O documento descreve a Semana de Arte Moderna de 1922 em São Paulo, um evento crucial para o início do movimento modernista no Brasil. Apresentou obras literárias, musicais e artísticas vanguardistas para um público conservador, que reagiu de forma hostil, vaiando os artistas. Apesar das críticas, o evento conseguiu seu objetivo de chocar a sociedade e marcou o início do modernismo brasileiro.
1. Modernismo no Brasil
Módulo 23 – Fascículo 9
Prof. Michel Nascimento
Blog: www.educacaoadventista.org.br/blo/michel
2. • Na aula de hoje nós falaremos sobre o
modernismo brasileiro, movimento influenciado
pela Vanguarda Europeia bem como pelo
modernismo português.
• São Paulo na época era considerada a capital
mais moderna do país, cidade fundamental para
o novo movimento que estava as portas.
• Didaticamente o modernismo brasileiro tem
início em 1922 a conhecidíssima semana da
arte moderna.
• Semana que aconteceu no teatro municipal de
São Paulo nos dias 13, 15 e 17 de fevereiro.
3. Antes da semana, várias outras coisas
aconteceram em prol do modernismo, onde
podemos citar os principais antecedentes da
semana: a volta de Oswald de Andrade que
estava na Europa e que lá entrou em contato
com as novas manifestações da Vanguarda
europeia.
Também temos a primeira exposição dos
quadros expressionistas do Lasar Segall –
temos também os vários livros lançados pelos
autores que participariam mais tarde da semana
e o grande estopim, a exposição da pintora Alice
Malfatti e, que fora muito criticada nessa
exposição por Monteiro Lobato num artigo
intitulado paranoia ou mistificação.
4. principais representantes da semana
de arte moderna:
Literatura:
• Mário de Andrade
• Oswald de Andrade
• Ronald de Carvalho
Pintura:
• Alice Malfatti
• Tarsila do Amaral
• Di Cavalcante
Música:
• *Heitor Villa-Lobos
5. A semana de arte moderna foi organizada
por vários artistas e contou com o patrocínio da
elite paulistana.
Nessa semana os artistas modernos
contaram com apoio de uma grande figura já
consagrada na Literatura, figura esta que fazia
parte da academia brasileira de letras.
Graça Aranha, o pré-modernista autor de
Canaã foi quem proferiu a abertura do evento
7. Já esse foi elaborado
para a exposição das
artes plásticas, também
confeccionado por Di
Cavalcante.
8. ?
O que foi essa semana tão falada até ?
os dias de hoje?
?
O que aconteceu?
?
Qual foi a reação do público?
Vejamos o que dizem os principais
jornais da época:
?
?
9. FOLHA DA NOITE
São Paulo, 16/02/1922
" Foi, como se esperava, um notável fracasso, a récita
de ontem da pomposa Semana de Arte Moderna, que
melhor e mais acertadamente deveria chamar-se
Semana de Mal - às artes. O futurismo tão decantado
não é positivamente de futuro... No presente, diante
da ignorância de tal semana por parte da sonolenta
sociedade, ainda é possível que dê alguma coisa;
depois, porém, de conhecer a droga, ninguém
penetrará a botica em que foi transformado o
Municipal, agora muito em voga com o caso do Sr.
Nilo, que foi representado pelo poderio dos
futuristas... Mas no recital cabotiníssimo de ontem,
foi tudo derrocado, ou quase tudo. Pondo-se de parte
a nossa excepcional patrícia, quem interpretou sob
protestos, aliás, trechos do pré-homem, o resto foi
um atestado eloquente e incisivo da morbidez
teratológica de que nos falou ontem Pinto Serva.
10. Jornal O Estado de São Paulo
16 fevereiro de 1922
“As colunas da secção livre deste jornal estão à
disposição de todos aqueles que, atacando a
Semana de Arte Moderna, defendam o nosso
patrimônio artístico”.
11. Jornal do Comércio
17 fevereiro de 1922
“É preciso que se saiba que nos manicômios se
produzem poemas, partituras, quadros e
estátuas, e que essa arte de doidos tem o mesmo
característico da arte dos futuristas e cubistas
que andam soltos por aí”.
12. • A semana foi verdadeiramente um escândalo. Logo após
a abertura da semana feita por Graça Aranha, Villa-
Lobos tem de interromper sua apresentação por conta
das vaias dos expectadores.
• Em seguida entra Ronald de Carvalho e lê o poema
“Sapos” de Manuel Bandeira – a plateia fica mais
nervosa ainda e começa a repetir o refrão do poema que
se assemelhava ao coachar dos sapos. Foi uma confusão
sem tamanho.
• Mário de Andrade para dar uma forcinha acaba
recitando um poema nas escadarias do teatro, uma
maluquice sem tamanho.
• Para finalizar a balburdia, Villa-Lobos mais uma vez
entra no palco todo arrumadinho só que de chinelo e
guarda-chuva, e a plateia quase veio abaixo, querendo
socar os artistas, no entanto eles ficaram muito felizes,
pois alcançaram seus objetivos, ou seja, chocar,
provocar a sociedade da época bem como o
conservadorismo.
• Vejamos uma foto tirada logo após finalizada a semana:
14. Os sapos
Enfunando os papos,
Saem da penumbra,
Vejamos agora um fragmento do
Aos pulos, os sapos.
A luz os deslumbra.
poema os saposEm ronco que aterra,
Berra o sapo-boi:
_ “Meu pai foi à guerra!”
_ “Não foi! _ “Foi!” _ “Não foi!”
O sapo-tanoeiro,
Parnasiano aguado,
Diz: _ “Meu cancioneiro
É bem martelado.
Vede como primo
Em comer os hiatos!
Que arte!
E nunca rimo
Os termos cognatos.
O meu verso é bom
Frumento sem joio.
Faço rimas com
Consoantes de apoio.
(...)
Que soluças tu,
Transido de frio,
Sapo-cururu
Da beira do rio ...
Manuel Bandeira
15. O poema Os sapos é uma espécie de
sátira, uma crítica ao parnasianismo, pois é uma
paródia do poema profissão de fé de Olavo Bilac.
Ao falar sapo tanoeiro, Manuel Bandeira está
diretamente se referindo ao próprio Olavo
Bilac, porque Bilac dizia que o artista tinha uma
tarefa muito parecida com a do artesão.
O sapo cururu nada mais é do que o próprio
poeta moderno, mais simples, livre de todo o
artificialismo do poeta parnasiano.
16. Vejamos quais foram os principais
desdobramentos dessa semana:
Várias revistas começaram a circular nessa época,
entre elas se destacam:
• Klaxon (São Paulo)
• Estética (Rio de Janeiro)
• Festa (Rio de Janeiro)
• A Revista (Minas Gerais)
• A Revista Antropofagia (São Paulo)
17. • Entre elas destacam-se a revista Klaxon que vem
do temo francês buzina, que era justamente o
que eles queriam, fazer barulho, provocar a
sociedade, foi a pioneira. E a revista
Antropofagia, que trazia como marca central o
desejo de devorar as outras culturas.
• Para entendermos melhor o que foi esse
período, vejamos quais são as principais
correntes modernistas:
18. • Movimento pau-brasil – pregava um
retorno, uma busca a arte pré-histórica do
Brasil. Pau-brasil por ter sido nosso principal
produto de exportação, onde o pensamento era
de que nossa poesia deveria ser exportada.
• Movimento Verde-Amarelo – espécie de reação
ao primeiro movimento, porque segundo os
representantes do movimento, o nacionalismo
pregado pela corrente acima era um
nacionalismo muito importado, não era o
verdadeiro nacionalismo e sentimento do Brasil.
• Movimento Antropofágico – tem origem no
trabalho de Tarsila do Amaral. Vejamos um de
seus quadros:
19. Fazem parte da galeria
antropofágica. É justamente
o quando Abaporu que dá
origem ao movimento –
Abaporu é o termo indígena
que significa comer gente. E
era justamente isso que os
autores desse movimento
queriam, pois queriam
devorar a cultura estrangeira
e a partir de então, por meio
de reestruturação, criar uma
arte original, uma arte com a
a cara do Brasil.
20. O modernismo por ser tão grande e tão
expressivo é comumente dividido em três
grandes fases:
• 1ª fase – fase heroica compreende o período de
1922 a 1930, a qual apresenta o desejo de
liberdade, de ruptura e destruição do passado.
Os principais autores são:
• Oswald de Andrade
• Mário de Andrade
• Manuel bandeira
• Alcântara Machado
21. 2ª fase – se estende de 1930 a 1945 e é
conhecida como fase da consolidação das
conquistas anteriores. Nessa fase se subdivide
em:
POESIA
• Carlos Drummond de Andrade
• Cecília Meirelles
• Vinícius de Moraes
PROSA
• José Lins do Rego
• Graciliano Ramos
• Jorge Amado
22. 3ª fase – vai de 1945 e segue, e é conhecida como
fase da reflexão. Destacam-se nesse período:
• Guimarães Rosa
• Clarice Lispector
• João Cabral de Melo neto
23. Na próxima aula falaremos o que foi a
primeira fase do modernismo.