- O documento descreve o desenvolvimento e validação de uma versão portuguesa da escala de avaliação da dor Adult Nonverbal Pain Scale- Revised (NVPS-R) para doentes críticos não-verbais;
- A escala foi traduzida e culturalmente adaptada para o português de Portugal e testada em 60 doentes de UCI, tendo mostrado boa validade de construto, validade critério e consistência interna;
- No entanto, são necessários mais estudos com amostras maiores e mais diversificadas para confirmar as propri
Escala de dor NVPS-R para adultos não-verbais em UCI
1. Escala de dor para adultos não-
verbais
Colômbia, Cartagena de índias, 6-12 de setembro de
2014
Batalha L, PhD1; Bizarro V, MSc2; Marques M, BSc;2 Figueiredo A, BSc2
1. Escola Superior de Enfermagem de Coimbra e Unidade de Investigação em Ciências da Saúde: Enfermagem,
Portugal
2. Unidade de Cuidados Intensivos, Centro Hospitalar de Coimbra, Portugal
CHC, EPE
3. Introdução
As fontes de dor numa UCI são inúmeras;
Os doentes sofrem pela gravidade do seu
estado clínico, procedimentos invasivos de
diagnóstico e tratamento, presença de
dispositivos terapêuticos e cuidados diários1,2
;
Este é um problema reconhecido, mas a sua
gravidade subestimada1-3.
1 - Li D, Puntillo K, Miaskowski CA. Review of Objective Pain Measures for Use With Critical Care Adult Patients Unable to Self-Report. J Pain 2008; 9:2–10.
2 - Pudas‐Tähkä S, Axelin A, Aantaa R, Lund V, Salanterä S. Pain assessment tools for unconscious or sedated intensive care patients: a systematic review. J Adv Nurs 2009;
65:946–56.
3 - Chen Y-Y, Lai Y-H, Shun S-C, Chi N-H, Tsai P-S, Liao Y-M. The Chinese Behavior Pain Scale for critically ill patients: Translation and psychometric testing. Int J Nurs Stud 2011;
4. Introdução
Avaliar a dor em doentes críticos, com
diminuição do estado consciência, em
ventilação mecânica, sob efeito de
fármacos analgésicos e/ou sedativos e
por vezes, com dispositivos de contenção
comprometem o autorrelato da dor e
dificultam a sua avaliação2,3.
2 - Pudas‐Tähkä S, Axelin A, Aantaa R, Lund V, Salanterä S. Pain assessment tools for unconscious or sedated intensive care patients: a systematic review. J Adv Nurs 2009;
65:946–56.
3 - Chen Y-Y, Lai Y-H, Shun S-C, Chi N-H, Tsai P-S, Liao Y-M. The Chinese Behavior Pain Scale for critically ill patients: Translation and psychometric testing. Int J Nurs Stud 2011;
48:438–48.
5. Introdução
Várias revisões sistemáticas foram realizadas para
identificar e avaliar as propriedades psicométricas de
escalas de dor usadas em doentes internados em UCI,
submetidos a ventilação mecânica1,2,4 ;
Entre as escalas identificadas a Adult Nonverbal Pain
Scale- Revised (NVPS-R)5 está entre as recomendadas,
tendo como vantagem a de incluir indicadores
comportamentais e fisiológicos, o que para alguns
autores é uma vantagem na avaliação da dor6,7;
No entanto, mais estudos são necessários para
avaliação das suas propriedades psicométricas2.
1 - Li D, Puntillo K, Miaskowski CA. Review of Objective Pain Measures for Use With Critical Care Adult Patients Unable to Self-Report. J Pain 2008; 9:2–10.
2 - Pudas‐Tähkä S, Axelin A, Aantaa R, Lund V, Salanterä S. Pain assessment tools for unconscious or sedated intensive care patients: a systematic review. J Adv Nurs 2009; 65:946–
56.
4 - Cade CH. Clinical tools for the assessment of pain in sedated critically ill adults. Nurs Crit Care 2008; 13:288–97.
5 - Wegman DA. Tool for pain assessment. Crit Care Nurse 2005; 25:14–5.
6 - Kabes A, Graves J, Norris J. Further validation of the nonverbal pain scale in intensive care patients. Crit Care Nurse 2009; 29:59–66.
7 - Puntillo KA, Stannard D, Miaskowski C, Kehrle K, Gleeson S. Use of a pain assessment and intervention notation (P.A.I.N.) tool in critical care nursing practice: nurses’ evaluations.
6. Objectivos
Traduzir e adaptar culturalmente para o
Português (Portugal) a NVPS-R;
Avaliar as propriedades psicométricas
(validade e fiabilidade) da versão
Portuguesa (NVPS-R/PT) em doentes
internados UCI com patologia médica
e/ou cirúrgica, submetidos a ventilação
mecânica.
7. Metodologia
Estudo de carácter metodológico que
decorreu em duas fases:
validação da tradução e adaptação
cultural para o Português (Portugal) da
NVPS-R;
estudo das suas propriedades
psicométricas (validade e fiabilidade).
8. Metodologia – Fase I
Painel peritos
NVPS-R/PT
Tradução1
NVPS-R
Tradução
II
NVPS-R
Painel peritos
NVPS-R
Tradução I
NVPS-R/PT
Tradução
II
NVPS-R/-PT
9. Metodologia NVPS-R/PT
Indicadores 0 1
2
Face
Nenhuma expressão
particular ou sorriso
Presença ocasional de
esgar facial, lacrimejar,
sobrancelhas franzidas,
testa franzida
Presença frequente de
esgar facial, lacrimejar,
sobrancelhas franzidas,
testa franzida
Atividade
(Movimento)
Deitado calmamente,
posição normal
Procura atenção através do
movimento ou movimento
lento, cauteloso
Agitado, atividade
excessiva e/ou reflexos de
retirada
Comportamento
protetor
Deitado calmamente,
não posiciona as mãos
sobre nenhuma zona do
corpo
Imobilização de áreas do
corpo, tenso
Rígido, tenso
Fisiológico
(sinais vitais)
Sinais vitais estáveis
Alterações num destes
aspetos:
PAS >20 mm Hg
FC >20 mm Hg
Alterações num destes
aspetos:
PAS >30 mm Hg
FC >25 mm Hg
Respiratório
Valores iniciais de
FR/SpO2.
Adaptação ao
ventilador
FR >10 acima do valor
inicial, ou 5% SpO2.
Assincronia moderada
com o ventilador
FR >20 acima do valor
inicial, ou 10% SpO2.
Assincronia grave com o
ventilador
10. Metodologia – Fase II
60 doentes de uma UCI submetidos a ventilação
mecânica de um hospital central e internados entre Março
de 2011 e Fevereiro de 2012;
excluídos os doentes sob efeito de fármacos
bloqueadores neuromusculares, com patologia
neuromuscular, tetraplégicos, com comportamentos de
auto-agressão e imobilização dos membros superiores;
seleção acidental em função da disponibilidade dos
enfermeiros;
11. Metodologia – Fase II
A aplicação da escala foi realizada de forma
simultânea e independente por dois, dos três
enfermeiros que colheram os dados;
Realizadas 120 observações usando a escala
NVPS-R/PT e outras 120 com a Behavioral Pain
Scale - Intubated Patient (BPS-IP/PT)8.
A pontuação na escala NVPS-R/PT varia entre 0
e 10 pontos e na BPS-IP/PT entre 3 e 12 pontos.
8, Batalha L, Figueiredo A, Marques M, Bizarro V. Adaptação cultural e propriedades psicométricas da versão Portuguesa da escala
Behavioral Pain Scale- Intubated Patient (BPS-IP/PT). Referência 2013; 9:7-16.
12. Metodologia
IBM SPSS Statistics Version 19 (IBM, Armonk, NY, USA )
validade de construto feita pela análise dos componentes
principais com rotação de Varimax;
validade critério concorrente utilizado o coeficiente de
correlação de Spearman com significância de p< 0,05,
entre as pontuações totais das escalas NVPS-R/PT e
BPS/IP-PT.
Consistência interna pelo coeficiente α de Cronbach.
aceitável ≥ 0.7, boa ≥ 0.8 e excelente ≥ 0.99 ;
A concordância inter-avaliadores pelo:
coeficiente de Kappa de Cohen: moderados 0,4-0,60; substanciais
0.61-0.80, excelente 0.81-1.0 10;
ICC: boa concordância >0,7511.
9. George D, Mallery P. SPSS for Windows step by step: a simple guide and reference. 11.0. Update. Boston: Allyn & Bacon; 2003.
10. Landis RJ, Koch GG. The measurement of agreement for categorical data. Biometrics 1977; 33:159-74.
11. Kramer MS, Feinstei AR. The biostatistics of concordance. Clin Pharmacol Ther 1981; 29:111-23.
13. Metodologia
O estudo foi aprovado pelos Conselhos de
Administração e Comissões de Ética dos
hospitais envolvidos;
Consentimento presumido, no entanto, foram
garantidos todos os esforços para se informar e
obter o consentimento do representante legal.
14. resultados
Dados demográficos e clínicos (n = 60)
Idade (anos) [mediana (mín-máx)] 57 (21 - 82)
Sexo feminino [número (%)] 18 (30)
Motivo de internamento e/ou patologias associadas [número (%)]
Politraumatismo 28 (46,7),
Infecção respiratória 12 (20,0)
TCE/AVC/Infecção cerebral 11 (18,3)
Sepsis 6 (10,0).
PCR/intoxicação 3 (5,0)
Submetidos a cirurgia [número (%)] 20 (33,3)
Tratamento analgésico [número (%)]
Sem fármacos 6 (10,0)
Analgésicos 5 (8,3)
Sedativos 12 (20,0)
Ambos 37 (61,7)
Avaliação subjectiva de dor [número (%)] 34 (56,7)
Avaliação em repouso [número (%)] 51 (85,0)
15. Resultados
NVPS-P (n= 120) Factor 1
Face 0,89
Actividade (Movimento) 0,95
Comportamento protector 0,95
Fisiológico I (Sinais Vitais) 0,50
Respiratório 0,21
Valor próprio 2,87
Variância explicada 57,42
Validade construto - Análise de componentes
principais
16. Resultados
Validade critério concorrente
A pontuação total de dor avaliada com a escala
NVPS-R/PT variou entre 0 e 7 pontos com uma
mediana de 0 pontos e com a escala BPS-IP/PT
entre 3 e 8 pontos com uma mediana de 3 pontos.
A correlação entre as escalas foi positiva para um
coeficiente de Sperman de 0,75 (p<0,05).
17. Resultados
NVPS-P α
α se item
eliminado
Correlação
item-total
Total 0,78
Face 0,48 0,75
Actividade (Movimento) 0,48 0,79
Comportamento protector 0,53 0,81
Fisiológico I (Sinais Vitais) 0,76 0,14
Respiratório 0,70 0,35
Consistência interna - coeficiente α de Cronbach
19. Limitações
Painéis não incluíram outros profissionais
de saúde, para além de enfermeiros;
Reduzida dimensão da amostra;
Seleção aleatória mas não consecutiva;
Predomínio de doentes não submetidos a
intervenção cirúrgica, uma avaliação da
dor feita maioritariamente em situação de
repouso.
20. Conclusões
A escala NVPS-R/PT revelou boas propriedades
psicométricas, sendo válida e fiável para uso em
doentes adultos submetidos a ventilação.
Pode ser uma alternativa à escala BPS-IP/PT
porém, requer outros estudos que avaliem a
validade e fiabilidade da escala, neste e noutros
tipos de doentes incapazes de se autoavaliarem.
Notas del editor
Após autorização dos autores, procedeu-se à tradução da escala por duas tradutoras (Português nativo) de forma independente. Com base nestas duas traduções, um painel de sete peritos em cuidados a pessoas com demência e/ou problemas neurológicos e com formação específica em avaliação da dor (seis enfermeiros e um professor de enfermagem) validaram semântica e culturalmente uma versão de consenso. Esta versão foi posteriormente retrovertida para o Inglês, de forma independente, por duas tradutoras (Inglês nativo). Um novo painel, composto pelos mesmos elementos, concebeu uma versão de consenso posteriormente comparada com a versão original para se obter a equivalência (Figura 1).