SlideShare una empresa de Scribd logo
1 de 17
CICLO DO CAFÉ
Acredita-se que o café tenha
sido introduzido no Brasil
durante o século XVIII, período
em que o produto já alcançara
grande popularidade na
Europa. As primeiras plantações
do gênero foram registradas no
Rio de Janeiro, por volta de
1760. De fato, ao longo do
século XIX e início do século
XX, o café se transformou no
principal produto brasileiro
vendido no mercado
Como já dito, as primeiras plantações se deram no
Rio de Janeiro, mais precisamente na Baixada
Fluminense. O modo de produção adotado pelos
produtores era bastante parecido com aquele
registrado no período colonial: latifundiários que
utilizavam mão-de-obra escrava. Por isso, a partir
de 1850, com a proibição do trabalho escravo, o
modelo de produção fluminense se tornou
ultrapassado.
Entretanto, a demanda gerada pelo mercado
europeu e norte-americano em torno do café
tornou viável a mudança dos modos de produção e
de cultivo do produto. Assim, durante o século XIX
se registrou no oeste paulista uma verdadeira
expansão cafeeira.
Contudo, os paulistas adotaram outra filosofia de
trabalho, optando pelo uso de novas tecnologias e
pelo trabalho assalariado. Em outras palavras, os
mesmos estavam de acordo com uma mentalidade
capitalista e empresarial, que nada tinha a ver
com o modelo quase colonial fluminense.
O Ciclo do Café provocou significativas mudanças
socioeconômicas no Brasil. As riquezas do produto
proporcionaram certa estabilidade econômica,
algo que não se via desde a época do Primeiro
Reinado. Foi possível a realização de diversas
obras de infraestrutura, como a construção de
portos e ferrovias.
O café permitiu que a
economia brasileira se
modernizasse, ganhando
uma nova dinâmica. Foi a
partir deste momento que
começaram a surgir as
primeiras associações de
trabalhadores e os
primeiros sindicatos. Em
contrapartida, o Ciclo do
Café fortaleceu ainda mais
os grandes produtores
rurais, os quais ganharam
notório poder político,
especialmente no período
conhecido como República
Velha.
O CAFÉ NO CEARÁ
O café foi introduzido na Serra em 1822,
quando Antonio Pereira de Queiroz Sobrinho
plantou em Guaramiranga, em sistema de pleno
sol, sementes trazidas do Cariri, seguindo-se
outras áreas de cultivo com sementes
provenientes do Pará. O cultivo ao sol
proliferou-se paulatinamente, motivando
pioneiros e adeptos, adquirindo vulto depois de
1845, com a migração para a Serra de parte da
população sertaneja expulsa pela seca.
A expansão dos cafezais nesse sistema no Baturité
trouxe consigo não só a derrubada da mata nativa
como também a exaustão dos solos. Após algumas
décadas de belas floradas e grandes colheitas, a terra
não mais possuía humus nem retinha umidade,
tornando-se incapaz de manter o vigor produtivo das
plantas.
Depois de tentativas desastrosas de arborização com
mangabeiras e maniçobas, há registros em 1862 de
consórcios bem sucedidos com leguminosas como o
camunzé e a ingazeira. Além de proteger os cafezais
do sol, estas árvores, especialmente os ingás,
produzem humus com a queda de suas folhas e têm a
vantagem de enriquecer o solo com azoto e abrigar
inimigos naturais de pragas.
As espécies que se desenvolviam espontaneamente
foram conservadas para o plantio sistemático
observado mais tarde. Segundo LIMA (1946), o
plantio arborizado com essas leguminosas "foi uma
verdadeira ressurreição. O roçado... plantado em
1849, foi arborizado de ingazeiras em 1904,
quando começava a perecer. Revivesceu. Foram
replantadas as falhas. E presentemente [1945]
ainda apresenta cerca de sessenta por cento de
cafeeiros antigos, com noventa e seis anos de
idade, vigorosos e produtivos". Na adubação não
eram usados produtos químicos, mas apenas palha
do café, esterco de animais e outros detritos
orgânicos.
A colheita era feita predominantemente à mão, por
mulheres - as "apanhadeiras" - em balaios presos à
cintura por tiras de pano. Depois de colhido e
medido, o café era levado ao terreiro, chamado de
faxina, para secar ao sol. Depois de seco, o café
era levado à piladeira para o beneficio.
Entretanto, em meados dos anos 1960, grande parte do
parque cafeeiro cearense foi destruído, em
decorrência do Programa de Erradicação de Cafezais
estabelecido pelo Instituto Brasileiro do Café (IBC) para
reduzir a produção nacional. Nos anos 1970, mudanças
conjunturais conduziram a um novo plano
governamental, o Programa de Renovação e
Revigoramento de Cafezais, que promoveu o replantio
dos cafeeiros no Ceará. Entre 1971 e 1977, 6.156.700
novos pés foram plantados na tentativa de suprir ao
menos parte de seu consumo interno. O acesso aos
subsídios, entretanto, estava condicionado à utilização
da tecnologia proposta pelo IBC, de cultivo a pleno sol.
Os produtores que se seduziram aos cantos dos
recursos subsidiados do governo se deram mal. Devido
às características locais específicas, em poucos anos já
não havia praticamente mais um pé de café plantado
no sistema de pleno sol na região.
O pacote tecnológico proposto
pelo projeto governamental,
com ênfase na monocultura e
adubação química, não
considerou as especificidades
climáticas da região, com
chuvas fortes no verão e
estiagem prolongada nas
demais épocas do ano, e
muitas áreas entraram em
decadência. No verão as
chuvas provocavam erosão e
na época da estiagem o
cafeeiro não suportava o sol
forte por um longo período. A
adoção desse sistema de
cultivo nada adaptado às
condições serranas provocou
A produção de café do
Ceará não voltou mais a
alcançar a participação no
mercado brasileiro que
tinha no século anterior,
concentrando-se
principalmente nas áreas
que resistiram à proposta
do IBC e mantiveram a
tradição do sistema
sombreado, atendendo
apenas o mercado local. A
produção de café passou a
representar menos do que
0,1% do total produzido
pelo Brasil (IBGE: 1996).
Com a falta de incentivo
dado pela política do IBC à
produção de café
sombreado, que estava em
relativo equilíbrio com a
preservação da mata,
novas culturas como
banana e hortaliças
passaram a competir o
espaço com a floresta
nativa que sombreava o
café e foram introduzidas
pelos produtores que
necessitavam de outras
opções de renda. Isso
levou a um forte processo
de degradação ambiental e
ao empobrecimento da
Serra. Desde então, a
FONTES E REFERÊNCIAS
 http://www.historiadetudo.com/ciclo-cafe.html
 CAMARGO, Rogério. Sombreamento dos cafezais. São Paulo:
Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo, (Do "Boletim de
Agricultura" no único - 1945), 1949. 32p.
 DEAN,Warren. A Ferro e Fogo: a história da devastação da
Mata Atlântica brasileira. São Paulo: Companhia das Letras,
1997. 484p.
 LIMA, EsperidiãoQ. Antiga Família do Sertão. S. L., Livraria
AGIR Editora, 1946. 331p.
 ROMERO, José P.; ROMERO, João C. P. Cafeicultura Prática:
cronologia das publicações e dos fatos relevantes. São Paulo:
Paulo: Editora Agronômica Ceres, 1997. 400p.
 Maria Sylvia Macchione Saes é pesquisadora do Pensa,
Maria Celia Martins de Souza e Malimiria Norico Otani são
pesquisadoras do IEA.
 http://www.coffeebreak.com.br/i-ocafezal.asp?SE=8&ID=122

Más contenido relacionado

La actualidad más candente

áFrica população, regionalização e economia
áFrica população, regionalização e economiaáFrica população, regionalização e economia
áFrica população, regionalização e economia
flaviocosac
 
Brasil – domínios morfoclimáticos
Brasil – domínios morfoclimáticosBrasil – domínios morfoclimáticos
Brasil – domínios morfoclimáticos
Professor
 
Brasil - Revoltas Coloniais
Brasil - Revoltas ColoniaisBrasil - Revoltas Coloniais
Brasil - Revoltas Coloniais
carlosbidu
 

La actualidad más candente (20)

Agricultura mundial
Agricultura mundialAgricultura mundial
Agricultura mundial
 
Economia brasileira
Economia brasileiraEconomia brasileira
Economia brasileira
 
O PROCESSO DE URBANIZAÇÃO NO BRASIL
O PROCESSO DE URBANIZAÇÃO NO BRASILO PROCESSO DE URBANIZAÇÃO NO BRASIL
O PROCESSO DE URBANIZAÇÃO NO BRASIL
 
ApresentaçãO Africa
ApresentaçãO AfricaApresentaçãO Africa
ApresentaçãO Africa
 
O mundo árabe 2
O mundo árabe 2O mundo árabe 2
O mundo árabe 2
 
Egito Antigo - 6º Ano (2018)
Egito Antigo - 6º Ano (2018)Egito Antigo - 6º Ano (2018)
Egito Antigo - 6º Ano (2018)
 
áFrica população, regionalização e economia
áFrica população, regionalização e economiaáFrica população, regionalização e economia
áFrica população, regionalização e economia
 
Unidade 8 - África
Unidade 8  - ÁfricaUnidade 8  - África
Unidade 8 - África
 
África
ÁfricaÁfrica
África
 
Brasil – domínios morfoclimáticos
Brasil – domínios morfoclimáticosBrasil – domínios morfoclimáticos
Brasil – domínios morfoclimáticos
 
Os fluxos migratórios
Os fluxos migratóriosOs fluxos migratórios
Os fluxos migratórios
 
Melhoramento e inovações na cultura da cana de-açúcar
Melhoramento e inovações na cultura da cana de-açúcarMelhoramento e inovações na cultura da cana de-açúcar
Melhoramento e inovações na cultura da cana de-açúcar
 
Quilombos orig.
Quilombos  orig.Quilombos  orig.
Quilombos orig.
 
Africa - Iorubas e Bantos
Africa - Iorubas e BantosAfrica - Iorubas e Bantos
Africa - Iorubas e Bantos
 
Escravidão africana no brasil
Escravidão africana no brasilEscravidão africana no brasil
Escravidão africana no brasil
 
Demografia, população mundial 2013
Demografia, população mundial 2013Demografia, população mundial 2013
Demografia, população mundial 2013
 
Brasil - Revoltas Coloniais
Brasil - Revoltas ColoniaisBrasil - Revoltas Coloniais
Brasil - Revoltas Coloniais
 
Populaçao brasileira
Populaçao brasileiraPopulaçao brasileira
Populaçao brasileira
 
Agroecologia 2.ppt
Agroecologia 2.pptAgroecologia 2.ppt
Agroecologia 2.ppt
 
Mesopotâmia - 6º Ano (2018)
Mesopotâmia - 6º Ano (2018)Mesopotâmia - 6º Ano (2018)
Mesopotâmia - 6º Ano (2018)
 

Destacado

Cafeteria Procedures
Cafeteria ProceduresCafeteria Procedures
Cafeteria Procedures
Alice Mercer
 
Economia cafeeira
Economia cafeeiraEconomia cafeeira
Economia cafeeira
Luan Ismar
 

Destacado (16)

Cafeteria presentation
Cafeteria presentationCafeteria presentation
Cafeteria presentation
 
Cafeteria Food.ppt
Cafeteria Food.pptCafeteria Food.ppt
Cafeteria Food.ppt
 
Faculty cafeteria presentation
Faculty cafeteria presentationFaculty cafeteria presentation
Faculty cafeteria presentation
 
University Cafeteria Operations using Business Process Model and Notation (B...
University Cafeteria Operations  using Business Process Model and Notation (B...University Cafeteria Operations  using Business Process Model and Notation (B...
University Cafeteria Operations using Business Process Model and Notation (B...
 
Cafeteria Procedures
Cafeteria ProceduresCafeteria Procedures
Cafeteria Procedures
 
Trabalho cafeteria
Trabalho cafeteria Trabalho cafeteria
Trabalho cafeteria
 
A situação Social da População Negra por Estado - Brasil
A situação Social da População Negra por Estado - BrasilA situação Social da População Negra por Estado - Brasil
A situação Social da População Negra por Estado - Brasil
 
Brasil negros no sistema colonial
Brasil negros no sistema colonialBrasil negros no sistema colonial
Brasil negros no sistema colonial
 
Economia cafeeira
Economia cafeeiraEconomia cafeeira
Economia cafeeira
 
Brasil do Café Parte I e II.
Brasil do Café Parte I e II.Brasil do Café Parte I e II.
Brasil do Café Parte I e II.
 
Café
CaféCafé
Café
 
8 Escravidão Negra
8 Escravidão Negra8 Escravidão Negra
8 Escravidão Negra
 
Período Imperial - História do Brasil
Período Imperial - História do BrasilPeríodo Imperial - História do Brasil
Período Imperial - História do Brasil
 
Brasil imperial
Brasil imperialBrasil imperial
Brasil imperial
 
Projeto afrodescendente
Projeto afrodescendenteProjeto afrodescendente
Projeto afrodescendente
 
Restaurant Presentation
Restaurant PresentationRestaurant Presentation
Restaurant Presentation
 

Similar a Café

Ana Paula Ajksjihduihuihjdsaidj
Ana Paula AjksjihduihuihjdsaidjAna Paula Ajksjihduihuihjdsaidj
Ana Paula Ajksjihduihuihjdsaidj
Mara Sandra
 
A imigração no brasil no século XIX
A imigração no brasil no século XIXA imigração no brasil no século XIX
A imigração no brasil no século XIX
Larissa Silva
 
O café no brasil
O café no brasilO café no brasil
O café no brasil
Eron Alves
 
Da cafeicultura ao Brasil urbano industrial
Da cafeicultura ao Brasil urbano industrialDa cafeicultura ao Brasil urbano industrial
Da cafeicultura ao Brasil urbano industrial
karolpoa
 
12596677 principais-ciclos-da-economia-brasileira
12596677 principais-ciclos-da-economia-brasileira12596677 principais-ciclos-da-economia-brasileira
12596677 principais-ciclos-da-economia-brasileira
Rodrigo Nillo
 
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.
ANTONIO INACIO FERRAZ
 

Similar a Café (20)

Grupo 6
Grupo 6Grupo 6
Grupo 6
 
Grupo Eliana, Fhabiene, Lorena e Rosana
Grupo Eliana, Fhabiene, Lorena e RosanaGrupo Eliana, Fhabiene, Lorena e Rosana
Grupo Eliana, Fhabiene, Lorena e Rosana
 
Ana Paula Ajksjihduihuihjdsaidj
Ana Paula AjksjihduihuihjdsaidjAna Paula Ajksjihduihuihjdsaidj
Ana Paula Ajksjihduihuihjdsaidj
 
Agropecuaria no brasil
Agropecuaria no brasilAgropecuaria no brasil
Agropecuaria no brasil
 
Grupo 4
Grupo 4Grupo 4
Grupo 4
 
História do café
História do caféHistória do café
História do café
 
Web quest café
Web quest caféWeb quest café
Web quest café
 
Wagner projeto de pesquisa
Wagner  projeto de pesquisaWagner  projeto de pesquisa
Wagner projeto de pesquisa
 
A imigração no brasil no século XIX
A imigração no brasil no século XIXA imigração no brasil no século XIX
A imigração no brasil no século XIX
 
Café
CaféCafé
Café
 
O café no brasil
O café no brasilO café no brasil
O café no brasil
 
O imperio-do-café Mario Maestri
O imperio-do-café Mario MaestriO imperio-do-café Mario Maestri
O imperio-do-café Mario Maestri
 
Da cafeicultura ao Brasil urbano industrial
Da cafeicultura ao Brasil urbano industrialDa cafeicultura ao Brasil urbano industrial
Da cafeicultura ao Brasil urbano industrial
 
Da cafeicultura ao brasil urbano industrial
Da cafeicultura ao brasil urbano industrialDa cafeicultura ao brasil urbano industrial
Da cafeicultura ao brasil urbano industrial
 
2615segundo_reinado_7_ano.pptx
2615segundo_reinado_7_ano.pptx2615segundo_reinado_7_ano.pptx
2615segundo_reinado_7_ano.pptx
 
Fazendão receitas
Fazendão receitasFazendão receitas
Fazendão receitas
 
Café no Segundo Reinado
Café no Segundo ReinadoCafé no Segundo Reinado
Café no Segundo Reinado
 
12596677 principais-ciclos-da-economia-brasileira
12596677 principais-ciclos-da-economia-brasileira12596677 principais-ciclos-da-economia-brasileira
12596677 principais-ciclos-da-economia-brasileira
 
Agricultura brasileira
Agricultura brasileiraAgricultura brasileira
Agricultura brasileira
 
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.
 

Más de Rodolfo Ferreira de Oliveira

Más de Rodolfo Ferreira de Oliveira (20)

Preconceito Linguístico
Preconceito LinguísticoPreconceito Linguístico
Preconceito Linguístico
 
Um Tubarão Gigantesco do Cretáceo Inferior na Formação do Duck Creek do Texas.
Um Tubarão Gigantesco do Cretáceo Inferior na Formação do Duck Creek do Texas.Um Tubarão Gigantesco do Cretáceo Inferior na Formação do Duck Creek do Texas.
Um Tubarão Gigantesco do Cretáceo Inferior na Formação do Duck Creek do Texas.
 
O olhar imperial e a invenção da África
O olhar imperial e a invenção da ÁfricaO olhar imperial e a invenção da África
O olhar imperial e a invenção da África
 
Marie Curie
Marie CurieMarie Curie
Marie Curie
 
Estrelas
EstrelasEstrelas
Estrelas
 
Fungos
FungosFungos
Fungos
 
Origem e evolução do ser humano
Origem e evolução do ser humanoOrigem e evolução do ser humano
Origem e evolução do ser humano
 
Cabo Verde
Cabo VerdeCabo Verde
Cabo Verde
 
Conhecimento Empírico
Conhecimento EmpíricoConhecimento Empírico
Conhecimento Empírico
 
Globalização Política
Globalização PolíticaGlobalização Política
Globalização Política
 
Feitorias
FeitoriasFeitorias
Feitorias
 
O trabalho escravo no brasil
O trabalho escravo no brasilO trabalho escravo no brasil
O trabalho escravo no brasil
 
As Leis de Newton
As Leis de NewtonAs Leis de Newton
As Leis de Newton
 
A linguagem visual
A linguagem visualA linguagem visual
A linguagem visual
 
Gametogênese
GametogêneseGametogênese
Gametogênese
 
Células tronco embrionárias
Células tronco embrionáriasCélulas tronco embrionárias
Células tronco embrionárias
 
Raça e etnia
Raça e etniaRaça e etnia
Raça e etnia
 
Tecido Conjuntivo
Tecido ConjuntivoTecido Conjuntivo
Tecido Conjuntivo
 
Unidade
UnidadeUnidade
Unidade
 
Movimento uniforme
Movimento uniformeMovimento uniforme
Movimento uniforme
 

Último

Considerando as pesquisas de Gallahue, Ozmun e Goodway (2013) os bebês até an...
Considerando as pesquisas de Gallahue, Ozmun e Goodway (2013) os bebês até an...Considerando as pesquisas de Gallahue, Ozmun e Goodway (2013) os bebês até an...
Considerando as pesquisas de Gallahue, Ozmun e Goodway (2013) os bebês até an...
azulassessoria9
 
Slide - SAEB. língua portuguesa e matemática
Slide - SAEB. língua portuguesa e matemáticaSlide - SAEB. língua portuguesa e matemática
Slide - SAEB. língua portuguesa e matemática
sh5kpmr7w7
 
ATIVIDADE 2 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
ATIVIDADE 2 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024ATIVIDADE 2 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
ATIVIDADE 2 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
azulassessoria9
 
ATIVIDADE 2 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
ATIVIDADE 2 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024ATIVIDADE 2 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
ATIVIDADE 2 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
azulassessoria9
 
atividade-de-portugues-paronimos-e-homonimos-4º-e-5º-ano-respostas.pdf
atividade-de-portugues-paronimos-e-homonimos-4º-e-5º-ano-respostas.pdfatividade-de-portugues-paronimos-e-homonimos-4º-e-5º-ano-respostas.pdf
atividade-de-portugues-paronimos-e-homonimos-4º-e-5º-ano-respostas.pdf
Autonoma
 
Sistema articular aula 4 (1).pdf articulações e junturas
Sistema articular aula 4 (1).pdf articulações e junturasSistema articular aula 4 (1).pdf articulações e junturas
Sistema articular aula 4 (1).pdf articulações e junturas
rfmbrandao
 
O estudo do controle motor nada mais é do que o estudo da natureza do movimen...
O estudo do controle motor nada mais é do que o estudo da natureza do movimen...O estudo do controle motor nada mais é do que o estudo da natureza do movimen...
O estudo do controle motor nada mais é do que o estudo da natureza do movimen...
azulassessoria9
 

Último (20)

Aula 1 - Psicologia Cognitiva, aula .ppt
Aula 1 - Psicologia Cognitiva, aula .pptAula 1 - Psicologia Cognitiva, aula .ppt
Aula 1 - Psicologia Cognitiva, aula .ppt
 
Introdução às Funções 9º ano: Diagrama de flexas, Valor numérico de uma funçã...
Introdução às Funções 9º ano: Diagrama de flexas, Valor numérico de uma funçã...Introdução às Funções 9º ano: Diagrama de flexas, Valor numérico de uma funçã...
Introdução às Funções 9º ano: Diagrama de flexas, Valor numérico de uma funçã...
 
Caderno de exercícios Revisão para o ENEM (1).pdf
Caderno de exercícios Revisão para o ENEM (1).pdfCaderno de exercícios Revisão para o ENEM (1).pdf
Caderno de exercícios Revisão para o ENEM (1).pdf
 
6ano variação linguística ensino fundamental.pptx
6ano variação linguística ensino fundamental.pptx6ano variação linguística ensino fundamental.pptx
6ano variação linguística ensino fundamental.pptx
 
Quiz | Dia da Europa 2024 (comemoração)
Quiz | Dia da Europa 2024  (comemoração)Quiz | Dia da Europa 2024  (comemoração)
Quiz | Dia da Europa 2024 (comemoração)
 
Slides Lição 06, Central Gospel, O Anticristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 06, Central Gospel, O Anticristo, 1Tr24.pptxSlides Lição 06, Central Gospel, O Anticristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 06, Central Gospel, O Anticristo, 1Tr24.pptx
 
apostila filosofia 1 ano 1s (1).pdf 1 ANO DO ENSINO MEDIO . CONCEITOSE CARAC...
apostila filosofia 1 ano  1s (1).pdf 1 ANO DO ENSINO MEDIO . CONCEITOSE CARAC...apostila filosofia 1 ano  1s (1).pdf 1 ANO DO ENSINO MEDIO . CONCEITOSE CARAC...
apostila filosofia 1 ano 1s (1).pdf 1 ANO DO ENSINO MEDIO . CONCEITOSE CARAC...
 
Considerando as pesquisas de Gallahue, Ozmun e Goodway (2013) os bebês até an...
Considerando as pesquisas de Gallahue, Ozmun e Goodway (2013) os bebês até an...Considerando as pesquisas de Gallahue, Ozmun e Goodway (2013) os bebês até an...
Considerando as pesquisas de Gallahue, Ozmun e Goodway (2013) os bebês até an...
 
Slide - SAEB. língua portuguesa e matemática
Slide - SAEB. língua portuguesa e matemáticaSlide - SAEB. língua portuguesa e matemática
Slide - SAEB. língua portuguesa e matemática
 
ATIVIDADE 2 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
ATIVIDADE 2 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024ATIVIDADE 2 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
ATIVIDADE 2 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
 
ATIVIDADE 2 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
ATIVIDADE 2 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024ATIVIDADE 2 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
ATIVIDADE 2 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
 
Novena de Pentecostes com textos de São João Eudes
Novena de Pentecostes com textos de São João EudesNovena de Pentecostes com textos de São João Eudes
Novena de Pentecostes com textos de São João Eudes
 
Tema de redação - As dificuldades para barrar o casamento infantil no Brasil ...
Tema de redação - As dificuldades para barrar o casamento infantil no Brasil ...Tema de redação - As dificuldades para barrar o casamento infantil no Brasil ...
Tema de redação - As dificuldades para barrar o casamento infantil no Brasil ...
 
Questões de Língua Portuguesa - gincana da LP
Questões de Língua Portuguesa - gincana da LPQuestões de Língua Portuguesa - gincana da LP
Questões de Língua Portuguesa - gincana da LP
 
O desenvolvimento é um conceito mais amplo, pode ter um contexto biológico ou...
O desenvolvimento é um conceito mais amplo, pode ter um contexto biológico ou...O desenvolvimento é um conceito mais amplo, pode ter um contexto biológico ou...
O desenvolvimento é um conceito mais amplo, pode ter um contexto biológico ou...
 
atividade-de-portugues-paronimos-e-homonimos-4º-e-5º-ano-respostas.pdf
atividade-de-portugues-paronimos-e-homonimos-4º-e-5º-ano-respostas.pdfatividade-de-portugues-paronimos-e-homonimos-4º-e-5º-ano-respostas.pdf
atividade-de-portugues-paronimos-e-homonimos-4º-e-5º-ano-respostas.pdf
 
Sistema articular aula 4 (1).pdf articulações e junturas
Sistema articular aula 4 (1).pdf articulações e junturasSistema articular aula 4 (1).pdf articulações e junturas
Sistema articular aula 4 (1).pdf articulações e junturas
 
Sopa de letras | Dia da Europa 2024 (nível 1)
Sopa de letras | Dia da Europa 2024 (nível 1)Sopa de letras | Dia da Europa 2024 (nível 1)
Sopa de letras | Dia da Europa 2024 (nível 1)
 
O estudo do controle motor nada mais é do que o estudo da natureza do movimen...
O estudo do controle motor nada mais é do que o estudo da natureza do movimen...O estudo do controle motor nada mais é do que o estudo da natureza do movimen...
O estudo do controle motor nada mais é do que o estudo da natureza do movimen...
 
Pesquisa Ação René Barbier Livro acadêmico
Pesquisa Ação René Barbier Livro  acadêmicoPesquisa Ação René Barbier Livro  acadêmico
Pesquisa Ação René Barbier Livro acadêmico
 

Café

  • 1.
  • 2. CICLO DO CAFÉ Acredita-se que o café tenha sido introduzido no Brasil durante o século XVIII, período em que o produto já alcançara grande popularidade na Europa. As primeiras plantações do gênero foram registradas no Rio de Janeiro, por volta de 1760. De fato, ao longo do século XIX e início do século XX, o café se transformou no principal produto brasileiro vendido no mercado
  • 3. Como já dito, as primeiras plantações se deram no Rio de Janeiro, mais precisamente na Baixada Fluminense. O modo de produção adotado pelos produtores era bastante parecido com aquele registrado no período colonial: latifundiários que utilizavam mão-de-obra escrava. Por isso, a partir de 1850, com a proibição do trabalho escravo, o modelo de produção fluminense se tornou ultrapassado. Entretanto, a demanda gerada pelo mercado europeu e norte-americano em torno do café tornou viável a mudança dos modos de produção e de cultivo do produto. Assim, durante o século XIX se registrou no oeste paulista uma verdadeira expansão cafeeira.
  • 4. Contudo, os paulistas adotaram outra filosofia de trabalho, optando pelo uso de novas tecnologias e pelo trabalho assalariado. Em outras palavras, os mesmos estavam de acordo com uma mentalidade capitalista e empresarial, que nada tinha a ver com o modelo quase colonial fluminense. O Ciclo do Café provocou significativas mudanças socioeconômicas no Brasil. As riquezas do produto proporcionaram certa estabilidade econômica, algo que não se via desde a época do Primeiro Reinado. Foi possível a realização de diversas obras de infraestrutura, como a construção de portos e ferrovias.
  • 5. O café permitiu que a economia brasileira se modernizasse, ganhando uma nova dinâmica. Foi a partir deste momento que começaram a surgir as primeiras associações de trabalhadores e os primeiros sindicatos. Em contrapartida, o Ciclo do Café fortaleceu ainda mais os grandes produtores rurais, os quais ganharam notório poder político, especialmente no período conhecido como República Velha.
  • 6. O CAFÉ NO CEARÁ
  • 7. O café foi introduzido na Serra em 1822, quando Antonio Pereira de Queiroz Sobrinho plantou em Guaramiranga, em sistema de pleno sol, sementes trazidas do Cariri, seguindo-se outras áreas de cultivo com sementes provenientes do Pará. O cultivo ao sol proliferou-se paulatinamente, motivando pioneiros e adeptos, adquirindo vulto depois de 1845, com a migração para a Serra de parte da população sertaneja expulsa pela seca.
  • 8. A expansão dos cafezais nesse sistema no Baturité trouxe consigo não só a derrubada da mata nativa como também a exaustão dos solos. Após algumas décadas de belas floradas e grandes colheitas, a terra não mais possuía humus nem retinha umidade, tornando-se incapaz de manter o vigor produtivo das plantas. Depois de tentativas desastrosas de arborização com mangabeiras e maniçobas, há registros em 1862 de consórcios bem sucedidos com leguminosas como o camunzé e a ingazeira. Além de proteger os cafezais do sol, estas árvores, especialmente os ingás, produzem humus com a queda de suas folhas e têm a vantagem de enriquecer o solo com azoto e abrigar inimigos naturais de pragas.
  • 9.
  • 10. As espécies que se desenvolviam espontaneamente foram conservadas para o plantio sistemático observado mais tarde. Segundo LIMA (1946), o plantio arborizado com essas leguminosas "foi uma verdadeira ressurreição. O roçado... plantado em 1849, foi arborizado de ingazeiras em 1904, quando começava a perecer. Revivesceu. Foram replantadas as falhas. E presentemente [1945] ainda apresenta cerca de sessenta por cento de cafeeiros antigos, com noventa e seis anos de idade, vigorosos e produtivos". Na adubação não eram usados produtos químicos, mas apenas palha do café, esterco de animais e outros detritos orgânicos.
  • 11.
  • 12. A colheita era feita predominantemente à mão, por mulheres - as "apanhadeiras" - em balaios presos à cintura por tiras de pano. Depois de colhido e medido, o café era levado ao terreiro, chamado de faxina, para secar ao sol. Depois de seco, o café era levado à piladeira para o beneficio.
  • 13. Entretanto, em meados dos anos 1960, grande parte do parque cafeeiro cearense foi destruído, em decorrência do Programa de Erradicação de Cafezais estabelecido pelo Instituto Brasileiro do Café (IBC) para reduzir a produção nacional. Nos anos 1970, mudanças conjunturais conduziram a um novo plano governamental, o Programa de Renovação e Revigoramento de Cafezais, que promoveu o replantio dos cafeeiros no Ceará. Entre 1971 e 1977, 6.156.700 novos pés foram plantados na tentativa de suprir ao menos parte de seu consumo interno. O acesso aos subsídios, entretanto, estava condicionado à utilização da tecnologia proposta pelo IBC, de cultivo a pleno sol. Os produtores que se seduziram aos cantos dos recursos subsidiados do governo se deram mal. Devido às características locais específicas, em poucos anos já não havia praticamente mais um pé de café plantado no sistema de pleno sol na região.
  • 14. O pacote tecnológico proposto pelo projeto governamental, com ênfase na monocultura e adubação química, não considerou as especificidades climáticas da região, com chuvas fortes no verão e estiagem prolongada nas demais épocas do ano, e muitas áreas entraram em decadência. No verão as chuvas provocavam erosão e na época da estiagem o cafeeiro não suportava o sol forte por um longo período. A adoção desse sistema de cultivo nada adaptado às condições serranas provocou
  • 15. A produção de café do Ceará não voltou mais a alcançar a participação no mercado brasileiro que tinha no século anterior, concentrando-se principalmente nas áreas que resistiram à proposta do IBC e mantiveram a tradição do sistema sombreado, atendendo apenas o mercado local. A produção de café passou a representar menos do que 0,1% do total produzido pelo Brasil (IBGE: 1996). Com a falta de incentivo dado pela política do IBC à produção de café sombreado, que estava em relativo equilíbrio com a preservação da mata, novas culturas como banana e hortaliças passaram a competir o espaço com a floresta nativa que sombreava o café e foram introduzidas pelos produtores que necessitavam de outras opções de renda. Isso levou a um forte processo de degradação ambiental e ao empobrecimento da Serra. Desde então, a
  • 16. FONTES E REFERÊNCIAS  http://www.historiadetudo.com/ciclo-cafe.html  CAMARGO, Rogério. Sombreamento dos cafezais. São Paulo: Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo, (Do "Boletim de Agricultura" no único - 1945), 1949. 32p.  DEAN,Warren. A Ferro e Fogo: a história da devastação da Mata Atlântica brasileira. São Paulo: Companhia das Letras, 1997. 484p.
  • 17.  LIMA, EsperidiãoQ. Antiga Família do Sertão. S. L., Livraria AGIR Editora, 1946. 331p.  ROMERO, José P.; ROMERO, João C. P. Cafeicultura Prática: cronologia das publicações e dos fatos relevantes. São Paulo: Paulo: Editora Agronômica Ceres, 1997. 400p.  Maria Sylvia Macchione Saes é pesquisadora do Pensa, Maria Celia Martins de Souza e Malimiria Norico Otani são pesquisadoras do IEA.  http://www.coffeebreak.com.br/i-ocafezal.asp?SE=8&ID=122