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EDIÇÃ
EDIÇÃO

CLARA AN
GELEAS /
TNC

SUSTENTABILIDADE

Conservação para a
sustentabilidade
Suelma Rosa dos Santos*

Há
mais de 40 anos
realizou-se a primeira Conferência
das Nações Unidas para tratar de
meio ambiente, inaugurando o debate
internacional sobre questões ambientais.
Naquele momento, em que se celebrava
a Conferência das Nações Unidas sobre
Meio Ambiente Humano (Conferência
de Estocolmo), os recursos naturais eram
percebidos como inesgotáveis, portanto,
a ação humana sobre a natureza não
representava ameaça. Até os anos de
1970, o crescimento econômico, em
especial, o desenvolvimento industrial,
seguindo modelo intensivamente
poluidor, era o principal objetivo dos
governos nacionais.
Na fase anterior à Conferência, o
relatório intitulado “The Limits to
Growth” apresentava, de maneira
alarmante, os limites do modelo

*Suelma Santos é representante
nacional da The Nature
Conservancy (TNC), maior
organização ambiental do mundo,
presente em mais de 35 países,
desenvolvendo estratégias com o
objetivo de proteger a natureza e
preservar a vida do planeta.

ç

de crescimento econômico, em
vigor, frente ao uso dos recursos
naturais. Em Estocolmo, os países em
desenvolvimento, entre eles o Brasil,
ainda interpretavam as questões
ambientais como opostas ao crescimento
econômico. De certa maneira, esse
discurso retrógrado ainda existe nos
setores menos dinâmicos e competitivos
da nossa economia.
Vinte anos depois, o Brasil sediava a
Conferência das Nações Unidas sobre
Meio Ambiente e Desenvolvimento
(Conferência Rio 92) e mudou
sobremaneira o discurso político e o
nível de mobilização social em defesa do
meio ambiental. A Conferência Rio 92 foi
o maior evento realizado no âmbito da
Organização das Nações Unidas (ONU) até
aquele momento, e consolidou o conceito
de Desenvolvimento Sustentável, superando
o conflito entre crescimento econômico,
proteção ambiental e desenvolvimento
social. A Conferência Rio 92 estabeleceu
uma série de documentos: as Convenções
sobre Mudança do Clima, Biodiversidade
Biológica e Desertificação, a Carta da
Terra, as Convenções sobre, as Declarações
sobre Florestas e sobre Ambiente e
Desenvolvimento e a Agenda 21.
Pode-se dizer que a Rio 92 representou
um ponto de inflexão na discussão
da temática ambiental, que passaria
a integrar a agenda internacional.
Em especial, o evento marcou a
mudança definitiva da posição do
governo e da sociedade brasileira
perante a importância de considerar
as questões ambientais no modelo
de desenvolvimento nacional. Cabe
perguntar, então, o porquê dessa
mudança e quais os caminhos para a
construção de uma agenda sustentável
nacional, que se coadune com as questões
ambientais globais e que mobilize a
sociedade, os agentes econômicos e o
governo em seus três níveis federativos.

Após a transição para a democracia,
a sociedade civil pode se organizar
livremente no país e todos os grandes
debates nacionais, antes silenciados,
emergiram. Os direitos indígenas, a
questão fundiária, a inclusão social, o
direito à saúde e educação universal,
o acesso à seguridade social e, como
não poderia deixar de ser, a questão
ambiental tornam-se pauta da agenda
política, o que mobilizou grupos de
interesses favoráveis e contrários. Com
apoio internacional, o debate ambiental
interno se qualificou e o país não podia
mais deixar de considerar o meio
ambiente no seu objetivo de perseguir o
almejado desenvolvimento.
Após quarenta anos de Estocolmo e
vinte do Rio de Janeiro, a Conferência das
Nações Unidas sobre Desenvolvimento
Sustentável (Conferência Rio+20) frustrava
as expectativas com o documento final
“O futuro que queremos”. No entanto, a
mobilização e a participação da sociedade
civil e, sobretudo, dos segmentos mais
dinâmicos e competitivos da economia
demonstravam um novo horizonte, onde
a sociedade e as empresas deveriam unir
forças em favor da conservação e da
sustentabilidade.
Incorporar as dimensões econômicas
e sociais aos objetivos de conservação,
não significa alterar os objetivos
de conservação, mas promover a
percepção da interconexão entre as
agendas econômica, social e ambiental,
irremediavelmente interdependentes.
A parceria entre os ambientalistas, o
mercado e a sociedade na promoção
da conservação potencializará os
resultados, com aumento da escala,
e tornará os ganhos duradouros.
Em outras palavras, os resultados de
conservação serão mais sustentáveis
quanto mais eficientes for a mobilização
e o engajamento de múltiplos parceiros
para a agenda de conservação.
35
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  • 1. EDIÇÃ EDIÇÃO CLARA AN GELEAS / TNC SUSTENTABILIDADE Conservação para a sustentabilidade Suelma Rosa dos Santos* Há mais de 40 anos realizou-se a primeira Conferência das Nações Unidas para tratar de meio ambiente, inaugurando o debate internacional sobre questões ambientais. Naquele momento, em que se celebrava a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente Humano (Conferência de Estocolmo), os recursos naturais eram percebidos como inesgotáveis, portanto, a ação humana sobre a natureza não representava ameaça. Até os anos de 1970, o crescimento econômico, em especial, o desenvolvimento industrial, seguindo modelo intensivamente poluidor, era o principal objetivo dos governos nacionais. Na fase anterior à Conferência, o relatório intitulado “The Limits to Growth” apresentava, de maneira alarmante, os limites do modelo *Suelma Santos é representante nacional da The Nature Conservancy (TNC), maior organização ambiental do mundo, presente em mais de 35 países, desenvolvendo estratégias com o objetivo de proteger a natureza e preservar a vida do planeta. ç de crescimento econômico, em vigor, frente ao uso dos recursos naturais. Em Estocolmo, os países em desenvolvimento, entre eles o Brasil, ainda interpretavam as questões ambientais como opostas ao crescimento econômico. De certa maneira, esse discurso retrógrado ainda existe nos setores menos dinâmicos e competitivos da nossa economia. Vinte anos depois, o Brasil sediava a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Conferência Rio 92) e mudou sobremaneira o discurso político e o nível de mobilização social em defesa do meio ambiental. A Conferência Rio 92 foi o maior evento realizado no âmbito da Organização das Nações Unidas (ONU) até aquele momento, e consolidou o conceito de Desenvolvimento Sustentável, superando o conflito entre crescimento econômico, proteção ambiental e desenvolvimento social. A Conferência Rio 92 estabeleceu uma série de documentos: as Convenções sobre Mudança do Clima, Biodiversidade Biológica e Desertificação, a Carta da Terra, as Convenções sobre, as Declarações sobre Florestas e sobre Ambiente e Desenvolvimento e a Agenda 21. Pode-se dizer que a Rio 92 representou um ponto de inflexão na discussão da temática ambiental, que passaria a integrar a agenda internacional. Em especial, o evento marcou a mudança definitiva da posição do governo e da sociedade brasileira perante a importância de considerar as questões ambientais no modelo de desenvolvimento nacional. Cabe perguntar, então, o porquê dessa mudança e quais os caminhos para a construção de uma agenda sustentável nacional, que se coadune com as questões ambientais globais e que mobilize a sociedade, os agentes econômicos e o governo em seus três níveis federativos. Após a transição para a democracia, a sociedade civil pode se organizar livremente no país e todos os grandes debates nacionais, antes silenciados, emergiram. Os direitos indígenas, a questão fundiária, a inclusão social, o direito à saúde e educação universal, o acesso à seguridade social e, como não poderia deixar de ser, a questão ambiental tornam-se pauta da agenda política, o que mobilizou grupos de interesses favoráveis e contrários. Com apoio internacional, o debate ambiental interno se qualificou e o país não podia mais deixar de considerar o meio ambiente no seu objetivo de perseguir o almejado desenvolvimento. Após quarenta anos de Estocolmo e vinte do Rio de Janeiro, a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Conferência Rio+20) frustrava as expectativas com o documento final “O futuro que queremos”. No entanto, a mobilização e a participação da sociedade civil e, sobretudo, dos segmentos mais dinâmicos e competitivos da economia demonstravam um novo horizonte, onde a sociedade e as empresas deveriam unir forças em favor da conservação e da sustentabilidade. Incorporar as dimensões econômicas e sociais aos objetivos de conservação, não significa alterar os objetivos de conservação, mas promover a percepção da interconexão entre as agendas econômica, social e ambiental, irremediavelmente interdependentes. A parceria entre os ambientalistas, o mercado e a sociedade na promoção da conservação potencializará os resultados, com aumento da escala, e tornará os ganhos duradouros. Em outras palavras, os resultados de conservação serão mais sustentáveis quanto mais eficientes for a mobilização e o engajamento de múltiplos parceiros para a agenda de conservação. 35 Móbile Lojista | Agosto 2013