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DOR 
AIRES, Ana Larissa Almeida¹; FREIRE, Mirian da Silva Costa¹; SANTOS, Stéfany Lourany Pereira dos¹; SOUZA, Rithielly Ribeiro da Rocha de¹; AMORIM, Marcos Evaristo da Paixão² 
¹Acadêmicas do Curso de Enfermagem do Centro Universitário Luterano de Palmas – Universidade Luterana de Palmas (CEULP/ULBRA), Palmas -TO, Brasil, 2 Prof° M.sC do Centro Universitário Luterano de Palmas – Universidade Luterana do Brasil (CEULP/ULBRA), Palmas – TO, Brasil, 2014. 
RESUMO 
Dor é um sintoma extremamente relevante, que acomete pessoas de diferentes faixas etárias e econômicas. Em estado grave, ela pode gerar problemas de incapacitação, dificultando a realização de atividades diárias, chegando a interferir no estado de humor, nas relações sociais e profissionais. A dor pode ser definida como uma experiência sensorial e emocional desagradável, associada a uma lesão real ou potencial. A dor fisiológica é um reflexo protetor do organismo, para evitar uma injúria ou dano tecidual. Frente à lesão tecidual a dor patológica providenciará condições para a cicatrização. Frequentemente uma pessoa sente dor em uma parte do corpo que fica distante do tecido causador da dor, está é chama de dor referida. Em estudos foi descoberto que os agentes semelhantes a morfina, principalmente os opiódes também atuam em vários outros pontos no sistema de analgesia, incluindo os cornos dorsais da medula espinhal. A encefaléia são dores referida para superfície da cabeça a partir de estruturas profundas das mesmas. 
Palavras-chaves: Tipos de dor, analgesia, receptores, opióides e encefaléia. 
ABSTRACT 
Pain is an extremely important symptom that affects people of different age and economic groups. Seriously, it can lead to problems of disability, making it difficult to perform daily activities, getting to interfere in mood, social and professional relationships. The pain can be defined as an unpleasant sensory and emotional experience associated with actual or potential damage. Physiological pain is a protective reflex of the body, to prevent an injury or tissue damage. Forward to tissue injury pathological pain conditions provide for healing. Often one feels pain in one part of the body far from the tissue causing pain, this is called referred pain. In studies it was discovered that similar to morphine agents, especially opioids also serve on several other points in the analgesia system, including the dorsal horns of the spinal cord. The encefaléia are referred pain to the head surface from deep structures of the same. 
Keywords: Types of pain, analgesia, receptors, opioid and encefaléia.
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A dor faz parte do cotidiano da maioria das pessoas desde os primórdios de sua existência, e quando esta não aparece, constitui- se um fator relevante de disfunção fisiológica, com graves consequências para a segurança do indivíduo. 
A dor é, em grande parte uma benção mista. Seu objetivo primário é, obviamente, o de proteção. Nitidamente, traz grandes benefícios, a quem se afasta, rapidamente, do estímulo que está causando lesão tecidual, e as pessoas, com limiares extremamente altos para a dor, como resultado de lesão ao nervo, por exemplo, podem ter lesões consideráveis, por sua percepção reduzida a dor. (DAVIES, 2001) 
A sensação de dor é bem variada e particular, pois depende da reação de cada um em traduzir as lesões reais ou potenciais. Ela é provocada por um determinado estímulo, que afeta receptores especializados em dor, e emitem uma resposta. Desta forma, a interpretação da dor varia de indivíduo a indivíduo, assim como no próprio indivíduo, em diferentes momentos de sua vida, sob diferentes circunstâncias. (PAIVA, 2006) 
A dor foi conceituada pela primeira vez em 1986, pela Associação Internacional para o estudo da dor, como uma experiência sensorial e emocional desagradável que está associada a lesões reais ou potenciais. A exposição da pele ou qualquer outro órgão a estímulos potencialmente nocivos induz à sensação desagradável, informando o indivíduo sobre o perigo real ou potencial para sua integridade física. Portanto, a informação processada pode ser diferenciada como dor fisiológica ou dor patológica. (KLAUMANN, 2008) 
Quando se trata de definir a dor, é quase impossível dizer o que ela realmente é; o homem sabe intuitivamente como é, mas especificar, definir claramente, ou, mais ainda, descrevê-la integralmente resulta praticamente uma utopia. A criança “sabe” priori quando tem dor, e precocemente aprende a diferenciá-la; Além disso a criança já pode separar bem essa sensação como algo diferente das outras sensações, e lhe confere a maior importância. (DOUGLAS, 2006) 
A dor ocorre sempre que qualquer tecido é lesionado, fazendo com que o indivíduo reaja para remover o estímulo doloroso. Mesmo em atividades simples como o ato de sentar durante longos períodos sobre os ísquios pode causar destruição tecidual pela falta de fluxo sanguíneo para a pele comprimida pelo peso do corpo. (GUYTON, 2006) 
INTRODUÇÃO
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Aprofundar os conhecimentos em relação à fisiologia da dor, avaliando suas características, tipos que podem ser sentidas pelo homem. 
Descrever que a dor pode ocorrer sempre que qualquer tecido é lesionado, fazendo o indivíduo reagir para remover os estímulo doloroso. Contribuir para o conhecimento teórico que futuramente serão utilizados na prática. Analisar de forma completa os motivos causadores de algumas cefaléias, mostrando os receptores de cada uma. 
Verificar a aplicabilidade dos conceitos destacados no estudo. Comprovar a importância das ferramentas gerenciais para a transformação do conhecimento tático e teórico, em prático. Detectar as situações de dores em que as crianças, adultos e idosos vivenciam. Descrever os trajetos em que os sinais nervosos percorrem até o momento de sentir a dor. 
Trata-se de um estudo teórico conceitual, abrangendo consulta a artigos científicos de periódicos, revistas indexadas e livros na área bem conceituados nas classes de fisiologia da dor. 
TIPOS DE DOR 
Os mecanismos fisiológicos da dor envolvem conceitos de sensibilização periférica e neuroplasticidade na perpetuação da dor, com ação através de mediadores bioquímicos nas vias nociceptivas. Pode-se estabelecer correlações entre inflamação, dor e status psicológico. A inflamação persistente contribui para a continuidade do ciclo de dor, gerando hipersensibilidade. A dor aumenta com o estresse psicológico, que é capaz de induzir aumento de citocinas inflamatórias. (DAVIES, 2001) 
Na avaliação da dor, não existem exames laboratoriais ou testes objetivos, dependendo-se, em grande, parte do relato do paciente (subjetivo). Como instrumento de avaliação, dispõe-se da escala visual analógica, que avalia somente o componente de intensidade da dor e não outros aspectos, como o mal- estar gerado pela dor ou o seu 
OBJETIVO GERAL 
METODOLOGIA 
REFERENCIAL TEÓRICO 
OBJETIVO ESPECÍFICO
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impacto na qualidade de vida. Na abordagem da dor reumática, as medidas não-farmacológicas incluem a fisioterapia, a terapia ocupacional, terapias complementares e exercícios. (PAIVA, 2006) 
A dor é classificada em dois tipos principais: a dor rápida e dor lenta. A dor rápida é sentida dentro de 0,1 segundos após a aplicação de um estimulo doloroso, enquanto a dor lenta começa somente após um segundo ou mais, aumentando lentamente durante vários segundos e algumas vezes durante minutos. (GUYTON, 2006) 
A presença de duas vias para a dor, uma lenta e outra rápida, explica a observação fisiológica de que existem dois tipos de dor. Um estimulo doloroso causa sensação localizada, aguda, em pontada, seguida por sensação surda, intensa, difusa, desagradável. Essas duas sensações são em geral, chamada de dor rápida e lenta ou primeira e segunda dor. Quanto mais longe do cérebro por aplicado o estímulo, maior a será a separação temporal entre os 2 componentes. Esta e outras evidências tornam claro que a dor rápida é devida a atividade nas fibras de dor A δ, enquanto a dor lenta é devida a atividade as fibras C da dor. (GANONG, 1998) 
DOR VISCERAL 
No diagnóstico clínico, a dor oriunda de diferentes vísceras do abdômen e do tórax é um dos poucos critérios que podem ser utilizados para o diagnóstico de inflamação visceral, doença visceral infecciosa e outros males viscerais. Geralmente, as vísceras possuem receptores sensoriais exclusivos para a dor. Além disso, a dor visceral difere da dor superficial em vários aspectos importantes. (GUYTON, 2006) 
A dor visceral é a dor que se origina nos órgãos internos, diferindo, em muitos aspectos, da dor profunda e superficial. Os estímulos, produtores da dor visceral, são, muitas vezes, muito diferentes dos que produzem dor superficial. Muitos órgãos internos, como o fígado e os rins, parecem ser insensíveis a estímulos, como corte, ou esmagamento, que são muito eficazes, para a produção de dor superficial, na pele. Todavia, outros órgãos viscerais, como o mesentério, as gônadas, e a capsula hepática, são muito sensíveis a esses tipos de estimulo. (DAVIES, 2001) 
Para PAIVA, 2008, além de ser mal localizada, desagradável e associada as náuseas e aos sintomas autonômicos, a dor visceral geralmente é irradiada ou referida para outras áreas. O sistema nervoso autônomo, assim como o somático, tem componentes aferentes, estações de integração central e vias efetoras. Os receptores da dor das outras modalidades sensoriais resistentes nas vísceras são semelhantes aos receptores cutâneos, mas existem
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diferenças notáveis em sua distribuição. Não existem proprioceptores nos órgãos internos e há poucos receptores para temperatura e o toque. Os receptores da dor estão presentes, embora sua distribuição seja mais esparsa do que nas estruturas somáticas. 
Os mecanismos neurais que envolvem a geração da dor inflamatória e da dor visceral, por muito tempo foram tidos como iguais, porém existem diferenças relevantes. As vísceras raramente são expostas a estímulos externos mas são alvos comuns de diversas doenças. O conceito de aferentes nociceptivos ativados por um estímulo direto sobre o tecido é difícil de transferir para os tipos de dor visceral. A sensibilidade do tecido visceral a estímulos térmicos, químicos e mecânicos difere significativamente. As vísceras parecem mais sensíveis à distensão de órgãos cavitários de parede muscular, sem dano tecidual, isquemia, e inflamação. A área sobre a qual o estímulo acontece pode ser uma determinante crucial no desenvolvimento dos tipos de dor. (KLAUMANN, 2008) 
DOR SOMÁTICA 
A dor, que é mais sentida pela maioria das pessoas, é a dor superficial; em outras palavras, ela se origina da pele ou de outras estruturas superficiais do corpo. Essa dor, é caracteristicamente, ocorre em resposta à lesão real, ou ameaçada, desses tecidos. A dor é bem localizada, pela pessoa, ao ponto de lesão e, geralmente, é focal; em outras palavras, a dor percebida é limitada ao sitio da lesão tecidual. A função dessa dor é, claramente, protetora e, em geral, causa a retirada, ou outra resposta, que limite a lesão tecidual. A dor profunda está, frequentemente, associada ao tecido conjuntivo, aos ossos, aos músculos e às articulações. (DAVIES, 2001) 
DOR ANORMAL 
A dor, é geralmente acompanhada por lesão tecidual. Essa pode ter função protetora, diminuindo e, por fim, desaparece com a cicatrização da lesão. Esse é o tipo de dor experienciado por todas as pessoas, de tempo em tempos, sendo descrito, por muitos autores, como dor fisiologia. Todavia, a dor pode não aderir a esse decurso temporal, podendo cronificar e passar a ser debilitante. A dor pode se tornar de logo prazo, como resultado de estimulo agindo de forma muito prolongada, por exemplo, como ocorre na artrite reumatóide. (DAVIES, 2001) 
DOR PROFUNDA
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A diferença principal entre as sensibilidades superficial e profunda é a natureza diversa da dor provocada pelos estímulos nocivos. Isso provavelmente à deficiência relativa de fibras nervosas Aδ nas estruturas profundas, de forma que há pouca dor rápida e bem – demarcada. Além disso, a dor profunda e a dor visceral são mal localizadas, provocam náuseas e geralmente estão associadas à sudorese e às alterações da pressão arterial. A dor pode ser produzida experimentalmente no periósteo nos ligamentos, injetando-se solução salina hipertônica nessas estruturas. (DAVIES, 2001) 
A dor produzida dessa forma desencadeia a contração reflexa dos músculos esqueléticos adjacentes. Essa contração reflexa é semelhante ao espasmo muscular associado às lesões dos ossos, tendões e articulações. Os músculos mantidos em contração prolongada entram em isquemia, que estimula os receptores da dor neles existentes. Por sua vez a dor desencadeia mais espasmo, iniciando um ciclo vicioso. (GANONG, 2007) 
RECEPTORES PARA DOR E SUA ESTIMULAÇÃO 
Os receptores para dor são terminações nervosas livres. Os receptores para dor na pele e em outros tecidos são terminações nervosas livres. Eles estão espalhados nas camadas superficiais da pele, bem como em certos tecidos internos como o periósteo, parede das artérias, superfícies articulares e a foice e o tentório na abóbada craniada. A maioria dos outros tecidos profundos está esparsamente suprida com terminações nervosas para dor; porém, lesões teciduais extensas podem-se somar e causar uma dor lenta e crônica na maioria destas áreas. (GUYTON, 2006) 
Três tipos de estímulos excitam os receptores para dor-mecânicos, térmicos e químicos. A dor pode ser desencadeada por vários tipos de estímulos. Eles são classificados como estímulos dolorosos mecânicos, térmicos e químicos. Em geral, a dor rápida é desencadeada por tipos de estímulos mecânicos e térmicos, enquanto a dor crônica, pode ser desencadeada pelos os três tipos de estímulo. (DAVIES, 2001) 
Algumas das substancias que excitam o tipo químico de dor são: bradicinina, serotonina, histamina, íons potássio, ácidos, acetilcolina e enzima proteolíticas. Além disso, a prostaglandinas e substancia P aumentam a sensibilidades das terminações nervosas, mas não excitam diretamente estas terminações. As substâncias químicas são especialmente importantes na estimulação do tipo de dor lenta e persistente que ocorre após a lesão tecidual. (GUYTON, 2006)
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Natureza não-adaptativa dos receptores para dor. Ao contrário da maioria dos outros receptores do corpo, os receptores para dor se adaptam muito pouco e algumas vezes não se adaptam. De fato, sob certas circunstâncias, a excitação das fibras dolorosas torna-se progressivamente maior na medida em que o estimulo persiste, especialmente para dor lenta- persistente-nauseante. Este aumento da sensibilidade dos receptores para dor é chamado de hiperalgesia. Pode-se compreender prontamente a importância desta ausência de adaptação dos receptores para dor, pois isto possibilita que a pessoa esteja ciente da presença de um estimulo lesivo enquanto a dor persisti. (GANONG, 2007) 
VIAS DA DOR 
A dor é apreciada quando que é, por definição, um estimulo doloroso causa ativação de receptores periféricos para dor (nociceptores), resultando na condução de impulsos nervosos, ao longo da série de neurônios, começando nos aferentes primários periféricos dos nociceptores, continuando por neurônios medulares supramedulares, para termina nos centros encefálicos superiores. (GANONG, 2007) 
Seria muito errado, contudo, se pensar que a via para dor representasse, apenas, série de retransmissões neurais, da periferia até o córtex cerebral. Por toda a extensão da via da dor, os impulsos nervosos e sua transmissão são modulados por fatores estranhos à via, incluindo mediadores inflamatórios, na periferia, além de vias nervosas locais e descendentes na medula espinhal e acima dela. (DAVIES, 2001) 
Para GANONG, 2007, apesar de todos os receptores para dor serem terminações nervosas livres, estas terminações utilizam duas vias separadas para a transmissão de sinais dolorosos ao sistema nervoso central. As duas vias correspondem principalmente aos dois tipos de dor – uma via para a dor pontual-rápida e uma via para dor lenta-crônica. 
Fibras dolorosas periféricas – Fibras “Rápidas” e “Lentas”. Os sinais dolorosos pontuais-rápidos são desencadeados por estímulos mecânicos ou térmicos; eles são transmitidos nos nervos periféricos para a medula espinhal através de fibras Aδ do tipo pequeno em velocidades entre 6 e 30m/s. Inversamente, o tipo de dor lenta- crônica é desencadeado principalmente por estímulos dolorosos do tipo químico, mas algumas vezes por estímulos mecânicos ou térmicos persistente. Esta dor lenta-crônica é transmitida para a medula espinhal através de fibras tipo C em velocidades entre 0,5 e 2m/s. (GUYTON,2006)
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Por causa deste sistema duplo de inervação para a dor, um estimulo doloroso súbito em geral causa uma sensação dolorosa “dupla”: uma dor pontual-rápida que é transmitida para o cérebro pela via de fibras Aδ, seguida em um segundo ou mais por uma dor lenta que é transmitida pela via da fibra C.A dor pontual avisa a pessoa rapidamente sobre o perigo e, portanto, desempenha um importante papel na reação imediata do indivíduo para se afastar do estímulo doloroso. A dor lenta tende a aumentar com o passar do tempo. Esta sensação eventualmente produz um sofrimento intolerável de dor continuada e faz com que a pessoa continue tentando aliviar a causa da dor. (KLAUMANN, 2008) 
CARACTERÍSTICAS DOS RECEPTORES QUÍMICOS DA DOR 
Os peptídeos algésicos são destruídos no sangue pelas cininases, que atuam rapidamente, impedindo a ação da bradicinina, quando injetada intravenosa ou intramuscularmente. Isso sugere que os quimiorreceptores da dor estão localizados no tecido conectivo pericapilar ou perivenular. Os quimiorreceptores parecem ser terminações nervosas livres, sem mielina do tecido conectivo, localizados nos capilares e vênulas. Os agentes químicos deixam de agir quando os nervos paravasculares são destruídos pela extirpação dos gânglios das raízes posteriores, mas quando extirpados os gânglios simpáticos e o fluxo sanguíneo de altera, a bradicinina continua invocando a resposta dolorosa. (DOUGLAS, 2006) 
Segundo GANONG, 2007, esses quimiorreceptores são excitados por substâncias de configuração química muito variável (K+, aminas, peptídeos). Postulou- se, assim, a hipótese de que sua estimulação depende da atração eletrofílica. Os sítios ativos do receptor seriam aniônico, ou seja, ricos em elétrons. Os agentes algésicos, desse modo, estão carregados eletropositivamente. Isto pode ser fundamentado pela hipótese de Amoore para a olfação: “ a estima de substâncias odoríferas, cuja ação é atribuída a radicais que tem parte da molécula fortemente eletrolítica”. 
Dessa forma, os receptores químicos da dor não seriam receptores propriamente ditos, pois são axônios mielínicos que apresentam sítios ativos onde agem os agentes algésicos. Os axônios estão envolvidos por células de Schwann, mas aparentemente existiriam lugares onde faltaria essa membrana neurilema ou células Schwann, ficando nua a membrana do axônio, em contado direto com o liquido extracelular, onde poderiam agir os agentes químicos algésicos. A membrana axonal tem alta resistência elétrica e capacitância;
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ao microscópio eletrônico aparece como duas camadas eletrodensas depois de se fixar com KMnO4. (DOUGLAS, 2006) 
SISTEMA DE SUPRESSÃO DA DOR (“ANALGESIA”) NO ENCEFALO E NA MEDULA ESPINHAL 
O grau de reação de uma pessoa à dor varia tremendamente. Isto resulta parcialmente de uma capacidade do próprio encéfalo em suprir as aferência de sinais dolorosos para o sistema nervoso através da ativação de um sistema de controle de dor chamado sistema de analgesia. Esse sistema consiste em três grandes componentes: (1) As áreas periventricular e da substância cinzenta periaquedutal do mesencéfalo e região superior da ponte que circundam o aquedulto de Sylvius e porções do terceiro e do quarto ventrículo. (GUYTON, 2006) 
Os neurônios destas áreas enviam sinais para (2) O núcleo magno da rafe, um fino núcleo da linha media localizado nas regiões inferior da ponte e superior da medula oblonga, e o núcleo reticular paragagigantocelular, localizado lateralmente na medula oblonga. A partir destes núcleos os sinais de segunda ordem são transmitidos através das colunas dorsolaterais da medula espinhal, para (3) o complexo inibitório da dor localizado nos cornos dorsais da medula espinhal. (DOUGLAS, 2006) 
OPIÓIDES 
Por muitos séculos, já são conhecidas as propriedades analgésicos dos agentes opiácios, como o ópio, o láudano e a morfina, derivados da capsula das sementes da papoula Papaver somniferum. Substâncias endógenas, semelhantes aos opiáceos, foram isoladas, na década de 70, incluído a leu-encefalina, a β-endorfina e as dinorfinas. Elas ocorrem em todo o corpo, tendo participação intima na modulação da dor, além de serem neurotransmissores, fora da via da dor. (PAIVA, 2008) 
A leu-encefalina e a met- encefalina são, ambas, pentapeptídeos, que diferem, entre si, apenas pelo aminoácido terminal, leucina, e na leu-encefalina, e metilnina, na met-encefalina. As duas encefalinas são formadas na clivagem de uma pró-encefalina, grande polipeptídeo precursor. A β- endofina é um polipeptídeo, com 31 aminoácidos, contendo a sequência de aminoácidos que constitui a met- encefalina. É clivada do pró- opiomelanocortina precursor. As dinofinas inclui a própria dinofina, a α-neoendofina e a β-neoendofina, formadas a partir do polipeptídeo precursor, e pró-dinufina. (DAVIES, 2001) 
A mais de 35 anos, foi descoberto que a injeção das diminutas quantidades de mofina, tanto no núcleo periventricular ao redor do terceiro ventrículo quanto
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na substância cinzenta periaquedutal do tronco cerebral, causa um grau extremo de analgesia. Nos estudos subsequentes observou-se que os agentes semelhantes à mofina, principalmente os opióides, também atuam em vários outros pontos no sistema de analgesia, incluindo os cornos dorsais da medula espinhal. Como muitas drogas que alteram a excitabilidade dos neurônios o fazem através da ação sobre os receptores sinápticos, foi considerado que os “receptores para mofina” do sistema da analgesia deveriam ser os receptores para algum tipo de neurotransmissor semelhante à mofina que fosse naturalmente secretado pelo sistema nervoso. (GUYTON, 2006) 
Portanto uma extensa pesquisa foi realizada a procura dos opióides natural do sistema nervoso. Aproximadamente uma dúzia destas substâncias opióides é encontrada em diferentes pontos do sistema nervoso; todas elas são produtos da degradação de três grandes moléculas proteicas: pró- opiómelarnocortina, pró-encefalina e prodinofina. Entre a as mais importantes dessas substâncias opióides estão a β-endorfina, metencefalina, a leuencefalina e a ginofina. (DOUGLAS, 2006) 
SISTEMA OPIÓIDE ENCEFALO-ENDORFINAS E ENCEFALINAS 
Segundo GUYTON, 2006, há mais de 35 anos, foi descoberto que a injeções diminutas quantidades de morfina, tanto no núcleo periventricular ao redor do terceiro ventrículo quanto na substancia cinzenta periaquedutal do tronco cerebral, causa um grau estremo de analgesia. Nos estudos subsequentes, observou-se que os agentes semelhantes à morfina, principalmente os opiódes, também atuam em vários outros prontos do sistema de analgesia, incluindo os cornos dorsais da medula espinhal. Como muitas drogas que alteram a excitabilidade dos neurônios ou fazem através da ação sobre os receptores sinápticos, foi considerado que os “receptores para morfina” do sistema da analgesia deveriam ser os receptores para algum tipo de neurotransmissor semelhante a morfina que fosse naturalmente secretado pelo sistema nervoso. 
Portanto uma extensa pesquisa foi realizada a procura do opióde natural do sistema nervoso. Aproximadamente uma dúzia destas substâncias opiódes é encontrado em diferentes pontos do sistema nervoso; todas elas são produtos da degradação de três grandes moléculas protéicas: pró- opiómelanocortina, proencefalina e prodimorfina. Entre as mais importantes dessas substancias opiódes estão a β-endorfina, a metencefalina, a leuencefalina e a dimorfina. (DAVIES, 2001)
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As duas encefalinas são encontradas no tronco cerebral e na medula espinhal, nas porções do sistema de analgesia descrita anteriormente, e a β-endorfina está presente tanto no hipotálamo como na hipófise. A dimorfina se encontra principalmente nas mesmas regiões em que ocorre as acefalinas, mas em quantidades muito menores. (DOUGLAS, 2006) 
Assim, apesar dos detalhes sutis do sistema opióde do cérebro não serem compreendidos, a ativação do sistema de analgesia pelos sinais neurais que entram na substância cinzenta periaquedutal e na área periventricular, ou inativação das vias da dor por drogas semelhantes a morfina podem suprimir quase totalmente muitos sinais dolorosos provenientes dos nervos periféricos. (GUYTON, 2006) 
INIBIÇÃO DA TRANSMISSÃO DA DOR POR SINAIS TATEIS SIMULTÃNEOS 
Outro evento importante na saga do controle da dor foi a descoberta que a estimulação das grandes fibras sensoriais do tipo Aβ oriunda dos receptores táteis periféricos pode reduzir a transmissão dos sinais da dor oriundos da mesma área corporal. Isto presumivelmente resulta da inibição lateral local na medula espinhal. Este fato explica porque as manobras simples como massagem da pele próxima às áreas dolorosas geralmente são eficazes no alivio da dor. E provavelmente também explica porque linimentos geralmente são utilizados para aliviar a dor. Este mecanismo e a excitação psicogênica simultânea do sistema de analgesia central provavelmente também são a base do alivio da dor obtido pela acupuntura. (GUYTON, 2005) 
TRATAMENTO DA DOR POR ESTIMULAÇÃO ELÉTRICA 
Vários procedimentos clínicos foram desenvolvidos para a supressão da dor através da estimulação elétrica. Eletrodos estimuladores são colocados em áreas selecionadas da pele ou, ocasionalmente, implantados sobre a modelo espinhal, supostamente para estimular as colunas sensoriais dorsais. (GUYTON, 2006) 
Em alguns pacientes, eletrodos podem ser colocados estereotaxicamente em núcleos intralaminares do tálamo apropriados ou nas áreas periventricular ou periaquedutal do diencéfalo. O paciente pode controlar pessoalmente o grau de estimulação. Um alívio dramático já foi registrado em alguns casos. Além disso, foi registrado que o alívio da dor pode durar até 24 horas após somente alguns minutos de estimulo. (GANONG, 2007) 
CEFALÉIA 
As cefaléias são um tipo de dor referida para a superfície da
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cabeça a partir de estruturas profundas da mesma. Algumas cefaléias resultam de estímulos dolorosos provenientes de dentro do crânio, enquanto outras resultam de dores que se originam fora do crânio, como nos seios nasais. (GUYTON, 2006) 
Os tecidos encefálicos propriamente ditos são quase sensíveis a dor. Mesmo o corte ou a estimulação elétrica de áreas sensoriais do córtex cerebral apenas ocasionalmente causam dor; em vez disso, esta estimulação causa tipos incômodos de parestesias na área do corpo representada pela porção do córtex estimulado. Portanto, é provável que a principal causa da cefaleia não seja a lesão de uma região encefálica propriamente dita. (DAVIES, 2001) 
A estimulação dos receptores para dor na calota craniana acima do tentório, incluindo a superfície superior do tentório propriamente dito, desencadeia impulsos dolorosos na porção cerebral do quinto nervo e, portanto, causa cefaleia referida na metade frontal da cabeça, nas áreas de superfície supridas por esta porção somatossensorial do quinto nervo craniano. (DOUGLAS, 2006) 
O conhecimento da fisiologia da dor ou nocicepção é uma importante ferramenta para o entendimento dos mecanismos desencadeantes dos processos dolorosos, sejam fisiológicos ou principalmente patológicos. Tais informações são essenciais para a instituição de uma terapia analgésica eficiente, preemptiva e multimodal, pois a síndrome dolorosa pode ser considerada uma doença, gerando alterações na homeostasia orgânica que implicam em perda da qualidade de vida do paciente. 
As consequências negativas da dor de longe excedem alguma preocupação especial para a utilização de analgésicos. O estresse causado por tal situação deve ser impedido de tomar proporções catastróficas para o indivíduo, ou seja, antes que haja a exaustão das reservas biológicas de energia. Devesse ter em mente que não existem efeitos negativos da utilização dos analgésicos, mas sim, relacionados à escolha inadequada ou a dose. Qualquer dor, seja ela aguda ou crônica, tenha ela causa conhecida ou não, tem sempre um componente psicológico que varia de pessoa a pessoa. 
A dor pode também ser classificada segundo determinação temporal em dor aguda ou crônica. A nocicepção é o componente fisiológico da dor e compreende os processos de transdução, transmissão e modulação do 
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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estímulo nociceptivo. Uma vez instalado o estímulo nociceptivo, diversas alterações neuroendócrinas acontecem, promovendo um estado de hiperexcitabilidade do sistema nervoso central e periférico. 
Sem dúvida alguma, o adoecer é uma experiência muitas vezes traumática, e com repercussões na personalidade do paciente e, não é incomum, que venha acompanhado de algumas dores. A relação do paciente com essas dores produz sentimentos que podem interferir diretamente no processo de recuperação da patologia apresentada. 
Qualquer dor, seja ela aguda ou crônica, tenha ela causa conhecida ou não, tem sempre um componente psicológico que varia de pessoa a pessoa, e é modificado e influenciado por fatores culturais, étnicos, sociais e ambientais. Há pessoas que, mesmo sentindo dor forte, têm perfeito controle sobre si. Outras, com a mesma dor tomam atitudes irracionais, reagem de forma anômala frente ao stress por ela causado.
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DAVIES, Andrew, Fisiologia humana. Porto Alegre: Artmed, 2001 
DOUGLAS, Roberto Carlos. Tratado de fisiologia aplicada as ciências médicas. 6ª ed. Rio e Janeiro: Guanabara Koogan, 2006 
GUYTON, Artur C., HALL, John E. Tratado de fisiologia médica. 11ª ed. Rio de Janeiro: Elservier Ltda, 2006 
GANONG, William F. Fisiologia médica. 17ª ed. Rio de Janeiro: Prentice-Hall do Brasil, 1998 
KLAUMANN, P. R. Patologia da dor. Archives of Veterinary Science. Universidade Federal do Paraná, 2008 
PAIVA, Eduardo dos Santos. Manejo da Dor. Rev Bras Reumatol da Universidade Federal do Paraná, 2008 
FONTES BIBLIOGRÁFICAS

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  • 1. 1 DOR AIRES, Ana Larissa Almeida¹; FREIRE, Mirian da Silva Costa¹; SANTOS, Stéfany Lourany Pereira dos¹; SOUZA, Rithielly Ribeiro da Rocha de¹; AMORIM, Marcos Evaristo da Paixão² ¹Acadêmicas do Curso de Enfermagem do Centro Universitário Luterano de Palmas – Universidade Luterana de Palmas (CEULP/ULBRA), Palmas -TO, Brasil, 2 Prof° M.sC do Centro Universitário Luterano de Palmas – Universidade Luterana do Brasil (CEULP/ULBRA), Palmas – TO, Brasil, 2014. RESUMO Dor é um sintoma extremamente relevante, que acomete pessoas de diferentes faixas etárias e econômicas. Em estado grave, ela pode gerar problemas de incapacitação, dificultando a realização de atividades diárias, chegando a interferir no estado de humor, nas relações sociais e profissionais. A dor pode ser definida como uma experiência sensorial e emocional desagradável, associada a uma lesão real ou potencial. A dor fisiológica é um reflexo protetor do organismo, para evitar uma injúria ou dano tecidual. Frente à lesão tecidual a dor patológica providenciará condições para a cicatrização. Frequentemente uma pessoa sente dor em uma parte do corpo que fica distante do tecido causador da dor, está é chama de dor referida. Em estudos foi descoberto que os agentes semelhantes a morfina, principalmente os opiódes também atuam em vários outros pontos no sistema de analgesia, incluindo os cornos dorsais da medula espinhal. A encefaléia são dores referida para superfície da cabeça a partir de estruturas profundas das mesmas. Palavras-chaves: Tipos de dor, analgesia, receptores, opióides e encefaléia. ABSTRACT Pain is an extremely important symptom that affects people of different age and economic groups. Seriously, it can lead to problems of disability, making it difficult to perform daily activities, getting to interfere in mood, social and professional relationships. The pain can be defined as an unpleasant sensory and emotional experience associated with actual or potential damage. Physiological pain is a protective reflex of the body, to prevent an injury or tissue damage. Forward to tissue injury pathological pain conditions provide for healing. Often one feels pain in one part of the body far from the tissue causing pain, this is called referred pain. In studies it was discovered that similar to morphine agents, especially opioids also serve on several other points in the analgesia system, including the dorsal horns of the spinal cord. The encefaléia are referred pain to the head surface from deep structures of the same. Keywords: Types of pain, analgesia, receptors, opioid and encefaléia.
  • 2. 2 A dor faz parte do cotidiano da maioria das pessoas desde os primórdios de sua existência, e quando esta não aparece, constitui- se um fator relevante de disfunção fisiológica, com graves consequências para a segurança do indivíduo. A dor é, em grande parte uma benção mista. Seu objetivo primário é, obviamente, o de proteção. Nitidamente, traz grandes benefícios, a quem se afasta, rapidamente, do estímulo que está causando lesão tecidual, e as pessoas, com limiares extremamente altos para a dor, como resultado de lesão ao nervo, por exemplo, podem ter lesões consideráveis, por sua percepção reduzida a dor. (DAVIES, 2001) A sensação de dor é bem variada e particular, pois depende da reação de cada um em traduzir as lesões reais ou potenciais. Ela é provocada por um determinado estímulo, que afeta receptores especializados em dor, e emitem uma resposta. Desta forma, a interpretação da dor varia de indivíduo a indivíduo, assim como no próprio indivíduo, em diferentes momentos de sua vida, sob diferentes circunstâncias. (PAIVA, 2006) A dor foi conceituada pela primeira vez em 1986, pela Associação Internacional para o estudo da dor, como uma experiência sensorial e emocional desagradável que está associada a lesões reais ou potenciais. A exposição da pele ou qualquer outro órgão a estímulos potencialmente nocivos induz à sensação desagradável, informando o indivíduo sobre o perigo real ou potencial para sua integridade física. Portanto, a informação processada pode ser diferenciada como dor fisiológica ou dor patológica. (KLAUMANN, 2008) Quando se trata de definir a dor, é quase impossível dizer o que ela realmente é; o homem sabe intuitivamente como é, mas especificar, definir claramente, ou, mais ainda, descrevê-la integralmente resulta praticamente uma utopia. A criança “sabe” priori quando tem dor, e precocemente aprende a diferenciá-la; Além disso a criança já pode separar bem essa sensação como algo diferente das outras sensações, e lhe confere a maior importância. (DOUGLAS, 2006) A dor ocorre sempre que qualquer tecido é lesionado, fazendo com que o indivíduo reaja para remover o estímulo doloroso. Mesmo em atividades simples como o ato de sentar durante longos períodos sobre os ísquios pode causar destruição tecidual pela falta de fluxo sanguíneo para a pele comprimida pelo peso do corpo. (GUYTON, 2006) INTRODUÇÃO
  • 3. 3 Aprofundar os conhecimentos em relação à fisiologia da dor, avaliando suas características, tipos que podem ser sentidas pelo homem. Descrever que a dor pode ocorrer sempre que qualquer tecido é lesionado, fazendo o indivíduo reagir para remover os estímulo doloroso. Contribuir para o conhecimento teórico que futuramente serão utilizados na prática. Analisar de forma completa os motivos causadores de algumas cefaléias, mostrando os receptores de cada uma. Verificar a aplicabilidade dos conceitos destacados no estudo. Comprovar a importância das ferramentas gerenciais para a transformação do conhecimento tático e teórico, em prático. Detectar as situações de dores em que as crianças, adultos e idosos vivenciam. Descrever os trajetos em que os sinais nervosos percorrem até o momento de sentir a dor. Trata-se de um estudo teórico conceitual, abrangendo consulta a artigos científicos de periódicos, revistas indexadas e livros na área bem conceituados nas classes de fisiologia da dor. TIPOS DE DOR Os mecanismos fisiológicos da dor envolvem conceitos de sensibilização periférica e neuroplasticidade na perpetuação da dor, com ação através de mediadores bioquímicos nas vias nociceptivas. Pode-se estabelecer correlações entre inflamação, dor e status psicológico. A inflamação persistente contribui para a continuidade do ciclo de dor, gerando hipersensibilidade. A dor aumenta com o estresse psicológico, que é capaz de induzir aumento de citocinas inflamatórias. (DAVIES, 2001) Na avaliação da dor, não existem exames laboratoriais ou testes objetivos, dependendo-se, em grande, parte do relato do paciente (subjetivo). Como instrumento de avaliação, dispõe-se da escala visual analógica, que avalia somente o componente de intensidade da dor e não outros aspectos, como o mal- estar gerado pela dor ou o seu OBJETIVO GERAL METODOLOGIA REFERENCIAL TEÓRICO OBJETIVO ESPECÍFICO
  • 4. 4 impacto na qualidade de vida. Na abordagem da dor reumática, as medidas não-farmacológicas incluem a fisioterapia, a terapia ocupacional, terapias complementares e exercícios. (PAIVA, 2006) A dor é classificada em dois tipos principais: a dor rápida e dor lenta. A dor rápida é sentida dentro de 0,1 segundos após a aplicação de um estimulo doloroso, enquanto a dor lenta começa somente após um segundo ou mais, aumentando lentamente durante vários segundos e algumas vezes durante minutos. (GUYTON, 2006) A presença de duas vias para a dor, uma lenta e outra rápida, explica a observação fisiológica de que existem dois tipos de dor. Um estimulo doloroso causa sensação localizada, aguda, em pontada, seguida por sensação surda, intensa, difusa, desagradável. Essas duas sensações são em geral, chamada de dor rápida e lenta ou primeira e segunda dor. Quanto mais longe do cérebro por aplicado o estímulo, maior a será a separação temporal entre os 2 componentes. Esta e outras evidências tornam claro que a dor rápida é devida a atividade nas fibras de dor A δ, enquanto a dor lenta é devida a atividade as fibras C da dor. (GANONG, 1998) DOR VISCERAL No diagnóstico clínico, a dor oriunda de diferentes vísceras do abdômen e do tórax é um dos poucos critérios que podem ser utilizados para o diagnóstico de inflamação visceral, doença visceral infecciosa e outros males viscerais. Geralmente, as vísceras possuem receptores sensoriais exclusivos para a dor. Além disso, a dor visceral difere da dor superficial em vários aspectos importantes. (GUYTON, 2006) A dor visceral é a dor que se origina nos órgãos internos, diferindo, em muitos aspectos, da dor profunda e superficial. Os estímulos, produtores da dor visceral, são, muitas vezes, muito diferentes dos que produzem dor superficial. Muitos órgãos internos, como o fígado e os rins, parecem ser insensíveis a estímulos, como corte, ou esmagamento, que são muito eficazes, para a produção de dor superficial, na pele. Todavia, outros órgãos viscerais, como o mesentério, as gônadas, e a capsula hepática, são muito sensíveis a esses tipos de estimulo. (DAVIES, 2001) Para PAIVA, 2008, além de ser mal localizada, desagradável e associada as náuseas e aos sintomas autonômicos, a dor visceral geralmente é irradiada ou referida para outras áreas. O sistema nervoso autônomo, assim como o somático, tem componentes aferentes, estações de integração central e vias efetoras. Os receptores da dor das outras modalidades sensoriais resistentes nas vísceras são semelhantes aos receptores cutâneos, mas existem
  • 5. 5 diferenças notáveis em sua distribuição. Não existem proprioceptores nos órgãos internos e há poucos receptores para temperatura e o toque. Os receptores da dor estão presentes, embora sua distribuição seja mais esparsa do que nas estruturas somáticas. Os mecanismos neurais que envolvem a geração da dor inflamatória e da dor visceral, por muito tempo foram tidos como iguais, porém existem diferenças relevantes. As vísceras raramente são expostas a estímulos externos mas são alvos comuns de diversas doenças. O conceito de aferentes nociceptivos ativados por um estímulo direto sobre o tecido é difícil de transferir para os tipos de dor visceral. A sensibilidade do tecido visceral a estímulos térmicos, químicos e mecânicos difere significativamente. As vísceras parecem mais sensíveis à distensão de órgãos cavitários de parede muscular, sem dano tecidual, isquemia, e inflamação. A área sobre a qual o estímulo acontece pode ser uma determinante crucial no desenvolvimento dos tipos de dor. (KLAUMANN, 2008) DOR SOMÁTICA A dor, que é mais sentida pela maioria das pessoas, é a dor superficial; em outras palavras, ela se origina da pele ou de outras estruturas superficiais do corpo. Essa dor, é caracteristicamente, ocorre em resposta à lesão real, ou ameaçada, desses tecidos. A dor é bem localizada, pela pessoa, ao ponto de lesão e, geralmente, é focal; em outras palavras, a dor percebida é limitada ao sitio da lesão tecidual. A função dessa dor é, claramente, protetora e, em geral, causa a retirada, ou outra resposta, que limite a lesão tecidual. A dor profunda está, frequentemente, associada ao tecido conjuntivo, aos ossos, aos músculos e às articulações. (DAVIES, 2001) DOR ANORMAL A dor, é geralmente acompanhada por lesão tecidual. Essa pode ter função protetora, diminuindo e, por fim, desaparece com a cicatrização da lesão. Esse é o tipo de dor experienciado por todas as pessoas, de tempo em tempos, sendo descrito, por muitos autores, como dor fisiologia. Todavia, a dor pode não aderir a esse decurso temporal, podendo cronificar e passar a ser debilitante. A dor pode se tornar de logo prazo, como resultado de estimulo agindo de forma muito prolongada, por exemplo, como ocorre na artrite reumatóide. (DAVIES, 2001) DOR PROFUNDA
  • 6. 6 A diferença principal entre as sensibilidades superficial e profunda é a natureza diversa da dor provocada pelos estímulos nocivos. Isso provavelmente à deficiência relativa de fibras nervosas Aδ nas estruturas profundas, de forma que há pouca dor rápida e bem – demarcada. Além disso, a dor profunda e a dor visceral são mal localizadas, provocam náuseas e geralmente estão associadas à sudorese e às alterações da pressão arterial. A dor pode ser produzida experimentalmente no periósteo nos ligamentos, injetando-se solução salina hipertônica nessas estruturas. (DAVIES, 2001) A dor produzida dessa forma desencadeia a contração reflexa dos músculos esqueléticos adjacentes. Essa contração reflexa é semelhante ao espasmo muscular associado às lesões dos ossos, tendões e articulações. Os músculos mantidos em contração prolongada entram em isquemia, que estimula os receptores da dor neles existentes. Por sua vez a dor desencadeia mais espasmo, iniciando um ciclo vicioso. (GANONG, 2007) RECEPTORES PARA DOR E SUA ESTIMULAÇÃO Os receptores para dor são terminações nervosas livres. Os receptores para dor na pele e em outros tecidos são terminações nervosas livres. Eles estão espalhados nas camadas superficiais da pele, bem como em certos tecidos internos como o periósteo, parede das artérias, superfícies articulares e a foice e o tentório na abóbada craniada. A maioria dos outros tecidos profundos está esparsamente suprida com terminações nervosas para dor; porém, lesões teciduais extensas podem-se somar e causar uma dor lenta e crônica na maioria destas áreas. (GUYTON, 2006) Três tipos de estímulos excitam os receptores para dor-mecânicos, térmicos e químicos. A dor pode ser desencadeada por vários tipos de estímulos. Eles são classificados como estímulos dolorosos mecânicos, térmicos e químicos. Em geral, a dor rápida é desencadeada por tipos de estímulos mecânicos e térmicos, enquanto a dor crônica, pode ser desencadeada pelos os três tipos de estímulo. (DAVIES, 2001) Algumas das substancias que excitam o tipo químico de dor são: bradicinina, serotonina, histamina, íons potássio, ácidos, acetilcolina e enzima proteolíticas. Além disso, a prostaglandinas e substancia P aumentam a sensibilidades das terminações nervosas, mas não excitam diretamente estas terminações. As substâncias químicas são especialmente importantes na estimulação do tipo de dor lenta e persistente que ocorre após a lesão tecidual. (GUYTON, 2006)
  • 7. 7 Natureza não-adaptativa dos receptores para dor. Ao contrário da maioria dos outros receptores do corpo, os receptores para dor se adaptam muito pouco e algumas vezes não se adaptam. De fato, sob certas circunstâncias, a excitação das fibras dolorosas torna-se progressivamente maior na medida em que o estimulo persiste, especialmente para dor lenta- persistente-nauseante. Este aumento da sensibilidade dos receptores para dor é chamado de hiperalgesia. Pode-se compreender prontamente a importância desta ausência de adaptação dos receptores para dor, pois isto possibilita que a pessoa esteja ciente da presença de um estimulo lesivo enquanto a dor persisti. (GANONG, 2007) VIAS DA DOR A dor é apreciada quando que é, por definição, um estimulo doloroso causa ativação de receptores periféricos para dor (nociceptores), resultando na condução de impulsos nervosos, ao longo da série de neurônios, começando nos aferentes primários periféricos dos nociceptores, continuando por neurônios medulares supramedulares, para termina nos centros encefálicos superiores. (GANONG, 2007) Seria muito errado, contudo, se pensar que a via para dor representasse, apenas, série de retransmissões neurais, da periferia até o córtex cerebral. Por toda a extensão da via da dor, os impulsos nervosos e sua transmissão são modulados por fatores estranhos à via, incluindo mediadores inflamatórios, na periferia, além de vias nervosas locais e descendentes na medula espinhal e acima dela. (DAVIES, 2001) Para GANONG, 2007, apesar de todos os receptores para dor serem terminações nervosas livres, estas terminações utilizam duas vias separadas para a transmissão de sinais dolorosos ao sistema nervoso central. As duas vias correspondem principalmente aos dois tipos de dor – uma via para a dor pontual-rápida e uma via para dor lenta-crônica. Fibras dolorosas periféricas – Fibras “Rápidas” e “Lentas”. Os sinais dolorosos pontuais-rápidos são desencadeados por estímulos mecânicos ou térmicos; eles são transmitidos nos nervos periféricos para a medula espinhal através de fibras Aδ do tipo pequeno em velocidades entre 6 e 30m/s. Inversamente, o tipo de dor lenta- crônica é desencadeado principalmente por estímulos dolorosos do tipo químico, mas algumas vezes por estímulos mecânicos ou térmicos persistente. Esta dor lenta-crônica é transmitida para a medula espinhal através de fibras tipo C em velocidades entre 0,5 e 2m/s. (GUYTON,2006)
  • 8. 8 Por causa deste sistema duplo de inervação para a dor, um estimulo doloroso súbito em geral causa uma sensação dolorosa “dupla”: uma dor pontual-rápida que é transmitida para o cérebro pela via de fibras Aδ, seguida em um segundo ou mais por uma dor lenta que é transmitida pela via da fibra C.A dor pontual avisa a pessoa rapidamente sobre o perigo e, portanto, desempenha um importante papel na reação imediata do indivíduo para se afastar do estímulo doloroso. A dor lenta tende a aumentar com o passar do tempo. Esta sensação eventualmente produz um sofrimento intolerável de dor continuada e faz com que a pessoa continue tentando aliviar a causa da dor. (KLAUMANN, 2008) CARACTERÍSTICAS DOS RECEPTORES QUÍMICOS DA DOR Os peptídeos algésicos são destruídos no sangue pelas cininases, que atuam rapidamente, impedindo a ação da bradicinina, quando injetada intravenosa ou intramuscularmente. Isso sugere que os quimiorreceptores da dor estão localizados no tecido conectivo pericapilar ou perivenular. Os quimiorreceptores parecem ser terminações nervosas livres, sem mielina do tecido conectivo, localizados nos capilares e vênulas. Os agentes químicos deixam de agir quando os nervos paravasculares são destruídos pela extirpação dos gânglios das raízes posteriores, mas quando extirpados os gânglios simpáticos e o fluxo sanguíneo de altera, a bradicinina continua invocando a resposta dolorosa. (DOUGLAS, 2006) Segundo GANONG, 2007, esses quimiorreceptores são excitados por substâncias de configuração química muito variável (K+, aminas, peptídeos). Postulou- se, assim, a hipótese de que sua estimulação depende da atração eletrofílica. Os sítios ativos do receptor seriam aniônico, ou seja, ricos em elétrons. Os agentes algésicos, desse modo, estão carregados eletropositivamente. Isto pode ser fundamentado pela hipótese de Amoore para a olfação: “ a estima de substâncias odoríferas, cuja ação é atribuída a radicais que tem parte da molécula fortemente eletrolítica”. Dessa forma, os receptores químicos da dor não seriam receptores propriamente ditos, pois são axônios mielínicos que apresentam sítios ativos onde agem os agentes algésicos. Os axônios estão envolvidos por células de Schwann, mas aparentemente existiriam lugares onde faltaria essa membrana neurilema ou células Schwann, ficando nua a membrana do axônio, em contado direto com o liquido extracelular, onde poderiam agir os agentes químicos algésicos. A membrana axonal tem alta resistência elétrica e capacitância;
  • 9. 9 ao microscópio eletrônico aparece como duas camadas eletrodensas depois de se fixar com KMnO4. (DOUGLAS, 2006) SISTEMA DE SUPRESSÃO DA DOR (“ANALGESIA”) NO ENCEFALO E NA MEDULA ESPINHAL O grau de reação de uma pessoa à dor varia tremendamente. Isto resulta parcialmente de uma capacidade do próprio encéfalo em suprir as aferência de sinais dolorosos para o sistema nervoso através da ativação de um sistema de controle de dor chamado sistema de analgesia. Esse sistema consiste em três grandes componentes: (1) As áreas periventricular e da substância cinzenta periaquedutal do mesencéfalo e região superior da ponte que circundam o aquedulto de Sylvius e porções do terceiro e do quarto ventrículo. (GUYTON, 2006) Os neurônios destas áreas enviam sinais para (2) O núcleo magno da rafe, um fino núcleo da linha media localizado nas regiões inferior da ponte e superior da medula oblonga, e o núcleo reticular paragagigantocelular, localizado lateralmente na medula oblonga. A partir destes núcleos os sinais de segunda ordem são transmitidos através das colunas dorsolaterais da medula espinhal, para (3) o complexo inibitório da dor localizado nos cornos dorsais da medula espinhal. (DOUGLAS, 2006) OPIÓIDES Por muitos séculos, já são conhecidas as propriedades analgésicos dos agentes opiácios, como o ópio, o láudano e a morfina, derivados da capsula das sementes da papoula Papaver somniferum. Substâncias endógenas, semelhantes aos opiáceos, foram isoladas, na década de 70, incluído a leu-encefalina, a β-endorfina e as dinorfinas. Elas ocorrem em todo o corpo, tendo participação intima na modulação da dor, além de serem neurotransmissores, fora da via da dor. (PAIVA, 2008) A leu-encefalina e a met- encefalina são, ambas, pentapeptídeos, que diferem, entre si, apenas pelo aminoácido terminal, leucina, e na leu-encefalina, e metilnina, na met-encefalina. As duas encefalinas são formadas na clivagem de uma pró-encefalina, grande polipeptídeo precursor. A β- endofina é um polipeptídeo, com 31 aminoácidos, contendo a sequência de aminoácidos que constitui a met- encefalina. É clivada do pró- opiomelanocortina precursor. As dinofinas inclui a própria dinofina, a α-neoendofina e a β-neoendofina, formadas a partir do polipeptídeo precursor, e pró-dinufina. (DAVIES, 2001) A mais de 35 anos, foi descoberto que a injeção das diminutas quantidades de mofina, tanto no núcleo periventricular ao redor do terceiro ventrículo quanto
  • 10. 10 na substância cinzenta periaquedutal do tronco cerebral, causa um grau extremo de analgesia. Nos estudos subsequentes observou-se que os agentes semelhantes à mofina, principalmente os opióides, também atuam em vários outros pontos no sistema de analgesia, incluindo os cornos dorsais da medula espinhal. Como muitas drogas que alteram a excitabilidade dos neurônios o fazem através da ação sobre os receptores sinápticos, foi considerado que os “receptores para mofina” do sistema da analgesia deveriam ser os receptores para algum tipo de neurotransmissor semelhante à mofina que fosse naturalmente secretado pelo sistema nervoso. (GUYTON, 2006) Portanto uma extensa pesquisa foi realizada a procura dos opióides natural do sistema nervoso. Aproximadamente uma dúzia destas substâncias opióides é encontrada em diferentes pontos do sistema nervoso; todas elas são produtos da degradação de três grandes moléculas proteicas: pró- opiómelarnocortina, pró-encefalina e prodinofina. Entre a as mais importantes dessas substâncias opióides estão a β-endorfina, metencefalina, a leuencefalina e a ginofina. (DOUGLAS, 2006) SISTEMA OPIÓIDE ENCEFALO-ENDORFINAS E ENCEFALINAS Segundo GUYTON, 2006, há mais de 35 anos, foi descoberto que a injeções diminutas quantidades de morfina, tanto no núcleo periventricular ao redor do terceiro ventrículo quanto na substancia cinzenta periaquedutal do tronco cerebral, causa um grau estremo de analgesia. Nos estudos subsequentes, observou-se que os agentes semelhantes à morfina, principalmente os opiódes, também atuam em vários outros prontos do sistema de analgesia, incluindo os cornos dorsais da medula espinhal. Como muitas drogas que alteram a excitabilidade dos neurônios ou fazem através da ação sobre os receptores sinápticos, foi considerado que os “receptores para morfina” do sistema da analgesia deveriam ser os receptores para algum tipo de neurotransmissor semelhante a morfina que fosse naturalmente secretado pelo sistema nervoso. Portanto uma extensa pesquisa foi realizada a procura do opióde natural do sistema nervoso. Aproximadamente uma dúzia destas substâncias opiódes é encontrado em diferentes pontos do sistema nervoso; todas elas são produtos da degradação de três grandes moléculas protéicas: pró- opiómelanocortina, proencefalina e prodimorfina. Entre as mais importantes dessas substancias opiódes estão a β-endorfina, a metencefalina, a leuencefalina e a dimorfina. (DAVIES, 2001)
  • 11. 11 As duas encefalinas são encontradas no tronco cerebral e na medula espinhal, nas porções do sistema de analgesia descrita anteriormente, e a β-endorfina está presente tanto no hipotálamo como na hipófise. A dimorfina se encontra principalmente nas mesmas regiões em que ocorre as acefalinas, mas em quantidades muito menores. (DOUGLAS, 2006) Assim, apesar dos detalhes sutis do sistema opióde do cérebro não serem compreendidos, a ativação do sistema de analgesia pelos sinais neurais que entram na substância cinzenta periaquedutal e na área periventricular, ou inativação das vias da dor por drogas semelhantes a morfina podem suprimir quase totalmente muitos sinais dolorosos provenientes dos nervos periféricos. (GUYTON, 2006) INIBIÇÃO DA TRANSMISSÃO DA DOR POR SINAIS TATEIS SIMULTÃNEOS Outro evento importante na saga do controle da dor foi a descoberta que a estimulação das grandes fibras sensoriais do tipo Aβ oriunda dos receptores táteis periféricos pode reduzir a transmissão dos sinais da dor oriundos da mesma área corporal. Isto presumivelmente resulta da inibição lateral local na medula espinhal. Este fato explica porque as manobras simples como massagem da pele próxima às áreas dolorosas geralmente são eficazes no alivio da dor. E provavelmente também explica porque linimentos geralmente são utilizados para aliviar a dor. Este mecanismo e a excitação psicogênica simultânea do sistema de analgesia central provavelmente também são a base do alivio da dor obtido pela acupuntura. (GUYTON, 2005) TRATAMENTO DA DOR POR ESTIMULAÇÃO ELÉTRICA Vários procedimentos clínicos foram desenvolvidos para a supressão da dor através da estimulação elétrica. Eletrodos estimuladores são colocados em áreas selecionadas da pele ou, ocasionalmente, implantados sobre a modelo espinhal, supostamente para estimular as colunas sensoriais dorsais. (GUYTON, 2006) Em alguns pacientes, eletrodos podem ser colocados estereotaxicamente em núcleos intralaminares do tálamo apropriados ou nas áreas periventricular ou periaquedutal do diencéfalo. O paciente pode controlar pessoalmente o grau de estimulação. Um alívio dramático já foi registrado em alguns casos. Além disso, foi registrado que o alívio da dor pode durar até 24 horas após somente alguns minutos de estimulo. (GANONG, 2007) CEFALÉIA As cefaléias são um tipo de dor referida para a superfície da
  • 12. 12 cabeça a partir de estruturas profundas da mesma. Algumas cefaléias resultam de estímulos dolorosos provenientes de dentro do crânio, enquanto outras resultam de dores que se originam fora do crânio, como nos seios nasais. (GUYTON, 2006) Os tecidos encefálicos propriamente ditos são quase sensíveis a dor. Mesmo o corte ou a estimulação elétrica de áreas sensoriais do córtex cerebral apenas ocasionalmente causam dor; em vez disso, esta estimulação causa tipos incômodos de parestesias na área do corpo representada pela porção do córtex estimulado. Portanto, é provável que a principal causa da cefaleia não seja a lesão de uma região encefálica propriamente dita. (DAVIES, 2001) A estimulação dos receptores para dor na calota craniana acima do tentório, incluindo a superfície superior do tentório propriamente dito, desencadeia impulsos dolorosos na porção cerebral do quinto nervo e, portanto, causa cefaleia referida na metade frontal da cabeça, nas áreas de superfície supridas por esta porção somatossensorial do quinto nervo craniano. (DOUGLAS, 2006) O conhecimento da fisiologia da dor ou nocicepção é uma importante ferramenta para o entendimento dos mecanismos desencadeantes dos processos dolorosos, sejam fisiológicos ou principalmente patológicos. Tais informações são essenciais para a instituição de uma terapia analgésica eficiente, preemptiva e multimodal, pois a síndrome dolorosa pode ser considerada uma doença, gerando alterações na homeostasia orgânica que implicam em perda da qualidade de vida do paciente. As consequências negativas da dor de longe excedem alguma preocupação especial para a utilização de analgésicos. O estresse causado por tal situação deve ser impedido de tomar proporções catastróficas para o indivíduo, ou seja, antes que haja a exaustão das reservas biológicas de energia. Devesse ter em mente que não existem efeitos negativos da utilização dos analgésicos, mas sim, relacionados à escolha inadequada ou a dose. Qualquer dor, seja ela aguda ou crônica, tenha ela causa conhecida ou não, tem sempre um componente psicológico que varia de pessoa a pessoa. A dor pode também ser classificada segundo determinação temporal em dor aguda ou crônica. A nocicepção é o componente fisiológico da dor e compreende os processos de transdução, transmissão e modulação do CONSIDERAÇÕES FINAIS
  • 13. 13 estímulo nociceptivo. Uma vez instalado o estímulo nociceptivo, diversas alterações neuroendócrinas acontecem, promovendo um estado de hiperexcitabilidade do sistema nervoso central e periférico. Sem dúvida alguma, o adoecer é uma experiência muitas vezes traumática, e com repercussões na personalidade do paciente e, não é incomum, que venha acompanhado de algumas dores. A relação do paciente com essas dores produz sentimentos que podem interferir diretamente no processo de recuperação da patologia apresentada. Qualquer dor, seja ela aguda ou crônica, tenha ela causa conhecida ou não, tem sempre um componente psicológico que varia de pessoa a pessoa, e é modificado e influenciado por fatores culturais, étnicos, sociais e ambientais. Há pessoas que, mesmo sentindo dor forte, têm perfeito controle sobre si. Outras, com a mesma dor tomam atitudes irracionais, reagem de forma anômala frente ao stress por ela causado.
  • 14. 14 DAVIES, Andrew, Fisiologia humana. Porto Alegre: Artmed, 2001 DOUGLAS, Roberto Carlos. Tratado de fisiologia aplicada as ciências médicas. 6ª ed. Rio e Janeiro: Guanabara Koogan, 2006 GUYTON, Artur C., HALL, John E. Tratado de fisiologia médica. 11ª ed. Rio de Janeiro: Elservier Ltda, 2006 GANONG, William F. Fisiologia médica. 17ª ed. Rio de Janeiro: Prentice-Hall do Brasil, 1998 KLAUMANN, P. R. Patologia da dor. Archives of Veterinary Science. Universidade Federal do Paraná, 2008 PAIVA, Eduardo dos Santos. Manejo da Dor. Rev Bras Reumatol da Universidade Federal do Paraná, 2008 FONTES BIBLIOGRÁFICAS