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Nunca jogue os livros fora
        Estava ávido para escrever uma crônica. Na abstinência, me vejo escrevendo
durante o sono; na vigília, sonho que escrevo. Mas não escrevo sem estímulo. Pouco
basta, pode ser uma cena de rua, uma matéria da tevê, a leitura de um livro, versos de
um poeta. É preciso haver o estalo criativo, a chamada centelha inspirativa. Ela
representa cerca de noventa por cento do meu processo criativo. Os outros dez são
transpirativos. De autor para autor, a fórmula inspiração x transpiração varia. Nada para
encabular, nenhum ser humano é igual.

       Mas como dizia, estava ávido para escrever uma crônica. Vasculhava a internet
em busca de um assunto. Nada à vista, sentia-me tão desolado quanto o náufrago que só
vê a linha d’água à altura dos olhos. Para distrair-me, abri o e-mail. Entre as muitas
mensagens, uma do poeta amigo Paulo Aires Marinho, com o seguinte texto de
abertura: “Compartilho a foto anexa – as ideias beijando o chão. Livros de pensadores
importantes... daria uma boa crônica”.

       Se mentalmente agradeci-lhe, fiquei triste na mesma hora. A foto mostrava sobre
a grama de uma praça de minha cidade trinta e um livros largados de qualquer jeito,
como as vítimas de um serial killer após a matança. O assassínio da Cultura. Não
contive o ímpeto comparativo com a chocante ação de hoje na qual um jovem suicida
matou onze crianças e adolescentes na escola municipal carioca Tasso da Silveira, em
Realengo.

       Os dois casos envolvem Educação e Cultura.

        Um assassino é incapaz de respeitar a própria vida. Com balas de revólver, que
chocam pelas cenas brutais provocadas, ou ações criminosas invisíveis que resultam em
dano permanente ao caráter e desdobramentos que podem até produzir um monstro
assassino, continuará matando. Não destina livros, estéreis se jogados no solo
agricultável, ao terreno fértil e próprio — as cabeças dos leitores. Quem dá um livro não
invade uma escola com uma arma na mão.

        Arranjei as últimas palavras no texto, os dados finais e encerrei a crônica.
Mesmo assim não me sentia nem um pouco feliz. A adolescência perdera numa escola
da Zona Oeste do Rio de Janeiro onze jovens leitores. Onze ávidos alunos à procura de
conhecimento. Numa praça de minha cidade um serial killer assassinava a Cultura. Que
traço indissociável os ligava? Evidente, os dois, há muito, jogaram os livros fora.

        Abomino o desfecho desta crônica. Verdadeiramente ela deveria ser assim
iniciada: “O semeador, onze livros à mão, saiu à procura de leitores. Onde melhor
encontrá-los que numa escola?”



       jjLeandro

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Nunca jogue-livros-fora

  • 1. Nunca jogue os livros fora Estava ávido para escrever uma crônica. Na abstinência, me vejo escrevendo durante o sono; na vigília, sonho que escrevo. Mas não escrevo sem estímulo. Pouco basta, pode ser uma cena de rua, uma matéria da tevê, a leitura de um livro, versos de um poeta. É preciso haver o estalo criativo, a chamada centelha inspirativa. Ela representa cerca de noventa por cento do meu processo criativo. Os outros dez são transpirativos. De autor para autor, a fórmula inspiração x transpiração varia. Nada para encabular, nenhum ser humano é igual. Mas como dizia, estava ávido para escrever uma crônica. Vasculhava a internet em busca de um assunto. Nada à vista, sentia-me tão desolado quanto o náufrago que só vê a linha d’água à altura dos olhos. Para distrair-me, abri o e-mail. Entre as muitas mensagens, uma do poeta amigo Paulo Aires Marinho, com o seguinte texto de abertura: “Compartilho a foto anexa – as ideias beijando o chão. Livros de pensadores importantes... daria uma boa crônica”. Se mentalmente agradeci-lhe, fiquei triste na mesma hora. A foto mostrava sobre a grama de uma praça de minha cidade trinta e um livros largados de qualquer jeito, como as vítimas de um serial killer após a matança. O assassínio da Cultura. Não contive o ímpeto comparativo com a chocante ação de hoje na qual um jovem suicida matou onze crianças e adolescentes na escola municipal carioca Tasso da Silveira, em Realengo. Os dois casos envolvem Educação e Cultura. Um assassino é incapaz de respeitar a própria vida. Com balas de revólver, que chocam pelas cenas brutais provocadas, ou ações criminosas invisíveis que resultam em dano permanente ao caráter e desdobramentos que podem até produzir um monstro assassino, continuará matando. Não destina livros, estéreis se jogados no solo agricultável, ao terreno fértil e próprio — as cabeças dos leitores. Quem dá um livro não invade uma escola com uma arma na mão. Arranjei as últimas palavras no texto, os dados finais e encerrei a crônica. Mesmo assim não me sentia nem um pouco feliz. A adolescência perdera numa escola da Zona Oeste do Rio de Janeiro onze jovens leitores. Onze ávidos alunos à procura de conhecimento. Numa praça de minha cidade um serial killer assassinava a Cultura. Que traço indissociável os ligava? Evidente, os dois, há muito, jogaram os livros fora. Abomino o desfecho desta crônica. Verdadeiramente ela deveria ser assim iniciada: “O semeador, onze livros à mão, saiu à procura de leitores. Onde melhor encontrá-los que numa escola?” jjLeandro