1) A sismicidade intraplaca ocorre no interior das placas tectônicas devido à transmissão de tensões geradas nas bordas.
2) A sismicidade no Brasil é menor do que em outras regiões intraplaca, com magnitudes baixas e sismos rasos.
3) Estudos sísmicos no Brasil buscam correlacionar eventos com feições geológicas e esforços regionais para melhor entender as causas.
Sismologia — Ciência dos Terremotos, onde, como e por quê? (3)
1. Sismicidade Intraplaca
Prof. George Sand França
Observatório Sismológico (SIS)
Universidade de Brasília
1
2. Sismicidade Intraplaca
• Sismicidade Intraplaca - sismos no interior da placas, que
acontece decorrência das tensões geradas nas bordas das
placas transmitirem-se por todo seu interior.
– Interior das placas (Características)
• Sismicidade baixa
• Magnitudes baixas e sismos rasos até 30-40 km.
• Atividade em áreas onde a crosta foi tracionada e estendida por
processos geológicos, relativamente recentes (Mesozóico e
Cenozóico).
• Importância da sismicidade intraplaca
– Menos perigosa que a borda de placa? (New Madrid - USA)
– Sismos de mesma magnitude causam normalmente isostasias de
máxima intensidade de maior área do que na borda da placa. (EUA,
Nuttli, 1973)
– Estabelecer uma correlação entre a sismicidade, os esforços
presentes e feições geológicas. (Neotectônica)
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4. Modelos Propostos para
Sismicidade Mundial intraplaca.
• Ocorre numa zona de fraqueza pré-
existente.
• Contraste de densidade continental-oceano
• Esforço flexural
• Afinamento litosférico
• Ou a combinação de esforço regional com o
esforço local.
Sykes (1978), Johnston (1989) e Talwani e Rajendran
(1991), Liu & Zoback (1997).
4
5. Terremotos no Brasil > 5.0
Data Local M
1 27/01/1922 Mogi Guaçu-SP 5.1
2 28/06/1939 Tubarão-SC 5.5
3 31/01/1955 Serra do Tombador-MT 6.2
4 28/02/1955 Litoral Vitória/ES 6.1
5 13/12/1963 Manuas-AM 5.1
6 13/02/1964 NW de MS 5.4
7 20/11/1980 Pacajus-CE 5.2
8 05/08/1983 Codajás-AM 5.5
9 30/11/1986 João Câmara-RN 5.1
10 10/03/1989 João Câmara-RN 5.0
11 12/02/1990 Plataforma-RS 5.0
12 10/03/1998 Porto dos Gaúchos-MT 5.0
13 23/03/2005 Porto dos Gaúchos-MT 5.0
14 23/04/2008 Plataforma-SP 5.2
5
15 08/10/2010 Estrela do Norte-GO 5.0
6. Áreas Sismogênicas
• Capanema, 1859
• Branner, 1910, 1912 e
1920
• D. Pedro II, 1860
• Sismos históricos e
instrumentais
Berrocal et al. 1984
Áreas Sismotectônicas
1 – Sudeste
2 – Nordeste
3 – Paraguai-Araguaia
4 – Amazonas
5 – Oceânica Sudeste
6 – Recôncavo Baiano
7 – Norte do Maranhão
6
8. Catálogo Uniforme
Tendenciosa!
População e cobertura de
estação sismográfica
Assumpção, 1998
1950, > 6.0 ISC
1962, > 5.0 WWSS
1969, > 4.5 SAAS e a
estação NAT
1980, > 3,0 Redes
regionais UnB, USP e
UFRN
8
9. Catálogo Uniforme
Característica Gerais.
1. Atividade sísmica é menor
que em outras regiões de
intraplaca do mundo
2. Tensão horizontal máxima
média é aproximadamente
E-W (forças motoras da
placa sul-americana)
3. Comparativamente em
regiões de baixa altitudes é
maior a sismicidade.
4. Não há correlação clara
entre a distribuição
epicentral e as principais
províncias.
5. Margem equatorial difere da
margem sudeste
9
10. Catálogo Uniforme
1. Amazônia Central
2. Limite leste do Cráton
Amazônico
3. Centro-Oeste do Brasil,
Chaco e Sudeste (Parte
Central SW-NE. Paralela ao
lineamento transbrasiliano)
4. Nordeste (Margem NE com
a maioria dos eventos na
margem da bacia Potiguar.)
5. Plataforma no Sudeste
6. Recôncavo Baiano
7. Norte do Maranhão?
8. Porto dos Gaúchos
9. Caraíbas.??
10
11. Sismicidade do Nordeste
• Movimento bem definido
– transcorrente com o esforço
máximo paralelo a costa.
• Longo período de Atividade
• Forma de enxame
• Recorrência
• Profundidade < 12 km
• Pobre correlação com feições
geológicas mapeadas
Data Local M
• Atividade maior na borda da
7 20/11/1980 Pacajus-CE 5.2
9 30/11/1986 João Câmara-RN 5.1
bacia Potiguar
10 10/03/1989 João Câmara-RN 5.0
X 21/05/2008 Sobral-CE 4.2
11
X Caruaru-PE
12. Sismicidade do Nordeste
• Este esforço é resultante da
combinação de tensões
compressivas regionais E-W, com
tensões locais extensivas
perpendiculares a costa
• Tensões locais : gerado por
transição crosta oceânica-
continental e por forças flexurais
devido a carga sedimentar
12
Assumpção et al., 1992
13. Plataforma no Sudeste
Data Local M
2 28/06/1939 Tubarão-SC 5.5
4 28/02/1955 Litoral Vitória/ES 6.1
11 12/02/1990 Plataforma-RS 5.0
14 23/04/2008 Plataforma-SP 5.2
13
14. Plataforma no Sudeste
• Região marinha, entre a
costa e o limite de crosta
estirada.
• Esforços compressivos
• Tensões flexurais devido a
carga sedimentar da
plataforma podem ser
contribuições adicionadas
aos esforços compressivos
na crosta superior.
14
15. Plataforma no Sudeste
• Região marinha, entre a
costa e o limite de crosta
estirada.
• Esforços compressivos
• Tensões flexurais devido a
carga sedimentar da
plataforma podem ser
contribuições adicionadas
aos esforços compressivos
na crosta superior.
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16. Terremoto de São Vicente 2008
• Evidencia de
esforço Flexural
devido a carga
sedimentar
• 17 km de
profundidade
16
17. Amazonas Central e Limite leste do
Cráton Amazônico
Data Local M
3 31/01/1955 Serra do Tombador-MT 6.2
5 13/12/1963 Manuas-AM 5.1
8 05/08/1983 Codajás-AM 5.5
12 10/03/1998 Porto dos Gaúchos-MT 5.0
13 23/03/2005 Porto dos Gaúchos-MT 5.0
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18. Amazonas Central e Limite leste do
Cráton Amazônico
• Borda da norte da
Bacia Sísmica e
parte Sul asísmica.
• Poucos resultados
de tensão.
• Poucos registro
mostra um
comportamento
semelhante com a
combinação de
esforços regional e
local
18
19. ZS Porto dos Gaúchos/MT
Estudo da Atividade sísmica
de Porto de Gaúchos de 1998 a
2007
- Atividade na borda da Bacia do
Parecis
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20. Região Sismotectônica do Sudeste
e Faixa Paraguai-Araguaia!
Data Local M
1 27/01/1922 Mogi Guaçu-SP 5.1
6 13/02/1964 NW de MS 5.4
15 08/10/2010 Estrela do Norte-GO 5.0
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21. Região Sismotectônica do Sudeste
e Faixa Paraguai-Araguaia!
• Faixa sísmica SW-NE – Estado
de Goiás e Tocantins.
• Tem um paralelismo marcante
com o Lineamento
Transbrasiliano.
• Hipótese – é possível que os
sismos ocorram devido a dois
fatores:
1. Concentração de tensões
2. Existência de zona de fraqueza,
ambos talvez relacionados às
estruturas deram origem ao
lineamento.
• Estudo de tomografia de ondas
de corpo correlacionado com a
temperatura mostraram que
nessa região a litosfera é mais
fina, mais sujeita ao acúmulo de
tensões.
• “Sismo são rasos, mas as
causas são profundas.”
21
22. Região Sismotectônica do Sudeste
e Faixa Paraguai-Araguaia!
• Faixa sísmica SW-NE – Estado de
Goiás e Tocantins.
• Tem um paralelismo marcante com
o Lineamento Transbrasiliano.
• Hipótese – é possível que os
sismos ocorram devido a dois
fatores:
1. Concentração de tensões
2. Existência de zona de fraqueza,
ambos talvez relacionados às
estruturas deram origem ao
lineamento.
• Recente estudo de tomografia de
ondas de corpo correlacionado
com a temperatura mostraram que
nessa região a litosfera é mais fina,
mais sujeita ao acúmulo de
tensões.
• Sismo são rasos, mas as causas
são profundas.
22
23. Zona Sísmica – parte sul da Faixa
Brasília, incluindo parte do CSF e NE da
borda da Bacia do Paraná
Assumpção et al., 2004
23
24. Caraíbas-Itacarambi e
Monte-Claros em MG
Região com pouco atividade sísmica
09/12/2007 4.9 – Primeira vítima fatal
Falha reversa – com compressão E-W
Reativação
24
25. Caraíbas-Itacarambi e
Monte-Claros em MG
Data: 19 de maio de 2012 (140);
Hora origem (local): 10:42:02,419;
Localização epicentral: Lat. -16,7298°,
Long. -43,9811º (Erro ± 0,1529º);
Epicentro: Montes Claros (MG);
± 50 km de Francisco Sá (MG);
± 83 km de Brasília de Minas (MG);
± 147 km de Januária (MG);
± 182 km de Itacarabi (MG);
Magnitude (média): 4,2 mR;
Intensidade: V - forte (Escala Mercalli
Modificada).
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27. Brasil e um Novo Rumo
Rede Sismográfica Nacional
– Apoio: Petrobras
– Sub-redes
• RSISNE UFRN
• RSIS ON-MCT
• BRASIS USP
• RSNC UnB
Futuros
– Monitorar a atividade sísmica de todo o Brasil com localização de epicentros e determinação
de magnitudes em tempo real, emitindo alertas e boletins para esclarecimento da
população, e fornecimento de dados iniciais às autoridades, defesa civil, e imprensa.
– Fornecer dados de forma de onda (sismogramas) em tempo real e acesso livre a qualquer
pesquisador brasileiro incentivando a pesquisa científica e o maior conhecimento da
sismicidade do Brasil, do nível de risco sísmico, e da estrutura da crosta e manto superior.
– Gerenciar um banco de dados sismológicos do Brasil, emitindo boletins sísmicos em tempo
real com os sismos ocorridos no território brasileiro e regiões vizinhas, em conjunto com as
outras instituições e redes sismológicas do Brasil.
27
28. Exemplo de estudo da
Espessura crustal
Mooney et al. 1998
• Lloyd et al.,2010 28
31. Comentários Finais
• O estudo de terremoto de grande magnitudes em regiões de intraplaca,
ainda que raros, pode ter um impacto importante na estimativas de perigo
sísmico por causa da baixa atenuação sísmica.
• Estudo da sismologia
– Regional – estudos tridimensionais da crosta e da litosfera com dados de
telessismos, aplicando técnicas sismológicas modernas, como função do
receptor, dispersão de ondas superficiais, tomografia sísmica e inverso conjunta
desses métodos.
– Anisotropia Crustal
– Local - modelos de velocidades, hipocentro e mecanismo de falha (direção do
esforço principal)
• Existem ~ 9 zonas sismogênicas.
• A probabilidade de acontecer um terremoto de grande magnitude no Brasil
é muito baixa, mas não é totalmente nula.
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