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PREVENÇÃOE
CONTROLE
DEPERDAS
Curso  TÈcnico
© SENAI - PR, 2004
0603AA0105703
ElaboraÁ„o TÈcnica Paulo Roberto Peruci
Revis„o TÈcnica Jorge Marcos da Silva
Equipe  de  editoraÁ„o
CoordenaÁ„o Luiz Henrique Bucco
DiagramaÁ„o Dalva Cristina da Silva
IlustraÁ„o Dalva Cristina da Silva
Capa Ricardo Mueller de Oliveira
Direitos reservados ao
SENAI  ó  ServiÁo  Nacional  de  Aprendizagem  Industrial
Departamento  Regional  do  Paran·
Avenida C‚ndido de Abreu, 200 - Centro CÌvico
Telefone: (41) 350-7000
Telefax: (41) 350-7101
E-mail: senaidr@pr.senai.br
CEP 80530-902 ó Curitiba - PR
S474p SENAI. PR
PrevenÁ„o e Controle de Perdas
/ SENAI. PR. -- Curitiba, 2004.
137 p.
1. PrevenÁ„o de acidentes de trabalho.
2. An·lise de risco de condiÁões ambientais.
CDU: 614.8
Ficha Catalogr·fica
SENAI - DR/PR
SUMÁRIO
SUMÁRIO
SUMÁRIO
SUMÁRIO
SUMÁRIO
CAPÕTULO 1
INTRODU«√O ......................................................................................................................... 7
HIST”RICO ............................................................................................................................. 9
A ENGENHARIA DE SEGURAN«A TRADICIONAL ................................................................ 19
ESTUDOS REALIZADOS ...................................................................................................... 25
CONSIDERA«’ES GERAIS ................................................................................................. 35
CAPÕTULO 2
A EVOLU«√O DO PREVENCIONISMO ................................................................................ 39
DEFINI«’ES B¡SICAS ......................................................................................................... 43
CONTROLE DE DANOS ....................................................................................................... 47
CONTROLE TOTAL DE PERDAS......................................................................................... 53
CAPÕTULO 3
A EMPRESA COMO UM SISTEMA......................................................................................... 59
GERENCIAMENTO DE RISCOS ........................................................................................... 63
FASES DO PROCESSO DE GERENCIAMENTO DE RISCOS ........................................... 69
CAPÕTULO 4
INTRODU«√O ....................................................................................................................... 77
T…CNICAS DE IDENTIFICA«√O DE PERIGOS ................................................................... 79
T…CNICAS DE AN¡LISE DE RISCOS................................................................................... 83
T…CNICAS DE AVALIA«√O DE RISCOS .............................................................................. 93
CAPÕTULO 5
INTRODU«√O ..................................................................................................................... 111
CARACTERÕSTICAS DE UM BOM M…TODO DE MEDI«√O .............................................. 113
CLASSIFICA«√O DAS MEDI«’ES .................................................................................... 115
CAPÕTULO 6
¡LGEBRA BOLEANA ........................................................................................................... 121
CONFIABILIDADE ................................................................................................................ 123
CAPÕTULO 7
PROGRAMA TRADICIONAL DE SEGURAN«A ................................................................... 133
PROGRAMA DE CONTROLE DE PERDAS ....................................................................... 135
CAPÍTUL
CAPÍTUL
CAPÍTUL
CAPÍTUL
CAPÍTULO
O
O
O
O 1
1
1
1
1
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO
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INTRODUÇÃO
INTRODUÇÃO
INTRODUÇÃO
INTRODUÇÃO
INTRODUÇÃO
ìHistoricamente, el hombre ha tenido que convivir con el
riesgo ... En el desarrollo humano, su prorpia evoluciÛn y
el entorno natural y tecnolÛgico plantean un universo de
riesgos, que desde un nivel elemental cuando el hombre
aparece  sobre  la  Tierra,  llega  a  alcanzar  una  extrema
complejidad en el momento presente, caracterizado por
la  concurrencia  de  múltiples  y  sofisticados  sistemas,
interrelacionados a nivel local y global.î
Francisco MartÌnez Garcia (1994b)
Conforme afirmam ANSELL e WHARTON (1992), o ris-
co È uma caracterÌstica inevit·vel da existÍncia humana. Nem
o homem, nem as organizaÁões e sociedade aos quais per-
tence podem sobreviver por um longo perÌodo sem a existÍn-
cia de tarefas perigosas.
Desde as Èpocas mais remotas, grande parte das ativi-
dades ‡s quais o homem tem se dedicado, apresentam uma
sÈrie de riscos em potencial, freq¸entemente concretizados
em lesões que afetam sua integridade fÌsica ou sua saúde.
Assim, o homem primitivo teve sua integridade fÌsica e
capacidade produtiva diminuÌdas pelos acidentes prÛprios da
caÁa, da pesca e da guerra, que eram consideradas as ativi-
dades mais importantes de sua Època. Depois, quando o ho-
mem das cavernas se transformou em artes„o, descobrindo
o minÈrio e os metais pÙde facilitar seu trabalho pela fabrica-
Á„o das primeiras ferramentas, conhecendo tambÈm, as pri-
meiras doenÁas do trabalho, provocadas pelos prÛprios ma-
teriais que utilizava.
ApÛs a revoluÁ„o industrial, as relaÁões entre o homem
e seu trabalho sofreram dr·sticas mudanÁas. O homem dei-
xou o risco de ser apanhado pelas garras dos animais, para
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submeter-se ao risco de ser apanhado pelas garras das m·-
quinas.
Junto com a evoluÁ„o industrial proporcionada pelas no-
vas e complexas m·quinas, surgiram os riscos e os acidentes
da populaÁ„o trabalhadora. Face ‡s exigÍncias de melhores
condiÁões de trabalho e maior proteÁ„o ao trabalhador,  s„o
dados os primeiros passos em direÁ„o ‡ proteÁ„o da saúde e
vida dos oper·rios. A Engenharia de SeguranÁa toma forma e
com os estudos de Ramazzini - o Pai da Medicina do Trabalho
-, passando por Heinrich, Fletcher, Bird, Hammer e outros evo-
lui e muda conceitos, ampliando sua abordagem desde as filo-
sofias tradicionais atÈ nossos dias.
O processo tradicional de seguranÁa baseado em traba-
lhos estatÌsticos, que servem para determinar como o trabalho
afeta o elemento humano, atravÈs de um enfoque altamente
filosÛfico, mas sem tomar atitudes concretas frente ao alto Ìn-
dice de acidentes, d· lugar ‡ novos conceitos, e os acidentes
deixam de se tornar eventos incontrol·veis, aleatÛrios e de
causas inevit·veis para tornarem-se eventos indesej·veis e
de causas conhecidas e evit·veis. Sem desmerecer as filoso-
fias tradicionais, pois elas s„o um instrumento valioso e o pas-
so inicial para buscar eficazmente n„o apenas a correÁ„o mas
a prevenÁ„o dos acidentes, torna-se imperativo para o desen-
volvimento e crescimento social e econÙmico de uma naÁ„o,
que tanto os Ûrg„os governamentais quanto a iniciativa priva-
da vejam no homem sua riqueza maior e compreendam que
investir em seguranÁa È um Ûtimo negÛcio.
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SENAI-PR
HISTÓRICO
HISTÓRICO
HISTÓRICO
HISTÓRICO
HISTÓRICO
As atividades laborativas nasceram com o homem e
sempre houveram condiÁões e atos inseguros. O problema
dos acidentes e doenÁas profissionais acompanha o desen-
volvimento das atividades do homem atravÈs dos sÈculos.
Partindo da atividade predatÛria, evoluiu para a agricultura e o
pastoreio, alcanÁou a fase do artesanato e atingiu a era indus-
trial, sempre acompanhado de novos e diferentes riscos que
afetavam e ainda afetam sua vida e saúde.
Na Època atual, o trabalho humano vem se desenvol-
vendo sob condiÁões em que os riscos s„o em quantidade e
qualidade mais numerosos e mais graves do que aqueles que
h· mais de cem anos eram ameaÁa ao homem na sua busca
di·ria de prover a prÛpria subsistÍncia.
O homem prÈ-histÛrico procurava proteÁ„o contra ani-
mais ferozes adestrando-se na caÁa e vivendo em cavernas.
Inicialmente, a maneira com a qual subsistia e enfrentava os
perigos era devida ‡ sua astúcia, inteligÍncia superior e uso
de suas m„os. Com a descoberta do fogo e das armas e a
prÛpria organizaÁ„o tribal com maior planejamento e aÁ„o
grupal, o homem evoluiu cientificamente e obteve maior pro-
teÁ„o, porÈm, novos riscos foram introduzidos. A invenÁ„o do
machado de pedra, um avanÁo para assegurar alimentaÁ„o
para si e sua famÌlia, incorria em graves acidentes devido ‡
pr·ticas inseguras em seu manejo. Portanto, tanto o homem
prÈ-histÛrico quanto o da Idade da Pedra j· estavam constan-
temente expostos a perigos na vida di·ria, em sua luta pela
existÍncia.
Correr riscos È pois, uma histÛria antiga.
Antes da RevoluÁ„o Industrial, com o artÌfice individual e
ainda quando a forÁa usada era em geral a humana ou a tra-
Á„o animal, os acidentes mais graves eram devidos ‡ que-
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das, queimaduras, afogamentos, lesões devidas a animais
domÈsticos. Com a aplicaÁ„o da energia hidr·ulica ‡ manufa-
tura, seguida da aplicaÁ„o da m·quina a vapor e eletricidade,
ocorreu uma evoluÁ„o grandiosa na invenÁ„o de novas e me-
lhores m·quinas que acompanhassem a industrializaÁ„o, in-
corporando novos riscos e tornando os acidentes de trabalho
maiores e mais numerosos. Mesmo assim, pouco se falava
em saúde ocupacional.
O desenvolvimento tecnolÛgico e o domÌnio sobre for-
Áas cada vez mais amplas, deram nascimento a uma extensa
gama de situaÁões perigosas em que a m·quina, as engrena-
gens, os gases, os produtos quÌmicos, a poeira, etc., vem en-
volvendo o homem de tal forma que obrigam-no a agir com
cautela enquanto trabalha, uma vez que est· suscetÌvel, a qual-
quer momento, de sofrer uma les„o irrepar·vel ou atÈ mesmo
a morte.
Juntamente com a evoluÁ„o industrial, as pessoas e
empresas passaram a ter uma preocupaÁ„o maior com o ele-
vado Ìndice de acidentes que se proliferava. Nos tempos mo-
dernos, uma das grandes preocupaÁões nos paÌses industria-
lizados È com respeito ‡ saúde e proteÁ„o do trabalhador no
desempenho  de  suas  atividades.  EsforÁos  vem  sendo
direcionados para este campo, visando uma reduÁ„o do nú-
mero de acidentes e efetiva proteÁ„o do acidentado e depen-
dentes. N„o È sem motivos que as naÁões vem se empenhan-
do em usar meios e processos adequados para proteÁ„o do
homem no trabalho, procurando evitar os acidentes que o fe-
rem, destroem equipamentos e ainda prejudicam o andamen-
to do processo produtivo.
Embora como citado, o trabalho, os riscos inerentes a
ele e os acidentes tenham surgido na Terra junto com o pri-
meiro homem, as relaÁões entre as atividades laborativas e a
doenÁa permaneceram praticamente ignoradas atÈ cerca de
250 anos atr·s. Foi no sÈculo XVI que algumas poucas obser-
vaÁões comeÁaram a surgir, evidenciando a possibilidade de
que o trabalho pudesse ser causador de doenÁas.
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De acordo com SOTO (1978), as primeiras referÍncias
escritas, relacionadas ao ambiente de trabalho e dos riscos
inerentes a eles, datam de 2360 a.c., encontradas num papiro
egÌpcio, o ìPapiro Seller IIî, que diz: ìEu jamais vi ferreiros em
embaixadas e fundidores em missões. O que vejo sempre È
o oper·rio em seu trabalho; ele se consome nas goelas de
seus fornos. O pedreiro, exposto a todos os ventos, enquanto
a doenÁa o espreita, constrÛi sem agasalho; seus dois bra-
Áos se gastam no trabalho; seus alimentos vivem misturados
com os detritos; ele se come a si mesmo, porque sÛ tem
como p„o os seus dedos. O barbeiro cansa os seus braÁos
para encher o ventre. O tecel„o vive encolhido - joelho ao es-
tÙmago - ele n„o respira. As lavadeiras sobre as bordas do
rio, s„o vizinhas do crocodilo. O tintureiro fede a morrinha de
peixe, seus olhos s„o abatidos de fadiga, suas m„os n„o pa-
ram  e  suas  vestes  vivem  em  desalinhoî.  Em  460  a.c.
HipÛcrates, considerado o Pai da Medicina, tambÈm fala dos
acidentes e doenÁas de trabalho. No inÌcio da era crist„, PlÌnio
novamente retoma o problema. Mas foi George Bauer quem
fez um estudo concreto sobre as doenÁas que afetam os tra-
balhadores.
Como refere Hunter apud NOGUEIRA (1981), em 1556
George Bauer, conhecido por seu nome latino Georgius AgrÌ-
cola publicava o livro ìDe Re Metallicaî, onde foram estuda-
dos  os  problemas  relacionados  ‡  extraÁ„o  de  minerais
argentÌferos e aurÌferos e ‡ fundiÁ„o de prata e ouro. Ele dis-
cute os acidentes do trabalho e as doenÁas mais comuns
entre os mineiros, em destaque a ìasma dos mineirosî, que
segundo AgrÌcola era provocada por poeiras corrosivas, cuja
descriÁ„o dos sintomas e r·pida evoluÁ„o da doenÁa demons-
traram tratar-se de silicose, mas cuja origem n„o ficou clara-
mente descrita por AgrÌcola. Onze anos apÛs a publicaÁ„o
deste livro aparece a primeira monografia sobre as relaÁões
entre trabalho e doenÁa, de autoria de Aureolus Theophrastus
Bembastus von Hohenheim - o famoso Paracelso -, entitulada
ìDos ofÌcios e doenÁas da montanhaî, onde foram realizadas
numerosas observaÁões relacionando mÈtodos de trabalho e
subst‚ncias manuseadas, com doenÁas. Fala, na sua obra,
da silicose e das intoxicaÁões pelo chumbo e mercúrio sofri-
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das pelos mineiros e fundidores de metais.
Apesar da import‚ncia destes estudos, os mesmos per-
maneceram ignorados por mais de um sÈculo, n„o sendo fei-
to nada a respeito da proteÁ„o e saúde do trabalhador.
Foi apenas em 1700, com a publicaÁ„o da obra ìDe Morbis
Artificum Diatribaî do mÈdico italiano Bernardino Ramazzini
que o assunto de doenÁas do trabalho comeÁou a ter maior
repercuss„o. Ramazzini, considerado o Pai da Medicina do
Trabalho, descreveu uma sÈrie de doenÁas relacionadas a
cerca de 50 profissões, deixando uma pergunta no ar ìQual È
sua ocupaÁ„o?î, qual n„o seja alertar para a desinformaÁ„o
quanto ao risco das inúmeras doenÁas que qualquer trabalha-
dor poderia estar sendo alvo.
Mesmo sendo um marco para a Engenharia de Segu-
ranÁa, o trabalho de Ramazzini foi praticamente ignorado por
quase um sÈculo, pois na Època ainda predominavam as
corporaÁões de ofÌcio com número pequeno de trabalhadores,
com sistema de trabalho peculiar e, por este motivo, com pe-
quena incidÍncia de doenÁas profissionais.
Com o aparecimento da primeira m·quina de fiar, a Re-
voluÁ„o Industrial Inglesa entre 1760 e 1830 veio a mudar pro-
fundamente toda a histÛria da humanidade. O advento das
m·quinas, que fiavam em ritmo muitÌssimo superior ao do mais
h·bil  artÌfice,  a  improvisaÁ„o  das  f·bricas  e  a  m„o-de-obra
destreinada, constituÌda principalmente de mulheres e crian-
Áas, resultou em problemas ocupacionais extremamente sÈri-
os. Os acidentes de trabalho passaram a ser numerosos, quer
pela falta de proteÁ„o das m·quinas, pela falta de treinamento
para sua operaÁ„o, pela inexistÍncia da jornada de trabalho,
pelo ruÌdo das m·quinas monstruosas ou pelas m·s condi-
Áões do ambiente de trabalho. A medida que novas f·bricas se
abriam e novas atividades industriais eram iniciadas, maior o
número de doenÁas e acidentes, tanto de ordem ocupacional
como n„o-ocupacional.
Diante do quadro apresentado e da press„o da opini„o
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pública, criou-se no Parlamento Brit‚nico, sob a direÁ„o de sir
Robert Peel, uma comiss„o de inquÈrito, conseguindo em 1802
a aprovaÁ„o da primeira lei de proteÁ„o aos trabalhadores, a
ìLei de Saúde e Moral dos Aprendizesî, estabelecendo a jor-
nada di·ria de doze horas de trabalho, que proibia trabalho
noturno, obrigava os empregadores a lavar as paredes das
f·bricas duas vezes por ano e tornava obrigatÛria a ventilaÁ„o
destas. Esta lei foi seguida de diversas outras complementa-
res, mas mesmo assim, parcela mÌnima do problema foi re-
solvida, pois as leis, devido ‡ forte oposiÁ„o dos empregado-
res, geralmente tornavam-se pouco eficientes.
Em 1830, o propriet·rio de uma f·brica inglesa, descon-
tente com as condiÁões de trabalho de seus pequenos traba-
lhadores, procurou o mÈdico inglÍs Robert Baker- que viria a
ser nomeado pelo parlamento brit‚nico como Inspetor MÈdico
de F·brica-, para auxili·-lo quanto a melhor forma de proteger
a  saúde  de  seus  oper·rios.  Baker, conhecedor da obra de
Ramazzini e h· bastante tempo estudando o problema de saú-
de dos trabalhadores aconselhou-o a contratar um mÈdico para
visitar diariamente o local e estudar a influÍncia do trabalho
sobre a saúde dos pequenos oper·rios, que deveriam ser afas-
tados de suas atividades quando notado que estas estives-
sem prejudicando a saúde dos mesmos. Era o surgimento do
primeiro serviÁo mÈdico industrial em todo o mundo.
O fato acima veio a culminar em 1831 com um relatÛrio
da comiss„o parlamentar de inquÈrito, sob a chefia de Michael
Saddler, que finalizava com os seguintes dizeres: ìDiante desta
comiss„o desfilou longa prociss„o de trabalhadores - homens
e mulheres, meninos e meninas. Abobalhados, doentes, de-
formados, degradados na sua qualidade humana, cada um
deles era clara evidÍncia de uma vida arruinada, um quadro
vivo  da  crueldade  do  homem  para  com  o  homem,  uma
impiedosa condenaÁ„o daqueles legisladores, que quando em
suas m„os detinham poder imenso, abandonaram os fracos
‡ capacidade dos fortesî. Em 1833, com o impacto deste rela-
tÛrio sobre a opini„o pública, foi baixado o ìFactory Act, 1833î,
a Lei das F·bricas, a primeira legislaÁ„o realmente eficiente
no campo da proteÁ„o ao trabalhador, o que junto com a pres-
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s„o da opini„o pública, levou os industriais brit‚nicos a segui-
rem o conselho de Baker. Neste mesmo ano, a Alemanha apro-
vava a Lei Oper·ria. Criam-se assim os primeiros esforÁos
do mundo industrial de reconhecimento ‡ necessidade de pro-
teÁ„o dos oper·rios, fruto das reivindicaÁões dos oper·rios.
Em 1842, na EscÛcia, com James Smith como diretor-
gerente de uma indústria tÍxtil, houve a contrataÁ„o de um
mÈdico cujas incumbÍncias iam desde o exame admissional
e periÛdico atÈ a orientaÁ„o e prevenÁ„o das doenÁas tanto
ocupacionais como n„o ocupacionais. Passaram ent„o a exis-
tir as funÁões especÌficas do mÈdico na f·brica.
A partir daÌ, com o grande desenvolvimento industrial da
Gr„-Bretanha, uma sÈrie de medidas legislativas passaram a
ser estabelecidas em prol da saúde e seguranÁa do trabalha-
dor. Desde a expans„o da RevoluÁ„o Industrial em diversos
paÌses do resto da Europa, houve o aparecimento progressivo
dos serviÁos mÈdicos na empresa industrial, sendo que em
alguns paÌses, sua existÍncia passou de volunt·ria, como na
Gr„-Bretanha, a obrigatÛria.
Nos Estados Unidos, os serviÁos mÈdicos e os proble-
mas de saúde de seus trabalhadores n„o tiveram atenÁ„o
especial, apesar do acentuado processo de industrializaÁ„o a
partir da metade do sÈculo passado. Os primeiros serviÁos
mÈdicos de empresa industrial comeÁaram a surgir no inÌcio
do presente sÈculo, a partir do aparecimento da legislaÁ„o
sobre indenizaÁões em casos de acidentes de trabalho. O
objetivo b·sico dos empregadores era ent„o reduzir o custo
das indenizaÁões, sendo que nos últimos trinta-quarenta anos
houve tal ampliaÁ„o no programa, que os serviÁos mÈdicos
passaram  a  existir  n„o  somente  nas  indústrias  cujo  risco
ocupacional fosse grande, mas tambÈm naquelas cujo risco
era mÌnimo. Excelentes resultados foram obtidos neste paÌs,
levando os serviÁos mÈdicos industriais a serem voluntaria-
mente instalados nas f·bricas, sendo que em 1954 deu-se
origem aos princÌpios b·sicos que devem guiar o funciona-
mento desses, estabelecidos pelo Council of Industrial Health
da American Medical Association e revistos em 1960 pelo
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Council on Occupational Health da mesma associaÁ„o.
A conscientizaÁ„o e os movimentos mundiais com rela-
Á„o ‡ saúde do trabalhador n„o poderia deixar de interessar ‡
OrganizaÁ„o Internacional do Trabalho (OIT) e ‡ OrganizaÁ„o
Mundial da Saúde (OMS). Desta forma, em 1950, a Comiss„o
conjunta OIT-OMS sobre Saúde Ocupacional, estabeleceu de
forma ampla os objetivos da Saúde Ocupacional. O tema, des-
de esta Època, foi assunto de inúmeros encontros da Confe-
rÍncia Internacional do Trabalho a qual, em junho de 1953,
adotou princÌpios, elaborando a RecomendaÁ„o 97 sobre a
ProteÁ„o ‡ Saúde dos Trabalhadores em Locais de Trabalho
e estabeleceu, em junho de 1959, a RecomendaÁ„o 112 com
o  nome  ìRecomendaÁ„o  para  os  ServiÁos  de  Saúde
Ocupacional, 1959î.
A OIT define o serviÁo de saúde ocupacional como um
serviÁo mÈdico instalado em um estabelecimento de trabalho,
ou em suas proximidades, com os objetivos de:
- proteger os trabalhadores contra qualquer risco ‡ sua
saúde, que possa decorrer do seu trabalho ou das condiÁões
em que este È realizado;
- contribuir para o ajustamento fÌsico e mental do traba-
lhador, obtido especialmente pela adaptaÁ„o do trabalho aos
trabalhadores, e pela colocaÁ„o destes em atividades profis-
sionais para as quais tenham aptidões;
- contribuir para o estabelecimento e a manutenÁ„o do
mais alto grau possÌvel de bem-estar fÌsico e mental dos tra-
balhadores.
O Brasil, como o restante da AmÈrica Latina, teve sua
RevoluÁ„o Industrial ocorrendo bem mais tarde do que nos
paÌses europeus e norte-americanos, por volta de 1930, e
embora tivÈssemos em menor escala a experiÍncia de outros
paÌses, passamos pelas mesmas fases, sendo que em 1970,
se falava ser o Brasil o campe„o de acidentes do trabalho.
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Os serviÁos mÈdicos em empresas brasileiras s„o ra-
zoavelmente recentes, e foram criados por iniciativa dos em-
pregadores, consistindo inicialmente em assistÍncia mÈdica
gratuita para seus oper·rios, geralmente vindos do campo.
Estes  serviÁos  tinham  car·ter  eminentemente  curativo  e
assistencial e n„o preventivo como recomendado pela OIT.
Os movimentos nascidos com o fim de que o governo brasi-
leiro seguisse a recomendaÁ„o 112 n„o surtiram resultado, e
somente em junho de 1972 o Governo Federal baixando a Por-
taria no3.237 e integrando o Plano de ValorizaÁ„o do Traba-
lhador, tornou obrigatÛria a existÍncia dos serviÁos mÈdicos,
de higiene e seguranÁa em todas as empresas com mais de
100 trabalhadores.
Segundo MACHER (1981), n„o h· dúvidas de que as
doenÁas oferecem um sÈrio obst·culo ao desenvolvimento
sÛcio-econÙmico de um paÌs, pois um trabalhador debilitado
tem em grande parte sua capacidade de produÁ„o restringida,
como pode ser verificado mais claramente nos paÌses latino-
americanos, cujo desenvolvimento ainda n„o proporcionou
uma vis„o realmente clara da necessidade de se investir no
bem-estar fÌsico e mental de nossos trabalhadores. Confor-
me evoca o cÌrculo vicioso da pobreza de Winslow, ìa pobre-
za leva a doenÁa e esta por sua vez a produzir mais e mais
pobrezaî, podemos nos reportar ao fato de que muitos traba-
lhadores que vivendo em condiÁões inadequadas de habita-
Á„o, saneamento, alimentaÁ„o deficiente, baixa renda, com
pouca ou nenhuma instruÁ„o em termos de higiene e grande
exposiÁ„o ‡s doenÁas contagiosas, levam a uma situaÁ„o de
perdas para o paÌs, tanto no aspecto econÙmico-financeiro
quanto  no  humano-social.  Os  acidentes  e  doenÁas
ocupacionais reduzem grandemente a capacidade da parcela
mais significante de uma naÁ„o, a populaÁ„o economicamente
ativa, pela geraÁ„o de incapacidade ou morte dos trabalhado-
res.
Os paÌses da AmÈrica Latina sofrem pelos elevados Ìn-
dices de incapacidade produzidos por acidentes e doenÁas
profissionais, que se colocados em termos monet·rios, as ci-
fras resultantes causariam realmente impacto. Talvez seja este
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alto custo em acidentes do trabalho um dos fatores que impe-
de muitas empresas, principalmente latino-americanas, de
competir no mercado aberto. E ainda, muitos empres·rios, ou
por ignor‚ncia ou por expectativa desmedida de lucros imedi-
atos, n„o percebem que a proteÁ„o do trabalhador em suas
funÁões e na comunidade È um bom negÛcio.
Na Latino AmÈrica utiliza-se como recurso para sair da
etapa de subdesenvolvimento um acelerado processo de in-
dustrializaÁ„o a curto prazo, trazendo ineg·veis benefÌcios eco-
nÙmicos, mas que por outro lado colocam o homem sob con-
diÁões arriscadas, tanto em seu meio de trabalho quanto na
comunidade. MACHER (1981), enfatiza que È antieconÙmico
buscar o desenvolvimento industrial de um paÌs sem resolver
as conseq¸Íncias tÈcnicas, sanit·rias e sociais que este pro-
cesso traz consigo, pois no balanÁo final verificar-se-ia que
somente os custos de enfermidades e acidentes j· seria su-
perior aos novos bens produzidos.
Conforme sugere MARTHA (1981), n„o pode-se esque-
cer que por tr·s de qualquer m·quina, equipamento ou mate-
rial est· o homem, a maior riqueza da naÁ„o, e se n„o bastas-
se isso para avaliarmos a import‚ncia da SeguranÁa e Medici-
na do Trabalho, pode-se pensar que, enquanto uma indústria
automobilÌstica tem capacidade de produzir mais de 1.000
automÛveis por dia com a ajuda humana, necessita-se de no
mÌnimo 20 anos para formar um homem.
Torna-se imperativo que as prÛprias empresas com o
passar do tempo passem a compreender a necessidade de
prevenir acidentes e doenÁas ocupacionais, dado os danos e
custos que produzem. Ao se estabelecer a obrigatoriedade
das empresas de dispor de serviÁos especializados em se-
guranÁa, higiene e medicina do trabalho, tÍm-se o propÛsito
de evitar que acidentes e doenÁas ocupacionais ocorram e,
em conseq¸Íncia, reduzir-se ao mÌnimo os danos que ocasi-
onam.
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A ENGENHARIA DE SEGURANÇA
A ENGENHARIA DE SEGURANÇA
A ENGENHARIA DE SEGURANÇA
A ENGENHARIA DE SEGURANÇA
A ENGENHARIA DE SEGURANÇA
TRADICONAL
TRADICONAL
TRADICONAL
TRADICONAL
TRADICONAL
Segundo DE CICCO e FANTAZZINI (1993), ìo sistema
convencional de an·lise tem um car·ter puramente estatÌsti-
co e est· baseado em fatos ocorridos (acidentes), sendo os
Ìndices daÌ retirados de discutÌvel representatividade para o
estabelecimento de aÁões de controle que reflitam coerente-
mente a potencialidade dos riscos presentes em cada ambi-
ente de trabalhoî.
Sob o mesmo aspecto, de acordo com IIDA (1991), no
sistema tradicional os acidentes s„o analisados pela freq¸Ín-
cia de ocorrÍncia e um relatÛrio com descriÁ„o sum·ria dos
mesmos. Os relatÛrios geralmente apresentam poucas infor-
maÁões quanto ‡s condiÁões de trabalho no local do aciden-
te, n„o fornecendo subsÌdios suficientes para que essas con-
diÁões sejam aperfeiÁoadas.
De acordo com KLETZ (1984?), o mÈtodo tradicional de
identificaÁ„o  de  perigos,  utilizado  desde  os  princÌpios  da
tecnologia industrial atÈ nossos dias , era o de se implantar
uma f·brica e esperar para ver o que ocorria, ou seja, deixar
que os acidentes ocorressem para sÛ ent„o tomar alguma
atitude  a  respeito.  Este  tipo  de  mÈtodo  atÈ  poderia  ser
admissÌvel antigamente, quando as dimensões do risco eram
limitadas, mas de maneira alguma s„o concebÌveis hoje em
dia, em que a evoluÁ„o È tal, que em funÁ„o de maquin·rios,
equipamentos e do prÛprio desenvolvimento do homem, aci-
dentes podem acarretar consequÍncias de elevada gravida-
de.
No modelo tradicional os programas de seguranÁa s„o
bastante limitados, baseando-se em alguns princÌpios j· ultra-
passados para o presente como: prevenÁ„o de lesões pesso-
ais; atividade reservada para Ûrg„os e pessoal especializado;
aÁões reativas e n„o preventivas, baseadas em fatos j· acon-
tecidos - os acidentes, e; aceitaÁ„o do acidente como fato
inesperado e de causas fortuitas e ou incontrol·veis.
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Vejamos porque estes princÌpios ou filosofias b·sicas
da engenharia de seguranÁa tradicional s„o consideradas li-
mitadas dentro da realidade atual:
a) SeguranÁa vista como sinÙnimo de prevenÁ„o de
lesões pessoais:
Inicialmente a seguranÁa nasceu e prosperou como ati-
vidade para fazer frente aos excessos praticados pelas em-
presas contra a forÁa de trabalho. A preocupaÁ„o em termos
de seguranÁa era totalmente voltada para morte ou lesões
incapacitantes permanentes dos trabalhadores. A partir de
acordos e algumas leis especÌficas foram criados alguns pla-
nos de assistÍncia, beneficiando o empregado e sua famÌlia.
Com o passar do tempo e com os avanÁos das lutas sociais,
alÈm dos planos de assistÍncia, os trabalhadores passaram
a ser cobertos por seguros e outros dispositivos que os prote-
gia n„o apenas contra as lesões incapacitantes permanentes
mas tambÈm pela perda moment‚nea da capacidade de tra-
balho. Mais tarde, tiveram atenÁ„o especial outras formas de
lesões pessoais, inclusive as que n„o afastavam o indivÌduo
do trabalho.
O fato das empresas adotarem planos para reduzir as
lesões dos trabalhadores n„o aconteceu de forma volunt·ria,
mas devido ‡ press„o dos altos gastos financeiros oriundos
das indenizaÁões e seguros, ‡s reivindicaÁões sociais e ‡ dis-
criminaÁ„o caso n„o acompanhassem os novos rumos da
seguranÁa.
Desta forma, apesar dos avanÁos, os acidentes que n„o
envolvessem  pessoas  n„o  tinham  valor  nenhum,  embora
muitos destes acidentes possuÌssem as mesmas causas ou
causas semelhantes aos acidentes com pessoas. O motivo
deste desinteresse, talvez fosse devido ao simples desconhe-
cimento do alto Ìndice de ocorrÍncia dos acidentes, bem como
dos custos que acarretavam.
Apesar da evoluÁ„o em que chegamos atualmente, em
termos de engenharia e seguranÁa do trabalho, esta filosofia
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perdura atÈ hoje em grande parte das empresas e Ûrg„os do
governo, principalmente nos paÌses subdesenvolvidos, sendo
que grande parte dos acidentes como: quebra de equipamen-
tos, interrupÁ„o do processo produtivo e agressões ao meio
ambiente, n„o s„o nem mesmo registrados e muito menos
analisados ou divulgados.
b) O acidente sendo mal definido:
Os acidentes eram considerados fatos inesperados, de
causas fortuitas e/ou desconhecidas. Esta definiÁ„o errÙnea
coloca os acidentes, em grande parte, como ocorrÍncias ine-
vit·veis e incontrol·veis. Esta constataÁ„o leva as pessoas
em geral e a organizaÁ„o como um todo, a um estado de inÈr-
cia frente aos acidentes, sem que seja tomada nenhuma ati-
tude para sua prevenÁ„o. Esta inÈrcia poderia ser explicada
por uma conclus„o lÛgica de que sendo o acidente inevit·vel,
nada poderia ser feito para evit·-lo.
No entanto, sabe-se que os acidentes com causas for-
tuitas  ou  desconhecidas  devem-se  geralmente  a  fatores
incontrol·veis da natureza como terremotos, maremotos, rai-
os, etc., sendo os demais acidentes geralmente previsÌveis e,
portanto, control·veis.
Atualmente os acidentes s„o considerados como fatos
indesej·veis, podendo as causas da maior parte dos mes-
mos serem conhecidas e controladas. Este controle depende
da eficiÍncia das equipes e pessoas envolvidas, ficando tanto
a investigaÁ„o quanto a prevenÁ„o aliadas aos materiais e
recursos disponÌveis e ‡ capacidade, iniciativa e criatividade
do pessoal tÈcnico de seguranÁa e da alta administraÁ„o da
empresa.
c) Programas direcionados para fatos j· acontecidos:
Os programas tradicionais de seguranÁa eram desen-
volvidos para agir apÛs os acidentes j· terem acontecido ten-
do, quanto muito, um car·ter corretivo. A postura era esperar
os acidentes acontecerem para sÛ ent„o agir, atacando as
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conseq¸Íncias ou evitando acidentes semelhantes. N„o exis-
tia de forma alguma o enfoque preventivo.
A preocupaÁ„o com seguranÁa preventiva ocorreu ape-
nas mais tarde, quando surgiram os conceitos de ato insegu-
ro e condiÁ„o insegura. Os enfoques tradicionais passaram,
ent„o, a ser substituÌdos por outros mais modernos, com uma
maior preocupaÁ„o com os acidentes pessoais e perdas a
eles associadas, bem como com as perdas relativas a outros
tipos de acidentes e n„o apenas os que envolvessem pesso-
as.
Hoje, existem modelos que procuram explicar o aciden-
te, mostrando-o como sendo um evento participante de uma
cadeia que possui: um antes, um durante e um depois. Co-
nhecendo-se os est·gios desta cadeia È possÌvel identificar
os pontos de ataque para mudar, controlar ou interromper a
cadeia original, com o objetivo de evitar ou reduzir a probabili-
dade de ocorrÍncia de acidentes e as perdas deles origin·ri-
as.
d) As atividades de seguranÁa sendo centralizadas por
pessoas e Ûrg„os especializados:
O fato de nos modelos tradicionais a seguranÁa ser de-
senvolvida por Ûrg„os especializados acabou por deixar os
executantes pouco informados e pouco capazes de agir de
forma preventiva, j· que a mesma vem de outros Ûrg„os, de
outras pessoas. Deste modo, por n„o conhecer em profundi-
dade todos os trabalhos executados numa empresa, o profis-
sional especializado de seguranÁa fica impossibilitado de pre-
ver e, por conseguinte, prevenir de forma completa os perigos
inerentes aos trabalhos os quais n„o domina. Por ser tarefa
de um Ûrg„o especializado, os trabalhadores e pessoas que
n„o fazem parte da ·rea de seguranÁa acabam por achar que
esta  tarefa  n„o  È  de  sua  responsabilidade,  havendo
descomprometimento por parte dos mesmos.
Atualmente sabe-se que para ser completa e eficaz, a
seguranÁa deve nascer e progredir junto com a tecnologia da
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·rea. Toda a organizaÁ„o deve estar integrada, e todo trabalho
deve ser pensado e planejado com seguranÁa sendo, portan-
to, a execuÁ„o segura uma decorrÍncia natural.
Na dÈcada de 60 j· sabia-se que programas com a filo-
sofia tradicional limitava as atividades de seguranÁa, havendo
estagnaÁ„o de resultados e desmotivaÁ„o, alÈm de falta de
interesse, tanto por parte de empregados como das chefias e
supervis„o. Diversos autores que buscavam em seus estu-
dos intensificar as atividades de seguranÁa nas empresas, e
com isso obter melhores resultados nas estatÌsticas e nos
custos, apontavam as limitaÁões da filosofia tradicional.
No entanto, mesmo tendo consciÍncia das limitaÁões
do sistema convencional de an·lise de riscos, n„o deve-se,
sobremaneira, desprez·-lo ou minimizar sua import‚ncia. Os
Ìndices, taxas e medidas fornecidas pelo mesmo nos s„o im-
portantes instrumentos para servir de base ‡s modernas tÈc-
nicas de an·lise de riscos, para efetuar inferÍncias, conhecer
e avaliar a severidade dos riscos potenciais nos ambientes de
trabalho, estabelecer prioridades e programas e, principalmen-
te, dar o primeiro passo para controlar e, o que È mais impor-
tante, detectar falhas ou imprevistos antes que ocorram os
acidentes podendo, assim, preveni-los.
Desta forma, n„o cabe desprestigiar totalmente os pro-
gramas tradicionais, pois qualquer programa de seguranÁa,
pelo simples fato de existir, j· È um fator positivo. Os mÈtodos
tradicionais tÍm, isso sim, alcance limitado frente aos proble-
mas e exigÍncias, hoje caracterÌsticas, tanto de Ûrg„os gover-
namentais quanto da iniciativa privada.
Pode-se concluir que na filosofia tradicional as causas
fundamentais e b·sicas dos acidentes n„o eram atacadas sim-
plesmente por n„o serem devidamente conhecidas. As pes-
soas e a estrutura como um todo tinham uma posiÁ„o passi-
va, esperando um fato por eles considerado inevit·vel - o aci-
dente, para sÛ ent„o agir ou melhor, reagir formando equipes
para combater emergÍncias sem nenhum car·ter preventivo.
Pouca ou nenhuma atenÁ„o era dada a danos materiais e
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ambientais que pudessem ocorrer, sendo os acidentes que
n„o  envolvessem  pessoas  considerados  como  decorrÍncia
normal da atividade. Desta forma os custos dos acidentes n„o
eram conhecidos, j· que os pessoais s„o de difÌcil quantificaÁ„o
e os outros eram aceitos como custos normais de produÁ„o.
Como decorrÍncia de todo o processo tradicional, os empre-
gados, chefias e supervis„o ficavam pouco engajados e pou-
co comprometidos com as atividades e resultados envolven-
do seguranÁa.
Foi graÁas aos estudos de Heinrich, Bird, Fletcher e de-
pois Hammer (abordados a seguir) que a engenharia de segu-
ranÁa passou a ter um outro enfoque, dando surgimento ‡s
doutrinas preventivas de seguranÁa. Segundo esta nova vi-
s„o, a atividade de seguranÁa sÛ È eficaz quando essencial-
mente dirigida para o conhecimento e atuaÁ„o no foco, nas
causas dos acidentes, envolvendo para isso toda a estrutura
organizacional, desde os nÌveis mais altos de chefia e supervi-
s„o atÈ o mais baixo escal„o.
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ESTUDOS REALIZADOS
ESTUDOS REALIZADOS
ESTUDOS REALIZADOS
ESTUDOS REALIZADOS
ESTUDOS REALIZADOS
Diversos autores se destacaram e desenvolveram im-
portantes estudos buscando uma melhor compreens„o dos
problemas relativos ‡ seguranÁa, propondo metodologias para
mudanÁa no estilo de abordagem e trabalhando na obtenÁ„o
de melhores resultados.
… atravÈs desta mudanÁa de abordagem que o termo
acidente passa a ter outra conotaÁ„o, que de causas fortuitas,
desconhecidas e incontrol·veis passou a ser visto como sen-
do ocasionado por causas indesej·veis que podem ser co-
nhecidas previamente e, portanto, controladas. O acidente
passou a ser visto de forma mais ampla, onde sem relegar os
acidentes com lesões pessoais, passaram a ser considera-
dos acidentes todas aquelas situaÁões que de forma direta ou
indireta viessem a comprometer o bom andamento do pro-
cesso produtivo, quer pela perda de tempo, pela quebra de
equipamento ou qualquer outro incidente envolvendo ou n„o o
homem, provocando ou n„o les„o, mas que tenha provocado
desperdÌcio, ou seja perdas tanto a nÌvel monet·rio quanto
pessoal.
ESTUDOS DE H.W. HEINRICH E R.P. BLAKE - (IdÈia
de acidentes com danos ‡ propriedade - acidentes
sem les„o)
Foram os primeiros a apontar que apenas a reparaÁ„o
de danos n„o era suficiente e sim a necessidade de aÁões t„o
ou mais importantes, que alÈm de assegurar o risco de aci-
dentes (pela abordagem tradicional acidente = les„o) tendes-
sem a preveni-los.
Heinrich pertencia a uma companhia de seguros dos
Estados Unidos e em 1926, a partir da an·lise de acidentes do
trabalho liquidados por sua companhia, iniciou uma investiga-
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Á„o nas empresas em que os acidentes haviam ocorrido, ten-
tando obter informaÁões sobre os gastos adicionais que as
mesmas haviam tido, alÈm das indenizaÁões pagas pelo se-
guro. Os dados refletiam a mÈdia da indústria americana, n„o
sendo sua intenÁ„o, no entanto, generalizar esta estimativa
para todos os casos de levantamento de custos de acidentes
nas empresas.
Desta forma, Heinrich chamou de custos diretos os gas-
tos da companhia seguradora com a liquidaÁ„o de acidentes,
e de custos indiretos as perdas sofridas pelas empresas em
termos de danos materiais e de interferÍncias na produÁ„o.
Com relaÁ„o a estes custos, em 1931 Heinich revelou em sua
pesquisa a relaÁ„o 4:1 (custos indiretos : custos diretos) en-
tre os custos dos acidentes, ou seja, os custos indiretos eram
cerca de 4 vezes maiores do que os custos diretos, para a
indústria como um todo.
De acordo com DE CICCO (1984) a consistÍncia e o
significado da proporÁ„o de 4 para 1 s„o extremamente fra-
cos, e o fato de n„o ter sido utilizado nenhum modelo padroni-
zado para o c·lculo dos referidos custos torna o emprego desta
proporÁ„o totalmente invi·vel, alÈm do que, a necessidade da
realizaÁ„o de estudos especÌficos e da n„o generalizaÁ„o
deriva tambÈm do fato de que esta relaÁ„o poder variar de
2,3:1 atÈ 100:1, n„o sendo objetivo do autor aplicar tal propor-
Á„o em casos individuais e especÌficos.
Em 1947, a partir dos estudos de outro norte-americano
R.H.Simonds apud DE CICCO (1984), os termos custo dire-
to e custo indireto de Heinrich foram substituÌdos, respectiva-
mente, por custo segurado e custo n„o segurado. O mÈtodo
proposto por Simonds, para o c·lculo dos custos de aciden-
tes, enfatiza a realizaÁ„o de estudos-piloto em cada empre-
sa, dos custos associados a quatro tipos b·sicos de aciden-
tes: lesões incapacitantes, casos de assistÍncia mÈdica, ca-
sos de primeiros socorros e acidentes sem les„o.
Foi Heinrich quem introduziu pela primeira vez a idÈia de
acidentes sem les„o, ou seja, os acidentes com danos a propri-
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edade. Sob este enfoque s„o considerados todos aqueles aci-
dentes que, de uma forma ou de outra, comprometem o anda-
mento normal de uma atividade, provocando danos materiais.
As proporÁões obtidas entre os diversos tipos de aci-
dentes:  com  les„o  incapacitante,  com  lesões  n„o
incapacitantes e acidentes sem les„o, obtidos pelos estudos
de Heinrich, s„o os representados na figura 1.1.
De acordo com a pir‚mide de Heinrich observa-se que
para 1 acidente com les„o incapacitante , correspondiam 29
acidentes com lesões menores e outros 300 acidentes sem
les„o. Esta grande parcela de acidentes sem les„o n„o vinha
sendo considerada, atÈ ent„o, em nenhum aspecto, nem no
financeiro e nem no que tange aos riscos potenciais que im-
plica ‡ saúde e vida do trabalhador caso algum fator contribu-
inte (ato ou condiÁ„o insegura) os transformassem em aci-
dentes com perigo de les„o.
Heinrich apud HEM…RITAS (1981), em sua obra ìIn-
dustrial Accident Preventionî, aponta que os acidentes de tra-
balho, com ou sem les„o, s„o devidos ‡ personalidade do
trabalhador, ‡ pr·tica de atos inseguros e ‡ existÍncia de con-
diÁões inseguras nos locais de trabalho. Supõe-se, desta for-
ma, que as medidas preventivas devem ater-se ao controle
destes trÍs fatores causais. Neste ponto, pode-se ter uma
idÈia da import‚ncia e do n„o esquecimento dos mecanis-
mos tradicionais, pois o reconhecimento e identificaÁ„o das
causas podem ser realizados atravÈs da coleta de dados du-
rante a investigaÁ„o dos acidentes. O uso dos quadros esta-
tÌsticos baseados nesta coleta podem ser fundamentais para
elaboraÁ„o e programaÁ„o da prevenÁ„o de acidentes.
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Anos mais tarde, R. P. Blake analisando o assunto sob o
mesmo ponto de vista de Heinrich, chegou a formular com ele
afirmativas e sugestões, visando a diminuiÁ„o da perda por
acidentes. Do ponto de vista destes autores as empresas, mais
do que promover medidas de proteÁ„o social a seus empre-
gados, deveriam efetivamente preocupar-se em evitar os aci-
dentes, sendo eles de qualquer natureza. Esta sugest„o esta-
va calcada no pressuposto de que, segundo suas observa-
Áões, apesar das empresas direcionarem esforÁos na prote-
Á„o social de seu empregado, as perdas materiais com aci-
dentes continuavam a ser de grande magnitude sendo que,
muitas vezes, os acidentes com danos ‡ propriedade tinham
as mesmas causas ou, pelo menos, causas semelhantes aos
dos acidentes pessoais.
ESTUDOS  DE  FRANK  E.  BIRD  JR.  -  (Controle  de
Danos, PrevenÁ„o de Perdas, Controle de Perdas)
Apesar de j· haver sido alertado por Heinrich duas dÈca-
das antes, foi somente na dÈcada de 50 que tomou forma nos
E.U.A um movimento de grande valorizaÁ„o dos programas
de prevenÁ„o de riscos de danos materiais.
O Conselho Nacional de SeguranÁa dos E.U.A., em
1965, concluiu que em dois anos o paÌs havia perdido em aci-
dentes materiais uma parcela que se igualava ao montante de
perdas em acidentes pessoais, chegando as perdas a uma
cifra de US$ 7,2 e US$ 7,1 bilhões para danos materiais e
pessoais respectivamente. E mais, em 1965 os acidentes com
danos materiais nas empresas superavam, quase em duas
vezes, as perdas com danos materiais em acidentes de tr‚n-
sito no ano de 1964, ficando as perdas em um valor de US$
1,5 bilhões para estes e de US$ 2,8 bilhões para aqueles. Nesta
mesma Època estimativas semelhantes comeÁaram a ser
realizadas pelas empresas.
Em 1915 a Luckens Steel, empresa siderúrgica da Fila-
dÈlfia, havia nomeado um Diretor de SeguranÁa e Bem-Estar
conseguindo, com isto, reduzir, atÈ 1954, o coeficiente de fre-
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q¸Íncia de 90 para 2 acidentes pessoais por milh„o de ho-
mens-hora trabalhados. Igual sucesso, porÈm, n„o obteve na
reduÁ„o dos acidentes graves com danos ‡ propriedade so-
fridos pela empresa neste mesmo ano. Os controles de me-
diÁ„o de custos e programas executados durante os 5 anos
subsequentes serviram para mostrar ‡ gerÍncia, os grandes
danos incorridos na empresa por decorrÍncia de acidentes
materiais. Em 1956, reconhecendo a import‚ncia do proble-
ma, os acidentes com danos ‡ propriedade eram, ent„o, in-
corporados aos programas de prevenÁ„o de lesões j· exis-
tentes na empresa.
Face aos resultados satisfatÛrios obtidos, o ano de 1959
foi adotado como base para o futuro, sendo o custo dos da-
nos ‡ propriedade observado neste ano-base de US$ 325.545
por milh„o de horas-homem trabalhadas. Em 1965 o mesmo
custo era estimado em US$ 137.832 por milh„o de horas-ho-
mem trabalhadas, com uma reduÁ„o, durante estes 7 anos,
de US$ 187.713.
Na Luckens Steel, Bird desenvolveu seus estudos e ini-
ciou um programa de Controle de Danos, que sem descuidar
dos acidentes com danos pessoais - o homem È o fator pre-
ponderante em qualquer programa de engenharia de segu-
ranÁa -, tinha o objetivo principal de reduzir as perdas oriun-
das de danos materiais. A motivaÁ„o inicial para seu trabalho
foram os acidentes pessoais e a consciÍncia dos acidentes
ocorridos durante este perÌodo com ele e seus companheiros
de trabalho, j· que o prÛprio Bird fora oper·rio da Luckens
Steel. Estes dois fatores aliados levaram-no a se preocupar
com a ·rea de seguranÁa. Os quatro aspectos b·sicos do
programa por ele elaborado foram: informaÁ„o, investigaÁ„o,
an·lise e revis„o do processo.
Em 1966, baseando sua teoria de Controle de Danos
em uma an·lise de 90.000 acidentes ocorridos na Luckens
Steel, durante um perÌodo de mais de 7 anos, observou que
do total, 145 acidentes foram incapacitantes, 15.000 aciden-
tes com les„o e 75.000 foram acidentes com danos ‡ propri-
edade. Assim, Bird chegou a proporÁ„o entre acidentes pes-
soais e com danos ‡ propriedade mostrada na figura 2.2.
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Pela pir‚mide de Bird, na figura 2.2., observa-se que para
cada acidente com les„o incapacitante, ocorriam 100 peque-
nos acidentes com lesões n„o incapacitantes e outros 500
acidentes com danos ‡ propriedade.
Bird, em seu trabalho, tambÈm estabeleceu a propor-
Á„o entre os custos indiretos (n„o-segurados) e os diretos
(segurados), obtendo a proporÁ„o 6,1:1. O objetivo do estabe-
lecimento de tais custos foi o de mostrar como cada empresa
pode estimar os seus individuais. Cabe ressaltar que a pro-
porÁ„o de Bird (6,1:1) n„o È mais significativa do que a pro-
posta, por exemplo, por Heinrich (4:1), e que cada empresa
deve, na verdade, fazer inferÍncias sobre os resultados dos
prÛprios dados levantados.
Ao invÈs de simples slogans, como era comum na Èpo-
ca, o trabalho de Bird teve o mÈrito de apresentar dados com
projeÁões estatÌsticas e financeiras, alÈm das perdas materi-
ais e pessoais sofridas pela empresa.
Apesar disto, nos últimos 10 anos n„o houve diminuiÁ„o
significativa na taxa de freq¸Íncia de acidentes havendo, isso
sim, uma diminuiÁ„o de cerca de 50% na taxa de gravidade
dos mesmos.
Segundo Bird apud OLIVEIRA (1991) a forma de se fa-
zer seguranÁa È atravÈs do combate a qualquer tipo de aci-
dente e que a reduÁ„o das perdas materiais liberar· novos
recursos para a seguranÁa.
Mais tarde, os estudos de Bird foram denominados de
Controle de Perdas e os programas gerenciais como Admi-
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