O documento discute literatura infantil, incluindo:
1) O que é literatura infantil e como ela começou a se desenvolver;
2) Algumas das primeiras histórias, incluindo As Mil e Uma Noites;
3) Como literatura infantil pode ser usada para desenvolver a consciência das crianças sobre o mundo.
2. Afinal, o que é Literatura Infantil?
•A palavra literatura é intransitiva e, independente do adjetivo que
receba, é arte e deleite. Sendo assim, o termo infantil associado à
literatura não significa que ela tenha sido feita necessariamente para
crianças. Na verdade, a literatura infantil acaba sendo aquela que
corresponde, de alguma forma, aos anseios do leitor e que se
identifique com ele.
•A autêntica literatura infantil não deve ser feita essencialmente com
intenção pedagógica, didática ou para incentivar hábito de leitura.
Este tipo de texto deve ser produzido pela criança que há em cada
um de nós. Assim o poder de cativar esse público tão exigente e
importante aparece.
•O grande segredo é trabalhar o imaginário e a fantasia.
3. E como foi que tudo começou?
Origens da Literatura Infantil
O aparecimento da Literatura Infantil tem
características próprias, pois decorre da ascensão da
família burguesa, do novo "status" concedido à infância
na sociedade e da reorganização da escola. Sua
emergência deveu-se, antes de tudo, à sua associação
com a Pedagogia, já que as histórias eram elaboradas
para se converterem em instrumento dela.
É a partir do século XVIII que a criança passa a ser
considerada um ser diferente do adulto, com
necessidades e características próprias, pelo que
deveria distanciar-se da vida dos mais velhos e receber
uma educação especial, que a preparasse para a vida
adulta.
4. Os primeiros contos
As Mil e Uma Noites
Coleção de contos árabes (Alf Lailah Oua Lailah) compilados
provavelmente entre os séculos XIII e XVI. São estruturados como
histórias em cadeia, em que cada conto termina com uma deixa que o
liga ao seguinte. Essa estruturação força o ouvinte curioso a retornar
para continuar a história, interrompida com suspense no ar.
Foi o orientalista francês Antoine Galland o responsável por tornar
o livro de As mil e uma Noites conhecido no ocidente (1704). Os árabes
foram reunindo e adaptando esses contos maravilhosos de várias
tradições. O uso do número 1001 sugere que podem aparecer mais
histórias, ligadas por um fio condutor infinito. Usar 1000 talvez desse
a idéia de fechamento, inteiro, que não caracteriza a proposta da obra.
Os mais famosos contos são:
O Mercador e o Gênio
Aladim ou a Lâmpada Maravilhosa
Ali-Babá e os Quarenta Ladrões Exterminados por uma
Escrava
As Sete Viagens de Simbá, o Marinheiro
5. Quem conta um conto...
O rei persa Shariar, vitimado pela infidelidade de sua mulher,
mandou matá-la e resolveu passar cada noite com uma esposa diferente,
que mandava degolar na manhã seguinte. Recebendo como mulher a
Sherazade, esta iniciou um conto que despertou o interesse do rei em
ouvir-lhe a continuação na noite seguinte. Sherazade, por artificiosa
ligação dos seus contos, conseguiu encantar o monarca por mil e uma
noites e foi poupada da morte.
A história conta que, durante três anos, moças eram
sacrificadas pelo rei, até que já não havia mais virgens no reino, e o
vizir não sabia mais o que fazer para atender o desejo do rei. Foi quando
uma de suas filhas, Sherazade, pediu-lhe que a levasse como noiva do rei,
pois sabia um estratagema para escapar ao triste fim que a esperava. A
princesa, após ser possuída pelo rei, começa a contar a extraordinária
"História do Mercador e do Efrit", mas, antes que a manhã rompesse, ela
parava seu relato, deixando um clima de suspense, só dando continuidade
à narrativa na manhã seguinte. Assim, Sherazade conseguiu sobreviver,
graças à sua palavra sábia e à curiosidade do rei. Ao fim desse tempo, ela
já havia tido três filhos e, na milésima primeira noite, pede ao rei que a
poupe, por amor às crianças. O rei finalmente responde que lhe
perdoaria, sobretudo pela dignidade de Sherazade.
Fica então a metáfora traduzida por Sherazade: a liberdade se
conquista com o exercício da criatividade.
6. As histórias infantis como
forma de consciência de mundo
A Literatura Infantil, por iniciar o homem no mundo literário, deve ser
utilizada como instrumento para a sensibilização da consciência, para a
expansão da capacidade e interesse de analisar o mundo. Sendo
fundamental mostrar que a literatura deve ser encarada, sempre, de modo
global e complexo em sua ambigüidade e pluralidade.
Até bem pouco tempo, em nosso século, a Literatura Infantil era
considerada como um gênero secundário, e vista pelo adulto como algo
pueril (nivelada ao brinquedo) ou útil (forma de entretenimento). A
valorização da Literatura Infantil, como formadora de consciência
dentro da vida cultural das sociedades, é bem recente.
Para investir na relação entre a interpretação do texto literário e a
realidade, não há melhor sugestão do que obras infantis que
abordem questões de nosso tempo e problemas universais,
inerentes ao ser humano.
7. Histórias para crianças (faixa etária / áreas de
interesse / materiais / livros)
FAIXA ETÁRIA TEXTOS ILUSTRÇÕES MATERIAIS
1a2 As histórias devem ser rápidas Uma gravura em cada página, Livros de pano, madeira, e
e curtas mostrando coisas simples e plástico. É recomendado o uso de
atrativas visualmente fantoches
2a3 As histórias devem ser rápidas, Gravuras grandes e com Os fantoches continuam sendo o
com pouco texto de um enredo poucos detalhes material mais adequado. Música
simples e vivo, poucos também exerce um grande
personagens, aproximando-se, fascínio sobre a criança
ao máximo das vivências da
criança
3a6 Os livros adequados a essa fase Livros com dobraduras simples.
devem propor vivências Outro recurso é a transformação
radicadas no cotidiano familiar do contador de histórias com
Predomínio absoluto da
da criança. roupas e objetos característicos. A
imagem, sem texto escrito ou
criança acredita, realmente, que o
com textos brevíssimos.
contador de histórias se
transformou no personagem ao
colocar uma máscara.
6 ou 7 anos (fase de Trabalho com figuras de Excelente momento para inserir
alfabetização) linguagem que explorem o som Ilustração deve integrar-se ao poesia, pois brinca com palavras,
das palavras. Estruturas frasais texto a fim de instigar o sílabas, sons. Apoio de
mais simples sem longas interesse pela leitura. Uso de instrumentos musicais ou outros
construções. Ampliação das letras ilustradas, palavras com objetos que produzam sons.
temáticas com personagens estrutura dimensiva Materiais como massinha, tintas,
inseridas na coletividade, diferenciada e explorando lápis de cor ou cera podem ser
favorecendo a socialização, caráter pictórico. usados para ilustrar textos.
sobretudo na escola.
8. TEMAS PARA
APRESENTAÇÃO
• A CENA DE CADA UM
• QUERO LER O MUNDO PELOS OLHOS
DE...
• A CAIXA QUE VIRA UMA HISTÓRIA
• A IMAGEM E O TEXTO DE CADA UM