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O diagnóstico da dislexia e sua relevância no atendimento psicopedagógico infantil
por Silvana Perez*

“A verdadeira educação consiste em por a descoberto o melhor de uma pessoa”
(Gandhi)

Os distúrbios de leitura e escrita atingem grande porcentagem das crianças em idade
escolar.

Os sujeitos diagnosticados como disléxicos apresentam grandes dificuldades na leitura
e compreensão de textos e mais preocupante é a baixa autoestima que demonstram,
conturbando e envolvendo toda a família num processo de aceitação do diferente e
inusitado.

Esse tema da Dislexia tem se mostrado bastante atual, sendo até capa da revista TIME,
de 8 de setembro de 2003, com a manchete: “Vencendo a Dislexia”.

Com o grande número de reportagens e de bibliografias recentes sobre o assunto, qual
a importância deste diagnóstico, no que ele pode ajudar ou atrapalhar o
acompanhamento psicopedagógico clínico?

Dentro do espaço psicopedagógico o diagnóstico deveria ser mais pesquisado quanto à
sua utilidade, pois poderemos estar auxiliando estes sujeitos no seu desempenho
escolar.

A leitura e a escrita são habilidades essenciais para o ser humano se desenvolver
plenamente nos dias atuais. Uma pessoa que não sabe ler acaba ficando totalmente
fora do contexto social em que vive.

Descobrir se o diagnóstico da dislexia auxilia ou não o tratamento destes sujeitos é
muito significativo. Esta descoberta torna-se de suma importância, pois qualquer
recurso que possa ser utilizado nestes casos pode aumentar em grande escala a chance
dessas pessoas se darem bem na vida.

Se conseguirmos que os sujeitos com dificuldades de leitura e escrita sejam
entendidos em suas necessidades, poderemos evitar que estes se tornem pessoas à
margem da sociedade em que vivem.

O papel principal do psicopedagogo é o de fortalecer o sujeito que está na situação de
não aprender.

Na Psicopedagogia a palavra não é o foco e sim a ação, a construção de algo é que faz
o processo de intervenção, processo este que deve ter um pano de fundo que capte o
inconsciente do sujeito.

Palavras – chave: Psicopedagogia – Dislexia – Aprendizagem - Educação

DICA PROFISSIONAL - Orientações para sala de aula
Os disléxicos possuem características próprias e individuais assim como todos nós, ou
seja, não existe uma "fórmula" igual para todos que os ajude na aprendizagem em sala
de aula.

O mais importante é que as pessoas que lidam com eles possuam muita sensibilidade
para perceber e sentir por qual caminho este aluno consegue aprender melhor.
Algumas "dicas" são válidas, mas isso não quer dizer que todos se dêem bem com
elas.

Por exemplo:
> colocá-los sentados perto da professora e da lousa; acompanhar suas anotações ou
pedir para que um colega o ajude a anotar datas de entrega de trabalhos, etc.;
> oferecer lápis de cores diferentes para escrever ou copiar da lousa como estímulo à
escrita (escrever uma linha de cada cor, ou uma palavra de cada cor);
> valorizar muito o lado sensível que eles possuem, normalmente ligado aos animais,
à natureza, ao ser humano ou trabalhos manuais como dobraduras; este lado sensível
pode ser estimulado através do(a) professor(a) e dos próprios alunos, pedindo para que
o disléxico apresente para a classe o que sabe sobre o assunto (com o objetivo de
levantar sua auto - estima);
> oferecer-lhe uma régua para acompanhar a leitura;
> respeitar o seu ritmo e oferecer tempo extra para que termine as atividades ou fazer
um pequeno resumo da matéria e/ou dos exercícios, o disléxico não precisa ter todos
os exercícios, priorize os mais importantes; oferecer-lhe apoio e compreensão nos
momentos difíceis, com o cuidado de não fazer com que ele se torne vítima de uma
situação e passe a se aproveitar dela, por exemplo: ele resolve não fazer mais nada só
porque é disléxico, mostrar que ele é muito inteligente e pode fazer muita coisa!

Bem, são só algumas sugestões, espero poder ter ajudado.

*Silvana Perez - Psicopedagoga Clínica - Psicopedagoga Voluntária da ABD

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