SlideShare una empresa de Scribd logo
1 de 6
Descargar para leer sin conexión
Palmas e seus vários ângulos
A jovem cidade desconstruída por um grupo de acadêmicos em busca da
realidade que só é vista por quem vive de perto.
Palmas é uma cidade em constante crescimento, onde vivem pessoas que vem
de diversas regiões a procura de oportunidade e vislumbrando investir em um
mercado em ascensão.
Com o aumento populacional surgem problemas que poderiam ter sido
previstos no seu planejamento como, por exemplo: transporte, trafegabilidade e
arborização. Mas sabemos que surgem também oportunidade de aprender com
os erros e oferecer soluções efetivas, em longo prazo.
Diferente da maioria das capitais, o comércio de Palmas se mostra mais
aquecido nas regiões periféricas. Na região sul, em Taquaralto, por exemplo, a
Avenida Tocantins é um centro comercial que movimenta a economia local e
que torna a região praticamente independente de Palmas. Os maiores
problemas do comércio de Palmas é a falta de organização. Na região das
Arnos, é comum ver materiais e entulhos acumulados nas calçadas, mostrando
que não há uma cultura de se preocupar com a segurança e opinião dos
clientes.
A grande incidência de queimadas e o calor característico dessa época dificulta
a respiração e deixa claro o quanto Palmas carece de arborização. Por mais
que tenha várias áreas verdes, as árvores que se vê na cidade revelam o
quanto esse aspecto foi ignorado em seu planejamento. E se esse fator faz
falta hoje, quem dirá daqui alguns anos, que prédios tomarão conta dos
espaços que hoje são verdes e refletirão o escaldante sol da região nas ruas
com poucas árvores.
Os próprios moradores parecem se esquecer da importância que a sombra de
uma árvore tem, e colocam fogo de forma desordenada em lixos e entulhos,
que se espalham facilmente destruindo tudo pela frente. O Parque Sussuapara
é vitima constante desse delito. Todos os anos, na época da seca, não
bastasse o tempo seco, a queimada é certa.
Palmas não é para andar a pé
Andar sobre as calçadas de Palmas é um desafio. As calçadas são
desniveladas e os comerciantes usam o espaço para expor suas mercadorias e
as ocupam com mesas e cadeiras dos bares. No Aureny IV, a ausência de
calçadas obriga os pedestres a caminharem pelas avenidas. Por toda a cidade,
carros estacionados na calçada impedem o transito de pedestres. Ana
Celia, moradora de Taquaralto, diz que tem filho de colo e não consegue sair
de casa com o carrinho de bebê. Por isso, se Palmas não é para se andar a pé,
muito menos facilita a mobilidade de um cadeirante. Na região sul da capital,
onde há calçadas não existem rampas de acesso, ou as existentes estão
quebradas ou obstruídas pelo comércio. Na região norte tampouco foi vista
qualquer edificação neste sentido.
De norte a sul da capital, o que se nota é que Palmas está longe de ser uma
cidade do futuro. Não há aplicação de regulamentação sobre calçadas, muito
menos fiscalização que obrigue deixar esse espaço livre para o trânsito de
pedestres.
Velha reclamação
Se Palmas não é para andar a pé, tampouco é para o transporte coletivo. Os
usuário desta modalidade de locomoção reclamam de demora, sucateamento e
superlotação dos ônibus.
A dona de casa Alice Mendes, moradora da 806 Sul, pede mais linhas nos
horários de pico: “O horário é corrido, acho que tinha de ter mais
disponibilidade. Nosso horário mesmo, se a gente atrasar vai ter que ficar
esperando até outro chegar, e quando chega já aquele tumulto, aquele
empurra-empurra”. Dona Basilia Maria de Jesus, moradora de Taquaralto,
reforça os problemas apresentados nesta reportagem: “o transporte não é de
qualidade, pois atrasa muito e também é superlotado além de faltar ônibus no
horário das 6h da tarde”.
O bilhete em Palmas custa R$ 2,50. Em comparação com outras capitais e
considerando a renda per capita da cidade e também a quantidade de
quilômetros percorridos pelos ônibus, o valor pode ser considerado caro.
Os usuários do sistema reclamam de tudo. Além de não verem retorno do valor
pago, a prefeitura ainda não instalou pontos de ônibus adequados. Mateus
Antônio Souza é estudante e morador do Jardim Aureny II há 10 anos, ele
reclama do estado dos ônibus que fazem a rota na região. “Apenas ônibus
sucateados são disponibilizados pela empresa de transporte”, indigna-se
Mateus, que acrescenta que a parada de ônibus onde desce à noite não tem
cobertura nem iluminação. A moradora do Jardim Aureny III Maísa Gotijo afirma
que as pessoas ficam expostas ao sol e à chuva, pois não há sequer pontos de
ônibus nas ruas vicinais.
Por onde trafegar?
No inverno, o mato cresce e toma a vista. No verão, o mato seca e a poeira
sobe. Esta é a ação do clima regional sobre a capital do Tocantins, que tem
boa parte do plano diretor sem pavimentação urbana. Quadras inteiras e
avenidas com estrada de chão dão um aspecto rural e de desleixo à cidade.
A área sudeste – ARSES - é a mais antiga e mais desenvolvida do plano
diretor. A região possui as melhores condições de transporte, comércio, lazer,
pavimentação, esgoto e escolas. Assim mesmo, ainda existem quadras
residenciais em verdadeiro estado de abandono como as 1304 e 1306 Sul. E
não seria tão curioso se ao lado não houvesse duas quadras, mais recentes,
com toda a infraestrutura necessária, como as pouco habitadas 1404 e 1406
Sul.
Nos bairros, somente as avenidas principais são asfaltadas. Na região de
Taquaralto, os setores Maria Rosa, Santa Fé e Morada do Sol sofrem com a
falta de iluminação pública, de esgoto e pavimentação. Já no centro da cidade,
nem isso. A Avenida LO 10 entre as quadras 305 e 405 norte espera-se há
anos por duplicação. Chega a ser intrigante como o comércio na região se
fortalece e a poeira consome as faixadas.
Nem mesmo os pontos turísticos da cidade escapam da inércia municipal. Um
dos balneários mais visitados da capital, a praia do Caju, tem acesso dificultado
pela estrada de terra, em que termina a Avenida LO 27 em direção sudoeste.
Os frequentadores Gilson e Geana demonstraram insatisfação com o
balneário: “É lamentável, é muita carência! A gente necessita de uma estrutura
melhor pra se sentir satisfeito”, desabafa Geana.
Oásis do plano diretor
Exemplo para todo o resto da cidade é o aeroporto de Palmas. O local é
acessível, com linhas de ônibus regulares, frota suficiente de taxis, faixas de
pedestres bem demarcadas, rampas de acesso para cadeirantes, telefonia
pública, rede wifi disponível, estrada bem pavimentada e ótima sinalização,
estacionamento regulamentado e seguro. É um contraste, sobretudo para
quem chega de avião e anda poucos quilômetros até o primeiro espaço
habitado.
De olho na Segurança
Por conta do crescimento populacional os problemas frequentes das periferias
migraram para o centro da cidade aumentando o problema de insegurança dos
moradores. Isto se deve, a falta de políticas públicas e programas sociais. O
desamparo com as famílias e jovens de pouca renda, acarretam
consequências que aumentam a violência e a incidência do uso de drogas,
tornando os moradores, comerciantes e trabalhadores reféns de uma realidade
que até pouco tempo atrás não faria parte de suas rotinas.
Um dos alunos que foram a campo, identificou e foi alertado de perto sobre
essa realidade nas regiões do Aureny, onde o tráfico de drogas é negócio e
trabalho e o poder público não tem vez.
O drama da Saúde
Esse crescimento populacional também é um problema que atinge a falta de
aumento da capacidade de atendimento à população, o problema na saúde é
sistêmico e carece de ajustes em todas as etapas de prevenção.
Os problemas que afetam a saúde dos moradores de Palmas parecem ter sua
gênese na ausência de uma saúde preventiva. Falta de lixeiras, lixos sem
recolhimento, valas com lixo, terrenos baldios que viram lixões, alimentos
comercializados a céu aberto, e esgoto próximo às áreas de banho, estão
presentes na maioria das reclamações em todas as áreas pesquisadas.
Um funcionário da Secretaria Municipal de Saúde - que não quis se identificar –
ao tomar conhecimento das reclamações dos moradores da capital, afirmou
que teoricamente tudo deveria funcionar muito bem. O problema, segundo ele,
está no excesso de demanda –que só aumenta – para uma oferta que se
mantém estagnada, e o encaminhamento do paciente que nem sempre ocorre
da forma correta.
Ele disse, que a porta de entrada para os atendimentos deve ser através da
visita do Agente de Saúde. É ele quem orienta o morador a dirigir-se às
Unidades de Saúde da Família – USF ou “postinho”, algumas vezes até com
agendamento. Porém, segundo ele, nem todas as USFs trabalham dessa
forma. Em alguns postos é necessário chegar cedo para pegar uma senha. E
como quase sempre aparecem mais pessoas que a possibilidade de
atendimento, ocorre que muitos não conseguirão pegar essa senha. Dessa
forma, essas pessoas se dirigem “indevidamente” às UPAs. Essas Unidades
são próprias para receber pacientes vindos do Serviço de Atendimento Móvel
de Urgência – SAMU, ou ainda demanda espontânea que ocorre mais nos
finais de semana.
O encaminhamento só deverá ocorrer, segundo o funcionário, quando o médico
da USF entender como necessário, e será feito pela Central de Regulação.
Essa central verifica o “grau de prioridade”, procede ao agendamento e informa
ao “postinho” através de formulário próprio. O agente de saúde orienta o
paciente quanto ao dia e horário - e procedimentos necessários – em que será
atendido nas Policlínicas.
Em Palmas, são duas Unidade de Pronto Atendimento -UPAs, uma na região
norte e outra na região sul. Elas são próprias para o atendimento aos casos de
urgências e emergências de média e baixa complexidade. E o usuário passa
por uma avaliação conforme classificação de risco, no primeiro atendimento.
Caso seja classificado como código “vermelho” – que significa emergência com
risco de morte - o atendimento é imediato; se for classificado como “amarelo” o
atendimento pode demorar até meia hora; o classificado “verde” pode ser
atendido em até duas horas; e o código “azul” para os casos que não se
enquadram, e são direcionados para o Serviço de Assistência Social para
orientação, ou ainda, redirecionados para os “postinhos” da USF.
Na prática, o que sobram são reclamações. Uma espera infindável para
conseguir marcar uma consulta, e quando há a necessidade de um especialista
essa espera pode demorar meses.
Levando em conta que a cultura de Palmas ainda está sendo harmonizada, isto
é, as pessoas estão se adaptando a forma de vida, é preciso buscar por
iniciativas em prol da luta por melhorias, cobranças e soluções, dessa forma a
cidade que ainda tem muito para mostrar, pode se impulsionar de forma menos
lenta.
Os olhares sob Palmas
Este trabalho foi construído a partir da proposta do professor Msc. Wolfgang
Teske na disciplina de Comunicação Comunitária do curso de Comunicação
Social/Jornalismo da UFT. É uma das formas que nós, como comunicadores
sociais temos de colaborar e (dês)construir Palmas através do olhar de cada
um. Surgiu, a partir de coleta de dados e pesquisas de campo, um
documentário, uma coletânea de fotografias, um artigo cientifico e essa grande
reportagem que serão apresentados no I Seminário Multimídia de
Comunicação Comunitária: Palmas – Outros olhares.
Nosso objetivo de mobilizar e chamar atenção para os problemas de Palmas já
começou a ter retorno. Através dos acadêmicos que visitaram a região do
Aureny 3, o vereador Junior Geo tomou conhecimento de alguns problemas
graves que afetam o dia a dia da população. Um deles é a questão dos pontos
de ônibus que aparentemente não são fiscalizados pela prefeitura, e chegou a
ser retirado de um lugar onde estava fixado a bastante tempo por um morador
insatisfeito que o fez por conta própria. O vereador fez um requerimento para
averiguar a situação.
E assim, essas ações serve pra que muito ainda seja feito. Palmas – Outros
olhares é indagação. Procuramos respostas para problemas crônicos de uma
cidade que ainda não é tão grande mas já sofre com problemas de metrópoles.

Más contenido relacionado

La actualidad más candente

Ama 1º informativo-pdf
Ama  1º informativo-pdfAma  1º informativo-pdf
Ama 1º informativo-pdf
ederbraga
 

La actualidad más candente (18)

Jornal Cidade - Lagoa da Prata, Santo Antônio do Monte e região - Ano III Nº 53
Jornal Cidade - Lagoa da Prata, Santo Antônio do Monte e região - Ano III Nº 53Jornal Cidade - Lagoa da Prata, Santo Antônio do Monte e região - Ano III Nº 53
Jornal Cidade - Lagoa da Prata, Santo Antônio do Monte e região - Ano III Nº 53
 
News letter janeiro de 2009 ESEB CONSULTORIA
News letter janeiro de 2009 ESEB CONSULTORIANews letter janeiro de 2009 ESEB CONSULTORIA
News letter janeiro de 2009 ESEB CONSULTORIA
 
Edicao26 final
Edicao26 finalEdicao26 final
Edicao26 final
 
BARÃO DE INOHAN 117 - 18 de agosto de 2015
BARÃO DE INOHAN 117 - 18 de agosto de 2015BARÃO DE INOHAN 117 - 18 de agosto de 2015
BARÃO DE INOHAN 117 - 18 de agosto de 2015
 
Jornal A Cidade Edição Digital Completa. Edição n. 1105 que circula no dia 12...
Jornal A Cidade Edição Digital Completa. Edição n. 1105 que circula no dia 12...Jornal A Cidade Edição Digital Completa. Edição n. 1105 que circula no dia 12...
Jornal A Cidade Edição Digital Completa. Edição n. 1105 que circula no dia 12...
 
Jornal Cidade - Lagoa da Prata - Nº 78 - 28/04/2016
Jornal Cidade - Lagoa da Prata - Nº 78 - 28/04/2016Jornal Cidade - Lagoa da Prata - Nº 78 - 28/04/2016
Jornal Cidade - Lagoa da Prata - Nº 78 - 28/04/2016
 
Folha 243
Folha 243Folha 243
Folha 243
 
Parauapebas: Antes e Depois
Parauapebas: Antes e DepoisParauapebas: Antes e Depois
Parauapebas: Antes e Depois
 
Ermelino 171
Ermelino 171Ermelino 171
Ermelino 171
 
Peruíbe: Problemas e Soluções
Peruíbe: Problemas e SoluçõesPeruíbe: Problemas e Soluções
Peruíbe: Problemas e Soluções
 
Parauapebas A Era dos Loteamentos
Parauapebas A Era dos LoteamentosParauapebas A Era dos Loteamentos
Parauapebas A Era dos Loteamentos
 
Ermelino 166
Ermelino 166Ermelino 166
Ermelino 166
 
Informativo três pontes
Informativo três pontesInformativo três pontes
Informativo três pontes
 
Acontece 388
Acontece 388Acontece 388
Acontece 388
 
Jornal Cidade - Ano II - Nº 25
Jornal Cidade - Ano II - Nº 25Jornal Cidade - Ano II - Nº 25
Jornal Cidade - Ano II - Nº 25
 
Projeto local
Projeto localProjeto local
Projeto local
 
Ama 1º informativo-pdf
Ama  1º informativo-pdfAma  1º informativo-pdf
Ama 1º informativo-pdf
 
INFORMAÇÃO COMPLETA 95 - abril 2014
INFORMAÇÃO COMPLETA 95 - abril 2014INFORMAÇÃO COMPLETA 95 - abril 2014
INFORMAÇÃO COMPLETA 95 - abril 2014
 

Destacado

Cuidar
CuidarCuidar
Cuidar
jccbf
 
Cobtek presentation 20 janvier 2012
Cobtek presentation 20 janvier 2012Cobtek presentation 20 janvier 2012
Cobtek presentation 20 janvier 2012
CMRR de Nice
 

Destacado (8)

Capitulo 2.3: Salud 2.0: El ePaciente y las redes sociales
Capitulo 2.3: Salud 2.0: El ePaciente y las redes socialesCapitulo 2.3: Salud 2.0: El ePaciente y las redes sociales
Capitulo 2.3: Salud 2.0: El ePaciente y las redes sociales
 
Adobe Creative Cloud For Teams
Adobe Creative Cloud For TeamsAdobe Creative Cloud For Teams
Adobe Creative Cloud For Teams
 
Cuidar
CuidarCuidar
Cuidar
 
Strenghten Your Branding Through Green Printing
Strenghten Your Branding Through Green PrintingStrenghten Your Branding Through Green Printing
Strenghten Your Branding Through Green Printing
 
20 anys del Distintiu de garantia de qualitat ambiental: flota de vehicles re...
20 anys del Distintiu de garantia de qualitat ambiental: flota de vehicles re...20 anys del Distintiu de garantia de qualitat ambiental: flota de vehicles re...
20 anys del Distintiu de garantia de qualitat ambiental: flota de vehicles re...
 
Halo Monitoring Short Partner Slide Deck 10 22 09
Halo Monitoring Short Partner Slide Deck 10 22 09Halo Monitoring Short Partner Slide Deck 10 22 09
Halo Monitoring Short Partner Slide Deck 10 22 09
 
What is Assistive Technology for Alzheimer's Disease
What is Assistive Technology for Alzheimer's DiseaseWhat is Assistive Technology for Alzheimer's Disease
What is Assistive Technology for Alzheimer's Disease
 
Cobtek presentation 20 janvier 2012
Cobtek presentation 20 janvier 2012Cobtek presentation 20 janvier 2012
Cobtek presentation 20 janvier 2012
 

Similar a Reportagem Especial - Palmas Outros Olhares

Cidadão completo 35 1
Cidadão completo 35 1Cidadão completo 35 1
Cidadão completo 35 1
aghipertexto
 
Jornal opção 166 colorido
Jornal opção 166 coloridoJornal opção 166 colorido
Jornal opção 166 colorido
Alair Arruda
 

Similar a Reportagem Especial - Palmas Outros Olhares (20)

Fala Campeche - Numero 19 - Junho 2006
Fala Campeche - Numero 19 - Junho 2006Fala Campeche - Numero 19 - Junho 2006
Fala Campeche - Numero 19 - Junho 2006
 
Guaianas 117
Guaianas 117Guaianas 117
Guaianas 117
 
Jornal A Cidade Edição Digital Completa. Edição n. 1101 que circula no dia 15...
Jornal A Cidade Edição Digital Completa. Edição n. 1101 que circula no dia 15...Jornal A Cidade Edição Digital Completa. Edição n. 1101 que circula no dia 15...
Jornal A Cidade Edição Digital Completa. Edição n. 1101 que circula no dia 15...
 
BARÃO DE INOHAN 99 - 26 de junho de 2014
BARÃO DE INOHAN 99 - 26 de junho de 2014BARÃO DE INOHAN 99 - 26 de junho de 2014
BARÃO DE INOHAN 99 - 26 de junho de 2014
 
Jornal opção 169 ed online
Jornal opção 169 ed onlineJornal opção 169 ed online
Jornal opção 169 ed online
 
Folha 197
Folha 197Folha 197
Folha 197
 
Folha 197
Folha 197Folha 197
Folha 197
 
Folha 197
Folha 197Folha 197
Folha 197
 
Jornal digital 09-05-17
Jornal digital 09-05-17Jornal digital 09-05-17
Jornal digital 09-05-17
 
Guaianas 078
Guaianas 078Guaianas 078
Guaianas 078
 
Guaianas 078
Guaianas 078Guaianas 078
Guaianas 078
 
Guaianas 078
Guaianas 078Guaianas 078
Guaianas 078
 
Guaianas 078
Guaianas 078Guaianas 078
Guaianas 078
 
Guaianas 078
Guaianas 078Guaianas 078
Guaianas 078
 
BARÃO DE INOHAN 145 - 25 de outubro de 2017
BARÃO DE INOHAN 145 - 25 de outubro de 2017BARÃO DE INOHAN 145 - 25 de outubro de 2017
BARÃO DE INOHAN 145 - 25 de outubro de 2017
 
Crescimento urbano - impactos e transformações na sociedade.
Crescimento urbano - impactos e transformações na sociedade.Crescimento urbano - impactos e transformações na sociedade.
Crescimento urbano - impactos e transformações na sociedade.
 
Cidadão completo 35 1
Cidadão completo 35 1Cidadão completo 35 1
Cidadão completo 35 1
 
A Segregação Urbana e a Justiça
A Segregação Urbana e a JustiçaA Segregação Urbana e a Justiça
A Segregação Urbana e a Justiça
 
Jornal opção 166 colorido
Jornal opção 166 coloridoJornal opção 166 colorido
Jornal opção 166 colorido
 
BARÃO DE INOHAN 109 - 19 de dezembro de 2014
BARÃO DE INOHAN 109 - 19 de dezembro de 2014BARÃO DE INOHAN 109 - 19 de dezembro de 2014
BARÃO DE INOHAN 109 - 19 de dezembro de 2014
 

Más de Samuel Lima

Más de Samuel Lima (20)

(Artigo) Jornalismo Investigativo, por Rivaldo Chinem
(Artigo) Jornalismo Investigativo, por Rivaldo Chinem(Artigo) Jornalismo Investigativo, por Rivaldo Chinem
(Artigo) Jornalismo Investigativo, por Rivaldo Chinem
 
(Artigo) Assessoria de Imprensa e o Content Marketing
(Artigo) Assessoria de Imprensa e o Content Marketing(Artigo) Assessoria de Imprensa e o Content Marketing
(Artigo) Assessoria de Imprensa e o Content Marketing
 
(Trabalho acadêmico) Jornal Folha de Veneza
(Trabalho acadêmico) Jornal Folha de Veneza(Trabalho acadêmico) Jornal Folha de Veneza
(Trabalho acadêmico) Jornal Folha de Veneza
 
(Artigo) Um novo tipo de propaganda: O marketing no Facebook
(Artigo) Um novo tipo de propaganda: O marketing no Facebook(Artigo) Um novo tipo de propaganda: O marketing no Facebook
(Artigo) Um novo tipo de propaganda: O marketing no Facebook
 
Artigo - Ciberinfância - Rivaldo Chinem
Artigo - Ciberinfância - Rivaldo ChinemArtigo - Ciberinfância - Rivaldo Chinem
Artigo - Ciberinfância - Rivaldo Chinem
 
(Artigo) no jornalismo mentira não tem vez eduardo tessler
(Artigo) no jornalismo mentira não tem vez   eduardo tessler(Artigo) no jornalismo mentira não tem vez   eduardo tessler
(Artigo) no jornalismo mentira não tem vez eduardo tessler
 
(Artigo) Limites Éticos, por Rivaldo Chinem
(Artigo) Limites Éticos, por Rivaldo Chinem(Artigo) Limites Éticos, por Rivaldo Chinem
(Artigo) Limites Éticos, por Rivaldo Chinem
 
Traducao intersemiotica em grafismos e cantos htamha e steromkwa
Traducao intersemiotica em grafismos e cantos htamha e steromkwaTraducao intersemiotica em grafismos e cantos htamha e steromkwa
Traducao intersemiotica em grafismos e cantos htamha e steromkwa
 
Se queiras, podes sair
Se queiras, podes sairSe queiras, podes sair
Se queiras, podes sair
 
Artigo // Afinal, quem são os evangélicos?
Artigo // Afinal, quem são os evangélicos?Artigo // Afinal, quem são os evangélicos?
Artigo // Afinal, quem são os evangélicos?
 
(Artigo) Do coreto e a funerária ao Templo de Salomão
(Artigo) Do coreto e a funerária ao Templo de Salomão(Artigo) Do coreto e a funerária ao Templo de Salomão
(Artigo) Do coreto e a funerária ao Templo de Salomão
 
Niilismo eclesiástico
Niilismo eclesiásticoNiilismo eclesiástico
Niilismo eclesiástico
 
Declaração da Convenção Batista Brasileira
Declaração da Convenção Batista BrasileiraDeclaração da Convenção Batista Brasileira
Declaração da Convenção Batista Brasileira
 
Cartilhas da Unicef sobre gestação e primeira infância
Cartilhas da Unicef sobre gestação e primeira infânciaCartilhas da Unicef sobre gestação e primeira infância
Cartilhas da Unicef sobre gestação e primeira infância
 
Artigo - Palavras de Mudança - Jânio de Freitas
Artigo - Palavras de Mudança - Jânio de FreitasArtigo - Palavras de Mudança - Jânio de Freitas
Artigo - Palavras de Mudança - Jânio de Freitas
 
Espiritualidade versus profissionalismo
Espiritualidade versus profissionalismoEspiritualidade versus profissionalismo
Espiritualidade versus profissionalismo
 
Arte em papel, by Calvin Nicholls
Arte em papel, by Calvin NichollsArte em papel, by Calvin Nicholls
Arte em papel, by Calvin Nicholls
 
Aguias e papagaios
Aguias e papagaiosAguias e papagaios
Aguias e papagaios
 
Guilherme - 10 anos
Guilherme - 10 anosGuilherme - 10 anos
Guilherme - 10 anos
 
Direitos quilombolas
Direitos quilombolasDireitos quilombolas
Direitos quilombolas
 

Reportagem Especial - Palmas Outros Olhares

  • 1. Palmas e seus vários ângulos A jovem cidade desconstruída por um grupo de acadêmicos em busca da realidade que só é vista por quem vive de perto. Palmas é uma cidade em constante crescimento, onde vivem pessoas que vem de diversas regiões a procura de oportunidade e vislumbrando investir em um mercado em ascensão. Com o aumento populacional surgem problemas que poderiam ter sido previstos no seu planejamento como, por exemplo: transporte, trafegabilidade e arborização. Mas sabemos que surgem também oportunidade de aprender com os erros e oferecer soluções efetivas, em longo prazo. Diferente da maioria das capitais, o comércio de Palmas se mostra mais aquecido nas regiões periféricas. Na região sul, em Taquaralto, por exemplo, a Avenida Tocantins é um centro comercial que movimenta a economia local e que torna a região praticamente independente de Palmas. Os maiores problemas do comércio de Palmas é a falta de organização. Na região das Arnos, é comum ver materiais e entulhos acumulados nas calçadas, mostrando que não há uma cultura de se preocupar com a segurança e opinião dos clientes.
  • 2. A grande incidência de queimadas e o calor característico dessa época dificulta a respiração e deixa claro o quanto Palmas carece de arborização. Por mais que tenha várias áreas verdes, as árvores que se vê na cidade revelam o quanto esse aspecto foi ignorado em seu planejamento. E se esse fator faz falta hoje, quem dirá daqui alguns anos, que prédios tomarão conta dos espaços que hoje são verdes e refletirão o escaldante sol da região nas ruas com poucas árvores. Os próprios moradores parecem se esquecer da importância que a sombra de uma árvore tem, e colocam fogo de forma desordenada em lixos e entulhos, que se espalham facilmente destruindo tudo pela frente. O Parque Sussuapara é vitima constante desse delito. Todos os anos, na época da seca, não bastasse o tempo seco, a queimada é certa. Palmas não é para andar a pé Andar sobre as calçadas de Palmas é um desafio. As calçadas são desniveladas e os comerciantes usam o espaço para expor suas mercadorias e as ocupam com mesas e cadeiras dos bares. No Aureny IV, a ausência de calçadas obriga os pedestres a caminharem pelas avenidas. Por toda a cidade, carros estacionados na calçada impedem o transito de pedestres. Ana Celia, moradora de Taquaralto, diz que tem filho de colo e não consegue sair de casa com o carrinho de bebê. Por isso, se Palmas não é para se andar a pé, muito menos facilita a mobilidade de um cadeirante. Na região sul da capital, onde há calçadas não existem rampas de acesso, ou as existentes estão quebradas ou obstruídas pelo comércio. Na região norte tampouco foi vista qualquer edificação neste sentido. De norte a sul da capital, o que se nota é que Palmas está longe de ser uma cidade do futuro. Não há aplicação de regulamentação sobre calçadas, muito menos fiscalização que obrigue deixar esse espaço livre para o trânsito de pedestres. Velha reclamação Se Palmas não é para andar a pé, tampouco é para o transporte coletivo. Os usuário desta modalidade de locomoção reclamam de demora, sucateamento e superlotação dos ônibus. A dona de casa Alice Mendes, moradora da 806 Sul, pede mais linhas nos horários de pico: “O horário é corrido, acho que tinha de ter mais
  • 3. disponibilidade. Nosso horário mesmo, se a gente atrasar vai ter que ficar esperando até outro chegar, e quando chega já aquele tumulto, aquele empurra-empurra”. Dona Basilia Maria de Jesus, moradora de Taquaralto, reforça os problemas apresentados nesta reportagem: “o transporte não é de qualidade, pois atrasa muito e também é superlotado além de faltar ônibus no horário das 6h da tarde”. O bilhete em Palmas custa R$ 2,50. Em comparação com outras capitais e considerando a renda per capita da cidade e também a quantidade de quilômetros percorridos pelos ônibus, o valor pode ser considerado caro. Os usuários do sistema reclamam de tudo. Além de não verem retorno do valor pago, a prefeitura ainda não instalou pontos de ônibus adequados. Mateus Antônio Souza é estudante e morador do Jardim Aureny II há 10 anos, ele reclama do estado dos ônibus que fazem a rota na região. “Apenas ônibus sucateados são disponibilizados pela empresa de transporte”, indigna-se Mateus, que acrescenta que a parada de ônibus onde desce à noite não tem cobertura nem iluminação. A moradora do Jardim Aureny III Maísa Gotijo afirma que as pessoas ficam expostas ao sol e à chuva, pois não há sequer pontos de ônibus nas ruas vicinais. Por onde trafegar? No inverno, o mato cresce e toma a vista. No verão, o mato seca e a poeira sobe. Esta é a ação do clima regional sobre a capital do Tocantins, que tem boa parte do plano diretor sem pavimentação urbana. Quadras inteiras e avenidas com estrada de chão dão um aspecto rural e de desleixo à cidade. A área sudeste – ARSES - é a mais antiga e mais desenvolvida do plano diretor. A região possui as melhores condições de transporte, comércio, lazer, pavimentação, esgoto e escolas. Assim mesmo, ainda existem quadras residenciais em verdadeiro estado de abandono como as 1304 e 1306 Sul. E não seria tão curioso se ao lado não houvesse duas quadras, mais recentes, com toda a infraestrutura necessária, como as pouco habitadas 1404 e 1406 Sul. Nos bairros, somente as avenidas principais são asfaltadas. Na região de Taquaralto, os setores Maria Rosa, Santa Fé e Morada do Sol sofrem com a falta de iluminação pública, de esgoto e pavimentação. Já no centro da cidade, nem isso. A Avenida LO 10 entre as quadras 305 e 405 norte espera-se há anos por duplicação. Chega a ser intrigante como o comércio na região se fortalece e a poeira consome as faixadas. Nem mesmo os pontos turísticos da cidade escapam da inércia municipal. Um dos balneários mais visitados da capital, a praia do Caju, tem acesso dificultado pela estrada de terra, em que termina a Avenida LO 27 em direção sudoeste. Os frequentadores Gilson e Geana demonstraram insatisfação com o balneário: “É lamentável, é muita carência! A gente necessita de uma estrutura melhor pra se sentir satisfeito”, desabafa Geana.
  • 4. Oásis do plano diretor Exemplo para todo o resto da cidade é o aeroporto de Palmas. O local é acessível, com linhas de ônibus regulares, frota suficiente de taxis, faixas de pedestres bem demarcadas, rampas de acesso para cadeirantes, telefonia pública, rede wifi disponível, estrada bem pavimentada e ótima sinalização, estacionamento regulamentado e seguro. É um contraste, sobretudo para quem chega de avião e anda poucos quilômetros até o primeiro espaço habitado. De olho na Segurança Por conta do crescimento populacional os problemas frequentes das periferias migraram para o centro da cidade aumentando o problema de insegurança dos moradores. Isto se deve, a falta de políticas públicas e programas sociais. O desamparo com as famílias e jovens de pouca renda, acarretam consequências que aumentam a violência e a incidência do uso de drogas, tornando os moradores, comerciantes e trabalhadores reféns de uma realidade que até pouco tempo atrás não faria parte de suas rotinas. Um dos alunos que foram a campo, identificou e foi alertado de perto sobre essa realidade nas regiões do Aureny, onde o tráfico de drogas é negócio e trabalho e o poder público não tem vez. O drama da Saúde Esse crescimento populacional também é um problema que atinge a falta de aumento da capacidade de atendimento à população, o problema na saúde é sistêmico e carece de ajustes em todas as etapas de prevenção. Os problemas que afetam a saúde dos moradores de Palmas parecem ter sua gênese na ausência de uma saúde preventiva. Falta de lixeiras, lixos sem recolhimento, valas com lixo, terrenos baldios que viram lixões, alimentos comercializados a céu aberto, e esgoto próximo às áreas de banho, estão presentes na maioria das reclamações em todas as áreas pesquisadas. Um funcionário da Secretaria Municipal de Saúde - que não quis se identificar – ao tomar conhecimento das reclamações dos moradores da capital, afirmou que teoricamente tudo deveria funcionar muito bem. O problema, segundo ele, está no excesso de demanda –que só aumenta – para uma oferta que se mantém estagnada, e o encaminhamento do paciente que nem sempre ocorre da forma correta. Ele disse, que a porta de entrada para os atendimentos deve ser através da visita do Agente de Saúde. É ele quem orienta o morador a dirigir-se às Unidades de Saúde da Família – USF ou “postinho”, algumas vezes até com agendamento. Porém, segundo ele, nem todas as USFs trabalham dessa forma. Em alguns postos é necessário chegar cedo para pegar uma senha. E
  • 5. como quase sempre aparecem mais pessoas que a possibilidade de atendimento, ocorre que muitos não conseguirão pegar essa senha. Dessa forma, essas pessoas se dirigem “indevidamente” às UPAs. Essas Unidades são próprias para receber pacientes vindos do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência – SAMU, ou ainda demanda espontânea que ocorre mais nos finais de semana. O encaminhamento só deverá ocorrer, segundo o funcionário, quando o médico da USF entender como necessário, e será feito pela Central de Regulação. Essa central verifica o “grau de prioridade”, procede ao agendamento e informa ao “postinho” através de formulário próprio. O agente de saúde orienta o paciente quanto ao dia e horário - e procedimentos necessários – em que será atendido nas Policlínicas. Em Palmas, são duas Unidade de Pronto Atendimento -UPAs, uma na região norte e outra na região sul. Elas são próprias para o atendimento aos casos de urgências e emergências de média e baixa complexidade. E o usuário passa por uma avaliação conforme classificação de risco, no primeiro atendimento. Caso seja classificado como código “vermelho” – que significa emergência com risco de morte - o atendimento é imediato; se for classificado como “amarelo” o atendimento pode demorar até meia hora; o classificado “verde” pode ser atendido em até duas horas; e o código “azul” para os casos que não se enquadram, e são direcionados para o Serviço de Assistência Social para orientação, ou ainda, redirecionados para os “postinhos” da USF. Na prática, o que sobram são reclamações. Uma espera infindável para conseguir marcar uma consulta, e quando há a necessidade de um especialista essa espera pode demorar meses. Levando em conta que a cultura de Palmas ainda está sendo harmonizada, isto é, as pessoas estão se adaptando a forma de vida, é preciso buscar por iniciativas em prol da luta por melhorias, cobranças e soluções, dessa forma a cidade que ainda tem muito para mostrar, pode se impulsionar de forma menos lenta. Os olhares sob Palmas Este trabalho foi construído a partir da proposta do professor Msc. Wolfgang Teske na disciplina de Comunicação Comunitária do curso de Comunicação Social/Jornalismo da UFT. É uma das formas que nós, como comunicadores sociais temos de colaborar e (dês)construir Palmas através do olhar de cada um. Surgiu, a partir de coleta de dados e pesquisas de campo, um documentário, uma coletânea de fotografias, um artigo cientifico e essa grande
  • 6. reportagem que serão apresentados no I Seminário Multimídia de Comunicação Comunitária: Palmas – Outros olhares. Nosso objetivo de mobilizar e chamar atenção para os problemas de Palmas já começou a ter retorno. Através dos acadêmicos que visitaram a região do Aureny 3, o vereador Junior Geo tomou conhecimento de alguns problemas graves que afetam o dia a dia da população. Um deles é a questão dos pontos de ônibus que aparentemente não são fiscalizados pela prefeitura, e chegou a ser retirado de um lugar onde estava fixado a bastante tempo por um morador insatisfeito que o fez por conta própria. O vereador fez um requerimento para averiguar a situação. E assim, essas ações serve pra que muito ainda seja feito. Palmas – Outros olhares é indagação. Procuramos respostas para problemas crônicos de uma cidade que ainda não é tão grande mas já sofre com problemas de metrópoles.