4. Reflexões:
Escrita e reescrita são questões centrais na escola. A escrita é uma atividade
que deve ser abundantemente praticada1, com diversas finalidades2, entre as
quais está o aprendizado da escrita3.
1. Que tipo de escrita nossos alunos produzem na escola? Cópia? Texto de
autoria? Em que porcentagem?
2. Com quais finalidades nossos alunos escrevem? Para responder a uma
demanda (exercício proposto pelo professor)? Para registro de memória?
Para efetivamente se comunicar com outras pessoas? Quais as razões levam o
aluno a produzir uma escrita? Bakhtin (2003) afirma que todo enunciado
deve possuir uma razão para ser produzido , uma vez que a partir da
finalidade, pode-se construir um texto na escola ou para a escola, nos dizeres
de Geraldi (1993), um dos divulgadores das ideias dos teóricos russos no
Brasil. Apesar disto, veem-se ainda, nos materiais didáticos escolares,
comandos de produção textual que não evidenciam esse fator, fazendo com
que o estudante não saiba por que escrever, muito menos para que produzir
textos na escola
5. 3. Como está se dando o aprendizado da escrita? Com
sentido? Necessidade? A prática de escrita e reescrita
de textos é a mais eficaz para aprender a produzir
textos. A escrita e reescrita são formas de dominar
normas de gramática e textualidade (domínio efetivo,
mesmo que não consciente e explícito das regras de
uma língua e das regras de construção de textos). No
caso, de textos escritos.
Textos adequados tem dois aspectos básicos: tem que
ser corretos4 e bem escritos5.
4. Temos a mesma concepção de texto correto?
5. E bem escrito? Com qual desses aspectos a escola se
preocupa mais, ou em outras palavras, enfoca com
mais intensidade? Por quê?
6. Entre as finalidades da escola está a de permitir
que o aluno aprenda a escrever segundo as
regras e normas da sua época. Em resumo: todos
os textos têm de ser corretos.
Quanto a exigência dos textos serem bem
escritos, evidentemente os critérios são um
pouco mais fluídos e amplos. A grande variedade
de gêneros textuais e dos suportes de textos,
associada a grande diversidade de realizações de
natureza estética ou não, faz com que seja
menos fácil definir o que é bem escrito do que é
correto.
7. A. O domínio da escrita é “facilitado” se a escrita escolar
levar em conta o funcionamento da escrita na sociedade6,
ou seja, se forem consideradas na prática escolar, certas
características que a escrita tem na sua prática social.
6. Como funciona a escrita na sociedade? De exemplos.
Que características seriam essas? De exemplos. Essa ideia
é viável? Possível? Adequada? Por quê?
B. O domínio da escrita depende que ela seja praticada7,
isto é, de que os estudantes escrevam regularmente, na
escola e fora dela. Ou seja, a escrita não é uma forma de
testar eventualmente conhecimentos de língua ou grafia,
mas uma prática que inclui seguir regras.
7. Todos concordam que o domínio da escrita depende
que ela seja praticada? Os nossos alunos têm escrito com
propostas adequadas, de forma rotineira e com
intervenções precisas?
A produção escrita
8. C. Não é adequado solicitar que os alunos escrevam um texto apenas a
partir de um título ou um tema fornecido pelo professor8.
8. De certa forma, não é isso temos feito?
D. É preciso “fazer sentido” para a criança. “Fazer sentido” significa,
basicamente, que haja uma motivação real para escrever um texto9.
9. Isso acontece? Com que frequência? Quais as maiores dificuldades?
Pense em situações em que a escrita de um texto fizesse sentido para os
alunos.
E. Não é boa pedagogia esperar que um aluno tenha que “inventar” seu
texto – o tema, os argumentos, a tese a ser defendida, etc. – a partir do
nada10 ou de uma suposta criatividade.
10. Pensemos: como se dá a escrita de um texto na vida social? Será que
os grandes autores “partem do nada”? Inventam tudo? Quanto de
pesquisa deve haver por traz de uma produção escrita? Nem as notícias
mais importantes, de última hora, são “criadas” por um repórter. Além
disso, mais em alguns jornais e revistas e menos em outros, os textos
passam pela revisão de um chefe(o editor de um setor do jornal) e pelos
especialistas em língua (os revisores).
9. F. Que a “primeira” escrita decorra de um “projeto” e que seja fruto de
alguma pesquisa, ou seja, que possa levar um certo tempo para ser
elaborada11.
G. Que, depois da primeira versão (ou da versão entregue), o texto
escrito seja objeto de revisão (ões) – de reescrita, de correção12, etc.
11. Nesse caso devemos “repensar” a pasta de produção de textos? Por
quê? Em que aspecto? Como estão sendo feitas as revisões de textos em
nossa escola? Uma prática criativa?, reflexiva? Dialógica? Ou apenas o
cumprimento de uma “norma didática”? Como está o envolvimento dos
professores e alunos nesse processo?
Uma última observação: embora a escola, frequentemente, imponha
normais mais ou menos arbitrárias (escrever 20 linhas) é importante
considerar que também fora da escola há normas bastante rígidas para a
escrita12. Autores e textos devem obedecer a um conjunto de normas
mais ou menos explícitas, segundo a instituição a que pertencem,
segundo o veículo que os textos vão ser publicados, etc.
12. Trabalhamos com normas “rígidas” ou não? Falta-nos clareza das
normas que cada tipo, do portador e do local de circulação impõe ao
autor?