O documento discute a importância de um programa vocacional de hip hop para promover a cultura, formação de público e inserção produtiva de jovens através da arte. Ele explica que a cultura é um direito de todos e deve ser usada para empoderar os oprimidos. O programa teria três objetivos: produção cultural, formação de público e inserção profissional por meio da linguagem do hip hop.
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O QUE VEM A SER UM VOCACIONAL DE HIP HOP
A cultura é um legado (os modos de fazer) humano perpetuador da vida e que ao mesmo
tempo, está por se fazer, sempre em movimento. Portanto o produto criativo do trabalho
humano, pertencente a todos, e sua possibilidade de criar-se e fazer-se é direito de todos,
constituído por lei. As diversas formas de expressão, o trabalho humano, os modos de criar,
fazer e viver, a cultura são direitos de todos os brasileiros que vivem em diversos lugares.
Assim o estado de direito garante ao homem e a mulher ter as condições essenciais de
perpetuar sua cultura e de prossegui-la.
É importante salientar,que acultura não é um evento externo que chega aos lugares em que
vivem os diversos paulistanos ensinando-os, de forma civilizatória, como acontece com a
cultura ocidental; ela não é o modo externo à vida de cada um no seu lugar, ela é o lugar.
Aindaque todosos lugarese todasas formasde produção cultural sejam relações entre o seu
fazerespecíficoe omundo,a cultura não dizrespeitoahegemônicosmodos de fazer. Existem
trocas, ou mesmo imposições culturais, mas não são nunca completas ou dominantes, pois,
cada indivíduoasvive e as transformaperante sua necessidade e criatividade. Sendo assim, a
cultura é originária e interna aos lugares e leva ao mundo seu fazer e, contraditoriamente,
cada lugar recebe do mundo as experiências das diversas outras culturas. Em uma relação,
indissociável e simultânea, cadaculturarealiza-se nascontradiçõesentre o mundo e o lugar, o
particular e o universal.
Entendemos que um Vocacional de Hip Hop deve não só disponibilizar ao público local o
acessoao patrimôniocultural dahumanidade,mastambém formar o público a partir das suas
própriasproduçõese dentrodaspossibilidadesinserí-losprodutivamente.A nossaperspectiva
é que seja um meio para viabilizar três lindas de ações:
Produção Cultural;
Formação de Público;
Inserção Produtiva.
A teleologiaé a de promover a ação e a reflexão sobre a prática artística com a linguagem do
Movimento Hip Hop; o direito à cultura, a cidadania e a ocupação dos espaços e
equipamentos públicos de difusão cultural desta megalópole.
Ao solicitarumainserçãode rubricaorçamentária,no Orçamento 2016, a pretensão era tirar o
Hip Hopda marginalidadecultural que se encontrae introduzi-lo de forma positiva através de
um trabalhoartístico-pedagógico e coletivo possibilitar a formação de público, circulação de
artistase inserçãoprodutivade jovens,emtermosde entretenimento,lazer,acessoaculturae
inserção no mercado de trabalho de forma autônoma e positiva.
A palavravocação, doverbovocare é aqui entendida como, na acepção freireana, dar voz aos
oprimidos e participantes a partir de uma linguagem e expressão artística. Visamos a
emancipação por meio da participação ativa e consciente, a partir da produção da vida
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material, ou seja, que em suas em suas práticas, conceitos, procedimentos e escolhas
relacionadas ao discurso poético produzido coletivamente, os jovens se sociabilizem e se
realizem dentro da lógica da cidadania, dos direitos humanos e do direito a cultura como
direito à cidade
Os nossos objetivos se coadunam com o entendimento de vocacional implementado nesta
cidade,masque não inclui oHip Hop como patrimônio cultural material e imaterial da cidade
de São Paulo.
“A pedagogia do Programa Vocacional baseia-se em princípios e procedimentos comuns em
constante reflexão com a diversidade das práticas desenvolvidas no projeto.
Os princípios artístico-pedagógicos são:
1. Ação cultural: ações continuadas para abrir frentes de diálogo para permitir a ocupação
cultural de outros espaços da cidade;
2. Pesquisa artístico-pedagógica: capacidade de instigar e formular perguntas, refletir e
reinventar suas práticas artísticas a partir da relação entre os participantes do Programa e a
realidade encontrada nos espaços de atuação;
3. Reflexão sobre Forma e Conteúdo: propor uma relação ativa com a obra, relacionando O
QUE se quer dizer e COMO se diz algo no encaminhamento do processo de criação artística.
Os procedimentos artístico-pedagógicos são:
1. Ocupação/criaçãode espaço:práticascriadas para promover a reflexão e apropriação dos
espaços públicos da cidade, ocupando-os de maneira artística e coletiva;
2. Protocolo artístico-pedagógico: espécie de diário artístico ou registro cotidiano que
continuamente evidencia o trabalho dos coletivos. Motiva esclarecimentos, desfaz dúvidas e
traça novos rumos;
3. Apreciação: espaço de compartilhamento da experiência vivida em cada coletivo, em
forma de reflexão crítica e sem posição fixa de julgamento, podendo gerar novas propostas
artísticas” (Trecho extraído do sítio da Secretaria Municipal de Cultura).