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Joal Teitelbaum fala sobre os 15 anos do PGQP
Fecomércio BENS&
O U T U B R O
30
2 0 0 7
entrevista
SERVIÇOS
conjuntura
Dificuldades e perspectivas
para a consolidação do Mercosul
Revista da Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul
natal
Planejando
os lucros
solteiros
Nova opção
de vendas
Número
25
–
Maio
2007
SUMÁRIO
E
X
P
E
D
I
E
N
T
E
Publicação mensal do Sistema Fecomércio-RS
Federação do Comércio de Bens e de Serviços
do Estado do Rio Grande do Sul
Rua Alberto Bins, 665 – 11º andar – Centro
CEP 90030-142 – Porto Alegre/RS – Brasil
Fone: (51) 3286-5677 – Fax: (51) 3286-2143
www.fecomercio-rs.org.br – redacao@fecomercio-rs.org.br
Presidente: Flávio Roberto Sabbadini
Vice-presidentes: Antônio Trevisan, Flávio José Gomes, Ivo José
Zaffari, João Oscar Aurélio, Joarez Miguel Venço, Jorge Ludwig
Wagner, Júlio Ricardo Mottin, Luiz Antônio Baptistella, Luiz Caldas
Milano, Luiz Carlos Bohn, Manuel Suárez, Moacyr Schukster,
Nelson Lídio Nunes, Olmiro Lautert Walendorff, Renato Turk Faria,
Valcir Scortegagna e Zildo De Marchi
Vice-presidentes Regionais: Cezar Augusto Gehm, Cláudia
Mara Rosa, Francisco Franceschi, Hélio José Boeck, Ibrahim
Mahmud, Joel Vieira Dadda, Leonides Freddi, Níssio Eskenazi,
Ricardo Tapia da Silva, Sérgio José Abreu Neves e Sérgio Luiz Rossi
Diretoria: Airton Floriani, Alécio Lângaro Ughini, André Arthur K.
Dieffenthaler, André Luis K. Piccoli, André Luiz Roncatto, Arnildo
Eckhardt, Arno Gleisner, Ary Costa de Souza, Carmen Flores,
Celso Canísio Müller, Derli Neckel, Edson Luis da Cunha, Eugênio
Arend, Fábio Norberto Emmel, Francisco Amaral, Gerson Jacques
Müller, Gilberto Cremonese, Hans Georg Schreiber, Hélio
Berneira, Hildo Luiz Cossio, Ildemar José Bressan, Ildoíno Pauletto,
Isabel Cristina Vidal Ineu, Itamar Tadeu Barbosa da Silva, Ivanir
Gasparin, Ivar Ullrich, Jair Luiz Guadagnin, João F. Micelli Vieira,
Joel Carlos Köbe, Jorge Rubem D. Schaidhauer, José Nivaldo da
Rosa, Jovino Antônio Demari, Jovir P
. Zambenedetti, Júlio César M.
Nascimento, Júlio Roberto L. Martins, Jurema Pesente e Silva,
Leonardo Schreiner, Levino Luiz Crestani, Liones Bittencourt, Lúcio
Gaiger, Luis Fernando Dalé, Luiz Alberto Rigo, Luiz Carlos
Dallepiane, Luiz Eduardo Kothe, Luiz Henrique Hartmann, Luiz
Roque Schwertner, Marco Aurélio Ferreira, Maria Cecília Pozza,
Marice Guidugli, Milton Gomes Ribeiro, Olmar João Pletsch, Paulo
Anselmo C. Coelho, Paulo Antônio Vianna, Paulo Ganzer, Paulo
Renato Beck, Paulo Roberto Kopschina, Paulo Saul Trindade de
Souza, Régis Feldmann, Renzo Antonioli, Ricardo Murillo, Ricardo
Pedro Klein, Roberto Segabinazzi, Rogério Fonseca, Rui Antônio
Santos, Silvio Henrique Fröhlich, Sírio Sandri, Susana Fogliatto,
Tien Fu Liu, Valdo Dutra Nunes, Walter Seewald e Zalmir Fava
Conselho Editorial: Antonio Trevisan, Derly Cunha Fialho,
Everton Dalla Vecchia, Flávio Roberto Sabbadini, Ivo José
Zaffari, José Paulo da Rosa, Luiz Carlos Bohn, Manuel Suárez,
Moacyr Schukster, Renato Turk Faria e Zildo De Marchi
Assessoria de Comunicação: Aline Guterres, Bruna Silveira,
Camila Barth, Catiúcia Ruas, Fernanda Borba, Fernanda
Romagnoli, Juliana Maiesky e Simone Barañano
Coordenação Editorial: Simone Barañano
Edição: Fernanda Reche (MTb 9474) e Svendla Chaves (MTb 9698)
Chefia de Reportagem: Marianna Senderowicz
Reportagem: Marianna Senderowicz, Patricia Campello, Renata
Giacobone, Tatiana Gappmayer
Colaboração: Beatriz Cullen, Edgar Vasques, Lucas Ladwig,
Maressah Sampaio, Moacyr Scliar, Rafael Lubeck
Revisão: Flávio Dotti Cesa
Edição de Arte: Silvio Ribeiro
Impressão: Nova Prova
Tiragem: 25 mil exemplares
É permitida a reprodução de matérias, desde que citada a fonte.
Osartigosassinadosnãorefletem,necessariamente,aopiniãodoveículo.
Fecomércio
SERVIÇOS
BENS&
Mercado (quase) Comum do Sul
Passados 16 anos da formação do Mercosul, o grupo
ainda não encontrou seus caminhos de livre comércio,
mas apresenta vantagens para governos e empresários
conjuntura
12 natal
A festa que ninguém vê
Embora o Natal seja comemorado em
dezembro, no comércio os preparativos para
a data mais lucrativa do ano começam com
meses de antecedência
26
Número
30
–
Outubro
2007
SUMÁRIO
05
FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
40 gastronomia
Gaúchos bons de prato
Alunos de gastronomia do Senac-RS fazem
bonito em concurso internacional de chefs
realizado no Uruguai. Conheça a receita
de um dos requintados e saborosos
pratos apresentados
36
Singular no plural
Os consumidores single atraem a
atenção da indústria e do comércio de
bens e de serviços, representando um
grande mercado consumidor
entrevista
Pessoas e sistemas de qualidade
solteiros
18
negócios
Quando a mudança é o único caminho
Para escapar da crise e manter sua rentabilidade no
mercado, muitas empresas precisam encarar as dificuldades e
transformações, buscando novos nichos de atuação
46
cultura
Com a ajuda dos amigos
Circuitos culturais alternativos revelam novos talentos
e comprovam que é possível divulgar a arte
sem depender das grandes mídias
42
O presidente do Conselho Diretor do
PGQP
, Joal Teitelbaum, relata a trajetória
do programa em seus 15 anos de atuação
e analisa a questão da qualidade no Brasil
agenda
agenda
agenda
saiba mais
32
6
44
visão econômica
visão política
eu, empreendedor
48
religião
região sul
39
34
palavra do presidente
lei seca
opinião
17
7
24
guia de gestão
45
crônica
14
50
notícias & negócios
8
para ler
49
A
G
E
N
D
A
06 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
Número
30
–
Outubro
2007
outubro
09
Terça à Brasileira
O Sesc Centro (Porto Alegre), traz O
Duo (09/10), Banda Roda Viva (16/
10) e Banda Jobinianos (23/10).
Informações: (51) 3284-2070.
14
Gastronomia
Encerramento da Quinzena Gas-
tronômica, em Pelotas, que contou
com apoio do Senac-RS. Informa-
ções: www.noitecia.com.br/cidade
Chopp
Encerramento da 23ª Oktoberfest,
que tem estande do Sistema
Fecomércio-RS. Informações:
www.oktoberfestsantacruz.com
Minimaratona
Circuito Sesc de Minimaratona, em
Passo Fundo. Informações:
www.sesc-rs.com.br/minimaratona
16
Férias
Lançamento da Temporada de
Férias Sesc 2007/2008. Informa-
ções: www.sesc-rs.com.br
17
Rio Grande no Palco
Entre 1º e 17/10, o projeto leva
espetáculos teatrais a 18 cidades
gaúchas. Informações: www.sesc-
rs.com.br/artesesc
Maturidade Ativa
Lançamento do Clube Sesc Maturida-
de Ativa Passo Fundo, às 18h30.
Informações: (54) 3313-4318.
19
Intercâmbio
Projeto Overdoze – Rede Sesc de
Intercâmbio e Difusão das Artes
Cênicas, em Montenegro. Informa-
ções: www.sesc-rs.com.br/artesesc
20
Comerciários
Semana do Comerciário 2007, até
31/10, nas cidades que contam com
unidades do Sesc-RS e Senac-RS.
Informações: www.sesc-rs.com.br
24
Aldeia Sesc
Projeto Aldeia Sesc Passo Fundo, de
24 a 28/10. Informações: www.sesc-
rs.com.br/artesesc
25
Música
Apresentação Orquestra Sinfônica
do Sesc-RS, no Theatro São Pedro,
em Porto Alegre. Informações:
www.sesc-rs.com.br/artesesc
26
Saúde
Concurso Rainha da Saúde 2007
e Olimpíadas da Saúde 2007, de
26 a 28/10, no Sesc Campestre.
Informações: www.sesc-rs.com.br
Casa & Cia
O Senac vai apoiar o espaço 28:
Atelier e Web Space da arquiteta
Máira Ritter, na Mostra Casa &
Cia, que acontece até 11/11 em
Porto Alegre.
Livros
O Senac-RS participa da 53ª Feira
do Livro de Porto Alegre, até o dia
11/11. Informações:
www.camaradolivro.com.br
Palco Giratório
O projeto apresenta História de teatro e circo (foto), com o grupo
Cia. Carroça de Mamulengo em São Leopoldo (17), Gravataí
(18), Montenegro (19), Santa
Cruz do Sul (21), Caxias do Sul
(23), Bento Gonçalves (24),
Passo Fundo (25), Erechim
(29), Carazinho (30), Ijuí (01/
11), Santa Rosa (03/11) e
Uruguaiana (04/11). Informa-
ções: www.sesc-rs.com.br/
17
Divulgação/Bene Franca
PA
L
A
V
R
A
D
O
P
R
E
S
I
D
E
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T
E
07
FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
Número
30
–
Outubro
2007
Flávio Roberto Sabbadini
Presidente do Sistema Fecomércio-RS
formação de blocos econômi-
cos é uma tendência mundial
irreversível. União Européia,
Nafta, Alca e Mercosul são alguns
exemplos de siglas que objetivam
facilitar o comércio entre os países
membros e com regiões externas. As
diversas uniões entre países vão ga-
nhando a adesão de novos adeptos
pelas facilidades tributárias, logísti-
cas e políticas.
Ao contrário do que se pensava
inicialmente, globalização e regio-
nalização não são fenômenos opos-
tos; andam juntos e precisam um do
outro. Enquanto a globalização di-
minui distâncias e facilita o acesso a
produtos, tecnologias, informação e
conhecimento, a regionalização per-
mite a formação de alianças a fim de
facilitar todos esses processos. Por
meio da união de nações em blocos
é possível realizar acordos maiores
e transações mais relevantes, além
de se permitir a tomada de decisão
em prol de grupos.
Em meio a tantas vantagens,
cabe a governos, sociedade e repre-
sentantes empresariais adequarem
interesses e afinarem políticas, a fim de permitir que tais
alianças se concretizem na prática. No Mercosul, no qual
o Rio Grande do Sul e o Brasil como um todo possuem
forte influência em nível social, geográfico, político e eco-
nômico, essa necessidade se faz gritante. O potencial do
Estado ainda está sendo pouco utilizado quando se fala de
livre comércio e de turismo, e melhorias de infra-estrutura
são o pontapé inicial para a evolução desse quadro. Além
disso, é preciso exigir menos protecionismo por todos os
lados, para que possamos, de fato, contar com um inter-
câmbio efetivo de mercadorias e serviços.
A exemplo do bloco europeu, os líderes do Mercosul
se direcionam para a formação de um parlamento comum.
A criação de um órgão regulador pode ser um caminho,
mas também são necessárias outras atitudes para que as
decisões ali tomadas sejam postas em ação. Um papel assi-
nado não vale nada quando não se tem quem execute, e aí
entra o trabalho de todos os interessados no fortalecimen-
to da região. Se pertencemos a um mercado comum, que
possamos fazer bom uso dele.
A
mercados
Aproximando
Rosi
Boninsegna/Fecomércio-RS
NOTÍCIAS & NEGÓCIOS
08 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
Número
30
–
Outubro
2007
Edgar Vasques
Unipampa é aprovada
pela Câmara
Foi aprovado pela Câmara Federal o Projeto de
Lei 7204/06, que cria a Fundação Universidade Fe-
deral do Pampa (Unipampa). Com sede em Bagé
(RS), a Unipampa também deverá ter campi nas
cidades de Jaguarão, São Gabriel, Santana do Li-
vramento, Uruguaiana, Alegrete, São Borja, Itaqui,
Caçapava do Sul e Dom Pedrito. Pela proposta,
que ainda precisa passar pelo Senado, passarão a
integrar a nova instituição os cursos de todos os
níveis ministrados nas universidades federais de Pe-
lotas e de Santa Maria existentes nesses municí-
pios. Os alunos regularmente matriculados nesses
cursos e o quadro de funcionários serão transferi-
dos automaticamente para a Unipampa.
Empresas latino-americanas
usam pouco cartão empresarial
Pouco mais da metade das organizações latino-americanas de
micro, pequeno e médio portes possuem cartões empresariais,
conforme levantamento realizado pela Visa. O estudo, chamado
Perspectivas das Micro, Pequenas e Médias Empresas (PMEs)
na América Latina, foi feito em oito países do continente – Ar-
gentina, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, México, Peru e
República Dominicana.
No Brasil, enquanto 98%
dos empresários entrevis-
tados têm conta bancária
como pessoa física ou ju-
rídica, somente 74% con-
tam com instrumentos fi-
nanceiros empresariais
para o desenvolvimento
de seu negócio.
NOTÍCIAS & NEGÓCIOS
09
FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
Número
30
–
Outubro
2007
Livramento passa a contar com novo prédio de Sesc e Senac
Brasil é vice-campeão em dias de
descanso para trabalhadores formais
Os 30 dias de férias assegurados por lei aos brasileiros que trabalham de
maneira legalizada, aliados ao excesso de feriados nacionais, fazem do país
o vice-campeão mundial de folgas. Conforme pesquisa realizada pela con-
sultoria norte-americana Mercer
Human Resources em 33 países da
Europa e da América Latina, em
média os trabalhadores do Brasil
têm direito assegurado a 40 dias
de descanso, assim como os fran-
ceses e os lituanos. O único país
que possui mais dias de folga –
cerca de 44 por ano – é a Finlân-
dia. Entre os países pesquisados,
o México aparece como o que
menos tem dias livres aos trabalha-
dores – 22, em média.
Menor mortalidade
para MPEs
Pesquisa divulgada em agosto pelo Se-
brae e pelo Vox Populi aponta uma reali-
dade positivamente surpreendente no
Brasil: as micro e pequenas empresas es-
tão durando mais no país. Pelo estudo,
78% dos empreendimentos lançados en-
tre 2003 e 2005 não foram extintos nos
dois primeiros anos de atividade, enquan-
to no ano 2000 essa situação atingia so-
mente 40% das MPEs. Estabilidade eco-
nômica, acesso facilitado ao crédito e
melhor escolaridade são alguns pontos
levantados por especialistas para explicar
a redução da mortalidade empresarial.
Divulgação/Sistema
Fecomércio-RS
A cidade gaúcha de Santana do Livra-
mento, localizada na fronteira com o Uru-
guai, recebeu um investimento de R$ 5
milhões referente ao novo prédio do Sesc
e do Senac no município, inaugurado no
dia 28 de setembro. Com mais de 90 mil
habitantes, Livramento possui aproxima-
damente 5 mil empresas do comércio de
bens, serviços e turismo.
A solenidade de inauguração foi presti-
giada por autoridades locais e regionais,
comunidade e imprensa, contando com
visitação do novo espaço para promoção
da qualidade de vida e educação profissio-
nalizante. Com 1,5 mil metros quadrados,
o prédio conta com academia de ginásti-
ca e musculação, sala de bike in door, gabi-
nete odontológico, biblioteca, auditório,
laboratórios de informática, salas
de aula e ambientes pedagógicos.
A comunidade também poderá
utilizar serviços como Turismo
Social, Sesccred, promoção de
torneios esportivos, assim como
cursos com foco em Informática,
Idiomas, Turismo e Hospitalidade
e Gestão e Comércio.
“Nós acreditamos nas pessoas,
pois são elas que fazem a diferen-
ça”, disse o presidente do Sistema Feco-
mércio-RS, Flávio Sabbadini, na inaugu-
ração, ressaltando que é por meio de Sesc
e Senac que os empresários do setor ter-
ciário cumprem com o seu dever. Já o
prefeito de Livramento, Wainer Macha-
do, comentou que o novo espaço signifi-
ca que as pessoas acreditam no cresci-
mento do município: “Nossa comunida-
de terá ainda mais acesso à qualificação
profissional e à promoção da qualidade
de vida”. O novo prédio fica localizado
na rua Brigadeiro Canabarro, 650, esqui-
na com a Rivadávia Correa.
Martin
Boose/Stock.xchng
NOTÍCIAS & NEGÓCIOS
10 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
Número
30
–
Outubro
2007
Confiança dos pais em alta
A sexta edição da pesquisa Marcas de Confiança, rea-
lizada anualmente pela revista Seleções e pelo Ibope In-
teligência, aponta que pai e mãe são as pessoas em quem
o brasileiro mais confia. Conforme o estudo, realizado
com mil leitores da publicação, os pais (95% de indica-
ções) são mais confiáveis do que Deus (94%) e do que
filhos e irmãos (empate de 80% entre as categorias).
Animais de estimação, que tiveram 62% dos votos de
confiança, estão à frente de sogros (59%), colegas de
trabalho (35%) e vizinhos (33%), mas ainda perdem para
cônjuges/namorados (74%) e para os amigos (65%).
A profissão mais confiável, na opinião dos entrevista-
dos, é a de bombeiro (96%), seguida por dentista (81%)
e por piloto de avião (78%). Os políticos figuram no
último lugar da lista, com apenas 2% da preferência.
Rio Grande do Sul é terceiro estado em
solicitações para Supersimples
Tributos até 2010
Reformulado em agosto, o Impostômetro (www.impostome
tro.org.br), além de registrar o que os brasileiros gastam em tribu-
tos, conta agora com um dicionário de termos econômicos e per-
mite que o usuário faça a projeção de quanto pagará até 2010. Com
a contagem separada também por estados e municípios, o mecanis-
mo apresenta a carga tributária desde o ano 2000, com atualização
instantânea no site. Outra novidade do Impostômetro é a conver-
são dos valores apresentados em bens, informando, por exemplo,
quantas cestas básicas ou car-
ros populares poderiam ser
comprados com aquelas quan-
tias. Até o final de setembro,
o site contabilizava mais de
R$ 660 bilhões pagos em im-
postos no Brasil.
Sesc promove
10º Senefip em Erechim
O Sesc-RS realizou, entre os dias 12 e 15 de setembro, o 10º Se-
minário Nacional de Educação Física e Pedagogia (Senefip). O even-
to é tradicional pela qualificação dos palestrantes que reúne e pela
atualidade dos temas em discussão. Com o objetivo de promover aos educadores um espaço para estimular a capacidade criativa,
troca de experiências, reflexão e busca de novos conhecimentos para vencerem os desafios do dia-a-dia, o seminário contou com
a palestra Qualidade de vida, amor, felicidade & companhia, ministrada pelo psicopedagogo Içami Tiba. Mais de 1.800 profissionais
participaram do encontro, sediado em Erechim – cidade que já se tornou, em função do evento, referência nacional no setor.
Divulgação/Sesc-RS
De acordo com dados do Comitê Gestor do Simples
Nacional – regime de tributação das micro e pequenas
empresas criado pela Lei Geral – , o Rio Grande do Sul é
o terceiro estado em número de solicitações corporati-
vas para ingressar no sistema. Dos 2,7 milhões de organi-
zações que foram incluídas, 322.491 são gaúchas. São Pau-
lo é o estado com maior quantidade de solicitações
(940.506), seguido por Minas Gerais (388.872). Logo
após o Rio Grande estão Paraná (234.589) e Rio de Janei-
ro (204.703). No total, 1.337.103 organizações tiveram
migração automática do extinto Simples Federal, enquanto
1.361.798 tiveram pedidos de opção aceitos. Outras
34.141 estão em situação de análise do órgão, que divul-
gou o balanço no dia 31 de agosto.
NOTÍCIAS & NEGÓCIOS
11
FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
Número
30
–
Outubro
2007
Variação positiva no comércio gaúcho
Brasil é o 14º país em
gastos com Previdência
Comparado com outros 112 países, o Brasil é o
14º que mais gasta com Previdência. Conforme le-
vantamento feito por economistas do Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), os gastos pre-
videnciários do país correspondem a 11,7% do PIB.
Mesmo que o primeiro colocado da lista – a Itália
– gaste 17,6% do PIB local com o setor, os gastos
previdenciários são ainda mais altos no Brasil, vis-
to que a população brasileira é jovem para os pa-
drões internacionais.
Senac qualifica colaboradores do
Serviço Municipal de Água e Esgoto
e
s
p
a
ç
o
d
o
l
e
i
t
o
r
“Richard Lowenthai (Opinião na Bens e Serviços 29) reforçou
minha idéia de que há uma impaciência com o progresso da
Internet. Desde que pisamos na Lua fazemos previsões de
viagens incríveis e o resultado é um retumbante marasmo.
Em ambos os casos, ainda não criamos modelos de
negócios que garantam os investimentos pesados para darmos
esse salto qualitativo. Vivemos a bolha 1.0 e agora estamos
gestando a bolha 2.0, modelos de negócios que parecem
superatraentes, mas que não se traduziram em verdinhas.”
Gustavo Zaro de Oliveira
Webdesigner
Porto Alegre/RS
Ocomércio gaúcho apresentou va-
riação positiva de 7,1% no volume
de vendas em julho deste ano, na
comparação com o mesmo período
de 2006, conforme o Índice de Ven-
das do Comércio (IVC), medido
pelo Sistema Fecomércio em parce-
ria com a Fundação de Economia e
Estatística (FEE). Enquanto o co-
mércio varejista cresceu 2,6%, a va-
riação no comércio atacadista che-
gou a +12,4%, tendo como desta-
que a alta de 22,7% no setor de Máqui-
nas, aparelhos e equipamentos. No acumula-
do do ano (período de janeiro a julho
de 2007), houve uma alta de 7,3% no
volume de vendas do comércio do Rio
Grande do Sul em comparação com
igual período do ano anterior. O comér-
cio varejista apresentou uma variação de
+4%, tendo como destaque a alta de
15,2% no setor de Veículos, motocicletas,
partes, peças e acessórios e a queda de 10,5%
no setor de Combustíveis e lubrificantes.
Variação do Volume das Vendas
Mensal e Acumulada em 12 meses (%)
Rio Grande do Sul
Comércio
Mensal
Acumulada 12 meses
Fonte: Fecomércio-RS
Fernanda
Romagnoli/Senac-RS
Por meio de uma parce-
ria com o Serviço Mu-
nicipal de Água e Esgo-
to (Semae) de São Leopoldo, o Senac-RS passará a qualificar os
colaboradores do órgão na área de informática. O convênio,
assinado em 28 de agosto, inclui a realização de cursos de Win-
dows, Excel, Word e Internet com 20% de desconto nas tarifas.
A primeira turma, com 40 alunos, teve início em 13 de setem-
bro. A parceria faz parte do programa Soluções Corporativas,
oferecido pelo Senac a empresas e instituições de todo o Esta-
do. Pela iniciativa, são disponibilizados serviços de consulto-
ria, assessoria e capacitação empresarial com formatos e tama-
nhos customizados às necessidades de cada cliente. Na foto,
assinam o convênio o prefeito de São Leopoldo, Ary José Va-
nazzi (centro), o diretor regional do Senac-RS, José Paulo da
Rosa (E), e o diretor geral do Semae, Luiz Antônio dos Santos.
NATAL
Número
30
–
Outubro
2007
12 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
A organização do
comércio para as
vendas de Natal
começa com meses
de antecedência.
O saldo final
depende de
decisões como a
aquisição correta
de produtos e a
opção por boas
condições de
pagamento junto
aos fornecedores
ara o varejo, o Natal começa muito an-
tes do que o consumidor imagina: de-
zembro é apenas o mês de movimentar
a clientela e faturar. Não é para menos que a
data é uma das mais comemoradas pelos vare-
jistas. Contudo, obter resultados exitosos re-
quer preparo, planejamento e muita pesquisa.
Pensar com antecedência no mix de produ-
tos, nas transações com fornecedores e na de-
coração da loja é fundamental para garantir o
sucesso de uma temporada de caça aos lucros,
que termina somente na noite do dia 24.
Os números mostram que a ocasião mexe
com as emoções e com o bolso de quem não
P
ninguém vê
abre mão de sair às compras para presentear a família e
os amigos. Segundo dados do Sindicato dos Lojistas do
Comércio de Porto Alegre (Sindilojas), em dezembro
de 2006 o setor registrou um crescimento de vendas de
aproximadamente 3,5%, quando comparado ao mesmo
período de 2005. As expectativas para este ano são ain-
da melhores. “Alguns fatores positivos relacionados à
economia regional e nacional sinalizam em direção a um
Natal próspero para o comércio”, afirma Norton Cec-
chini, superintendente do Sindilojas.
Atentas à conjuntura favorável, as empresas já estão
se organizando para dar conta da demanda e evitar os pro-
blemas de última hora. O espírito natalino chega cedo
para a maioria dos estabelecimentos comerciais. É o caso
A festa que
Fotos:
Lúcia
Simon
13
FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
NATAL
Número
30
–
Outubro
2007
da empresa porto-alegrense Linna Festas, Artesanato e
Cursos. “Na última semana de dezembro, é feito um ba-
lanço do que sobrou e uma análise do que mais foi comer-
cializado. Em janeiro, iniciamos o processo de aquisição
de mercadoria, assim, em abril, está tudo encaminhado”,
afirma Josiele Gonsioroski dos Santos, supervisora de
Compras da Linna Festas.
ParaprestadoresdeserviçoscomooArmazémdasCes-
tas, o Natal afere um lucro quatro vezes maior do que o
obtido em outros meses do ano. A mobilização se inicia
em outubro com os pedidos de orçamento. “A maioria dos
nossos clientes faz contato com dois meses de antecedên-
cia para pesquisar preços”, conta a proprietária do estabe-
lecimento, Larissa Scaravaglione. O estoque é montado no
mês de novembro, em função de os produtos utilizados na
confecção das cestas terem curto prazo de validade. “O
panetone, por exemplo, dura trinta dias; contudo, as bebi-
das já podem ser estocadas por um longo período.”
Escolha certa
Apesar de ser um negócio sazonal, a maximização do
faturamento depende de ações ao longo dos 12 meses.
Segundo o consultor paulista Sérgio Dal Sasso, o comer-
ciante tem que identificar as mutações do mercado para
investir em itens com capacidade de giro. A loja precisa
oferecer ao consumidor o básico e o que é o boom do mo-
mento. “O empresário não pode ficar inerte aos aconte-
cimentos, esperando o mês de novembro para tomar fô-
lego e ir à luta”, diz. Mais do que apostar em produtos
certos, é preciso encontrar os melhores fornecedores, pra-
zos e preços. Dal Sasso alerta: formas de pagamento equi-
vocadas geram problemas futuros. De acordo com o con-
sultor, os microempreendimentos estão sujeitos a condi-
ções menos vantajosas: “As grandes redes têm maior for-
ça de compra e de marketing para vendas, o que não acon-
tece com os pequenos estabelecimentos”.
Dal Sasso acredita que a solução seria instituir um
sistema de compras cooperativado, com segmentos de
porte similares. “Isoladamente é mais difícil ir direto ao
fabricante. O comerciante tem duas saídas: parcelar com
pouco tempo para saldar a dívida ou dispor de um capi-
tal adicional para investir”, elucida.
A experiência de 15 anos no mercado
criou uma parceria entre a Linna Festas e os
seus distribuidores. Segundo Josiele, “o pa-
gamento varia conforme o volume compra-
do, podendo ser à vista ou programado para o
fim do ano”. No Armazém das Cestas, o vo-
lume de compras e o porte do fornecedor de-
terminam as transações comerciais. “Algumas
aquisições são pagas à vista. Também traba-
lhamos com cheques pré-datados, que vari-
am de sete a trinta dias”, afirma Larissa.
Atraindo o público
Passada a fase de execução do processo de
compras, resta chamar a atenção do consumi-
dor para o período que se aproxima. A data
está no calendário, no entanto, o varejista pode
contribuir, dando ao seu comércio a “cara” do
Natal. A ambientação da loja é uma estratégia
para ir cativando a clientela.
Por esta razão, muitas empresas se adian-
tam e decoram as vitrines e as fachadas a fim
de incitar a venda fora de época. “Os produtos
são expostos em uma área pequena no início
de setembro. Conforme vai se aproximando o
Natal, ampliamos o espaço”, conta a supervi-
sora de Compras da Linna Festas, que é deco-
rada com adereços natalinos em outubro.
Josiele: mercadoria de Natal vai em setembro para a prateleira
GUIA DE GESTÃO
14 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
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2007
os negócios
acirrada concorrência no mercado leva
as companhias a buscarem novas for-
mas de gestão, que permitam o cresci-
mento aliado à qualidade. Cada vez mais, as
empresas procuram medidas para facilitar a
administração e enxugar a máquina. Dentro
desse contexto, a terceirização de serviços tor-
na-se uma alternativa para os empreendedo-
res focarem as ações em suas atividades prin-
cipais.“Terceirizaraquiloquenãoédiretamente
ligado ao negócio é uma forma de buscar a ex-
celência”, defende o diretor de Recursos Hu-
manos das Lojas Colombo, Rogério Souto.
Nos últimos cinco anos, a empresa – com
matriz em Farroupilha – trabalha com presta-
doras de serviços nas áreas de limpeza, segu-
rança, alimentação e logística. Atualmente, são
mais de 500 funcionários terceirizados em
A contratação de
prestadoras de
serviços pode ser o
diferencial
competitivo para
uma empresa.
Contudo, ela não
deve estar baseada
somente no
quesito custo-
benefício e muito
menos ser apenas
uma intermediação
de mão-de-obra
Mais foco para
toda a rede. “O varejo não permite erros. Por isso, a ter-
ceirização não pode priorizar apenas os custos. Ela preci-
sa associar a isso competência da contratada, solidez e
qualidade das equipes”, ressalta Souto. Segundo ele, par-
ceiros mal escolhidos geram gastos desnecessários e per-
da de tempo ao buscar um novo prestador.
Fazer mais com menos. Essa é a principal vantagem
da terceirização apontada pelo diretor. Ele destaca ainda
como benefícios o know-how da empresa e os investimen-
tos que essa faz no desenvolvimento de pessoas e em tec-
nologia. Conforme o dirigente, terceirizar pode ser uma
excelente ferramenta de gestão, quando bem administra-
da e com equipes comprometidas com os resultados.
Direitos garantidos, negócios ampliados
A terceirização é ainda recente no país – data do co-
meço dos anos 1980 – e a sua expansão esbarra em ques-
tões ligadas às leis trabalhistas. De acordo com o advoga-
A
Por Tatiana Gappmayer
GUIA DE GESTÃO
15
FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
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do e consultor do Sebrae Guilherme Kieling, o alto custo
das relações empregatícias levou as empresas a perderem
o foco e a terceirizarem a maioria dos serviços em um
primeiro momento, o que teve impacto na qualidade. A
corrida por esse tipo de contratação foi, em princípio,
encarada como uma forma de reduzir os gastos operacio-
nais e de livrar-se do pagamento dos encargos sociais, que
podem representar de 50% a 98% sobre o valor do salário
dos empregados com carteira assinada. “No entanto, a
terceirização não pode ser vista como uma intermediação
de mão-de-obra, ou uma forma de burlar os direitos dos
funcionários”, frisa Kieling.
Hoje, gira entre os 10% e 20% o índice de pessoas
que atuam como terceirizados no Brasil. O consultor pon-
dera, ainda, que apesar de ser uma modernidade de ges-
tão, o tema é polêmico. “A terceirização em si não é um
problema, e sim como o prestador de serviços vai se com-
portar em relação aos direitos trabalhistas”, analisa. Para
Kieling, quando bem feito, esse processo amplia os negó-
cios, reduz o custo operacional indireto, agiliza a admi-
nistração, melhora a renda dos funcionários e eleva a aber-
tura de postos de trabalho.
Escolhas ponderadas
No mercado desde 1995, a Top Service vem regis-
trando um aumento, desde 2000, na procura por seus ser-
viços especializados em sistemas de limpeza, múltiplos
serviços e manutenção predial. Para isso, conta com 2.600
colaboradores. Segundo o departamento de Marketing
da empresa, com matriz em São Leopoldo, a companhia
observa um crescimento na demanda de mais de 25% ao
ano, em média. Para a Top Service, esse quadro é resulta-
do do amadurecimento do mercado e da conscientização
dos empresários sobre a relevância de canalizar sua ener-
gia para seu negócio.
Para ser competitivo, manter a produtividade e pre-
servar os direitos adquiridos pelos empregados, alguns
cuidados devem ser tomados pelos contratantes, evitan-
do dores de cabeça no futuro. O primeiro passo é obser-
var o que determina a legislação quanto às tarefas possí-
veis de serem repassadas aos prestadores de serviços.
Somente as chamadas atividades-meio podem ser tercei-
rizadas. São aquelas ações que não estão di-
retamente relacionadas com o negócio da
empresa. Por exemplo, um banco pode con-
tratar seguranças, mas não pessoas para aten-
der no balcão, pois essa é a sua atividade-fim,
aquela para a qual foi criado.
Outro alerta é escolher com atenção a
companhia que irá contratar. Advogado es-
pecialista em Direito do Trabalho, o diretor
da Faculdade de Direito da Ulbra, Maurício
Góes, indica critérios a serem avaliados antes
de bater o martelo. Ele sugere que a empresa
investigue a saúde financeira da prestadora de
serviços, conheça quem são seus clientes,
verifique se ela está em dia com o pagamento
dos encargos sociais dos funcionários e se
todos possuem carteira assinada. “O empre-
sário deve buscar uma parceira idônea e com
capacidade para atender às demandas de tra-
balho da tomadora de serviços”, reforça Góes.
Questões legais
Entretanto, mesmo com todas essas pre-
cauções, o empresário ainda pode enfrentar
problemas legais, decorrentes de processos
trabalhistas que procuram comprovar o vín-
culo empregatício. Uma terceirização é con-
A Colombo terceiriza limpeza, segurança, alimentação e logística
Lúcia Simon
GUIA DE GESTÃO
16 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
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siderada legal quando, além de es-
tar ligada à atividade-meio, não há
subordinação e nem pessoalidade no
dia-a-dia com os funcionários da
prestadora. Essas duas situações
ocorrem no momento em que o ter-
ceirizado passa a responder a um
chefe da empresa tomadora dos ser-
viços e é cobrado quanto a horários
e presença. “Na Colombo não há
uma interação com as equipes de
fora, os resultados são cobrados da
prestadora de serviços, que deve ter
uma gestão de pessoas profissional”,
salienta o diretor de Recursos Humanos da
organização, Rogério Souto.
O não-pagamento dos direitos previden-
ciários e trabalhistas é outro motivo que leva
os empregados de uma terceirizada a procu-
rar a Justiça. “Solicitar a comprovação de que
a empresa está em dia com os benefícios dos
trabalhadores deve ser uma atitude periódica
dos contratantes”, recomenda o presidente do
Sindicato das Empresas de Serviços Contá-
beis e das Empresas de Assessoramento, Perí-
cias, Informações e Pesquisadas do Estado
(Sescon-RS), Luiz Carlos Bohn. O consultor do Sebrae
aconselha também que os empresários busquem terceiri-
zadas que prestem serviços para outras companhias, evi-
tando a exclusividade, que pode ser considerada também
como um vínculo empregatício.
Firmando parcerias
Com todas as informações apuradas e com a presta-
dora de serviços definida, o gestor deve partir para a ela-
boração do contrato. O advogado Maurício Góes sugere
que não sejam utilizadas fórmulas-padrão e que seja rea-
lizada uma avaliação jurídica. É importante sentar para
discutir com a empresa todas as diretrizes do trabalho
que será prestado, detalhando responsabilidades. “O
contrato deve ser sério e bem alinhavado, pois ele é mais
uma segurança para o tomador de serviços”, complemen-
ta. Essa espécie de contrato é regida pelo Código Civil,
e nele podem constar, inclusive, itens que obriguem a
prestadora a fornecer a relação de seus funcionários e a
apresentar os extratos das contribuições previdenciárias
e trabalhistas.
Ainda assim, a empresa tomadora de serviços tem res-
ponsabilidade subsidiária em casos de processos contra a
terceirizada. Góes explica que isso pode ocorrer quando
a prestadora é acionada na Justiça, mas não tem como
pagar o valor pedido, ficando para o empresário que con-
tratou essa companhia o dever de cumprir a decisão judi-
cial. Por isso, o processo de escolha é fundamental.
Detalhes que fazem a diferença
Avalie quais os serviços da empresa que podem ser terceirizados de
forma estratégica para o negócio
Escolha bem a empresa prestadora de serviços. Conheça o seu
trabalho, currículo e solidez no mercado
Pesquise na Justiça se a contratada possui ações trabalhistas contra
ela e verifique na Junta Comercial do Estado a saúde financeira
dessa empresa
Não use contratos-padrão. Discuta cada uma das cláusulas com a
prestadora de serviços e, para isso, conte com uma assessoria jurídica
Mantenha uma fiscalização constante do trabalho realizado
pela terceirizada
Exija, periodicamente, que a empresa apresente os comprovantes dos
pagamentos dos encargos sociais de seus funcionários
Divulgação/Top Service
Top Service: crescimento na demanda de mais de 25% ao ano
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cada dia que passa, fica um sentimento
no ar de que ainda estamos engatinhan-
do quando o assunto é o relacionamen-
to com o cliente/consumidor. Pelos núme-
ros da pesquisa da Abrarec para mapeamento
do setor de relacionamento em 2006, o uni-
verso de brasileiros ligados direta ou indire-
tamente a esse mercado beirava quase um mi-
lhão de pessoas. Esse número
ultrapassa o setor da constru-
ção civil, que sempre foi o que
mais empregou no país.
Tudo muito lindo quando
apontamos esses volumes e
imaginamos que temos tantas
mentes, tantos ouvidos e tan-
tas bocas para melhorar e fa-
zer crescer esse relacionamen-
to. Mas a história não é bem essa, e quando
nos deparamos com a realidade tudo é muito
diferente. Basta nos colocarmos na posição
de consumidor para que a nossa decepção não
tarde a aparecer. A relação entre empresas e
consumidores não equilibra a balança. São in-
termináveis dificuldades de contato, várias re-
petições da nossa necessidade para sistemas
que não se conversam e por aí afora.
A
Em um país de 190 milhões de habitantes, os inves-
timentos em busca das melhores práticas de atendimen-
to se diluem, e no final não sentimos que houve evolu-
ção. E fora do Brasil, a situação é diferente? Infeliz-
mente, não. Vê-se, como aqui, muito discurso e pouca
ação. Nos Estados Unidos fica a sensação de que as
empresas não vendem, somos nós que compramos!
E depois eles vêm vender know-how para nós. E pasmem:
muitas empresas ainda acham que isso é que vale.
Lendo um artigo sobre o que é importante para
construir relacionamentos sólidos, duradouros e ren-
táveis, concluí, mais uma vez, que
não existe fórmula mágica que faça
com que da noite para o dia os resul-
tados apareçam. É preciso que cada
colaborador saiba que essa relação dá
trabalho, requer cuidado e zelo.
Na relação corporativa não há di-
ferença, afinal é preciso que esse cli-
ente/consumidor goste tanto de
nosso produto ou serviço a ponto de
investir seu tempo, lazer, dinheiro, enfim, seus desejos
e expectativas no nosso negócio. Quando investimos
nosso tempo, dinheiro e atenção em busca de diferen-
ciais concretos, temos aí toda a diferença. E os frutos
certamente aparecem.
Em um país de 190
milhões de habitantes,
os investimentos em
busca das melhores
práticas de
atendimento se diluem
E por falar em
relacionamento
Beatriz Cullen
Diretora executiva da Associação Brasileira das Relações
Empresa-Cliente (Abrarec)
ENTREVISTA
18 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
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S
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Joal Teitelbaum
Fotos:
Lúcia
Simon
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ENTREVISTA
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B&S O PGQP está completando 15 anos. Como foi a
evolução do programa ao longo desse período?
Teitelbaum O PGQP surgiu em 1991. Já havia no Rio Gran-
de do Sul um núcleo forte preocupado com qualidade, capi-
taneado por Jorge Gerdau, que fazia viagens ao Japão com
essa preocupação. Na medida em que avançava o programa
brasileiro, avançava também o PGQP, que nasceu de uma par-
ceria do Estado com o setor privado e permaneceu assim até
o governo Olívio Dutra, quando a orientação mudou. Na-
quele momento, o PGQP buscou inclusive uma outra posi-
ção geográfica, constituindo a Associação Qualidade-RS, uma
entidade da sociedade civil. Desde então, o PGQP foi cres-
cendo em relação tanto aos setores empresa-
rial e público, quanto no terceiro setor. Em
2004, foi assinado um termo de acordo com
o governo para que o PGQP realizasse traba-
lho também na gestão pública, o que foi man-
tido no governo atual. Houve um momento
em que o programa esteve fortemente volta-
do ao interior do Rio Grande do Sul; em 2002
começou a buscar espaço fora do Estado, con-
solidando essa posição em 2005, quando foi
praticamente considerado o representante do
setor privado do Brasil na American Society
for Quality e na rede mundial da qualidade.
Em 2006, o PGQP passou a atuar mais forte-
mente com a Academia Internacional da Qua-
lidade, que reúne os maiores expoentes do
segmento. Hoje o programa tem atuação vol-
Joal Teitelbaum
O Programa Gaúcho da Qualidade e Produtividade
(PGQP) já fez história no Estado, auxiliando na gestão
de empresas e governos. Joal Teitelbaum, presidente do
Conselho Diretor do PGQP, conta um pouco dessa
trajetória e narra os novos objetivos da entidade
Pessoas e sistemas
de qualidade
ENTREVISTA
20 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
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B&S Essas ferramentas podem ser aplicadas tanto para
gestão privada quanto pública?
Teitelbaum Exatamente. Se você pegar todos os elementos
da qualidade, há aqueles que são os potenciais e extremos da
cadeia. Os princípios da qualidade são da mesma maneira para
o setor público, para o setor privado ou para o terceiro setor.
São imutáveis e se adaptam ao cenário.
B&S Como empresas de porte menor podem atingir os
princípios da qualidade total?
Teitelbaum A complexidade está em não entender o que são
os fundamentos da qualidade. Sendo micro, pequena, média
ou grande, o necessário é que a liderança esteja comprometi-
da com a qualidade. Se houver comprometimento, não im-
porta o tamanho da empresa. Qualidade hoje é uma commodity,
que custa barato e dá lucro.
B&S Existe um conceito de qualidade total?
Teitelbaum O melhor conceito é o de melhoria contínua da
qualidade total. Não se atinge uma qualidade total, ela é sem-
pre um desafio. Aquilo que hoje é a qualidade total, amanhã
deixa de ser. Não é um fator estático.
B&S Há como apontar elementos que já foram consi-
derados de qualidade total e hoje perderam esse título?
Teitelbaum Quando o computador surgiu na indústria au-
tomobilística, houve o comentário de que a robótica iria subs-
tituir os trabalhadores. Achavam que o ser humano atingira
a qualidade total através da máquina e que o trabalho repeti-
tivo estaria superado. Por que a indústria automobilística ja-
ponesa cresceu e fez frente à americana? Porque os japone-
“Os princípios da qualidade são os mesmos
para o setor público, para o setor privado ou para
o terceiro setor.”
tada para o Estado, o Brasil e o exterior, en-
volvendo mais de 1 milhão de pessoas.
B&S Em determinado período o PGQP
recebeu o aval para lidar com a gestão
pública...
Teitelbaum Não foi um aval, mas um acor-
do. O termo de convênio foi assinado em
2004, quando se começou a estudar o Orça-
mento Matricial da Despesa e o Orçamento
Matricial da Receita.
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FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
ENTREVISTA
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ses não dispensavam a inspeção visual do trabalhador, do
ser humano. Ele é que balizava o trabalho. Em qualquer pro-
cesso de qualidade as pessoas e a visão sistêmica são os fun-
damentos básicos. Na construção civil, quando criaram con-
creto armado acharam que aquilo era a qualidade total. Aí
surgiram as estruturas metálicas para os grandes edifícios. A
evolução dos processos construtivos é um exemplo. Os con-
ceitos de qualidade total também se adaptam às inovações.
A qualidade não é um porto onde se chega, é um meio de
transporte. No mundo as coisas são criadas, evoluem, são
inovadas e aí surgem as mudanças.
B&S A qualidade no Brasil é tratada de uma forma di-
ferente à de outros países?
Teitelbaum Armand Feigenbaum (guru do conceito da Qualidade
Total e membro honorário da Academia Internacional da Qualidade)com-
para nosso Prêmio Nacional da Qualidade aos prêmios de
outros países, como Japão e Estados Unidos. A qualidade no
Brasil tem parâmetros parecidos com os desses países. Em
alguns segmentos nós estamos muito bem estruturados em
programas de qualidade. Em informática, temos produtos que
rivalizam com os de fora, assim como o calçado, a construção
civil e a produção de grãos, em que há uma logística muito
forte. O Brasil talvez ainda não tenha disseminado todo este
comprometimento com a qualidade em relação às pequenas
empresas. Na Itália, praticamente 93% da economia é emba-
sada em micro e pequenas empresas, que possuem índices al-
tos de qualidade. No Japão acontece a mesma coisa. Há dez
anos ninguém comprava nada da China pela pouca qualidade;
hoje o produto chinês adquiriu outro nível.
B&S E como estão as empresas gaúchas em relação às
dos outros estados brasileiros?
Teitelbaum O Estado detém 25% das empresas que ganha-
ram o Prêmio Nacional da Qualidade. Em relação à premia-
ção do PGQP, são aquelas que mais se aproximam de um
programa estruturado de critérios de qualidade. É uma es-
calada, que vai da medalha ao nível ouro e ao diamante. Todo
o conselho do PGQP exerce trabalho volun-
tário, não-remunerado, e a forma com que
atua provoca uma irradiação da cultura da qua-
lidade muito forte no Estado. Nos contatos
que mantemos com a Fecomércio-RS e com
a Fiergs formulamos uma meta para que te-
nhamos, em cada um dos 496 municípios, pelo
“Em qualquer processo de qualidade as
pessoas e a visão sistêmica são os
fundamentos básicos.”
ENTREVISTA
22 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
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menos uma pessoa comprometida com a qua-
lidade. Queremos criar no Rio Grande do Sul
uma fortaleza nesse sentido – na verdade, o
Estado já é uma fortaleza, porque contém 78
comitês regionais setoriais, tem uma premia-
ção que qualifica através de auto-avaliação,
de avaliação, de visitas às empresas. O im-
portante não é o prêmio que se ganha, e sim
o aprendizado que as organizações têm e a
resposta que o programa dá a elas, mostran-
do seus pontos fortes e os fracos. Esse traba-
lho não existe com a mesma profundidade em
outros estados. O PGQP tem a vantagem de
ser pioneiro, ter começado em 1991. Temos três grandes even-
tos anuais , que são as duas Reuniões da Qualidade, em abril e
outubro, e o Congresso Internacional da Qualidade. Além
disso, o PGQP tem as reuniões estaduais, levando ao interior
as definições das reuniões da qualidade de Porto Alegre.
É uma máquina de produção, que busca resultados, tendo um
trabalho intenso com o governo estadual e um relacionamen-
to sério com as entidades empresariais. Há um calendário anual
de atividades inovador e permanente. É o trabalho de uma
equipe, em função daquela máxima: sozinhos não somos tão
fortes, reunidos somos praticamente imbatíveis.
B&S Cada vez mais existem ferramentas para medir
comportamentos qualitativos. Como isso é possível?
Teitelbaum Os critérios de avaliação levam em considera-
ção oito ou dez fundamentos. Cada um deles tem um valor,
porque o papel aceita tudo. Há visitas, supervisões, monito-
ramento. O PGQP não distribui prêmios, mas qualifica para
poder dar a premiação. Todos os dados técnicos preenchidos
pelas visitas são avaliados dentro de padrões nacionais e inter-
nacionais. A qualidade não é uma ferramenta que sirva só para
o Brasil ou para certo setor. A qualificação se mede por indi-
cadores; caso eles estejam de acordo com os fatores, e os re-
sultados estejam acima de tal nível, acaba-se por atingir uma
nota. Como são coisas feitas por pessoas, estão sujeitas a equí-
vocos. Mas, ao longo da história do PGQP, aquilo que se re-
cebeu de questionamento atinge índices muito baixos. Satis-
fazer a todos, claro, é muito difícil.
B&S Ainda falta alguma coisa em termos de conscienti-
zação sobre a qualidade?
Teitelbaum Sim. É preciso uma conscientização de todas as
lideranças, e não só o líder maior. Os fundamentos da qualida-
“O Rio Grande do Sul detém 25%
das empresas que ganharam o Prêmio
Nacional da Qualidade.”
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FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
ENTREVISTA
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de têm de ser vistos como uma ferramenta indispensável para
a evolução da empresa, quer seja prestadora de serviços, go-
vernos ou terceiro setor. Muitos empresários estão preocupa-
dos com a sobrevivência da empresa. Mas parando um pouco
para pensar, esse empresário percebe que o andamento da
empresa está muito vinculado ao planejamento estratégi-
co. É preciso consciência de que a gestão pela qualidade
não é luxo ou modismo, e sim uma questão de sobrevivên-
cia no mercado num mundo globalizado. O mercado cati-
vo de hoje pode perder essa condição amanhã, porque al-
guém pode ver que o vizinho está produzindo e fazer, às ve-
zes, melhor e mais barato.
B&S Quais são os planos e objetivos do PGQP para os
próximos 15 anos?
Teitelbaum São metas de melhoria contínua da qualidade,
como a de haver em cada município, até 2010, um represen-
tante da qualidade. Pretende-se também que
o Rio Grande do Sul seja, de fato, o melhor
lugar para se viver no Brasil. A nossa ener-
gia vai ser focada para transformar esse so-
nho em realidade. Pretendemos que a qua-
lidade atinja todas as camadas sociais, que
o PGQP possa crescer harmonicamente, as-
sim como contribuir para que este cenário de
dificuldades seja superado e que o Rio Gran-
de do Sul, que é o terceiro estado brasileiro
em IDH, se torne o primeiro no quesito. Mais
importantes do que qualquer projeto são as
pessoas e a visão sistêmica.
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FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
LEI SECA
esmo antes de estar bem forma-
tada, a possível Lei Seca estadual
chacoalha a sociedade gaúcha.
O anteprojeto, elaborado pelo secretário de
Segurança Pública do Estado, José Francisco
Mallmann, prevê a proibição da venda e do
consumo de bebidas alcoólicas em locais pú-
blicos de domingo a quinta-feira, a partir da
meia-noite, e nas sextas, sábados e feriados, a
partir da 1h. A administração da Secretaria
explica sua necessidade a partir de números:
de acordo com o órgão, 82% dos homicídios
entre janeiro e maio deste ano estão relacio-
nados à ingestão de bebidas.
Embora uma parcela da sociedade apóie e
defenda a adoção da lei, alguns segmentos não
concordam com a medida. É o caso do Sindi-
cato da Hotelaria e Gastronomia de Porto
Alegre (SindPoa), cujo presidente, Daniel
Antoniolli, alerta para as conseqüências ne-
gativas ao segmento: “A restrição vai provo-
M
Polêmica
no bar
Anteprojeto do secretário de Segurança
Pública do Estado, José Francisco
Mallmann, divide opiniões na sociedade e
coloca em alerta proprietários e trabalhadores
do segmento de bares e restaurantes
Pereira acredita que a lei interfere na liberdade de escolha
Fotos: Lúcia Simon
car problemas como a estagnação do setor e o desempre-
go, e deve respingar até no turismo, que se alicerça em
setores como gastronomia e vida noturna”. Tal afirmação
é corroborada pelo presidente do Sindicato Intermunici-
pal de Hotelaria do Estado, Manuel Suarez: “Turistas tam-
bém gostam de conhecer a vida noturna e não devem
querer tomar chá nesses locais. Talvez fosse possível ter
uma tolerância maior com bebidas cujo teor alcoólico é
menor”. Apenas na região metropolitana, bares, restau-
rantes e hotéis são responsáveis por 60 mil empregos
diretos e, com a lei, cerca de 5 mil estabelecimentos se-
riam prejudicados.
Antoniolli usa o exemplo da Escócia para analisar a
ineficiência da legislação. No país europeu, a proibição à
venda de bebidas alcoólicas depois de determinado horá-
rio foi revogada em 2005, por ter sido comprovado que
não auxiliava na redução de acidentes. Além disso, leis
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FECOMÉRCIO– BENS & SERVIÇOS
LEI SECA
estaduais já existentes – como restrição à venda de álco-
ol nas estradas e para menores de 18 anos e a proibição
do consumo em postos de combustível – poderiam ge-
rar resultados similares: “Se a fiscalização fosse efetiva,
elas teriam efeito muito próximo ao que se espera da Lei
Seca. Todavia, o governo afirma que não dispõe de efeti-
vo suficiente para realizá-la. Se já é assim, como preten-
dem fiscalizar o cumprimento da Lei Seca?”.
Direitos e deveres
Para Antoniolli, a opinião pública se sensibiliza com
a medida porque quer mais segurança. De fato, a socie-
dade está dividida entre os que apóiam o projeto e os
que discordam dele. Para o advogado e músico Gusta-
vo Pereira, a norma limitaria as liberdades individuais.
“A maioria das pessoas que consomem bebidas alcoóli-
Perdas generalizadas
Para o presidente da Associação
Brasileira de Bares e Restaurantes do
Rio Grande do Sul (Abrasel-RS),
Pedro Hoffmann, a Lei Seca deve
prejudicar o setor em todo o Estado.
B&S Como a associação avalia o
anteprojeto da Lei Seca?
PH É preciso esclarecer, antes de tudo,
que não somos a favor do
consumo excessivo de bebidas
alcoólicas. Acreditamos que ele deve ser
feito com moderação e
responsabilidade. Dito isso, existem
duas questões a serem analisadas.
Primeiramente, a inconstitucionalidade
declarada pelo Superior Tribunal
Federal de uma lei estadual que regule
comércio municipal. Em segundo lugar,
a medida esconde um problema de
segurança pública. A iniciativa não
funcionou em países como Estados
Unidos e Inglaterra, e tem potencial
para gerar desdobramentos como
comércio ilegal de bebidas.
Além disso, como não há limitação de
consumo, a lei acaba penalizando os
comerciantes, que não são responsáveis
pelo problema.
B&S Existe alguma estatística
sobre quanto o setor vai perder
em todo o Rio Grande com a
aprovação dessa lei?
PH Existem 45 mil estabelecimentos,
entre bares e restaurantes, em todo o
Rio Grande do Sul. Se cada um deles
eliminar uma vaga de emprego em
função da lei, serão menos 45 mil
posições no mercado de trabalho.
B&S A Abrasel acredita que
existam alternativas para dimi-
nuir a criminalidade no Estado?
PH São necessárias medidas de
prevenção, como blitze, instalação de
câmeras de segurança e melhoria
da iluminação pública em ruas
perigosas, treinamento e aparelhamento
da polícia, parcerias entre
guardas municipais, polícia civil e
brigada militar e a criação de um
disque-denúncia eficiente. Isso é muito
mais eficaz no combate à criminalidade.
No Guarujá (SP), essas medidas foram
adotadas e reduziram em 83% os crimes
no local. Quem sabe esse seja o
verdadeiro caminho.
cas não comete os crimes que a lei quer com-
bater.” Mas, se a Lei Seca não é o caminho,
o que fazer para diminuir a criminalidade?
Algumas cidades de São Paulo conseguiram
resultados importantes com palestras em co-
munidades da periferia, melhor iluminação
pública e aumento do efetivo policial, ativi-
dades aliadas a campanhas permanentes de
conscientização. “Essas ações precisam ter
continuidade, não podem ser esporádicas”,
alerta Antoniolli, que lembra da necessidade
do apoio da mídia e de ONGs, além de asso-
ciações de bairro. O importante, destaca Pe-
reira, é responsabilidade ao implantar proje-
tos. “Essa é uma medida que não pode ser de-
cidida como se fosse uma discussão de bar.”
CONJUNTURA
26 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
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xistenteháquase20anos,oMercosulain-
da não atingiu o caráter de mercado co-
mum, como anuncia seu nome. Instituído
oficialmente em 1991, o bloco perdeu a
força inicial – que movimentou os caixas
da região durante toda uma década – e
hoje funciona mais como uma alavanca
para o desenvolvimento de cada país do
que como uma economia única.
Composto por cinco países membros (Brasil, Uruguai,
Argentina, Paraguai e Venezuela – que ainda aguarda apro-
vação dos parlamentos brasileiro e paraguaio) e cincoasso-
ciados (Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Peru), o grupo
sofreucomcrisesdediferentesnações,criandoumaespécie
deredomainternaqueprejudicaacirculaçãode
mercadorias e serviços. “A crise pela qual pas-
sou a Argentina foi uma das mais graves, dando
origem a ações protecionistas de todos os la-
dos”, aponta o professor Raul Enrique Rojo, da
Pós-Graduação em Relações Internacionais da
Ufrgs. Segundo ele, outro problema é a dis-
crepânciaentreasduplasBrasil-ArgentinaePa-
raguai-Uruguai, sufocada pelas economias su-
peravitárias dos vizinhos maiores. “Isso sem fa-
lar na Venezuela, que apresenta uma economia
totalmentediferentedadosoutrosparceiros.É
um mercado baseado no petróleo, que tem ou-
trotipodeaberturas.”
Mercado (quase)
Comum do Sul
Por MariannaSenderowicz
Criado no início dos anos 90 como ferramenta de
desenvolvimento para os países membros, o
Mercosul ainda não encontrou uma fórmula para o
livre comércio. Mesmo assim, em forma de união
aduaneira o bloco incrementa a economia da região
E
CONJUNTURA
28 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
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30
–
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2007
rivado da existência do bloco em si do que do cresci-
mento desses países”, avalia Alberto Pfeifer, diretor
executivo do Conselho de Empresários da América
Latina (Ceal).
Os primeiros anos do grupo criaram oportunidades que
até então não existiam. “Houve um aumento importante
nos investimentos, pois várias empresas passaram a atuar
tendo por base a região, e não mais os países individualmen-
te”, destaca Pfeifer, lembrando que na década de 90 esse
processo gerou uma elevação de quatro a cinco vezes no
comércio intra-Mercosul. Para Arno Gleisner, diretor de
Relações Internacionais da Fecomércio-RS, a evolução das
alianças acontece em velocidade muito baixa: “São países
de tamanhos e economias diferentes. Claro que a união
aumenta o poder dos integrantes, mas negociar em bloco é
mais complicado porque exige uma proposta conjunta”.
Paralelamente ao desenvolvimento interno, o Mercosul
também alavancou investimentos externos. Na opinião do
diretor executivo do Ceal, isso se deve principalmente às
políticas de estabilização monetária, de privatizações e de
abertura geral das economias. “Nesse cenário, o bloco teve
papel importante no sentido de oferecer regras comuns e
uma direção que os membros viriam a percorrer. Ao firmar
regras como o Protocolo de Ushuaia – que dá conta da
cláusula democrática –, esses países sinalizaram ao mundo
e à sociedade que se comprometiam com regimes demo-
cráticos e com a economia de mercado”, analisa.
Os empresários já ultrapassam fronteiras. Miguel An-
gelo Cabrera, proprietário da Los Corrales, loja de artigos
A comparação com a União Européia, re-
ferência no mundo todo em alianças político-
econômicas, é inevitável: enquanto o bloco
europeupossuiumProdutoInternoBruto(PIB)
per capita de quase US$ 30, no bloco latino-
americano – incluindo os países associados –
esse valor não chega aos US$ 7. Para Rojo,
faltam órgãos reguladores que controlem as
decisões tomadas internamente. “A compati-
bilização dos regimes tributários é fundamen-
tal.Eaíentraoutrotemapendente:nãoseapro-
veitou o momento em que as duas moedas
mais importantes do bloco, o peso e o real,
estiveram mais próximas.”
Conforme Nelson Proença, secretário do
Desenvolvimento e dos Assuntos Interna-
cionais do Rio Grande do Sul, o Mercosul
ainda se encontra no estágio de União Adua-
neira incompleta, não tendo conseguido
alinhar sua Tarifa Externa Comum (TEC),
seus procedimentos aduaneiros e a estru-
tura tributária dos governos partes, o que pro-
duz um desequilíbrio nas políticas econômi-
cas e comerciais e no processo de desenvol-
vimento de seus membros. “Diferentemente
da União Européia, que possui instâncias su-
pranacionais como a Corte de Justiça e o Parla-
mento, trata-se de um acordo intergoverna-
mental, cujas decisões são tomadas somente
pelos governos nacionais.”
Estreitando fronteiras
Apesar das falhas e das faltas, o resultado
tem sido positivo nos territórios ao sul do glo-
bo, que se beneficiam com a boa fase da eco-
nomia em geral. Fatores como o crescimento
da China e da Índia, que são fortes consumi-
dores de commodities de bens agrícolas, elevam
o preço dessas matérias-primas e beneficiam
os produtores locais. “O Mercosul continua
sendo um comércio relevante para todos os
envolvidos, mas o efeito parece menos de-
“O Mercosul ainda
não conseguiu
alinhar sua
Tarifa Externa
Comum, seus
procedimentos
aduaneiros e sua
estrutura
tributária.”
Nelson Proença
Secretário do
Desenvolvimento e
dos Assuntos
Internacionais do Rio
Grande do Sul
Divulgação/Sedai
Professor Rojo destaca que o Rio Grande do Sul é estratégico
para a consolidação do bloco econômico
Lúcia
Simon
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FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
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Décadas de existência
mbora a criação oficial do Mercosul só tenha
ocorrido em 1991, os acordos que deram ori-
gem ao bloco datam dos anos 80, época de diversos
pactos comerciais de integração entre Brasil e Ar-
gentina. Menos de uma década depois (1988), os
dois países assinam o Tratado de Integração, Coo-
peração e Desenvolvimento, com o intuito de esta-
belecer um mercado comum entre ambos e a possi-
bilidade de adesão de outros países latino-america-
nos. Com a adesão do Paraguai e do Uruguai, três
anos depois, firmou-se o Tratado de Assunção, que
criava o Mercado Comum do Sul com o objetivo de
dinamizar a economia regional por meio da movi-
mentação interna de mercadorias, pessoas, força de
trabalho e capitais. Ao longo da história do bloco,
vários acordos e decisões foram sendo colocados
em prática, afinando as alianças para facilitar ao máxi-
mo a integração. O próximo passo previsto é a cria-
ção de um parlamento único, que deve formalizar o
poder em um órgão político.
E de Vento, zona nobre da capital, atendeu à
identificação geográfica: “É uma área que lem-
bra muito alguns pontos de Buenos Aires,
como a Recoleta e Palermo Viejo”.
Visitando a loja brasileira logo após a Ex-
pointer 2007, o empresário prorrogou a esta-
da no país para avaliar a possibilidade de abrir
filiais em Gramado (RS) e Campos do Jor-
dão (SP), cidades serranas com um clima que
ele caracteriza como acolhedor. Sobre as di-
ferenças tributárias, o empreendedor revela
que compensa no câmbio. “Os impostos do
Brasil são mais altos, mas o real está valendo
mais do que o peso, então ainda vale a pena
montar um negócio por aqui.”
Brasil em foco
Em meio à boa fase da economia, o Brasil é
a nação mais interessada no funcionamento do
Mercosul: ao mesmo tempo em que afirma a
nação como líder – trata-se de um país supera-
vitário e com a maior população da América
do Sul –, amplia o fluxo das exportações, for-
temente direcionadas aos países vizinhos.
“Mais de 10% das exportações brasileiras vão
para o bloco”, afirma o secretário Proença.
Com o maior Produto Interno Bruto (PIB) to-
tal do bloco – R$ 630,2 bilhões no segundo
trimestre de 2007 –, o territó-
rio nacional já assume alguns
custos que visam à satisfação
dos países menores. “Existem
algumas concessões para o
Uruguai, como a renovação
do convênio automotivo e os
possíveis empréstimos a em-
presas brasileiras que desejam
seinstalarnaquelasáreas,além
de uma postura tolerante ao
aumento nos têxteis”, informa
BekyMorondeMacadar,eco-
nomista da Fundação de Eco-
argentinos localizada em Porto Alegre, está satisfeito com
o aprimoramento das relações no bloco. Decidindo expor
suas mercadorias na Expointer há quatro anos, nunca mais
deixou as terras brasileiras. “A receptividade foi excelente
na feira, incentivando a abertura de uma unidade definiti-
va”, conta o argentino, que possui seis lojas em seu país de
origem – onde atua comercialmente há 28 anos – e já pla-
neja investir mais no Brasil. A opção pelo bairro Moinhos
“A economia
argentina sofreu
um baque muito
grande nos
primeiros anos
desta década, se
tornando, assim,
mais protecionista”
Beky Moron de Macadar
Economista da FEE
Lúcia
Simon
Após aprovar a receptividade dos produtos argentinos no Rio Grande do
Sul, Miguel Cabrera instalou sua loja em Porto Alegre
Lúcia
Simon
CONJUNTURA
30 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
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Principais Blocos Econômicos no Mundo
nomia e Estatística do Estado (FEE). Segundo
ela, pode ser destacada também a iniciativa de
regularizar o ofício dos sacoleiros que trazem
produtosdoParaguaicomainstauraçãodeuma
tarifa alfandegária. “A medida pode causar des-
contentamento aos brasileiros, mas beneficia
o Paraguai, que também quer se sentir protegi-
do na medida em que, se existe uma demanda
permanente para o Brasil, garantem-se empre-
gos aos trabalhadores paraguaios.”
Devido a sua posição geográfica, o Rio
Grande do Sul corresponde ao maior repre-
sentante brasileiro no Mercosul. Possuindo
fronteirasdiretascomArgentinaeUruguai,tra-
ta-se da região que mais tem se destacado na
circulação de pessoas e de mercadorias, apesar dos pro-
blemas em estradas e portos. “O Porto de Rio Grande, por
exemplo, deveria ser o porto de águas profundas de todo
o bloco”, acredita o professor Rojo, da Ufrgs.
Independentemente das dificuldades estruturais, qua-
se 15% das exportações gaúchas vão para países do Mer-
cosul, segundo dados da Secretaria do Desenvolvimento e
dos Assuntos Internacionais (Sedai). “A corrente de co-
mércioentreRioGrandedoSuleMercosulcresceu26,17%
entre 2005 e 2006, enquanto o aumento no Brasil foi de
22,09 %”, acrescenta Proença. A integração regional é con-
siderada positiva pelo dirigente, que enfatiza a modifica-
ção do perfil econômico estadual: “Sendo o centro geo-
gráfico do bloco, o Estado atraiu novos investimentos, que
permitiram a diversificação da indústria e o aumento de sua
“As barreiras não-
tarifárias, uma
chaga existente
entre os países do
Mercosul, são um
desvirtuamento do
propósito do livre
comércio.”
Alberto Pfeifer
Diretor executivo do
Conselho de
Empresários da
América Latina
Divulgação/Ceal
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FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
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estrutura. Esses investimentos ocorreram graças à geogra-
fia política, à estabilidade monetária no âmbito nacional e à
consolidação do bloco no contexto internacional”.
As boas relações têm
gerado frutos para todos os
lados. Mesmo se tratando
dos vizinhos menores, o co-
mérciocomoRioGrandedo
Sul representa importante
fatia de suas economias.
Conforme o representante
da Sedai, enquanto no ano
passado o Uruguai era o 31º
país que mais recebia expor-
tações brasileiras e o 32º em
importação, quando calcula-
dos em relação ao Rio Gran-
de esses postos caem para
2º e 1º, respectivamente.
“Mais de 25% das importa-
ções gaúchas são provenien-
tes do Uruguai”, comenta.
Empolgado pelo cenário
comercial entre as duas regi-
ões, o empresário gaúcho
WilsonZanattaplanejainves-
tir US$ 30 milhões na im-
plantação de uma fábrica da
indústria Bom Gosto no
Uruguai, a primeira do setor
Sobre o Mercosul
O Mercado Comum do Sul reúne países de diferentes lín-
guas, culturas e situações econômicas. Veja algumas informa-
ções sobre o bloco.
Somando as áreas dos cinco países membros, a
região possui um território de mais de 12 milhões de
quilômetros quadrados
A população total ultrapassa os 365 milhões de habitantes
Não existe uma moeda única para os integrantes do grupo,
sendo utilizados o peso argentino, o peso uruguaio, o real, o
guarani e o bolívar venezuelano
nacional de laticínios a se instalar naquele
país. Conforme Zanatta, a decisão objetiva
abrir um novo caminho para o mercado de
leite brasileiro, que ainda tem sua área de atua-
ção restrita a consumidores internos e de pou-
cos países. “A atividade leiteira uruguaia é mais
desenvolvida que a brasileira, e de lá pretende-
mos exportar para diversas regiões. Assim,
podemos contribuir para o desenvolvimento
desse segmento como um todo”, explica.
Com matéria-prima mais barata e tecno-
logia especializada, o presidente da Bom
Gosto conta que a qualidade do leite uru-
guaio é superior, diferencial que pretende
transferir para os artigos brasileiros. “A pro-
dução da nova fábrica não vai substituir nada
do que já foi feito no Brasil, apenas agregar
valor”, ressalta. Na opinião do empresário, a
proximidade entre as regiões constitui-se em
vantagem competitiva. “Viajando de carro,
por exemplo, é mais rápido chegar ao Uru-
guai do que a Minas Gerais, onde também
possuímos uma unidade”, brinca. A nova fá-
brica deverá ficar pronta no final de 2008,
operando com 200 mil litros por dia e ge-
rando 300 empregos diretos. Após três ou
cinco anos de funcionamento, a meta é pro-
duzir 1 milhão de litros.
Diego Vara/Bom Gosto
O empresário Wilson Zanatta aposta na fábrica do Uruguai
para diversificar e ampliar a produção da Bom Gosto
32 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
SAIBA MAIS
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Telefonia Um projeto de lei que tramita na Câmara dos
Deputados pode fazer com que as prestadoras de telefonia fixa
brasileiras sejam obrigadas a manter postos de atendimento ao
público – com serviços de balcão – nas localidades atendidas
por elas. Se aprovado como substitutivo, o PL 4710/01, de
autoria do deputado Pedro Henry (PP-MT), fará com que seja
instalado um posto de atendimento para cada grupo de 20 mil
telefones efetivamente ligados, com distância máxima de cinco
quilômetros entre cada localidade e o posto mais próximo.
O texto admite o compartilhamento desses serviços pelas
prestadoras locais e de longa distância.
e
m
t
e
m
p
o
Compras sofisticadas e com emoção
Ouvidoria Desde setembro, todas as
instituições financeiras e demais
empresas autorizadas a funcionar pelo
Banco Central precisam contar com
um serviço de ouvidoria para atender
às sugestões e reclamações do consumidor. A decisão faz parte da
resolução 3.477, publicada pelo órgão em 26 de julho com o objetivo de
dar maior transparência nas operações e de ampliar as garantias dos
clientes. A nova regra institui que o serviço seja disponibilizado pelos
canais de comunicação utilizados para difundir os produtos e serviços
da instituição, como a internet e o telefone. A íntegra da resolução está
disponível no site www.bcb.gov.br, link “Legislação e normas”.
CFOs Conforme pesquisa realizada pelas
consultorias brasileiras IT Mídia e Direkt,
87,7% dos diretores de Finanças brasilei-
ros possuem título de pós-graduação,
principalmente nas áreas de Administra-
ção, Finanças e Economia. Aproximada-
mente 32% dos CFOs (Chief Financial
Officer, em inglês) no país têm 40 anos,
enquanto 41,5% estão entre os 41 e os 50
anos. As principais dificuldades apontadas
pelos entrevistados são: necessidade de
atuação como apoio à estratégia, gestão
de pessoas e tomada de decisões (70,8%);
mudança de perfil dos profissionais de
finanças com maior capacidade de análise
e julgamento (61,5%); sobrecarga de
trabalho (55,4%); demanda cada vez
maior por informações e relatórios
detalhados (47,7%) e dificuldade em lidar
com as estruturas matriciais (44,6%).
Entre os assuntos mais presentes nas
agendas dos executivos estão a otimiza-
ção de processos (83,1%), treinamento e
qualificação de equipes (72,3%) e
investimento em TI (67,7%).
Mais informações
na edição 26 da B&S
OBrasil é o segundo maior mercado do
consumo de luxo das Américas, fican-
do atrás apenas dos Estados Unidos. De acor-
do com pesquisa da MCF Consultoria & Co-
nhecimento, entre 2005 e 2006 o crescimen-
to anual desse segmento foi de 17% no país.
Para este ano, o comércio de luxo deve cres-
cer cerca de 10% na comparação com o ano
passado, movimentando aproximadamente
R$ 4,4 bilhões. No mundo todo, esse setor
da economia fatura mais de US$ 400 bilhões
por ano. No Brasil, a movimentação chega a
US$ 3,9 bilhões, sendo que São Paulo respon-
de por 72% dessa fatia. Segundo informações
da MCF, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Distri-
to Federal, Curitiba, Belo Horizonte, Recife e
Florianópolistambémfiguramcomoimportan-
tes cidades no quesito consumo de luxo.
Pixel Perfect Digital
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FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
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SAIBA MAIS
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o
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e
n
d
o
Tecnologia I O Brasil é o segundo país
com maior quantidade de habitantes no
Second Life, portal de internet em três
dimensões que vem causando uma
revolução no mundo digital. Conforme
estatísticas divulgadas pela Linden Lab,
empresa norte-americana que criou o site, em julho o Brasil possuía
8,55% das contas ativas do Second Life, perdendo apenas para os
Estados Unidos, que concentravam 26,55% dos registros. O Second
Life Brasil foi lançado em abril, e em apenas quatro meses a posição
do país no ranking de número de avatares (nome dados aos
personagens do portal) pulou de oitava para segunda, com a
efetivação de 480 mil novos cadastros. Para conhecer o Second Life
acesse www.secondlifebrasil.com.br.
“Paixão, sexo e um texto
primoroso embalam os
quatro romances curtos
(Justine, Balthazar, Mountolive
e Clea) da obra-prima do
britânico Lawrence Durrell,
O Quarteto de Alexandria. Na
mesma linha, do elogio do
amor, indico O Passado, do
argentino Alan Pauls. Se
restar fôlego, vale uma
espiadela nos dois últimos
livros de Philip Roth, O
Animal Agonizante e O Homem
Comum. Falam das histórias
de nossas vidas, guiadas por
paixões e arrependimentos
e, sobretudo, o medo e a
inevitabilidade da morte.”
Klécio Santos
Jornalista
Tecnologia II Levantamento feito pelo Instituto de pesquisas on-line Qualibest aponta que 80% dos usuários ativos no
Second Life têm a intenção de comprar produtos e serviços da vida real nesse ambiente virtual. Segundo a pesquisa,
realizada com 850 internautas de todo o Brasil, os produtos com maior interesse de compra são livros e CDs (71%),
eletrônicos (65%), roupas (51%), computadores (36%) e apartamentos (18%). Mais de 70% dos entrevistados
possuem alguma familiaridade com o portal, mas somente 4% se dizem usuários ativos – que navegam pelo menos
uma vez por semana. Mesmo assim, 14% dos participantes afirmaram que o portal em três dimensões deverá registrar
crescimento nos próximos anos, aumentando os lucros de quem já começou a explorá-lo financeiramente.
Meio ambiente Na opinião dos consumido-
res brasileiros, setor químico, centrais
nucleares e produtoras de carvão são os
três segmentos que mais prejudicam o
meio ambiente. Conforme pesquisa
realizada pelo instituto de pesquisa Market Analy-
sis, esses segmentos foram citados por 78%, 77% e 74% dos entrevis-
tados, respectivamente. Em seguida aparecem as petroleiras (69%) e
as mineradoras (67%). Ainda segundo o estudo Monitor de Reputa-
ção Empresarial, realizado anualmente desde 2003, montadoras de
automóveis (61%), empresas de alumínio (53%) e fornecedoras de gás
natural (47%) também são consideradas responsáveis pela degradação
do planeta. O mercado de informática e de TI e o financeiro ocupam
as últimas posições, com 31% e 19% das citações.
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Arquivo
pessoal
RELIGIÃO
Núme
ro
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34 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
Questionado
por alguns, o
comércio de itens
religiosos é uma
realidade lucrativa,
que tem destaque
no setor. Há,
também, quem
promova a prática
como forma de
conhecer e
reafirmar a crença
na religião
nos negócios
rática comum desde, pelo menos, a Ida-
de Média, o comércio de itens religio-
sos ganhou credibilidade ao longo dos
séculos, passando a ser um importante setor
da economia. Apenas no Rio Grande do Sul,
o percentual de pessoas que seguem alguma
religião chega a 95% dos habitantes do Esta-
do, de acordo com o Censo do Instituto Bra-
sileiro de Geografia e Estatística (IBGE) pu-
blicado em 2000. Seja em datas específicas do
calendário religioso, seja por curiosidade em
descobrir mais sobre sua crença, esse público
dá trabalho – e lucro – para o comércio.
Fé em Deus e
Segundo dados da Secretaria Municipal da Indústria
e Comércio de Porto Alegre (Smic), existem 141 estabe-
lecimentos do segmento na capital, uma média de cinco
por bairro. Independentemente do credo, há produtos em
abundância para celebrar e estampar a fé dos devotos.
Livros, CDs, vídeos, cartões, imagens, jóias e medalhas
são apenas alguns dos itens à disposição, sem contar rou-
pas, materiais de escritório e, até mesmo, papel higiêni-
co: do tradicional ao mais inusitado, vale tudo na hora de
expressar a crença.
A Paulinas Livraria, tradicional ponto-de-venda de
artigos para católicos, atua em Porto Alegre desde 1947.
A gerente da loja, irmã Elsa Berta, explica que a entidade
comercializa produtos que respondam à realização da
pessoa no seu todo. Sua linha de produção atinge a famí-
lia, da infância à terceira idade. “Levando em considera-
ção o caráter específico da missão da empresa, damos
ênfase particular às linhas bíblica, teológica, sociológica e
catequética. As formas de apresentação dos produtos tam-
bém são diversificadas: livros, DVDs, CDs, revistas, pôs-
teres e cartões de mensagens.” Entre os artigos mais ven-
didos, figuram as publicações, especialmente a Bíblia, os
títulos Gestão e Espiritualidade, Ser professor e dirigir professores em
tempo de mudança, e as revistas Família Cristã, Diálogo e Su-
per +, para crianças. Além de oferecer uma programação
cultural nas dependências da loja, a Paulinas dispõe, ainda,
de cartões fidelidade para clientes preferenciais.
Outro público que vem crescendo é o evangélico. De
acordo com dados do IBGE, sua participação na socieda-
de brasileira aumentou 70% nos últimos dez anos, repre-
P
Na Luz e Vida, bíblias com capas diferenciadas alavancam vendas
Lúcia
Simon
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FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
RELIGIÃO
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Valter
Campanato/ABr
sentando, atualmente, mais de 15% da população. Esse
nicho encontra artigos em locais como a livraria Luz e
Vida, administrada pela editora de mesmo nome. Lá, se-
gundo Elisangela Luchis, responsável pelos produtos da
Editora Luz e Vida, é possível encontrar mercadorias que
divulgam mensagens cristãs, por meio de livros de várias
editoras, CDs, DVDs, confecções e itens de papelaria.
Há também uma linha exclusiva para as crianças, com os
personagens Smilingüido e sua Turma e Turminha Queru-
bim. “A editora teve um crescimento de vendas no se-
gundo semestre deste ano devido ao lançamento de di-
versos produtos, como as bíblias com capas diferenciadas
e material de papelaria, além de parcerias com distribui-
dores. Os itens mais comercializados são agendas, DVDs,
livros e confecções”, conta Maria Claudia Lara da Costa,
coordenadora de Marketing da empresa.
Comprar com fé
Outra característica desses empreendimentos é a tra-
dição: muitos deles existem há bastante tempo e são refe-
rência na hora de comprar algum item. É o caso da Flora
Rainha do Mar: com cerca de 50 anos de funcionamento
no Mercado Público de Porto Alegre, a loja vende desde
imagens até produtos de bazar. O gerente do estabeleci-
mento, Cláudio Júnior, afirma que os mais vendidos são
velas, incenso e chás. “Apesar de atendermos público de
todas as religiões, nossas vendas aumentam consideravel-
mente em datas como dias de Iemanjá e Oxum”, conta.
Outras religiões também contam com lo-
cais especializados. Judeus praticantes podem
comprar alimentos típicos de algumas festas
em lojas especiais, por exemplo, e mesmo as
livrarias tradicionais disponibilizam literatura
voltada para certos credos. O resultado é tão
interessante que empresários não ligados à
área andam prospectando mercado: na mais
recente edição da ExpoCatólica, que ocorreu
no mês de agosto em São Paulo, houve ex-
pressivo aumento do número de lojistas des-
vinculados do nicho que visitaram a feira. De
acordo com a organização, lojistas de suveni-
res, lojas de departamentos e presentes em
geral têm se interessado cada vez mais pela
venda de produtos com motivos religiosos.
Embora condenado por alguns, esse tipo
de comércio é visto como uma forma de rea-
firmação da fé por outros. “As pessoas procu-
ram saciar a sua sede em conhecer tudo aqui-
lo que diz respeito a sua fé, não importando a
religião em que elas acreditam. É uma cons-
tante a busca de crescimento pessoal e espiri-
tual”, afirma irmã Elsa. Para as representantes
da Luz e Vida, a motivação religiosa faz com
que os consumidores busquem produtos que
os diferenciem e evidenciem a sua fé, geran-
do o fortalecimento da fé em si.
O Papa é Pop
inda que não seja tão carismático quanto seu antecessor,
Bento XVI mobiliza as massas por onde passa. E não foi
diferente em sua estada no Brasil, ocorrida em maio deste ano.
A visita, que teve, entre os compromissos, a canonização de Frei
Galvão, movimentou o comércio de itens ligados às duas figuras em
todo o Brasil. Os livros escritos pelo ex-cardeal Joseph Ratzinger
tiveram suas vendas elevadas em até 50%, e imagens e medalhas do
primeiro santo brasileiro podiam ser adquiridas em qualquer esqui-
na. Além disso, o turismo recebeu impulso importante, atingindo
inclusive localidades que ficaram de fora do itinerário papal, mas
que serão palco de beatificações até o final do ano.
A
SOLTEIROS
36 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
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plural
universitária Deisy Piaia tem 20 anos e
saiu da casa dos pais há cerca de três.
Morando inicialmente sozinha, hoje ela
divide apartamento com amigos, mas isso não
significa aumento nos gastos: seu consumo é
individual. Por esse motivo, ela sempre dá
prioridade a produtos em porções menores.
“Quando existem embalagens assim é mais
vantajoso, pois passo pouco tempo em casa e
almoço no trabalho, restando consumir pro-
dutos práticos e individuais. Além disso, o
Eles têm dinheiro, paciência e sabem
o que querem. O público single vem crescendo
no país e se torna, a cada dia, um nicho
mais interessante para investimento das
empresas de todos os setores
Singular no
cardápio também varia e comprar produtos fracionados
ajuda a ir experimentando coisas novas.”
Deisy faz parte de um estilo de consumidor que vem
chamando – e muito – a atenção do mercado: o chamado
single. O termo, que significa solteiro em português, de-
signa uma parcela importante da população: segundo da-
dos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), as unidades unipessoais existentes no país soma-
vam, em 2005, 6 milhões, o que representa 12% da popu-
lação total. A região metropolitana de Porto Alegre é a
que concentra maior número dessas unidades: 15% do to-
tal de domicílios. Esse tipo de público engloba solteiros,
descasados e viúvos, com renda, em média, de dez salários
mínimos. Além disso, a maior parte tem curso superior.
Outra característica do grupo é a disposição ao ad-
quirir produtos e serviços: crítico e exigente, prioriza o
bom atendimento e demonstra paciência na hora das com-
pras, sem contar que costuma consumir itens mais sofis-
ticados, em especial quem ainda mora com os pais, visto
que suas despesas são muito baixas. No entanto, não é
um cliente fiel, e precisa de bons motivos para se tornar.
Muitas empresas, especialmente da indústria, já per-
ceberam o potencial do setor. O comércio de bens e de
A
Fotos:
Lúcia
Simon
SOLTEIROS
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serviços também já começa a se fazer atento para essa
fatia de público. O investimento teve início com a defini-
ção de uma data comemorativa: a partir deste ano, o ca-
lendário do comércio conta com o 15 de agosto como o
Dia do Solteiro.
Mesa para um
Estudos da Nielsen Brasil demonstram que, entre 1981
e 2004, as famílias unipessoais cresceram de 6% para 10%,
sem contar pessoas que dividem a casa, mas têm consu-
mo individual. O poder mudou de mãos: o consumidor
exige o que quer, quando, onde, por quanto e do tama-
nho que quer. Com base nisso, algumas categorias tive-
ram crescimento contínuo, como as de produtos de higie-
ne e beleza. A que se adaptou melhor e mais rapidamente,
no entanto, foi a da indústria de alimentos.
Pão integral vendido em embalagem de três fatias,
champanhe e vinho em garrafas de 200 mililitros, queijo
embalado em porções independentes, geléia miniatura de
28 gramas e até carnes em embalagens individuais são al-
guns exemplos do que se encontra atualmente nas gôn-
dolas dos supermercados. Para divulgar os produtos, vale
de tudo. A Marilan, empresa paulista fabricante de bis-
coitos, acompanha esse mercado há cerca de dez anos e
trabalha com, pelo menos, três itens direcionados ao pú-
blico single. “Procuramos divulgar os produtos em locais
de freqüência dessas pessoas, como faculdades e cinemas.
Além disso, fazemos um trabalho de exposição e
venda em pontos especiais dentro das lojas, por
exemplo, com displays nos caixas de supermerca-
dos”, conta o gerente de Marketing, Nicanor
Guerreiro Filho.
Sem divulgar a porcentagem de participação
dos itens no lucro da empresa, Guerreiro Filho
comenta que o consumo desse público vem au-
mentando de importância gradativamente e, por
conseqüência, o consumo de uma série de produ-
tos. “A maior demanda é por unidades de venda
menores, práticas e possíveis de serem consumi-
das pelas pessoas fora de casa, ou seja, ‘portáteis’.”
Deisy, fiel consumidora desse tipo de embalagem,
ressalta outra característica importante. “Existem
produtos cuja data de validade tende a expi-
rar antes do consumo total.”
Quem não casa também quer casa
Outro dado que a Nielsen fornece diz
respeito à diminuição de tamanho de quase
tudo: desperdício, produtos, embalagens,
consumo, formatos de varejo e, até, de mora-
dias. Embora ainda seja um mercado inci-
piente (representando entre 3% e 5%, de
acordo com dados do Sindicato da Indústria
da Construção Civil do Rio Grande do Sul),
em todo o país começam a ser construídos
condomínios específicos para o público sin-
gle, que dispensam áreas como playground e
piscina infantil e dão ênfase para espaços de
convivência como salas de ginástica, sauna e
salão de festas. “Essas pessoas procuram imó-
veis pequenos, com um ou dois dormitórios,
e também dão preferência para espaços como
lofts e apart-hotéis”, explica Gilberto Cabe-
da, vice-presidente de comercialização do
Secovi/Agademi, sindicato gaúcho da habi-
tação. Ele conta que esse tipo de imóvel dis-
pensa, também, instalações para empregada,
visto que solteiros costumam contratar faxi-
neiras ou diaristas.
Deisy sente falta de produtos de limpeza em embalagens menores
SOLTEIROS
38 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
Número
30
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Outubro
2007
Outra característica importante dos imó-
veis para solteiros é a localização. Segundo
Cabeda, eles procuram produtos em locais
centrais, com fácil acesso a serviços, como res-
taurantes, supermercados e lojas. O que tem
acontecido, pelo menos na capital gaúcha, é
que bairros com essa infra-estrutura não ofe-
recem tantos apartamentos menores. “O Moi-
nhos de Vento, por exemplo, é bastante pro-
curado, mas os empreendimentos na área são,
na maioria, de três dormitórios”, exemplifica
o representante do Secovi.
Em busca de comodidade
O setor de serviços também anda inves-
tindo para atrair esse nicho de cliente. No
turismo, por exemplo, são oferecidos pacotes
especiais, que priorizam atividades de lazer e
cultura. Também bares e restaurantes apostam em produ-
tos diferenciados. É o caso da rede Lig Lig, de culinária
chinesa, que, desde 2005, oferece aos clientes embala-
gens para consumo individual. “Na época, cresceram as
solicitações para que os pratos tivessem a opção de por-
ções individuais”, relembra a gerente de expansão de fran-
quias Anny Araújo. De lá para cá, todos os pratos do car-
dápio passaram a oferecer essa opção, que corresponde,
em média, a quase 25% do faturamento da empresa. Anny
conta ainda que são enviados para a casa dos clientes fôl-
deres com opções de prato, com sobremesa e bebida, tudo
na medida para quem mora sozinho. “Também estamos
lançando as entradas em embalagem individual.”
Às vezes, a própria legislação dá uma mãozinha. Deisy
comemora a lei que permite a compra de medicamentos fra-
cionados, mas ainda sente falta de alguns produtos. “Macar-
rão, arroz, sorvete e produtos de limpeza poderiam ser for-
matados para o consumo individual.” Alguém se habilita?
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U
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FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
Número
30
–
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2007
m todo o mundo, o setor terciário da economia
vem dando mostras de fôlego: é o que mais cres-
ce anualmente e também o que mais emprega.
Essa tendência, que deve se aprofundar nos próximos
anos, fica evidente no levantamento Sul Emergente – As
300 empresas que pedem passagem, realizado pela Pricewa-
terhouseCoopers para a revista Amanhã. Nele, estão lis-
tadas as 300 corporações que aparecem logo atrás das
500 maiores da região Sul e que têm potencial para, em
breve, figurar no primeiro escalão da economia regional.
O setor de serviços recebe destaque: 155 das em-
presas fazem parte desse nicho, sendo 39 gaúchas, dos
segmentos educacional, imobiliário, financeiro e hote-
leiro, entre outros. A explicação para isso pode estar
no fato de esses empreendimentos necessitarem de
menor infra-estrutura e terem custos mais modestos.
As empresas situadas entre as posições 501 e 550 do
ranking têm mais chances de, em curto espaço de tem-
po, figurar na listagem principal. Dessas, 17 são gaúchas,
com sete na área de serviços (confira quadro). O que tam-
bém pode impulsionar a subida rumo ao topo do ranking
são processos de fusões e aquisições, muito freqüentes
no setor, especialmente no que tange às financeiras.
Outro segmento com boas perspectivas é o imobiliá-
rio, que vive, atualmente, um momento rentável.
Na outra ponta
Na contramão dos serviços, aparece o setor primá-
rio da economia, que emplacou apenas dez empresas
dentre as 300 que pedem passagem. Não importando o
segmento, no entanto, as emergentes apresentam ca-
racterísticas que entusiasmam: sua taxa média de au-
E
mento da receita foi 20% maior do que a das
empresas do “primeiro escalão”, por exemplo,
ficando em 30,7%. Porém, quando o assunto é
equilíbrio das contas, as menores têm mais di-
ficuldades para encontrá-lo: 67,6% do total ti-
veram lucro em 2006, enquanto entre as 500
esse percentual ultrapassa os 80%.
As empresas são avaliadas por indicador
criado pela revista em parceria com a Price, re-
sultado da média ponderada resultante dos fa-
tores patrimônio líquido, receita bruta e lucro
líquido. Foram consultadas empresas que divul-
garam publicamente seus balanços em 2006.
Explorando
potencialidades
O setor de serviços no Sul vem ganhando força
e algumas empresas já demonstram potencial
para figurar entre as 500 maiores da região
Elas vêm com tudo
Essas são as empresas de serviços gaúchas mais bem
posicionadas entre as emergentes – e prometem chegar
rapidamente ao rol das maiores da região Sul.
Portocred S.A. (503ª)
Grupo Editorial Sinos (508ª)
Aplub Capitalização S.A. (510ª)
Grupo Plaza (519ª)
Grêmio Football Porto Alegrense (528ª)
MBM Previdência Privada (545ª)
Instituto Pobres Servos da Divina Providência (548ª)
GASTRONOMIA
Núme
ro
30
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40 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
Alunos do Senac-RS
vencem competição
internacional de
gastronomia realizada no
Uruguai, mostrando para o
mundo que o Brasil e o Rio
Grande do Sul são terreno
fértil para a formação de
novos chefs de cozinha
de prato
oi uma alegria geral: quando começaram
a anunciar os vencedores da terceira
Olimpíada Estudantil Americana de
Gastronomia, promovida durante o Uruguay a
la Carta, os integrantes da equipe brasileira não
esperavam uma boa colocação. “Achávamos
Gaúchos bons
que a apresentação do nosso prato não nos colocaria nem
em terceiro lugar”, relembra Ana Loureiro, docente dos
cursos de gastronomia da Fatec de Porto Alegre. A auto-
crítica era típica de uma equipe que já está acostumada a
enfrentar júris severos, se destacando entre as melhores
do país. O resultado, como de costume, foi bastante po-
sitivo: os alunos do Senac-RS, Wagner Coelho, Gabriela
Germani e Luiza Feier, ficaram em segundo lugar, apenas
um ponto atrás da escola chilena Inacap. A boa colocação
é resultado de muito trabalho, iniciado há quase um ano.
O convite para participar da competição internacio-
nal representando o Brasil chegou como reconhecimen-
to, em outubro do ano passado, pela Associação Brasilei-
ra da Alta Gastronomia (Abaga). A entidade organiza, em
parceria com o Senac nacional, um concurso para alunos
da área em todas as unidades da federação. “Como ven-
cemos as três últimas edições do evento, a Abaga nos con-
vidou para a competição no Uruguay a la Carta”, conta Úr-
sula Juliane Silva, coordenadora dos cursos de Gastrono-
F
O júri se
deliciou com
os pratos
apresentados
na competição
Fotos: Fernanda Romagnoli
41
FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
GASTRONOMIA
Número
30
–
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2007
mia da Fatec. Teve início a definição de um processo seleti-
vo para ver quem integraria a equipe enviada ao Uruguai.
A seleção começou em maio, foi dividida nas catego-
rias cozinha e sobremesa e teve três fases: na primeira, os
candidatos tinham que apresentar uma ficha técnica com
foto de um prato específico. Na segunda, os selecionados
executaram o prato para uma comissão julgadora, forma-
da por professores da escola. Nessa fase, a representante
da categoria sobremesa já foi definida: Luiza Feier. Por
último, sete alunos participaram da terceira fase, na qual
receberam uma caixa surpresa, com 30 ingredientes, e ti-
veram que formular e executar uma receita utilizando, pelo
menos, metade dos itens.
Formada a equipe, foi realizado um treinamento de qua-
tro semanas com os alunos, para prepará-los para a compe-
tição. Durante o processo, a docente Ana percebeu uma
integraçãoimportante.“Elestêmqualidadespontuaisesou-
beram percebê-las e aproveitá-las. Os próprios juízes fica-
ram impressionados com a harmonia do trabalho dos três.”
Mãos pra que te quero
A apresentação da equipe gaúcha começou ao meio-
dia e foi até as 16h30min. Cada representação recebeu
uma caixa com ingredientes surpresa, e teve que preparar
uma entrada, um prato principal e uma sobremesa. Os juí-
zes avaliaram desde postura, raciocínio e criatividade na
utilização dos itens até higiene, técnica, desenvoltura, vi-
sual e sabor.
Embora a aparência do prato não tenha sido a ideal, os
jurados elogiaram muito as práticas de higienização da
equipe, tanto do material e da bancada quanto a dos cozi-
nheiros. “Nesse quesito, de manipulação segura dos ali-
mentos, fomos perfeitos”, comemora Úrsula.
O evento, que aconteceu em Montevidéu entre os dias
20 e 23 de setembro, permitiu, ainda, intercâmbio entre
os participantes. “Conhecer as experiências de outros
países agrega conhecimento e auxilia no desenvolvimen-
to da profissão”, avalia Ana. Wagner Coelho, um dos alu-
nos que compunham a equipe, também destacou a troca
com os outros estudantes. “Percebi em todos uma moti-
vação para fazer o melhor que me impressionou e conta-
giou. Isso vou levar sempre, na profissão e na vida.”
Delícia au chocolat
A sobremesa apresentada pela equipe obteve nota dez, sem nenhuma
observação por parte dos jurados. A receita é de quatro unidades.
Gâteaux de chocolate e caramelo com creme chiboust
1 - Gâteaux
100 gramas de chocolate amargo
100 gramas de açúcar
100 gramas de farinha
40 gramas de manteiga
2 ovos
20 gramas de nozes chilenas picadas
Preparo:
Bata os ovos com o açúcar. Derreta o chocolate com a manteiga e, depois,
adicione a mistura de chocolate nos ovos batidos. Coloque a farinha aos poucos.
Feito isso, despeje a massa em forminhas untadas com manteiga e farinha e,
depois, coloque as nozes por cima. Leve ao forno por 20 minutos, a uma
temperatura de 180 graus.
2 - Caramelo
200 gramas de açúcar
100 gramas de nata
50 gramas de manteiga
Preparo:
Leve o açúcar ao fogo até caramelizar, e acrescente a nata para deglaçagem.
Acrescente a manteiga e mexa até uniformizar, levando ao refrigerador.
3 - Creme chiboust
250 mililitros de leite
2 gemas
20 gramas de farinha
50 gramas de açúcar
20 gramas de maisena
1 clara
20 gramas de açúcar
Preparo:
Bata as gemas com o açúcar, farinha e maisena. Ferva o leite e vá despejando nas
gemas, batendo com um fuet. Volte ao fogo até engrossar e esfrie na geladeira.
Bata a clara em neve com o açúcar e incorpore à primeira mistura.
Depois, é só montar e servir.
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42 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
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2007
eguir a carreira artística, pelo menos no
Brasil, não é fácil. A primeira impres-
são é de que, como em diversos seg-
mentos do mercado, há muita gente para pou-
co espaço (leia-se oportunidades na grande
mídia, que geram trabalhos de expressão, fama
s
dos amigos
Muitas vezes na carreira artística o
reconhecimento vem apenas para quem está
na grande mídia, independentemente do
talento. Circuitos alternativos auxiliam a
divulgar novas caras e qualificar a arte
e melhores contratos). “Muitos artistas desistem quan-
do o que fazem não dá resultado, e vão sobreviver fa-
zendo outras coisas. Há, ainda, poucos lugares com con-
dições técnicas ideais e os cachês são pequenos”,
comenta a cantora e compositora Mônica Tomasi.
Embora haja tanta dificuldade, é possível enumerar
diversos grupos e artistas com muito tempo de carreira
atuando em seus municípios e estados. No entanto, a
maioria ainda sofre com falta de divulgação dos traba-
lhos junto ao grande público, sedento por novidades.
Nesse sentido, circuitos alternativos não apenas dão uma
mãozinha para quem está começando, como valorizam
talentos locais. “Essas atividades são importantíssimas
para o amadurecimento individual
dos artistas e a formação de um
novo público. A diversidade da
cultura produzida fica em evidên-
cia e traz benefícios a todos”, ava-
lia Mônica.
Fazendo a sua parte
Algumas iniciativas paralelas a
circuitos tradicionais e de reno-
me já começam a florescer. É o
caso da Bienal B, mostra de artes
visuais que está em sua primeira
edição, na cidade de Porto Ale-
gre. De acordo com Gaby Bene-
dyct, artista plástica e organiza-
Com ajuda
Gaby Benedyct (a terceira à dir.) afirma que a Bienal B serve para dar visibilidade para talentos locais
Lúcia
Simon
Edição - revista Bens & Serviços (2005 a 2010)
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Edição - revista Bens & Serviços (2005 a 2010)

  • 1. Joal Teitelbaum fala sobre os 15 anos do PGQP Fecomércio BENS& O U T U B R O 30 2 0 0 7 entrevista SERVIÇOS conjuntura Dificuldades e perspectivas para a consolidação do Mercosul Revista da Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul natal Planejando os lucros solteiros Nova opção de vendas
  • 2.
  • 3.
  • 4. Número 25 – Maio 2007 SUMÁRIO E X P E D I E N T E Publicação mensal do Sistema Fecomércio-RS Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul Rua Alberto Bins, 665 – 11º andar – Centro CEP 90030-142 – Porto Alegre/RS – Brasil Fone: (51) 3286-5677 – Fax: (51) 3286-2143 www.fecomercio-rs.org.br – redacao@fecomercio-rs.org.br Presidente: Flávio Roberto Sabbadini Vice-presidentes: Antônio Trevisan, Flávio José Gomes, Ivo José Zaffari, João Oscar Aurélio, Joarez Miguel Venço, Jorge Ludwig Wagner, Júlio Ricardo Mottin, Luiz Antônio Baptistella, Luiz Caldas Milano, Luiz Carlos Bohn, Manuel Suárez, Moacyr Schukster, Nelson Lídio Nunes, Olmiro Lautert Walendorff, Renato Turk Faria, Valcir Scortegagna e Zildo De Marchi Vice-presidentes Regionais: Cezar Augusto Gehm, Cláudia Mara Rosa, Francisco Franceschi, Hélio José Boeck, Ibrahim Mahmud, Joel Vieira Dadda, Leonides Freddi, Níssio Eskenazi, Ricardo Tapia da Silva, Sérgio José Abreu Neves e Sérgio Luiz Rossi Diretoria: Airton Floriani, Alécio Lângaro Ughini, André Arthur K. Dieffenthaler, André Luis K. Piccoli, André Luiz Roncatto, Arnildo Eckhardt, Arno Gleisner, Ary Costa de Souza, Carmen Flores, Celso Canísio Müller, Derli Neckel, Edson Luis da Cunha, Eugênio Arend, Fábio Norberto Emmel, Francisco Amaral, Gerson Jacques Müller, Gilberto Cremonese, Hans Georg Schreiber, Hélio Berneira, Hildo Luiz Cossio, Ildemar José Bressan, Ildoíno Pauletto, Isabel Cristina Vidal Ineu, Itamar Tadeu Barbosa da Silva, Ivanir Gasparin, Ivar Ullrich, Jair Luiz Guadagnin, João F. Micelli Vieira, Joel Carlos Köbe, Jorge Rubem D. Schaidhauer, José Nivaldo da Rosa, Jovino Antônio Demari, Jovir P . Zambenedetti, Júlio César M. Nascimento, Júlio Roberto L. Martins, Jurema Pesente e Silva, Leonardo Schreiner, Levino Luiz Crestani, Liones Bittencourt, Lúcio Gaiger, Luis Fernando Dalé, Luiz Alberto Rigo, Luiz Carlos Dallepiane, Luiz Eduardo Kothe, Luiz Henrique Hartmann, Luiz Roque Schwertner, Marco Aurélio Ferreira, Maria Cecília Pozza, Marice Guidugli, Milton Gomes Ribeiro, Olmar João Pletsch, Paulo Anselmo C. Coelho, Paulo Antônio Vianna, Paulo Ganzer, Paulo Renato Beck, Paulo Roberto Kopschina, Paulo Saul Trindade de Souza, Régis Feldmann, Renzo Antonioli, Ricardo Murillo, Ricardo Pedro Klein, Roberto Segabinazzi, Rogério Fonseca, Rui Antônio Santos, Silvio Henrique Fröhlich, Sírio Sandri, Susana Fogliatto, Tien Fu Liu, Valdo Dutra Nunes, Walter Seewald e Zalmir Fava Conselho Editorial: Antonio Trevisan, Derly Cunha Fialho, Everton Dalla Vecchia, Flávio Roberto Sabbadini, Ivo José Zaffari, José Paulo da Rosa, Luiz Carlos Bohn, Manuel Suárez, Moacyr Schukster, Renato Turk Faria e Zildo De Marchi Assessoria de Comunicação: Aline Guterres, Bruna Silveira, Camila Barth, Catiúcia Ruas, Fernanda Borba, Fernanda Romagnoli, Juliana Maiesky e Simone Barañano Coordenação Editorial: Simone Barañano Edição: Fernanda Reche (MTb 9474) e Svendla Chaves (MTb 9698) Chefia de Reportagem: Marianna Senderowicz Reportagem: Marianna Senderowicz, Patricia Campello, Renata Giacobone, Tatiana Gappmayer Colaboração: Beatriz Cullen, Edgar Vasques, Lucas Ladwig, Maressah Sampaio, Moacyr Scliar, Rafael Lubeck Revisão: Flávio Dotti Cesa Edição de Arte: Silvio Ribeiro Impressão: Nova Prova Tiragem: 25 mil exemplares É permitida a reprodução de matérias, desde que citada a fonte. Osartigosassinadosnãorefletem,necessariamente,aopiniãodoveículo. Fecomércio SERVIÇOS BENS& Mercado (quase) Comum do Sul Passados 16 anos da formação do Mercosul, o grupo ainda não encontrou seus caminhos de livre comércio, mas apresenta vantagens para governos e empresários conjuntura 12 natal A festa que ninguém vê Embora o Natal seja comemorado em dezembro, no comércio os preparativos para a data mais lucrativa do ano começam com meses de antecedência 26
  • 5. Número 30 – Outubro 2007 SUMÁRIO 05 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS 40 gastronomia Gaúchos bons de prato Alunos de gastronomia do Senac-RS fazem bonito em concurso internacional de chefs realizado no Uruguai. Conheça a receita de um dos requintados e saborosos pratos apresentados 36 Singular no plural Os consumidores single atraem a atenção da indústria e do comércio de bens e de serviços, representando um grande mercado consumidor entrevista Pessoas e sistemas de qualidade solteiros 18 negócios Quando a mudança é o único caminho Para escapar da crise e manter sua rentabilidade no mercado, muitas empresas precisam encarar as dificuldades e transformações, buscando novos nichos de atuação 46 cultura Com a ajuda dos amigos Circuitos culturais alternativos revelam novos talentos e comprovam que é possível divulgar a arte sem depender das grandes mídias 42 O presidente do Conselho Diretor do PGQP , Joal Teitelbaum, relata a trajetória do programa em seus 15 anos de atuação e analisa a questão da qualidade no Brasil agenda agenda agenda saiba mais 32 6 44 visão econômica visão política eu, empreendedor 48 religião região sul 39 34 palavra do presidente lei seca opinião 17 7 24 guia de gestão 45 crônica 14 50 notícias & negócios 8 para ler 49
  • 6. A G E N D A 06 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS Número 30 – Outubro 2007 outubro 09 Terça à Brasileira O Sesc Centro (Porto Alegre), traz O Duo (09/10), Banda Roda Viva (16/ 10) e Banda Jobinianos (23/10). Informações: (51) 3284-2070. 14 Gastronomia Encerramento da Quinzena Gas- tronômica, em Pelotas, que contou com apoio do Senac-RS. Informa- ções: www.noitecia.com.br/cidade Chopp Encerramento da 23ª Oktoberfest, que tem estande do Sistema Fecomércio-RS. Informações: www.oktoberfestsantacruz.com Minimaratona Circuito Sesc de Minimaratona, em Passo Fundo. Informações: www.sesc-rs.com.br/minimaratona 16 Férias Lançamento da Temporada de Férias Sesc 2007/2008. Informa- ções: www.sesc-rs.com.br 17 Rio Grande no Palco Entre 1º e 17/10, o projeto leva espetáculos teatrais a 18 cidades gaúchas. Informações: www.sesc- rs.com.br/artesesc Maturidade Ativa Lançamento do Clube Sesc Maturida- de Ativa Passo Fundo, às 18h30. Informações: (54) 3313-4318. 19 Intercâmbio Projeto Overdoze – Rede Sesc de Intercâmbio e Difusão das Artes Cênicas, em Montenegro. Informa- ções: www.sesc-rs.com.br/artesesc 20 Comerciários Semana do Comerciário 2007, até 31/10, nas cidades que contam com unidades do Sesc-RS e Senac-RS. Informações: www.sesc-rs.com.br 24 Aldeia Sesc Projeto Aldeia Sesc Passo Fundo, de 24 a 28/10. Informações: www.sesc- rs.com.br/artesesc 25 Música Apresentação Orquestra Sinfônica do Sesc-RS, no Theatro São Pedro, em Porto Alegre. Informações: www.sesc-rs.com.br/artesesc 26 Saúde Concurso Rainha da Saúde 2007 e Olimpíadas da Saúde 2007, de 26 a 28/10, no Sesc Campestre. Informações: www.sesc-rs.com.br Casa & Cia O Senac vai apoiar o espaço 28: Atelier e Web Space da arquiteta Máira Ritter, na Mostra Casa & Cia, que acontece até 11/11 em Porto Alegre. Livros O Senac-RS participa da 53ª Feira do Livro de Porto Alegre, até o dia 11/11. Informações: www.camaradolivro.com.br Palco Giratório O projeto apresenta História de teatro e circo (foto), com o grupo Cia. Carroça de Mamulengo em São Leopoldo (17), Gravataí (18), Montenegro (19), Santa Cruz do Sul (21), Caxias do Sul (23), Bento Gonçalves (24), Passo Fundo (25), Erechim (29), Carazinho (30), Ijuí (01/ 11), Santa Rosa (03/11) e Uruguaiana (04/11). Informa- ções: www.sesc-rs.com.br/ 17 Divulgação/Bene Franca
  • 7. PA L A V R A D O P R E S I D E N T E 07 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS Número 30 – Outubro 2007 Flávio Roberto Sabbadini Presidente do Sistema Fecomércio-RS formação de blocos econômi- cos é uma tendência mundial irreversível. União Européia, Nafta, Alca e Mercosul são alguns exemplos de siglas que objetivam facilitar o comércio entre os países membros e com regiões externas. As diversas uniões entre países vão ga- nhando a adesão de novos adeptos pelas facilidades tributárias, logísti- cas e políticas. Ao contrário do que se pensava inicialmente, globalização e regio- nalização não são fenômenos opos- tos; andam juntos e precisam um do outro. Enquanto a globalização di- minui distâncias e facilita o acesso a produtos, tecnologias, informação e conhecimento, a regionalização per- mite a formação de alianças a fim de facilitar todos esses processos. Por meio da união de nações em blocos é possível realizar acordos maiores e transações mais relevantes, além de se permitir a tomada de decisão em prol de grupos. Em meio a tantas vantagens, cabe a governos, sociedade e repre- sentantes empresariais adequarem interesses e afinarem políticas, a fim de permitir que tais alianças se concretizem na prática. No Mercosul, no qual o Rio Grande do Sul e o Brasil como um todo possuem forte influência em nível social, geográfico, político e eco- nômico, essa necessidade se faz gritante. O potencial do Estado ainda está sendo pouco utilizado quando se fala de livre comércio e de turismo, e melhorias de infra-estrutura são o pontapé inicial para a evolução desse quadro. Além disso, é preciso exigir menos protecionismo por todos os lados, para que possamos, de fato, contar com um inter- câmbio efetivo de mercadorias e serviços. A exemplo do bloco europeu, os líderes do Mercosul se direcionam para a formação de um parlamento comum. A criação de um órgão regulador pode ser um caminho, mas também são necessárias outras atitudes para que as decisões ali tomadas sejam postas em ação. Um papel assi- nado não vale nada quando não se tem quem execute, e aí entra o trabalho de todos os interessados no fortalecimen- to da região. Se pertencemos a um mercado comum, que possamos fazer bom uso dele. A mercados Aproximando Rosi Boninsegna/Fecomércio-RS
  • 8. NOTÍCIAS & NEGÓCIOS 08 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS Número 30 – Outubro 2007 Edgar Vasques Unipampa é aprovada pela Câmara Foi aprovado pela Câmara Federal o Projeto de Lei 7204/06, que cria a Fundação Universidade Fe- deral do Pampa (Unipampa). Com sede em Bagé (RS), a Unipampa também deverá ter campi nas cidades de Jaguarão, São Gabriel, Santana do Li- vramento, Uruguaiana, Alegrete, São Borja, Itaqui, Caçapava do Sul e Dom Pedrito. Pela proposta, que ainda precisa passar pelo Senado, passarão a integrar a nova instituição os cursos de todos os níveis ministrados nas universidades federais de Pe- lotas e de Santa Maria existentes nesses municí- pios. Os alunos regularmente matriculados nesses cursos e o quadro de funcionários serão transferi- dos automaticamente para a Unipampa. Empresas latino-americanas usam pouco cartão empresarial Pouco mais da metade das organizações latino-americanas de micro, pequeno e médio portes possuem cartões empresariais, conforme levantamento realizado pela Visa. O estudo, chamado Perspectivas das Micro, Pequenas e Médias Empresas (PMEs) na América Latina, foi feito em oito países do continente – Ar- gentina, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, México, Peru e República Dominicana. No Brasil, enquanto 98% dos empresários entrevis- tados têm conta bancária como pessoa física ou ju- rídica, somente 74% con- tam com instrumentos fi- nanceiros empresariais para o desenvolvimento de seu negócio.
  • 9. NOTÍCIAS & NEGÓCIOS 09 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS Número 30 – Outubro 2007 Livramento passa a contar com novo prédio de Sesc e Senac Brasil é vice-campeão em dias de descanso para trabalhadores formais Os 30 dias de férias assegurados por lei aos brasileiros que trabalham de maneira legalizada, aliados ao excesso de feriados nacionais, fazem do país o vice-campeão mundial de folgas. Conforme pesquisa realizada pela con- sultoria norte-americana Mercer Human Resources em 33 países da Europa e da América Latina, em média os trabalhadores do Brasil têm direito assegurado a 40 dias de descanso, assim como os fran- ceses e os lituanos. O único país que possui mais dias de folga – cerca de 44 por ano – é a Finlân- dia. Entre os países pesquisados, o México aparece como o que menos tem dias livres aos trabalha- dores – 22, em média. Menor mortalidade para MPEs Pesquisa divulgada em agosto pelo Se- brae e pelo Vox Populi aponta uma reali- dade positivamente surpreendente no Brasil: as micro e pequenas empresas es- tão durando mais no país. Pelo estudo, 78% dos empreendimentos lançados en- tre 2003 e 2005 não foram extintos nos dois primeiros anos de atividade, enquan- to no ano 2000 essa situação atingia so- mente 40% das MPEs. Estabilidade eco- nômica, acesso facilitado ao crédito e melhor escolaridade são alguns pontos levantados por especialistas para explicar a redução da mortalidade empresarial. Divulgação/Sistema Fecomércio-RS A cidade gaúcha de Santana do Livra- mento, localizada na fronteira com o Uru- guai, recebeu um investimento de R$ 5 milhões referente ao novo prédio do Sesc e do Senac no município, inaugurado no dia 28 de setembro. Com mais de 90 mil habitantes, Livramento possui aproxima- damente 5 mil empresas do comércio de bens, serviços e turismo. A solenidade de inauguração foi presti- giada por autoridades locais e regionais, comunidade e imprensa, contando com visitação do novo espaço para promoção da qualidade de vida e educação profissio- nalizante. Com 1,5 mil metros quadrados, o prédio conta com academia de ginásti- ca e musculação, sala de bike in door, gabi- nete odontológico, biblioteca, auditório, laboratórios de informática, salas de aula e ambientes pedagógicos. A comunidade também poderá utilizar serviços como Turismo Social, Sesccred, promoção de torneios esportivos, assim como cursos com foco em Informática, Idiomas, Turismo e Hospitalidade e Gestão e Comércio. “Nós acreditamos nas pessoas, pois são elas que fazem a diferen- ça”, disse o presidente do Sistema Feco- mércio-RS, Flávio Sabbadini, na inaugu- ração, ressaltando que é por meio de Sesc e Senac que os empresários do setor ter- ciário cumprem com o seu dever. Já o prefeito de Livramento, Wainer Macha- do, comentou que o novo espaço signifi- ca que as pessoas acreditam no cresci- mento do município: “Nossa comunida- de terá ainda mais acesso à qualificação profissional e à promoção da qualidade de vida”. O novo prédio fica localizado na rua Brigadeiro Canabarro, 650, esqui- na com a Rivadávia Correa. Martin Boose/Stock.xchng
  • 10. NOTÍCIAS & NEGÓCIOS 10 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS Número 30 – Outubro 2007 Confiança dos pais em alta A sexta edição da pesquisa Marcas de Confiança, rea- lizada anualmente pela revista Seleções e pelo Ibope In- teligência, aponta que pai e mãe são as pessoas em quem o brasileiro mais confia. Conforme o estudo, realizado com mil leitores da publicação, os pais (95% de indica- ções) são mais confiáveis do que Deus (94%) e do que filhos e irmãos (empate de 80% entre as categorias). Animais de estimação, que tiveram 62% dos votos de confiança, estão à frente de sogros (59%), colegas de trabalho (35%) e vizinhos (33%), mas ainda perdem para cônjuges/namorados (74%) e para os amigos (65%). A profissão mais confiável, na opinião dos entrevista- dos, é a de bombeiro (96%), seguida por dentista (81%) e por piloto de avião (78%). Os políticos figuram no último lugar da lista, com apenas 2% da preferência. Rio Grande do Sul é terceiro estado em solicitações para Supersimples Tributos até 2010 Reformulado em agosto, o Impostômetro (www.impostome tro.org.br), além de registrar o que os brasileiros gastam em tribu- tos, conta agora com um dicionário de termos econômicos e per- mite que o usuário faça a projeção de quanto pagará até 2010. Com a contagem separada também por estados e municípios, o mecanis- mo apresenta a carga tributária desde o ano 2000, com atualização instantânea no site. Outra novidade do Impostômetro é a conver- são dos valores apresentados em bens, informando, por exemplo, quantas cestas básicas ou car- ros populares poderiam ser comprados com aquelas quan- tias. Até o final de setembro, o site contabilizava mais de R$ 660 bilhões pagos em im- postos no Brasil. Sesc promove 10º Senefip em Erechim O Sesc-RS realizou, entre os dias 12 e 15 de setembro, o 10º Se- minário Nacional de Educação Física e Pedagogia (Senefip). O even- to é tradicional pela qualificação dos palestrantes que reúne e pela atualidade dos temas em discussão. Com o objetivo de promover aos educadores um espaço para estimular a capacidade criativa, troca de experiências, reflexão e busca de novos conhecimentos para vencerem os desafios do dia-a-dia, o seminário contou com a palestra Qualidade de vida, amor, felicidade & companhia, ministrada pelo psicopedagogo Içami Tiba. Mais de 1.800 profissionais participaram do encontro, sediado em Erechim – cidade que já se tornou, em função do evento, referência nacional no setor. Divulgação/Sesc-RS De acordo com dados do Comitê Gestor do Simples Nacional – regime de tributação das micro e pequenas empresas criado pela Lei Geral – , o Rio Grande do Sul é o terceiro estado em número de solicitações corporati- vas para ingressar no sistema. Dos 2,7 milhões de organi- zações que foram incluídas, 322.491 são gaúchas. São Pau- lo é o estado com maior quantidade de solicitações (940.506), seguido por Minas Gerais (388.872). Logo após o Rio Grande estão Paraná (234.589) e Rio de Janei- ro (204.703). No total, 1.337.103 organizações tiveram migração automática do extinto Simples Federal, enquanto 1.361.798 tiveram pedidos de opção aceitos. Outras 34.141 estão em situação de análise do órgão, que divul- gou o balanço no dia 31 de agosto.
  • 11. NOTÍCIAS & NEGÓCIOS 11 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS Número 30 – Outubro 2007 Variação positiva no comércio gaúcho Brasil é o 14º país em gastos com Previdência Comparado com outros 112 países, o Brasil é o 14º que mais gasta com Previdência. Conforme le- vantamento feito por economistas do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), os gastos pre- videnciários do país correspondem a 11,7% do PIB. Mesmo que o primeiro colocado da lista – a Itália – gaste 17,6% do PIB local com o setor, os gastos previdenciários são ainda mais altos no Brasil, vis- to que a população brasileira é jovem para os pa- drões internacionais. Senac qualifica colaboradores do Serviço Municipal de Água e Esgoto e s p a ç o d o l e i t o r “Richard Lowenthai (Opinião na Bens e Serviços 29) reforçou minha idéia de que há uma impaciência com o progresso da Internet. Desde que pisamos na Lua fazemos previsões de viagens incríveis e o resultado é um retumbante marasmo. Em ambos os casos, ainda não criamos modelos de negócios que garantam os investimentos pesados para darmos esse salto qualitativo. Vivemos a bolha 1.0 e agora estamos gestando a bolha 2.0, modelos de negócios que parecem superatraentes, mas que não se traduziram em verdinhas.” Gustavo Zaro de Oliveira Webdesigner Porto Alegre/RS Ocomércio gaúcho apresentou va- riação positiva de 7,1% no volume de vendas em julho deste ano, na comparação com o mesmo período de 2006, conforme o Índice de Ven- das do Comércio (IVC), medido pelo Sistema Fecomércio em parce- ria com a Fundação de Economia e Estatística (FEE). Enquanto o co- mércio varejista cresceu 2,6%, a va- riação no comércio atacadista che- gou a +12,4%, tendo como desta- que a alta de 22,7% no setor de Máqui- nas, aparelhos e equipamentos. No acumula- do do ano (período de janeiro a julho de 2007), houve uma alta de 7,3% no volume de vendas do comércio do Rio Grande do Sul em comparação com igual período do ano anterior. O comér- cio varejista apresentou uma variação de +4%, tendo como destaque a alta de 15,2% no setor de Veículos, motocicletas, partes, peças e acessórios e a queda de 10,5% no setor de Combustíveis e lubrificantes. Variação do Volume das Vendas Mensal e Acumulada em 12 meses (%) Rio Grande do Sul Comércio Mensal Acumulada 12 meses Fonte: Fecomércio-RS Fernanda Romagnoli/Senac-RS Por meio de uma parce- ria com o Serviço Mu- nicipal de Água e Esgo- to (Semae) de São Leopoldo, o Senac-RS passará a qualificar os colaboradores do órgão na área de informática. O convênio, assinado em 28 de agosto, inclui a realização de cursos de Win- dows, Excel, Word e Internet com 20% de desconto nas tarifas. A primeira turma, com 40 alunos, teve início em 13 de setem- bro. A parceria faz parte do programa Soluções Corporativas, oferecido pelo Senac a empresas e instituições de todo o Esta- do. Pela iniciativa, são disponibilizados serviços de consulto- ria, assessoria e capacitação empresarial com formatos e tama- nhos customizados às necessidades de cada cliente. Na foto, assinam o convênio o prefeito de São Leopoldo, Ary José Va- nazzi (centro), o diretor regional do Senac-RS, José Paulo da Rosa (E), e o diretor geral do Semae, Luiz Antônio dos Santos.
  • 12. NATAL Número 30 – Outubro 2007 12 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS A organização do comércio para as vendas de Natal começa com meses de antecedência. O saldo final depende de decisões como a aquisição correta de produtos e a opção por boas condições de pagamento junto aos fornecedores ara o varejo, o Natal começa muito an- tes do que o consumidor imagina: de- zembro é apenas o mês de movimentar a clientela e faturar. Não é para menos que a data é uma das mais comemoradas pelos vare- jistas. Contudo, obter resultados exitosos re- quer preparo, planejamento e muita pesquisa. Pensar com antecedência no mix de produ- tos, nas transações com fornecedores e na de- coração da loja é fundamental para garantir o sucesso de uma temporada de caça aos lucros, que termina somente na noite do dia 24. Os números mostram que a ocasião mexe com as emoções e com o bolso de quem não P ninguém vê abre mão de sair às compras para presentear a família e os amigos. Segundo dados do Sindicato dos Lojistas do Comércio de Porto Alegre (Sindilojas), em dezembro de 2006 o setor registrou um crescimento de vendas de aproximadamente 3,5%, quando comparado ao mesmo período de 2005. As expectativas para este ano são ain- da melhores. “Alguns fatores positivos relacionados à economia regional e nacional sinalizam em direção a um Natal próspero para o comércio”, afirma Norton Cec- chini, superintendente do Sindilojas. Atentas à conjuntura favorável, as empresas já estão se organizando para dar conta da demanda e evitar os pro- blemas de última hora. O espírito natalino chega cedo para a maioria dos estabelecimentos comerciais. É o caso A festa que Fotos: Lúcia Simon
  • 13. 13 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS NATAL Número 30 – Outubro 2007 da empresa porto-alegrense Linna Festas, Artesanato e Cursos. “Na última semana de dezembro, é feito um ba- lanço do que sobrou e uma análise do que mais foi comer- cializado. Em janeiro, iniciamos o processo de aquisição de mercadoria, assim, em abril, está tudo encaminhado”, afirma Josiele Gonsioroski dos Santos, supervisora de Compras da Linna Festas. ParaprestadoresdeserviçoscomooArmazémdasCes- tas, o Natal afere um lucro quatro vezes maior do que o obtido em outros meses do ano. A mobilização se inicia em outubro com os pedidos de orçamento. “A maioria dos nossos clientes faz contato com dois meses de antecedên- cia para pesquisar preços”, conta a proprietária do estabe- lecimento, Larissa Scaravaglione. O estoque é montado no mês de novembro, em função de os produtos utilizados na confecção das cestas terem curto prazo de validade. “O panetone, por exemplo, dura trinta dias; contudo, as bebi- das já podem ser estocadas por um longo período.” Escolha certa Apesar de ser um negócio sazonal, a maximização do faturamento depende de ações ao longo dos 12 meses. Segundo o consultor paulista Sérgio Dal Sasso, o comer- ciante tem que identificar as mutações do mercado para investir em itens com capacidade de giro. A loja precisa oferecer ao consumidor o básico e o que é o boom do mo- mento. “O empresário não pode ficar inerte aos aconte- cimentos, esperando o mês de novembro para tomar fô- lego e ir à luta”, diz. Mais do que apostar em produtos certos, é preciso encontrar os melhores fornecedores, pra- zos e preços. Dal Sasso alerta: formas de pagamento equi- vocadas geram problemas futuros. De acordo com o con- sultor, os microempreendimentos estão sujeitos a condi- ções menos vantajosas: “As grandes redes têm maior for- ça de compra e de marketing para vendas, o que não acon- tece com os pequenos estabelecimentos”. Dal Sasso acredita que a solução seria instituir um sistema de compras cooperativado, com segmentos de porte similares. “Isoladamente é mais difícil ir direto ao fabricante. O comerciante tem duas saídas: parcelar com pouco tempo para saldar a dívida ou dispor de um capi- tal adicional para investir”, elucida. A experiência de 15 anos no mercado criou uma parceria entre a Linna Festas e os seus distribuidores. Segundo Josiele, “o pa- gamento varia conforme o volume compra- do, podendo ser à vista ou programado para o fim do ano”. No Armazém das Cestas, o vo- lume de compras e o porte do fornecedor de- terminam as transações comerciais. “Algumas aquisições são pagas à vista. Também traba- lhamos com cheques pré-datados, que vari- am de sete a trinta dias”, afirma Larissa. Atraindo o público Passada a fase de execução do processo de compras, resta chamar a atenção do consumi- dor para o período que se aproxima. A data está no calendário, no entanto, o varejista pode contribuir, dando ao seu comércio a “cara” do Natal. A ambientação da loja é uma estratégia para ir cativando a clientela. Por esta razão, muitas empresas se adian- tam e decoram as vitrines e as fachadas a fim de incitar a venda fora de época. “Os produtos são expostos em uma área pequena no início de setembro. Conforme vai se aproximando o Natal, ampliamos o espaço”, conta a supervi- sora de Compras da Linna Festas, que é deco- rada com adereços natalinos em outubro. Josiele: mercadoria de Natal vai em setembro para a prateleira
  • 14. GUIA DE GESTÃO 14 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS Número 30 – Outubro 2007 os negócios acirrada concorrência no mercado leva as companhias a buscarem novas for- mas de gestão, que permitam o cresci- mento aliado à qualidade. Cada vez mais, as empresas procuram medidas para facilitar a administração e enxugar a máquina. Dentro desse contexto, a terceirização de serviços tor- na-se uma alternativa para os empreendedo- res focarem as ações em suas atividades prin- cipais.“Terceirizaraquiloquenãoédiretamente ligado ao negócio é uma forma de buscar a ex- celência”, defende o diretor de Recursos Hu- manos das Lojas Colombo, Rogério Souto. Nos últimos cinco anos, a empresa – com matriz em Farroupilha – trabalha com presta- doras de serviços nas áreas de limpeza, segu- rança, alimentação e logística. Atualmente, são mais de 500 funcionários terceirizados em A contratação de prestadoras de serviços pode ser o diferencial competitivo para uma empresa. Contudo, ela não deve estar baseada somente no quesito custo- benefício e muito menos ser apenas uma intermediação de mão-de-obra Mais foco para toda a rede. “O varejo não permite erros. Por isso, a ter- ceirização não pode priorizar apenas os custos. Ela preci- sa associar a isso competência da contratada, solidez e qualidade das equipes”, ressalta Souto. Segundo ele, par- ceiros mal escolhidos geram gastos desnecessários e per- da de tempo ao buscar um novo prestador. Fazer mais com menos. Essa é a principal vantagem da terceirização apontada pelo diretor. Ele destaca ainda como benefícios o know-how da empresa e os investimen- tos que essa faz no desenvolvimento de pessoas e em tec- nologia. Conforme o dirigente, terceirizar pode ser uma excelente ferramenta de gestão, quando bem administra- da e com equipes comprometidas com os resultados. Direitos garantidos, negócios ampliados A terceirização é ainda recente no país – data do co- meço dos anos 1980 – e a sua expansão esbarra em ques- tões ligadas às leis trabalhistas. De acordo com o advoga- A Por Tatiana Gappmayer
  • 15. GUIA DE GESTÃO 15 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS Número 30 – Outubro 2007 do e consultor do Sebrae Guilherme Kieling, o alto custo das relações empregatícias levou as empresas a perderem o foco e a terceirizarem a maioria dos serviços em um primeiro momento, o que teve impacto na qualidade. A corrida por esse tipo de contratação foi, em princípio, encarada como uma forma de reduzir os gastos operacio- nais e de livrar-se do pagamento dos encargos sociais, que podem representar de 50% a 98% sobre o valor do salário dos empregados com carteira assinada. “No entanto, a terceirização não pode ser vista como uma intermediação de mão-de-obra, ou uma forma de burlar os direitos dos funcionários”, frisa Kieling. Hoje, gira entre os 10% e 20% o índice de pessoas que atuam como terceirizados no Brasil. O consultor pon- dera, ainda, que apesar de ser uma modernidade de ges- tão, o tema é polêmico. “A terceirização em si não é um problema, e sim como o prestador de serviços vai se com- portar em relação aos direitos trabalhistas”, analisa. Para Kieling, quando bem feito, esse processo amplia os negó- cios, reduz o custo operacional indireto, agiliza a admi- nistração, melhora a renda dos funcionários e eleva a aber- tura de postos de trabalho. Escolhas ponderadas No mercado desde 1995, a Top Service vem regis- trando um aumento, desde 2000, na procura por seus ser- viços especializados em sistemas de limpeza, múltiplos serviços e manutenção predial. Para isso, conta com 2.600 colaboradores. Segundo o departamento de Marketing da empresa, com matriz em São Leopoldo, a companhia observa um crescimento na demanda de mais de 25% ao ano, em média. Para a Top Service, esse quadro é resulta- do do amadurecimento do mercado e da conscientização dos empresários sobre a relevância de canalizar sua ener- gia para seu negócio. Para ser competitivo, manter a produtividade e pre- servar os direitos adquiridos pelos empregados, alguns cuidados devem ser tomados pelos contratantes, evitan- do dores de cabeça no futuro. O primeiro passo é obser- var o que determina a legislação quanto às tarefas possí- veis de serem repassadas aos prestadores de serviços. Somente as chamadas atividades-meio podem ser tercei- rizadas. São aquelas ações que não estão di- retamente relacionadas com o negócio da empresa. Por exemplo, um banco pode con- tratar seguranças, mas não pessoas para aten- der no balcão, pois essa é a sua atividade-fim, aquela para a qual foi criado. Outro alerta é escolher com atenção a companhia que irá contratar. Advogado es- pecialista em Direito do Trabalho, o diretor da Faculdade de Direito da Ulbra, Maurício Góes, indica critérios a serem avaliados antes de bater o martelo. Ele sugere que a empresa investigue a saúde financeira da prestadora de serviços, conheça quem são seus clientes, verifique se ela está em dia com o pagamento dos encargos sociais dos funcionários e se todos possuem carteira assinada. “O empre- sário deve buscar uma parceira idônea e com capacidade para atender às demandas de tra- balho da tomadora de serviços”, reforça Góes. Questões legais Entretanto, mesmo com todas essas pre- cauções, o empresário ainda pode enfrentar problemas legais, decorrentes de processos trabalhistas que procuram comprovar o vín- culo empregatício. Uma terceirização é con- A Colombo terceiriza limpeza, segurança, alimentação e logística Lúcia Simon
  • 16. GUIA DE GESTÃO 16 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS Número 30 – Outubro 2007 siderada legal quando, além de es- tar ligada à atividade-meio, não há subordinação e nem pessoalidade no dia-a-dia com os funcionários da prestadora. Essas duas situações ocorrem no momento em que o ter- ceirizado passa a responder a um chefe da empresa tomadora dos ser- viços e é cobrado quanto a horários e presença. “Na Colombo não há uma interação com as equipes de fora, os resultados são cobrados da prestadora de serviços, que deve ter uma gestão de pessoas profissional”, salienta o diretor de Recursos Humanos da organização, Rogério Souto. O não-pagamento dos direitos previden- ciários e trabalhistas é outro motivo que leva os empregados de uma terceirizada a procu- rar a Justiça. “Solicitar a comprovação de que a empresa está em dia com os benefícios dos trabalhadores deve ser uma atitude periódica dos contratantes”, recomenda o presidente do Sindicato das Empresas de Serviços Contá- beis e das Empresas de Assessoramento, Perí- cias, Informações e Pesquisadas do Estado (Sescon-RS), Luiz Carlos Bohn. O consultor do Sebrae aconselha também que os empresários busquem terceiri- zadas que prestem serviços para outras companhias, evi- tando a exclusividade, que pode ser considerada também como um vínculo empregatício. Firmando parcerias Com todas as informações apuradas e com a presta- dora de serviços definida, o gestor deve partir para a ela- boração do contrato. O advogado Maurício Góes sugere que não sejam utilizadas fórmulas-padrão e que seja rea- lizada uma avaliação jurídica. É importante sentar para discutir com a empresa todas as diretrizes do trabalho que será prestado, detalhando responsabilidades. “O contrato deve ser sério e bem alinhavado, pois ele é mais uma segurança para o tomador de serviços”, complemen- ta. Essa espécie de contrato é regida pelo Código Civil, e nele podem constar, inclusive, itens que obriguem a prestadora a fornecer a relação de seus funcionários e a apresentar os extratos das contribuições previdenciárias e trabalhistas. Ainda assim, a empresa tomadora de serviços tem res- ponsabilidade subsidiária em casos de processos contra a terceirizada. Góes explica que isso pode ocorrer quando a prestadora é acionada na Justiça, mas não tem como pagar o valor pedido, ficando para o empresário que con- tratou essa companhia o dever de cumprir a decisão judi- cial. Por isso, o processo de escolha é fundamental. Detalhes que fazem a diferença Avalie quais os serviços da empresa que podem ser terceirizados de forma estratégica para o negócio Escolha bem a empresa prestadora de serviços. Conheça o seu trabalho, currículo e solidez no mercado Pesquise na Justiça se a contratada possui ações trabalhistas contra ela e verifique na Junta Comercial do Estado a saúde financeira dessa empresa Não use contratos-padrão. Discuta cada uma das cláusulas com a prestadora de serviços e, para isso, conte com uma assessoria jurídica Mantenha uma fiscalização constante do trabalho realizado pela terceirizada Exija, periodicamente, que a empresa apresente os comprovantes dos pagamentos dos encargos sociais de seus funcionários Divulgação/Top Service Top Service: crescimento na demanda de mais de 25% ao ano
  • 17. O P I N I Ã O 17 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS Número 30 – Outubro 2007 cada dia que passa, fica um sentimento no ar de que ainda estamos engatinhan- do quando o assunto é o relacionamen- to com o cliente/consumidor. Pelos núme- ros da pesquisa da Abrarec para mapeamento do setor de relacionamento em 2006, o uni- verso de brasileiros ligados direta ou indire- tamente a esse mercado beirava quase um mi- lhão de pessoas. Esse número ultrapassa o setor da constru- ção civil, que sempre foi o que mais empregou no país. Tudo muito lindo quando apontamos esses volumes e imaginamos que temos tantas mentes, tantos ouvidos e tan- tas bocas para melhorar e fa- zer crescer esse relacionamen- to. Mas a história não é bem essa, e quando nos deparamos com a realidade tudo é muito diferente. Basta nos colocarmos na posição de consumidor para que a nossa decepção não tarde a aparecer. A relação entre empresas e consumidores não equilibra a balança. São in- termináveis dificuldades de contato, várias re- petições da nossa necessidade para sistemas que não se conversam e por aí afora. A Em um país de 190 milhões de habitantes, os inves- timentos em busca das melhores práticas de atendimen- to se diluem, e no final não sentimos que houve evolu- ção. E fora do Brasil, a situação é diferente? Infeliz- mente, não. Vê-se, como aqui, muito discurso e pouca ação. Nos Estados Unidos fica a sensação de que as empresas não vendem, somos nós que compramos! E depois eles vêm vender know-how para nós. E pasmem: muitas empresas ainda acham que isso é que vale. Lendo um artigo sobre o que é importante para construir relacionamentos sólidos, duradouros e ren- táveis, concluí, mais uma vez, que não existe fórmula mágica que faça com que da noite para o dia os resul- tados apareçam. É preciso que cada colaborador saiba que essa relação dá trabalho, requer cuidado e zelo. Na relação corporativa não há di- ferença, afinal é preciso que esse cli- ente/consumidor goste tanto de nosso produto ou serviço a ponto de investir seu tempo, lazer, dinheiro, enfim, seus desejos e expectativas no nosso negócio. Quando investimos nosso tempo, dinheiro e atenção em busca de diferen- ciais concretos, temos aí toda a diferença. E os frutos certamente aparecem. Em um país de 190 milhões de habitantes, os investimentos em busca das melhores práticas de atendimento se diluem E por falar em relacionamento Beatriz Cullen Diretora executiva da Associação Brasileira das Relações Empresa-Cliente (Abrarec)
  • 18. ENTREVISTA 18 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS Número 30 – Outubro 2007 E N T R E V I S TA Joal Teitelbaum Fotos: Lúcia Simon
  • 19. 19 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS ENTREVISTA Número 30 – Outubro 2007 B&S O PGQP está completando 15 anos. Como foi a evolução do programa ao longo desse período? Teitelbaum O PGQP surgiu em 1991. Já havia no Rio Gran- de do Sul um núcleo forte preocupado com qualidade, capi- taneado por Jorge Gerdau, que fazia viagens ao Japão com essa preocupação. Na medida em que avançava o programa brasileiro, avançava também o PGQP, que nasceu de uma par- ceria do Estado com o setor privado e permaneceu assim até o governo Olívio Dutra, quando a orientação mudou. Na- quele momento, o PGQP buscou inclusive uma outra posi- ção geográfica, constituindo a Associação Qualidade-RS, uma entidade da sociedade civil. Desde então, o PGQP foi cres- cendo em relação tanto aos setores empresa- rial e público, quanto no terceiro setor. Em 2004, foi assinado um termo de acordo com o governo para que o PGQP realizasse traba- lho também na gestão pública, o que foi man- tido no governo atual. Houve um momento em que o programa esteve fortemente volta- do ao interior do Rio Grande do Sul; em 2002 começou a buscar espaço fora do Estado, con- solidando essa posição em 2005, quando foi praticamente considerado o representante do setor privado do Brasil na American Society for Quality e na rede mundial da qualidade. Em 2006, o PGQP passou a atuar mais forte- mente com a Academia Internacional da Qua- lidade, que reúne os maiores expoentes do segmento. Hoje o programa tem atuação vol- Joal Teitelbaum O Programa Gaúcho da Qualidade e Produtividade (PGQP) já fez história no Estado, auxiliando na gestão de empresas e governos. Joal Teitelbaum, presidente do Conselho Diretor do PGQP, conta um pouco dessa trajetória e narra os novos objetivos da entidade Pessoas e sistemas de qualidade
  • 20. ENTREVISTA 20 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS Número 30 – Outubro 2007 B&S Essas ferramentas podem ser aplicadas tanto para gestão privada quanto pública? Teitelbaum Exatamente. Se você pegar todos os elementos da qualidade, há aqueles que são os potenciais e extremos da cadeia. Os princípios da qualidade são da mesma maneira para o setor público, para o setor privado ou para o terceiro setor. São imutáveis e se adaptam ao cenário. B&S Como empresas de porte menor podem atingir os princípios da qualidade total? Teitelbaum A complexidade está em não entender o que são os fundamentos da qualidade. Sendo micro, pequena, média ou grande, o necessário é que a liderança esteja comprometi- da com a qualidade. Se houver comprometimento, não im- porta o tamanho da empresa. Qualidade hoje é uma commodity, que custa barato e dá lucro. B&S Existe um conceito de qualidade total? Teitelbaum O melhor conceito é o de melhoria contínua da qualidade total. Não se atinge uma qualidade total, ela é sem- pre um desafio. Aquilo que hoje é a qualidade total, amanhã deixa de ser. Não é um fator estático. B&S Há como apontar elementos que já foram consi- derados de qualidade total e hoje perderam esse título? Teitelbaum Quando o computador surgiu na indústria au- tomobilística, houve o comentário de que a robótica iria subs- tituir os trabalhadores. Achavam que o ser humano atingira a qualidade total através da máquina e que o trabalho repeti- tivo estaria superado. Por que a indústria automobilística ja- ponesa cresceu e fez frente à americana? Porque os japone- “Os princípios da qualidade são os mesmos para o setor público, para o setor privado ou para o terceiro setor.” tada para o Estado, o Brasil e o exterior, en- volvendo mais de 1 milhão de pessoas. B&S Em determinado período o PGQP recebeu o aval para lidar com a gestão pública... Teitelbaum Não foi um aval, mas um acor- do. O termo de convênio foi assinado em 2004, quando se começou a estudar o Orça- mento Matricial da Despesa e o Orçamento Matricial da Receita.
  • 21. 21 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS ENTREVISTA Número 30 – Outubro 2007 ses não dispensavam a inspeção visual do trabalhador, do ser humano. Ele é que balizava o trabalho. Em qualquer pro- cesso de qualidade as pessoas e a visão sistêmica são os fun- damentos básicos. Na construção civil, quando criaram con- creto armado acharam que aquilo era a qualidade total. Aí surgiram as estruturas metálicas para os grandes edifícios. A evolução dos processos construtivos é um exemplo. Os con- ceitos de qualidade total também se adaptam às inovações. A qualidade não é um porto onde se chega, é um meio de transporte. No mundo as coisas são criadas, evoluem, são inovadas e aí surgem as mudanças. B&S A qualidade no Brasil é tratada de uma forma di- ferente à de outros países? Teitelbaum Armand Feigenbaum (guru do conceito da Qualidade Total e membro honorário da Academia Internacional da Qualidade)com- para nosso Prêmio Nacional da Qualidade aos prêmios de outros países, como Japão e Estados Unidos. A qualidade no Brasil tem parâmetros parecidos com os desses países. Em alguns segmentos nós estamos muito bem estruturados em programas de qualidade. Em informática, temos produtos que rivalizam com os de fora, assim como o calçado, a construção civil e a produção de grãos, em que há uma logística muito forte. O Brasil talvez ainda não tenha disseminado todo este comprometimento com a qualidade em relação às pequenas empresas. Na Itália, praticamente 93% da economia é emba- sada em micro e pequenas empresas, que possuem índices al- tos de qualidade. No Japão acontece a mesma coisa. Há dez anos ninguém comprava nada da China pela pouca qualidade; hoje o produto chinês adquiriu outro nível. B&S E como estão as empresas gaúchas em relação às dos outros estados brasileiros? Teitelbaum O Estado detém 25% das empresas que ganha- ram o Prêmio Nacional da Qualidade. Em relação à premia- ção do PGQP, são aquelas que mais se aproximam de um programa estruturado de critérios de qualidade. É uma es- calada, que vai da medalha ao nível ouro e ao diamante. Todo o conselho do PGQP exerce trabalho volun- tário, não-remunerado, e a forma com que atua provoca uma irradiação da cultura da qua- lidade muito forte no Estado. Nos contatos que mantemos com a Fecomércio-RS e com a Fiergs formulamos uma meta para que te- nhamos, em cada um dos 496 municípios, pelo “Em qualquer processo de qualidade as pessoas e a visão sistêmica são os fundamentos básicos.”
  • 22. ENTREVISTA 22 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS Número 30 – Outubro 2007 menos uma pessoa comprometida com a qua- lidade. Queremos criar no Rio Grande do Sul uma fortaleza nesse sentido – na verdade, o Estado já é uma fortaleza, porque contém 78 comitês regionais setoriais, tem uma premia- ção que qualifica através de auto-avaliação, de avaliação, de visitas às empresas. O im- portante não é o prêmio que se ganha, e sim o aprendizado que as organizações têm e a resposta que o programa dá a elas, mostran- do seus pontos fortes e os fracos. Esse traba- lho não existe com a mesma profundidade em outros estados. O PGQP tem a vantagem de ser pioneiro, ter começado em 1991. Temos três grandes even- tos anuais , que são as duas Reuniões da Qualidade, em abril e outubro, e o Congresso Internacional da Qualidade. Além disso, o PGQP tem as reuniões estaduais, levando ao interior as definições das reuniões da qualidade de Porto Alegre. É uma máquina de produção, que busca resultados, tendo um trabalho intenso com o governo estadual e um relacionamen- to sério com as entidades empresariais. Há um calendário anual de atividades inovador e permanente. É o trabalho de uma equipe, em função daquela máxima: sozinhos não somos tão fortes, reunidos somos praticamente imbatíveis. B&S Cada vez mais existem ferramentas para medir comportamentos qualitativos. Como isso é possível? Teitelbaum Os critérios de avaliação levam em considera- ção oito ou dez fundamentos. Cada um deles tem um valor, porque o papel aceita tudo. Há visitas, supervisões, monito- ramento. O PGQP não distribui prêmios, mas qualifica para poder dar a premiação. Todos os dados técnicos preenchidos pelas visitas são avaliados dentro de padrões nacionais e inter- nacionais. A qualidade não é uma ferramenta que sirva só para o Brasil ou para certo setor. A qualificação se mede por indi- cadores; caso eles estejam de acordo com os fatores, e os re- sultados estejam acima de tal nível, acaba-se por atingir uma nota. Como são coisas feitas por pessoas, estão sujeitas a equí- vocos. Mas, ao longo da história do PGQP, aquilo que se re- cebeu de questionamento atinge índices muito baixos. Satis- fazer a todos, claro, é muito difícil. B&S Ainda falta alguma coisa em termos de conscienti- zação sobre a qualidade? Teitelbaum Sim. É preciso uma conscientização de todas as lideranças, e não só o líder maior. Os fundamentos da qualida- “O Rio Grande do Sul detém 25% das empresas que ganharam o Prêmio Nacional da Qualidade.”
  • 23. 23 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS ENTREVISTA Número 30 – Outubro 2007 de têm de ser vistos como uma ferramenta indispensável para a evolução da empresa, quer seja prestadora de serviços, go- vernos ou terceiro setor. Muitos empresários estão preocupa- dos com a sobrevivência da empresa. Mas parando um pouco para pensar, esse empresário percebe que o andamento da empresa está muito vinculado ao planejamento estratégi- co. É preciso consciência de que a gestão pela qualidade não é luxo ou modismo, e sim uma questão de sobrevivên- cia no mercado num mundo globalizado. O mercado cati- vo de hoje pode perder essa condição amanhã, porque al- guém pode ver que o vizinho está produzindo e fazer, às ve- zes, melhor e mais barato. B&S Quais são os planos e objetivos do PGQP para os próximos 15 anos? Teitelbaum São metas de melhoria contínua da qualidade, como a de haver em cada município, até 2010, um represen- tante da qualidade. Pretende-se também que o Rio Grande do Sul seja, de fato, o melhor lugar para se viver no Brasil. A nossa ener- gia vai ser focada para transformar esse so- nho em realidade. Pretendemos que a qua- lidade atinja todas as camadas sociais, que o PGQP possa crescer harmonicamente, as- sim como contribuir para que este cenário de dificuldades seja superado e que o Rio Gran- de do Sul, que é o terceiro estado brasileiro em IDH, se torne o primeiro no quesito. Mais importantes do que qualquer projeto são as pessoas e a visão sistêmica.
  • 24. 24 Número 30 – Outubro 2007 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS LEI SECA esmo antes de estar bem forma- tada, a possível Lei Seca estadual chacoalha a sociedade gaúcha. O anteprojeto, elaborado pelo secretário de Segurança Pública do Estado, José Francisco Mallmann, prevê a proibição da venda e do consumo de bebidas alcoólicas em locais pú- blicos de domingo a quinta-feira, a partir da meia-noite, e nas sextas, sábados e feriados, a partir da 1h. A administração da Secretaria explica sua necessidade a partir de números: de acordo com o órgão, 82% dos homicídios entre janeiro e maio deste ano estão relacio- nados à ingestão de bebidas. Embora uma parcela da sociedade apóie e defenda a adoção da lei, alguns segmentos não concordam com a medida. É o caso do Sindi- cato da Hotelaria e Gastronomia de Porto Alegre (SindPoa), cujo presidente, Daniel Antoniolli, alerta para as conseqüências ne- gativas ao segmento: “A restrição vai provo- M Polêmica no bar Anteprojeto do secretário de Segurança Pública do Estado, José Francisco Mallmann, divide opiniões na sociedade e coloca em alerta proprietários e trabalhadores do segmento de bares e restaurantes Pereira acredita que a lei interfere na liberdade de escolha Fotos: Lúcia Simon car problemas como a estagnação do setor e o desempre- go, e deve respingar até no turismo, que se alicerça em setores como gastronomia e vida noturna”. Tal afirmação é corroborada pelo presidente do Sindicato Intermunici- pal de Hotelaria do Estado, Manuel Suarez: “Turistas tam- bém gostam de conhecer a vida noturna e não devem querer tomar chá nesses locais. Talvez fosse possível ter uma tolerância maior com bebidas cujo teor alcoólico é menor”. Apenas na região metropolitana, bares, restau- rantes e hotéis são responsáveis por 60 mil empregos diretos e, com a lei, cerca de 5 mil estabelecimentos se- riam prejudicados. Antoniolli usa o exemplo da Escócia para analisar a ineficiência da legislação. No país europeu, a proibição à venda de bebidas alcoólicas depois de determinado horá- rio foi revogada em 2005, por ter sido comprovado que não auxiliava na redução de acidentes. Além disso, leis
  • 25. 25 Número 30 – Outubro 2007 FECOMÉRCIO– BENS & SERVIÇOS LEI SECA estaduais já existentes – como restrição à venda de álco- ol nas estradas e para menores de 18 anos e a proibição do consumo em postos de combustível – poderiam ge- rar resultados similares: “Se a fiscalização fosse efetiva, elas teriam efeito muito próximo ao que se espera da Lei Seca. Todavia, o governo afirma que não dispõe de efeti- vo suficiente para realizá-la. Se já é assim, como preten- dem fiscalizar o cumprimento da Lei Seca?”. Direitos e deveres Para Antoniolli, a opinião pública se sensibiliza com a medida porque quer mais segurança. De fato, a socie- dade está dividida entre os que apóiam o projeto e os que discordam dele. Para o advogado e músico Gusta- vo Pereira, a norma limitaria as liberdades individuais. “A maioria das pessoas que consomem bebidas alcoóli- Perdas generalizadas Para o presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes do Rio Grande do Sul (Abrasel-RS), Pedro Hoffmann, a Lei Seca deve prejudicar o setor em todo o Estado. B&S Como a associação avalia o anteprojeto da Lei Seca? PH É preciso esclarecer, antes de tudo, que não somos a favor do consumo excessivo de bebidas alcoólicas. Acreditamos que ele deve ser feito com moderação e responsabilidade. Dito isso, existem duas questões a serem analisadas. Primeiramente, a inconstitucionalidade declarada pelo Superior Tribunal Federal de uma lei estadual que regule comércio municipal. Em segundo lugar, a medida esconde um problema de segurança pública. A iniciativa não funcionou em países como Estados Unidos e Inglaterra, e tem potencial para gerar desdobramentos como comércio ilegal de bebidas. Além disso, como não há limitação de consumo, a lei acaba penalizando os comerciantes, que não são responsáveis pelo problema. B&S Existe alguma estatística sobre quanto o setor vai perder em todo o Rio Grande com a aprovação dessa lei? PH Existem 45 mil estabelecimentos, entre bares e restaurantes, em todo o Rio Grande do Sul. Se cada um deles eliminar uma vaga de emprego em função da lei, serão menos 45 mil posições no mercado de trabalho. B&S A Abrasel acredita que existam alternativas para dimi- nuir a criminalidade no Estado? PH São necessárias medidas de prevenção, como blitze, instalação de câmeras de segurança e melhoria da iluminação pública em ruas perigosas, treinamento e aparelhamento da polícia, parcerias entre guardas municipais, polícia civil e brigada militar e a criação de um disque-denúncia eficiente. Isso é muito mais eficaz no combate à criminalidade. No Guarujá (SP), essas medidas foram adotadas e reduziram em 83% os crimes no local. Quem sabe esse seja o verdadeiro caminho. cas não comete os crimes que a lei quer com- bater.” Mas, se a Lei Seca não é o caminho, o que fazer para diminuir a criminalidade? Algumas cidades de São Paulo conseguiram resultados importantes com palestras em co- munidades da periferia, melhor iluminação pública e aumento do efetivo policial, ativi- dades aliadas a campanhas permanentes de conscientização. “Essas ações precisam ter continuidade, não podem ser esporádicas”, alerta Antoniolli, que lembra da necessidade do apoio da mídia e de ONGs, além de asso- ciações de bairro. O importante, destaca Pe- reira, é responsabilidade ao implantar proje- tos. “Essa é uma medida que não pode ser de- cidida como se fosse uma discussão de bar.”
  • 26. CONJUNTURA 26 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS Número 30 – Outubro 2007 C O N J U N T U R A
  • 27. C O N J U N T U R A 27 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS Número 30 – Outubro 2007 xistenteháquase20anos,oMercosulain- da não atingiu o caráter de mercado co- mum, como anuncia seu nome. Instituído oficialmente em 1991, o bloco perdeu a força inicial – que movimentou os caixas da região durante toda uma década – e hoje funciona mais como uma alavanca para o desenvolvimento de cada país do que como uma economia única. Composto por cinco países membros (Brasil, Uruguai, Argentina, Paraguai e Venezuela – que ainda aguarda apro- vação dos parlamentos brasileiro e paraguaio) e cincoasso- ciados (Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Peru), o grupo sofreucomcrisesdediferentesnações,criandoumaespécie deredomainternaqueprejudicaacirculaçãode mercadorias e serviços. “A crise pela qual pas- sou a Argentina foi uma das mais graves, dando origem a ações protecionistas de todos os la- dos”, aponta o professor Raul Enrique Rojo, da Pós-Graduação em Relações Internacionais da Ufrgs. Segundo ele, outro problema é a dis- crepânciaentreasduplasBrasil-ArgentinaePa- raguai-Uruguai, sufocada pelas economias su- peravitárias dos vizinhos maiores. “Isso sem fa- lar na Venezuela, que apresenta uma economia totalmentediferentedadosoutrosparceiros.É um mercado baseado no petróleo, que tem ou- trotipodeaberturas.” Mercado (quase) Comum do Sul Por MariannaSenderowicz Criado no início dos anos 90 como ferramenta de desenvolvimento para os países membros, o Mercosul ainda não encontrou uma fórmula para o livre comércio. Mesmo assim, em forma de união aduaneira o bloco incrementa a economia da região E
  • 28. CONJUNTURA 28 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS Número 30 – Outubro 2007 rivado da existência do bloco em si do que do cresci- mento desses países”, avalia Alberto Pfeifer, diretor executivo do Conselho de Empresários da América Latina (Ceal). Os primeiros anos do grupo criaram oportunidades que até então não existiam. “Houve um aumento importante nos investimentos, pois várias empresas passaram a atuar tendo por base a região, e não mais os países individualmen- te”, destaca Pfeifer, lembrando que na década de 90 esse processo gerou uma elevação de quatro a cinco vezes no comércio intra-Mercosul. Para Arno Gleisner, diretor de Relações Internacionais da Fecomércio-RS, a evolução das alianças acontece em velocidade muito baixa: “São países de tamanhos e economias diferentes. Claro que a união aumenta o poder dos integrantes, mas negociar em bloco é mais complicado porque exige uma proposta conjunta”. Paralelamente ao desenvolvimento interno, o Mercosul também alavancou investimentos externos. Na opinião do diretor executivo do Ceal, isso se deve principalmente às políticas de estabilização monetária, de privatizações e de abertura geral das economias. “Nesse cenário, o bloco teve papel importante no sentido de oferecer regras comuns e uma direção que os membros viriam a percorrer. Ao firmar regras como o Protocolo de Ushuaia – que dá conta da cláusula democrática –, esses países sinalizaram ao mundo e à sociedade que se comprometiam com regimes demo- cráticos e com a economia de mercado”, analisa. Os empresários já ultrapassam fronteiras. Miguel An- gelo Cabrera, proprietário da Los Corrales, loja de artigos A comparação com a União Européia, re- ferência no mundo todo em alianças político- econômicas, é inevitável: enquanto o bloco europeupossuiumProdutoInternoBruto(PIB) per capita de quase US$ 30, no bloco latino- americano – incluindo os países associados – esse valor não chega aos US$ 7. Para Rojo, faltam órgãos reguladores que controlem as decisões tomadas internamente. “A compati- bilização dos regimes tributários é fundamen- tal.Eaíentraoutrotemapendente:nãoseapro- veitou o momento em que as duas moedas mais importantes do bloco, o peso e o real, estiveram mais próximas.” Conforme Nelson Proença, secretário do Desenvolvimento e dos Assuntos Interna- cionais do Rio Grande do Sul, o Mercosul ainda se encontra no estágio de União Adua- neira incompleta, não tendo conseguido alinhar sua Tarifa Externa Comum (TEC), seus procedimentos aduaneiros e a estru- tura tributária dos governos partes, o que pro- duz um desequilíbrio nas políticas econômi- cas e comerciais e no processo de desenvol- vimento de seus membros. “Diferentemente da União Européia, que possui instâncias su- pranacionais como a Corte de Justiça e o Parla- mento, trata-se de um acordo intergoverna- mental, cujas decisões são tomadas somente pelos governos nacionais.” Estreitando fronteiras Apesar das falhas e das faltas, o resultado tem sido positivo nos territórios ao sul do glo- bo, que se beneficiam com a boa fase da eco- nomia em geral. Fatores como o crescimento da China e da Índia, que são fortes consumi- dores de commodities de bens agrícolas, elevam o preço dessas matérias-primas e beneficiam os produtores locais. “O Mercosul continua sendo um comércio relevante para todos os envolvidos, mas o efeito parece menos de- “O Mercosul ainda não conseguiu alinhar sua Tarifa Externa Comum, seus procedimentos aduaneiros e sua estrutura tributária.” Nelson Proença Secretário do Desenvolvimento e dos Assuntos Internacionais do Rio Grande do Sul Divulgação/Sedai Professor Rojo destaca que o Rio Grande do Sul é estratégico para a consolidação do bloco econômico Lúcia Simon
  • 29. C O N J U N T U R A 29 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS Número 30 – Outubro 2007 Décadas de existência mbora a criação oficial do Mercosul só tenha ocorrido em 1991, os acordos que deram ori- gem ao bloco datam dos anos 80, época de diversos pactos comerciais de integração entre Brasil e Ar- gentina. Menos de uma década depois (1988), os dois países assinam o Tratado de Integração, Coo- peração e Desenvolvimento, com o intuito de esta- belecer um mercado comum entre ambos e a possi- bilidade de adesão de outros países latino-america- nos. Com a adesão do Paraguai e do Uruguai, três anos depois, firmou-se o Tratado de Assunção, que criava o Mercado Comum do Sul com o objetivo de dinamizar a economia regional por meio da movi- mentação interna de mercadorias, pessoas, força de trabalho e capitais. Ao longo da história do bloco, vários acordos e decisões foram sendo colocados em prática, afinando as alianças para facilitar ao máxi- mo a integração. O próximo passo previsto é a cria- ção de um parlamento único, que deve formalizar o poder em um órgão político. E de Vento, zona nobre da capital, atendeu à identificação geográfica: “É uma área que lem- bra muito alguns pontos de Buenos Aires, como a Recoleta e Palermo Viejo”. Visitando a loja brasileira logo após a Ex- pointer 2007, o empresário prorrogou a esta- da no país para avaliar a possibilidade de abrir filiais em Gramado (RS) e Campos do Jor- dão (SP), cidades serranas com um clima que ele caracteriza como acolhedor. Sobre as di- ferenças tributárias, o empreendedor revela que compensa no câmbio. “Os impostos do Brasil são mais altos, mas o real está valendo mais do que o peso, então ainda vale a pena montar um negócio por aqui.” Brasil em foco Em meio à boa fase da economia, o Brasil é a nação mais interessada no funcionamento do Mercosul: ao mesmo tempo em que afirma a nação como líder – trata-se de um país supera- vitário e com a maior população da América do Sul –, amplia o fluxo das exportações, for- temente direcionadas aos países vizinhos. “Mais de 10% das exportações brasileiras vão para o bloco”, afirma o secretário Proença. Com o maior Produto Interno Bruto (PIB) to- tal do bloco – R$ 630,2 bilhões no segundo trimestre de 2007 –, o territó- rio nacional já assume alguns custos que visam à satisfação dos países menores. “Existem algumas concessões para o Uruguai, como a renovação do convênio automotivo e os possíveis empréstimos a em- presas brasileiras que desejam seinstalarnaquelasáreas,além de uma postura tolerante ao aumento nos têxteis”, informa BekyMorondeMacadar,eco- nomista da Fundação de Eco- argentinos localizada em Porto Alegre, está satisfeito com o aprimoramento das relações no bloco. Decidindo expor suas mercadorias na Expointer há quatro anos, nunca mais deixou as terras brasileiras. “A receptividade foi excelente na feira, incentivando a abertura de uma unidade definiti- va”, conta o argentino, que possui seis lojas em seu país de origem – onde atua comercialmente há 28 anos – e já pla- neja investir mais no Brasil. A opção pelo bairro Moinhos “A economia argentina sofreu um baque muito grande nos primeiros anos desta década, se tornando, assim, mais protecionista” Beky Moron de Macadar Economista da FEE Lúcia Simon Após aprovar a receptividade dos produtos argentinos no Rio Grande do Sul, Miguel Cabrera instalou sua loja em Porto Alegre Lúcia Simon
  • 30. CONJUNTURA 30 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS Número 30 – Outubro 2007 Principais Blocos Econômicos no Mundo nomia e Estatística do Estado (FEE). Segundo ela, pode ser destacada também a iniciativa de regularizar o ofício dos sacoleiros que trazem produtosdoParaguaicomainstauraçãodeuma tarifa alfandegária. “A medida pode causar des- contentamento aos brasileiros, mas beneficia o Paraguai, que também quer se sentir protegi- do na medida em que, se existe uma demanda permanente para o Brasil, garantem-se empre- gos aos trabalhadores paraguaios.” Devido a sua posição geográfica, o Rio Grande do Sul corresponde ao maior repre- sentante brasileiro no Mercosul. Possuindo fronteirasdiretascomArgentinaeUruguai,tra- ta-se da região que mais tem se destacado na circulação de pessoas e de mercadorias, apesar dos pro- blemas em estradas e portos. “O Porto de Rio Grande, por exemplo, deveria ser o porto de águas profundas de todo o bloco”, acredita o professor Rojo, da Ufrgs. Independentemente das dificuldades estruturais, qua- se 15% das exportações gaúchas vão para países do Mer- cosul, segundo dados da Secretaria do Desenvolvimento e dos Assuntos Internacionais (Sedai). “A corrente de co- mércioentreRioGrandedoSuleMercosulcresceu26,17% entre 2005 e 2006, enquanto o aumento no Brasil foi de 22,09 %”, acrescenta Proença. A integração regional é con- siderada positiva pelo dirigente, que enfatiza a modifica- ção do perfil econômico estadual: “Sendo o centro geo- gráfico do bloco, o Estado atraiu novos investimentos, que permitiram a diversificação da indústria e o aumento de sua “As barreiras não- tarifárias, uma chaga existente entre os países do Mercosul, são um desvirtuamento do propósito do livre comércio.” Alberto Pfeifer Diretor executivo do Conselho de Empresários da América Latina Divulgação/Ceal
  • 31. C O N J U N T U R A 31 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS Número 30 – Outubro 2007 estrutura. Esses investimentos ocorreram graças à geogra- fia política, à estabilidade monetária no âmbito nacional e à consolidação do bloco no contexto internacional”. As boas relações têm gerado frutos para todos os lados. Mesmo se tratando dos vizinhos menores, o co- mérciocomoRioGrandedo Sul representa importante fatia de suas economias. Conforme o representante da Sedai, enquanto no ano passado o Uruguai era o 31º país que mais recebia expor- tações brasileiras e o 32º em importação, quando calcula- dos em relação ao Rio Gran- de esses postos caem para 2º e 1º, respectivamente. “Mais de 25% das importa- ções gaúchas são provenien- tes do Uruguai”, comenta. Empolgado pelo cenário comercial entre as duas regi- ões, o empresário gaúcho WilsonZanattaplanejainves- tir US$ 30 milhões na im- plantação de uma fábrica da indústria Bom Gosto no Uruguai, a primeira do setor Sobre o Mercosul O Mercado Comum do Sul reúne países de diferentes lín- guas, culturas e situações econômicas. Veja algumas informa- ções sobre o bloco. Somando as áreas dos cinco países membros, a região possui um território de mais de 12 milhões de quilômetros quadrados A população total ultrapassa os 365 milhões de habitantes Não existe uma moeda única para os integrantes do grupo, sendo utilizados o peso argentino, o peso uruguaio, o real, o guarani e o bolívar venezuelano nacional de laticínios a se instalar naquele país. Conforme Zanatta, a decisão objetiva abrir um novo caminho para o mercado de leite brasileiro, que ainda tem sua área de atua- ção restrita a consumidores internos e de pou- cos países. “A atividade leiteira uruguaia é mais desenvolvida que a brasileira, e de lá pretende- mos exportar para diversas regiões. Assim, podemos contribuir para o desenvolvimento desse segmento como um todo”, explica. Com matéria-prima mais barata e tecno- logia especializada, o presidente da Bom Gosto conta que a qualidade do leite uru- guaio é superior, diferencial que pretende transferir para os artigos brasileiros. “A pro- dução da nova fábrica não vai substituir nada do que já foi feito no Brasil, apenas agregar valor”, ressalta. Na opinião do empresário, a proximidade entre as regiões constitui-se em vantagem competitiva. “Viajando de carro, por exemplo, é mais rápido chegar ao Uru- guai do que a Minas Gerais, onde também possuímos uma unidade”, brinca. A nova fá- brica deverá ficar pronta no final de 2008, operando com 200 mil litros por dia e ge- rando 300 empregos diretos. Após três ou cinco anos de funcionamento, a meta é pro- duzir 1 milhão de litros. Diego Vara/Bom Gosto O empresário Wilson Zanatta aposta na fábrica do Uruguai para diversificar e ampliar a produção da Bom Gosto
  • 32. 32 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS SAIBA MAIS Número 30 – Outubro 2007 Telefonia Um projeto de lei que tramita na Câmara dos Deputados pode fazer com que as prestadoras de telefonia fixa brasileiras sejam obrigadas a manter postos de atendimento ao público – com serviços de balcão – nas localidades atendidas por elas. Se aprovado como substitutivo, o PL 4710/01, de autoria do deputado Pedro Henry (PP-MT), fará com que seja instalado um posto de atendimento para cada grupo de 20 mil telefones efetivamente ligados, com distância máxima de cinco quilômetros entre cada localidade e o posto mais próximo. O texto admite o compartilhamento desses serviços pelas prestadoras locais e de longa distância. e m t e m p o Compras sofisticadas e com emoção Ouvidoria Desde setembro, todas as instituições financeiras e demais empresas autorizadas a funcionar pelo Banco Central precisam contar com um serviço de ouvidoria para atender às sugestões e reclamações do consumidor. A decisão faz parte da resolução 3.477, publicada pelo órgão em 26 de julho com o objetivo de dar maior transparência nas operações e de ampliar as garantias dos clientes. A nova regra institui que o serviço seja disponibilizado pelos canais de comunicação utilizados para difundir os produtos e serviços da instituição, como a internet e o telefone. A íntegra da resolução está disponível no site www.bcb.gov.br, link “Legislação e normas”. CFOs Conforme pesquisa realizada pelas consultorias brasileiras IT Mídia e Direkt, 87,7% dos diretores de Finanças brasilei- ros possuem título de pós-graduação, principalmente nas áreas de Administra- ção, Finanças e Economia. Aproximada- mente 32% dos CFOs (Chief Financial Officer, em inglês) no país têm 40 anos, enquanto 41,5% estão entre os 41 e os 50 anos. As principais dificuldades apontadas pelos entrevistados são: necessidade de atuação como apoio à estratégia, gestão de pessoas e tomada de decisões (70,8%); mudança de perfil dos profissionais de finanças com maior capacidade de análise e julgamento (61,5%); sobrecarga de trabalho (55,4%); demanda cada vez maior por informações e relatórios detalhados (47,7%) e dificuldade em lidar com as estruturas matriciais (44,6%). Entre os assuntos mais presentes nas agendas dos executivos estão a otimiza- ção de processos (83,1%), treinamento e qualificação de equipes (72,3%) e investimento em TI (67,7%). Mais informações na edição 26 da B&S OBrasil é o segundo maior mercado do consumo de luxo das Américas, fican- do atrás apenas dos Estados Unidos. De acor- do com pesquisa da MCF Consultoria & Co- nhecimento, entre 2005 e 2006 o crescimen- to anual desse segmento foi de 17% no país. Para este ano, o comércio de luxo deve cres- cer cerca de 10% na comparação com o ano passado, movimentando aproximadamente R$ 4,4 bilhões. No mundo todo, esse setor da economia fatura mais de US$ 400 bilhões por ano. No Brasil, a movimentação chega a US$ 3,9 bilhões, sendo que São Paulo respon- de por 72% dessa fatia. Segundo informações da MCF, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Distri- to Federal, Curitiba, Belo Horizonte, Recife e Florianópolistambémfiguramcomoimportan- tes cidades no quesito consumo de luxo. Pixel Perfect Digital
  • 33. 33 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS Número 30 – Outubro 2007 SAIBA MAIS e u r e c o m e n d o Tecnologia I O Brasil é o segundo país com maior quantidade de habitantes no Second Life, portal de internet em três dimensões que vem causando uma revolução no mundo digital. Conforme estatísticas divulgadas pela Linden Lab, empresa norte-americana que criou o site, em julho o Brasil possuía 8,55% das contas ativas do Second Life, perdendo apenas para os Estados Unidos, que concentravam 26,55% dos registros. O Second Life Brasil foi lançado em abril, e em apenas quatro meses a posição do país no ranking de número de avatares (nome dados aos personagens do portal) pulou de oitava para segunda, com a efetivação de 480 mil novos cadastros. Para conhecer o Second Life acesse www.secondlifebrasil.com.br. “Paixão, sexo e um texto primoroso embalam os quatro romances curtos (Justine, Balthazar, Mountolive e Clea) da obra-prima do britânico Lawrence Durrell, O Quarteto de Alexandria. Na mesma linha, do elogio do amor, indico O Passado, do argentino Alan Pauls. Se restar fôlego, vale uma espiadela nos dois últimos livros de Philip Roth, O Animal Agonizante e O Homem Comum. Falam das histórias de nossas vidas, guiadas por paixões e arrependimentos e, sobretudo, o medo e a inevitabilidade da morte.” Klécio Santos Jornalista Tecnologia II Levantamento feito pelo Instituto de pesquisas on-line Qualibest aponta que 80% dos usuários ativos no Second Life têm a intenção de comprar produtos e serviços da vida real nesse ambiente virtual. Segundo a pesquisa, realizada com 850 internautas de todo o Brasil, os produtos com maior interesse de compra são livros e CDs (71%), eletrônicos (65%), roupas (51%), computadores (36%) e apartamentos (18%). Mais de 70% dos entrevistados possuem alguma familiaridade com o portal, mas somente 4% se dizem usuários ativos – que navegam pelo menos uma vez por semana. Mesmo assim, 14% dos participantes afirmaram que o portal em três dimensões deverá registrar crescimento nos próximos anos, aumentando os lucros de quem já começou a explorá-lo financeiramente. Meio ambiente Na opinião dos consumido- res brasileiros, setor químico, centrais nucleares e produtoras de carvão são os três segmentos que mais prejudicam o meio ambiente. Conforme pesquisa realizada pelo instituto de pesquisa Market Analy- sis, esses segmentos foram citados por 78%, 77% e 74% dos entrevis- tados, respectivamente. Em seguida aparecem as petroleiras (69%) e as mineradoras (67%). Ainda segundo o estudo Monitor de Reputa- ção Empresarial, realizado anualmente desde 2003, montadoras de automóveis (61%), empresas de alumínio (53%) e fornecedoras de gás natural (47%) também são consideradas responsáveis pela degradação do planeta. O mercado de informática e de TI e o financeiro ocupam as últimas posições, com 31% e 19% das citações. N ik sa A rn e/ S to ck .x ch ng Arquivo pessoal
  • 34. RELIGIÃO Núme ro 30 – Outubro 2007 34 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS Questionado por alguns, o comércio de itens religiosos é uma realidade lucrativa, que tem destaque no setor. Há, também, quem promova a prática como forma de conhecer e reafirmar a crença na religião nos negócios rática comum desde, pelo menos, a Ida- de Média, o comércio de itens religio- sos ganhou credibilidade ao longo dos séculos, passando a ser um importante setor da economia. Apenas no Rio Grande do Sul, o percentual de pessoas que seguem alguma religião chega a 95% dos habitantes do Esta- do, de acordo com o Censo do Instituto Bra- sileiro de Geografia e Estatística (IBGE) pu- blicado em 2000. Seja em datas específicas do calendário religioso, seja por curiosidade em descobrir mais sobre sua crença, esse público dá trabalho – e lucro – para o comércio. Fé em Deus e Segundo dados da Secretaria Municipal da Indústria e Comércio de Porto Alegre (Smic), existem 141 estabe- lecimentos do segmento na capital, uma média de cinco por bairro. Independentemente do credo, há produtos em abundância para celebrar e estampar a fé dos devotos. Livros, CDs, vídeos, cartões, imagens, jóias e medalhas são apenas alguns dos itens à disposição, sem contar rou- pas, materiais de escritório e, até mesmo, papel higiêni- co: do tradicional ao mais inusitado, vale tudo na hora de expressar a crença. A Paulinas Livraria, tradicional ponto-de-venda de artigos para católicos, atua em Porto Alegre desde 1947. A gerente da loja, irmã Elsa Berta, explica que a entidade comercializa produtos que respondam à realização da pessoa no seu todo. Sua linha de produção atinge a famí- lia, da infância à terceira idade. “Levando em considera- ção o caráter específico da missão da empresa, damos ênfase particular às linhas bíblica, teológica, sociológica e catequética. As formas de apresentação dos produtos tam- bém são diversificadas: livros, DVDs, CDs, revistas, pôs- teres e cartões de mensagens.” Entre os artigos mais ven- didos, figuram as publicações, especialmente a Bíblia, os títulos Gestão e Espiritualidade, Ser professor e dirigir professores em tempo de mudança, e as revistas Família Cristã, Diálogo e Su- per +, para crianças. Além de oferecer uma programação cultural nas dependências da loja, a Paulinas dispõe, ainda, de cartões fidelidade para clientes preferenciais. Outro público que vem crescendo é o evangélico. De acordo com dados do IBGE, sua participação na socieda- de brasileira aumentou 70% nos últimos dez anos, repre- P Na Luz e Vida, bíblias com capas diferenciadas alavancam vendas Lúcia Simon
  • 35. 35 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS RELIGIÃO Número 30 – Outubro 2007 Valter Campanato/ABr sentando, atualmente, mais de 15% da população. Esse nicho encontra artigos em locais como a livraria Luz e Vida, administrada pela editora de mesmo nome. Lá, se- gundo Elisangela Luchis, responsável pelos produtos da Editora Luz e Vida, é possível encontrar mercadorias que divulgam mensagens cristãs, por meio de livros de várias editoras, CDs, DVDs, confecções e itens de papelaria. Há também uma linha exclusiva para as crianças, com os personagens Smilingüido e sua Turma e Turminha Queru- bim. “A editora teve um crescimento de vendas no se- gundo semestre deste ano devido ao lançamento de di- versos produtos, como as bíblias com capas diferenciadas e material de papelaria, além de parcerias com distribui- dores. Os itens mais comercializados são agendas, DVDs, livros e confecções”, conta Maria Claudia Lara da Costa, coordenadora de Marketing da empresa. Comprar com fé Outra característica desses empreendimentos é a tra- dição: muitos deles existem há bastante tempo e são refe- rência na hora de comprar algum item. É o caso da Flora Rainha do Mar: com cerca de 50 anos de funcionamento no Mercado Público de Porto Alegre, a loja vende desde imagens até produtos de bazar. O gerente do estabeleci- mento, Cláudio Júnior, afirma que os mais vendidos são velas, incenso e chás. “Apesar de atendermos público de todas as religiões, nossas vendas aumentam consideravel- mente em datas como dias de Iemanjá e Oxum”, conta. Outras religiões também contam com lo- cais especializados. Judeus praticantes podem comprar alimentos típicos de algumas festas em lojas especiais, por exemplo, e mesmo as livrarias tradicionais disponibilizam literatura voltada para certos credos. O resultado é tão interessante que empresários não ligados à área andam prospectando mercado: na mais recente edição da ExpoCatólica, que ocorreu no mês de agosto em São Paulo, houve ex- pressivo aumento do número de lojistas des- vinculados do nicho que visitaram a feira. De acordo com a organização, lojistas de suveni- res, lojas de departamentos e presentes em geral têm se interessado cada vez mais pela venda de produtos com motivos religiosos. Embora condenado por alguns, esse tipo de comércio é visto como uma forma de rea- firmação da fé por outros. “As pessoas procu- ram saciar a sua sede em conhecer tudo aqui- lo que diz respeito a sua fé, não importando a religião em que elas acreditam. É uma cons- tante a busca de crescimento pessoal e espiri- tual”, afirma irmã Elsa. Para as representantes da Luz e Vida, a motivação religiosa faz com que os consumidores busquem produtos que os diferenciem e evidenciem a sua fé, geran- do o fortalecimento da fé em si. O Papa é Pop inda que não seja tão carismático quanto seu antecessor, Bento XVI mobiliza as massas por onde passa. E não foi diferente em sua estada no Brasil, ocorrida em maio deste ano. A visita, que teve, entre os compromissos, a canonização de Frei Galvão, movimentou o comércio de itens ligados às duas figuras em todo o Brasil. Os livros escritos pelo ex-cardeal Joseph Ratzinger tiveram suas vendas elevadas em até 50%, e imagens e medalhas do primeiro santo brasileiro podiam ser adquiridas em qualquer esqui- na. Além disso, o turismo recebeu impulso importante, atingindo inclusive localidades que ficaram de fora do itinerário papal, mas que serão palco de beatificações até o final do ano. A
  • 36. SOLTEIROS 36 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS Número 30 – Outubro 2007 plural universitária Deisy Piaia tem 20 anos e saiu da casa dos pais há cerca de três. Morando inicialmente sozinha, hoje ela divide apartamento com amigos, mas isso não significa aumento nos gastos: seu consumo é individual. Por esse motivo, ela sempre dá prioridade a produtos em porções menores. “Quando existem embalagens assim é mais vantajoso, pois passo pouco tempo em casa e almoço no trabalho, restando consumir pro- dutos práticos e individuais. Além disso, o Eles têm dinheiro, paciência e sabem o que querem. O público single vem crescendo no país e se torna, a cada dia, um nicho mais interessante para investimento das empresas de todos os setores Singular no cardápio também varia e comprar produtos fracionados ajuda a ir experimentando coisas novas.” Deisy faz parte de um estilo de consumidor que vem chamando – e muito – a atenção do mercado: o chamado single. O termo, que significa solteiro em português, de- signa uma parcela importante da população: segundo da- dos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as unidades unipessoais existentes no país soma- vam, em 2005, 6 milhões, o que representa 12% da popu- lação total. A região metropolitana de Porto Alegre é a que concentra maior número dessas unidades: 15% do to- tal de domicílios. Esse tipo de público engloba solteiros, descasados e viúvos, com renda, em média, de dez salários mínimos. Além disso, a maior parte tem curso superior. Outra característica do grupo é a disposição ao ad- quirir produtos e serviços: crítico e exigente, prioriza o bom atendimento e demonstra paciência na hora das com- pras, sem contar que costuma consumir itens mais sofis- ticados, em especial quem ainda mora com os pais, visto que suas despesas são muito baixas. No entanto, não é um cliente fiel, e precisa de bons motivos para se tornar. Muitas empresas, especialmente da indústria, já per- ceberam o potencial do setor. O comércio de bens e de A Fotos: Lúcia Simon
  • 37. SOLTEIROS 37 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS Número 30 – Outubro 2007 serviços também já começa a se fazer atento para essa fatia de público. O investimento teve início com a defini- ção de uma data comemorativa: a partir deste ano, o ca- lendário do comércio conta com o 15 de agosto como o Dia do Solteiro. Mesa para um Estudos da Nielsen Brasil demonstram que, entre 1981 e 2004, as famílias unipessoais cresceram de 6% para 10%, sem contar pessoas que dividem a casa, mas têm consu- mo individual. O poder mudou de mãos: o consumidor exige o que quer, quando, onde, por quanto e do tama- nho que quer. Com base nisso, algumas categorias tive- ram crescimento contínuo, como as de produtos de higie- ne e beleza. A que se adaptou melhor e mais rapidamente, no entanto, foi a da indústria de alimentos. Pão integral vendido em embalagem de três fatias, champanhe e vinho em garrafas de 200 mililitros, queijo embalado em porções independentes, geléia miniatura de 28 gramas e até carnes em embalagens individuais são al- guns exemplos do que se encontra atualmente nas gôn- dolas dos supermercados. Para divulgar os produtos, vale de tudo. A Marilan, empresa paulista fabricante de bis- coitos, acompanha esse mercado há cerca de dez anos e trabalha com, pelo menos, três itens direcionados ao pú- blico single. “Procuramos divulgar os produtos em locais de freqüência dessas pessoas, como faculdades e cinemas. Além disso, fazemos um trabalho de exposição e venda em pontos especiais dentro das lojas, por exemplo, com displays nos caixas de supermerca- dos”, conta o gerente de Marketing, Nicanor Guerreiro Filho. Sem divulgar a porcentagem de participação dos itens no lucro da empresa, Guerreiro Filho comenta que o consumo desse público vem au- mentando de importância gradativamente e, por conseqüência, o consumo de uma série de produ- tos. “A maior demanda é por unidades de venda menores, práticas e possíveis de serem consumi- das pelas pessoas fora de casa, ou seja, ‘portáteis’.” Deisy, fiel consumidora desse tipo de embalagem, ressalta outra característica importante. “Existem produtos cuja data de validade tende a expi- rar antes do consumo total.” Quem não casa também quer casa Outro dado que a Nielsen fornece diz respeito à diminuição de tamanho de quase tudo: desperdício, produtos, embalagens, consumo, formatos de varejo e, até, de mora- dias. Embora ainda seja um mercado inci- piente (representando entre 3% e 5%, de acordo com dados do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Rio Grande do Sul), em todo o país começam a ser construídos condomínios específicos para o público sin- gle, que dispensam áreas como playground e piscina infantil e dão ênfase para espaços de convivência como salas de ginástica, sauna e salão de festas. “Essas pessoas procuram imó- veis pequenos, com um ou dois dormitórios, e também dão preferência para espaços como lofts e apart-hotéis”, explica Gilberto Cabe- da, vice-presidente de comercialização do Secovi/Agademi, sindicato gaúcho da habi- tação. Ele conta que esse tipo de imóvel dis- pensa, também, instalações para empregada, visto que solteiros costumam contratar faxi- neiras ou diaristas. Deisy sente falta de produtos de limpeza em embalagens menores
  • 38. SOLTEIROS 38 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS Número 30 – Outubro 2007 Outra característica importante dos imó- veis para solteiros é a localização. Segundo Cabeda, eles procuram produtos em locais centrais, com fácil acesso a serviços, como res- taurantes, supermercados e lojas. O que tem acontecido, pelo menos na capital gaúcha, é que bairros com essa infra-estrutura não ofe- recem tantos apartamentos menores. “O Moi- nhos de Vento, por exemplo, é bastante pro- curado, mas os empreendimentos na área são, na maioria, de três dormitórios”, exemplifica o representante do Secovi. Em busca de comodidade O setor de serviços também anda inves- tindo para atrair esse nicho de cliente. No turismo, por exemplo, são oferecidos pacotes especiais, que priorizam atividades de lazer e cultura. Também bares e restaurantes apostam em produ- tos diferenciados. É o caso da rede Lig Lig, de culinária chinesa, que, desde 2005, oferece aos clientes embala- gens para consumo individual. “Na época, cresceram as solicitações para que os pratos tivessem a opção de por- ções individuais”, relembra a gerente de expansão de fran- quias Anny Araújo. De lá para cá, todos os pratos do car- dápio passaram a oferecer essa opção, que corresponde, em média, a quase 25% do faturamento da empresa. Anny conta ainda que são enviados para a casa dos clientes fôl- deres com opções de prato, com sobremesa e bebida, tudo na medida para quem mora sozinho. “Também estamos lançando as entradas em embalagem individual.” Às vezes, a própria legislação dá uma mãozinha. Deisy comemora a lei que permite a compra de medicamentos fra- cionados, mas ainda sente falta de alguns produtos. “Macar- rão, arroz, sorvete e produtos de limpeza poderiam ser for- matados para o consumo individual.” Alguém se habilita?
  • 39. R E G I Ã O S U L 39 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS Número 30 – Outubro 2007 m todo o mundo, o setor terciário da economia vem dando mostras de fôlego: é o que mais cres- ce anualmente e também o que mais emprega. Essa tendência, que deve se aprofundar nos próximos anos, fica evidente no levantamento Sul Emergente – As 300 empresas que pedem passagem, realizado pela Pricewa- terhouseCoopers para a revista Amanhã. Nele, estão lis- tadas as 300 corporações que aparecem logo atrás das 500 maiores da região Sul e que têm potencial para, em breve, figurar no primeiro escalão da economia regional. O setor de serviços recebe destaque: 155 das em- presas fazem parte desse nicho, sendo 39 gaúchas, dos segmentos educacional, imobiliário, financeiro e hote- leiro, entre outros. A explicação para isso pode estar no fato de esses empreendimentos necessitarem de menor infra-estrutura e terem custos mais modestos. As empresas situadas entre as posições 501 e 550 do ranking têm mais chances de, em curto espaço de tem- po, figurar na listagem principal. Dessas, 17 são gaúchas, com sete na área de serviços (confira quadro). O que tam- bém pode impulsionar a subida rumo ao topo do ranking são processos de fusões e aquisições, muito freqüentes no setor, especialmente no que tange às financeiras. Outro segmento com boas perspectivas é o imobiliá- rio, que vive, atualmente, um momento rentável. Na outra ponta Na contramão dos serviços, aparece o setor primá- rio da economia, que emplacou apenas dez empresas dentre as 300 que pedem passagem. Não importando o segmento, no entanto, as emergentes apresentam ca- racterísticas que entusiasmam: sua taxa média de au- E mento da receita foi 20% maior do que a das empresas do “primeiro escalão”, por exemplo, ficando em 30,7%. Porém, quando o assunto é equilíbrio das contas, as menores têm mais di- ficuldades para encontrá-lo: 67,6% do total ti- veram lucro em 2006, enquanto entre as 500 esse percentual ultrapassa os 80%. As empresas são avaliadas por indicador criado pela revista em parceria com a Price, re- sultado da média ponderada resultante dos fa- tores patrimônio líquido, receita bruta e lucro líquido. Foram consultadas empresas que divul- garam publicamente seus balanços em 2006. Explorando potencialidades O setor de serviços no Sul vem ganhando força e algumas empresas já demonstram potencial para figurar entre as 500 maiores da região Elas vêm com tudo Essas são as empresas de serviços gaúchas mais bem posicionadas entre as emergentes – e prometem chegar rapidamente ao rol das maiores da região Sul. Portocred S.A. (503ª) Grupo Editorial Sinos (508ª) Aplub Capitalização S.A. (510ª) Grupo Plaza (519ª) Grêmio Football Porto Alegrense (528ª) MBM Previdência Privada (545ª) Instituto Pobres Servos da Divina Providência (548ª)
  • 40. GASTRONOMIA Núme ro 30 – Outubro 2007 40 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS Alunos do Senac-RS vencem competição internacional de gastronomia realizada no Uruguai, mostrando para o mundo que o Brasil e o Rio Grande do Sul são terreno fértil para a formação de novos chefs de cozinha de prato oi uma alegria geral: quando começaram a anunciar os vencedores da terceira Olimpíada Estudantil Americana de Gastronomia, promovida durante o Uruguay a la Carta, os integrantes da equipe brasileira não esperavam uma boa colocação. “Achávamos Gaúchos bons que a apresentação do nosso prato não nos colocaria nem em terceiro lugar”, relembra Ana Loureiro, docente dos cursos de gastronomia da Fatec de Porto Alegre. A auto- crítica era típica de uma equipe que já está acostumada a enfrentar júris severos, se destacando entre as melhores do país. O resultado, como de costume, foi bastante po- sitivo: os alunos do Senac-RS, Wagner Coelho, Gabriela Germani e Luiza Feier, ficaram em segundo lugar, apenas um ponto atrás da escola chilena Inacap. A boa colocação é resultado de muito trabalho, iniciado há quase um ano. O convite para participar da competição internacio- nal representando o Brasil chegou como reconhecimen- to, em outubro do ano passado, pela Associação Brasilei- ra da Alta Gastronomia (Abaga). A entidade organiza, em parceria com o Senac nacional, um concurso para alunos da área em todas as unidades da federação. “Como ven- cemos as três últimas edições do evento, a Abaga nos con- vidou para a competição no Uruguay a la Carta”, conta Úr- sula Juliane Silva, coordenadora dos cursos de Gastrono- F O júri se deliciou com os pratos apresentados na competição Fotos: Fernanda Romagnoli
  • 41. 41 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS GASTRONOMIA Número 30 – Outubro 2007 mia da Fatec. Teve início a definição de um processo seleti- vo para ver quem integraria a equipe enviada ao Uruguai. A seleção começou em maio, foi dividida nas catego- rias cozinha e sobremesa e teve três fases: na primeira, os candidatos tinham que apresentar uma ficha técnica com foto de um prato específico. Na segunda, os selecionados executaram o prato para uma comissão julgadora, forma- da por professores da escola. Nessa fase, a representante da categoria sobremesa já foi definida: Luiza Feier. Por último, sete alunos participaram da terceira fase, na qual receberam uma caixa surpresa, com 30 ingredientes, e ti- veram que formular e executar uma receita utilizando, pelo menos, metade dos itens. Formada a equipe, foi realizado um treinamento de qua- tro semanas com os alunos, para prepará-los para a compe- tição. Durante o processo, a docente Ana percebeu uma integraçãoimportante.“Elestêmqualidadespontuaisesou- beram percebê-las e aproveitá-las. Os próprios juízes fica- ram impressionados com a harmonia do trabalho dos três.” Mãos pra que te quero A apresentação da equipe gaúcha começou ao meio- dia e foi até as 16h30min. Cada representação recebeu uma caixa com ingredientes surpresa, e teve que preparar uma entrada, um prato principal e uma sobremesa. Os juí- zes avaliaram desde postura, raciocínio e criatividade na utilização dos itens até higiene, técnica, desenvoltura, vi- sual e sabor. Embora a aparência do prato não tenha sido a ideal, os jurados elogiaram muito as práticas de higienização da equipe, tanto do material e da bancada quanto a dos cozi- nheiros. “Nesse quesito, de manipulação segura dos ali- mentos, fomos perfeitos”, comemora Úrsula. O evento, que aconteceu em Montevidéu entre os dias 20 e 23 de setembro, permitiu, ainda, intercâmbio entre os participantes. “Conhecer as experiências de outros países agrega conhecimento e auxilia no desenvolvimen- to da profissão”, avalia Ana. Wagner Coelho, um dos alu- nos que compunham a equipe, também destacou a troca com os outros estudantes. “Percebi em todos uma moti- vação para fazer o melhor que me impressionou e conta- giou. Isso vou levar sempre, na profissão e na vida.” Delícia au chocolat A sobremesa apresentada pela equipe obteve nota dez, sem nenhuma observação por parte dos jurados. A receita é de quatro unidades. Gâteaux de chocolate e caramelo com creme chiboust 1 - Gâteaux 100 gramas de chocolate amargo 100 gramas de açúcar 100 gramas de farinha 40 gramas de manteiga 2 ovos 20 gramas de nozes chilenas picadas Preparo: Bata os ovos com o açúcar. Derreta o chocolate com a manteiga e, depois, adicione a mistura de chocolate nos ovos batidos. Coloque a farinha aos poucos. Feito isso, despeje a massa em forminhas untadas com manteiga e farinha e, depois, coloque as nozes por cima. Leve ao forno por 20 minutos, a uma temperatura de 180 graus. 2 - Caramelo 200 gramas de açúcar 100 gramas de nata 50 gramas de manteiga Preparo: Leve o açúcar ao fogo até caramelizar, e acrescente a nata para deglaçagem. Acrescente a manteiga e mexa até uniformizar, levando ao refrigerador. 3 - Creme chiboust 250 mililitros de leite 2 gemas 20 gramas de farinha 50 gramas de açúcar 20 gramas de maisena 1 clara 20 gramas de açúcar Preparo: Bata as gemas com o açúcar, farinha e maisena. Ferva o leite e vá despejando nas gemas, batendo com um fuet. Volte ao fogo até engrossar e esfrie na geladeira. Bata a clara em neve com o açúcar e incorpore à primeira mistura. Depois, é só montar e servir.
  • 42. C U LT U R A 42 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS Número 30 – Outubro 2007 eguir a carreira artística, pelo menos no Brasil, não é fácil. A primeira impres- são é de que, como em diversos seg- mentos do mercado, há muita gente para pou- co espaço (leia-se oportunidades na grande mídia, que geram trabalhos de expressão, fama s dos amigos Muitas vezes na carreira artística o reconhecimento vem apenas para quem está na grande mídia, independentemente do talento. Circuitos alternativos auxiliam a divulgar novas caras e qualificar a arte e melhores contratos). “Muitos artistas desistem quan- do o que fazem não dá resultado, e vão sobreviver fa- zendo outras coisas. Há, ainda, poucos lugares com con- dições técnicas ideais e os cachês são pequenos”, comenta a cantora e compositora Mônica Tomasi. Embora haja tanta dificuldade, é possível enumerar diversos grupos e artistas com muito tempo de carreira atuando em seus municípios e estados. No entanto, a maioria ainda sofre com falta de divulgação dos traba- lhos junto ao grande público, sedento por novidades. Nesse sentido, circuitos alternativos não apenas dão uma mãozinha para quem está começando, como valorizam talentos locais. “Essas atividades são importantíssimas para o amadurecimento individual dos artistas e a formação de um novo público. A diversidade da cultura produzida fica em evidên- cia e traz benefícios a todos”, ava- lia Mônica. Fazendo a sua parte Algumas iniciativas paralelas a circuitos tradicionais e de reno- me já começam a florescer. É o caso da Bienal B, mostra de artes visuais que está em sua primeira edição, na cidade de Porto Ale- gre. De acordo com Gaby Bene- dyct, artista plástica e organiza- Com ajuda Gaby Benedyct (a terceira à dir.) afirma que a Bienal B serve para dar visibilidade para talentos locais Lúcia Simon