Este documento discute a arte da leitura em 3 etapas: 1) Como a imaginação é fundamental para a leitura, 2) Como diferentes perspectivas afetam a compreensão de um texto, 3) Que a atenção é essencial para uma leitura produtiva, mas está ameaçada pela fragmentação no mundo moderno.
A Arte de Ler (Vanderlei Miranda) - Cidadão do Futuro 2010
1. A Arte de Ler
"Habilidade é o que você é capaz de fazer.
Motivação determina o que você faz.
Atitude determina a qualidade do que você faz."
Lou Holtz
5. Perguntas...
Por que distrai, diverte e relaxa o mergulhar nos problemas
e na vida dos outros, o identificar-se com uma pintura ou
música, o identificar-se com tipos de um romance, de uma
peça ou filme?
Por que reagimos em face dessas "irrealidades" como se
elas fossem a realidade intensificada?
Que estranho e misterioso divertimento é esse?
6. Respostas...
.
"O homem anseia uma plenitude que sente e tenta
alcançar,(...); uma plenitude na direção da qual se orienta
quando busca um mundo mais compreensível e mais justo,
um mundo que tenha significado."
sentir-se pleno - aceitar a realidade tal como ela se
apresenta
conhecer o sentido - encaixar-se nessa realidade
8. O que é Ler?
Ler é produzir sentido.
Quando você assiste um filme ou ouve uma música, é
impossível interpretá-los desvinculados da sua história
de vida e do momento no qual você vive a
experiência estética. Você vê a obra de acordo com as
suas referências pessoais e culturais.
e para produzir sentidos você usa algo para se comunicar
com o mundo ... um instrumento!
9. Instrumento: linguagem
O que é a linguagem? É um sistem simbólico, um sistema
de signos
Nossa penetração na realidade
é sempre mediada por
linguagens , um sistema de
representação pelo qual
olhamos, agimos e nos
tornamos conscientes da
realidade.
12. O que é "Ler"
Toda e qualquer linguagem é um instrumento para
recortar, categorizar e perceber o mundo.
É um instrumento com o qual os seres humanos podem se
desligar parcialmente da experiência
corrente e
• recordar, evocar,
• imaginar,
• jogar,
• simular.
13. E ao "ler" o que acontece?
Lemos com os sentidos e com o coração: é a FRUIÇÃO,
Uma etapa individual, onde a emoção, a sensação e o
pensar que a experiência provoca em nós faz com que haja
uma RECRIAÇÃO da obra em nós.
Há um encontro onde se instaura uma simpatia, uma
sintonia
14. Mas há diversas linguagens...
Visual, musical, dramática, etc.
Tudo isso é combinado em nós numa única coisa: a
nossa IMPRESSÃO.
Exemplo: "Now We Are Free_Desenho"
(com e sem música)
15. Ao "ler" ...
As referências pessoais, fundadas nas experiências
individuais, e as rerências culturais, nascidas no convívio
com a cultura de seu entorno, direcionam o poetizar/fruir/
conhecer , levando-nos a estabelecer sentidos,
significações que atribuímos ao que estamos
observando.
16. Como se aprende a ler
Há diversas linguagens: visual, musical, dramática,
etc.
Mas, o que accontece ao ler, o que está em jogo,
quais as etapas?
Exercíco de leitura
Outro exemplo: na música
• Benjamin Zander (TED 2008)
17. Então, como fazemos isso?
Ao ler usamos:
Olhos
Ouvidos
Atenção não dividida
Coração
Mente
18. Fases
• Alimentar a imaginação
• Exercitar a persuasão - ação psicológica
fundada nas crenças
• Exercitar a busca pela verdade - submeter à
provas, ampliar as diversas visões
• Concluir sobre o que é certo - raciocínio
19. Primeiro passo: a Imaginação
Como alimentamos a imaginação ?
O Papel da sonoridade - a poesia ou a prosa
poética
Ladies in Lavender - Joshua Bell - música
AQUARELA - TOQUINHO - poesia
Tarde em Itapoã - Vinicius e Toquinho - poesia
20. Imaginação "doente"
A imaginação pode "adoecer"?
Como?
Desregramento - indisciplina por ociosidade
Prisão - limites emocionais das vivências
traumáticas
Não atua sozinha: alimento com a memória e a
atenção sobre os acontecimentos e idéias!
22. A palavra para Platão
Era um Pharmakon:
Remédio
Cosmético
Veneno
Como você a usa?
23. Palavra como problema?
Problema, dizia Ortega y Gasset, é consciência de uma
contradição.
Nas palavras encontramos uma contradição interna no
seu uso:
Devem ser claras - para descrever uma situação
específica.
Devem ser ambíguas - para que possam ser entendidas
por indivíduos com experiências diferentes sobre a mesma
coisa.
26. O que fazer?
Técnica do zoom in e zoom out:
A apreensão do contexto como um pano de fundo para o
sentido das palavras.
27. Discursos...
PERSPECTIVA
CONTEXTO
LINGUAGEM
=
LITERATURA
28. A literatura serve para...
Hoje como sempre, a função da literatura é explorar e
estruturar verbalmente o mundo do imaginário, do
possível.
Junto com as outras artes, a literatura abre um campo de
possibilidades que delimita o mundo imaginário onde vivem
os homens de uma época.
29. A literatura
É nesse campo e não para além dele que os homens fazem
suas escolhas, colhem suas idéias, criam suas teorias e
suas técnicas.
Exemplo: Camões
Sonetos
Renato Russo-monte castelo
30. A literatura...
A literatura, em especial, delimita o imaginário verbalizável
e predetermina assim o campo inteiro das discussões. Há
uma perfeita continuidade entre
as artes,
a filosofia
e a ciência -
formam como uma
árvore ...
As obras de filosofia e ciência, nesse sentido, fazem parte
da "literatura" ou são uma extensão dela.
33. E o caminho?
Caminhante, são teus rastos
o caminho, e nada mais;
caminhante, não há caminho,
faz-se caminho ao andar.
Ao andar faz-se o caminho,
e ao olhar-se para trás
vê-se a senda que jamais
se há-de voltar a pisar.
Caminhante, não há caminho,
somente sulcos no mar.
34. Obstáculo: a atenção
Prestar atenção não é um simples ato de auto-
disciplina, mas um ato cognitivo com raízes
neurobiológicas profundas - e esta faculdade
complexa, diz Maggie Jackson, está sendo
profundamente minada pela maneira como vivemos.
35. A fragmentação da atenção
A falta de atenção é perigosa: ela destreina o
cérebro. Torna-o escravo da satisfação imediata.
Prende-nos à quantidade de estímulo, não à
qualidade.
(http://www.wired.com/wiredscience/2009/02/attentionlost/)
Distracted: The Erosion of Attention and the Coming Dark Age -
Maggie Jackson
36. Quem está no controle?
E esse é um processo mais profundo do que parece.
Ao nos acostumarmos a ser distraídos, perdemos
o hábito de prestar atenção aos nossos próprios
pensamentos. Começamos a agir cada vez mais no
piloto automático.
37. Consegue prestar atenção?
Você consegue controlar sua mente quando
precisa controlá-la?
Reconhece pensamentos destrutivos quando eles
começam a se formar? Ou só vai percebê-los
quando já fizeram estrago?
Consegue dar conta dos seus objetivos? Consegue
ouvir as pessoas adequadamente?
38. Consegue prestar atenção?
Há três tipos de pessoas:
• os que se recusam a pensar
• os que têm preguiça de pensar
• os que se dasafiam a pensar
39. Diante de um texto...
Perguntar-se antes "o que ele provoca em você"?
• o saber - ele busca ensinar algo a você? Ele mostra o que é
verdadeiro ou falso, apresenta o estado de uma questão?
• o mover - esse texto leva você a agir ou reagir, orienta
suas ações, suas intenções, num certo sentido? Ou
seja, esse texto faz você crescer em humanidade a
serviço dos outros homens ou não?
• o comover - sensibiliza você? Pode alegrá-lo, pode
entristecê-lo, animar sua esperança ou até atiçar sua
cólera
40. Cuidado... com "discursos"
"Dois amigos num restaurante. Os dois pedem um bife. O
garçom traz um pequeno e um grande. Um dos amigos
serve-se, de imediato e, sem escrúpulo pega o bife maior:
- Mas você, hein - exclama o outro - Que atrevimento!
- Por quê?
- Pegou o maior.
- E daí? O que você teri feito se tivesse se servido
primeiro?
- Eu? Teria pego o menor!
- Do que está reclamando então? Está aí o seu!"
41. Cuidado... com "discursos"
Qualifica-se como "refutável" uma noção que uma
experiência pode refutar, cuja falsidade ela é capaz de
provar. Isso significa que o real permanece sempre o
critério último de verdade.
Do contrário teremos sempre ideologias...
O próprio da humildade, portanto, é ter um pensamento
vulnerável, criticável, e conseqüentemente aberto.
Exemplos: marxismo e freudismo
42. O tempero do discurso
As perfeições de um discurso: unidade, verdade e
beleza.
Um discurso é perfeito na unidade quando deixa
perfeitamente estabelecido o assunto que trata, e
por contraste, do que não trata;
Se conseguimos ver claramente qual o tema do
assunto, é porque há unidade no discurso.
43. A verdade
Outro modo de temperar o discurso é pela verdade,
ao transmitir com perfeição nos termos a idéia
considerada na mente do escritor, sem margens a
contradições, interpetações dúbias e ao erro.
44. A beleza
Sabemos que um discurso foi temperado pela
beleza quando nos é identificado como conveniente,
agradável, no mínimo... suave e sem ofensa ao
paladar intelectual.
O AMOR (Khalil Gibran)