6,9%. A média de
crescimento das exportações brasileiras do agronegócio no período foi de
9,6% ao ano.
Os dados fazem parte do estudo Intercâmbio Comercial do Agronegócio Principais Mercados de Destino, organizado pela Secretaria de Relações Internacionais do Agronegócio, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (SRI/Mapa), lançado nesta
quinta-feira (14).
Em 2007, as exportações do agronegócio brasileiro atingiram a cifra de
US$ 58,4 bilhões, valor 2,5 vezes maior
que o registrado há dez anos, quando
o Brasil exportou US$ 23,4 bilhões. Esse
crescimento, no entanto, não foi regular devido às oscilações dos preços
internacionais das commodities.
A evolução do valor das exportações
do agronegócio brasileiro apresenta dois
períodos distintos. O primeiro vai de 1997
a 2000 e se caracteriza pela queda de 12%
das exportações, influenciada pela redução acumulada de 22,5% nos preços.
De 2001 a 2007, o crescimento do
valor exportado torna-se contínuo. Até
2002, esse incremento é moderado por
conta dos preços ainda baixos. Só no
ano seguinte, com a conjugação de pre-
ços mais elevados e o aumento da quantidade exportada, é que a curva de crescimento das exportações se acentua.
PREÇO X QUANTIDADE
A relação entre preço e quantidade
ajuda a explicar melhor o comportamento das exportações do agronegócio brasileiro entre 1997 e 2007. A queda das
exportações, registrada de 1997 a 2000,
foi determinada pela redução dos preços de 8,2% ao ano, ainda que a quantidade exportada tenha crescido a uma
média de 4,4% nesse período.
Nos últimos três anos o crescimento anual de 14% no valor das exportações do agronegócio é conseqüência,
principalmente, do incremento de 68%
dos preços, no período, e menos pelo
aumento da quantidade exportada, 32%.
Revista Canavieiros - Agosto de 2008
25
26. Informações Setoriais
CHUVAS DE JULHO
e Prognósticos Climáticos
e Prognósticos Climáticos
No quadro abaixo, são apresentadas as chuvas do mês de julho de 2008.
Engº Agrônomo Oswaldo Alonso
Assessor Técnico Canaoeste
Durante este mês, não houve registro de chuvas na região de abrangência da CANAOESTE.
Mapa 1:- Mapa 1:- Água Disponível no Solo entre 14 a 16 de JULHO de 2008.
O Mapa 1, mostra que o índice de Água
Disponível no Solo, no período de 14 a 16
de julho, apresentava-se bem semelhante
ao que ocorreu no final de junho, ou seja,
de baixo a crítico em toda faixa centro-norte
do Estado. Bons níveis de umidade de solo
ainda eram observados nas regiões canavieiras de Assis e Ourinhos.
O Mapa 2, mostra que ao final de julho de 2007, com exceção de pequenas
áreas, o índice de Água Disponível no
Solo encontrava-se como médio a alto
nas regiões canavieiras do Estado. Contrariamente, ao final de julho de 2008, como
mostrado no Mapa 3, somente a região
extremo sul do Estado de São Paulo apresentava alta ou melhor umidade do solo,
enquanto que o índice de Água Disponível no Solo, mostrava-se baixo a crítico
para toda a região sucroalcooleira paulista, explicando, também, a recuperação
da qualidade da cana (comparativamente à safra anterior) no decorrer deste mês.
ÁGUA, usar sem abusar !
Protejam e preservem as nascentes e
2 6 Revista Canavieiros - Agosto de 2008
cursos d’água.
27. Informações Setoriais
Mapa 2:- Água Disponível Solo ao final de julho de 2007.
Para subsidiar planejamentos de atividades futuras, a CANAOESTE resume o prognóstico climático
de consenso entre INMET-Instituto Nacional de Meteorologia e INPE-Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais para os meses de agosto a outubro.
Os efeitos dos fenômenos La Niña e El Nino já
são apontados como em equilíbrio ou neutralidade,
significando, para os próximos meses, normalidade
climática em toda região Centro-Sul do Brasil.
· Prevê-se que a temperatura média nas regiões
Centro-Oeste e Sudeste ficará entre próxima a acima
da normalidade climática e dentro das médias históricas na região Sul. Se bem que existe, ainda, possibilidade de ocorrências de eventos extremos de temperaturas;
Mapa 3:- Água Disponível no Solo ao final de julho de 2008.
· Quanto às chuvas, são previstas como próximas
das respectivas médias históricas em todos os Estados da região Centro-Sul;
· Como referência, as médias históricas das chuvas, pelo Centro Apta-IAC - Ribeirão Preto e municípios próximos são de 20mm em agosto, pouco mais
de 50mm em setembro e 125mm em outubro.
· As previsões elaboradas pela SOMAR Meteorologia mostram que, para esta região de abrangência da CANAOESTE, é provável que as chuvas de
agosto fiquem só nas que ocorreram na semana de 3
a 9 (de agosto) e, que as de setembro e outubro “ficarão” próximas das respectivas médias históricas.
Como na região de abrangência da CANAOESTE a umidade do solo deverá se manter baixa, dificilmente ocorrerá pisoteio durante as operações de colheita (carregamento) e transporte da cana, dispensando cultivos mecânicos profundos das áreas recém-colhidas. Persistindo dúvidas, consultem os Técnicos CANAOESTE mais próximos.
Revista Canavieiros - Agosto de 2008
27
28. Artigo Técnico
Acompanhamento da
safra 2008/2009
Thiago de Andrade Silva
Assistente de Controle Agrícola da CANAOESTE
J
á estamos na 1ª quinzena de agosto da safra 2008/2009, com os da
dos até a 1a quinzena de julho. Na
Tabela 1, podemos observar os teores
médios de ATR do início da safra até a
1a quinzena de julho em Kg/tonelada
das safras 2007/2008 e a atual 2008/2009,
sendo que o teor de ATR da safra 2008/
2009 até a 1ª quinzena de julho está com
5 Kg de ATR/tonelada abaixo do teor
médio de ATR da safra 2007/2008 no
mesmo período.
Tabela 1 – Teor médio de ATR (Kg/ton) por
safra das Canas Entregues por Fornecedores da CANAOESTE entre a Safra 2007/
2008 e a Safra atual 2008/2009
As tabelas 2 e 3, trazem mais detalhes da qualidade tecnológica média da matéria-prima da safra 2007/2008 e da safra atual, a 2008/2009.
Gráfico 1 – Comparativo das Médias de Brix (%)
Tabela 2 – Dados Tecnológicos Médios das Canas Entregues até a 1ª
quinzena de julho por Fornecedores da CANAOESTE na safra 2007/2008
O mesmo comportamento do Brix ocorreu com o Pol do
Caldo (%).
Gráfico 2 – Comparativo das Médias de Pol do Caldo (%)
Tabela 3 – Dados Tecnológicos Médios das Canas Entregues até a 1ª
quinzena de julho por Fornecedores da CANAOESTE na safra 2008/2009
O Brix (%) da safra 2008/2009 começou abaixo do Brix
(%) da safra 2007/2008, acentuando queda até a 1ª quinzena
de junho. Já a partir da 2ª quinzena de junho houve uma
recuperação tendendo a ficar igualado ao Brix (%) da safra
2007/2008.
28
Revista Canavieiros - Agosto de 2008
A fibra (%) da safra 2008/2009 começou abaixo da safra
2007/2008, se equiparando a esta na 2ª quinzena de abril e
no mês de junho, caindo gradativamente no mês de maio e
com a mesma situação a partir da 1ª quinzena de julho, em
comparação com a safra 2007/2008.
29. Artigo Técnico
Gráfico 3 – Comparativo das Médias de Fibra (%)
Os volumes de precipitação média dos meses de janeiro,
maio e julho da safra 2008/2009 ficaram muito abaixo dos
valores obtidos na safra 2007/2008. Porém, nos meses de
fevereiro, março e abril houve praticamente o dobro do volume de chuva em relação à safra 2007/2008.
Gráfico 7 – Comparativo das Médias de Chuvas (mm)
O Pol da cana (%) da safra 2008/2009 começou abaixo da
safra 2007/2008, caindo bruscamente na 2ª quinzena de abril, se
recuperando até o final do período, ficando muito parecido, na
1ª quinzena de julho, com o Pol da cana (%) da safra 2007/2008.
Gráfico 4 – Comparativo das Médias de Pol da Cana – PC (%)
Na safra 2008/2009 tem-se, assim, um volume maior de
chuva no 1º e 2º trimestres se comparado aos volumes médios da safra 2007/2008.
Gráfico 8 – Comparativo das Médias de
Chuvas (mm) por Trimestre
A pureza (%) da safra 2008/2009, exceto na 1ª quinzena
de maio que ficou igual, do início da safra até a 2ª quinzena
de junho, ficou abaixo da Pureza (%) da safra 2007/2008.
Somente na 1ª quinzena de julho ficou superior, como pode
ser observado no gráfico 5.
Gráfico 5 – Comparativo das Médias de Pureza (%)
Observa-se que a chuva acima da média nos meses de
fevereiro a abril foi responsável pela queda no teor de Brix
(%), Pol (%), consequentemente no Pol da cana (%) e no
teor de ATR. Isso fez com que o teor de ATR médio ficasse 5
kg abaixo do teor da safra 2007/2008 para o mesmo período.
O mesmo comportamento do Pol da cana (%) ocorreu
com o teor de ATR.
Gráfico 6 – Comparativo das Médias de Açúcares Totais Recuperáveis - ATR (Kg/tonelada)
Revista Canavieiros - Agosto de 2008
29
30. Legislação
DITR - Declaração do Imposto
DITR - Declaração do Imposto
Sobre a Propriedade
Sobre a Propriedade
Territorial Rural (ITR)
Territorial Rural (ITR)
A
través da Instrução Normativa RFB nº 857, de 14 de julho
de 2008, a Secretária da Receita Federal disciplina o prazo, a forma e o procedimento para entrega da
DITR (Declaração do Imposto sobre
a Propriedade Rural) do exercício 2008,
requisito obrigatório para manter devidamente regularizada a propriedade rural.
Está obrigada a entregar a DITR
(Declaração do Imposto sobre a Propriedade Rural) toda pessoa física e/
ou jurídica que, em relação ao imóvel
a ser declarado, seja, na data da efetiva entrega, proprietária ou possuidora, condômina, expropriada a partir de
1º janeiro de 2008, inventariante, compossuidora, etc., independente de estar imune ou isenta do ITR (Imposto
Territorial Rural). No caso de morte do
proprietário do imóvel, como já dito, a
declaração deverá ser feita pelo inventariante, enquanto não terminada a partilha ou, se ainda não foi nomeado inventariante, está obrigado o cônjuge,
o companheiro ou o sucessor do imóvel a qualquer título.
Cumpre informar que na referida
DITR está obrigada a apurar o ITR
(Imposto Territorial Rural) toda pessoa física ou jurídica, desde que não
seja imune ou isenta, sendo certo que
a DITR corresponde a cada imóvel
rural e é composta dos seguintes documentos: DIAC (Documento de Informação e Atualização Cadastral) do
ITR, mediante o qual devem ser prestadas à Secretaria da Receita Federal
as informações cadastrais correspondentes a cada imóvel rural e a seu titular (obrigatório para todos os proprietários rurais); DIAT (Documento
de Informação e Apuração do ITR),
onde devem ser prestadas à Secretaria da Receita Federal as informações
necessárias ao cálculo do ITR e apurado o valor do imposto correspondente a cada imóvel (que se torna dispensável em caso de o imóvel ser imune ou isento do ITR).
30
Revista Canavieiros - Agosto de 2008
O valor do imposto é apurado aplicando-se sobre o Valor da Terra Nua Tributável (VTNT) uma alíquota (variável
de 0,02% a 4,50%), levando-se em consideração a área total do imóvel e o grau
de utilização (GU) desta, não podendo
ser o valor nunca inferior a R$ 10,00.
Demais disso, a propriedade rural
localizada no Estado de São Paulo que
possuir área de até 30 hectares, estará
imune do ITR desde que o seu proprietário a explore só ou com sua família,
além deste não possuir outro imóvel
(urbano ou rural). Por seu turno, estão
isentos de ITR os imóveis rurais compreendidos em programa oficial de reforma agrária oficial, bem como o conjunto de imóveis rurais de um mesmo
proprietário, cuja área total não exceda
os 30 hectares e desde que o proprietário os explore só ou com sua família
(admitida ajuda eventual de terceiros)
e não possua imóvel urbano.
O prazo para a apresentação da
DITR de 2008 será de 11 de agosto a
30 de setembro de 2008, podendo ser
feita de três formas, conforme o seu
tamanho e localização: pela internet,
(www.receita.fazenda.gov.br); por disquete a ser entregue nas agências do
Banco do Brasil e da Caixa Econômica
Federal; ou em formulário próprio, a ser
entregue nas agências da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT).
Se o imóvel estiver localizado no Estado de São Paulo e tiver área superior a
200 hectares a declaração deverá ser
feita pela internet ou por disquete.
Se a declaração for apresentada após
o prazo, o proprietário terá de pagar multa de 1% do valor do imposto ao mês.
Nos casos de imóvel rural imune ou isento do ITR, a multa será de R$-50,00.
O pagamento do imposto (ITR) apurado poderá ser realizado em até 4 (quatro) quotas, mensais e sucessivas, desde que: nenhuma quota possua valor
inferior a R$ 50,00; o imposto de valor
inferior a R$ 100,00 será pago de uma só
vez; a primeira cota
deverá ser paga até
30.09.2008 e as demais quotas serão
pagas até o último
dia útil de cada
mês, acrescidas de
juros com base na
taxa Selic, calculaJuliano Bortoloti - Advogado
da a partir de outuDepartamento Jurídico Canaoeste
bro de 2008 até o
mês anterior ao do pagamento e, ainda,
de 1% no mês do pagamento.
Por fim, deve ainda o contribuinte protocolizar o ADA (Ato Declaratório Ambiental) perante o IBAMA, observando-se
a legislação pertinente, com a informação
de áreas não-tributáveis, inclusive no
caso de alienação de área parcial.
Isto porque, as áreas consideradas
como sendo de preservação permanente (mata ciliar) e de Reserva Florestal
Legal (20% da propriedade averbada
na matrícula do imóvel com vegetação
nativa) são isentas da tributação do
ITR (Imposto Territorial Rural), desde
que devidamente informadas no formulário ADA (Ato Declaratório Ambiental), que, a partir do exercício de 2007,
é obrigatoriamente enviado por meio
eletrônico, via internet (ADAweb), através do site www.ibama.gov.br/adaweb
Portanto, para efeito de obtenção
do benefício da isenção tributária do
ITR (Imposto Territorial Rural) em áreas de preservação permanente e de reserva florestal legal, basta ao proprietário rural preencher e enviar ao IBAMA o formulário do ADA (Ato Declaratório Ambiental), informando referidas áreas de uso restrito.
Importante enaltecer, ainda, que visando um maior controle administrativo das propriedades rurais, o IBAMA
começou a cruzar suas informações
com a Receita Federal e o INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), responsáveis pelo controle e recolhimento anual do ITR.
31. Legislação
Canaoeste adere ao
Canaoeste adere ao
protocolo agroambiental
protocolo agroambiental
do setor canavieiro
do setor canavieiro
C
aros associados, a CANAOESTE, a exemplo de outras associações e unidades industriais,
aderiu na primeira semana do mês de
agosto/2008, ao Protocolo de Cooperação Agroambiental avençado entre
a ORPLANA (Organização dos Plantadores de Cana da Região Centro Sul
do Brasil) e o Governo Estadual que,
como dito n’outras oportunidades,
visa à adoção de ações destinadas a
consolidar o desenvolvimento sustentável das atividades dos fornecedores
independentes de cana-de-açúcar.
Referido protocolo que, aliás, é
de adesão voluntária por parte dos
produtores de cana-de-açúcar, traz
uma série de diretivas técnicas que
devem ser cumpridas, tais como obediência aos limites das áreas de preservação permanente e sua vegetação, adoção de práticas para conservação de recursos hídricos e de solo,
observância ao descarte correto de
embalagens de agrotóxicos, antecipação do fim da queima da palha
como método despalhador da cana
para o ano de 2014 em áreas passíveis de mecanização e 2017 em áreas
não mecanizáveis e/ou inferiores a
150 hectares, dentre outras exigênci-
as que, inclusive, já estão sendo adotadas pelos industriais e que, via reflexa, deverão ser respeitadas pelos
fornecedores.
Com a noticiada adesão da CANAOESTE ao protocolo, que a capacita a prestar mais um serviço ao seu
associado interessado, esta tem o
prazo de 90 (noventa) dias para apresentar seu Plano de Ação, onde deverá constar as ações que seus associados deverão seguir no intuito
de cumprirem integralmente as citadas diretivas técnicas constantes do
Regulamento do Protocolo, para receberem o Certificado de Conformidade Agroambiental concedido pelo
Governo Estadual, documento este
que representa uma imagem positiva
do produtor e do setor sucroalcooleiro, além de ser útil nas relações comerciais, nas relações financeiras,
nas relações institucionais junto aos
próprios órgãos governamentais,
dentre outras.
A adesão dos associados ao referido protocolo será voluntária e deverá ser feita diretamente perante à
CANAOESTE, ficando ressalvado
que é a associação, por delegação do
Estado, quem concederá o Certificado de Conformidade Agroambiental
ao fornecedor associado, ficando a
fiscalização das ações por conta dos
diversos órgãos do Poder Público.
Esta é, a nosso ver, uma novidade bem-vinda que visa fortalecer o
sistema associativo no setor canavieiro paulista, pois a qualidade de associado a uma entidade representativa de classe de fornecedores de
cana é condição fundamental para a
concessão do Certificado de Conformidade Agroambiental que, como visto, não poderá ser concedido aos fornecedores de cana-de-açúcar não associados.
Porém, após a conclusão do Plano de Ação, que está sendo elaborado pela CANAOESTE, e sua apresentação à Secretaria do Meio Ambiente
do Estado de São Paulo, é que será
possível a adesão do fornecedor associado, ressalvando que neste interregno de tempo estarão sendo realizadas reuniões técnicas regionais
para maiores esclarecimentos.
Juliano Bortoloti
Advogado
Revista Canavieiros - Agosto de 2008
31
32. Pragas e Doenças
Migdolus!
Uma preocupação com a praga
oculta na região de Pitangueiras/SP
C
omo já publicado anterior
mente na revista “Canavieiros”, a cana-de-açúcar é atacada por cerca de 80 pragas, porém pequeno número causa prejuízos à cultura. Dependendo da espécie da praga
presente no local, bem como do nível
populacional dessa espécie, as pragas
de solo podem provocar importantes
prejuízos à cana-de-açúcar, com reduções significativas nas produtividades
agrícola e industrial.
Marcelo de Felício
O Migdolus fryanus é um besouro da
Engenheiro agrônomo da Canaoeste família Cerambycidae, que, em sua fase
larval, ataca e destrói o sistema radicular de várias culturas, como
café, eucalipto, mandioca, feijão, uva, amora, pastagens, cipós
nativos e a cana-de-açúcar. As perdas provocadas por esse inseto
podem variar de algumas toneladas de cana por hectare até, na
maioria dos casos, a completa destruição da lavoura, resultando
na reforma antecipada mesmo de canaviais de primeiro corte.
Larva de Migdolus fryanus.
Além das dificuldades normais de controle de qualquer
praga de solo, o desconhecimento de várias fases do ciclo
desse coleóptero complica ainda mais o seu combate. Entretanto, os esclarecimentos atuais, fruto dos avanços tecnológicos alcançados nos últimos cinco anos, têm possibilitado, de certa forma, obter resultados satisfatórios de controle dessa praga.
As condições de seca, bem como a redução ou mesmo a
eliminação do uso de inseticidas organoclorados (Aldrin,
Heptacloro, Thiodan), anotadas em muitas usinas e destilarias, resultaram num aumento significativo das áreas atacadas pelo Migdolus fryanus, principalmente nos Estados de
São Paulo e Paraná.
Comportamento do inseto
A fêmea de Migdolus. fryanus tem
vida praticamente subterrânea. Já o macho é bastante ativo, voa bem, ambos
são escavadores e estão presentes fora
do solo a partir do mês de outubro, assim que se iniciam as primeiras chuvas.
O aparecimento dos machos é estimulado pelas fêmeas, que liberam um feromônio de atração sexual, provocando o
fenômeno denominado de “revoadas de
Migdolus” que ocorrem, após as priCiclo Biológico de
meiras chuvas de outubro, variando
uma região para outra, podendo acontecer até o mês de março. A fase larval é
longa, quase sempre de um ano, podendo prolongar-se em dois ou três.
As larvas de Migdolus. fryanus têm
hábito subterrâneo, podendo atingir até
de 4 (quatro) a 5 (cinco) metros de profundidade. Esse comportamento tem dificultado estudos biológicos do inseto.
O que se conhece sobre esse coleóptero refere-se apenas aos primeiros
60 cm de profundidade no solo. Concomitantemente, em função da dificuldade de realizar estudos nas camadas
mais profundas, presume-se que as informações até agora obtidas sobre o
inseto sejam apenas de uma parte da
população, aspecto que pode estar dificultando o emprego de métodos de
controle eficientes.
O macho é preto, apresentando asas posteriores
desenvolvidas. A fêmea é
marrom, com asas posteriores atrofiadas, e não
voam. Ambos medem cerca de 18 a 25 mm de comprimento.
32
Revista Canavieiros - Agosto de 2008
A fêmea, após o acasalamento, penetra no solo, cavando galerias novas ou utilizando-se dos mesmos canais abertos para sua saída. Alguns
dias depois, elas realizam suas posturas que podem ocorrer até as grandes
profundidades.
Sua larva é branca leitosa, chegando a medir cerca de 40 mm de comprimento, que, no final de seu estágio larvas, penetram a grandes profundidades,
constroem no final da galeria uma câmara pupal e transformam-se em pupa.
O ataque normalmente ocorre em
reboleiras, em cana-planta e também
nos contes subseqüentes. As larvas
se alimentam tanto dos toletes como
dos rizomas.
Os rizomas atacados emitem poucas raízes, provocando o secamento
de touceiras nas reboleiras infestadas,
os prejuízos causados na produção final são grandes.
33. Pragas e Doenças
Prejuízos e danos causados pela
larva do Migdolus fryanus.
As larvas do Migdolus destroem
o sistema radicular da cana-de-açúcar de qualquer idade, perfurando-os
em todos os sentidos e alimentandose dele. Em cana-de-açúcar, atacam o
rizoma, podendo destruí-lo totalmente. Em canas jovens, as touceiras
aparecem parcial ou totalmente secas
e as falhas podem ser numerosas. Em
canas mais velhas, as touceiras atacadas apresentam aspectos e canas
afetadas por seca ou fogo. Os efeitos
são mais evidentes durante os períoSintomas do ataque de
Migdolus em cana soca.
dos em que as plantas estão sujeitas
a déficit hídrico, quando é possível
encontrar números elevados de larvas junto às touceiras atacadas. Os
adultos também podem fazer orifícios nos toletes. Por viver debaixo da
terra e só sair na superfície por um
curto período de tempo - para as revoadas de acasalamento - a praga é
difícil de ser encontrada, o que prejudica seu controle. Os danos ao canavial são irreparáveis: de queda da produtividade à perda da plantação.
Sintomas do ataque de
Migdolus em cana planta.
Controle da Praga
O controle do besouro Migdolus é
difícil e trabalhoso. Isso se deve ao
fato de, aliado ao desconhecimento do
seu ciclo biológico, o que impossibilita antever com exatidão o seu aparecimento em uma determinada área, a larva e mesmo os adultos passarem uma
etapa da vida em grandes profundidades no solo (2 a 5 metros), o que proporciona a esse inseto uma substancial proteção às medidas tradicionais de
combate. Apesar do modo de vida pouco peculiar desse inseto, o mesmo apresenta algumas características biológicas favoráveis ao agricultor, as quais
devem ser exploradas no sentido de
aumentar a eficiência do controle. Entre essas características merecem destaque as seguintes:
- a baixa capacidade reprodutiva
(cerca de 30 ovos por fêmea);
- a fragilidade das larvas no que se
refere a qualquer interferência mecânica no seu habitat;
- o curto período de sobrevivência
dos machos (1 a 4 dias);
- a ausência de asas funcionais nas
fêmeas, o que restringe, sobremaneira,
a disseminação.
Revista Canavieiros - Agosto de 2008
33
34. Pragas e Doenças
O controle integrado do besouro
Migdolus fryanus consiste no emprego concomitante de três métodos: mecânico, químico e cultural.
Mas antes de fazer o controle na
área, devemos levar em consideração
a identificação correta da praga, por
se tratar de um método de controle
Na instalação
das armadilhas
precisamos de:
1 cavadeira, 1 garrafa de refrigerante,
iscas (feromônio) e a armadilha.
com alto custo, tanto na parte operacional quanto na compra dos produtos químicos.
Para isso consiste no uso de armadilhas com pastilhas de feromônio
sintético. Estes feromônios capturam
os besouros machos - que são atraídos até a armadilha porque as pasti-
lhas têm o mesmo cheiro dos besouros fêmeas - consequentemente caindo dentro da garrafa. Além do efeito de controle dessas armadilhas,
deve-se ressaltar também a possibilidade de monitorar um grande número de fazendas, o que proporcionará, em breve, antever ataque de larvas nas raízes.
Controle Mecânico
O controle mecânico está vinculado à destruição do canavial atacado e,
nesse aspecto, dois pontos importantes devem ser considerados: a época
de execução do trabalho e os implementos utilizados.
Estudos da flutuação populacional
do Migdolus mostraram que a época
do ano, na qual a maior porcentagem
de larvas se concentra nos primeiros
20 a 30 cm do solo, coincide com os
meses mais frios e secos, ou seja, de
março a agosto. Desse modo, do ponto de vista do controle mecânico, a
destruição das touceiras de cana, quando efetuada nessa época, mesmo que
parcialmente, é muito mais efetiva.
Aliada à época de reforma, o tipo de
destruição também tem influência na
mortalidade das larvas. Experimentos
conduzidos em áreas infestadas revelaram que o uso de diferentes implementos por ocasião da reforma do canavial
apresenta efeitos variados no extermí-
nio das larvas de Migdolus. A grade aradora, passada apenas uma vez, atinge
níveis de mortalidade ao redor de 40%,
enquanto o uso de eliminador de soqueira, modelo Copersucar, hoje chamado de CTC (Centro de Tecnologia Canavieira), pode reduzir a população das
larvas em mais de 80%.
Outros trabalhos executados em
condições de plantio comercial de
cana-de-açúcar confirmaram a eficiência do destruidor de soqueira no controle das larvas do Migdolus.
Os mesmos estudos assinalaram
também bons resultados com o arado
de aiveca, não só no aspecto relativo à
mortandade de larvas, mas também na
eficiente destruição dos canais usados
pelas larvas na sua movimentação vertical durante o ano. Ainda no tocante
ao método de reforma dos canaviais,
alerta-se para a inconveniência do emprego do cultivo mínimo nas áreas infestadas com Migdolus.
Controle Químico
O método mais simples e prático de
controle é o químico, aplicado no sulco de plantio. Essa forma de aplicação
de inseticidas tem revelado resultados
promissores no combate a essa praga.
Experimentos mostraram que o emprego de inseticidas organoclorados (Endosulfan 350 CE) apresentou reduções significativas na população e no peso das
larvas de Migdolus, quando comparadas
a uma testemunha não tratada. A aplicação desses produtos resultou na proteção das touceiras de cana durante o primeiro corte da cultura, com aumentos na
produção da ordem de 19 toneladas de
cana por hectare. Os números mais expressivos de controle foram alcançados nas
soqueiras subseqüentes. Os acréscimos
de produtividade registraram valores superiores a duas ou três vezes aos encontrados nas parcelas-testemunhas, como
conseqüência do uso de inseticidas.
34
Revista Canavieiros - Agosto de 2008
Estudos com o inseticida Endosulfan
350 CE, mostraram um retorno econômico
altamente significativo, tanto em doses
isoladas como quando associado a outros produtos. Uma outra forma de controle é a aplicação de inseticidas de longo
poder residual no preparo do solo, através de bicos colocados atrás das bacias
do arado de aiveca. Esse método, que
implica no consumo de 300 a 1000 litros
de solução por hectare, apresenta a vantagem de depositar o inseticida a aproximadamente 40 cm de profundidade, formando uma faixa protetora contínua.
Os resultados atuais de pesquisa recomendam o controle químico através
do emprego do inseticida Endosulfan
350 CE, aplicado no arado de aiveca na
dosagem de 12 litros/ha, mais uma complementação com o inseticida Fipronil
800 WG, utilizado na dosagem de 300 g/
ha, colocado no sulco de plantio, no mo-
mento de cobertura da cana. Vale lembrar que o Migdolus tem controle e é
possível zerar a população de larvas do
solo, mas para que isso aconteça é necessária a adoção de todas as técnicas
e métodos de controle (mecânico + químico + cultural). No caso de apenas uma
dessas técnicas ou métodos serem adotados isoladamente o produtor não terá
a máxima eficiência no controle da larva,
podendo ter prejuízos na próxima implantação do canavial.
O método ou técnica correta para
eliminar a larva de Migdlous no solo é:
1° destruição total da soqueira antiga com grade, arado ou eliminador de
soqueiras.
2º aplicação do inseticida (endosulfan 12 litros/há) em sub superfície do solo.
3° aplicação do inseticida (fipronil
300 gramas/há) na cobrição dos toletes de cana.
35. Repercutiu
Foto: Agência Brasil
“Todos sabemos que é idéia de
jerico produzir etanol do milho, como
fazem os Estados Unidos. Mas temos
que continuar produzindo porque em
algum momento o mercado vai se
abrir”,
Do ministro do Planejamento,
Paulo Bernardo. Ele frisou que a
tendência é de que o álcool brasileiro
consiga derrubar barreiras que
atualmente restringem a exportação
do produto a partir do momento que
outros países começarem a se destacar na produção de etanol.
Foto: Agência Brasil
“A Unica lamenta profundamente a
chance perdida de integrar, ao menos
parcialmente, o etanol no sistema
mundial de comércio, mesmo que o
combustível fosse considerado
´produto sensível´, como solicitado
pela União Européia”.
Do presidente da Unica Marcos
Jank. Com o fracasso das negociações
na Rodada Doha após nove dias de
intensas discussões em Genebra, na
Suíça, a UNICA (União da Indústria
da Cana-de-Açúcar), entende que
perde-se mais uma excepcional
oportunidade para fazer a rodada
avançar, assim como a possibilidade
de integrar um pouco mais o etanol no
sistema mundial de comércio.
“Com a constituição desta empresa,
acreditamos ter instrumento para fazer
crescer a agricultura familiar, e desenvolver a cadeia do biocombustível, contribuindo para o conseqüente desenvolvimento da humanidade, na medida em que
vamos produzir um combustível mais
limpo”,
O presidente da Petrobras, José
Sérgio Gabrielli, sobre a criação da
Petrobras Biocombustível, empresa que
administrará os projetos de produção de
biocombustíveis da Petrobras.
As exportações do agronegócio brasileiro bateram recorde e atingiram US$
33,8 bilhões, no primeiro semestre do ano, aumento de 16,3% em relação ao
mesmo período de 2007. Apenas em junho, as vendas externas somaram US$ 6,5
bilhões, maior valor registrado para o mês.
Relatório divulgado no dia 17 pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
Revista Canavieiros - Agosto de 2008
35
36. Cultura
Cultivando
a Língua Portuguesa
Biblioteca
“GENERAL ÁLVARO
TAVARES CARMO”
"Novas Fronteiras do Etanol
Os desafios da energia no século 21"
Esta coluna tem a intenção de maneira didática,
esclarecer algumas dúvidas a respeito do português
Unica
1) Pedro disse:
Maria está “ELEGANTÉRRIMA” no evento!
Prezados amigos leitores não tenho nada contra algumas Renata Carone
Sborgia*
palavras, mesmo que não sejam usadas conforme a norma culta.
Só não vou empregá-las quando estiver falando e/ou escrevendo em tom mais
formal e/ou profissional.
As palavras, como os seres humanos, têm o direito de existir!
Dica: setores da imprensa, principalmente ligados à moda e ao colunismo
social, passaram a usar liberalmente o sufixo ÉRRIMO, criando formas como
chiquérrimo, riquérrimo, elegantérrimo.
Mas existe uma que seria mais elegante utilizar?
Esse é o verdadeiro segredo de quem usa bem o Português: não se trata
apenas de escolher uma forma correta e uma errada, mas sim escolher, entre duas
formas corretas, a mais adequada para a situação.
ELEGANTÍSSIMO (a) podemos usar sempre, em qualquer contexto, em qualquer nível de linguagem.
2)Ficar fazendo algo inútil é uma “PERCA” ou “PERDA” de tempo?
É o famoso ócio... quantas críticas, não?
Prezado amigo leitor não perca esta explicação!
O correto é PERDA DE TEMPO.
São substantivos nascidos a partir de um verbo (deverbais) são formados
pelo acréscimo de um elemento terminal: as vogais A, E ou O ao radical do verbo.
Exemplos corretos: perder - perda, comprar – compra, vender - venda, trocar troca, resgatar - resgate, estudar - estudo.
A forma PERCA existe, sim, mas é o presente do subjuntivo do verbo PERDER.
Ex.: Pedro não quer que eu perca horas preciosas arrumando os arquivos
antigos.
3) ...muitos não participaram da palestra porque estavam trabalhando.
Maria teve “uma dó” dos amigos.
E a Língua Portuguesa teve UM DÓ com o erro de Maria!!!
Dica: a palavra DÓ, no sentido de pena, piedade, é um substantivo masculino.
O correto é um dó.
Ex.: Maria teve um dó dos amigos.
Estou com muito dó da menina.
* Advogada e Prof.ª de Português e Inglês
Mestra—USP/RP, Especialista em Língua Portuguesa, Consultora de Português, MBA em
Direito e Gestão Educacional, escreveu a Gramática Português Sem Segredos (Ed. Madras)
com Miriam M. Grisolia
36
Revista Canavieiros - Agosto de 2008
O
São Paulo Ethanol Summit foi concebido
para gerar bons e sadios debates acerca do
presente e do futuro da energia renovável no
planeta. Sede do mais bem-sucedido programa
de conversão da energia solar em combustível
via fotossíntese, o Brasil reúne todas as condições para catalisar o debate inevitável que acompanha qualquer trajetória inovadora nesse campo vital para o futuro da humanidade.
Era imprescindível tratar do assunto a sério,
identificando as querelas substantivas que,
com alguma assiduidade, freqüentam circuitos
acadêmicos ou foros multilaterais. A própria
organização dos debates seguiu as grandes linhas em que se colocam os temas centrais da
discussão sobre o potencial das energias renováveis. Salas temáticas específicas concentraram as três linhas de conhecimento que o Protocolo de Kyoto reconheceu como elementos
da Sustentabilidade: o progresso econômico, a
promoção social e a proteção ambiental.
Os documentos originais dessas contribuições estão registrados em som e imagem. São
arquivos que servirão à História, mas cujos destaques podem ser aproveitados desde já, reunidos nesta seleção oficial e que, além de oferecer elementos para reflexão, servem desde já
como inspiração às futuras edições do SP Ethanol Summit.
Os interessados em conhecer as sugestões de
leitura da Revista Canavieiros podem procurar a
Biblioteca da Canaoeste, na Rua Augusto Zanini,
nº1461 em Sertãozinho, ou pelo telefone
(16)3946-3300 - Ramal 2016
37. Agende-se
Setembro
de 2008
FENASUCRO 2008 - XV FEIRA INTERNACIONAL DA INDÚSTRIA
SUCROALCOOLEIRA
Data: 02 a 05 de setembro de 2008
Local: Centro de Exposições Zanini - Sertãozinho - SP
Temática: O maior evento tecnológico mundial de açúcar e álcool
A FENASUCRO acontece desde 1993, quando o CEISE - Centro das
Indústrias de Sertãozinho e o CIESP - Centro das Indústrias do Estado de
São Paulo, convidaram a Multiplus Produções e Empreendimentos Ltda.
para realizarem juntos uma feira de fornecedores de equipamentos e serviços para Usinas e Destilarias de açúcar e álcool de todo país. O objetivo era fazer um evento técnico e comercial capaz de reunir num único
lugar, em um curto espaço de tempo, os profissionais do setor, apresentar
as últimas novidades e "alavancar" futuros negócios.
Mais Informações: (16) 3623-8936
AGROCANA 2008 - VI FEIRA DE NEGÓCIOS E TECNOLOGIA DA
AGRICULTURADACANA-DE-AÇÚCAR
Data: 02 a 05 de setembro de 2008
Local: Centro de Exposições Zanini - Sertãozinho - SP
Temática: A Agrocana - Feira de Negócios e Tecnologia da Agricultura de
Cana-de-Açúcar é um evento voltado para produtores de cana e profissionais que atuam na área agrícola das usinas. Sua primeira edição foi em 2003
e em 2005 passou a ser promovida simultaneamente à Fenasucro - Feira
Internacional da Indústria Sucroalcooleira. A Feira apresenta lançamentos,
novidades e informações voltadas para uma melhor produtividade no canavial, com produtos, insumos e equipamentos destinados ao preparo do
solo, tratos culturais, plantio, colheita e transporte da cana. Com periodicidade anual, a Agrocana tornou-se referência para produtores que buscam
implantar ou atualizar tecnologia na lavoura.
Mais Informações: (16) 3623-8936
SEMINÁRIO"IMPACTOSSOCIOAMBIENTAIS-EQUÍVOCOS,ENTRAVES E PROPOSIÇÕES CONTEMPORÂNEAS
Data: 11 e 12 de setembro de 2008
Local: Antonios Palace Hotel - Piracicaba - SP
Temática: Com o intuito de reunir experiências, problematizar práticas
metodológicas e instrumentos tradicionais de planejamento e avaliação
de impactos ambientais e compartilhar proposições contemporâneas que
auxiliem nas tomadas de decisão dos diversos atores comprometidos
com a questão ambiental, a Casa da Floresta está organizando o seminário "IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS - Equívocos, entraves e proposições contemporâneas".
Mais Informações: (19) 3433-7422
III SIMPÓSIO BRASILEIRO DE CITRICULTURA
Data: 18 e 19 de setembro de 2008
Local: ESALQ-USP - Anfiteatro do Pavilhão da Engenharia – Piracicaba – SP
Temática: Será dividido em quatro painéis: 1- Aspectos econômicos;
2º: Resistência genética de citros a patógenos; 3º: Fitossanidade e fisiologia da Produção; Huanglongbing - histórico e perspectivas de controle
no Brasil e E.U.A - Reinaldo Donizete Corte (sanicitrus); 4º:custos de
implantação e produção - Dr. Maurício Lemos Mendes da Silva (FNP)
Mais Informações: (19) 3417-6604
Revista Canavieiros - Agosto de 20082008
Revista Canavieiros - Agosto de
37
38. Vende-se
Vende-se
Caminhão MB 2635 traçado, 98/99, 2213 super-conservado, raridade, traçapronto. R$ 175.000,00. Tratar com o Fur- do e reduzido de fabrica, pneus 90%
lan pelo telefone (66) 9988-4267
bons, com gaiola, semi-nova. Ótimo preço. Tratar com Wladimir pelo telefone
Vendem-se
(16) 3664- 1535 ou 8141-3813
- Sítio de 21 alqueires no município de
São Carlos - Tratar com Paula (17) 9618
Vende-se
5127 ou (17) 3395 1926
54000 há, ótima para grãos e cana na re- Sítio de 17 alqueires no município de gião de Uruçuí-Piaui, vizinho de cerca da
Taquaral - Tratar com Roberto (17) 3918 Bunge, preço de 45 sacas de soja/ha à vista
5130 ou (17) 3395 1926
ou 55 sacas/ha 50% de entrada e o restante
em 1 ano. Tratar com José Paulo Prado pelo
Vende-se
telefone (19) 3541-5318 ou 9154-8674
Trator Ford, modelo 5610, ano 84 em bom
estado. Tratar com João Luiz Ferreira pelo
Vende-se
telefone (17) 3347- 11-90 Jaborandi
Caminhão ano 82/83, truck, caçamba
reduzido, bom de cabine caçamba iderol
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de 8 metros muito boa, mecânica boa e
Ford Cargo 2831, traçado, ano 2005/06, tra- pneus bons. Tratar com Junior Gazoti
balhando. Canavieiro com ou sem reboque, pelo telefone (18) 9749-5042
2 eixos. Urgente. Aceito troca. Tratar com
contato Vicente pelo telefone (34) 9102-5798
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Alexandre pelo telefone (16) 9248-1575
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