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RENATO DUARTE PLANTIER




 REVISTA CARTA CAPITAL: UM ESTUDO SEMIÓTICO
SOBRE O PARTIDARISMO NA REVISTA CARTA CAPITAL




           UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO
         COMUNICAÇÃO SOCIAL, JORNALISMO
               SÃO PAULO – 2010
RENATO DUARTE PLANTIER




 REVISTA CARTA CAPITAL: UM ESTUDO SEMIÓTICO
SOBRE O PARTIDARISMO NA REVISTA CARTA CAPITAL




                   Trabalho de Conclusão de Curso apresentado
                   à Universidade Nove de Julho (Uninove) como
                   requisito parcial à obtenção do título de
                   bacharel em Comunicação Social com
                   habilitação em jornalismo

                   Orientadora: Mestra Carla de Oliveira Tozo




          UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO
        COMUNICAÇÃO SOCIAL, JORNALISMO
               SÃO PAULO – 2010
Resumo




       A semiótica é um estudo extremamente importante para comunicação. Ela se
encaixa em qualquer formato de análise de sentido. Jürgen J. Greimas foi um
semiótico que idealizou uma teoria representada por modelo teórico capaz de
estudar todas as manifestações do pensamento. Esta teoria será aplicada em uma
análise sobre os editoriais da Revista Carta Capital escrito por Mino Carta, à fim de
demonstrar através do Percurso Gerativo de Sentindo de Greimas, que a revista é
partidária do governo Lula, bem como, qual foi o trajeto do autor para elaborar os
sentidos do texto.
       Neste fôlego, este trabalho ambiciona uma análise qualitativa no que tange
ao percurso gerativo de sentido dos elementos textuais do jornalismo político, sob a
perspectiva da semiótica greimasiana. Greimas acredita que tudo no mundo é texto,
considerável passível de análise. Este trabalho é mais um desafio para a teoria
demonstrar o seu nível de precisão analítica da produção de sentido.

Palavras Chave: Semiótica – Jornalismo Político – Partidarismo - Carta Capital
Sumário
Introdução


      Nos últimos 100 anos o jornalismo político mudou em diversos aspectos,
porém a sua essência e objetivo continuam os mesmos, informar ao consumidor o
que está acontecendo no mundo político, tanto em território nacional quanto em
âmbito mundial.
      Devida concorrência que se precipitou depois da segunda grande Revolução
Industrial entre as redações de jornalismo político, os jornalistas buscam, até os dias
de hoje, novas fórmulas de agregar consumidor, principalmente diante material
impresso, que a cada dia que passa perde o seu espaço para a Internet devido ao
seu caráter multimídia.
Antes os jornalistas políticos assumiam em que lado estavam. Hoje eles assumem
através de uma argumentação muito melhor organizada postas mais implicitamente
do que explicitamente. O leitor vai lendo, se convencendo ou não, as palavras
proferidas. Em todo trajeto do texto o leitor vai sentindo sensações causadas por
emissor. E, de fato, no meu ponto de vista, a semiótica de Greimas – O Percurso
Gerativo de Sentido – é a melhor teoria para se estudar estes efeitos de sentidos
que o narrador impõe em seu discurso.
      O alvo desta análise semiótica são os editoriais da revista Carta Capital. Mino
Carta é o autor e um dos donos da revista e escreve como chefe de redação para a
revista. O editorial é muito pouco pelos leitores. Justamente por isso que Mino Carta
elabora um editorial bem segmentado por temas e diagramado com muita qualidade,
para favorecer uma leitura rápida, dinâmica e perspicaz. Porém, justamente por este
dinamismo de seus textos que muitos leitores que não possuem filtros jornalísticos,
ou políticos, acabam por não perceber, seja pela velocidade de leitura ou falta de
conhecimento especializado, que a opinião de Mino Carta é somente mais uma
dentre as diversas vozes, e não a legítima, como o mesmo pressupõe ser.
      É interessante notar que os textos de Mino Carta são qualitativos em diversos
sentidos textuais: Ele percorre o tempo, em um texto ele pode começar falando do
Império Bizantino e terminar criticando FHC, fazendo uma analogia entre os dois
períodos. Mino possui uma grande experiência no jornalismo políticos, seu pai, Gino
Carta, fora também um consagrado jornalista político. Mino trabalhava na revista
Veja na época da ditadura militar do governo Geisel; acabou tendo que pedir
demissão da revista devida pressão que a censura impôs à família Civita, donos da
Veja na época.
        Por isso, existe uma alta perspectiva no que tange a qualidade textual do
autor, que diante sua vasta experiência percorrerá diversos tipos de sentidos para
convencer o leitor da legitimidade de suas palavras.
        Este estudo semiótico está dividido em quatro capítulos. O primeiro e o
segundo trazendo características que irão auxiliar para um melhor entendimento
sobre o papel da comunicação entre jornalistas e políticos para com a sociedade.
Eles são justificáveis, pois a semiótica de Greimas estuda não só os elementos
textuais, como também as relações sociais entre os agentes de um discurso.
Naturalmente é necessário entender a relação entre estes dois tipos de poderes
para compreender melhor os efeitos percorridos pelo discurso elaborado por Mino
Carta para defender sua argumentação frente ao receptor.
        O terceiro capítulo é uma breve explicação sobre o conceito de Semiótica. Ele
abrange os conceitos iniciais de Charles Sanders Pierce, com explicações prévias
sobre índice, ícone e símbolo. Afinal, Peirce é tido como um dos precursores do
estruturalismo e da semiótica moderna. Na época existiam também os trabalhos
paralelos de Ferdinand de Saussure, porém o modelo de Pierce era muito mais
qualitativo. Vamos perceber a diferença entre estes lingüísticas.
        Este terceiro capítulo também abrange o Percurso Gerativo de Sentido,
idealizado pelo linguista lituano Algirdas Julius Greimas. Ele foi um dos linguistas
estruturalistas que mais contribuíram com a teoria Semiótica e com a narratividade.
Sua teoria será aplicada neste trabalho que visa à análise semiótica dos editoriais de
Mino Carta, chefe de redação da revista Carta Capital. Através dos estímulos de
sentidos de Mino, vamos poder analisar de a revista é de fato partidária do governo
Lula.
        O quarto capítulo vai trazer a própria teoria do percurso Gerativo de Sentido
aplicado sobre os textos selecionados de acordo com o valor notícia da cobertura
presidencial dos editoriais da Carta Capital.
        Quando analisamos estes textos através da semiótica de Greimas
entendemos tanto o percurso de sentido que o emissor percorreu para convencer o
receptor, como os estímulos sentimentais e intelectuais que estimularam o autor a
percorrer tal sequência de sentido, bem como os legítimos objetivos e relações que
se implicam no texto.
1. Jornalismo Especializado
      Este trabalho visa uma análise semiótica do editorial A Semana da revista
Carta Capital. Minha hipótese: a cobertura da revista é partidária do governo Lula.
Se vamos estudar textos referentes ao presidente, naturalmente o editorial de Mino
Carta é de política e economia - muitas vezes, misturados no mesmo texto.
Entendemos que a revista é partidária do governo, e que estes editoriais políticos
elaborados por Mino Carta demonstram, com mais facilidade, a opinião que a revista
possui.
      Para iniciar o trabalho pretendo explicar estes tipos de jornalismos
especializados presentes tanto no editorial quanto no conteúdo bruto da revista.
Vamos utilizar a análise semiótica proposta pelo lingüista lituano Algirdas Julien
Greimas chamada: “Percurso Gerativo de Sentindo”, baseado nos estudos de
Algirdas Julien Greimas (cuja explicação estará no terceiro capitulo), para investigar
de uma forma lingüística - jornalística, o percurso gerativo de sentido dos editoriais,
ou seja, os passos de Mino Carta dentro dos elementos textuais para convencer o
leitor de que suas palavras são as mais próximas da legitimidade diante os fatos
cobertos – mais próximos da verdade factual.
      Mino Carta é considerado um jornalista especializado em política e em
econômica. E, o fato de Mino Carta ser um dos donos da revista não o credibiliza
para escreve estes textos apresentativos sobre o conteúdo e a opinião diante fatos,
mas sim, por possuir uma grande experiência de campo nestes tipos de jornalismos
especializados. Vamos entender um pouco sobre o jornalismo político e o jornalismo
econômico.
1.1. Jornalismo Político
       Lula é o presidente do Brasil, simplesmente o cargo do mais alto poder
político no Brasil. Naturalmente o gênero para a cobertura de um presidente nacional
é o político. Não obstante, Mino Carta possui ligações explícitas com a política: Mino
Carta já fora censurado pelo governo Geisel enquanto comandava a revista Veja, foi
obrigado a pedir demissão para não ser demitido pela família Civita, dona da revista.
Por outro lado, hoje em dia na democracia, o presidente Lula vai a festas
promovidas pela própria revista, o que simboliza, de certa ótica, uma relação
explícita.
       A editoria de política provoca controvérsia diante suas coberturas.
Diariamente a mídia divulga notícias que afetam direta ou indiretamente a
sociedade. Por isso, é tida com a categoria clássica da história do jornalismo. Por
vezes o jornalista político passa dias sem observar nenhuma novidade, porém, as
coisas podem mudar rapidamente. O jornalista deve estar preparado para entender
os reais interesses discursivos dos políticos, afinal, estes possuem estereótipos de
“não confiáveis”. Os jornalistas devem ter o domínio das regras do Congresso,
conhecer a história política recente do Brasil e as leis vigentes no país. Ou seja, uma
conversão de matérias que antes eram concebidas separadamente, entrando em
fusão com a evolução do jornalismo político.
       A principal mudança do jornalismo político de tempos oriundos para cá é o
objetivo da informação. Agora a cobertura é para informar o leitor e não convencê-lo
a adotar idéias. Na campanha de 1950 os jornais como o Estado de S. Paulo, o
Correio da Manhã e o Diário de Noticias faziam questão de não se preocupar com a
isenção da cobertura das eleições presidenciais de Getúlio Vargas contra o
Brigadeiro Eduardo Gomes. Já em 2002, com a eleição de Lula, a imprensa cobriu a
campanha ao invés de “entrar em campanha”, como há 60 anos.

       “Até algumas décadas atrás, os jornais, em sua maioria, tinham um caráter quase
       partidário. E dirigiam também a um leitor razoavelmente partidarizado. Hoje em dia,
       ao contrário, a grande imprensa, de modo geral, tem a preocupação de separar
       nitidamente a informação da opinião na cobertura política.” (MARTINS, 2005:17)

       De fato, hoje em dia a cobertura política está mais estudada e estruturada.
Quando o gênero é informativo temos menção de que ele visa somente à arte de
informar, normalmente intitulados como matérias e reportagens. Quando o gênero é
opinativo temos a idéia de uma visão ideológica explícita sobre um fato social, que é
o caso dos editoriais e colunas, por exemplo.
        Por isso são textos com maior poder de coerção. Hoje em dia poucas
pessoas lêem os editoriais dos jornais. Justamente por isso as revistas trazem
inúmeros formatos de editoriais visando aderência dos leitores. São inúmeras as
técnicas de formas de adesão não explícitas. Justamente para analisar estas
técnicas que a essência do trabalho é a aplicação do Percurso Gerativo de Sentido,
elaborado pelo lingüista Algirdas Julien Greimas, no editorial da revista Carta
Capital.
        Fica pressuposto que o leitor comprava um jornal e esperava encontrar uma
afinação com o seu viés político. Duas das principais mudanças significativas no
jornalismo político são: estrutura dos impressos e perfil do leitor. Os noticiários
políticos   passaram     por      processos   de   modernização,     profissionalização    e
concentração. A mudança do perfil do público afetou diretamente mudança nos
jornais, um leitor mais plural.

        A cobertura isenta se torna mais cara. Sujeita a novas, e caras, fórmulas de energia.
        Conseqüentemente, houve uma concentração muito forte. Resultado - hoje tem um
        número muito mais inferior de produtos impressos do que em 1950. Um jornal para
        sobreviver atualmente deve vender mais de 150 mil exemplares para amortizar os
        custos de produção e atrair a receita publicitária necessária para sair do vermelho e
        gerar lucro. (MARTINS, 2005:18)

        Como os antigos impressos tinham tiragem amplamente mais expressiva eles
não eram tão dependentes da publicidade como hoje em dia. De fato só os grandes
jornais conseguiam a tiragem superior de 150 mil exemplares, porém o número de
leitores consumidores de impressos era superior. Atualmente é fato que jornais e
revistas dia a dia vão perdendo tiragem e público para os outros meios de
comunicação, principalmente para a internet que agrega conteúdo textual de
apuração mais dinâmica. Naturalmente a publicidade acaba sendo um equilíbrio e
tendo um papel fundamental para o orçamento das redações. De 18 grandes jornais
do Rio de Janeiro da década de 50 do século passado, 12 fecharam. (MARTINS,
2005)
        A modernização das redações é evidente. Os custos para manter
equipamentos de altíssima qualidade para uma melhor apuração ficam caros a cada
dia que passa. As pequenas e médias coberturas políticas normalmente seguem a
cobertura da grande imprensa que concentra grande parte da informação política e
são pautados por ela, dando um novo enfoque para a notícia.
      Isso porque normalmente é o jornalista da grande imprensa que tem
condições de fazer uma apuração mais qualitativa e quantitativa no local. A
modernização vem desde os equipamentos até a estética das publicações, com
fotos e caricaturas com uma resolução muito superior do que 60 anos atrás. A
isenção passou a ser mais “acoplada às grandes empresas que possuem mais
capital financeiro para investir em maquinário ou qualificação e quantização de força
de trabalho”. Claro que a isenção também está presente nas médias e pequenas
empresas jornalísticas, muitas vezes até mais. Porém, a argumentação é de quem
pode fazer uma cobertura mais quantitativa e qualitativa no aspecto tecnológico e
físico, e não de quem pode ser mais imparcial. (MARTINS, 2005:29)
      Por outro lado, uma visão menos romântica do jornalismo político é a visão de
Medina. “A informação tornou-se mais um produto da indústria cultural, de interesse
dos complexos econômicos, políticos, sociais e o elo principal da identificação com o
sistema”. A vitória dos recursos tecnológicos que veiculam a informação se deu por
conta das necessidades da industrialização e automaticamente normaliza ou reforça
a informação jornalística como parte da manutenção do sistema econômico.
(MEDINA, 1988:30)

       “A mensagem-consumo exige um título de apelo forte, bem nutrido de emoções,
       surpresas lúdicas, jogos visuais, artifícios lingüísticos. O título ganha vida de
       consumo como qualquer anúncio publicitário e a edição trabalha com cuidados
       especiais: criam-se os “títuleiros” hábeis, verdadeiros mitos de sala de redação. Na
       ampliação interpretativa das informações, essa habilidade exige mais.” (MEDINA,
       1988:119).

      Diante a disputa dos jornais que cobrem política, o mercado fica cada vez
mais acirrado. Os veículos desenvolveram um componente verbal para chamar a
atenção do leitor para o produto “matéria”, articulado, utilizando até mesmo o apelo
visual para conquistar o leitor. Tanto os “gêneros informativos” quanto os
“opinativos” da revista Carta Capital possuem estes aspectos. Diversos artifícios
lingüísticos são utilizados para deixar a leitura mais prazerosa.
      O público também mudou o seu perfil consequentemente mudando as
características dos jornais. Antes os leitores eram mais partidarizado. Quando
analisamos a época de Getúlio Vargas percebemos que independente dos
diferentes partidos, ou a pessoa era getulista ou não. Ou seja, ou compravam
publicações do jornal A Última Hora de Samuel Wainer que explicitamente era o
produto impresso mais partidário getulista do país, ou consumiam os textos de
Carlos Lacerda ou o udenismo, pelo conservadorismo ou pela reivindicação
intelectual. Era uma pátria com estados e cidades modernas em um período de forte
reivindicação, por isso o partidarismo era alto. O público jovem tinha um papel
extremamente importante neste processo, era mais participativo politicamente
falando.
      Hoje em dia o público jovem não é mais tão engajado na política porque o
partidarismo cultural aos poucos vai acabando no Brasil pós-moderno. “Diante desta
manifestação, a estratégia passou a ser atrair um público plural com as mais
variadas visões políticas e as mais diferentes visões do mundo”. Apesar das
adesões continuarem sendo propostas pelos veículos de comunicação, esta é feita
com uma cara mais imparcial. Porém, a motivação de gerar um sentido complacente
a visão editorial do veículo continua, explicitamente ou implicitamente. (MARTINS,
2005:22)
      Hoje em dia ele está muito mais plural, exigente. Além de a concorrência
política ser grande, o leitor consegue muitas informações em diversos meios de
comunicação. Principalmente diante o florescimento da internet e sua tecnologia que
permite a convergência dos meios com Stremaing de vídeos ou com o RSS diante o
áudio editado para rádiojornalismo.
      “Essas mudanças foram positivas para o público, devido ao grande
bombardeio de informações que chegam à sociedade pelos mais diversos meios de
comunicação, como por exemplo: televisão, rádio, internet, revistas e jornais”. A
ressalva do público hoje é que a notícia interpretativa lhe permite refletir e formar
uma opinião mais qualitativa. Naturalmente para existir um bombardeio de
informações é porque o jornalismo político se modernizou. As redações também
mudaram sua cara. Há menos ruído nas redações, mais computadores, ligações
mais fáceis com fontes, conteúdo e agências de notícias que auxiliam no itinerário
da elaboração de uma reportagem. “O resultado é que, nos grandes jornais e
revistas e departamentos de jornalismo das emissoras de rádio e televisão, as
decisões editoriais são tomadas cada vez mais se levando em conta critérios
jornalísticos”. (MARTINS 2005:24-26)
      Porém, este “bombardeio” de informações elaboradas muitas vezes sem o
olhar crítico se utiliza deste mecanismo para usufruir vantagens e estimular o
domínio. O excesso de conteúdo faz com que o receptor não perceba o discurso que
está intrínseco na mensagem. A mensagem pode carregar o discurso, mas mesmo
assim, não utilizá-lo. Não promover o efeito desejado e ser divergente em cada
processo.


      Não me parece suficiente dizer que a ideologia está em toda parte, o que de certa
      maneira é correto. Ocorre que estar presente não significa atuar de forma idêntica
      em todos esses processos. A atuação, no meu modo de ver, mais plena e eficaz se
      dá no plano do produto mesmo e de sua penetração na consciência do receptor.
      Idéias são insistentemente “semeadas” no público; encontrando um solo fértil onde
      podem germinar, elas crescem, regadas cuidadosamente e diariamente pelos meios
      de comunicação massificantes. (MARCONDES FILHO, 1985:94)


      Martins também cita algo a respeito:


      Todo jornal, revista e departamento de jornalismo de rádio ou de TV tem sua opinião
      pública interna. Ela é invisível, mas está sempre presente nas redações. Trata-se da
      primeira e da maior crítica do nosso trabalho. Ela não se confunde com a hierarquia
      formal da empresa, embora muitos formadores de opinião possam ocupar posições
      de chefia. (MARTINS, 2005:27)


      Naturalmente é pressuposto que todo o meio de comunicação político possui
uma ideologia. Hoje, diante a tentativa implícita de imposição ideológica são
necessárias novas fórmulas de retórica frente ao receptor. E para entender estas
novas fórmulas de argumentação, trabalhos que analisam discursos pela semiótica
são de total importância e relevância.
      “A notícia é a comunicação de um fato. Pode significar muito ou quase nada”.
Quando a notícia é do presidente Lula, todos entendem, já quando é do deputado
Enristes Costa, para quem não esta no meio político, muitas vezes não significa
nada. O importante não é apenas discorrer sobre o fato, mas sim, explicar ao leitor o
que acontece por dentro da mensagem. Neste aspecto cabe um jornalismo mais
interpretativo que de certo é diferente do opinativo. O primeiro relaciona os fatos e o
segundo opina sobre eles. Transforma um grande conteúdo em um simples texto.
Essa é uma sensibilidade que o jornalista político deve ter em mente, lembrar que
“nem sempre todos os leitores pré-dispostos a consumir o produto são especialistas
em política”. (MARTINS, 2005:21)
A relação entre o jornalista e o político também é interessante. Ao contrário do
esportivo, por exemplo, quando nos lembramos do caso de Ronaldo na Copa de
1998 e não temos até hoje uma versão aceitável, percebemos que o jornalismo
político acaba superando as outras especialidades. O número de fontes disponíveis
tanto em Brasília quanto no campo acadêmico é amplamente maior tornando a
disponibilidade de informação mais ampla. Sem contar que em política sempre há
uma oposição que vai estar sempre disposta a falar. E quando um meio de
comunicação passa a não enfocar a oposição com tanta disposição quanto aos
passos do presidente, acaba sendo taxado de pró-governo o que é o caso da
acusação de grande parte do campo jornalístico acadêmico perante a revista Carta
Capital.
      “São 513 deputados, 82 senadores, mais 30 ministros, 11 integrantes do
Supremo Tribunal Federal, além de uma legião de milhares de assessores,
secretárias, técnicos, funcionários, amigos, lobistas, curiosos – um mar de gente
com informação”. Martins diz que diante o grande número de disponibilidade de
fontes o jornalista deve conversar com muitas pesoas, independente de cargo.
(MARTINS, 2005:47)
      A proliferação da cobertura vai trazendo mais verdades factuais. Porém, o
repórter não deve se contentar com o factual, precisa entender ao mesmo tempo o
contexto em que o fato está sendo dado. No jargão dos jornalistas, quem tem mais
background information (informação de fundo) tem mais sensibilidade em captar
possíveis desdobramentos dos casos políticos.
      Ele deve ficar sempre atento averiguando se o boato é verossímil. “O que é
bom a gente mostra, o que é ruim a gente esconde”, resumiu Rubens Ricupero,
ministro da Fazenda do governo Itamar Franco em 1993. O comentário foi divulgado
graças a problemas técnico de uma antena parabólica, derrubando-o do cargo.
Afinal, em política certas idéias não podem ser ditas explicitamente.
      “Não há fórmula mágica que nos torne imunes à contra-informação”. O melhor
antídoto continua sendo reunir muita informação. Nada costuma acontecer
similarmente como te contaram e ninguém lhe conta exatamente o que aconteceu.
“Assim, por melhor que tenha sido a apuração, em geral, há outro ponto que ficou
obscuro, fatos importantes que não vieram à tona ou episódios que não puderam ser
levantados a tempo”. (MARTINS 2005:71)
Uma das coisas que mais irritam os políticos é verem suas declarações ganharem
repercussões não imaginadas, normalmente encaradas com negatividade. A Carta
Capital é campeã no gênero. Costuma pegar opiniões dissidentes e interpretá-las de
acordo com sua opinião e ideologia. Vamos perceber este aspecto claramente com
o andar do projeto.


      A combinação de poder de polícia com a força da imprensa tem um lado bom e um
      lado ruim. O positivo é que gera uma ação com tal profundidade, contundências e
      rapidez que rompe barreiras aparentemente inexpugnáveis e dissolve cumplicidades
      tidas como destrutíveis. O lado negativo é a conversão da CPI em um espetáculo.
      Alguns deputados e senadores deixam de lado o trabalho sério de investigação e
      recorrem a todo tipo de truques, piruetas e efeitos especiais para conseguir um bom
      lugar diante as câmeras. (SEABRA & SOUZA, 2006:75)

      Vamos perceber que Mino Carta na elaboração de seus editoriais sempre
parte para uma visão mais espetacular para agregar humor. Muitas hipérboles e
parábolas estão presentes em seus textos. Mino Carta parte de dois pressupostos,
se vende como um paladino anticorrupção aplicando o clássico “espetáculo” nos
seus textos, em busca de um humor sarcástico.
      Os jornalistas político disputam a exclusividade da informação. Seus chefes
nas   redações    ficam    pressionando     com    os    passos    dos    concorrentes.
Consequentemente diante a fobia de todos, “suposição vira informação, indícios
convertem-se em prova, suspeito passa a ser bandido, e a dica, que em condições
normais seria ponto de partida de matéria, pode acabar com manchete de jornal”.
Assim, na fobia da publicação o jornalista começa a divulgar os seus passos diante
o fato investigado. (SEABRA & SOUZA, 2006: 76)
      Faz parte também do cotidiano do jornalista político investigar denúncias
sobre irregularidades na administração pública, desvios de recursos, armações em
concorrência e negócios escusos com o dinheiro do Estado. Por menor que sejam
os delitos, o jornalista político tem o papel social de divulgar o que se passa para a
população. Afinal, é por isso que existia a regulamentação da profissão jornalista há
pouco extinta no país.
      Outro período interessante de coberturas política são as eleições. É
interessante notar que as eleições é a época onde os eleitores mais ficam
interessados em política. Alguns telefonam, mandam cartas, enviam e-mails, sempre
desancando a cobertura. Uns são educados, outros nem tanto. O período de pleito
popular é um dos mais tensos na carreira do jornalista político com relação ao
contato e interação com o receptor. Este é o momento do jornalista manter a calma
e continuar com sua função social de cobertura diante as eleições, que é um
importante símbolo de democracia para qualquer nação.
      As CPIS só são cobertas quando tem apelo junto a opinião publica, passando
cobertura excepcional. As mais famosas são: PC Faria, levando Collor ao
impeachment, a de Nicolau Dos Santos Neto (Lalau) e do Senador Luis Estevão.
Quem não se lembra das coberturas jornalísticas informando a entrega de pizzas
delivery para o juiz Lalau na prisão. O fato do jornalismo cobrindo a CPI faz com que
ela tenha maior apelo social. (SEABRA & SOUZA, 2006)
      As coberturas de CPIS têm um lado positivo e outro negativo. O primeiro
porque rompe o paradigma de algo indestrutivo. Já o lado ruim é que a CPI acaba
por tornar-se um espetáculo. Muitos deputados esquecem o itinerário político para
conseguir um espaço diante as câmeras. Os jornalistas ávidos por furos de
reportagem acabam por divulgar grande parte de informações recolhidas em OFF
sem a checagem necessária. “E assim, aos poucos, passa-se de caça ao furo para
caça às bruxas”. (SEABRA & SOUZA, 2006:35)
1.2. Jornalismo Internacional
        Aqui concebido como político também. Normalmente o gênero acaba sendo
uma cobertura de política internacional. Quando alocamos o gênero de jornalismo
internacional ao trabalho pretendemos analisar as visitas do presidente Lula a outros
países, ou a visita de ilustres internacionais ao planalto central. (NATALI, 2004)
        Como a análise semiótica vai partir também para campos da sociologia,
semântica e pragmática, todos os elementos suscetíveis de gerar coerção são
importantes, principalmente pelo julgamento de valor e de realidade na qual a visão
internacional do país é encarada pelo leitor, tanto perante países periféricos como
aos países do centro do capitalismo. Afinal, esta pode ser considerada uma forma
internacional de prática de adesão do poder argumentativo retórico do emissor.
        A existência do jornalismo internacional já é amplamente debatida. Enquanto
alguns pesquisadores classificam sua existência no Sec.XIX com o advento da
máquina de impressão cilíndrica e o surgimento da primeira agência de notícias,
criada na frança por Charles Havas, atual AFP. (NATALI, 2004)
        Outros, como o jornalista João Batista Natali diz que esta visão é um
equivoco, pois o jornalismo já nasceu internacional e o mercantilismo já precisava
dele, como o banqueiro Jacob Fugger, criador da primeira newsletter, ainda no final
do século XIII. De uma forma ou de outra, este método de coleta e difusão de
notícias de terras distantes sempre teve um objetivo com viés econômico. Para
Natali este foi o primeiro tipo de jornalismo a sofrer censura. Aconteceu em Paris,
1631, quando o jornal Nouvelles Ordinaires de Divers Endroits (Notícia comum de
vários lugares) foi proibido de circular. Em seu lugar foi produzido o La Gazette, que
tinha como responsável Théophraste Renaudot, uma espécie de testa de ferro do
poderoso cardeal Richelieu. (NATALI, 2005)
        O precursor do jornalismo internacional, ou político, no Brasil foi Hipólito da
Costa. No século XVII, a família real desembarcou no Brasil em fuga da ascensão
napoleônica na Europa. Junto com a comissão real estava Hipólito da Costa. Ele
carregava de dentro de um dos navios uma prensa trazida de Portugal. Aqui
elaborou o primeiro jornal brasileiro chamado o Correio Brasiliense, que era
impresso em Londres e fazia oposição ao governo de Don João. Devido á censura
na América Portuguesa, Hipólito da Costa teve que fugir para Inglaterra. (NATALI,
2005)
Na época da ditadura militar (1964-1985) o jornalismo internacional viveu o
seu boom. Havia equipes de correspondentes que recebiam seus salários em dólar,
com o país vivendo o conhecido “milagre econômico dos anos 70”. Nos cadernos
haviam críticas de ditaduras vividas na África, e que indiretamente fazia analogia do
próprio sistema vivido no Brasil. Natali diz que com a redemocratização da nação, a
editoria de Internacional deixou de ser a única válvula que o jornal tinha de criticar o
sistema, mesmo que indiretamente.
      Com o fim da Guerra Fria acontece o fim da polarização nas coberturas
internacionais. Os noticiários passam a lidar com uma única potência - os Estados
Unidos – diante três enfoques históricos diferentes. O primeiro é a eleição de
George Bush, o pai. Ele iniciou a Guerra do Golfo, uma guerra que para muitos
pesquisadores foi de motivo imaginado. A invasão do Kuwait foi a partir de “fotos” de
ataques a navios americanos. (NATALI, 2005)
      O segundo momento é a eleição de Bill Clinton, que conseguiu abafar a
imagem negativa de Bush, o pai, e ao mesmo tempo, isolar a Rússia. O terceiro
momento é a eleição de George W. Bush, o filho. O jornalismo internacional ainda
estava encantado com a época de Clinton e não soube investigar o caso 11 de
setembro que culminou com a invasão no Iraque e a captura de Sadah Hussein,
antigo desafeto da família petroleira do presidente Bush. (NATALI, 2005)
      Com o advento da internet o jornalismo internacional obteve uma grande
mudança nas redações. Natali acredita que agora o redator possui mais função nas
redações. Trabalha muito mais pelo mesmo salário. Com a diversidade da internet, o
redator deve apurar cada vez mais as informações. Deve saber fazer uma
interpretação qualitativa diante o acúmulo de informações enviadas pelas agências
de notícias para as redações. Selecionar de acordo com o valor-notícia redigindo
melhor na medida da “superinformação”.
      Cobertura presidencial: Muitos jornalistas encaram o convite de uma
entrevista junto ao presidente como uma grande oportunidade de acompanhá-lo em
sua trajetória internacional. Martins não encara desta forma, para ele é muito mais
desgastante para o jornalista que vai cobrir esta trajetória do que para o presidente.
Enquanto o primeiro pode ocorrer diversos imprevistos que vão desde a falta de
internet como revistas não programadas em diversos aeroportos, já o segundo
sempre vai estar descansado e com a maioria dos recursos a disposição.
Os jornalistas políticos também são contaminados pelo imperialismo da economia.
      Somos obrigados a lidar com os sábios da equipe econômica por que no Brasil, ao
      contrário dos países do G-7, onde são meros assessores dos governantes, os
      economistas decidem com grande independência e distanciamento das instâncias
      políticas (NATALI, 2002:28)


      Seguindo também a idéia do jornalista econômico Márcio Moreira Alves,
vamos analisar o jornalismo econômico que contempla não só com os temas
trabalhados nos editorias como para uma concepção maior do que é o jornalismo
político no país. Esse que muitas vezes se confunde com a cobertura econômica.
Um jornalista que cobre política tem que estar preparado para cobrir economia, e
vice versa, fruto do enorme envolvimento que os políticos possuem no
desenvolvimento econômico do país.
1.3. Jornalismo Econômico
        Uma vez que os gêneros opinativos colhidos para analisar a revista Carta
Capitais são também econômicos vamos entender um pouco desta cobertura. A
cobertura brasileira divide-se em duas partes essenciais: prestação de serviços e
planos de ajustes econômicos. A carta Capital se baseia em planos de ajustes
econômico. Um de seus colunistas, Delfim Neto, já foi ministro da economia do país.
Não obstante, Mino Carta e Delfim Neto frequentemente citam elementos que
simbolizam um jornalismo macroeconômico.
        Depois do famoso “crack de 29”, o estado começou a participar mais da
economia para dar maior fluidez ao desempenho do sistema capitalista que, vira e
mexe, tem suas crises. As crises cíclicas. Então, o governo acaba muitas vezes,
para poder auxiliar o sistema, gastando mais que arrecada. Aqui entra também a
possibilidade de chamada malversação do patrimônio público, ou seja, desvios de
verba, desperdícios, favorecimentos, etc.¹ (AMARAL, 2007)
        Contudo o jornalismo econômico brasileiro nasceu na mesma época da
ditadura militar de 1964-1985. Este regime político mantinha uma ideologia de
desenvolvimento. Outro boato explícito da época era o da democracia. O mundo
dizia que era impossível uma nação almejar a democracia sem uma economia
consistente. Consequentemente foi necessária uma alta cobertura sobre ajustes
econômicos dos países democráticos.
        Em economia, é necessário saber o que se passa com o vizinho. Isso criou
uma demanda concreta para o jornalismo econômico. Naturalmente é papel da
profissão de jornalista divulgar qualquer informação que seja útil para a sociedade,
independente do gênero, motivo este do jornalismo especializado em economia
gerar um boom em terras brasileiras.

        Desde os tempos do Delfim, nos anos 70, criou-se uma supervalorização da análise
        macroeconômica. Não        é    mistificação      recente, porque já tem história. Mas
        se trata de uma tendência recorrente na vida do País. Durante o período era a
        confusão de jornalista como vidente econômico. Nestes momentos as pessoas
        paravam os jornalistas para perguntar perguntas técnicas, do tipo qual papel esta
        subindo, como ficará o dólar cambial. Em um momento de Milagre Econômico o
        jornalista era tido como uma das principais fontes pela população, independente se a

        1. Antes do “Crack de 1929” o mundo vivia o conceito de Adrian Smith, que acreditava que o mercado
se estabelecia sozinho, chamado liberalismo. Após o Crack, as leituras de Keynes foram tidas em práticas pelo
governo Roosevelt, que colocou o Estado de metendo na economia para tirar os EUA da crise mundial, gerando
mais empregos e rendas - o que se convencionou como o chamado intervencionismo do Estado na economia.
análise era quantitativa ou não. Bastava o jornalista dominar um pouco do
        economês. Porque bastava dominar duas ou três expressões do economês para se
        tornar poderoso. E foi essa mistificação que pautou toda a década de 90. (NASSIF,
        2001:98)

        Foi nesta época que foi concebido também o estereótipo das teorias
internacionais. “Olha, eu estudei lá fora, conheço teoria econômica. Por isso, tenho a
solução, resolvo tudo”.     O que é um grande mito, pois é muito difícil continuar
atualizado sobre os passos dos grandes centros sem estar dentro deles. Porém,
este estereótipo dura até hoje, tanto para os economistas quanto aos jornalistas.
        Quem estudou fora do país é tido como gênio. O que acaba sendo não
avaliativo, uma vez que depois de alguns anos fora do país o cidadão fica totalmente
desatualizado do que está de fato acontecendo. Dificilmente ele vai ter tempo para
ler publicações locais e se atualizar. “Esse papel mistificador do economista - papel
político, no mau sentido - existia no início do século, na proclamação da República.
Depois, o jornalismo econômico foi revitalizado a partir do Plano Cruzado, quando se
promoveu a mesma privatização do Estado, a mesma desorganização”. (NASSIF:
2001:99)
        Outro papel mitológico esclarecido acima por Luís Nassif também se entende
pelo uso do economês como uma forma de ultrapassar a censura da época diante
as publicações. Com função específica durante o regime militar – que tinha um
governo populista que se baseava no avanço e modernidade – os jornalistas
econômicos usavam o economês como uma fórmula de escapar da censura. O
governo não tinha capacidade para filtrar este tipo de notícias. Ela era rica de
linguagem técnica, números, siglas e estrangerismo afastavam a censura. Hoje em
dia, desmistifcar o economês é um dos maiores desafios do jornalismo econômico,
porém, na época ditatorial era viável diante a censura. Neste ponto, os gêneros
opinativos são ótimos para uma interpretação mais clara sobre o fato. (NASSIF,
2001)

        Ao mesmo tempo, a censura que se exercia no regime militar era muito mais branda
        no jornalismo econômico, até porque a maioria das notícias era positiva. Só depois
        de certo tempo surgiu o debate sobre a questão da distribuição de renda, que
        começou a piorar, apesar do desenvolvimento acelerado. Mesmo assim, foi essa
        base econômica que permitiu ao regime militar ter o apoio da sociedade.
        (SARDEMBERG, 2001: S/p)
Aspectos do início da cobertura macroeconômica: tendência oficialista
porque havia um ambiente positivo e a censura lhe era mais branda. Apesar disso,
vários jornais tiveram a capacidade de levar essa área com qualidade, não raro
usando linguagem meio cifrada, ajudando a dar origem ao economês.
        O economês tem dois sentidos, ambos negativos, significando escrever mal,
errado, ou então com tanto requinte técnico que poucos entendem. Se alguém
escrevesse que o regime ditatorial brasileiro estava baseado em políticas que
visavam o arrocho salarial, provavelmente ficaria censurado. Porém, se afirmasse
que estava baseado na contenção do fator trabalho, acabava passando pelo filtro da
censura, devido o economês de difícil compreensão para os militares da época. Um
dos principais fatores para evolução do jornalismo econômico foi à ação do governo
Castelo Branco que diminuiu a inflação de 100% para a casa dos 40%.
(SARDEMBERG, 2001)
        Ao mesmo tempo em que Sardemberg enxerga elementos que demonstram
uma evolução do jornalismo econômico em plena época ditatorial, João Natali,
correspondente internacional da folha, também os vê. Neste caso o autor entende
que noticiar positivamente um fato em um governo em que qualquer forma de
oposição ao sistema aplicado é motivo de censura, o jornalismo econômico
encontrou poucos cortes em seu noticiário. Fica a dúvida, será que o jornalismo
econômico fazia isso para que não fosse censurado? Será que este tipo de
jornalismo era aliado ao governo ditatorial? De uma forma ou de outra, notícias pró-
governos acabaram atrapalhando um preparo da indústria, ou até mesmo da
população, diante a crise que se agravou na década de 80, seguinte da intitulada
década do “milagre econômico”.


        O Brasil mergulhou numa crise prolongada a partir da década de oitenta – chamada
        década perdida. E o que aconteceu com o jornalismo econômico? Continuou sendo
        notícia, embora de um modo inverso. Paramos de falar de crescimento para falar de
        estagnação, recessão e de um personagem novo, a inflação. Aquela conhecida,
        desde 1964, era brincadeira, ridícula, de 100% ao ano. Nesse novo período, este
        chegou a ser quase o índice mensal – 80% no último mês do governo Sarney.
        Depois, 45% ao mês era o normal. (SARDENBERG, 2001)


A posição de jornalista macroeconômico começava a florescer. Os problemas
financeiros geraram mais demanda ao jornalismo macroeconômico nos anos de
1980.    De uma forma ou de outra “a crise econômica dos anos 80 do século
passado, foi caracterizada por uma inflação ascendente. Elevando a credibilidade do
jornalismo econômico brasileiro diante o mundo inteiro, aumentando a análise de
títulos públicos, investimentos públicos, jornal de serviços, coberturas anti-
inflacionárias, bancos, taxa de juros e commodytes.
      Com a crise dos anos 80 o jornalismo econômico teve que mudar o foco.
Naturalmente ele soube se adequar a esta nova temática diante coberturas
qualitativas de notícias macroeconomias. A primeira grande cobertura diante a crise
dos anos 80 foi à divulgação de diversos pacotes diante a mudança para o Plano
Cruzado na clara tentativa de conter a inflação.

      O interessante é que havia dois grupos de acadêmicos, com linhas de pensamento
      distintas, que se uniram para fazer o Cruzado. A corrente que desenvolveu a base
      teórica da nova moeda era ligada à PUC do Rio de Janeiro. O outro grupo veio da
      Unicamp. Ambos assumiram uma função política das mais relevantes. Passaram a
      garantir a eleição de partidos políticos. O grupo da PUC se aliou ao PSDB; o da
      Unicamp, ao PMDB, até a hora em que o PMDB naufraga, com a imprensa dando a
      retaguarda (NASSIF, 2001:100)

      Estes são grupos que chegaram a um poder político muito forte. Passaram a
ser as fontes principais da época.     Esta característica perdura até hoje em dia,
porém, com menos ênfase quanto na época do cruzado. E mesmo quando existia
um erro, a opinião era mantida por outros especialistas mais jovens. “Aquela
primeira geração criativa é substituída por uma segunda geração xiita, presa a
dogmas, que perde a capacidade de pensar criativamente”. (NASSIF, 2001:102)
      A baixa especialização da imprensa especializada gerou uma repetição de
fontes das duas academias. A opinião deles é sobreposta sobre as outras. Os
jornalistas passam a acreditar tanto naquela teoria, que descura a própria realidade,
criando outra teoria para argumentar o erro da escolha. “Então, eu diria que a crise
do jornalismo econômico é, antes de tudo, uma crise da análise macroeconômica”.
(NASSIF, 2001:102)

      “A crise econômica, sem dúvida, e de gigantescas proporções, sem que se possa ver
      com segurança a sua superação. A crise econômica é, também, uma crise do
      jornalismo econômico? (indagação crise Jô econômico) Acho que a resposta
      também é afirmativa. Não considero ter sido bem informado do estado real da
      economia ao longo dos últimos anos pelos colegas especializados (ALVES, 2001:90)

       Um dos destaques dos anos de 1980 eram as coberturas anti-flacionárias.
Para dar uma idéia de como funcionava, nem dentro do próprio governo se
entendiam as coisas. Pior, ninguém sabia as respostas que deveriam ser passadas
ao público, pois existiam informações contraditórias

       Era tamanha a mudança que se fazia que ninguém estava compreendendo direito o
       que era. Imagine–se a situação dos repórteres – a maioria foi tomada de surpresa,
       mas os bons profissionais sabiam que alguma coisa estava em andamento. Como
       era o primeiro dos planos econômicos, a imprensa ainda não estava treinada para
       identificar indícios de que haveria um pacote. Hoje, está. Na época, era possível ao
       governo elaborar em segredo um plano daquelas proporções. Os bons repórteres
       desconfiavam, porque, entre outras coisas, havia algo parecido em Israel e no
       México. E quem acompanhava a literatura acadêmica, além de alguns artigos que
       apareciam nos jornais brasileiros, podia adivinhar que alguma coisa estava no ar.
       (SARDEMBERG, 2001)

      Com os boatos de que Tancredo Neves estava a um passo dá eleição
começou um movimento de economistas esquerdistas a fim da reflexão sobre o que
fazer diante o novo governo. Neste momento, só os jornalistas experientes
entendiam que uma mudança estava por vir. Aos poucos a imprensa foi adquirindo
habilidade de antecipação diante sinais de crises. Hoje em diante a concorrência a
melhor imprensa é aquela que antevê os passos, e, a pior, é a que só falha na
cobertura. (SARDEMBERG, 2001)
      As décadas de inflação obrigaram os jornalistas econômicos a se
familiarizarem com o jargão americano dos economistas. Dificilmente um jornalista
europeu não especializado saiba o que é overnight, hedge e outras esquisitices, que
são matérias primas repórteres, expressões que são ditas com a maior naturalidade
na TV, como se estivessem falando o inglês que o povo entende. Contudo, nos anos
90 a competição dos meios de comunicação perante a cobertura econômica começa
a ficar acirrada, por vezes desleal:

       Com todo perdão pela palavra forte, para mim os anos 90 foram os anos do
       acanalhamento da mídia. O jornalista saía da escola com a seguinte visão: “eu vou
       atropelar quem atravessar meu caminho, vou manipular e inventar informação. O
       que vale é a manchete”. Foram os anos do “vale tudo”, em que a imprensa adquiriu o
       maior poder da História, antes de estar suficientemente madura. (NASSIF, 2001:103)

      O furo jornalístico era ambicionado de uma forma ou de outra. Se a notícia
tivesse impacto já era o bastante. E tivemos alguns modelos jornalísticos que se
consolidaram nesse período. “Foram, a meu ver, o supra-sumo da leviandade, da
irresponsabilidade, da falta de compromisso com a qualidade. Se não houver notícia
quente, inventa-se uma”. A questão de buscar os diversos ângulos foi deteriorada
nos anos de 1990. A imprensa se tornou unanimidade. Em qualquer escândalo,
normalmente a cobertura segue numa única direção. No jornalismo econômico,
existe até hoje a ditadura dos analistas ligados ao mercado financeiro donde as
opiniões dos mesmos persistem na imprensa. (NASSIF, 2001:104).
      Porém, o discurso uniforme da imprensa especializada, ou melhor, teorias
Neoliberais postas em prática nos EUA pelo presidente Reagan, e inglesas por
Margareth Thatcher acabaram caindo com as vitórias de Bill Clinton e do trabalhista
Tony Blair. Começou maior diversificação de opinião. É interessante notar que de
uma forma ou outra o jornalista que almeja cobrir macroeconomia deve ter domínio
da língua inglesa e dedicar um imenso tempo para acompanhar ao menos: o Wall
Street, o Economist, o Financial Times, para não falar dos boletins de análise
conjuntural, publicados pelos principais bancos de investimentos, ou de publicações
mais sérias, como o Journal of Economic Literature, o Journal of Monetary Economy.
      Porém, os “jornalistas econômicos brasileiros são os que, no mundo, têm
maior intimidade com os termos e os conceitos da economia. É o fruto de décadas
de crise e de inflação descontrolada. A mídia brasileira também é a que maior
espaço dedica às notícias econômicas”. Naturalmente a cobertura foi ganhando
experiência diante as problemáticas econômicas (ALVES, 2001:91)
      Hoje em dia imprensa econômica brasileira está num ponto intermediário
entre um tipo de cobertura oficialista e um tipo mais aberto, democrático. A primeira
almeja somente a cobertura do que foi divulgada pelo governo à titulo de informação
que dispensa qualquer tipo de consideração contrária, característica semelhante ao
do jornalismo econômico na época ditatorial. A versão oficial é a que prevalece. Já a
segunda consiste em opiniões de economistas contrários ao conteúdo. Apesar de
ser mais democrática, ela ainda possui suas limitações diante uma cobertura com
diversas opiniões e pouca interpretação por parte do emissor do conteúdo

             Em grande parte, isso é falta de preparo. Se ele tiver competência para
             compreender as medidas, poderá dizer que elas irão provocar tais e tais
             resultados positivos e negativos, como fazem os colunistas. Muitas vezes, os
             jornalistas poderiam agir dessa forma, em vez de bater nas portas dos
             economistas. Tanto para captar o que a fonte está dizendo – sem entrar na
             informação parcial ou distorcida – quanto para ir atrás da notícia correta e
             bancá-la. (SARDEMBERG, 2001: S/p)

      Aí entram os aspectos da cobertura economia. A crise de hoje é de natureza
criativa. Há uma reformulação de todo o processo de pensar, e de atuar no âmbito
econômico. É a descentralização. Surgem novos modelos de cobertura no mundo.
Agora estamos entrando na era da maturidade, onde o próprio leitor passa a exigir
qualidade de informação. Empresas começam a trabalhar de uma forma conjunta.

             “E o novo modelo que vem pela frente, que exigirá mudanças principalmente
             no âmbito das empresas – o foco mais dinâmico da sociedade -, deve gerar
             análises sistêmicas, de conjunto. Acaba a história de investigar o problema A,
             o B ou C, isoladamente. É preciso superar a mera análise dos números”
             (NASSIF, 2001:92)

      O jornalismo continua preso a cobertura de câmbio e de open marketing do
Banco Central. São necessários novos modelos, mais populares com maior
integração com o meio ambiente perante um desenvolvimento sustentável. Mais
diversidade de publicações. Pois, nenhuma economia hoje em dia pode ser
analisada isoladamente.
      A relação do jornalista econômico com os economistas é crucial para o
sucesso da profissão. Entrar nestes nichos é muito difícil, o que estimula a
concentração de informações em OFF retidas para poucos. Hoje em dia o jornalista
é tido como importante neste tipo de cobertura por se tratar de um órgão
supostamente imparcial, independente do governo ou de interesses econômicos
secundários. Porém, são atreladas, não possuem quantidades necessárias.
      A mesma pesquisa utilizada em um grande jornal é a mesma que o
concorrente vai usar, não obstante, mesma matéria prima das empresas jornalísticas
de médio e pequeno porte que trabalham com a cobertura macroeconômica. O
jornalismo econômico competente, numa economia estável, é um jornalismo
dedicado a empresas, empreendimentos e negócios. Já o jornalismo competente
diante uma economia fraca acaba sendo investigativo diante o motivo desta queda.
(NASSIF, 2001)
2. Conceitos de apoio
      Neste capítulo estão alguns conceitos de apoio que servem para um
entendimento melhor sobre o papel da comunicação entre os próprios políticos e
sobre algumas nuances do papel do jornalista diante da sociedade. São tópicos
interessantes que vão ajudar para um melhor entendimento de como os políticos e
jornalistas atuam, otimizando a compreensão da análise semiótica sobre este
trabalho. Tanto a visão negativa quanto a positiva diante o papel de jornalistas e
políticos na sociedade estarão nas palavras deste capítulo. Quanto melhor
entendemos como funcionam estes papéis, mais vamos estar por cima da ótica
tradicional que estes se demonstram para a sociedade.



      2.1. Imparcialidade jornalística

      A finalidade do jornalismo permanece a mesma desde seu surgimento -
fornecer aos cidadãos as informações que precisam para ser livres, viver em uma
democracia. Por isso que existe a liberdade de imprensa pois um imprensa livre
simboliza um pátria livre e democrática. “Essa noção de liberdade de imprensa foi
criada no contexto da independência americana, pois somente uma imprensa livre
pode contar a verdade”. (ALMOND E POWELL JR, 1972:110)
      Porém, com a chegada da tecnologia no jornalismo, muitas empresas
jornalísticas se tornaram conglomerados de negócios, e são necessariamente
dependentes da liberdade de imprensa para manter seus negócios. “Os
conglomerados de empresas jornalísticas interferem na sobrevivência da imprensa
independente ao mesmo tempo em que se volta para os negócios”. (KOVACH E
ROSENSTIEL, 2004:53).

      “Com a chegada da tecnologia, as empresas jornalísticas passaram a
submeter o jornalismo a interesses econômicos, portanto a ameaça ao objetivo da
profissão nos dias de hoje não vem da censura dos poderes governamentais, e sim
no fato de que a independência do jornalismo pode ser dissolvida no meio da
autopromoção ou informação comercial.” (KOVACH e ROSENSTIEL, 2004:32).

      Cada pessoa possui uma verdade, um argumento individual. O jornalismo
procura utilizar a prática da verdade, não no sentido filosófico, mas deve se basear
em uma verdade que funcione para a sociedade. O compromisso com verdade é
fundamental para “independência jornalística”.

        “Os jornalistas não somente vendem conteúdo informativo ao público, como
também     constroem    uma   relação   com      base   em   seus   próprios   valores,
profissionalismo, compromisso, julgamento e autoridade”, criando-se assim um
vínculo mais resistente entre o público e as empresas jornalísticas, que por sua vez
utilizam desse “crédito” para conquistar anunciantes. (KOVACH e ROSENSTIEL,
2004:83)

        É interessante notar que Desde os primeiros estudos de Edgar Morin, teóricos
da comunicação afirmam que há uma espécie de contaminação nos mass-media
que ajuda a confundir os conteúdos informativos e o sistema ficcional. Esse efeito
faz com que a realidade pareça ser encenada, para que seja recebida pelos
consumidores.

        Como dizia Aristóteles, a representação não é regida pela fidelidade à
realidade, não se destina a reproduzir o que é real. O critério é a própria
representação em si, “a capacidade de envolver o espectador a partir de suas
próprias experiências, ou seja, o simulacro não representa o real, mas deve parecer
que o faz”. (FAUSTO NETTO, BRAGA e PORTO, 1995:81)

        A função dos jornalistas não é só informar, mas também ser um vigilante
independente do poder, porém, esse princípio é mal interpretado pelos jornalistas. “A
função de guardião pode ser ameaçada por excesso de uso, falha na condução da
vigilância ou ainda pelo aumento de conglomerados corporativos, que podem
destruir o papel do profissional de imprensa”. (KOVACH e ROSENSTIEL, 2004: 169
-171)
        Atualmente os jornalistas acreditam que a imprensa impede que líderes
políticos burlem a lei, essa finalidade distingue sua profissão das demais. “Ser
guardião significa mais do que monitorar ações governamentais, na verdade se
estende a todas as instituições poderosas”. (KOVACH e ROSENSTIEL, 2004:172)
2.2. Ética Jornalística

      Uma das coisas que um jornalista político deve ter em mente é que qualquer
grupo ou partido governante sempre representa interesses particulares contrários
aos divulgados pelos políticos: “Tomar uma posição fundamentalmente crítica não
significa rejeitar o próprio estado, menos ainda aplicar um negativismo geral”. É
papel do jornalista sempre contestar para dignificar sua posição de formador de
opinião bem como para reforçar o próprio conceito de democracia. Afinal, quanto
mais crítica, mais vozes apontando problemáticas. (KUNCZIK, 2002:340)


      Quanto mais ampla a participação da pessoa na tomada coletiva das decisões e
      maior a sua integração na estrutura das comunicações, maior é o seu compromisso
      para com a associação (afeto positivo, lealdade e empenho em realizar as metas de
      grupo) e menor o seu desligamento (distância pessoal e sentimentos da
      incapacidade para influenciar as ações e políticas coletivas). (KNOKE, 1986:341)


      Com esta citação percebemos qual é a responsabilidade do jornalista político.
Ele nunca deve perder o sentimento democrático e sempre se lembrar do seu
compromisso para com o leitor. Quanto mais engajado na política, maior a
responsabilidade ética do formador de opinião.
      O jornalista ajuda “a prevenir o esclarecimento de uma liderança oligárquica,
já que o governo de poucos é fundamentalmente prejudicial ao avanço da
democracia”. Analisando este contexto percebemos que o jornalista também tem a
função de esclarecedor dos processos de construção da vontade política. Logo, ele
pauta os políticos que procuram resolução de problemáticas conforme a demanda
de notícias. Aqui, o jornalista ético e concebido como o jornalista de
desenvolvimento. (KUNCZIK, 2002:340)


      A vida humana já não pode se subordinar completamente aos objetivos econômicos.
      Existem outros objetivos que transcendem a edificação de uma sociedade
      consumidora tipo ocidental com seus produtos parcial ou totalmente supérfluos e sua
      destruição do meio ambiente. Promover um orgulho sadio com respeito ao
      patrimônio e as conquistas da própria cultura, dentro do contexto de uma concepção
      de desenvolvimento não baseados em medidas monetárias, mas tenha a qualidade
      de vida como cerne, é a principal função do jornalista de desenvolvimento.
      (KUNCZIK, 2002:345)
O jornalista de desenvolvimento pode ser atuante em qualquer editoria do
jornalismo.    Em    qualquer   estado   social,   não    é   porque    é   jornalismo    de
desenvolvimento que ele enfoca países em desenvolvimento. Esta ação esta além
das classes sociais, por se tratar de uma noção ética. Os valores de um jornalista
ético abrangem todas as categorias. Por isso o jornalista de desenvolvimento não
deve medir o país unicamente pelas taxas do PIB. O importante para a análise é
saber como esta auto-realização da população. Noticiar sempre visando os valores
humanos em primeiro lugar.
       E neste contexto o jornalista deve ser o mediador, porta voz das diversas
opiniões democráticas diante uma problemática. “Assim encarado o jornalista tem
uma função mais ou menos pública, pois proporciona a cidadania, a informação
mais concisa possível dos fatos, para capacitá-la a formular juízos e optar por ações
apropriadas”. (KUNCZIK, 2002:346)
      Atribuindo-se assim a tarefa do jornalista em estimular discussões, promover
encontros e, quando o debate está a ponto de parar, intervir, contribuindo com suas
próprias idéias. Ele não pode ser passível diante sua cobertura. Os receptores estão
ávidos por informações legitimas, e cabe ao jornalista de desenvolvimento fornecer
este material.
      O jornalista ético tem a função de crítico. Para um jornalista ser um crítico,
deve ser capaz de “analisar os prováveis efeitos sociais, culturais e econômicos que
tem um projeto pode ter sobre o povo, sabendo-se que mesmo os projetos públicos
surtem efeitos distributivos no sentido de que muito raramente eles atuarão contra
os privilegiados”. (KUNCZIK, 2002:348)
      Mesmo sendo elitizado, Mino Carta costuma fazer este papel de crítico a favor
do povo que vive na camada da sociedade. Ele possui muita experiência no campo
jornalístico, por isso é credibilizado pela academia jornalística a ser um crítico. Esta
credibilidade não é algo tangível como um título ou um troféu, ela é abstrata, está no
ar, donde o histórico do crítico é o balanceamento do julgamento de valor que será
embutido nele.
       “O     jornalista   de desenvolvimento      deve   aceitar   o   fato   de   que    o
subdesenvolvimento é também um estado mental”. Não é por ser um jornalista
brasileiro, um país considerado de terceiro mundo, que ele deve redigir como
terceiro mundo, ou ter qualidade de terceiro mundo. Na verdade ele deve sempre
ambicionar a alta tecnologia, se familiarizando e otimizando os custos diante um
trabalho qualitativo. “Tentar remover sentimentos de alienação, como impotência,
auto-alienação, isoladamente, insensatez e até mesmo fé nas normas, constitui uma
tarefa essencial de jornalista de desenvolvimento”.       Naturalmente ele estimula
efeitos positivos. Porém este otimismo não deve ser levado ao extremo, pois existe
situação onde é impossível ser positivo, como a cobertura de uma guerra, por
exemplo. (KUNCZIK, 2002:352-353)


      O problema do Terceiro Mundo não começou nem com o capitalismo monopolista,
      nem com o colonialismo. Os elementos do problema já estavam presentes no
      Terceiro Mundo, especialmente na Ásia e na África, nas formas da posse de terras,
      nas configurações da produção agrícola, nas relações sociais, nos modos de
      organização política, etc. que caracterizaram essas sociedades antes do advento da
      “expansão européia”. (JAYAWEERA, 1986:20)


      Neste contexto é natural que um jornalista de desenvolvimento esteja
atenuado com a leitura das ciências sociais. Através desta leitura o jornalista fica
livre de falsos julgamentos e estereótipos. Naturalmente, este jornalista deve ser
autodidata. Através da busca do conhecimento ele beneficia o leitor.
      O jornalista de desenvolvimento deve compreender a interação entre os
problemas pessoais e os problemas sociais existentes para pode dar sentido ao
mundo.


      O critério decisivo que distingue o jornalismo ocidental do jornalismo de
      desenvolvimento reside na aceitação do principio da atualidade. A regra segundo a
      qual uma boa cobertura informativa é sinônima de uma cobertura informativa de
      atualidade não pode ser aplicada ao jornalismo de desenvolvimento. O empenho em
      produzir constantemente notícias com rapidez impossibilita uma recopilação de
      notícias baseadas na investigação cuidadosa e na explicação de contextos.
      (KUNCZIK, 2002:364)

      De certa forma, este aspecto de agilidade do jornalismo ocidental acaba
muitas vezes por não ser ético. A falta de análise, acusação em massa de fontes em
uma só direção, vista com sensacionalismo, muitas vezes ultrapassa somente o
objetivo de informar.
      Este é um grande diferencial entre jornais e revistas, impressos. Enquanto o
primeiro é mais dinâmico, na mesma proporção, é o que tem mais chances por
burlar a ética diante o aspecto quantitativo. Não por isso que a revista também não
vai fugir a regra. Somente os ataques entre os editoriais de Mino Carta e Diogo
Mainardi, editor chefe da revista Veja, já explicitam de cara que as duas revistas
ultrapassam o limite da ética jornalística.
         Não obstante, diante a sociedade da informação acontece o famoso
bombardeio de notícias instantâneas onde ninguém entende nada. Causam mais
efeitos do que informam, principalmente os telejornais das grandes emissoras
ocidentais. “É duvidoso que os meios de comunicação de propriedade privada, que
competem entre si, sejam mais idôneos para realizar um jornalismo de
desenvolvimento”. (KUNCZIK, 2002:364)
         Este tipo de jornalismo é mais reflexivo, mais trabalhado, interpretativo. Ele
não cai na fobia do rápido, onde grande parte do conteúdo é elaborada de última
hora, sem muita averiguação. Depender da agilidade é depender do publico, e não
respeitá-lo. “Isso envolveria na prática o risco de priorizar conteúdos despolitizados,
culturalmente empobrecidos, sensacionalista e de entretenimento”, naturais do
grande jornalismo moderno ocidental. (ARBEX, 2001:75)
         Ele é um franco defensor da democracia, consequentemente da liberdade de
imprensa. “Os governos autocratas da América Latina e de muitos estados asiáticos
combatem os meios de comunicação independentes, e em particular os jornais; só
um jornalismo livre e responsável poderá contribuir de maneira duradoura para o
desenvolvimento planificado”. (KUNCZIK, 2002:372)
         Na Ásia quando falamos em divulgação parcial ficamos em dúvidas perante
os governos, em particular da China, em censurar a imprensa. Já na América Latina,
vemos Hugo Chaves censurar a Television, ao passo que Cristina Kirchner já
intervencionou o INDEC, que é o indicie que mede os movimentos econômicos da
Argentina. No Brasil, tivemos a intervenção de Gilmar Mendes ao jornal Estado de S.
Paulo.
         O jornalista ético de desenvolvimento não pode deixar germinar na sociedade
um tipo de consenso que faculte uma minoria que vive nas costas de uma maioria
que realmente trabalha e obedecem as leis estipuladas, ao fim de manter a ordem e
serviço a nação.
         “Ele motiva a crítica na sociedade, motiva o povo a lutar por um ideal que
julga necessário para a maioria participante”. O jornalismo de desenvolvimento se
encontra arraigado num conceito geral de administração e planejamento e por isso
possui um “caráter instrumental e sócio-tecnológico”. “O jornalista deve estar
arraigado numa dada cultura local, esforçar-se para obter a cooperação dos
membros mais importantes da comunidade e usar linguagem apropriada para as
habilidades lingüísticas do público”. (KUNCZIK, 2002:370)
      Uma das características mais importantes do jornalismo é a confiabilidade de
um meio de comunicação. “O meio de comunicação pode ser visto como instrumento
de propaganda do governo. Uma vez que a maioria das pessoas considera como
pouco confiável um sistema de comunicação, mesmo os melhores conteúdos de
jornalismo de desenvolvimento deixarão de ter efeito”. (KUNCIZIK, 2002:371)
      O jornalismo ético deve usar a sua capacidade de retórica nos detentores do
poder, um jornalismo livre serve de interesse a todos os integrantes do sistema.
Diante o neopopulismo na América Latina, muitas vezes estas liberdades são postas
em risco.
      “Os governos autocratas da America Latina e de muitos estados asiáticos
combatem os meios de comunicação independentes e em particular os jornais”. De
acordo com a organização Freedom House, somente em 1986 foram presos 178
jornalistas e 19 assassinados.      “Só um jornalista livre e responsável poderá
contribuir de maneira duradoura para o desenvolvimento planificado”. (KUNCIZIK,
2002:372)
      O jornalista ético deve promover a pluralidade social. Sempre objetivando o
principio de subsidiaridade. Diante a proximidade do receptor e emissor, o primeiro
pode se tornar o informante e o professor das regras da democracia em termos
“locais” e “regionais” no mesmo instante.
      Como principal veículo de informação entre o político e a população o
jornalista acaba dando suporte às leis. Ao mesmo tempo em que o jornalismo pauta
as problemáticas para o político. Como transmissor de exigências, podemos incluir
as denúncias e os problemas sociais. Através da retroalimentação o jornalista ético
vai sempre interpretar a notícia, relembrando de fatos, demonstrando hipóteses
cabíveis para problemáticas. Quando o governo lança uma lei, é ele quem vai
divulgar a mesma, retroalimentar as novas leis estipuladas. É ele quem vai estudar o
passado, entender o presente e ajudar a solucionar o futuro.
      Assim em suma, o jornalista ético de desenvolvimento é baseado em
propósitos racionais e responsabilidade ética. Ele visa a qualidade de vida de seus
leitores. “A orientação de valores é claramente democrática e emancipadora”.
(KUNCIZIK, 2002:372)
2.3. Gêneros opinativos

        Por mais que a instituição jornalística tenha uma orientação definida (posição
        ideológica ou linha política), em torno da qual pretende que as suas mensagens
        sejam estruturadas, subsiste sempre uma diferenciação opinativa (no sentido de
        atribuição de valor aos acontecimentos). Isso é uma decorrência do processo de
        produção industrial, pois a realidade captada e relatada condiciona-se à perspectiva
        de observação dos diferentes núcleos emissores (empresa, jornalista, colaborador e
        leitor). (MELO, 1994:34)

        No instante em que a imprensa se profissionalizou deixando de ser um
empreendimento individual, como no tempo de Chateaubriand, tornando-se uma
organização complexa contando com uma grande força de trabalho assalariado de
acordo com os Sindicatos, “a expressão da opinião fragmentou-se seguindo
tendências diversas e até mesmo conflitantes”. (MELO, 2006:12)
        Um jornalismo opinativo qualitativo visa: A informação, o interesse, a
denúncia perante desigualdades, a investigação, apuração de fatos, o contextualizar
o individuo na sociedade, propiciar a democratização, demonstrar a realidade, ser
polêmico e aguçar o senso crítico. Normalmente os jornalistas opinativos possuem
bastante experiência de campo. Ele deve ser um hiper especialista sobre sua
especialidade. Normalmente possuem diversas fontes importantes. (BELTRÃO,
1986)
        No Brasil, os editoriais acabam tendo muito mais impacto político do que nos
Estados Unidos – o representante do modelo ocidental de jornalismo. Nos Estados
Unidos, o estado tem muito mais autonomia do que a mídia. Lá, se existirem 1000
tablóides contra a guerra no Iraque, o estado não vai tomar a atitude por estas, mais
sim por seus ministros que protegem sua posição democrática. Já no Brasil, Collor
Caiu via imprensa. Este trabalho de análise de discurso visa o conteúdo opinativo do
editorial da Carta Capital. Os principais gêneros opinativos do jornalismo são:
“Comentário, Artigo, Resenha, Coluna e Editorial”. (MELO, 2003:26).
        Apesar de ser um pouco raro, o comentário também existe. Este é um gênero
que foi introduzido no país recentemente, utilizado para ser um paradigma
alternativo do editorial, porém mais focado nos assuntos tocados em torno dos fatos
que estão acontecendo. Ele vem junto com a própria notícia.
        Já o artigo pode ter duas definições. Pelo senso comum é qualquer elemento
jornalístico impresso, não importando o objetivo. Já as instituições jornalísticas
definem o artigo como “um gênero específico, uma forma verbal”. Todavia, trata-se
de uma matéria jornalística onde o emissor desenvolve uma idéia apresentando uma
opinião. O artigo é um “escrito, de conteúdo amplo e variado, de forma diversa, na
qual se interpreta, julga ou explica um fato ou uma idéia atual, de especial
transcendência, segundo a conveniência do articulista“. (VIVALDI, 1998:12)
      A resenha pode ser concebida como uma análise sobre obras-de-arte ou dos
produtos culturais. Seu objetivo é a orientação dos receptores. No nosso país o
termo ainda não se desenvolveu também - muitas vezes estes gêneros são
intitulados como “crítica”. Trata-se de uma atividade eminentemente utilitária.


      “Coluna é a seção especializada de jornal ou revista publicada com regularidade,
      geralmente assinada, e redigida em estilo mais livre e pessoal do que o noticiário
      comum. Compõe-se de notas, sueltos, crônicas, artigos ou textos-legendas, podendo
      adotar, lado a lado, várias dessas formas. As colunas mantêm um título ou
      cabeçalho constante, e são diagramadas geralmente numa posição fixa e sempre na
      mesma página o que facilita a sua localização imediata pelos leitores“. Elas são
      opiniões e informações curtas que visam agilidade e abrangência. “Procura trazer
      fatos, idéias e julgamentos em primeira mão. Do ponto de vista estrutural, ela é um
      complexo de mini-informações”. (MARQUES DE MELO, 2003:42)


      Toda empresa de comunicação possui uma ideologia. A imparcialidade é tida
com um mito. E é no texto do editorial que esta visão é demonstrada, implícita ou
explicitamente. Os textos informativos objetivam a informação, independente se
sejam tendenciosos ou não - no caso da tendência demonstrada de uma forma
informativa, com citação de fontes, ou até mesmo apurações em OFF.
      Segundo José Marques de Melo, a opinião contida no editorial não se trata de
uma atitude voltada para perceber as reivindicações da coletividade e expressá-las a
quem de direito. Significa muito mais um trabalho de “coação“ ao Estado para a
defesa de interesses dos segmentos empresariais e financeiros que representam.
      Para José Marques de Mello o escritor do editorial deve conciliar os diferentes
interesses do cotidiano e refletir o consenso dos diferentes núcleos proprietários da
instituição. Nisso, o princípio de orientar a opinião pública está associado à
orientação das ações do estado. Muitas vezes o editorial esta objetivando uma
motivação político – econômica em favor ou detrimentos, a este ou aquele político
que   dependente     ou   independentemente      favorece    a   empresa     jornalística
economicamente.
      É necessário que este jornalista seja experiente. Ele precisa ter uma vocação
de pegar determinados assuntos e direcioná-los. Porém, a voz dos veículos tem de
ser acordada, pois a visão pessoal do jornal não é a do seu dono, em sua maioria.
Isso porque existem outros aspectos que também precisam se acertar entre si, para
que saia um editorial que atenda a todos estes interesses (acionistas, agências
financiadoras, donos, estados).
      Por sinal, todo o conteúdo ideológico se um jornal é afetado com as mesmas
decisões. Leva-se a discussão para direção do jornal, e esta, sempre aponta a
atitude que o estado vai tomar.     Toda esta dinâmica entre o que os jornalistas
defendem e a ideologia da empresa de comunicação é negociada.
      No caso da revista Carta Capital o editorial é semanal visto que a revista é
semanal. Cada edição de uma revista jornalística, normalmente, sempre vem com
um editorial, independente do seu gênero, ou público alvo. Na carta capital o
editorial elaborado por Mino Carta trás o conteúdo da semana. Ele analisa e
seleciona as principais notícias de acordo com os seus valores pessoais e os
valores notícias. No caso de Carta, ele é um dos donos da revista. Porém,
normalmente quem escreve o editorial é o chefe de redação, normalmente
gabaritado perante os objetivos ideológicos e comerciais do periódico.
      De acordo com Luiz Beltrão, os atributos específicos do editorial são: a)
impessoalidade (não se trata de matéria assinada, utilizando portanto a terceira
pessoa do singular ou a primeira do plural) ; b) topicalidade (tema bem delimitado,
tratando de questões específicas); c) condensalidade (poucas idéias, breve e claro) ;
d) plasticidade (flexibilidade, ritmo dos fatos com seus desdobramentos).
      “Os editoriais são lidos por menos de 10% dos leitores“ - segundo o escritor
Alan Viggiano - a maioria dos leitores brasileiros recusa o editorial porque ele é
muito massudo; destina-se a uma determinada classe de leitores; não é valorizado
(problema gráfico); e, geralmente, o tema abordado não diz respeito ao universo
específico do público (massa).
      Independente do sucesso do editorial junto ao leitor é nele que o chefe de
redação vai utilizar muitas formas de argumentação e estimular vários sentidos para
demonstrar que a visão da revista é a mais legítima. Justamente por isso que o
estudo semiótico foi escolhido para analisar estes textos opinativos. Mais
precisamente a semiótica inspirada por Greimas, pois ela estuda todas as
performances de efeitos de sentido de uma mensagem.
3. Semiótica
      O Código verbal da linguagem é dependente de três conceitos inicias:
Emissor, Mensagem e Receptor. Receptores têm códigos de vidas diferentes. A
mensagem pode ser mostrada de uma forma direta (jornal, fala) ou indireta
(pressuposições). No início do século XX duas ciências da linguagem cresceram
rapidamente, uma delas é a linguística, ciência da linguagem verbal, a outra é a
Semiótica, ciência de toda e qualquer linguagem. Nela existe uma forma de
comunicação que escapa da tríade comunicacional “ver-ouvir-ler”, e ao mesmo
tempo, é estimulado por ela de uma forma direta.
      Um clássico exemplo é a sentença: “Onde existe fumaça ha fogo”. Muita
fumaça pode significar diversas coisas, como incêndio, chaminé, queimada. Até
olhar ou cheirar a fonte do problema a dúvida permanecerá no ar. Diante o mundo
em que vivemos cada um forma uma codificação particular. Se um urbanista estiver
no campo e enxergar fumaça, pode pensar que se trata de uma queimada quando
na verdade pode ser apenas a chaminé de um forno a lenha.
      Quando falamos da linguagem é perceptível que ela veicula conceitos que se
desenvolvem no ouvido onde tal som recebe uma tradução visual (linguagem
escrita). Quando crianças, aprendemos a falar por esta fórmula de assimilação.
Existe uma figura e esta recebe um nome para o seu significado. Primeiro
aprendemos o símbolo, depois o que ele significa. Justamente por isso que existem
excessos de figuras nos livros didáticos infantis.
      Simultaneamente existe um grande conteúdo de outros tipos de linguagens
que também se constituem em sistemas sociais de representação mundana. Tanto
diante a situação social de dado país quanto na codificação da sua população -
como a linguagem de libra, automobilismo, culinária, etc.
      Quanto maior a capacidade de interpretação do ser, maior o entendimento
dos códigos de linguagem. Não obstante falamos do jornalismo especializado e ele
se encaixa muito bem nesta categoria de informação. O jornalista político deve
conhecer também os jargões da política, os econômicos dos economistas, e assim
por diante – só desta forma vão conseguir o sucesso na comunicação diante as
fontes especializadas. Este jornalista acaba adequando sua linguagem para poder
acompanhar as especialidades. Mais ou menos como um dos aspectos do
naturalismo – o meio (lugar) modificando o homem.
“De dois séculos para cá (pós-revolução industrial), as invenções de máquinas
      capazes de produzir, armazenar e difundir linguagens (a fotografia, o cinema, os
      meios de impressão gráfica, o rádio, a TV, as fitas magnéticas etc.) povoou
      nosso cotidiano com mensagens e informações que nos espreitam e nos
      esperam. Para termos uma idéia das transmutações que estão se operando no
      mundo da linguagem, basta lembrar que, ao simples apertar de botões, imagens,
      sons, palavras (a novela das oito, um jogo de futebol, um debate político...)
      invadem nossa casa e a elas chegam mais ou menos do mesmo modo que
      chegam à água, o gás ou a luz”. (SANTAELLA, 2003:12)

      Dominar a linguagem é ter poder. Um bom exemplo é a Inglaterra. Ela que já
fora uma grande potência do mundo, agora, só demonstra sua potência
linguisticamente através da língua universal, o inglês.
      Outro bom exemplo é a moda. No Brasil onde a temperatura média é de trinta
graus, a população segue tendências de países frios que estão na elite da moda, a
calça jeans é o maior exemplo disto. O terno e gravata também são muito usados,
principal traje das grandes instituições. A discussão paira sobre a qualidade da
marca, sendo que na verdade nenhum terno é adequado a um calor de quarenta
graus. Isso acontece porque o julgamento de valor que fazemos sobre isso é
extremamente forte; se uma pessoa não está vestida adequadamente passa a ser
julgada negativamente perante a ética mundial misturada com da sociedade vivente.
      Neste sentido os grandes países do capitalismo comandam a comunicação
mundial. A imprensa é tida como principal canal de comunicação, forma a
personalidade das pessoas através de signos organizados em mensagens, o
funcionamento da mensagem ocorre como forma de transmitir: emissor, tipologia e
dissertação. No sistema social em que vivemos recebemos um “bombardeio de
mensagens que servem à inculpação de valores que se prestam aos interesses dos
proprietários dos meios de produção de linguagem e não aos receptores”. Assim, se
todo fenômeno cultural só funciona culturalmente porque é também um fenômeno de
comunicação, e considerando que tais fenômenos “só se comunicam porque se
estruturam como linguagem”, é notável que todo e qualquer fato cultural e qualquer
atividade ou prática social “constituem-se como práticas significantes, isto é, práticas
de produção de linguagem e de sentido. Iremos, contudo, mais além; de todas as
aparências sensíveis, o homem — na sua inquieta indagação para a compreensão
dos fenômenos — desvela significações”. (SANTAELLA, 2003:15-16)
A leitura é poder de linguagem, pode ser objetiva e subjetiva. Um bom escritor
pensa no tema e em argumentos textuais, para quem e como escrever. A função da
linguagem é de mexer com o emocional de receptor, rompendo a estrutura social
com argumentos no papel social. Tudo possui uma linguagem. E toda linguagem
trabalhada acaba virando especializada. Desde linguagem computacional, humana,
até florestal. A catalepsia projetiva estuda o estudo do sono. Existem, até mesmo,
estudos sobre a linguagem do silencio.
      Visto assim, “a semiótica é a ciência que tem por objeto de investigação todas
as linguagens possíveis, ou seja, que tem por objetivo o exame dos modos de
constituição de todo e qualquer fenômeno como fenômeno de produção de
significação e de sentido”. O que nos favorece, pois se já sabemos que os grandes
políticos possuem a arte da retórica o grande jornalista político ambiciona a mesma
arte pragmática. Explosão de geração de sentido elaborado por ambas as partes,
intencionalmente. (SANTAELLA, 2003:18)
      A semiótica é um grande indefinido. Ela ambiciona os fenômenos
antecedentes até a construção da linguagem. Consequentemente, um bom
semiótico deve ter boa base das ciências sociais, devido à alta oferta de
entendimento cultural pertencente a cada sociedade. È mais uma matéria que
estimula a convergência de diversas faculdades. Um bom semiótico está além do
olhar, de um simples julgamento de valor. Ele entende os estereótipos formados na
realidade em que vive.
       Portanto, a semiótica procura analisar o “ser” na linguagem, ou seja, a ação
de signo. Para quem não sabe, signo é a estética do observado, significante é o que
ele pensa sobre a significação do observado. Por exemplo, quando vemos um lápis
(imagem – signo) logo pensamos na palavra LÁPIS (significante – palavra, neste
caso), e vice e versa.
      Um dos maiores lingüistas da história, Charles S. Pierce, elaborou um estudo
dos signos que é base para entendermos a semiótica moderna. Diante a confusão
dos estudos da lingüística na sua época, ele tentou colocar as relações lingüísticas
sociais através de um modelo consistente
      Pierce era estudante de química e de tanto estudar tal matéria e outros
fenômenos acabou percebendo que a maioria das coisas da natureza é semelhante,
o pensador possui trabalhos em diversos campos de estudo. Nisto, no campo da
filosofia, acabou inventando a fenomenologia (estudos dos fenômenos naturais). O
pensador inventou o termo “pragmático”, porém, por brigas de autoria do mesmo,
acabou por definir a palavra “pragmatismo”, que se refere ao mesmo conteúdo de
estudo.
      Num artigo intitulado “Sobre uma nova lista de categorias”, Pierce em 14 de
maio de 1867 descreveu suas três categorias universais para toda experiência e
pensamento. Para Pierce, tudo o que surge na consciência se mobiliza numa
gradação de três propriedades que correspondem aos três elementos formais de
toda e qualquer experiência. Essas categorias foram denominadas: qualidade;
relação e representação. Para representar toda manifestação do pensamento
humano atravé de um único modelo Pierce se baseia em uma terminologia dividida
em: Primeiridade, Segundidade e Terceiridade – traduzindo-as como ícone, índice e
símbolo. (PEIRCE, 1999)
3.1. Ícone, índice e símbolo - Charles S. Pierce
         O ícone é considerado um signo que possui alguma semelhança com o objeto
representado. “Exemplos de signo icônico: a escultura de uma mulher, uma
fotografia de um carro, e mais genericamente, um diagrama, um esquema”. Ele é um
signo que ganhou tanta consideração que acaba virando um grande símbolo dos
outros símbolos de sua especialidade. (COELHO, NETTO 2007:57)
         Afinal, John Lennon já se considerou mais famoso do que Jesus Cristo.
Mesmo que o Pelé fique jogando basquete para o resto de sua vida, ele sempre
representará o futebol, e não meramente só lembrará o esporte. O Pelé é um bom
exemplo de ícone. Quando falamos do Ronaldinho Gaúcho, do Romário ou do
Ronaldo Fenômeno, são considerados meros símbolos no que tange ao Pelé no
futebol. É um fato social unânime entre os diversos segmentos de especialistas e
interessados em futebol. Tão natural quanto o sol de manhã, ou a Lua de noite.
         É interessante notar que dificilmente um signo se torna ícone. Pois para um
signo virar ícone ele deve ser unanimidade no que tange a representação de outros
signos do mesmo segmento. Ele será um índice que nunca perderá o seu valor
como objeto. É interessante lembrar que cada um possui as suas codificações. Se
eu encontro no centro da cidade o padeiro que está ha trinta anos na esquina da
minha casa, ele será um ícone de padaria para mim. Já, diante a aglomeração ele
se torna apenas mais uma pessoa diante ao número de pessoas que percorrem o
local.
         Já “o índice dentro da semiótica é um signo indicador”. O fato de o índice ser
mobilizado pelo objeto o torna um signo. Eles se fixam diante a repetição dos fatos
sociais vividos. Quando somos crianças aprendemos diveros indicadores desta
espécie como: não abra a porta para estranhos, não tome remédios por conta
própria, não ingerir líquidos que contenham “caveira em rótulos”. (COELHO NETTO,
1990:59)
         Já se tiramos o valor do objeto do índice ele perde seu significante. Se virmos
um veículo na rua sem a maçaneta, estando apenas um buraco no local, logo
pensamos que ali ocorrerá uma tentativa de assalto, observação esta estimulada por
experiências anteriores diante a televisão, fotografias, ou experiências pessoais.
Porém, depois de uma análise qualitativa da região, percebemos que o veículo está
perto de uma oficina mecânica donde esta saindo um mecânico com uma nova
maçaneta na mão. Logo entendemos que estávamos errados diante o objeto
estereotipado.
        Exemplos de índices: Onde há fumaça há fogo, um campo molhado é índice
de que choveu, uma seta colocada num cruzamento é índice do caminho a seguir;
um pronome demonstrativo, uma impressão digital, um número ordinal. O índice é
algo que vai representar o seguimento de alguma coisa, quando consumimos os
produtos e pensamos neles com um índice percentual ao seu salário, verá que o
valor do objeto aumentará no pensamento.
      Como diria Emile Durkheim, quando nascemos estamos diante uma
sociedade dada independente das manifestações individuais. Conforme crescemos,
percebemos a simbologia das coisas. Os símbolos são todos dados. No nosso
cotidiano infantil aprendemos discriminadamente que o branco simboliza paz e o
negro terror.

       Símbolo é um signo que se refere ao objeto denotado em virtude de uma associação
       de idéias produzida por uma convenção. O signo é marcado pela arbitrariedade.
       Pierce observa que o símbolo é de natureza. Ex.: qualquer das palavras de uma
       língua, a cor verde como símbolo de esperança etc. (COELHO NETTO, 1990:59)


       Se uma placa de trânsito possui uma seta simbolizando para os veículos
virarem à esquerda, e no respectivo lado não existindo uma curva, o índice passa a
perder o seu valor, pois não representa o objeto. Neste fôlego, o símbolo da placa,
ou mesmo a placa simboliza (índice), perde o seu valor representativo. Naturalmente
existe uma grande relação entre símbolo e índice. Logo quando um símbolo faz
sucesso vira ícone.
       Estabelecendo o signo como gênero do qual ícone, índice e símbolo são
espécies, o modelo de Pierce apresenta-se como mais satisfatório e coerente do
que as outras propostas de sua época, principalmente a concepção de signo
lingüístico de Ferdinand de Saussure, incompletas quando comparadas com a de
Pierce no que tange o sentido dos termos.
       Saussure concebe o signo lingüístico como um signo arbitrário, não funcional
no que tange o designamento do signo lingüístico.        Ele dava exemplos como à
balança, a seta, condizendo que eles nunca poderiam ser substituídos. Saussure
não acreditava que índice, símbolo e ícone pudessem se misturar (ícone e símbolo,
simultaneamente, ou símbolo e índice), já Pierce acreditava como vimos nos
exemplos se índices e símbolos acima, por exemplo, que os níveis de convergem.
      Pierce se baseou até mesmo no aspecto religioso comparando as idades com
a tríplice trindade. Na idéia, seguem-se caminhos regentes que vai do abstrato ao
concreto, neste mundo que é um poço de abstrações. Para ele a natureza se
manifesta em três sentidos sobre três sensações de possibilidade: Olhar, ação e
concretização.
3.2. As idades de Pierce
      Primeridade / Ícone / Olhar: Idéia surgida. Em todas as mentes existe este
lago sem fundo. Trata-se de uma consciência imediata, momentânea. Quantas
vezes as pessoas tem boas idéias enquanto discutem, porém, elas não saem do
bom papo. Tudo que está imediatamente presente à consciência de alguém é tudo
aquilo que está em sua mente no instante presente, já diria o linguista Luis Tatit.
      Nossa vida inteira está no presente, porém, em instantes o presente já se foi,
e o que permanece dele já está transformado.


      Primeridade é uma qualidade tomada como signo. Ex.: sensação de "vermelho".
      Sendo uma qualidade, só pode significar um objeto tendo com este alguma
      semelhança; portanto, é um ícone. E considerando que uma qualidade é uma mera
      possibilidade lógica, só pode ser interpretada enquanto rema. Portanto, esta é a
      classe do qualissigno icônico remático. É uma coisa ou evento da experiência
      cujas qualidades fazem com que signifique um objeto. Ex.: o diagrama de uma
      árvore. Tendo semelhança com o objeto, é um Ícone (envolve, pois, um qualissigmo)
      e, como no primeiro caso, é interpretado através de um rema: (COELHO NETTO,
      1990:62)


      O sentimento é base da consciência imediata, sendo também paradoxalmente
justo aquilo que se oculta no pensamento porque para pensar precisamos nos
mobilizar no tempo.
      Consciência em primeridade é qualidade de sentimento e, por isso mesmo, é
compreendido como a primeira apreensão das coisas. “Sentimento é, pois, um
quase-signo do mundo, primeira forma, vaga e indeterminada de predicação das
coisas. É ainda a possibilidade de ser, deslancha irremediavelmente para o que já é,
e no seu ir sendo, já foi”. (FIORIN, 2007:16)
      Segundidade / Índice / Ação: Transição. Como transformar em material a
idéia sugerida na idade à cima. Há um mundo real independente do pensamento,
porém pensável, o que simboliza a segundidade. “Esta é a categoria que a aspereza
e o revirar da vida tornam mais familiarmente proeminente; Esbarramos em fatos
que nos são externos, tropeçando em obstáculos que não cedem ao mero sabor de
nossas fantasias”. (COELHO NETTO, 1990:64)
      Só o fato de existência humana significa a todo o momento ação de
consciência em relação ao mundo. Estar numa relação, tomar um lugar no universo,
resistir e reagir, ocupar um tempo e espaço junto com outros corpos – todos, fatos
de segundidade. Alguns se desenvolvem até a terceridade; já a maioria, acaba por
perder-se no pensamento.
      Neste sentido, a idéia surgida na primeridade passa a ser desenvolvida, e é a
segundidade que vai desenvolvê-la. A segundidade é justamente os caminhos
traçados para a evolução de idéias, as campanhas percorridas para chegar a
determinada sanção. Neste momento o dono da idéia vai perceber se seu
pensamento vai dar certo ou não. “Certamente, onde quer que haja um fenômeno há
uma qualidade (um pensamento inicial qualitativo), isto é, sua primeridade. Mas a
qualidade é apenas uma parte do fenômeno, visto que, para existir, a qualidade tem
de estar convertida numa matéria. A factualidade do existir (secundidade) está
nessa corporificarão material do pensamento”. (SANTAELLA, 2000:32)
      Qualquer sensação já é o estimulo do pensamento, aquilo que move o
pensar. Falar em pensamento é falar em processo longo de codificação, mediação
interpretativa entre nós e os fenômenos. É sair, portanto, do segundo como aquilo
que nos impulsiona para o universo do terceiro.
      “Agir, reagir, interagir e fazer são modos marcantes, concretos e materiais de
dizer ao mundo, interação dialógica, ao nível da ação, do homem com sua
historicidade”. Assim sendo, secundidade é quando o sujeito lê com compreensão e
profundidade de seu conteúdo. “Como exemplo: ‘O homem comeu banana’, e na
cabeça do sujeito, ele compreende que o homem comeu a banana e possivelmente
visualiza os dois elementos e a ação da frase”. (SANTAELLA, 2000:30)
      Terceridade – Símbolo - Concretização: A conclusão da idéia passa a ser
direta - explícita. Um prédio cujo projeto fora discutido por engenheiros desde a
época da faculdade (primeridade), quando se reuniram depois de dez anos depois e
o assunto voltou à tona, começou o projeto (segundidade), e assim foi construído um
prédio de negócios (terceridade).


      "Nenhuma linha firme de demarcação pode ser desenhada entre diferentes estados
      integrais da mente, isto é, entre estados tais como sentimento, vontade e
      conhecimento. É claro que estamos ativamente conhecendo em todos os nossos
      minutos de vigília e realmente sentindo também. Se não estamos sempre querendo,
      estamos pelo menos, a todo o momento, com a consciência reagindo em relação ao
      mundo externo". (PEIRCE, 1999:11)


      Nessa medida tudo é signo, qualquer coisa que se produz na consciência tem
o caráter de signo. O sentimento ou qualidade de impressão é um pré-signo porque
já funciona como um primeiro significante das coisas que se apresentam. A ação ou
experiência também pode funcionar como signo porque se apresenta como resposta
ou marca que deixamos no mundo.
       Justamente neste ponto esta enraizada as bases para a semiótica, pois “é
justo na terceira categoria fenomenológica que encontramos a noção de signo
genuíno ou triádico, assim como é nas segunda e primeira categorias que emergem
as formas de signos não genuínos, isto é, as formas quase sígnicas da consciência
ou linguagem”. Depois que uma idéia passa pelos três níveis, ele chega à semiose,
ou sansão. (SANTAELLA, 2003:12)
      Voltando ao exemplo de “onde existe fumaça há fogo”, percebemos que
existem certas condições antes de qualquer precipitação na interpretação. Pode-se
dizer que os dois primeiros níveis são os mais difíceis, porque beiram a abstração,
caso contrário da terceridade, que já é o objeto em si existente, ou a confirmação do
(símbolo) da desconfiança (índice) que foi gerada (ícone) no pensamento.
3.3. Greimas e o percurso gerativo de sentindo

      Para clarificar os modos de organização dos textos, bem como os mecanismos de
      produção e recepção, a semiótica parte da construção dinâmica de um enunciado
      através do percurso gerativo de sentido. De fato, conforme o terceiro postulado de
      Floch, para semiótica uma manifestação lingüística é construída por “[...] uma
      sucessão de patamares, cada um dos quais suscetíveis de receber uma descrição
      adequada, que mostra como se produz e se interpreta o sentido, num processo que
      vai do mais simples ao mais complexo [...]” do mais abstrato ao mais figurativo do
      plano de conteúdo. (GREIMAS apud FIORIN, 1997, p.17)


      Depois da revolução pierciana diante o estudo da semiótica que antes da
chagada de Pierce estudava apenas elementos linguistícos - se esquecendo do
aspecto social na análise da mensagem - ocorreu um boom de teorias semióticas.
      Porém, em meados da década de 60 do século passado, mais
particularmente no território francês, havia um descontentamento diante os
paradigmas da época que tinham como carater a análise de sentido. Este momento
é considerado como o auge do estruturalismo na europa, cuja preocupação era com
a contrução dos sentidos dos textos e com a interpretação.
      Para os franceses as teorias vigentes eram qualitativas, mas pecavam em
algumas aspectos análiticos de sentido. Diante a problemátiva, “uma das teorias que
adotava a produção de sentidos como interesse fundamental era a semiótica
desenvolvida pelo chamado Grupo de Paris, constituído em torno dos pensamentos
de A. J. Greimas”. (GRAGEIRO E GREGOLIN, 2005:05)
      “As dificuldades práticas para estabelecer essas universais semânticas e para
definir as regras de compatibilidade entre estas unidades são de tal ordem que a
análise sêmica só produz resultados satisfatórios em campos léxicos bem
delimitados”. (GREIMAS & FONTANILLE, 1993:09-14)
      Greimas concebeu uma Teoria Geral dos Signos, onde o mesmo dizia que um
signo não é algo em si vivo, mas, representativo. Concebeu a semiótica, sendo
classificada como estruturalista. Inventou um modelo teórico, uma teoria cientifica.
Greimas considera “tudo” como um texto suscetível de análise de sentindo. Todas
as organizações sociais têm seus textos, sua configuração discursiva no percurso
gerativo da mensagem. Elaborou um modelo fechado mantido por modelo teórico de
análise de sentido.
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Partidarismo na revista Carta Capital

  • 1. RENATO DUARTE PLANTIER REVISTA CARTA CAPITAL: UM ESTUDO SEMIÓTICO SOBRE O PARTIDARISMO NA REVISTA CARTA CAPITAL UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO COMUNICAÇÃO SOCIAL, JORNALISMO SÃO PAULO – 2010
  • 2. RENATO DUARTE PLANTIER REVISTA CARTA CAPITAL: UM ESTUDO SEMIÓTICO SOBRE O PARTIDARISMO NA REVISTA CARTA CAPITAL Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Nove de Julho (Uninove) como requisito parcial à obtenção do título de bacharel em Comunicação Social com habilitação em jornalismo Orientadora: Mestra Carla de Oliveira Tozo UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO COMUNICAÇÃO SOCIAL, JORNALISMO SÃO PAULO – 2010
  • 3. Resumo A semiótica é um estudo extremamente importante para comunicação. Ela se encaixa em qualquer formato de análise de sentido. Jürgen J. Greimas foi um semiótico que idealizou uma teoria representada por modelo teórico capaz de estudar todas as manifestações do pensamento. Esta teoria será aplicada em uma análise sobre os editoriais da Revista Carta Capital escrito por Mino Carta, à fim de demonstrar através do Percurso Gerativo de Sentindo de Greimas, que a revista é partidária do governo Lula, bem como, qual foi o trajeto do autor para elaborar os sentidos do texto. Neste fôlego, este trabalho ambiciona uma análise qualitativa no que tange ao percurso gerativo de sentido dos elementos textuais do jornalismo político, sob a perspectiva da semiótica greimasiana. Greimas acredita que tudo no mundo é texto, considerável passível de análise. Este trabalho é mais um desafio para a teoria demonstrar o seu nível de precisão analítica da produção de sentido. Palavras Chave: Semiótica – Jornalismo Político – Partidarismo - Carta Capital
  • 5.
  • 6. Introdução Nos últimos 100 anos o jornalismo político mudou em diversos aspectos, porém a sua essência e objetivo continuam os mesmos, informar ao consumidor o que está acontecendo no mundo político, tanto em território nacional quanto em âmbito mundial. Devida concorrência que se precipitou depois da segunda grande Revolução Industrial entre as redações de jornalismo político, os jornalistas buscam, até os dias de hoje, novas fórmulas de agregar consumidor, principalmente diante material impresso, que a cada dia que passa perde o seu espaço para a Internet devido ao seu caráter multimídia. Antes os jornalistas políticos assumiam em que lado estavam. Hoje eles assumem através de uma argumentação muito melhor organizada postas mais implicitamente do que explicitamente. O leitor vai lendo, se convencendo ou não, as palavras proferidas. Em todo trajeto do texto o leitor vai sentindo sensações causadas por emissor. E, de fato, no meu ponto de vista, a semiótica de Greimas – O Percurso Gerativo de Sentido – é a melhor teoria para se estudar estes efeitos de sentidos que o narrador impõe em seu discurso. O alvo desta análise semiótica são os editoriais da revista Carta Capital. Mino Carta é o autor e um dos donos da revista e escreve como chefe de redação para a revista. O editorial é muito pouco pelos leitores. Justamente por isso que Mino Carta elabora um editorial bem segmentado por temas e diagramado com muita qualidade, para favorecer uma leitura rápida, dinâmica e perspicaz. Porém, justamente por este dinamismo de seus textos que muitos leitores que não possuem filtros jornalísticos, ou políticos, acabam por não perceber, seja pela velocidade de leitura ou falta de conhecimento especializado, que a opinião de Mino Carta é somente mais uma dentre as diversas vozes, e não a legítima, como o mesmo pressupõe ser. É interessante notar que os textos de Mino Carta são qualitativos em diversos sentidos textuais: Ele percorre o tempo, em um texto ele pode começar falando do Império Bizantino e terminar criticando FHC, fazendo uma analogia entre os dois períodos. Mino possui uma grande experiência no jornalismo políticos, seu pai, Gino Carta, fora também um consagrado jornalista político. Mino trabalhava na revista Veja na época da ditadura militar do governo Geisel; acabou tendo que pedir
  • 7. demissão da revista devida pressão que a censura impôs à família Civita, donos da Veja na época. Por isso, existe uma alta perspectiva no que tange a qualidade textual do autor, que diante sua vasta experiência percorrerá diversos tipos de sentidos para convencer o leitor da legitimidade de suas palavras. Este estudo semiótico está dividido em quatro capítulos. O primeiro e o segundo trazendo características que irão auxiliar para um melhor entendimento sobre o papel da comunicação entre jornalistas e políticos para com a sociedade. Eles são justificáveis, pois a semiótica de Greimas estuda não só os elementos textuais, como também as relações sociais entre os agentes de um discurso. Naturalmente é necessário entender a relação entre estes dois tipos de poderes para compreender melhor os efeitos percorridos pelo discurso elaborado por Mino Carta para defender sua argumentação frente ao receptor. O terceiro capítulo é uma breve explicação sobre o conceito de Semiótica. Ele abrange os conceitos iniciais de Charles Sanders Pierce, com explicações prévias sobre índice, ícone e símbolo. Afinal, Peirce é tido como um dos precursores do estruturalismo e da semiótica moderna. Na época existiam também os trabalhos paralelos de Ferdinand de Saussure, porém o modelo de Pierce era muito mais qualitativo. Vamos perceber a diferença entre estes lingüísticas. Este terceiro capítulo também abrange o Percurso Gerativo de Sentido, idealizado pelo linguista lituano Algirdas Julius Greimas. Ele foi um dos linguistas estruturalistas que mais contribuíram com a teoria Semiótica e com a narratividade. Sua teoria será aplicada neste trabalho que visa à análise semiótica dos editoriais de Mino Carta, chefe de redação da revista Carta Capital. Através dos estímulos de sentidos de Mino, vamos poder analisar de a revista é de fato partidária do governo Lula. O quarto capítulo vai trazer a própria teoria do percurso Gerativo de Sentido aplicado sobre os textos selecionados de acordo com o valor notícia da cobertura presidencial dos editoriais da Carta Capital. Quando analisamos estes textos através da semiótica de Greimas entendemos tanto o percurso de sentido que o emissor percorreu para convencer o receptor, como os estímulos sentimentais e intelectuais que estimularam o autor a percorrer tal sequência de sentido, bem como os legítimos objetivos e relações que se implicam no texto.
  • 8. 1. Jornalismo Especializado Este trabalho visa uma análise semiótica do editorial A Semana da revista Carta Capital. Minha hipótese: a cobertura da revista é partidária do governo Lula. Se vamos estudar textos referentes ao presidente, naturalmente o editorial de Mino Carta é de política e economia - muitas vezes, misturados no mesmo texto. Entendemos que a revista é partidária do governo, e que estes editoriais políticos elaborados por Mino Carta demonstram, com mais facilidade, a opinião que a revista possui. Para iniciar o trabalho pretendo explicar estes tipos de jornalismos especializados presentes tanto no editorial quanto no conteúdo bruto da revista. Vamos utilizar a análise semiótica proposta pelo lingüista lituano Algirdas Julien Greimas chamada: “Percurso Gerativo de Sentindo”, baseado nos estudos de Algirdas Julien Greimas (cuja explicação estará no terceiro capitulo), para investigar de uma forma lingüística - jornalística, o percurso gerativo de sentido dos editoriais, ou seja, os passos de Mino Carta dentro dos elementos textuais para convencer o leitor de que suas palavras são as mais próximas da legitimidade diante os fatos cobertos – mais próximos da verdade factual. Mino Carta é considerado um jornalista especializado em política e em econômica. E, o fato de Mino Carta ser um dos donos da revista não o credibiliza para escreve estes textos apresentativos sobre o conteúdo e a opinião diante fatos, mas sim, por possuir uma grande experiência de campo nestes tipos de jornalismos especializados. Vamos entender um pouco sobre o jornalismo político e o jornalismo econômico.
  • 9. 1.1. Jornalismo Político Lula é o presidente do Brasil, simplesmente o cargo do mais alto poder político no Brasil. Naturalmente o gênero para a cobertura de um presidente nacional é o político. Não obstante, Mino Carta possui ligações explícitas com a política: Mino Carta já fora censurado pelo governo Geisel enquanto comandava a revista Veja, foi obrigado a pedir demissão para não ser demitido pela família Civita, dona da revista. Por outro lado, hoje em dia na democracia, o presidente Lula vai a festas promovidas pela própria revista, o que simboliza, de certa ótica, uma relação explícita. A editoria de política provoca controvérsia diante suas coberturas. Diariamente a mídia divulga notícias que afetam direta ou indiretamente a sociedade. Por isso, é tida com a categoria clássica da história do jornalismo. Por vezes o jornalista político passa dias sem observar nenhuma novidade, porém, as coisas podem mudar rapidamente. O jornalista deve estar preparado para entender os reais interesses discursivos dos políticos, afinal, estes possuem estereótipos de “não confiáveis”. Os jornalistas devem ter o domínio das regras do Congresso, conhecer a história política recente do Brasil e as leis vigentes no país. Ou seja, uma conversão de matérias que antes eram concebidas separadamente, entrando em fusão com a evolução do jornalismo político. A principal mudança do jornalismo político de tempos oriundos para cá é o objetivo da informação. Agora a cobertura é para informar o leitor e não convencê-lo a adotar idéias. Na campanha de 1950 os jornais como o Estado de S. Paulo, o Correio da Manhã e o Diário de Noticias faziam questão de não se preocupar com a isenção da cobertura das eleições presidenciais de Getúlio Vargas contra o Brigadeiro Eduardo Gomes. Já em 2002, com a eleição de Lula, a imprensa cobriu a campanha ao invés de “entrar em campanha”, como há 60 anos. “Até algumas décadas atrás, os jornais, em sua maioria, tinham um caráter quase partidário. E dirigiam também a um leitor razoavelmente partidarizado. Hoje em dia, ao contrário, a grande imprensa, de modo geral, tem a preocupação de separar nitidamente a informação da opinião na cobertura política.” (MARTINS, 2005:17) De fato, hoje em dia a cobertura política está mais estudada e estruturada. Quando o gênero é informativo temos menção de que ele visa somente à arte de informar, normalmente intitulados como matérias e reportagens. Quando o gênero é
  • 10. opinativo temos a idéia de uma visão ideológica explícita sobre um fato social, que é o caso dos editoriais e colunas, por exemplo. Por isso são textos com maior poder de coerção. Hoje em dia poucas pessoas lêem os editoriais dos jornais. Justamente por isso as revistas trazem inúmeros formatos de editoriais visando aderência dos leitores. São inúmeras as técnicas de formas de adesão não explícitas. Justamente para analisar estas técnicas que a essência do trabalho é a aplicação do Percurso Gerativo de Sentido, elaborado pelo lingüista Algirdas Julien Greimas, no editorial da revista Carta Capital. Fica pressuposto que o leitor comprava um jornal e esperava encontrar uma afinação com o seu viés político. Duas das principais mudanças significativas no jornalismo político são: estrutura dos impressos e perfil do leitor. Os noticiários políticos passaram por processos de modernização, profissionalização e concentração. A mudança do perfil do público afetou diretamente mudança nos jornais, um leitor mais plural. A cobertura isenta se torna mais cara. Sujeita a novas, e caras, fórmulas de energia. Conseqüentemente, houve uma concentração muito forte. Resultado - hoje tem um número muito mais inferior de produtos impressos do que em 1950. Um jornal para sobreviver atualmente deve vender mais de 150 mil exemplares para amortizar os custos de produção e atrair a receita publicitária necessária para sair do vermelho e gerar lucro. (MARTINS, 2005:18) Como os antigos impressos tinham tiragem amplamente mais expressiva eles não eram tão dependentes da publicidade como hoje em dia. De fato só os grandes jornais conseguiam a tiragem superior de 150 mil exemplares, porém o número de leitores consumidores de impressos era superior. Atualmente é fato que jornais e revistas dia a dia vão perdendo tiragem e público para os outros meios de comunicação, principalmente para a internet que agrega conteúdo textual de apuração mais dinâmica. Naturalmente a publicidade acaba sendo um equilíbrio e tendo um papel fundamental para o orçamento das redações. De 18 grandes jornais do Rio de Janeiro da década de 50 do século passado, 12 fecharam. (MARTINS, 2005) A modernização das redações é evidente. Os custos para manter equipamentos de altíssima qualidade para uma melhor apuração ficam caros a cada dia que passa. As pequenas e médias coberturas políticas normalmente seguem a
  • 11. cobertura da grande imprensa que concentra grande parte da informação política e são pautados por ela, dando um novo enfoque para a notícia. Isso porque normalmente é o jornalista da grande imprensa que tem condições de fazer uma apuração mais qualitativa e quantitativa no local. A modernização vem desde os equipamentos até a estética das publicações, com fotos e caricaturas com uma resolução muito superior do que 60 anos atrás. A isenção passou a ser mais “acoplada às grandes empresas que possuem mais capital financeiro para investir em maquinário ou qualificação e quantização de força de trabalho”. Claro que a isenção também está presente nas médias e pequenas empresas jornalísticas, muitas vezes até mais. Porém, a argumentação é de quem pode fazer uma cobertura mais quantitativa e qualitativa no aspecto tecnológico e físico, e não de quem pode ser mais imparcial. (MARTINS, 2005:29) Por outro lado, uma visão menos romântica do jornalismo político é a visão de Medina. “A informação tornou-se mais um produto da indústria cultural, de interesse dos complexos econômicos, políticos, sociais e o elo principal da identificação com o sistema”. A vitória dos recursos tecnológicos que veiculam a informação se deu por conta das necessidades da industrialização e automaticamente normaliza ou reforça a informação jornalística como parte da manutenção do sistema econômico. (MEDINA, 1988:30) “A mensagem-consumo exige um título de apelo forte, bem nutrido de emoções, surpresas lúdicas, jogos visuais, artifícios lingüísticos. O título ganha vida de consumo como qualquer anúncio publicitário e a edição trabalha com cuidados especiais: criam-se os “títuleiros” hábeis, verdadeiros mitos de sala de redação. Na ampliação interpretativa das informações, essa habilidade exige mais.” (MEDINA, 1988:119). Diante a disputa dos jornais que cobrem política, o mercado fica cada vez mais acirrado. Os veículos desenvolveram um componente verbal para chamar a atenção do leitor para o produto “matéria”, articulado, utilizando até mesmo o apelo visual para conquistar o leitor. Tanto os “gêneros informativos” quanto os “opinativos” da revista Carta Capital possuem estes aspectos. Diversos artifícios lingüísticos são utilizados para deixar a leitura mais prazerosa. O público também mudou o seu perfil consequentemente mudando as características dos jornais. Antes os leitores eram mais partidarizado. Quando analisamos a época de Getúlio Vargas percebemos que independente dos
  • 12. diferentes partidos, ou a pessoa era getulista ou não. Ou seja, ou compravam publicações do jornal A Última Hora de Samuel Wainer que explicitamente era o produto impresso mais partidário getulista do país, ou consumiam os textos de Carlos Lacerda ou o udenismo, pelo conservadorismo ou pela reivindicação intelectual. Era uma pátria com estados e cidades modernas em um período de forte reivindicação, por isso o partidarismo era alto. O público jovem tinha um papel extremamente importante neste processo, era mais participativo politicamente falando. Hoje em dia o público jovem não é mais tão engajado na política porque o partidarismo cultural aos poucos vai acabando no Brasil pós-moderno. “Diante desta manifestação, a estratégia passou a ser atrair um público plural com as mais variadas visões políticas e as mais diferentes visões do mundo”. Apesar das adesões continuarem sendo propostas pelos veículos de comunicação, esta é feita com uma cara mais imparcial. Porém, a motivação de gerar um sentido complacente a visão editorial do veículo continua, explicitamente ou implicitamente. (MARTINS, 2005:22) Hoje em dia ele está muito mais plural, exigente. Além de a concorrência política ser grande, o leitor consegue muitas informações em diversos meios de comunicação. Principalmente diante o florescimento da internet e sua tecnologia que permite a convergência dos meios com Stremaing de vídeos ou com o RSS diante o áudio editado para rádiojornalismo. “Essas mudanças foram positivas para o público, devido ao grande bombardeio de informações que chegam à sociedade pelos mais diversos meios de comunicação, como por exemplo: televisão, rádio, internet, revistas e jornais”. A ressalva do público hoje é que a notícia interpretativa lhe permite refletir e formar uma opinião mais qualitativa. Naturalmente para existir um bombardeio de informações é porque o jornalismo político se modernizou. As redações também mudaram sua cara. Há menos ruído nas redações, mais computadores, ligações mais fáceis com fontes, conteúdo e agências de notícias que auxiliam no itinerário da elaboração de uma reportagem. “O resultado é que, nos grandes jornais e revistas e departamentos de jornalismo das emissoras de rádio e televisão, as decisões editoriais são tomadas cada vez mais se levando em conta critérios jornalísticos”. (MARTINS 2005:24-26) Porém, este “bombardeio” de informações elaboradas muitas vezes sem o
  • 13. olhar crítico se utiliza deste mecanismo para usufruir vantagens e estimular o domínio. O excesso de conteúdo faz com que o receptor não perceba o discurso que está intrínseco na mensagem. A mensagem pode carregar o discurso, mas mesmo assim, não utilizá-lo. Não promover o efeito desejado e ser divergente em cada processo. Não me parece suficiente dizer que a ideologia está em toda parte, o que de certa maneira é correto. Ocorre que estar presente não significa atuar de forma idêntica em todos esses processos. A atuação, no meu modo de ver, mais plena e eficaz se dá no plano do produto mesmo e de sua penetração na consciência do receptor. Idéias são insistentemente “semeadas” no público; encontrando um solo fértil onde podem germinar, elas crescem, regadas cuidadosamente e diariamente pelos meios de comunicação massificantes. (MARCONDES FILHO, 1985:94) Martins também cita algo a respeito: Todo jornal, revista e departamento de jornalismo de rádio ou de TV tem sua opinião pública interna. Ela é invisível, mas está sempre presente nas redações. Trata-se da primeira e da maior crítica do nosso trabalho. Ela não se confunde com a hierarquia formal da empresa, embora muitos formadores de opinião possam ocupar posições de chefia. (MARTINS, 2005:27) Naturalmente é pressuposto que todo o meio de comunicação político possui uma ideologia. Hoje, diante a tentativa implícita de imposição ideológica são necessárias novas fórmulas de retórica frente ao receptor. E para entender estas novas fórmulas de argumentação, trabalhos que analisam discursos pela semiótica são de total importância e relevância. “A notícia é a comunicação de um fato. Pode significar muito ou quase nada”. Quando a notícia é do presidente Lula, todos entendem, já quando é do deputado Enristes Costa, para quem não esta no meio político, muitas vezes não significa nada. O importante não é apenas discorrer sobre o fato, mas sim, explicar ao leitor o que acontece por dentro da mensagem. Neste aspecto cabe um jornalismo mais interpretativo que de certo é diferente do opinativo. O primeiro relaciona os fatos e o segundo opina sobre eles. Transforma um grande conteúdo em um simples texto. Essa é uma sensibilidade que o jornalista político deve ter em mente, lembrar que “nem sempre todos os leitores pré-dispostos a consumir o produto são especialistas em política”. (MARTINS, 2005:21)
  • 14. A relação entre o jornalista e o político também é interessante. Ao contrário do esportivo, por exemplo, quando nos lembramos do caso de Ronaldo na Copa de 1998 e não temos até hoje uma versão aceitável, percebemos que o jornalismo político acaba superando as outras especialidades. O número de fontes disponíveis tanto em Brasília quanto no campo acadêmico é amplamente maior tornando a disponibilidade de informação mais ampla. Sem contar que em política sempre há uma oposição que vai estar sempre disposta a falar. E quando um meio de comunicação passa a não enfocar a oposição com tanta disposição quanto aos passos do presidente, acaba sendo taxado de pró-governo o que é o caso da acusação de grande parte do campo jornalístico acadêmico perante a revista Carta Capital. “São 513 deputados, 82 senadores, mais 30 ministros, 11 integrantes do Supremo Tribunal Federal, além de uma legião de milhares de assessores, secretárias, técnicos, funcionários, amigos, lobistas, curiosos – um mar de gente com informação”. Martins diz que diante o grande número de disponibilidade de fontes o jornalista deve conversar com muitas pesoas, independente de cargo. (MARTINS, 2005:47) A proliferação da cobertura vai trazendo mais verdades factuais. Porém, o repórter não deve se contentar com o factual, precisa entender ao mesmo tempo o contexto em que o fato está sendo dado. No jargão dos jornalistas, quem tem mais background information (informação de fundo) tem mais sensibilidade em captar possíveis desdobramentos dos casos políticos. Ele deve ficar sempre atento averiguando se o boato é verossímil. “O que é bom a gente mostra, o que é ruim a gente esconde”, resumiu Rubens Ricupero, ministro da Fazenda do governo Itamar Franco em 1993. O comentário foi divulgado graças a problemas técnico de uma antena parabólica, derrubando-o do cargo. Afinal, em política certas idéias não podem ser ditas explicitamente. “Não há fórmula mágica que nos torne imunes à contra-informação”. O melhor antídoto continua sendo reunir muita informação. Nada costuma acontecer similarmente como te contaram e ninguém lhe conta exatamente o que aconteceu. “Assim, por melhor que tenha sido a apuração, em geral, há outro ponto que ficou obscuro, fatos importantes que não vieram à tona ou episódios que não puderam ser levantados a tempo”. (MARTINS 2005:71)
  • 15. Uma das coisas que mais irritam os políticos é verem suas declarações ganharem repercussões não imaginadas, normalmente encaradas com negatividade. A Carta Capital é campeã no gênero. Costuma pegar opiniões dissidentes e interpretá-las de acordo com sua opinião e ideologia. Vamos perceber este aspecto claramente com o andar do projeto. A combinação de poder de polícia com a força da imprensa tem um lado bom e um lado ruim. O positivo é que gera uma ação com tal profundidade, contundências e rapidez que rompe barreiras aparentemente inexpugnáveis e dissolve cumplicidades tidas como destrutíveis. O lado negativo é a conversão da CPI em um espetáculo. Alguns deputados e senadores deixam de lado o trabalho sério de investigação e recorrem a todo tipo de truques, piruetas e efeitos especiais para conseguir um bom lugar diante as câmeras. (SEABRA & SOUZA, 2006:75) Vamos perceber que Mino Carta na elaboração de seus editoriais sempre parte para uma visão mais espetacular para agregar humor. Muitas hipérboles e parábolas estão presentes em seus textos. Mino Carta parte de dois pressupostos, se vende como um paladino anticorrupção aplicando o clássico “espetáculo” nos seus textos, em busca de um humor sarcástico. Os jornalistas político disputam a exclusividade da informação. Seus chefes nas redações ficam pressionando com os passos dos concorrentes. Consequentemente diante a fobia de todos, “suposição vira informação, indícios convertem-se em prova, suspeito passa a ser bandido, e a dica, que em condições normais seria ponto de partida de matéria, pode acabar com manchete de jornal”. Assim, na fobia da publicação o jornalista começa a divulgar os seus passos diante o fato investigado. (SEABRA & SOUZA, 2006: 76) Faz parte também do cotidiano do jornalista político investigar denúncias sobre irregularidades na administração pública, desvios de recursos, armações em concorrência e negócios escusos com o dinheiro do Estado. Por menor que sejam os delitos, o jornalista político tem o papel social de divulgar o que se passa para a população. Afinal, é por isso que existia a regulamentação da profissão jornalista há pouco extinta no país. Outro período interessante de coberturas política são as eleições. É interessante notar que as eleições é a época onde os eleitores mais ficam interessados em política. Alguns telefonam, mandam cartas, enviam e-mails, sempre desancando a cobertura. Uns são educados, outros nem tanto. O período de pleito popular é um dos mais tensos na carreira do jornalista político com relação ao
  • 16. contato e interação com o receptor. Este é o momento do jornalista manter a calma e continuar com sua função social de cobertura diante as eleições, que é um importante símbolo de democracia para qualquer nação. As CPIS só são cobertas quando tem apelo junto a opinião publica, passando cobertura excepcional. As mais famosas são: PC Faria, levando Collor ao impeachment, a de Nicolau Dos Santos Neto (Lalau) e do Senador Luis Estevão. Quem não se lembra das coberturas jornalísticas informando a entrega de pizzas delivery para o juiz Lalau na prisão. O fato do jornalismo cobrindo a CPI faz com que ela tenha maior apelo social. (SEABRA & SOUZA, 2006) As coberturas de CPIS têm um lado positivo e outro negativo. O primeiro porque rompe o paradigma de algo indestrutivo. Já o lado ruim é que a CPI acaba por tornar-se um espetáculo. Muitos deputados esquecem o itinerário político para conseguir um espaço diante as câmeras. Os jornalistas ávidos por furos de reportagem acabam por divulgar grande parte de informações recolhidas em OFF sem a checagem necessária. “E assim, aos poucos, passa-se de caça ao furo para caça às bruxas”. (SEABRA & SOUZA, 2006:35)
  • 17. 1.2. Jornalismo Internacional Aqui concebido como político também. Normalmente o gênero acaba sendo uma cobertura de política internacional. Quando alocamos o gênero de jornalismo internacional ao trabalho pretendemos analisar as visitas do presidente Lula a outros países, ou a visita de ilustres internacionais ao planalto central. (NATALI, 2004) Como a análise semiótica vai partir também para campos da sociologia, semântica e pragmática, todos os elementos suscetíveis de gerar coerção são importantes, principalmente pelo julgamento de valor e de realidade na qual a visão internacional do país é encarada pelo leitor, tanto perante países periféricos como aos países do centro do capitalismo. Afinal, esta pode ser considerada uma forma internacional de prática de adesão do poder argumentativo retórico do emissor. A existência do jornalismo internacional já é amplamente debatida. Enquanto alguns pesquisadores classificam sua existência no Sec.XIX com o advento da máquina de impressão cilíndrica e o surgimento da primeira agência de notícias, criada na frança por Charles Havas, atual AFP. (NATALI, 2004) Outros, como o jornalista João Batista Natali diz que esta visão é um equivoco, pois o jornalismo já nasceu internacional e o mercantilismo já precisava dele, como o banqueiro Jacob Fugger, criador da primeira newsletter, ainda no final do século XIII. De uma forma ou de outra, este método de coleta e difusão de notícias de terras distantes sempre teve um objetivo com viés econômico. Para Natali este foi o primeiro tipo de jornalismo a sofrer censura. Aconteceu em Paris, 1631, quando o jornal Nouvelles Ordinaires de Divers Endroits (Notícia comum de vários lugares) foi proibido de circular. Em seu lugar foi produzido o La Gazette, que tinha como responsável Théophraste Renaudot, uma espécie de testa de ferro do poderoso cardeal Richelieu. (NATALI, 2005) O precursor do jornalismo internacional, ou político, no Brasil foi Hipólito da Costa. No século XVII, a família real desembarcou no Brasil em fuga da ascensão napoleônica na Europa. Junto com a comissão real estava Hipólito da Costa. Ele carregava de dentro de um dos navios uma prensa trazida de Portugal. Aqui elaborou o primeiro jornal brasileiro chamado o Correio Brasiliense, que era impresso em Londres e fazia oposição ao governo de Don João. Devido á censura na América Portuguesa, Hipólito da Costa teve que fugir para Inglaterra. (NATALI, 2005)
  • 18. Na época da ditadura militar (1964-1985) o jornalismo internacional viveu o seu boom. Havia equipes de correspondentes que recebiam seus salários em dólar, com o país vivendo o conhecido “milagre econômico dos anos 70”. Nos cadernos haviam críticas de ditaduras vividas na África, e que indiretamente fazia analogia do próprio sistema vivido no Brasil. Natali diz que com a redemocratização da nação, a editoria de Internacional deixou de ser a única válvula que o jornal tinha de criticar o sistema, mesmo que indiretamente. Com o fim da Guerra Fria acontece o fim da polarização nas coberturas internacionais. Os noticiários passam a lidar com uma única potência - os Estados Unidos – diante três enfoques históricos diferentes. O primeiro é a eleição de George Bush, o pai. Ele iniciou a Guerra do Golfo, uma guerra que para muitos pesquisadores foi de motivo imaginado. A invasão do Kuwait foi a partir de “fotos” de ataques a navios americanos. (NATALI, 2005) O segundo momento é a eleição de Bill Clinton, que conseguiu abafar a imagem negativa de Bush, o pai, e ao mesmo tempo, isolar a Rússia. O terceiro momento é a eleição de George W. Bush, o filho. O jornalismo internacional ainda estava encantado com a época de Clinton e não soube investigar o caso 11 de setembro que culminou com a invasão no Iraque e a captura de Sadah Hussein, antigo desafeto da família petroleira do presidente Bush. (NATALI, 2005) Com o advento da internet o jornalismo internacional obteve uma grande mudança nas redações. Natali acredita que agora o redator possui mais função nas redações. Trabalha muito mais pelo mesmo salário. Com a diversidade da internet, o redator deve apurar cada vez mais as informações. Deve saber fazer uma interpretação qualitativa diante o acúmulo de informações enviadas pelas agências de notícias para as redações. Selecionar de acordo com o valor-notícia redigindo melhor na medida da “superinformação”. Cobertura presidencial: Muitos jornalistas encaram o convite de uma entrevista junto ao presidente como uma grande oportunidade de acompanhá-lo em sua trajetória internacional. Martins não encara desta forma, para ele é muito mais desgastante para o jornalista que vai cobrir esta trajetória do que para o presidente. Enquanto o primeiro pode ocorrer diversos imprevistos que vão desde a falta de internet como revistas não programadas em diversos aeroportos, já o segundo sempre vai estar descansado e com a maioria dos recursos a disposição.
  • 19. Os jornalistas políticos também são contaminados pelo imperialismo da economia. Somos obrigados a lidar com os sábios da equipe econômica por que no Brasil, ao contrário dos países do G-7, onde são meros assessores dos governantes, os economistas decidem com grande independência e distanciamento das instâncias políticas (NATALI, 2002:28) Seguindo também a idéia do jornalista econômico Márcio Moreira Alves, vamos analisar o jornalismo econômico que contempla não só com os temas trabalhados nos editorias como para uma concepção maior do que é o jornalismo político no país. Esse que muitas vezes se confunde com a cobertura econômica. Um jornalista que cobre política tem que estar preparado para cobrir economia, e vice versa, fruto do enorme envolvimento que os políticos possuem no desenvolvimento econômico do país.
  • 20. 1.3. Jornalismo Econômico Uma vez que os gêneros opinativos colhidos para analisar a revista Carta Capitais são também econômicos vamos entender um pouco desta cobertura. A cobertura brasileira divide-se em duas partes essenciais: prestação de serviços e planos de ajustes econômicos. A carta Capital se baseia em planos de ajustes econômico. Um de seus colunistas, Delfim Neto, já foi ministro da economia do país. Não obstante, Mino Carta e Delfim Neto frequentemente citam elementos que simbolizam um jornalismo macroeconômico. Depois do famoso “crack de 29”, o estado começou a participar mais da economia para dar maior fluidez ao desempenho do sistema capitalista que, vira e mexe, tem suas crises. As crises cíclicas. Então, o governo acaba muitas vezes, para poder auxiliar o sistema, gastando mais que arrecada. Aqui entra também a possibilidade de chamada malversação do patrimônio público, ou seja, desvios de verba, desperdícios, favorecimentos, etc.¹ (AMARAL, 2007) Contudo o jornalismo econômico brasileiro nasceu na mesma época da ditadura militar de 1964-1985. Este regime político mantinha uma ideologia de desenvolvimento. Outro boato explícito da época era o da democracia. O mundo dizia que era impossível uma nação almejar a democracia sem uma economia consistente. Consequentemente foi necessária uma alta cobertura sobre ajustes econômicos dos países democráticos. Em economia, é necessário saber o que se passa com o vizinho. Isso criou uma demanda concreta para o jornalismo econômico. Naturalmente é papel da profissão de jornalista divulgar qualquer informação que seja útil para a sociedade, independente do gênero, motivo este do jornalismo especializado em economia gerar um boom em terras brasileiras. Desde os tempos do Delfim, nos anos 70, criou-se uma supervalorização da análise macroeconômica. Não é mistificação recente, porque já tem história. Mas se trata de uma tendência recorrente na vida do País. Durante o período era a confusão de jornalista como vidente econômico. Nestes momentos as pessoas paravam os jornalistas para perguntar perguntas técnicas, do tipo qual papel esta subindo, como ficará o dólar cambial. Em um momento de Milagre Econômico o jornalista era tido como uma das principais fontes pela população, independente se a 1. Antes do “Crack de 1929” o mundo vivia o conceito de Adrian Smith, que acreditava que o mercado se estabelecia sozinho, chamado liberalismo. Após o Crack, as leituras de Keynes foram tidas em práticas pelo governo Roosevelt, que colocou o Estado de metendo na economia para tirar os EUA da crise mundial, gerando mais empregos e rendas - o que se convencionou como o chamado intervencionismo do Estado na economia.
  • 21. análise era quantitativa ou não. Bastava o jornalista dominar um pouco do economês. Porque bastava dominar duas ou três expressões do economês para se tornar poderoso. E foi essa mistificação que pautou toda a década de 90. (NASSIF, 2001:98) Foi nesta época que foi concebido também o estereótipo das teorias internacionais. “Olha, eu estudei lá fora, conheço teoria econômica. Por isso, tenho a solução, resolvo tudo”. O que é um grande mito, pois é muito difícil continuar atualizado sobre os passos dos grandes centros sem estar dentro deles. Porém, este estereótipo dura até hoje, tanto para os economistas quanto aos jornalistas. Quem estudou fora do país é tido como gênio. O que acaba sendo não avaliativo, uma vez que depois de alguns anos fora do país o cidadão fica totalmente desatualizado do que está de fato acontecendo. Dificilmente ele vai ter tempo para ler publicações locais e se atualizar. “Esse papel mistificador do economista - papel político, no mau sentido - existia no início do século, na proclamação da República. Depois, o jornalismo econômico foi revitalizado a partir do Plano Cruzado, quando se promoveu a mesma privatização do Estado, a mesma desorganização”. (NASSIF: 2001:99) Outro papel mitológico esclarecido acima por Luís Nassif também se entende pelo uso do economês como uma forma de ultrapassar a censura da época diante as publicações. Com função específica durante o regime militar – que tinha um governo populista que se baseava no avanço e modernidade – os jornalistas econômicos usavam o economês como uma fórmula de escapar da censura. O governo não tinha capacidade para filtrar este tipo de notícias. Ela era rica de linguagem técnica, números, siglas e estrangerismo afastavam a censura. Hoje em dia, desmistifcar o economês é um dos maiores desafios do jornalismo econômico, porém, na época ditatorial era viável diante a censura. Neste ponto, os gêneros opinativos são ótimos para uma interpretação mais clara sobre o fato. (NASSIF, 2001) Ao mesmo tempo, a censura que se exercia no regime militar era muito mais branda no jornalismo econômico, até porque a maioria das notícias era positiva. Só depois de certo tempo surgiu o debate sobre a questão da distribuição de renda, que começou a piorar, apesar do desenvolvimento acelerado. Mesmo assim, foi essa base econômica que permitiu ao regime militar ter o apoio da sociedade. (SARDEMBERG, 2001: S/p)
  • 22. Aspectos do início da cobertura macroeconômica: tendência oficialista porque havia um ambiente positivo e a censura lhe era mais branda. Apesar disso, vários jornais tiveram a capacidade de levar essa área com qualidade, não raro usando linguagem meio cifrada, ajudando a dar origem ao economês. O economês tem dois sentidos, ambos negativos, significando escrever mal, errado, ou então com tanto requinte técnico que poucos entendem. Se alguém escrevesse que o regime ditatorial brasileiro estava baseado em políticas que visavam o arrocho salarial, provavelmente ficaria censurado. Porém, se afirmasse que estava baseado na contenção do fator trabalho, acabava passando pelo filtro da censura, devido o economês de difícil compreensão para os militares da época. Um dos principais fatores para evolução do jornalismo econômico foi à ação do governo Castelo Branco que diminuiu a inflação de 100% para a casa dos 40%. (SARDEMBERG, 2001) Ao mesmo tempo em que Sardemberg enxerga elementos que demonstram uma evolução do jornalismo econômico em plena época ditatorial, João Natali, correspondente internacional da folha, também os vê. Neste caso o autor entende que noticiar positivamente um fato em um governo em que qualquer forma de oposição ao sistema aplicado é motivo de censura, o jornalismo econômico encontrou poucos cortes em seu noticiário. Fica a dúvida, será que o jornalismo econômico fazia isso para que não fosse censurado? Será que este tipo de jornalismo era aliado ao governo ditatorial? De uma forma ou de outra, notícias pró- governos acabaram atrapalhando um preparo da indústria, ou até mesmo da população, diante a crise que se agravou na década de 80, seguinte da intitulada década do “milagre econômico”. O Brasil mergulhou numa crise prolongada a partir da década de oitenta – chamada década perdida. E o que aconteceu com o jornalismo econômico? Continuou sendo notícia, embora de um modo inverso. Paramos de falar de crescimento para falar de estagnação, recessão e de um personagem novo, a inflação. Aquela conhecida, desde 1964, era brincadeira, ridícula, de 100% ao ano. Nesse novo período, este chegou a ser quase o índice mensal – 80% no último mês do governo Sarney. Depois, 45% ao mês era o normal. (SARDENBERG, 2001) A posição de jornalista macroeconômico começava a florescer. Os problemas financeiros geraram mais demanda ao jornalismo macroeconômico nos anos de 1980. De uma forma ou de outra “a crise econômica dos anos 80 do século
  • 23. passado, foi caracterizada por uma inflação ascendente. Elevando a credibilidade do jornalismo econômico brasileiro diante o mundo inteiro, aumentando a análise de títulos públicos, investimentos públicos, jornal de serviços, coberturas anti- inflacionárias, bancos, taxa de juros e commodytes. Com a crise dos anos 80 o jornalismo econômico teve que mudar o foco. Naturalmente ele soube se adequar a esta nova temática diante coberturas qualitativas de notícias macroeconomias. A primeira grande cobertura diante a crise dos anos 80 foi à divulgação de diversos pacotes diante a mudança para o Plano Cruzado na clara tentativa de conter a inflação. O interessante é que havia dois grupos de acadêmicos, com linhas de pensamento distintas, que se uniram para fazer o Cruzado. A corrente que desenvolveu a base teórica da nova moeda era ligada à PUC do Rio de Janeiro. O outro grupo veio da Unicamp. Ambos assumiram uma função política das mais relevantes. Passaram a garantir a eleição de partidos políticos. O grupo da PUC se aliou ao PSDB; o da Unicamp, ao PMDB, até a hora em que o PMDB naufraga, com a imprensa dando a retaguarda (NASSIF, 2001:100) Estes são grupos que chegaram a um poder político muito forte. Passaram a ser as fontes principais da época. Esta característica perdura até hoje em dia, porém, com menos ênfase quanto na época do cruzado. E mesmo quando existia um erro, a opinião era mantida por outros especialistas mais jovens. “Aquela primeira geração criativa é substituída por uma segunda geração xiita, presa a dogmas, que perde a capacidade de pensar criativamente”. (NASSIF, 2001:102) A baixa especialização da imprensa especializada gerou uma repetição de fontes das duas academias. A opinião deles é sobreposta sobre as outras. Os jornalistas passam a acreditar tanto naquela teoria, que descura a própria realidade, criando outra teoria para argumentar o erro da escolha. “Então, eu diria que a crise do jornalismo econômico é, antes de tudo, uma crise da análise macroeconômica”. (NASSIF, 2001:102) “A crise econômica, sem dúvida, e de gigantescas proporções, sem que se possa ver com segurança a sua superação. A crise econômica é, também, uma crise do jornalismo econômico? (indagação crise Jô econômico) Acho que a resposta também é afirmativa. Não considero ter sido bem informado do estado real da economia ao longo dos últimos anos pelos colegas especializados (ALVES, 2001:90) Um dos destaques dos anos de 1980 eram as coberturas anti-flacionárias. Para dar uma idéia de como funcionava, nem dentro do próprio governo se
  • 24. entendiam as coisas. Pior, ninguém sabia as respostas que deveriam ser passadas ao público, pois existiam informações contraditórias Era tamanha a mudança que se fazia que ninguém estava compreendendo direito o que era. Imagine–se a situação dos repórteres – a maioria foi tomada de surpresa, mas os bons profissionais sabiam que alguma coisa estava em andamento. Como era o primeiro dos planos econômicos, a imprensa ainda não estava treinada para identificar indícios de que haveria um pacote. Hoje, está. Na época, era possível ao governo elaborar em segredo um plano daquelas proporções. Os bons repórteres desconfiavam, porque, entre outras coisas, havia algo parecido em Israel e no México. E quem acompanhava a literatura acadêmica, além de alguns artigos que apareciam nos jornais brasileiros, podia adivinhar que alguma coisa estava no ar. (SARDEMBERG, 2001) Com os boatos de que Tancredo Neves estava a um passo dá eleição começou um movimento de economistas esquerdistas a fim da reflexão sobre o que fazer diante o novo governo. Neste momento, só os jornalistas experientes entendiam que uma mudança estava por vir. Aos poucos a imprensa foi adquirindo habilidade de antecipação diante sinais de crises. Hoje em diante a concorrência a melhor imprensa é aquela que antevê os passos, e, a pior, é a que só falha na cobertura. (SARDEMBERG, 2001) As décadas de inflação obrigaram os jornalistas econômicos a se familiarizarem com o jargão americano dos economistas. Dificilmente um jornalista europeu não especializado saiba o que é overnight, hedge e outras esquisitices, que são matérias primas repórteres, expressões que são ditas com a maior naturalidade na TV, como se estivessem falando o inglês que o povo entende. Contudo, nos anos 90 a competição dos meios de comunicação perante a cobertura econômica começa a ficar acirrada, por vezes desleal: Com todo perdão pela palavra forte, para mim os anos 90 foram os anos do acanalhamento da mídia. O jornalista saía da escola com a seguinte visão: “eu vou atropelar quem atravessar meu caminho, vou manipular e inventar informação. O que vale é a manchete”. Foram os anos do “vale tudo”, em que a imprensa adquiriu o maior poder da História, antes de estar suficientemente madura. (NASSIF, 2001:103) O furo jornalístico era ambicionado de uma forma ou de outra. Se a notícia tivesse impacto já era o bastante. E tivemos alguns modelos jornalísticos que se consolidaram nesse período. “Foram, a meu ver, o supra-sumo da leviandade, da irresponsabilidade, da falta de compromisso com a qualidade. Se não houver notícia quente, inventa-se uma”. A questão de buscar os diversos ângulos foi deteriorada nos anos de 1990. A imprensa se tornou unanimidade. Em qualquer escândalo,
  • 25. normalmente a cobertura segue numa única direção. No jornalismo econômico, existe até hoje a ditadura dos analistas ligados ao mercado financeiro donde as opiniões dos mesmos persistem na imprensa. (NASSIF, 2001:104). Porém, o discurso uniforme da imprensa especializada, ou melhor, teorias Neoliberais postas em prática nos EUA pelo presidente Reagan, e inglesas por Margareth Thatcher acabaram caindo com as vitórias de Bill Clinton e do trabalhista Tony Blair. Começou maior diversificação de opinião. É interessante notar que de uma forma ou outra o jornalista que almeja cobrir macroeconomia deve ter domínio da língua inglesa e dedicar um imenso tempo para acompanhar ao menos: o Wall Street, o Economist, o Financial Times, para não falar dos boletins de análise conjuntural, publicados pelos principais bancos de investimentos, ou de publicações mais sérias, como o Journal of Economic Literature, o Journal of Monetary Economy. Porém, os “jornalistas econômicos brasileiros são os que, no mundo, têm maior intimidade com os termos e os conceitos da economia. É o fruto de décadas de crise e de inflação descontrolada. A mídia brasileira também é a que maior espaço dedica às notícias econômicas”. Naturalmente a cobertura foi ganhando experiência diante as problemáticas econômicas (ALVES, 2001:91) Hoje em dia imprensa econômica brasileira está num ponto intermediário entre um tipo de cobertura oficialista e um tipo mais aberto, democrático. A primeira almeja somente a cobertura do que foi divulgada pelo governo à titulo de informação que dispensa qualquer tipo de consideração contrária, característica semelhante ao do jornalismo econômico na época ditatorial. A versão oficial é a que prevalece. Já a segunda consiste em opiniões de economistas contrários ao conteúdo. Apesar de ser mais democrática, ela ainda possui suas limitações diante uma cobertura com diversas opiniões e pouca interpretação por parte do emissor do conteúdo Em grande parte, isso é falta de preparo. Se ele tiver competência para compreender as medidas, poderá dizer que elas irão provocar tais e tais resultados positivos e negativos, como fazem os colunistas. Muitas vezes, os jornalistas poderiam agir dessa forma, em vez de bater nas portas dos economistas. Tanto para captar o que a fonte está dizendo – sem entrar na informação parcial ou distorcida – quanto para ir atrás da notícia correta e bancá-la. (SARDEMBERG, 2001: S/p) Aí entram os aspectos da cobertura economia. A crise de hoje é de natureza criativa. Há uma reformulação de todo o processo de pensar, e de atuar no âmbito econômico. É a descentralização. Surgem novos modelos de cobertura no mundo.
  • 26. Agora estamos entrando na era da maturidade, onde o próprio leitor passa a exigir qualidade de informação. Empresas começam a trabalhar de uma forma conjunta. “E o novo modelo que vem pela frente, que exigirá mudanças principalmente no âmbito das empresas – o foco mais dinâmico da sociedade -, deve gerar análises sistêmicas, de conjunto. Acaba a história de investigar o problema A, o B ou C, isoladamente. É preciso superar a mera análise dos números” (NASSIF, 2001:92) O jornalismo continua preso a cobertura de câmbio e de open marketing do Banco Central. São necessários novos modelos, mais populares com maior integração com o meio ambiente perante um desenvolvimento sustentável. Mais diversidade de publicações. Pois, nenhuma economia hoje em dia pode ser analisada isoladamente. A relação do jornalista econômico com os economistas é crucial para o sucesso da profissão. Entrar nestes nichos é muito difícil, o que estimula a concentração de informações em OFF retidas para poucos. Hoje em dia o jornalista é tido como importante neste tipo de cobertura por se tratar de um órgão supostamente imparcial, independente do governo ou de interesses econômicos secundários. Porém, são atreladas, não possuem quantidades necessárias. A mesma pesquisa utilizada em um grande jornal é a mesma que o concorrente vai usar, não obstante, mesma matéria prima das empresas jornalísticas de médio e pequeno porte que trabalham com a cobertura macroeconômica. O jornalismo econômico competente, numa economia estável, é um jornalismo dedicado a empresas, empreendimentos e negócios. Já o jornalismo competente diante uma economia fraca acaba sendo investigativo diante o motivo desta queda. (NASSIF, 2001)
  • 27. 2. Conceitos de apoio Neste capítulo estão alguns conceitos de apoio que servem para um entendimento melhor sobre o papel da comunicação entre os próprios políticos e sobre algumas nuances do papel do jornalista diante da sociedade. São tópicos interessantes que vão ajudar para um melhor entendimento de como os políticos e jornalistas atuam, otimizando a compreensão da análise semiótica sobre este trabalho. Tanto a visão negativa quanto a positiva diante o papel de jornalistas e políticos na sociedade estarão nas palavras deste capítulo. Quanto melhor entendemos como funcionam estes papéis, mais vamos estar por cima da ótica tradicional que estes se demonstram para a sociedade. 2.1. Imparcialidade jornalística A finalidade do jornalismo permanece a mesma desde seu surgimento - fornecer aos cidadãos as informações que precisam para ser livres, viver em uma democracia. Por isso que existe a liberdade de imprensa pois um imprensa livre simboliza um pátria livre e democrática. “Essa noção de liberdade de imprensa foi criada no contexto da independência americana, pois somente uma imprensa livre pode contar a verdade”. (ALMOND E POWELL JR, 1972:110) Porém, com a chegada da tecnologia no jornalismo, muitas empresas jornalísticas se tornaram conglomerados de negócios, e são necessariamente dependentes da liberdade de imprensa para manter seus negócios. “Os conglomerados de empresas jornalísticas interferem na sobrevivência da imprensa independente ao mesmo tempo em que se volta para os negócios”. (KOVACH E ROSENSTIEL, 2004:53). “Com a chegada da tecnologia, as empresas jornalísticas passaram a submeter o jornalismo a interesses econômicos, portanto a ameaça ao objetivo da profissão nos dias de hoje não vem da censura dos poderes governamentais, e sim no fato de que a independência do jornalismo pode ser dissolvida no meio da autopromoção ou informação comercial.” (KOVACH e ROSENSTIEL, 2004:32). Cada pessoa possui uma verdade, um argumento individual. O jornalismo procura utilizar a prática da verdade, não no sentido filosófico, mas deve se basear
  • 28. em uma verdade que funcione para a sociedade. O compromisso com verdade é fundamental para “independência jornalística”. “Os jornalistas não somente vendem conteúdo informativo ao público, como também constroem uma relação com base em seus próprios valores, profissionalismo, compromisso, julgamento e autoridade”, criando-se assim um vínculo mais resistente entre o público e as empresas jornalísticas, que por sua vez utilizam desse “crédito” para conquistar anunciantes. (KOVACH e ROSENSTIEL, 2004:83) É interessante notar que Desde os primeiros estudos de Edgar Morin, teóricos da comunicação afirmam que há uma espécie de contaminação nos mass-media que ajuda a confundir os conteúdos informativos e o sistema ficcional. Esse efeito faz com que a realidade pareça ser encenada, para que seja recebida pelos consumidores. Como dizia Aristóteles, a representação não é regida pela fidelidade à realidade, não se destina a reproduzir o que é real. O critério é a própria representação em si, “a capacidade de envolver o espectador a partir de suas próprias experiências, ou seja, o simulacro não representa o real, mas deve parecer que o faz”. (FAUSTO NETTO, BRAGA e PORTO, 1995:81) A função dos jornalistas não é só informar, mas também ser um vigilante independente do poder, porém, esse princípio é mal interpretado pelos jornalistas. “A função de guardião pode ser ameaçada por excesso de uso, falha na condução da vigilância ou ainda pelo aumento de conglomerados corporativos, que podem destruir o papel do profissional de imprensa”. (KOVACH e ROSENSTIEL, 2004: 169 -171) Atualmente os jornalistas acreditam que a imprensa impede que líderes políticos burlem a lei, essa finalidade distingue sua profissão das demais. “Ser guardião significa mais do que monitorar ações governamentais, na verdade se estende a todas as instituições poderosas”. (KOVACH e ROSENSTIEL, 2004:172)
  • 29. 2.2. Ética Jornalística Uma das coisas que um jornalista político deve ter em mente é que qualquer grupo ou partido governante sempre representa interesses particulares contrários aos divulgados pelos políticos: “Tomar uma posição fundamentalmente crítica não significa rejeitar o próprio estado, menos ainda aplicar um negativismo geral”. É papel do jornalista sempre contestar para dignificar sua posição de formador de opinião bem como para reforçar o próprio conceito de democracia. Afinal, quanto mais crítica, mais vozes apontando problemáticas. (KUNCZIK, 2002:340) Quanto mais ampla a participação da pessoa na tomada coletiva das decisões e maior a sua integração na estrutura das comunicações, maior é o seu compromisso para com a associação (afeto positivo, lealdade e empenho em realizar as metas de grupo) e menor o seu desligamento (distância pessoal e sentimentos da incapacidade para influenciar as ações e políticas coletivas). (KNOKE, 1986:341) Com esta citação percebemos qual é a responsabilidade do jornalista político. Ele nunca deve perder o sentimento democrático e sempre se lembrar do seu compromisso para com o leitor. Quanto mais engajado na política, maior a responsabilidade ética do formador de opinião. O jornalista ajuda “a prevenir o esclarecimento de uma liderança oligárquica, já que o governo de poucos é fundamentalmente prejudicial ao avanço da democracia”. Analisando este contexto percebemos que o jornalista também tem a função de esclarecedor dos processos de construção da vontade política. Logo, ele pauta os políticos que procuram resolução de problemáticas conforme a demanda de notícias. Aqui, o jornalista ético e concebido como o jornalista de desenvolvimento. (KUNCZIK, 2002:340) A vida humana já não pode se subordinar completamente aos objetivos econômicos. Existem outros objetivos que transcendem a edificação de uma sociedade consumidora tipo ocidental com seus produtos parcial ou totalmente supérfluos e sua destruição do meio ambiente. Promover um orgulho sadio com respeito ao patrimônio e as conquistas da própria cultura, dentro do contexto de uma concepção de desenvolvimento não baseados em medidas monetárias, mas tenha a qualidade de vida como cerne, é a principal função do jornalista de desenvolvimento. (KUNCZIK, 2002:345)
  • 30. O jornalista de desenvolvimento pode ser atuante em qualquer editoria do jornalismo. Em qualquer estado social, não é porque é jornalismo de desenvolvimento que ele enfoca países em desenvolvimento. Esta ação esta além das classes sociais, por se tratar de uma noção ética. Os valores de um jornalista ético abrangem todas as categorias. Por isso o jornalista de desenvolvimento não deve medir o país unicamente pelas taxas do PIB. O importante para a análise é saber como esta auto-realização da população. Noticiar sempre visando os valores humanos em primeiro lugar. E neste contexto o jornalista deve ser o mediador, porta voz das diversas opiniões democráticas diante uma problemática. “Assim encarado o jornalista tem uma função mais ou menos pública, pois proporciona a cidadania, a informação mais concisa possível dos fatos, para capacitá-la a formular juízos e optar por ações apropriadas”. (KUNCZIK, 2002:346) Atribuindo-se assim a tarefa do jornalista em estimular discussões, promover encontros e, quando o debate está a ponto de parar, intervir, contribuindo com suas próprias idéias. Ele não pode ser passível diante sua cobertura. Os receptores estão ávidos por informações legitimas, e cabe ao jornalista de desenvolvimento fornecer este material. O jornalista ético tem a função de crítico. Para um jornalista ser um crítico, deve ser capaz de “analisar os prováveis efeitos sociais, culturais e econômicos que tem um projeto pode ter sobre o povo, sabendo-se que mesmo os projetos públicos surtem efeitos distributivos no sentido de que muito raramente eles atuarão contra os privilegiados”. (KUNCZIK, 2002:348) Mesmo sendo elitizado, Mino Carta costuma fazer este papel de crítico a favor do povo que vive na camada da sociedade. Ele possui muita experiência no campo jornalístico, por isso é credibilizado pela academia jornalística a ser um crítico. Esta credibilidade não é algo tangível como um título ou um troféu, ela é abstrata, está no ar, donde o histórico do crítico é o balanceamento do julgamento de valor que será embutido nele. “O jornalista de desenvolvimento deve aceitar o fato de que o subdesenvolvimento é também um estado mental”. Não é por ser um jornalista brasileiro, um país considerado de terceiro mundo, que ele deve redigir como terceiro mundo, ou ter qualidade de terceiro mundo. Na verdade ele deve sempre ambicionar a alta tecnologia, se familiarizando e otimizando os custos diante um
  • 31. trabalho qualitativo. “Tentar remover sentimentos de alienação, como impotência, auto-alienação, isoladamente, insensatez e até mesmo fé nas normas, constitui uma tarefa essencial de jornalista de desenvolvimento”. Naturalmente ele estimula efeitos positivos. Porém este otimismo não deve ser levado ao extremo, pois existe situação onde é impossível ser positivo, como a cobertura de uma guerra, por exemplo. (KUNCZIK, 2002:352-353) O problema do Terceiro Mundo não começou nem com o capitalismo monopolista, nem com o colonialismo. Os elementos do problema já estavam presentes no Terceiro Mundo, especialmente na Ásia e na África, nas formas da posse de terras, nas configurações da produção agrícola, nas relações sociais, nos modos de organização política, etc. que caracterizaram essas sociedades antes do advento da “expansão européia”. (JAYAWEERA, 1986:20) Neste contexto é natural que um jornalista de desenvolvimento esteja atenuado com a leitura das ciências sociais. Através desta leitura o jornalista fica livre de falsos julgamentos e estereótipos. Naturalmente, este jornalista deve ser autodidata. Através da busca do conhecimento ele beneficia o leitor. O jornalista de desenvolvimento deve compreender a interação entre os problemas pessoais e os problemas sociais existentes para pode dar sentido ao mundo. O critério decisivo que distingue o jornalismo ocidental do jornalismo de desenvolvimento reside na aceitação do principio da atualidade. A regra segundo a qual uma boa cobertura informativa é sinônima de uma cobertura informativa de atualidade não pode ser aplicada ao jornalismo de desenvolvimento. O empenho em produzir constantemente notícias com rapidez impossibilita uma recopilação de notícias baseadas na investigação cuidadosa e na explicação de contextos. (KUNCZIK, 2002:364) De certa forma, este aspecto de agilidade do jornalismo ocidental acaba muitas vezes por não ser ético. A falta de análise, acusação em massa de fontes em uma só direção, vista com sensacionalismo, muitas vezes ultrapassa somente o objetivo de informar. Este é um grande diferencial entre jornais e revistas, impressos. Enquanto o primeiro é mais dinâmico, na mesma proporção, é o que tem mais chances por burlar a ética diante o aspecto quantitativo. Não por isso que a revista também não vai fugir a regra. Somente os ataques entre os editoriais de Mino Carta e Diogo
  • 32. Mainardi, editor chefe da revista Veja, já explicitam de cara que as duas revistas ultrapassam o limite da ética jornalística. Não obstante, diante a sociedade da informação acontece o famoso bombardeio de notícias instantâneas onde ninguém entende nada. Causam mais efeitos do que informam, principalmente os telejornais das grandes emissoras ocidentais. “É duvidoso que os meios de comunicação de propriedade privada, que competem entre si, sejam mais idôneos para realizar um jornalismo de desenvolvimento”. (KUNCZIK, 2002:364) Este tipo de jornalismo é mais reflexivo, mais trabalhado, interpretativo. Ele não cai na fobia do rápido, onde grande parte do conteúdo é elaborada de última hora, sem muita averiguação. Depender da agilidade é depender do publico, e não respeitá-lo. “Isso envolveria na prática o risco de priorizar conteúdos despolitizados, culturalmente empobrecidos, sensacionalista e de entretenimento”, naturais do grande jornalismo moderno ocidental. (ARBEX, 2001:75) Ele é um franco defensor da democracia, consequentemente da liberdade de imprensa. “Os governos autocratas da América Latina e de muitos estados asiáticos combatem os meios de comunicação independentes, e em particular os jornais; só um jornalismo livre e responsável poderá contribuir de maneira duradoura para o desenvolvimento planificado”. (KUNCZIK, 2002:372) Na Ásia quando falamos em divulgação parcial ficamos em dúvidas perante os governos, em particular da China, em censurar a imprensa. Já na América Latina, vemos Hugo Chaves censurar a Television, ao passo que Cristina Kirchner já intervencionou o INDEC, que é o indicie que mede os movimentos econômicos da Argentina. No Brasil, tivemos a intervenção de Gilmar Mendes ao jornal Estado de S. Paulo. O jornalista ético de desenvolvimento não pode deixar germinar na sociedade um tipo de consenso que faculte uma minoria que vive nas costas de uma maioria que realmente trabalha e obedecem as leis estipuladas, ao fim de manter a ordem e serviço a nação. “Ele motiva a crítica na sociedade, motiva o povo a lutar por um ideal que julga necessário para a maioria participante”. O jornalismo de desenvolvimento se encontra arraigado num conceito geral de administração e planejamento e por isso possui um “caráter instrumental e sócio-tecnológico”. “O jornalista deve estar arraigado numa dada cultura local, esforçar-se para obter a cooperação dos
  • 33. membros mais importantes da comunidade e usar linguagem apropriada para as habilidades lingüísticas do público”. (KUNCZIK, 2002:370) Uma das características mais importantes do jornalismo é a confiabilidade de um meio de comunicação. “O meio de comunicação pode ser visto como instrumento de propaganda do governo. Uma vez que a maioria das pessoas considera como pouco confiável um sistema de comunicação, mesmo os melhores conteúdos de jornalismo de desenvolvimento deixarão de ter efeito”. (KUNCIZIK, 2002:371) O jornalismo ético deve usar a sua capacidade de retórica nos detentores do poder, um jornalismo livre serve de interesse a todos os integrantes do sistema. Diante o neopopulismo na América Latina, muitas vezes estas liberdades são postas em risco. “Os governos autocratas da America Latina e de muitos estados asiáticos combatem os meios de comunicação independentes e em particular os jornais”. De acordo com a organização Freedom House, somente em 1986 foram presos 178 jornalistas e 19 assassinados. “Só um jornalista livre e responsável poderá contribuir de maneira duradoura para o desenvolvimento planificado”. (KUNCIZIK, 2002:372) O jornalista ético deve promover a pluralidade social. Sempre objetivando o principio de subsidiaridade. Diante a proximidade do receptor e emissor, o primeiro pode se tornar o informante e o professor das regras da democracia em termos “locais” e “regionais” no mesmo instante. Como principal veículo de informação entre o político e a população o jornalista acaba dando suporte às leis. Ao mesmo tempo em que o jornalismo pauta as problemáticas para o político. Como transmissor de exigências, podemos incluir as denúncias e os problemas sociais. Através da retroalimentação o jornalista ético vai sempre interpretar a notícia, relembrando de fatos, demonstrando hipóteses cabíveis para problemáticas. Quando o governo lança uma lei, é ele quem vai divulgar a mesma, retroalimentar as novas leis estipuladas. É ele quem vai estudar o passado, entender o presente e ajudar a solucionar o futuro. Assim em suma, o jornalista ético de desenvolvimento é baseado em propósitos racionais e responsabilidade ética. Ele visa a qualidade de vida de seus leitores. “A orientação de valores é claramente democrática e emancipadora”. (KUNCIZIK, 2002:372)
  • 34. 2.3. Gêneros opinativos Por mais que a instituição jornalística tenha uma orientação definida (posição ideológica ou linha política), em torno da qual pretende que as suas mensagens sejam estruturadas, subsiste sempre uma diferenciação opinativa (no sentido de atribuição de valor aos acontecimentos). Isso é uma decorrência do processo de produção industrial, pois a realidade captada e relatada condiciona-se à perspectiva de observação dos diferentes núcleos emissores (empresa, jornalista, colaborador e leitor). (MELO, 1994:34) No instante em que a imprensa se profissionalizou deixando de ser um empreendimento individual, como no tempo de Chateaubriand, tornando-se uma organização complexa contando com uma grande força de trabalho assalariado de acordo com os Sindicatos, “a expressão da opinião fragmentou-se seguindo tendências diversas e até mesmo conflitantes”. (MELO, 2006:12) Um jornalismo opinativo qualitativo visa: A informação, o interesse, a denúncia perante desigualdades, a investigação, apuração de fatos, o contextualizar o individuo na sociedade, propiciar a democratização, demonstrar a realidade, ser polêmico e aguçar o senso crítico. Normalmente os jornalistas opinativos possuem bastante experiência de campo. Ele deve ser um hiper especialista sobre sua especialidade. Normalmente possuem diversas fontes importantes. (BELTRÃO, 1986) No Brasil, os editoriais acabam tendo muito mais impacto político do que nos Estados Unidos – o representante do modelo ocidental de jornalismo. Nos Estados Unidos, o estado tem muito mais autonomia do que a mídia. Lá, se existirem 1000 tablóides contra a guerra no Iraque, o estado não vai tomar a atitude por estas, mais sim por seus ministros que protegem sua posição democrática. Já no Brasil, Collor Caiu via imprensa. Este trabalho de análise de discurso visa o conteúdo opinativo do editorial da Carta Capital. Os principais gêneros opinativos do jornalismo são: “Comentário, Artigo, Resenha, Coluna e Editorial”. (MELO, 2003:26). Apesar de ser um pouco raro, o comentário também existe. Este é um gênero que foi introduzido no país recentemente, utilizado para ser um paradigma alternativo do editorial, porém mais focado nos assuntos tocados em torno dos fatos que estão acontecendo. Ele vem junto com a própria notícia. Já o artigo pode ter duas definições. Pelo senso comum é qualquer elemento jornalístico impresso, não importando o objetivo. Já as instituições jornalísticas definem o artigo como “um gênero específico, uma forma verbal”. Todavia, trata-se
  • 35. de uma matéria jornalística onde o emissor desenvolve uma idéia apresentando uma opinião. O artigo é um “escrito, de conteúdo amplo e variado, de forma diversa, na qual se interpreta, julga ou explica um fato ou uma idéia atual, de especial transcendência, segundo a conveniência do articulista“. (VIVALDI, 1998:12) A resenha pode ser concebida como uma análise sobre obras-de-arte ou dos produtos culturais. Seu objetivo é a orientação dos receptores. No nosso país o termo ainda não se desenvolveu também - muitas vezes estes gêneros são intitulados como “crítica”. Trata-se de uma atividade eminentemente utilitária. “Coluna é a seção especializada de jornal ou revista publicada com regularidade, geralmente assinada, e redigida em estilo mais livre e pessoal do que o noticiário comum. Compõe-se de notas, sueltos, crônicas, artigos ou textos-legendas, podendo adotar, lado a lado, várias dessas formas. As colunas mantêm um título ou cabeçalho constante, e são diagramadas geralmente numa posição fixa e sempre na mesma página o que facilita a sua localização imediata pelos leitores“. Elas são opiniões e informações curtas que visam agilidade e abrangência. “Procura trazer fatos, idéias e julgamentos em primeira mão. Do ponto de vista estrutural, ela é um complexo de mini-informações”. (MARQUES DE MELO, 2003:42) Toda empresa de comunicação possui uma ideologia. A imparcialidade é tida com um mito. E é no texto do editorial que esta visão é demonstrada, implícita ou explicitamente. Os textos informativos objetivam a informação, independente se sejam tendenciosos ou não - no caso da tendência demonstrada de uma forma informativa, com citação de fontes, ou até mesmo apurações em OFF. Segundo José Marques de Melo, a opinião contida no editorial não se trata de uma atitude voltada para perceber as reivindicações da coletividade e expressá-las a quem de direito. Significa muito mais um trabalho de “coação“ ao Estado para a defesa de interesses dos segmentos empresariais e financeiros que representam. Para José Marques de Mello o escritor do editorial deve conciliar os diferentes interesses do cotidiano e refletir o consenso dos diferentes núcleos proprietários da instituição. Nisso, o princípio de orientar a opinião pública está associado à orientação das ações do estado. Muitas vezes o editorial esta objetivando uma motivação político – econômica em favor ou detrimentos, a este ou aquele político que dependente ou independentemente favorece a empresa jornalística economicamente. É necessário que este jornalista seja experiente. Ele precisa ter uma vocação de pegar determinados assuntos e direcioná-los. Porém, a voz dos veículos tem de
  • 36. ser acordada, pois a visão pessoal do jornal não é a do seu dono, em sua maioria. Isso porque existem outros aspectos que também precisam se acertar entre si, para que saia um editorial que atenda a todos estes interesses (acionistas, agências financiadoras, donos, estados). Por sinal, todo o conteúdo ideológico se um jornal é afetado com as mesmas decisões. Leva-se a discussão para direção do jornal, e esta, sempre aponta a atitude que o estado vai tomar. Toda esta dinâmica entre o que os jornalistas defendem e a ideologia da empresa de comunicação é negociada. No caso da revista Carta Capital o editorial é semanal visto que a revista é semanal. Cada edição de uma revista jornalística, normalmente, sempre vem com um editorial, independente do seu gênero, ou público alvo. Na carta capital o editorial elaborado por Mino Carta trás o conteúdo da semana. Ele analisa e seleciona as principais notícias de acordo com os seus valores pessoais e os valores notícias. No caso de Carta, ele é um dos donos da revista. Porém, normalmente quem escreve o editorial é o chefe de redação, normalmente gabaritado perante os objetivos ideológicos e comerciais do periódico. De acordo com Luiz Beltrão, os atributos específicos do editorial são: a) impessoalidade (não se trata de matéria assinada, utilizando portanto a terceira pessoa do singular ou a primeira do plural) ; b) topicalidade (tema bem delimitado, tratando de questões específicas); c) condensalidade (poucas idéias, breve e claro) ; d) plasticidade (flexibilidade, ritmo dos fatos com seus desdobramentos). “Os editoriais são lidos por menos de 10% dos leitores“ - segundo o escritor Alan Viggiano - a maioria dos leitores brasileiros recusa o editorial porque ele é muito massudo; destina-se a uma determinada classe de leitores; não é valorizado (problema gráfico); e, geralmente, o tema abordado não diz respeito ao universo específico do público (massa). Independente do sucesso do editorial junto ao leitor é nele que o chefe de redação vai utilizar muitas formas de argumentação e estimular vários sentidos para demonstrar que a visão da revista é a mais legítima. Justamente por isso que o estudo semiótico foi escolhido para analisar estes textos opinativos. Mais precisamente a semiótica inspirada por Greimas, pois ela estuda todas as performances de efeitos de sentido de uma mensagem.
  • 37. 3. Semiótica O Código verbal da linguagem é dependente de três conceitos inicias: Emissor, Mensagem e Receptor. Receptores têm códigos de vidas diferentes. A mensagem pode ser mostrada de uma forma direta (jornal, fala) ou indireta (pressuposições). No início do século XX duas ciências da linguagem cresceram rapidamente, uma delas é a linguística, ciência da linguagem verbal, a outra é a Semiótica, ciência de toda e qualquer linguagem. Nela existe uma forma de comunicação que escapa da tríade comunicacional “ver-ouvir-ler”, e ao mesmo tempo, é estimulado por ela de uma forma direta. Um clássico exemplo é a sentença: “Onde existe fumaça ha fogo”. Muita fumaça pode significar diversas coisas, como incêndio, chaminé, queimada. Até olhar ou cheirar a fonte do problema a dúvida permanecerá no ar. Diante o mundo em que vivemos cada um forma uma codificação particular. Se um urbanista estiver no campo e enxergar fumaça, pode pensar que se trata de uma queimada quando na verdade pode ser apenas a chaminé de um forno a lenha. Quando falamos da linguagem é perceptível que ela veicula conceitos que se desenvolvem no ouvido onde tal som recebe uma tradução visual (linguagem escrita). Quando crianças, aprendemos a falar por esta fórmula de assimilação. Existe uma figura e esta recebe um nome para o seu significado. Primeiro aprendemos o símbolo, depois o que ele significa. Justamente por isso que existem excessos de figuras nos livros didáticos infantis. Simultaneamente existe um grande conteúdo de outros tipos de linguagens que também se constituem em sistemas sociais de representação mundana. Tanto diante a situação social de dado país quanto na codificação da sua população - como a linguagem de libra, automobilismo, culinária, etc. Quanto maior a capacidade de interpretação do ser, maior o entendimento dos códigos de linguagem. Não obstante falamos do jornalismo especializado e ele se encaixa muito bem nesta categoria de informação. O jornalista político deve conhecer também os jargões da política, os econômicos dos economistas, e assim por diante – só desta forma vão conseguir o sucesso na comunicação diante as fontes especializadas. Este jornalista acaba adequando sua linguagem para poder acompanhar as especialidades. Mais ou menos como um dos aspectos do naturalismo – o meio (lugar) modificando o homem.
  • 38. “De dois séculos para cá (pós-revolução industrial), as invenções de máquinas capazes de produzir, armazenar e difundir linguagens (a fotografia, o cinema, os meios de impressão gráfica, o rádio, a TV, as fitas magnéticas etc.) povoou nosso cotidiano com mensagens e informações que nos espreitam e nos esperam. Para termos uma idéia das transmutações que estão se operando no mundo da linguagem, basta lembrar que, ao simples apertar de botões, imagens, sons, palavras (a novela das oito, um jogo de futebol, um debate político...) invadem nossa casa e a elas chegam mais ou menos do mesmo modo que chegam à água, o gás ou a luz”. (SANTAELLA, 2003:12) Dominar a linguagem é ter poder. Um bom exemplo é a Inglaterra. Ela que já fora uma grande potência do mundo, agora, só demonstra sua potência linguisticamente através da língua universal, o inglês. Outro bom exemplo é a moda. No Brasil onde a temperatura média é de trinta graus, a população segue tendências de países frios que estão na elite da moda, a calça jeans é o maior exemplo disto. O terno e gravata também são muito usados, principal traje das grandes instituições. A discussão paira sobre a qualidade da marca, sendo que na verdade nenhum terno é adequado a um calor de quarenta graus. Isso acontece porque o julgamento de valor que fazemos sobre isso é extremamente forte; se uma pessoa não está vestida adequadamente passa a ser julgada negativamente perante a ética mundial misturada com da sociedade vivente. Neste sentido os grandes países do capitalismo comandam a comunicação mundial. A imprensa é tida como principal canal de comunicação, forma a personalidade das pessoas através de signos organizados em mensagens, o funcionamento da mensagem ocorre como forma de transmitir: emissor, tipologia e dissertação. No sistema social em que vivemos recebemos um “bombardeio de mensagens que servem à inculpação de valores que se prestam aos interesses dos proprietários dos meios de produção de linguagem e não aos receptores”. Assim, se todo fenômeno cultural só funciona culturalmente porque é também um fenômeno de comunicação, e considerando que tais fenômenos “só se comunicam porque se estruturam como linguagem”, é notável que todo e qualquer fato cultural e qualquer atividade ou prática social “constituem-se como práticas significantes, isto é, práticas de produção de linguagem e de sentido. Iremos, contudo, mais além; de todas as aparências sensíveis, o homem — na sua inquieta indagação para a compreensão dos fenômenos — desvela significações”. (SANTAELLA, 2003:15-16)
  • 39. A leitura é poder de linguagem, pode ser objetiva e subjetiva. Um bom escritor pensa no tema e em argumentos textuais, para quem e como escrever. A função da linguagem é de mexer com o emocional de receptor, rompendo a estrutura social com argumentos no papel social. Tudo possui uma linguagem. E toda linguagem trabalhada acaba virando especializada. Desde linguagem computacional, humana, até florestal. A catalepsia projetiva estuda o estudo do sono. Existem, até mesmo, estudos sobre a linguagem do silencio. Visto assim, “a semiótica é a ciência que tem por objeto de investigação todas as linguagens possíveis, ou seja, que tem por objetivo o exame dos modos de constituição de todo e qualquer fenômeno como fenômeno de produção de significação e de sentido”. O que nos favorece, pois se já sabemos que os grandes políticos possuem a arte da retórica o grande jornalista político ambiciona a mesma arte pragmática. Explosão de geração de sentido elaborado por ambas as partes, intencionalmente. (SANTAELLA, 2003:18) A semiótica é um grande indefinido. Ela ambiciona os fenômenos antecedentes até a construção da linguagem. Consequentemente, um bom semiótico deve ter boa base das ciências sociais, devido à alta oferta de entendimento cultural pertencente a cada sociedade. È mais uma matéria que estimula a convergência de diversas faculdades. Um bom semiótico está além do olhar, de um simples julgamento de valor. Ele entende os estereótipos formados na realidade em que vive. Portanto, a semiótica procura analisar o “ser” na linguagem, ou seja, a ação de signo. Para quem não sabe, signo é a estética do observado, significante é o que ele pensa sobre a significação do observado. Por exemplo, quando vemos um lápis (imagem – signo) logo pensamos na palavra LÁPIS (significante – palavra, neste caso), e vice e versa. Um dos maiores lingüistas da história, Charles S. Pierce, elaborou um estudo dos signos que é base para entendermos a semiótica moderna. Diante a confusão dos estudos da lingüística na sua época, ele tentou colocar as relações lingüísticas sociais através de um modelo consistente Pierce era estudante de química e de tanto estudar tal matéria e outros fenômenos acabou percebendo que a maioria das coisas da natureza é semelhante, o pensador possui trabalhos em diversos campos de estudo. Nisto, no campo da filosofia, acabou inventando a fenomenologia (estudos dos fenômenos naturais). O
  • 40. pensador inventou o termo “pragmático”, porém, por brigas de autoria do mesmo, acabou por definir a palavra “pragmatismo”, que se refere ao mesmo conteúdo de estudo. Num artigo intitulado “Sobre uma nova lista de categorias”, Pierce em 14 de maio de 1867 descreveu suas três categorias universais para toda experiência e pensamento. Para Pierce, tudo o que surge na consciência se mobiliza numa gradação de três propriedades que correspondem aos três elementos formais de toda e qualquer experiência. Essas categorias foram denominadas: qualidade; relação e representação. Para representar toda manifestação do pensamento humano atravé de um único modelo Pierce se baseia em uma terminologia dividida em: Primeiridade, Segundidade e Terceiridade – traduzindo-as como ícone, índice e símbolo. (PEIRCE, 1999)
  • 41. 3.1. Ícone, índice e símbolo - Charles S. Pierce O ícone é considerado um signo que possui alguma semelhança com o objeto representado. “Exemplos de signo icônico: a escultura de uma mulher, uma fotografia de um carro, e mais genericamente, um diagrama, um esquema”. Ele é um signo que ganhou tanta consideração que acaba virando um grande símbolo dos outros símbolos de sua especialidade. (COELHO, NETTO 2007:57) Afinal, John Lennon já se considerou mais famoso do que Jesus Cristo. Mesmo que o Pelé fique jogando basquete para o resto de sua vida, ele sempre representará o futebol, e não meramente só lembrará o esporte. O Pelé é um bom exemplo de ícone. Quando falamos do Ronaldinho Gaúcho, do Romário ou do Ronaldo Fenômeno, são considerados meros símbolos no que tange ao Pelé no futebol. É um fato social unânime entre os diversos segmentos de especialistas e interessados em futebol. Tão natural quanto o sol de manhã, ou a Lua de noite. É interessante notar que dificilmente um signo se torna ícone. Pois para um signo virar ícone ele deve ser unanimidade no que tange a representação de outros signos do mesmo segmento. Ele será um índice que nunca perderá o seu valor como objeto. É interessante lembrar que cada um possui as suas codificações. Se eu encontro no centro da cidade o padeiro que está ha trinta anos na esquina da minha casa, ele será um ícone de padaria para mim. Já, diante a aglomeração ele se torna apenas mais uma pessoa diante ao número de pessoas que percorrem o local. Já “o índice dentro da semiótica é um signo indicador”. O fato de o índice ser mobilizado pelo objeto o torna um signo. Eles se fixam diante a repetição dos fatos sociais vividos. Quando somos crianças aprendemos diveros indicadores desta espécie como: não abra a porta para estranhos, não tome remédios por conta própria, não ingerir líquidos que contenham “caveira em rótulos”. (COELHO NETTO, 1990:59) Já se tiramos o valor do objeto do índice ele perde seu significante. Se virmos um veículo na rua sem a maçaneta, estando apenas um buraco no local, logo pensamos que ali ocorrerá uma tentativa de assalto, observação esta estimulada por experiências anteriores diante a televisão, fotografias, ou experiências pessoais. Porém, depois de uma análise qualitativa da região, percebemos que o veículo está perto de uma oficina mecânica donde esta saindo um mecânico com uma nova
  • 42. maçaneta na mão. Logo entendemos que estávamos errados diante o objeto estereotipado. Exemplos de índices: Onde há fumaça há fogo, um campo molhado é índice de que choveu, uma seta colocada num cruzamento é índice do caminho a seguir; um pronome demonstrativo, uma impressão digital, um número ordinal. O índice é algo que vai representar o seguimento de alguma coisa, quando consumimos os produtos e pensamos neles com um índice percentual ao seu salário, verá que o valor do objeto aumentará no pensamento. Como diria Emile Durkheim, quando nascemos estamos diante uma sociedade dada independente das manifestações individuais. Conforme crescemos, percebemos a simbologia das coisas. Os símbolos são todos dados. No nosso cotidiano infantil aprendemos discriminadamente que o branco simboliza paz e o negro terror. Símbolo é um signo que se refere ao objeto denotado em virtude de uma associação de idéias produzida por uma convenção. O signo é marcado pela arbitrariedade. Pierce observa que o símbolo é de natureza. Ex.: qualquer das palavras de uma língua, a cor verde como símbolo de esperança etc. (COELHO NETTO, 1990:59) Se uma placa de trânsito possui uma seta simbolizando para os veículos virarem à esquerda, e no respectivo lado não existindo uma curva, o índice passa a perder o seu valor, pois não representa o objeto. Neste fôlego, o símbolo da placa, ou mesmo a placa simboliza (índice), perde o seu valor representativo. Naturalmente existe uma grande relação entre símbolo e índice. Logo quando um símbolo faz sucesso vira ícone. Estabelecendo o signo como gênero do qual ícone, índice e símbolo são espécies, o modelo de Pierce apresenta-se como mais satisfatório e coerente do que as outras propostas de sua época, principalmente a concepção de signo lingüístico de Ferdinand de Saussure, incompletas quando comparadas com a de Pierce no que tange o sentido dos termos. Saussure concebe o signo lingüístico como um signo arbitrário, não funcional no que tange o designamento do signo lingüístico. Ele dava exemplos como à balança, a seta, condizendo que eles nunca poderiam ser substituídos. Saussure não acreditava que índice, símbolo e ícone pudessem se misturar (ícone e símbolo,
  • 43. simultaneamente, ou símbolo e índice), já Pierce acreditava como vimos nos exemplos se índices e símbolos acima, por exemplo, que os níveis de convergem. Pierce se baseou até mesmo no aspecto religioso comparando as idades com a tríplice trindade. Na idéia, seguem-se caminhos regentes que vai do abstrato ao concreto, neste mundo que é um poço de abstrações. Para ele a natureza se manifesta em três sentidos sobre três sensações de possibilidade: Olhar, ação e concretização.
  • 44. 3.2. As idades de Pierce Primeridade / Ícone / Olhar: Idéia surgida. Em todas as mentes existe este lago sem fundo. Trata-se de uma consciência imediata, momentânea. Quantas vezes as pessoas tem boas idéias enquanto discutem, porém, elas não saem do bom papo. Tudo que está imediatamente presente à consciência de alguém é tudo aquilo que está em sua mente no instante presente, já diria o linguista Luis Tatit. Nossa vida inteira está no presente, porém, em instantes o presente já se foi, e o que permanece dele já está transformado. Primeridade é uma qualidade tomada como signo. Ex.: sensação de "vermelho". Sendo uma qualidade, só pode significar um objeto tendo com este alguma semelhança; portanto, é um ícone. E considerando que uma qualidade é uma mera possibilidade lógica, só pode ser interpretada enquanto rema. Portanto, esta é a classe do qualissigno icônico remático. É uma coisa ou evento da experiência cujas qualidades fazem com que signifique um objeto. Ex.: o diagrama de uma árvore. Tendo semelhança com o objeto, é um Ícone (envolve, pois, um qualissigmo) e, como no primeiro caso, é interpretado através de um rema: (COELHO NETTO, 1990:62) O sentimento é base da consciência imediata, sendo também paradoxalmente justo aquilo que se oculta no pensamento porque para pensar precisamos nos mobilizar no tempo. Consciência em primeridade é qualidade de sentimento e, por isso mesmo, é compreendido como a primeira apreensão das coisas. “Sentimento é, pois, um quase-signo do mundo, primeira forma, vaga e indeterminada de predicação das coisas. É ainda a possibilidade de ser, deslancha irremediavelmente para o que já é, e no seu ir sendo, já foi”. (FIORIN, 2007:16) Segundidade / Índice / Ação: Transição. Como transformar em material a idéia sugerida na idade à cima. Há um mundo real independente do pensamento, porém pensável, o que simboliza a segundidade. “Esta é a categoria que a aspereza e o revirar da vida tornam mais familiarmente proeminente; Esbarramos em fatos que nos são externos, tropeçando em obstáculos que não cedem ao mero sabor de nossas fantasias”. (COELHO NETTO, 1990:64) Só o fato de existência humana significa a todo o momento ação de consciência em relação ao mundo. Estar numa relação, tomar um lugar no universo, resistir e reagir, ocupar um tempo e espaço junto com outros corpos – todos, fatos
  • 45. de segundidade. Alguns se desenvolvem até a terceridade; já a maioria, acaba por perder-se no pensamento. Neste sentido, a idéia surgida na primeridade passa a ser desenvolvida, e é a segundidade que vai desenvolvê-la. A segundidade é justamente os caminhos traçados para a evolução de idéias, as campanhas percorridas para chegar a determinada sanção. Neste momento o dono da idéia vai perceber se seu pensamento vai dar certo ou não. “Certamente, onde quer que haja um fenômeno há uma qualidade (um pensamento inicial qualitativo), isto é, sua primeridade. Mas a qualidade é apenas uma parte do fenômeno, visto que, para existir, a qualidade tem de estar convertida numa matéria. A factualidade do existir (secundidade) está nessa corporificarão material do pensamento”. (SANTAELLA, 2000:32) Qualquer sensação já é o estimulo do pensamento, aquilo que move o pensar. Falar em pensamento é falar em processo longo de codificação, mediação interpretativa entre nós e os fenômenos. É sair, portanto, do segundo como aquilo que nos impulsiona para o universo do terceiro. “Agir, reagir, interagir e fazer são modos marcantes, concretos e materiais de dizer ao mundo, interação dialógica, ao nível da ação, do homem com sua historicidade”. Assim sendo, secundidade é quando o sujeito lê com compreensão e profundidade de seu conteúdo. “Como exemplo: ‘O homem comeu banana’, e na cabeça do sujeito, ele compreende que o homem comeu a banana e possivelmente visualiza os dois elementos e a ação da frase”. (SANTAELLA, 2000:30) Terceridade – Símbolo - Concretização: A conclusão da idéia passa a ser direta - explícita. Um prédio cujo projeto fora discutido por engenheiros desde a época da faculdade (primeridade), quando se reuniram depois de dez anos depois e o assunto voltou à tona, começou o projeto (segundidade), e assim foi construído um prédio de negócios (terceridade). "Nenhuma linha firme de demarcação pode ser desenhada entre diferentes estados integrais da mente, isto é, entre estados tais como sentimento, vontade e conhecimento. É claro que estamos ativamente conhecendo em todos os nossos minutos de vigília e realmente sentindo também. Se não estamos sempre querendo, estamos pelo menos, a todo o momento, com a consciência reagindo em relação ao mundo externo". (PEIRCE, 1999:11) Nessa medida tudo é signo, qualquer coisa que se produz na consciência tem o caráter de signo. O sentimento ou qualidade de impressão é um pré-signo porque
  • 46. já funciona como um primeiro significante das coisas que se apresentam. A ação ou experiência também pode funcionar como signo porque se apresenta como resposta ou marca que deixamos no mundo. Justamente neste ponto esta enraizada as bases para a semiótica, pois “é justo na terceira categoria fenomenológica que encontramos a noção de signo genuíno ou triádico, assim como é nas segunda e primeira categorias que emergem as formas de signos não genuínos, isto é, as formas quase sígnicas da consciência ou linguagem”. Depois que uma idéia passa pelos três níveis, ele chega à semiose, ou sansão. (SANTAELLA, 2003:12) Voltando ao exemplo de “onde existe fumaça há fogo”, percebemos que existem certas condições antes de qualquer precipitação na interpretação. Pode-se dizer que os dois primeiros níveis são os mais difíceis, porque beiram a abstração, caso contrário da terceridade, que já é o objeto em si existente, ou a confirmação do (símbolo) da desconfiança (índice) que foi gerada (ícone) no pensamento.
  • 47. 3.3. Greimas e o percurso gerativo de sentindo Para clarificar os modos de organização dos textos, bem como os mecanismos de produção e recepção, a semiótica parte da construção dinâmica de um enunciado através do percurso gerativo de sentido. De fato, conforme o terceiro postulado de Floch, para semiótica uma manifestação lingüística é construída por “[...] uma sucessão de patamares, cada um dos quais suscetíveis de receber uma descrição adequada, que mostra como se produz e se interpreta o sentido, num processo que vai do mais simples ao mais complexo [...]” do mais abstrato ao mais figurativo do plano de conteúdo. (GREIMAS apud FIORIN, 1997, p.17) Depois da revolução pierciana diante o estudo da semiótica que antes da chagada de Pierce estudava apenas elementos linguistícos - se esquecendo do aspecto social na análise da mensagem - ocorreu um boom de teorias semióticas. Porém, em meados da década de 60 do século passado, mais particularmente no território francês, havia um descontentamento diante os paradigmas da época que tinham como carater a análise de sentido. Este momento é considerado como o auge do estruturalismo na europa, cuja preocupação era com a contrução dos sentidos dos textos e com a interpretação. Para os franceses as teorias vigentes eram qualitativas, mas pecavam em algumas aspectos análiticos de sentido. Diante a problemátiva, “uma das teorias que adotava a produção de sentidos como interesse fundamental era a semiótica desenvolvida pelo chamado Grupo de Paris, constituído em torno dos pensamentos de A. J. Greimas”. (GRAGEIRO E GREGOLIN, 2005:05) “As dificuldades práticas para estabelecer essas universais semânticas e para definir as regras de compatibilidade entre estas unidades são de tal ordem que a análise sêmica só produz resultados satisfatórios em campos léxicos bem delimitados”. (GREIMAS & FONTANILLE, 1993:09-14) Greimas concebeu uma Teoria Geral dos Signos, onde o mesmo dizia que um signo não é algo em si vivo, mas, representativo. Concebeu a semiótica, sendo classificada como estruturalista. Inventou um modelo teórico, uma teoria cientifica. Greimas considera “tudo” como um texto suscetível de análise de sentindo. Todas as organizações sociais têm seus textos, sua configuração discursiva no percurso gerativo da mensagem. Elaborou um modelo fechado mantido por modelo teórico de análise de sentido.