A edição de maio da Revista Canavieiros destaca a realização da Agrishow 2011, que bateu recorde de negócios. Outros destaques são entrevista com secretário de Agricultura de SP sobre o bom momento do setor e perspectivas futuras, e matérias sobre eventos da Copercana e Canaoeste.
4. Editorial
4
Expediente:
Conselho Editorial:
Antonio Eduardo Tonielo
Augusto César Strini Paixão
Clóvis Aparecido Vanzella
Manoel Carlos de Azevedo Ortolan
Manoel Sérgio Sicchieri
Oscar Bisson
Editora:
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Rafael H. Mermejo
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Rafael H. Mermejo
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(16) 3946-3311 - Ramal: 2008
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Impressão:
São Francisco Gráfica e Editora Ltda
Tiragem:
11.000 exemplares
ISSN:
1982-1530
A Revista Canavieiros é distribuída gratuitamente aos cooperados, associados
e fornecedores do Sistema Copercana,
Canaoeste e SicoobCocred. As matérias
assinadas são de responsabilidade dos autores. A reprodução parcial desta revista é
autorizada, desde que citada a fonte.
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A realização da
Agrishow e a retomada
de negócios na agricultura
N
egócios que contabilizaram
R$ 1.755 bilhão, assim foi a
Agrishow 2011 (Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação)
que foi realizada de 2 a 6 de maio, em
Ribeirão Preto e atingiu recorde em todos os seus segmentos. As informações
completas e novidades sobre a maior
feira de tecnologia agrícola em ação,
o leitor encontrará na “Reportagem de
Capa” deste mês.
O entrevistado desta edição é com
o secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, em exercício, Antônio Junqueira. Ele conversou
com a equipe de redação da Revista Canavieiros durante a Agrishow. Na entrevista, ele comenta sobre a importância
do setor agrícola na economia brasileira, perspectivas futuras e seguro rural.
Cleber Moraes, da M. Moraes Consultoria Agronômica Ltda e Almir Torcato, do departamento de Planejamento
da Canaoeste, assinam o “Ponto de Vista” do mês de maio. Economia, crises e
produção de açúcar e etanol são os temas abordados.
Em “Assuntos Legais”, o advogado
da Canaoeste, Juliano Bortoloti, fala
sobre os argumentos que devem ser ouvidos em Brasília para realização da votação do novo Código Florestal. O advogado defende que só a votação pode
impedir que milhares de produtores rurais fiquem na irregularidade.
Nas “Notícias Copercana” está uma
nova alternativa de negócios que foi
apresentada aos produtores rurais de
Orindiúva e região. Para isso, a cooperativa realizou uma reunião, no mês de
RC
www.twitter.com/canavieiros
redacao@revistacanavieiros.com.br de 2011
Revista Canavieiros - Maio
abril, que contou com a participação da
Oricana (Associação dos Fornecedores
de Cana da Região de Orindiúva), do
Grupo Bunge (Usina Moema) e da empresa Dupont.
Em “Notícias Canaoeste” o leitor
pode conferir o evento que aconteceu
no auditório da associação em Sertãozinho, realizado em parceira com a
Stab (Sociedade dos Técnicos Açucareiros e Alcooleiros do Brasil) e Unesp
(Universidade Estadual Paulista). Na
ocasião foram apresentados os resultados de estudos para o desenvolvimento
tecnológico do setor e levantamentos de
dados qualitativos nas últimas safras.
Ainda em “Notícias Canaoeste”, é possível conferir a viagem de fornecedores
da associação à Brasília. Na ocasião, os
produtores rurais puderam acompanhar
as discussões sobre a votação do Código Florestal.
Em “Destaque”, está à visita do presidente da Unica (União da Indústria
de Cana-de-Açúcar), Marcos Jank, ao
Centro Empresarial Zanini, em Sertãozinho, para proferir uma aula especial
aos alunos da Uniceise (Universidade
Corporativa do Setor Sucroenergético).
Em “Novas Tecnologias”, o leitor
poderá se informar sobre o novo herbicida lançado pela DuPont. Este produto
apresenta vantagens para produtores e
usinas por ser específico para a época
seca da cana-de-açúcar.
Além disso, não deixe de conferir as
“Informações Setoriais” com o consultor agronômico da Canaoeste, Oswaldo
Alonso; dicas de leitura e gramática,
classificados e a agenda de eventos.
Boa leitura!
Conselho Editorial
5. 5
Ano V - Edição 59 - Maio de 2011
Índice:
Capa - 22
Agrishow 2011: negócios movimentaram R$ 1,755 bilhão
Em edição recorde, feira
atraiu público de 45 países e
lideranças do setor
E mais:
Ponto de Vista I
06 - Entrevista
Antônio Junqueira
Sec. de Agricultura e Abastecimento do Estado de SP
Hora do produtor aproveitar o bom momento
08 - Ponto de
Vista
Cleber Moraes
Consultor Agronômico
Bom momento para o setor, mas há sinais da nova crise
14 - Notícias Copercana
- Copercana realiza reunião com produtores de Orindiuva
- Dupont lança produto para cana-de-açúcar
15 - Notícias Canaoeste
- Em busca da votação do Código Florestal
- Impurezas e Qualidade de Cana-de-açúcar
18 - Notícias Sicoob Cocred
.................página 08
Ponto de Vista II
.................página 12
Circular Consecana
.................página 16
Informações Setoriais
.................página 26
Opinião
.................página 30
Destaque
.................página 32
- Balancete Mensal
28 - Assuntos Legais
Classificados
Alteração do Código Florestal - mobilização
para que isso ocorra
“Como todos vem acompanhando pela imprensa,
está se travando uma árdua batalha no Congresso Nacional para alteração do arcaico Código
Florestal. Digo arcaico porque uma lei que coloca
90% de um segmento da sociedade, no caso os
agricultores, na ilegalidade, não pode ser considerado de outra forma, como apregoam alguns...”
.................página 33
Cultura
.................página 34
Revista Canavieiros - Maio 2011
6. 6
Entrevista com:
Antônio Junqueira
Carla Rodrigues
É assim que pensa o secretário
de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, em
exercício, Antônio Junqueira,
que numa entrevista exclusiva a
Canavieiros durante a Agrishow
2011, falou sobre a importância
do setor agrícola na economia
brasileira, perspectivas futuras e
seguro rural. Confira!
“Hora do produtor aproveitar o bom momento”
Revista Canavieiros: Fale um
pouco sobre a importância da realização de uma feira como a Agrishow.
Antonio Junqueira: A Agrishow é
a maior feira agrícola do Brasil e hoje
é considerada a segunda do mundo.
Estamos na região mais rica do país,
e só pela alta tecnologia que a feira
apresenta, já mostra sua importância.
Sua localização é estratégica, num lugar onde temos mais de 45 países visitantes e estradas boas. Devido a esses
e outros fatores, conseguimos receber
além dos grandes produtores, os médios e os pequenos produtores também. É fácil para todo mundo chegar.
Não podemos deixar de citar a capacidade da difusão de tecnologia, para
isso temos aqui uma área de quase 830
hectares, que nos proporciona uma facilidade muito grande para as realizações das demonstrações de campo.
Revista Canavieiros: A secretaria assinou durante a abertura da
feira, uma concessão que tem como
objetivo a permanência da Agrishow
em Ribeirão Preto por mais 30 anos.
Quais as mudanças que isso traz para
a feira?
Junqueira: Isso era um pedido do
setor já há algum tempo. Dentro do
“A Agrishow é a maior
feira agrícola do Brasil
e hoje é considerada
a segunda do mundo.
Estamos na região mais
rica do país, e só pela
alta tecnologia que a
feira apresenta, já mostra sua importância.”
estado podemos fazer convênios de
até cinco anos de duração. Os patrocinadores da feira queriam fazer investimentos de vulto, para que isso
aconteça, eles precisavam de uma garantia de que a feira iria permanecer
aqui na cidade. O intuito dessa lei é
exatamente dar segurança para que
esses patrocinadores possam fazer novos investimentos, como construções
fixas, melhores e maiores, por exemplo: asfaltar as ruas, melhorar sanitários, construir centros de convenções.
Penso que essa lei garante a segurança
necessária para que eles (organizadores) possam melhorar e apresentar
mais tecnologias.
Revista Canavieiros: A Secretaria
de Agricultura está realizando algumas ações, entre elas o Seguro Sani-
Revista Canavieiros - Maio de 2011
tário Contra Doenças Avícolas, Seguro da Viticultura e Seguro Sanitário
de Citros . Fale um pouco sobre isso.
Junqueira: Esse seguro sanitário
abrange mais de cinco mil estabelecimentos, o que significa mais de 248
milhões de aves. É um setor importante para nós, pois movimenta na economia aproximadamente R$ 3,8 bilhões.
Terá direito a esse instrumento, todos
os produtores do Estado de São Paulo. É um seguro educativo e de convencimento, que atende toda cadeia
produtiva. O objetivo é indenizar os
produtores segurados das seguintes
doenças: influenza aviária (H5N1 e
subtipos), newcastle, micoplasmose e
salmonelose aviária.
Quanto ao setor da viticultura, hoje
temos dentro do Estado de São Paulo,
aproximadamente quatro mil produtores com áreas médias de 2,5 hectares.
Isso também era uma reivindicação do
setor e veio através da câmara setorial
o pedido de um sanitário agrícola para
este setor. A uva, depois da laranja é a
fruta mais consumida no estado, além
disso, já estão fazendo sucos de uva e
vinho aqui em São Paulo, cujo mercado consome 60% do vinho produzido
no Brasil. Esse seguro contemplará doenças que dão na uva e cobrirá perdas
7. 7
“...Trator foi feito para
trabalhar e não para
passear, pensando assim,
criamos o Pró-implemento,
que é diferentemente do
programa Pró-trator.”
por excesso de chuvas. Estamos ainda
elaborando este documento e acreditamos que até meados deste ano o seguro
da uva e também o da avicultura, serão
lançados na praça.
O Seguro Citrícula já foi um sucesso no ano passado, quando beneficiávamos produtores com até 20 mil
árvores; hoje estamos dobrando sua
abrangência, indo até 40 mil árvores,
ou seja, 95% do parque citrícula do
Estado de São Paulo, garantindo renda para o produtor e crescimento do
agronegócio no estado.
Revista Canavieiros: O Programa
Pró-trator está em vigor desde janeiro
de 2009, com subsídio total dos juros,
pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento, através do FEAP – Fundo
de Expansão do Agronegócio Paulista. Como está este programa hoje?
Junqueira: Podem fazer parte do
programa Pró-trator, todos os produtores com renda bruta anual até R$ 400
mil. Deveremos financiar nessa segunda etapa por volta de 4 mil máquinas,
entre essas, tratores de 50 cavalos até
120. O pagamento pode ser feito em
até 5 anos, com carência de 3 anos. O
produtor vai escolher a máquina que
quiser. Ele vai até a Casa da Agricultura, preenche o questionário, entrega
seu imposto de renda e compra um trator com juros médios de 20% sobre a
tabela. Esses juros quem está bancando
é o Estado de São Paulo.
Revista Canavieiros: Durante a
abertura da Agrishow 2011, o governador Geraldo Alckmin lançou o
programa Pró-implemento. Qual serão as vantagens deste programa?
Junqueira: Este programa foi criado para complementar o programa
Pró-trator e funcionará com as mesmas condições de crédito. Trator foi
feito para trabalhar e não para passear, pensando assim, criamos o Próimplemento, que é diferentemente
do programa Pró-trator. Temos uma
quantidade enorme de implementos,
cada um com uma cultura diferente,
por isso, demoramos um pouco mais
para soltar esse programa e chegamos a conclusão de que é o agricultor
quem tem que escolher o implemento que precisa. Vamos disponibilizar
na ordem de R$ 20 mil por produtor
para que ele possa realizar junto com
o Pró-trator, a compra do implemento
também, adquirindo assim, um trator
completo para já começar a trabalhar.
Revista Canavieiros: Qual é o cenário que o senhor prevê para a agricultura brasileira neste ano?
Junqueira: Neste ano temos uma
conjuntura muito positiva. O setor da
cana vai muito bem, o setor da laranja, da borracha vai muito bem e o setor
de soja e milho melhorou bastante. Só
tenho ouvido reclamações do setor arrozeiro, que tem um preço mínimo de
R$ 24 e está vendendo a saca por R$ 19.
São Paulo no passado foi um grande exportador e hoje é importador, na quantia
de 95%, isso nos preocupa. Já a arroba
(carne) deverá recompensar o produtor.
Numa ótica geral, este ano é atípico, temos um ano como este a cada
dez anos. Por esse motivo, acho que o
produtor tem que aproveitar este momento para acertar seus débitos, colocar a vida em ordem, tentar colocar
um dinheiro no banco e pensar com
calma no que vai fazer. Aqui estamos
cheios de oportunidades. Sei que há
uma grande vontade em adquirir novas máquinas, implementos, produtos,
mas é necessário agir com cautela. E
acreditamos que iremos fechar este
ano com chave de ouro com a aprovação do Código Florestal.
Se o produtor tem segurança jurídica para se organizar e produzir, tenho
certeza que iremos caminhar fortemente para o sucesso. O Brasil daqui a
15 anos estará produzindo 50% da comida do mundo. Os estrangeiros vêm
para cá e ficam impressionados com
a nossa tecnologia, agora só depende
de nós sermos um país para frente ou
ficarmos no atraso. RC
O secretário Antônio Junqueira participou da reunião do
Grupo Técnico da Orplana durante a Agrishow 2011
Revista Canavieiros - Maio 2011
8. 8
Ponto de Vista I
Cleber Moraes *
Bom momento para o setor,
mas há sinais da nova crise
A
o que tudo indica, o setor sucroenergético viverá um bom
momento até 2.015, mas a próxima crise do setor com preços baixos
já se desenha. Esta crise está sendo
montada por todos nós, consumidores, industriais, fornecedores de cana,
insumos e equipamentos, funcionários
do setor, gerentes, diretores, etc e tem
data marcada para ocorrer, 2015.
Esta montagem segue um ciclo que
se repete pelo menos desde 1975, mas
que pode ter raízes mais profundas no
setor. O ciclo inicia-se após um pico
de preço do açúcar no mercado internacional como o ocorrido em 03 de fevereiro de 2.006. Este pico de preço é
resultado de uma sequência de anos em
que as produções mundiais de açúcar
são inferiores ao consumo, o que leva
os players deste mercado a realizar investimentos no setor e que, no instante
seguinte, geram a próxima crise.
Na figura 1 é apresentado um gráfico da Evolução dos Preços Mundiais
de Açúcar entre os anos de 1970 e
1982, onde podem ser
observados dois momentos de forte elevação nos
preços seguidos de forte
queda.
Figura 1 – Evolução dos Preços Mundiais de Açúcar: 1970 - 1982
Neste gráfico é possível identificarmos os
instantes em que o setor
passou por crises e assim
analisar os fatores desencadeantes destas crises.
Na figura 3 apresentamos o mesmo gráfico,
pontuando os momentos
de crise, os períodos mais
agudos das mesmas e a
duração dos ciclos.
Fonte: A Desregulamentação do Setor Sucroalcooleiro do Brasil - Márcia
Azanha Ferraz Dias de Moraes, 2000.
É importante relembrar
que, nos momentos em que os preços
de açúcar se recuperam, tanto no período pré-crise ou no início da recuperação do setor, sempre há reflexos
nos preços de etanol. Em geral, nestes
instantes, há uma oferta menor de cana-de-açúcar do que a necessária para
Figura 2 - Evolução dos Preços de Açúcar do contrato No. 11 da NYBOT e
as Variações dos Estoques Mundiais de Açúcar:
a produção de açúcar e etanol. Como
os preços de açúcar refletem mais rapidamente a informação de uma oferta
menor de cana-de-açúcar, há a manutenção ou um pequeno crescimento da
produção de açúcar, limitado pela capacidade instalada das indústrias que
tem flexibilidade entre açúcar e álcool
limitada, entretanto, como a oferta de
matéria-prima é menor, os efeitos repercutem na produção e, por fim, nos
preços do etanol.
Em função da crise, assistimos no
mercado e no campo uma série de atitudes que levam à criação de uma nova
crise. Vejamos a figura 4 onde são
apresentados os preços do Kg de ATR
no período das safras de 1998/1999
até a safra 2006/2007.
Fonte: Czarnikow Sugar
Revista Canavieiros - Maio de 2011
Logo abaixo dos preços de cada safra, indicamos quais foram as atitudes
das usinas, destilarias e dos produtores de cana em cada safra. Estas atitudes foram consequência das condições de preço do setor, que afetou a
disponibilidade de recursos no caixa
das empresas.
►
10. 10
No período de 1.998 a 2.000, em
função dos preços baixos de álcool, que
refletiam um mercado de açúcar em baixa também, houve uma grande expansão
do consumo com a introdução dos carros
flex. É importante destacar que, em todos os outros instantes de crise do setor,
sempre houve fatos que propiciassem
Ponto de Vista I
uma expansão do consumo de álcool
como a crise do petróleo e as duas fases
do Proálcool, a abertura às exportações
de açúcar e álcool, a criação e produção/
venda dos carros flex. Não se pode descartar que no futuro tenhamos outras crises do petróleo ou o desenvolvimento de
tecnologias que demandem álcool como
Figura 3 - Evolução dos Preços de Açúcar do contrato No. 11 da NYBOT, as Variações dos
Estoques Mundiais de Açúcar e os Momentos de Crise
Fonte: Czarnikow Sugar e M. Moraes
Figura 4 – Evolução dos Preços do Kg de ATR entre as safras de 1998/1999 a 2006/2007:
matéria-prima como a alcoolquímica e a
utilização do etanol como fonte de hidrogênio para os carros elétricos.
O fato é que o mercado consumidor,
aproveitando-se da crise do setor, gera
um crescimento da demanda de álcool,
o que apóia a elevação de preços no momento seguinte.
O governo federal, buscando controle
da inflação, não age no cerne do problema, ou seja, não atua como regulador
dos estoques, mas sim pressionando o
setor a ofertar mais etanol, menos açúcar
e ambos a preços mais baixos. Para isto
utiliza mecanismos como alterações na
mistura de etanol à gasolina ou ameaçando taxar as exportações, o que mais funciona como uma mola propulsora para a
próxima crise.
Pelo lado dos fornecedores de equipamentos, insumos e serviços, após o período de recuperação do setor, cresce a
demanda para estes setores, na maioria
das vezes este crescimento é acima da
capacidade de seu atendimento, o que resulta em elevação dos preços e aumento
dos custos de produção, resultando em
pressão para elevação dos preços nos
produtos finais, ou seja, açúcar e etanol.
Pelo lado industrial, nas usinas e destilarias, a atitude é muito semelhante à
ocorrida no campo, nos 3 anos da fase
aguda da crise, as manutenções industriais são reduzidas drasticamente e investimentos maciços só passam a ocorrer
1 a 2 safras após este período, ou seja, 4
a 5 anos após o pico de preços que inicia
a crise.
Fonte: CONSECANA-SP e M. Moraes
Figura 5 – Evolução dos Preços do Kg de ATR entre as safras de 2006/2007 a 2010/2011 e
previsão para as safras a partir da safra 2011/2012:
Fonte: CONSECANA-SP e M. Moraes
Revista Canavieiros - Maio de 2011
Com isto tem-se o cenário montado
para uma próxima crise.
O último pico de preços que marcou o
início da crise de 2006, ocorreu em 03 de
fevereiro de 2006. As safras 2007/2008,
2008/2009 e 2009/2010 representaram a
fase aguda da crise, sendo que, nas safras 2007/2008 e 2008/2009, houve uma
grande reposição dos estoques mundiais
de açúcar. A partir da safra 2010/2011,
inicia-se o período de recuperação do setor com produções inferiores ao consumo mundial de açúcar e, portanto, com
elevação dos preços.
11. 11
caracterizam o ciclo e acabam por
reforçar o início da crise seguinte.
Em todos os ciclos anteriores, entre o
início e o final do ciclo, além dos 3 anos
da fase aguda da crise, há mais um ano em
que a produção supera o consumo. Isto
ocorre devido à entrada de produção excedente de cana-de-açúcar e de açúcar de
países asiáticos com ciclo curto, no máximo 1 ou 2 safras, aproveitando os bons
preços do mercado. Como sua entrada,
imediatamente afeta os preços de açúcar,
rapidamente estes excedentes não são renovados e estes produtores só retornam
ao mercado no pico final de preços que
Assim e com as informações
que já dispomos das últimas 4
safras, 2007/2008 a 2010/2011,
após o início do ciclo em 2006 é
possível traçar um cenário para as
próximas safras, obviamente que
os valores absolutos do Kg de
ATR expressos na figura 5 pouco
importam, pois irão modificar-se
com as variações do câmbio, preços de insumos e equipamento do
setor, oferta e demanda dos demais países consumidores e produtores de açúcar
e etanol, etc. O fato relevante é que sinalizam para uma crescente nos preço de
açúcar e etanol, direcionando-se para um
pico e assim o setor caminha para uma
nova crise, com ingredientes que levam
a crer que esta ocorra entre 2014 e 2016,
com data mais provável em 2015.
A questão primordial para a cadeia
sucroenergética é uma reflexão de como
podemos agir para, se não for possível
impedir, minimizar os efeitos de uma
próxima crise e isto passa por uma oferta
mais constante e equilibrada de crédito
para o setor sem as oscilações observadas entre o período de euforia e crise e
por estoques reguladores da oferta de
etanol, gerando preços mais equilibrados
durante os ciclos do setor.
Outro objetivo deste artigo é alertar
usinas, destilarias e fornecedores de cana
quanto à renovação e expansão dos seus
canaviais, pois, se as atitudes forem as
mesmas descritas no rodapé da figura 5,
fatalmente sofrerão gravemente nos períodos de crise, pois seus canaviais estarão
com a máxima produção nos momentos
de menores preços.
É necessário um planejamento que leve
em consideração estas variações do mercado e que propiciem melhores resultados
a toda a cadeia sucroenergética e equilíbrio nos preços aos consumidores. RC
cleber@mmoraes.agr.br
M. Moraes Consultoria Agronômica Ltda
Revista Canavieiros - Maio 2011
12. 12
Almir Torcato
Ponto de Vista II
*
O nosso etanol
D
entre as fontes de energia disponíveis no mundo, o Brasil
possui hoje, em sua matriz
energética, uma fonte renovável, alternativa e limpa. Para melhor entendimento, é uma fonte naturalmente
disponível, considerada inesgotável
na escala temporal, cujo tempo de formação é inferior ao seu gasto, sendo
possível repor.
Por sua vez, a cana de açúcar se
insere na matriz energética brasileira,
pois se dispõe hoje, de um “combustível verde”, renovável, despertando as
atenções, face às incertezas do petróleo, quanto aos impactos ambientais e
sua disponibilidade.
A história teve início no PROÁLCOOL, em meados da década de 70,
quando se buscava diminuir a dependência do petróleo do mercado externo, em função da elevação de seus preços, que até hoje nos causa uma certa
dependência. Mesmo com a exploração do petróleo, parte do que é extraído em nosso território, não é o tipo
mais adequado às nossas refinarias,
por não permitir o maior percentual
de destilados leves, não sendo pois,
melhor indicado para a produção de
combustível, desta forma é preferível
comprar fora o que mais nos convém
e vender o nosso petróleo para refino
em outros países.
as outras matérias primas.
Fala-se muito sobre o etanol tornarse uma commodity energética, mas até
onde isso é possível?
Para que o leitor possa entender e
de uma maneira mais prática, o termo
commodity refere-se a um produto
produzido em muitos países e consumido em muitos outros. Embora pareça fácil, a maioria das nações enfrenta
sérias dificuldades em atingir a autosuficiência em sua matriz energética e
dificuldades, ainda maiores, em gerar
excedentes de produção exportáveis.
Nos dias atuais, o Brasil conta com
um baixo excedente de produção de
A auto-suficiência, prevista com a
exploração do Pré Sal, será considerada quando os ganhos de exportação de
petróleo forem maiores que os gastos
para importação, e não por que não
importaremos mais petróleo.
Mesmo assim, embora o PROALCOOL não tenha obtido todo efeito esperado, angariou-se desenvolvimento
tecnológico somado a um forte crescimento na indústria sucroalcooleira em
âmbito nacional, dispomos atualmente de um etanol de qualidade, com baixos custos de produção, comparados
aos outros países, com rendimento de
produtividade mais altos comparados
Revista Canavieiros - Maio de 2011
etanol, some-se a isto a perda crescente de sua competitividade comercial
em determinados períodos do ano,
quando comparado a gasolina automotiva. O gráfico abaixo mostra a
evolução dos preços de etanol fruto da
oferta e demanda deste produto. Chama a atenção as variações de até 90%
entre o maior preço médio mensal sobre o menor preço médio praticado
durante a safra.
Gráfico 1 – Preços de Etanol (Postos de Combustíveis)
Fonte: ESALQ.
Gráfico 2 –Proporção de Automóveis comerciais leves, 2003 à 2010.
Fonte: Anfavea
13. 13
Como outro fator gerador desse
“apagão” do biocombustível etanol,
pode-se enfatizar o estímulo do governo ao consumo (demanda), como isenções de IPI mediante os incentivos à
aquisição de veículos flex novos, conforme gráfico 2.
Quando lemos ou ouvimos as posições públicas do governo federal,
nota-se que atribuem a maior parcela
de culpa ao setor, afirmando que preferem produzir açúcar, face aos preços
mais compensadores.
Ocorre que, mesmo que o governo adote alguma outra medida ou até
mais drásticas como a sobretaxação
do açúcar exportado, com a finalidade
Mix de produção safras
2009/2010 e 2010/2011.
Fonte: Circular Consecana
de fomentar a produção do etanol, o
direcionamento da produção de uma
Unidade Produtora, embora com preços favoráveis ao açúcar nesta safra,
tem limitações de flexibilidade de
produção, de ordem de 6 a 7%.
É por essas e outras que: Com o aumento de projetos de novas unidades produtoras, haverá significativo aumento na produção, que permitiria até a busca de novos
mercados de etanol, porém a produção está
atualmente muito ajustada à demanda.
A medida econômica mais plausível para minimizar essa variação de
preços é a adoção de estoques reguladores por parte do governo e o setor sucroenergético. Uma vez que já
existem estoques reguladores de vários outros produtos, inclusive do petróleo.
O Brasil, em termos de produção,
pode estar preparado para aumentar sua
participação no mercado externo e interno de etanol, porém esforços privados e públicos deverão ser voltados para
facilitar esse escoamento e garantir uma
estabilidade econômica ao setor.
Embora a adoção de estoques reguladores pareça ser a opção mais
coerente, os custos operacionais e financeiros para implantação, são altos,
considerando que os estoques ficam
estagnados e sem rendimentos.
Foram questões desta natureza que
fizeram com que o Brasil importasse
álcool de outros países a título de injeção na demanda interna para acalmar
o mercado.
As condições como: fatores climáticos, áreas disponíveis com ambientes
de produção favoráveis e preços mais
competitivos, investimentos em tecnologia e desenvolvimento de variedades
mais produtivas, beneficiam o setor,
porém ainda é preciso mais, como estoques reguladores, pois vale destacar
que o mercado sucroenergético não
tem nenhum subsídio do governo. RC
Almir Torcato
Dep. de Planejamento da Canaoeste
Revista Canavieiros - Maio 2011
14. 14
Notícias Copercana
Copercana realiza reunião com
produtores de Orindiúva
Carla Rossini
U
Os produtos e serviços comercializados pela cooperativa foram
colocados à disposição dos agricultores presentes na reunião
ma nova alternativa de negócios
foi apresentada pela Copercana
aos produtores rurais de Orindiúva e região. Para isso, a cooperativa realizou uma reunião, no mês de abril, que
contou com a participação da Oricana
(Associação dos Fornecedores de Cana
da Região de Orindiúva), do Grupo Bunge (Usina Moema) e da empresa Dupont.
Cerca de 60 produtores rurais participaram do encontro. O diretor da Copercana, Pedro Esrael Bighetti, apresentou os
serviços oferecidos pela cooperativa e o
gerente comercial, Frederico José Dalmaso complementou a apresentação e orientou os produtores esclarecendo dúvidas.
Segundo Bighetti, a Copercana está
em fase de implantação de um escritório
Rodolfo Savegnago, Frederico Dalmaso, Pedro Esrael Bighetti, Roberto Cestari
na cidade que vai atender as necessidades dos produtores. Para isso, a cooperativa já contratou um agrônomo, Leonardo Tuan. “Esse agrônomo será o nosso
representante técnico e comercial na cidade de Orindiúva. Através dele a cooperativa coloca todos os seus produtos e
serviços à disposição dos agricultores”,
disse o diretor.
Durante a reunião, a empresa Dupont
apresentou a sua linha de produtos, destacando o seu novo herbicida para canade-açúcar, o Front. RC
Dupont lança produto para
cana-de-açúcar
Da redação
N
Novo herbicida garante resultados com apenas uma aplicação
o dia 12 de maio, a DuPont realizou em Ribeirão Preto, o lançamento de um herbicida específico para a época seca da cana-de-açúcar.
Trata-se do Front, um novo produto que
pode beneficiar usinas e produtores por
reduzir as aplicações e consequentemente, diminuir os custos.
De acordo com o diretor de marketing da DuPont, o engenheiro agrônomo Marcelo Okamura, desde 2004
este produto vem sendo pesquisado,
desde suas moléculas, influências, até
seus reatores. “Os testes foram feitos em várias usinas e o resultado foi
excelente, identificou-se que existe
um controle de várias ervas daninhas
como corda-de-viola, capim colonião,
capim braquiária, essas que represen-
tam 90% das ameaças
em um canavial e este
produto controla todas
elas. Todo o trabalho
de aplicação de herbicida que é feito somente na época de chuva,
com o Front ganha-se
em tempo e máquinas,
já que o produto é aplicado durante a seca
após a colheita”, explicou Okamura.
Ainda de acordo com
o diretor de marketing,
Marcelo Okamura - diretor de Marketing da Dupont
espera-se um crescimento de 15% no faturamento em um ano, já destinado ao Front movimentou US$ 1,4
para essa safra no Brasil, e um crescimen- bilhões, desse valor US$ 200 milhões foto de 50% em cinco anos. O investimento ram designados as pesquisas. RC
Revista Canavieiros - Maio de 2011
15. 15
Notícias Canaoeste
Em busca da votação do Código Florestal
Carla Rossini
D
Canaoeste levou fornecedores a Brasília; depois de muita discussão em
torno do assunto, a votação foi adiada
epois de levar à Brasília produtores rurais de Sertãozinho
e região, no mês de abril, para
participarem de uma manifestação reivindicando agilidade na votação das mudanças do Código Florestal, a Canaoeste
voltou a estar presente em apoio à votação em maio. Dessa vez, foram à Brasília cerca de 20 fornecedores de cana da
associação que se juntaram a agricultores de outras instituições para assistirem
a votação, que foi adiada, depois de um
bate-boca entre os deputados, na quartafeira (11) à noite.
Nesta mesma data, parlamentares tinham anunciado um acordo depois de um
longo dia de negociações: “Nós fechamos um acordo com a base. O deputado
Aldo Rebelo está ultimando o relatório.
Nós vamos ter condição de votar hoje”,
afirmou o deputado Cândido Vaccarezza
(PT-SP), líder do governo.
Produtores de Cana da Canaoeste e outras instituições em Brasília
Depois que o relator do projeto, Aldo
Rebelo, apresentou o texto, o líder do
governo voltou atrás e surpreendeu o
plenário: “Nós não vamos na votação no
escuro. O governo encaminha sim para
retirada de pauta e transferir a discussão
para outra data”, disse.
O anúncio de que a votação seria adiada, revoltou alguns deputados. A oposição protestou. Disse que o governo estava descumprindo o acordo para votar
o projeto. “A pergunta que faço é se os
acordos nessa casa devem ou não ter validade? Se os acordos são para valer ou
não são para valer, porque o discurso do
líder do governo, deputado Cândido Vacarezza, faz com que eu, a partir de hoje,
passe a duvidar da sua palavra”, declarou
o deputado ACM Neto (DEM-BA), líder
do partido.
Pedro Esrael Bighetti (diretor da Copercana), Gustavo Nogueira (Gerente do Dep. Técnico da Canaoeste),
Juliano Bortoloti (Advogado da Canaoeste), Milton Melloni (Administrador do Sind. Rural de Sertãozinho) e
Rubens Sicchieri (associado da Canaoeste)
Previsão de votação
Líderes de base governistas e da oposição, reunidos na tarde do dia 18, acertaram a
votação para o dia 24 de maio. Pelo acordo firmado, o texto do relator, lido no plenário na
semana no dia 10, poderá receber uma emenda sobre a obrigatoriedade de recomposição de
reserva legal e sobre atividades agrícolas em Áreas de Preservação Permanente (APP). RC
Fonte: O Globo
Deputado Federal Aldo Rebelo, relator do texto do Código Florestal
O PSDB também se manifestou. “Uma
coisa que é importante para o país e hoje
o governo não quer deixar votar depois
de todo o discurso que fez que queria
votar”, protestou o deputado Duarte Nogueira (PSDB-SP), líder do partido.
Revista Canavieiros - Maio 2011
16. 16
Notícias Canaoeste
Impurezas e Qualidade de Cana-de-açúcar
Carla Rodrigues
N
Evento reuniu fornecedores e profissionais do setor no auditório da Canaoeste
o dia 12 de maio, o auditório da
Canaoeste, em Sertãozinho, sediou o evento “Impurezas e Qualidade de Cana-de-Açúcar”, uma realização
da Canaoeste, Stab (Sociedade dos Técnicos Açucareiros e Alcooleiros do Brasil) e
Unesp (Universidade Estadual Paulista),
com o apoio institucional da Orplana (Organização de Plantadores de Cana da Região Centro-Sul do Brasil) e Udop (União
dos Produtores de Bioenergia).
Antes de iniciar as apresentações, o
presidente da Canaoeste, Manoel Ortolan, agradeceu a presença de todos e destacou a importância da parceria entre a
Stab e a Canaoeste. “Fico feliz por saber
que mais uma vez temos essa entidade
como companheira da nossa associação”, disse Ortolan.
Manoel Ortolan conversou com os
participantes, entre eles, fornecedores
de cana-de-açúcar, estudantes e técnicos do setor, sobre as divergências que
impedem a votação do novo Código
Manoel Ortolan, presidente da Canaoeste e
Miguel Mutton, coordenador do evento
Oswaldo Alonso, consultor agronômico da Canaoeste, falou sobre a caracterização das impurezas
Florestal e também sobre a reação dos
preços dos combustíveis com o início
da safra canavieira.
dados temas relacionados à utilização de
maturadores com o objetivo de melhorar
a qualidade da cana, qualidade e impurezas da cana colhida mecanicamente,
inovações tecnológicas das colhedoras
visando a redução de impurezas e melhoria da qualidade da matéria-prima,
levantamento dos níveis de impurezas
nas últimas safras, quantificação das impurezas vegetais e minerais presentes na
matéria-prima e metodologia para determinação das impurezas vegetais. RC
Durante o evento, foram apresentados
os resultados de estudos para o desenvolvimento tecnológico do setor e levantamentos de dados qualitativos nas últimas
safras. O assessor agronômico da Canaoeste, Oswaldo Alonso, foi o responsável
pela apresentação sobre a caracterização
das impurezas. Além disso, foram abor-
CIRCULAR Nº 02/11
DATA: 29 de abril de 2011
Consecana
A
Conselho dos Produtores de Cana-de-Açúcar, Açúcar e Álcool do Estado de São Paulo
seguir, informamos o preço médio do kg do ATR para efeito de emissão da Nota de Entrada de cana entregue durante o mês de ABRIL de 2011. O preço médio do kg de ATR para o mês de ABRIL, referente à Safra 2011/2012,
é de R$ 0,5736.
O preço de faturamento do açúcar no mercado interno e externo e os preços do etanol anidro e hidratado, destinados aos mercados interno e externo, levantados pela ESALQ/CEPEA, no mês de ABRIL, são apresentados a seguir:
Os preços do Açúcar de Mercado Interno (ABMI) incluem impostos, enquanto que os preços do açúcar de mercado externo
(ABME e AVHP) e do etanol anidro e hidratado, carburante (EAC e EHC), destinados à industria (EAI e EHI) e ao mercado
externo (EAE e EHE), são líquidos (PVU/PVD).
Os preços líquidos médios do kg do ATR, em R$/kg, por produto, obtidos no mês de ABRIL, calculados com base nas informações contidas na Circular 01/11, são os seguintes:
Média do mês de abril = R$ 0,5736/kg de ATR
Revista Canavieiros - Maio de 2011
18. 18
Notícias Sicoob Cocred
Balancete Mensal
COOP.CRÉDITO PRODUTORES RURAIS E EMPRESÁRIOS DO
INTERIOR PAULISTA - BALANCETE - Abril/2011
Valores em Reais
Revista Canavieiros - Maio de 2011
22. Agrishow 2011: negócios
movimentaram R$ 1,755 bilhão
22
Carla Rodrigues
Em edição recorde, feira atraiu público de 45 países e lideranças do setor
A Agrishow 2011 (Feira Internacional
de Tecnologia Agrícola em Ação) que foi
realizada de 2 a 6 de maio, em Ribeirão
Preto, atingiu recorde em todos os seus
segmentos. Com 765 expositores nacionais e internacionais, representantes de
45 países e um público de aproximadamente 146 mil pessoas, a feira consolidou-se como o centro do agronegócio
brasileiro. As três instituições financeiras que operaram durante a Agrishow –
Bancos Bradesco, do Brasil e Santander
– contabilizaram negócios de R$ 1.755
bilhão, volume 52,6% maior em relação
a feira de 2010.
Segundo os organizadores, os valores
são ainda maiores se forem considerados
os negócios das montadoras de máqui-
nas, equipamentos e veículos que por
questões estratégicas não divulgam os
seus negócios.
De acordo com o presidente da
Agrishow 2011, Cesário Ramalho, os resultados obtidos foram acima das expectativas dos organizadores, o que indica
que a população está acolhendo a agricultura brasileira. “Os agricultores são os
grandes astros de todo esse evento e sentimos orgulho disso, pois a agricultura é
a 2ª maior economia do país e precisa ser
valorizada”, disse o presidente.
Área de Exposição e Visitantes
Nesta edição, a área destinada à exposição estática da feira foi de 180 mil m2,
15% maior em relação ao ano passado,
já a área bruta foi de 360 mil m2. Durante os 5 dias de feira, foram apresentadas
800 demonstrações de campo com máquinas e equipamentos de cultivo e colheita num espaço de 100 hectares.
A feira recebeu a visita de inúmeras
autoridades, entre eles, deputados, senadores, dirigentes de instituições do agronegócio e entidades de classe, prefeitos
e vereadores de todo o Brasil. Mais de
600 profissionais da mídia brasileira e
internacional cobriram jornalisticamente
o evento, o que demonstra a importância
que a feira vem ganhando na área política do país.
Na abertura, estava presente o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, o
ministro da Agricultura, Wagner Rossi,
o secretário da Agricultura do Estado de
São Paulo, em exercício, Antônio Junqueira Júnior, o secretario estadual do
meio ambiente, Bruno Covaso e a senadora Kátia Abreu.
Tanto o ministro da agricultura,
Wagner Rossi, quanto a senadora, Kátia Abreu destacaram a importância e
a necessidade da renovação do Código Florestal. “Nós, produtores rurais,
somos os que mais cuidamos do meio
ambiente e ninguém deverá nos ensinar isso. Queremos garantir a defesa
do meio ambiente com o aumento da
produção, pois somos capazes de produzir com sustentabilidade”, garantiu
Revista Canavieiros - Maio de 2011
23. Reportagem de Capa
Ministro do Desenvolvimento Agrário, Afonso Bandeira Florence visitou vários
estandes de montadoras que participam do Programa Mais Alimentos
o ministro. Já a senadora também lembrou que o agricultor precisa de segurança jurídica para produzir. “De nada
adianta toda esta tecnologia que vemos
aqui, se não for realizada a votação do
Código e o produtor continuar na instabilidade”, disse Kátia.
Também visitaram a feira o ministro
do Desenvolvimento Agrário, Afonso
Bandeira Florence e o ministro da Integração, Fernando Bezerra. Na ocasião, o
ministro do MDA, lançou duas novas categorias de produtos do Programa Mais
Alimentos: três colheitadeiras de café e
uma colheitadeira de cana-de-açúcar. Ele
também aproveitou para fazer a entrega
de uma das colheitadeiras e de um caminhão adquiridos pelos pequenos produtores que fazem parte desta linha de crédito, destinada a modernizar as unidades
produtivas da agricultura familiar.
Já o ministro Fernando Bezerra, aproveitou a passagem pela feira para anunciar a
criação da Secretaria Nacional de Irrigação,
que tem como objetivos principais colocar
no setor público uma área total de 200 mil
hectares em produção e agilizar medidas
23
Entrega do primeiro caminhão adquirido através
do Programa Mais Alimentos
para uma maior adesão do setor privado,
ampliando em 10% as áreas irrigadas, com
maior produtividade e melhores manejos.
Além deles, os ministros da Agricultura dos países do Cone Sul (Chile,
Uruguai, Bolívia, Argentina e Paraguai)
também estiveram presentes durante a
Agrishow 2011. Em coletiva, juntamente com o ministro Wagner Rossi, eles se
mostraram impressionados com a magnitude da feira e o conhecimento tecnológico que o país possui. “Esse encontro
tem que ser valorizado, pois assim podemos nos conhecer melhor e nos ajudar.
O mercado de máquinas brasileiro completa o mercado da Argentina”, disse o
ministro Julián Domínguez.
Wagner Rossi destacou a importância da realização de trabalhos em grupo
e a capacidade de produção dos países.
“Somos mais fortes trabalhando juntos.
Nós temos a capacidade de produzir os
alimentos que faltam”, falou o ministro.
Agrishow como a maior feira do mundo, que a prefeita de Ribeirão Preto,
Darcy Vera, realizou a campanha “Fica
Agrishow” no ano passado. Devido ao
sucesso da campanha e ao empenho da
cidade, o governador Geraldo Alckmin
assinou durante a abertura da feira deste
ano, a mensagem do projeto de lei que
prevê a cessão de uma área que pertence à Fazenda do Estado para a marca
Agrishow, por 30 anos. Até então, a renovação da concessão era feita a cada
cinco anos.
Durante a coletiva sobre o balanço geral da feira, Cesário Ramalho, atual presidente da Agrishow, aproveitou a ocasião para apresentar o novo presidente
da Agrishow 2012, Maurílio Biagi Filho,
que esteve também presente no evento.
“É a primeira vez que sou presidente de
uma feira e quero aproveitar este momento para melhorar tudo aquilo que
RC
Novo presidente
Foi com o objetivo de promover o
agronegócio brasileiro e fortalecer a
Ministros da Agricultura dos países do Cone Sul (Chile, Uruguai, Bolívia,
Argentina e Paraguai) também estiveram presentes durante a Agrishow 2011
Cesário Ramalho, presidente da Agrishow 2011,
aproveitou a ocasião para apresentar o novo
presidente da Agrishow 2012, Maurílio Biagi Filho
Revista Canavieiros - Maio 2011
24. 24
Trator da série MF7100 e a enfardadora de palha de cana-de-açúcar
apresentados pela Massey durante a feira
ainda pode ser mudado, mas claro, sem
deixar nosso principal foco de lado, que
é aproximar o ambientalista do produtor
rural”, explicou o novo presidente.
Voltada para agricultores, pecuaristas, agroindustriais, empresários, industriais, entidades de classe e estudantes,
a Agrishow 2011 foi organizada e promovida pela Reed Exhibitions Alcantara Machado, com iniciativa da ABAG
(Associação Brasileira de Agribusiness),
ABIMAQ (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos),
ANDA (Associação Nacional para Difusão de Adubos) e SRB (Sociedade Rural
Brasileira), com apoio da Secretaria de
Agricultura e Abastecimento do Estado
de São Paulo, APTA (Agência Paulista
de Tecnologia dos Agronegócios e Vale
Fertilizantes.
Lançamentos
Com a retomada dos investimentos no
setor, os grandes fabricantes de máquinas e equipamentos, como a Case IH e
a Massey Ferguson, marcaram presença
na Agrishow 2011 para demonstrarem o
que há de novo disponível para os agricultores.
Roberto Biasotto (especialista de marketing de produto
da empresa) em frente a A4000, colhedora desenvolvida
para áreas plantadas com espaçamento reduzido
talmente correta e que veio para facilitar a vida do produtor. “Com o passar
do tempo, o volume de palha deixado
no campo vai aumentando e o solo não
consegue decompor todo o material”,
explica Barione.
A Massey Ferguson lançou a enfardadora de palha de cana-de-açúcar, que colhe a palha deixada na lavoura e a transporta até a usina para ser transformada
em energia para alimentar as caldeiras.
Os tratores da série MF 7100 ganharam a versão para a cultura de canade-açúcar. O novo trator tem eixo com
bitola de 3 metros, evitando o pisoteio
das soqueiras e diminuindo os danos a
lavoura. O modelo apresentado na feira, MF 7180 possui transmissão sincronizada com 12 velocidades à frente e 5
à ré e um escalonamento de marchas na
faixa de trabalho projetado para obter o
maior rendimento.
De acordo com Carlos Eduardo Barione Martinat, do setor de marketing da
empresa, esta é uma máquina ambien-
Em comemoração aos 50 anos da Massey, a empresa trouxe para a feira o maior
número de novidades. Além da enfarda-
Carlos Eduardo Barione Martinat, setor de
marketing da Massey Ferguson
Revista Canavieiros - Maio de 2011
Colhedora Case IH da série A8000
25. 25
dora e dos tratores da série MF7100, também foram lançados o Criper, um redutor
de velocidade para os tratores da linha
200. Seu trabalho é realizado através de
colhedoras de cana, acopladas ao trator.
Também foram lançados o trator 4290,
com o motor de quatro cilindros turbo de
95cavalos e mais uma rodagem para o
trator de 130 cavalos, que é o 4299.
acelerando seu processo de aprendizado.
“Nossa intenção é incluir o simulador
em nossos treinamentos de operador, de
multiplicador da usina e também para os
nossos técnicos de concessionárias”, disse Roberto.
Projeto Bioen e IAC desenvolvem
tecnologia de precisão
A Case IH apresentou durante a
Agrishow suas principais colhedoras
disponíveis no mercado, a A4000 e série
A8000, que reúnem inovações tecnológicas, proporcionando redução de custo
operacional e maior produtividade.
Segundo o especialista de marketing
de produto da empresa, Roberto Biasotto, a A4000 foi desenvolvida para colheitas em áreas plantadas com espaçamento
reduzido. Já a A8000 é uma colhedora
tradicional, fundamental para o setor canavieiro. “Elas atuam na colheita de cana
reduzindo o custo, ou seja, nessa transição de colheita manual para mecanizada,
o principal fator é a redução de custos”,
explicou Biosatto.
Com essa transição, as colheitadeiras
apresentam vantagens ambientais e também
agronômicas, como maior produtividade,
conservação do solo e redução de custos.
A série A8000, devido a sua maior
capacidade, geralmente é adquirida por
usinas. Ela colhe, em média, 150 a 200
mil toneladas de cana numa safra, o
equivalente a 40 toneladas por hora. Já a
A4000 colhe em torno de 30 a 40 mil toneladas durante uma safra, o equivalente
a 20 toneladas por hora.
“Apesar da Case ter iniciado seu trabalho com grandes produtores, hoje ela
personaliza todas as suas máquinas e
equipamentos para os pequenos e médios
produtores também, tanto que, a A4000
foi lançada na inclusão do Programa
Mais Alimentos”, disse Biasotto.
A grande novidade lançada na feira
foi o simulador de colheita de cana, que
está sendo desenvolvido para auxiliar no
treinamento de operadores. Este equipamento faz com que o operador passe
por todas as etapas de uma colhedora
normal, tornando-o melhor capacitado e
Marcos Martins (Santal), Marcos Landell (IAC) e Marco Antônio Gobesso (Santal)
apresentam o Caminhão Instrumentado.
Durante a Agrishow 2011, a Santal
lançou um caminhão instrumentado
para fazer colheita mecanizada de experimentos de cana-de-açúcar. O equipamento é na realidade um sobre-cesto
acoplado ao caminhão e estruturado
sobre quatro células de carga que obtêm a pesagem da cana com precisão.
Sua capacidade de carga é de aproximadamente sete toneladas.
Balanças, com apoio do Programa FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa
do Estado de São Paulo) de Pesquisa em
Bioenergia (BIOEN).RC
“O comboio tem sensores com células de carga que viabilizam a pesagem da cana imediatamente após
o corte e armazenam os dados em
dispositivo acoplado à cabine do caminhão”, explica o pesquisador e diretor do IAC, - Instituto Agronômico,
Marcos Landell.
Esta pesquisa surgiu com o intuito
de repetir nos ensaios a colheita mecânica crua, tentando se aproximar o mais
perto possível da realidade ambiental e
também ampliar a rede experimental de
desenvolvimento de variedades e os estudos nas áreas de fitotecnias.
A pesquisa foi desenvolvida em parceria com as empresas Santal e Técnica
Interior do Caminhão Instrumentado em foco painel conectado aos sensores
localizados no sobre-cesto.
Nele o motorista pode verificar o peso da
carga com precisão
Revista Canavieiros - Maio 2011
26. 26
Informações Setoriais
CHUV
AS DE ABRIL
e Prognósticos Climáticos
As chuvas do mês de ABRIL de 2011 são mostradas no quadro a seguir.
Engº Agrônomo Oswaldo Alonso
Consultor Agronômico da Canaoeste
A média das chuvas anotadas em
ABRIL (99mm) “ficaram” (quase uma
vez e meia)acima da média das médias
históricas (76mm). Chamou a atenção os volumes de chuvas registradas
(≈130mm) no eixo Luiz Antonio - Sertãozinho - Bebedouro. Enquanto que, na
faixa imaginária Morro Agudo-Barretos
as chuvas (≈40mm) foram bem inferiores às respectivas normais climáticas.
A
média das chuvas anotadas em
ABRIL (99mm) “ficaram” (quase uma vez e meia) acima da
média das médias históricas (76mm).
Chamou a atenção os volumes de chuvas registradas (≈130mm) no eixo Luiz
Antonio - Sertãozinho - Bebedouro. En-
quanto que, na faixa imaginária Morro
Agudo-Barretos as chuvas (≈40mm) foram bem inferiores às respectivas normais climáticas.
O Mapa 1 abaixo, mostra que até meados de ABRIL (14 a 17), a disponibili-
Mapa 1:- Água Disponível no Solo entre 14 a 17 de ABRIL de 2011.
Revista Canavieiros - Maio de 2011
dade d’água do solo encontrava-se muito
favorável no quadrante Nordeste e Sudoeste do Estado, em nível médio na faixa
Central e extremo Oeste, mas já crítica
na faixa Centro-Noroeste de São Paulo,
deixando evidente a irregularidade das
chuvas no Estado.
Mapa 2:- Água Disponível no S
27. 27
Nota-se a restritiva condição de umidade dos solos em
quase toda área canavieira do Estado, já no início da safra
passada (Mapa 2 - ABRIL 2010). Ao final de ABRIL deste
ano observa-se a persistência da crítica condição da disponibilidade de água no solo em toda faixa (parte do)Centro e
Oeste do Estado de São Paulo.
Mapa 4:- Prognóstico de consenso entre INMET e INPE
para a Região Centro Sul durante o trimestre maio a julho de 2011.
Adaptado pela CANAOESTE
Para subsidiar planejamentos de atividades futuras, a CANAOESTE resume abaixo o prognóstico climático, consensuado entre INMET-Instituto Nacional de Meteorologia e
INPE-Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, para os meses de maio a julho de 2011:
• As temperaturas médias poderão “ficar” próximas das normais
climáticas em toda área Sucroenergética do Centro Sul do Brasil;
• Por sua vez, as chuvas (como mostra o Mapa 4) poderão
“ficar” ao redor das normais climáticas em quase toda área
Sucroenergética do Centro Sul do Brasil, com gradativa redução no decorrer do trimestre maio a julho;
• Para referências, as médias históricas para Ribeirão Preto e municípios vizinhos, pelo CentroCana e Apta-IAC, são de 55mm em
maio, próximo de 30mm em junho e de 20mm em julho.
Por sua vez, a SOMAR Meteorologia assinala que, para a
região de abrangência CANAOESTE e após novas e revisões
das “rodadas” de previsões climáticas, as chuvas previstas para
ocorrer entre maio a agosto poderão ser próximas ou ligeiramente aquém das respectivas médias históricas. Idem, no mesmo período, quanto às temperaturas médias, após as mesmas revisões.
Já com vistas para a safra 2012/13, recomenda-se aos Produtores em início de suas colheitas, que procedam aos esmerados tratos culturais mecânicos e/ou químicos. Já nas áreas que
Solo ao final de ABRIL de 2010.
estejam comprometidas por danos com pragas, doenças, falhas ou
elevada infestação de ervas daninhas e com vistas às safras futuras
(2013/14 e seguintes), merecem e justificam-se renovações.
Persistindo dúvidas, consultem os técnicos próximos ou através do Fale Conosco CANAOESTE. RC
Mapa 3:- Água Disponível no Solo ao final de ABRIL de 2011
RC
Revista Canavieiros - Maio 2011
28. 28
Assuntos Legais
Alteração do Código
Florestal - mobilização para
que isso ocorra
C
omo todos vem acompanhando pela imprensa, está se travando uma árdua batalha no
Congresso Nacional para alteração
do arcaico Código Florestal. Digo
arcaico porque uma lei que coloca
90% de um segmento da sociedade,
no caso os agricultores, na ilegalidade, não pode ser considerado de outra
forma, como apregoam alguns, que
insistem em defender a idéia de se
tratar da legislação mais avançada do
planeta. Só esqueceram de dizer que
as áreas de preservação permanente
existem apenas em alguns países e
não ultrapassam a faixa de 5 metros,
assim como não existe, em nenhum
outro país do mundo a chamada reserva florestal legal, sendo uma criação exclusiva do Brasil.
Juliano Bortoloti
Advogado da Canaoeste
Não estamos aqui repelindo a importância da conservação e preservação da
vegetação nativa, mas repelimos sim a
sua recomposição em áreas de exploração consolidada antes da existência
e criação de institutos ambientais que
restringem o direito de propriedade, às
custas do particular e sem a participação mínima da sociedade. E, isso, em
um País que mais que preserva mais de
60% da área de seus biomas, realidade
muito diferente de todos os países europeus, onde estão sediadas a maioria
das ONG’s (Organizações Não Governamentais) dita ambientais, que, certamente, usam a bandeira ambiental para
defender outros interesses, com raríssimas exceções.
Se isso ocorrer, certamente vai significar o fim dos pequenos e médios
agricultores que não possuem vegetação nativa suficiente para averbar e,
tampouco, dinheiro para tanto, haja vista que o custo para isso fica em aproximadamente R$ 10 mil por hectare, sem
contar a perda de receita em decorrência
da diminuição da área produtiva.
Muitos, aliás, tem usado as catástrofes em cidades como o Rio de Janeiro,
para tentar impedir a mudança do Código Florestal, porém, omitem ao dizer
que no campo, não há construção em
áreas de risco.
Aliás, há inúmeros outros argumentos para defender a alteração do Código Florestal. Vou pedir permissão aqui
para colar um panfleto elaborado pela
Confederação Nacional da Agricultura,
que muito bem trata a questão.
Revista Canavieiros - Maio de 2011
29. 29
Mobilização de agricultores em Brasília, abril de 2011
Diante destes argumentos, devemos mobilizar nossos deputados e senadores exigindo que votem pela alteração do
Código Florestal, pois não dá mais para aceitar que os agricultores que produzem alimentos e combustíveis renováveis
com os menores preços do mundo, exportando excedentes e
gerando riquezas para o Brasil, continuem a serem chamados
de criminosos ambientais por pessoas que desconhecem a realidade rural, amparados em uma legislação feita através de
Medida Provisória, que via de consequência, não foi discutida pelos representantes do povo (Congresso Nacional), como
corretamente quer se fazer agora. RC
Revista Canavieiros - Maio 2011
30. 30
Opinião
Veículos “flex” . . . 8 anos
Oswaldo Alonso
Consultor Agronômico CANAOESTE
E
m março de 2003, a indústria automobilística lançou no mercado brasileiro os veículos bicombustíveis-“flex”- abreviação comercial
e popular atribuído aos veículos leves
bicombustíveis, movidos a gasolina e
a etanol hidratado carburante, em proporções preferenciais e/ou econômicas
pelos proprietários. Entretanto e efetivamente, foi ao final do 1º semestre de
2003 que os veículos flex “receberam”
sua aceitação pelos consumidores e
crescimento de produção.
À título de lembrança, em março
de 2008, os 26 primeiros flex foram
fabricados pela Volksvagen e, ao final
do 1º semestre de 2003, somando com
os da General Motors, já eram quase 4
mil destes veículos vendidos. Acontecimento tecnológico este, que resultou
de um sistema mecânico-energético que
permitiu o novo ciclo de utilização do
etanol hidratado combustível, trazendo
consigo as indiscutíveis vantagens am-
bientais, sociais (saúde, principalmente)
e econômicas. Ganhos estes muito bem
defendidos e intensamente divulgados
em torno do planeta pelo governo e setor
sucroenergético. É claro que sua utilização está contingenciada à sua paridade
técnica-custo frente à gasolina “C”, ou
seja, será vantajoso quando o preço (na
bomba) do etanol hidratado combustível for igual ou menor a 70% do preço
da gasolina. Enfatizando que, ambiental
e socialmente, a paridade é bem maior
que aquela paridade econômica. Detalhes podem ser consultados nas recentes
publicações “A História do Carro Flex
no Brasil” e “Do álcool ao etanol: trajetória única” que podem ser consultados
na Biblioteca da Canaoeste.
No Gráfico 1, é mostrada a linha de
tendência entre paridade preços (na
bomba) etanol/gasolina o provável
percentual de utilização de etanol hidratado combustível pelos automóveis
e veículos leves flex.
Gráfico 1:- curva de tendência entre relação % de preços do etanol e gasolina na
bomba e o % de utilização do etanol hidratado combustível.
Fonte: Tarcilo Rodrigues - Bioagência.
A curva (linha) de tendência ilustrada no Gráfico 1 é resultante do % de utilização do etanol hidratado combustível em função da relação % de preços na bomba
entre etanol e gasolina. Dados estes de muitos anos e apresentado pela Bioagência.
Exemplificando, a 60% de paridade entre preços de etanol e gasolina, esta linha de
tendência mostra que há quase 100% de probabilidade de que a utilização de etanol
hidratado pelos veículos flex estará bem próximo de 70%.
Revista Canavieiros - Maio de 2011
Segundo a ANFAVEA - Associação
Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores, de março de 2003 até o mais
recente informe-abril de 2011 - foram vendidos/licenciados quase 13 milhões e 370
mil veículos flex, que significam 71,6%
dos 18 milhões e 666 mil automóveis e
veículos leves. Entretanto, estima-se que,
após sucateamento (pela idade, sinistros é
a maior causa), a atual frota de veículos
flex venha ser pouco mais de 12 milhões
e 400 mil (Tarcilo Rodrigues – Bioagência). Isto significa que sua participação na
frota, no mesmo período e mesmos percentuais de sucateamentos de veículos à
gasolina, etanol e diesel, possa ser ligeiramente maior que os 71,6% acima.
Entretanto, os Gráficos 2 a 4 mostram
que já acendeu a “luz amarela” da participação dos veículos flex nos totais de
licenciamentos dos automóveis e veículos leves.
Embora o atual governo, a mídia e,
também, significativa parcela de consumidores tenham criticado energicamente
o setor sucroenergético, parecem terem
se esquecido de percalços e contratempos recentes (cronologicamente, menos
de três anos para cá), tais como, os citados por Carvalho, L.C.C-Caio em recente evento Canaplan: a) crise de crédito desde o final de 2008; b) muitas das
empresas e grupos do setor com elevados
endividamentos; c) consequentemente,
houve estagnação de investimentos agrícolas (em tratos culturais de canaviais
remanescentes, renovações e expansões), resultando em envelhecimento e
perda de produtividade da cultura; d) de
investimentos industriais (manutenções/
adequações e novos projetos); e) pela
curva de aprendizado em ambientes de
produção menos favoráveis em muitos
dos greenfields e em expansões das unidades tradicionais. Além destas, as relatadas por todas as atividades agrícolas e,
notadamente, pelo setor sucroenergético,
como: 1) as adversas condições climáticas no decorrer da safra 2009/2010,
com excesso de chuvas a partir de julho/
agosto, impactando em forte redução da
31. 31
qualidade da cana e operacionalidade de
colheita; 2) longa estiagem já a partir de
maio da safra 2010/2011, resultando em
sensíveis decréscimos da produção de
cana e sérias sequelas para a presente safra e a futura.
Gráfico 2:- Vendas/licenciamentos anuais de veículos flex,
percentualmente aos totais de automóveis e veículos leves
No Gráfico 2, são mostrados os percentuais anuais dos veículos flex vendidos/licenciados desde março de 2003 até
abril de 2011; no Gráfico 3, detalhando
o Gráfico anterior, os percentuais quadrimestrais desde 2008. Dividiu-se em
quadrimestres, para incluir o de janeiro
a abril de 2011. Por sua vez, o Gráfico
4 apresenta os censos quadrimestrais,
compilados dos dados da ANFAVEA,
de todos os automóveis e veículos leves
vendidos/licenciados e os dos flex.
O Gráfico 2 mostra o crescente percentual de flex no total automóveis e veículos
leves até 2009 que, após este ano, começou
reduzir sua participação na frota. Redução
esta, melhor apresentada no Grafico 3.
Gráfico 3:- Vendas/licenciamentos quadrimestrais de veículos flex entre 2008 e os
primeiros quatro meses de 2011, percentualmente aos totais de automóveis e veículos leves
O Gráfico 3 apresenta em detalhes os
períodos, divididos em quadrimestres,
a partir de 2008 e o primeiro de 2011,
para se comparar aos 4 meses iniciais de
2011 e, principalmente, enfatizando a
“luz amarela”, face à gradativa redução
percentual de licenciamentos de veículos
flex, frente aos totais de automóveis e
veículos leves vendidos/licenciados.
Nota-se no Gráfico 4, em quadrimestres a partir de 2008, que os flex e totais
de automóveis e veículos leves licenciados tem experimentado acréscimos ano
a ano. Nota-se, ainda, que via de regra,
os primeiros quatro meses de cada ano
mostram vendas/licenciamentos inferiores aos demais quadrimestres.
Entretanto e também como apresentado no Gráfico 3, torna muito evidente,
e já propaladas, que serão necessárias
ações conjuntas entre políticas públicas,
da indústria do etanol e automobilística,
objetivando obter expressivos recursos
financeiros para as ultra-necessárias e urgentes novas unidades produtoras (anexas ou não)de etanol;, equilíbrio e condizente remuneração para toda cadeia
produtiva de cana e etanol-distributivavendas; menor volatilidade dos preços
ao longo dos anos-safras e que sejam
atrativos aos consumidores. RC
Gráfico 4:- Números de veículos, em quadrimestres, compilados das Cartas ANFAVEA de
todos os automóveis/veículos leves vendidos/licenciados e dos flex.
Fontes consultadas: ANFAVEA, Bioagência, Canaplan, ÚNICA e as publicações citadas.
Revista Canavieiros - Maio 2011
32. 32
Destaque
Unica pede medidas do governo
Carla Rodrigues
Em aula especial aos alunos da Uniceise, o presidente da Unica,
Marcos Jank, falou sobre preços, mercado e a importância da qualificação profissional do país
F
oi realizada no dia 12 de maio,
no auditório do Centro Empresarial Zanini, em Sertãozinho,
uma aula especial para os alunos da
Uniceise (Universidade Corporativa do
Setor Sucroenergético), proferida pelo
presidente da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), Marcos Jank.
Estiveram presentes também, o presidente e o vice- presidente do Ceise
Br (Centro Nacional das Indústrias do
Setor Sucroeneregético e Biocombustíveis), Adézio José Marques e Antonio
Eduardo Tonielo Filho, o presidente da
Orplana (Organização de Plantadores
de Cana da Região Centro Sul), Ismael
Perina Junior, o presidente da Copercana e Sicoob Cocred, Antônio Eduardo Tonielo e o secretário da Indústria
e Comércio de Sertãozinho, Marcelo
Pelegrini, na ocasião representando o
prefeito municipal, Nério Costa.
Antes de iniciar sua apresentação,
Marcos reuniu os jornalistas em uma
coletiva de imprensa e cobrou medidas
do governo para garantir a oferta do
etanol até 2020, já que “o setor enfrentou uma crise muito grande e os investimentos, que seriam usados em novos
projetos, foram transferidos para as
empresas que já estavam no mercado”,
explicou Jank.
Antonio Eduardo Tonielo (conselheiro da Unica), Marcos Jank (presidente da Unica) e
Adézio Marques (presidente do Ceise Br) durante coletiva de imprensa
Para a Unica, o grande desafio é
como fazer o setor crescer nos próximos 10 anos e, além disso, vender o
etanol a 70% do preço da gasolina. O
executivo também lembrou que é necessário garantir o período da entressafra e para isso diz que o governo
precisa tomar algumas providências
urgentes, como por exemplo, ampliar
o mecanismo de contratação e estocagem de etanol e trabalhar para reduzir a volatilidade do álcool anidro,
encontrando preços que mantenha
Pedro Esrael Bighetti, diretor da Copercana e Giovanni Rossanez , gerente financeiro da
Copercana também estiveram presentes no evento
Revista Canavieiros - Maio de 2011
uma média ao longo do ano.
Uniceise
Ao lado das outras lideranças do
setor, o presidente da Unica falou
sobre a importância da criação da
Uniceise, que qualifica profissionais
para trabalhar no setor. “O setor sucroenergético se torna cada vez mais
competitivo, e para acompanhar esse
crescimento, precisamos ter mão-deobra qualificada, e é isso que esta
universidade oferece”, disse Jank. RC
33. 33
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Revista Canavieiros - Maio 2011
34. 34
34
“General Álvaro
Tavares Carmo”
A geração termoelétrica com a queima
do bagaço de Cana-de-Açúcar no Brasil
Análise do Desempenho da Safra 2009 2010 (Publicado em Março 2011 - Conab)
Cultivando
a Língua Portuguesa
Esta coluna tem a intenção de maneira didática, esclarecer
algumas dúvidas a respeito do português.
“O outro não o preenche. Preenchimento é interno”
Osho
1) Pedro atrasou o relatório do trabalho. Entregou-o “ante-ontem”.
...e Pedro está atrasado com o estudo da Nova Regra Ortográfica (VOLP-5 edição).
A expressão correta, segundo o Vocabulário Ortográfico
da Língua Portuguesa (VOLP) é: anteontem.
Regra nova: quando o primeiro elemento termina por vogal diferente daquela que
inicia o segundo elemento, a palavra é escrita sem hífen.
No exemplo: ante: primeiro elemento - termina com a vogal e
Ontem: segundo elemento - incia com a vogal o
Duas vogais diferentes - a expressão é escrita sem o hífen
“Este estudo representa um esforço da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) em
trazer um pouco de luz para uma questão estratégica para qualquer país: a geração e a distribuição de energia elétrica. O foco do trabalho
está concentrado no uso de um combustível que
já faz parte das fontes em uso atualmente, porem com pequena participação no total nacional
e com pouco prestígio entre os profissionais do
assunto: o bagaço da cana-de-açúcar. Nesta linha
de preocupações, o presente estudo, a partir dos
dados coletados pelos técnicos da Companhia
em todas as unidades de produção brasileiras,
faz uma análise técnica de uma matéria muito
importante para o país: a cogeração de energia
elétrica a partir de um combustível não convencional, mas que somente nos anos recentes tem
conhecido algum desenvolvimento.”
2) Maria decidiu retomar o namoro. Saiu com o “ex namorado”.
Para retomar algum “ex” só com hífen, prezado amigo leitor!
Dica fácil: quando o primeiro elemento é o prefixo ex, usa-se o hífen (aqui cito a
regra do prefixo ex)
Retome, corretamente, com o Novo Acordo Ortográfico (5 edição): ex-namorado
(com hífen).
3) Pedro escreveu no documento a “sequência” das novas regras do departamento.
Correto, Pedro!
Para as novas regras funcionarem, segundo o VOLP (5 edição) sem trema.
O trema não existirá mais (regra geral), segundo o Novo Acordo Ortográfico.
PARA VOCÊ PENSAR:
“Qualquer um pode zangar-se isso é fácil.
Mas zangar-se com a pessoa certa, na medida certa, na hora certa, pelo motivo certo e da
maneira certa não é fácil”
Aristóteles - Ética a Nicômaco
BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento. A geração termoelétrica com a queima do bagaço de cana-de-açúcar no Brasil: análise
do Desempenho da Safra 2009-2010. Brasília: Conab, 2011. Disponível em: www.conab.gov.br/OlalaCMS/uploads/arquivos/11_05_05_15_45_40_geracao_termo_baixa_res..pdf
Os interessados em conhecer as sugestões de
leitura da Revista Canavieiros podem procurar a
Biblioteca da Canaoeste, na Rua Augusto Zanini,
nº1461 em Sertãozinho, ou pelo telefone :
(16)3946-3300 - Ramal 2016
Revista Canavieiros - Maio de 2011
Dicas e sugestões, entre em contato: renatacs@convex.com.br
* Advogada, Prof. de Português, Consultora e Revisora, Mestra USP/RP, Especialista em Língua
Portuguesa, Pós-Graduada pela FGV/RJ, com MBA em Direito e Gestão Educacional, autora de vários
livros como a Gramática Português Sem Segredos (Ed. Madras), em co-autoria.