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Capacidade de investimento será o ponto crucial para definir o futuro da
exploração do petróleo no pré-sal. Não por menos este é o tema principal desta
edição da Guiaoffshore Magazine, que surge para reunir numa só revista as
nossas publicações especializadas Produtos&Serviços e Cursos&Carreiras.
Na linha de frente de busca por recursos, a Petrobras se dispõe, no papel, a
investir mais de US$ 220 bilhões até 2014. Mas está de mãos atadas por conta
da capitalização, que ocorrerá a partir da concessão de 5 bilhões de barris pela
União, e é tida como a maior operação do gênero no mundo.
Caso não realize rapidamente este lançamento de ações, a Petrobras terá duas
saídas: reduzir investimentos ou aumentar a dívida. Se optar pela última, perderá
seu grau de investimentos, e com ele os benefícios de tomar financiamentos com
melhores condições. Como pano de fundo, para tornar o cenário ainda mais
inebriante, estão as eleições, que dão o tom apaixonado das críticas do lado da
oposição e cauteloso da parte do governo.
Interessadas em disputar parte dos esperados investimentos que movimentarão
o mercado petrolífero offshore nos próximos anos, as micro, pequena e médias
empresas vão à luta em busca de recursos. E, como avalia as reportagens de
Regina Teixeira, os bancos estatais parecem dispostos a participar do jogo
financeiro. O BNDES larga com vantagem, não apenas pela condição de principal
agente repassador dos recursos do Fundo da Marinha Mercante, que deverá
transferir ao mercado este ano R$ 15 bilhões, mas também por criar condições
de crédito específicas para atendimento de diferentes portes dessas empresas.
O Banco do Brasil criou este ano linha de crédito própria para o setor naval
offshore, que em apenas três meses resultaram em R$ 2 bilhões em operações.
Mais R$ 2,5 bilhões em crédito serão concedidos ao setor até dezembro. Disposta
a seguir o mesmo caminho, a Caixa também criou um departamento exclusivo
para atender ao segmento petrolífero e está prestes a também se tornar
repassadora dos recursos do Fundo da Marinha Mercante.
De olho nas oportunidades de emprego que, certamente, surgirão nos próximos
anos, os profissionais do mercado de petróleo e gás ou os que pretendem ingressar
nele buscam ampliar a capacitação pessoal. A falta de mão de obra especializada
criou, inclusive, um novo fenômeno no Brasil: a importação de mão de obra
estrangeira de alto nível, que aporta no país para trabalhar sobretudo na exploração
e produção offshore, como atesta nossa equipe de reportagem.
Para o governo e para especialistas em legalização de estrangeiros, o fenômeno
se deve à crescente onda de investimentos na indústria petrolífera, e também à
recente consolidação da economia nacional.
Não sabem dizer ao certo se o fato é passageiro, mas os profissionais brasileiros
começam a abrir o olho.
A dobradinha capital e trabalho parece que também será decisiva na definição do
que a indústria petrolífera offshore poderá dar de retorno à sociedade brasileira.
Por enquanto, o que podemos dizer, assim como o tema de capa desta revista, é
que o futuro do pré-sal é enigmático.
Boa leitura a todos.
Marco Antonio Monteiro
Redação: Marco Antonio Monteiro (Editor), Regina Teixeira, Thais
Fernandes (Repórteres), Luiz Eduardo Velloso (Fotógrafo) Marina
Lazzarotto (Pesquisa)
Colaboradores (Artigos): Silvio Celestino e Adriano Bravo
Arte e Diagramação Lourenço Maciel
Publicidade / Comercial: José Zille (zille@guiaoffshore.com.br)
Telefone da Redação (21) 2240-5077 – Email: releases@guiaoffshore.com.br
Endereço (sede própria): Rua Evaristo da Veiga, 35 sala 1512 – Centro –
Rio de Janeiro – CEP 20031-040
A revista Gui@offshore Magazine é uma publicação da editora MCM
Comunicação Ltda, proprietária do portal Gui@offshore
(www.guiaoffshore.com.br).
A versão digital desta revista pode ser lida no seguinte endereço:
http://www.guiaoffshore.com.br/revista_gm.pdf
GUI@@@@@OFFSHORE
M A G A Z I N E
EDITOR
O enigma da capitalização da Petrobras
2
A hora e a vez das microempresas no
BNDES
4
Caixa cria linha de R$ 2 bilhões para
financiar a área petrolífera
10
BB financia até 90% do valor do projeto da
indústria naval
12
Petrobras quer ampliar sua base de
fornecedores entre as micro e pequenas
empresas
15
Expansão do setor petrolífero impulsiona
empresas a realizar novos investimentos
18
Formação de Profissionais com nível de
excelência
20
Uso de mão de obra estrangeira avança
velozmente na área petrolífera
23
AVEVA anuncia parceria com o SENAI para
treinar engenheiros de projeto no Brasil
26
Demanda por mão de obra qualificada está
em alta na área petrolífera
28
O desafio de recrutar profissionais
qualificados para atender a demanda do
setor de óleo e gás
31
Processo seletivo exige múltiplas
habilidades de candidato e até empatia
com entrevistador
32
Adaptação é a palavra-chave para
profissionais offshore
34
A difícil arte de formar o líder vindo da
carreira técnica
35
SUMÁRIO
magazine Produtos, Serviços, Cursos & Carreiras
Setembro 2010
22222
GUIAAAAAOFFSHORE
M A G A Z I N EPRODUTOS & SERVIÇOS
O enigma da capitalização
da Petrobras
FINANÇAS
Administração de gigantesco volume de recursos e
política partidária nunca combinaram muito no Brasil.
E justamente neste momento, no calor do debate pré-
eleitoral, tenta-se definir o processo de capitalização
da Petrobras, tido como maior da história da economia
mundial, que se dará por meio de cessão onerosa pela
União de 5 bilhões de barris. A sua conversão em
dinheiro que, para analistas de mercado, poderá chegar
a até US$ 50 bilhões, servirá para a estatal deslanchar
investimentos superiores a US$ 220 bilhões até 2014.
De um lado, a Petrobras, respaldada por seus acionistas
minoritários e mercado financeiro em geral, defende
uma operação rápida, precisa e pelo menor valor
possível a ser pago por barril, para garantir a
participação de todos no lançamento das ações. Do
outro, o governo federal, com a chance única de
aumentar consideravelmente sua fatia no capital da
empresa e respaldar o Tesouro Nacional por esta
operação bilionária.
Ambos representam os papéis claros no jogo mercantil.
O vendedor quer receber mais e o comprador, pagar
menos. Mas mais do que isso, ambos estão de olho
em como os valores podem suscitar ações judiciais e
estender para tribunais uma discussão feita a portas
fechadas entre os protagonistas.
Enquanto estas incertezas não se dissipam, as ações
da companhia estão estagnadas e a Petrobras foi a
petroleira que mais perdeu patrimônio depois da
BP este ano. No caso da britânica, o acidente no
Golfo do México fez com que suas ações
despencassem nos últimos meses e a empresa
reduzisse em quase 10% seu patrimônio.
Já Petrobras, que tem ações cotadas na casa dos
R$ 26 – menos de um terço do que projetavam analistas para esta época,
quando foi anunciada a descoberta do pré-sal – teve uma redução em torno
de R$ 60 bilhões em seu capital desde janeiro. O valor equivale ao patrimônio
de um banco do porte do Bradesco.
Eric Conrads, gerente de hedge na Cidade do México, destaca em relatórios
que para cada dólar que se negocia o preço do barril, “estamos falando de
bilhões” que serão movimentados mundo afora. “É preciso mais cuidado e
mais transparência”, cobra. Também em relatório sobre sua percepção no
país, Christopher Palmer, gerente para países emergentes da Gartmore In-
vestment lembra que o que está “comendo” as ações da Petrobras é o elevado
nível de intervenção política. “Isso implica uma considerável perda de
credibilidade junto ao mercado financeiro”, comenta.
Para aproveitar um jargão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e
homenageá-lo em seu final de mandato, "nunca antes na história deste país"
se viu um período com discussões político-econômicas tão aquecidas. Tanto
a Petrobras, quando aAgência Nacional do Petróleo (ANP) – que representa
o governo – contrataram consultorias independentes para a avaliação do
valor da área que será repassada na cessão onerosa. Este valor, que até o final
da edição não havia sido concluído é a base de sustentação do processo de
capitalização da companhia.
Consenso do mercado, este valor poderia ficar entre os US$ 5 e US$ 10. Na
Petrobras, segundo fontes, o máximo a ser pago seria US$ 6. Na ANP,
julgam os entendidos, não daria para ser menos de US$ 10. Considerando
cinco bilhões de barris a serem repassados, o valor a ser recebido pelo
governo, variaria entre US$ 25 bilhões e US$ 50 bilhões.
A Petrobras pode lançar ações até no máximo US$ 80 bilhões. Se o valor
definido ficar na mínima, o governo teria recursos apenas para bancar
uma parcela inferior aos 30% que correspondem a sua atual fatia no
capital da empresa. Neste caso teria que recorrer ao Tesouro para emissão
de novos títulos para o pagamento de uma parcela extra. No caso do
valor máximo, o governo teria condições de usar todos os recursos
recebidos na cessão onerosa, elevando a participação no capital da estatal
em mais de dez pontos porcentuais.
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M A G A Z I N E PRODUTOS & SERVIÇOS
“Isso não é bom para a Petrobras pelo
fato de propiciar uma entrada menor de
recursos dos acionistas privados, na
forma de dinheiro e não de títulos
públicos, não resolvendo a contento o
problema da capacidade de investimentos
da empresa”, sinaliza o diretor do Centro
Brasileiro de Infraestrutura (CBIE),
Adriano Pires.APetrobras precisa buscar
no mercado caixa para cumprir seus
investimentos de no mínimo US$ 224
bilhões nos próximos cinco anos. Além
de caixa direto, a capitalização deverá
aumentar o patrimônio líquido da empresa
o que permitiria a ela tomar novos
financiamentos sem comprometer índices
de boa governança corporativa e não
ameaçar uma eventual perda do grau de
investimento obtido a duras penas junto
a três agências de risco.
“Com a Dilma disparando nas pesquisas,
tudo o que menos o governo quer é deixar
arestas para que uma discussão deste
porte atravanque as eleições”,
confidenciou uma fonte próxima da
campanha da candidata Dilma Rousseff.
A ordem, ao que se sabe a bocas pequenas
é parar a capitalização se ela manchar de
tintas mesmo que minimamente a
campanha de Dilma.
O tom não é menos preocupante do outro
lado da mesa. Os coordenadores da
campanha de José Serra garantem: querem
adiar ao máximo esta capitalização. “Se
houverumavitóriadopartido,onovomarco
regulatório deixa de existir. Não há porque
pressa em negociar assuntos tão sérios para
o futuro do país ao apagar das luzes de um
governo”, garante um assessor.
Aí entra o segundo fator desconcertante
em matéria de capitalização: o prazo. Por
enquanto, o lançamento das ações está
previsto para ocorrer em meados de
setembro e a conclusão da operação no
final do mês, a três dias da eleição. Isso se
não houver uma ordem direta do
presidente Lula. Fontes afirmam que o
ministro Guido Mantega agiu diretamente
para pedir a Lula por um adiamento,
temendo que a operação fracasse tanto
por divergências de preços entre as
consultorias da ANP e da estatal, quanto
por ações judiciais, e mesmo
indisponibilidade de fundos estrangeiros
a participar da negociação.
Porém, se a Petrobras não realizar
rapidamente este lançamento de ações terá
duas saídas: reduzir investimentos ou
aumentar a dívida. Se optar pela última,
perde seu grau de investimentos, e com
ele os benefícios de tomar financiamentos
com melhores condições.
Ou seja, só resta à companhia reduzir os
investimentos e isso implica cortar as duas
refinarias Premium, destinadas ao
Maranhão e ao Ceará, que consumiriam
investimentos de US$ 20 bilhões e são
alvo de duras críticas do mercado
financeiro. Na opinião de analistas, trata-
se de um gasto muito alto em projetos
com retorno baixo. “O grande foco da
Petrobras no refino é difícil de entender”,
resumiu o analista de petróleo do Credit
Suisse, Emerson Leite, em relatório
enviado a clientes.
Mesmo para especialistas, que discordam
da tese dos analistas sobre não investir
em refinarias, a escolha do local é
questionável. “É justificável que o Brasil
invista em refinarias, mas por que em
tantas e por que justamente naquela
região? Isso é uma decisão política que
pode ser questionada”, comentou o con-
sultor Luiz Henrique Sanches, ex-diretor
comercial da refinaria de Manguinhos, no
Rio, a única de controle privado no Brasil.
Em junho, o próprio presidente declarou
haver ordenado a construção de refinarias
no Nordeste, contrariando a orientação
técnica defendida pelos dirigentes do
grupo. “O governo é majoritário e deve
aumentar sua participação na empresa.
Portanto, manda e influencia. Mas o que
o mercado quer saber é até quanto esta
influência prejudica a valorização da
empresa enquanto companhia de capital
aberto. É preciso transparência e decisões
baseadas em conceitos técnicos para que
esta visão não se torne cada vez mais
turva”, avaliou Eduardo Roche, analista
sênior da Asset Manager.
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M A G A Z I N E
A hora e a vez
das microempresas
no BNDES
Por Regina Teixeira
As perspectivas futuras de negócios que se descortinam com a prospecção
do pré-sal não têm escala de comparação com nenhum outro setor. Segundo
estimativas de analistas, o volume de investimento pode ultrapassar a cifra
de US$ 40 bilhões, considerando somente a primeira fase de exploração dos
campos que abrigam as maiores reservas, como Tupi e Iara, na Bacia de
Santos, em São Paulo. Isso faz com que as estimativas de crescimento da
demanda do setor petrolífero por fornecedores de equipamentos, de peças e
serviços também aumentem vertiginosamente, gerando muitas oportunidades
de trabalho, inclusive para as MPMEs (micro, pequenas e médias empresas).
O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), o
principal banco de financiamento de longo prazo do país, é o agente mais
ativo das MPMEs. O volume de recursos destinados pelo banco, de janeiro
a julho deste ano, somente para esse segmento de empresas, é significativo.
Em apenas sete meses, a instituição realizou 299 mil operações as empresas
de menor porte, representando 92% do volume total de operações realizadas
pelo banco no período. Em valores, isso equivale a R$ 25,6 bilhões (35% do
total de R$ 72,6 bilhões desembolsados pelo BNDES nos primeiros sete
meses do ano) e já supera os R$ 24 bilhões liberados pelo banco às MPMEs
em todo o ano passado, quando foram efetuadas 367 mil operações com
essas empresas. Para 2010, as estimativas de desembolsos totais do BNDES
ultrapassam R$ 130 bilhões.
O PSI (Programa de Sustentação do Investimento), implementado pelo
BNDES, tem tido um importante papel na expansão do crédito. Isso contribui
para que o banco aumente seu apoio às MPMEs e a abrangência de seus
empréstimos. O PSI foi lançado em meados do ano passado para garantir a
oferta de crédito e, com isso, a manutenção dos investimentos diante da
conjuntura de crise internacional. Com taxas de juros atrativas de 5,5% ao
ano para aquisição de máquinas e equipamentos, o
PSI terá vigência até 31 de dezembro deste ano.
Do início de 2008 até o fim do primeiro semestre
deste ano, a participação dos empréstimos concedidos
pelo BNDES às micro, pequenas e médias empresas
é pouco inferior aos financiamentos concedidos aos
dez maiores clientes da instituição. Os dez maiores
tomadores de recursos junto ao banco responderam
por 27,8% das contratações e por 28,6% dos
desembolsos totais do Banco, entre janeiro de 2008 e
junho de 2010.
Excluindo-se do cálculo o empréstimo excepcional de
R$ 25 bilhões concedido à Petrobras em 2009, para
fazer frente crise internacional, o peso das MPMEs
sobre o total dos desembolsos do BNDES supera o
dos dez maiores clientes do Banco. Enquanto os re-
passes aos grandes grupos atingiu 21,8% do total, as
MPMEs ficaram com 25,7% das liberações entre
janeiro de 2008 e junho de 2010.
Em termos relativos, o BNDES mantém, desde 1996,
padrão estável em seus empréstimos por porte de
empresa. Ou seja, nos últimos 15 anos, o banco vem
destinando, em média, recursos em um patamar infe-
rior a 30% de seus desembolsos totais aos seus dez
maiores clientes, com alguns períodos excepcionais
de alta, como o influenciado pelo crédito à Petrobras.
A tendência atual, no entanto, é de desconcentração,
PRODUTOS & SERVIÇOS
INVESTIMENTO
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devido à maior abrangência do crédito do
BNDES, proporcionada principalmente
pelo PSI.
“O fortalecimento das pequenas e médias
empresas é prioridade no BNDES”,
ressalta o gerente do Departamento de Gás
e Petróleo, Vinícius Samu de Figueiredo.
Ele explica que embora o BNDES não
possua programa de financiamento
específico para MPMEs fornecedoras do
setor petrolífero, as políticas operacionais
já contam com linhas de crédito que
atendem às necessidades dessas empresas,
pois as condições para esse segmento de
empresas são consideradas as mais
atrativas do Banco: TJLP (atualmente em
6% ao ano, mais 0,9% ao ano de spread
básico). As MPMES são isentas do
pagamento de taxas de intermediação
financeira do BNDES.
Segundo Samu de Figueiredo, o BNDES
terá recursos para apoiar a demanda
adicional decorrente dos projetos
envolvendo o pré-sal, embora não exista
ainda uma estimativa sobre a dimensão
disso. “O Banco tem entre suas
prioridades o fortalecimento e o
desenvolvimento da indústria nacional”,
diz ele. O aumento do índice de
nacionalização das encomendas da
Petrobras é uma política de governo e está
associado ao trabalho que vem sendo
desenvolvido pelo Promimp (Plano
Nacional de Qualificação Profissional),
que conta também com a participação do
BNDES. Estão sendo mapeados os
segmentos industriais que apresentam
maior potencial de desenvolvimento.
“O banco está disponível e tem recursos
suficientes para financiar investimentos
em capacitação, implantação, expansão e
desenvolvimento tecnológico dessas
indústrias, por meio das linhas de crédito
voltadas à inovação, que têm taxas de juros
muito competitivas, instrumentos
importantes para a capacitação das
MPMEs”, ressalta o especialista do
BNDES. Dependendo da linha de crédito,
como a de inovação tecnológica, a taxa de
juro é fixa em 4,5% ao ano.
O gerente do Departamento de Gás e
Petróleo explica que as empresas
interessadas em obter financiamento do
BNDES têm duas possibilidades para
pleitear recursos: podem fazer isso de
forma direta ou indireta. A primeira
o p ç ã o é q u a n d o a i n s t i t u i ç ã o
libera recursos diretamente para o
empreendedor; são geralmente operações
de financiamento acima de R$ 10
milhões. Na maioria desses casos, a
opção é a linha Finem, destinada à
realização de projetos de implantação,
expansão e modernização, incluída a
aquisição de máquinas e equipamentos
novos de fabricação nacional. Já a forma
indireta de financiamento é obtida via
um agente financeiro credenciado que
PRODUTOS & SERVIÇOS
assume o risco de crédito da operação
perante o BNDES (operações de menor
porte, em geral nas linhas Finame (linha
de crédito muito utilizada pelas
pequenas e médias empresas, localizadas
em qualquer região do país), BNDES
Automático e Cartão BNDES.
O Cartão BNDES, mecanismo de crédito
exclusivo às MPMEs, permite limite
máximo de crédito de R$ 1 milhão por
banco emissor (atualmente Banco do
Brasil, Caixa Econômica Federal (CEF),
Bradesco, Banrisul e Nossa Caixa).
Os prazos de financiamento variam de
acordo com a linha de crédito utilizada.
No Cartão BNDES, por exemplo, o
parcelamento pode ser feito em até 48
meses. Já no Finame e no BNDES
Automático, esse prazo se estende até 60
meses, incluindo carência de seis meses.
Para pleitear financiamento, o
empreendedor deve se dirigir ao banco
credenciado para a linha correspondente
e lá buscar as informações sobre a
documentação necessária para obter os
recursos - elas variam de acordo com a
instituição financeira.
Estaleiro Atlantico Sul - Promef
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M A G A Z I N E
FMM prevê repassar R$ 15 bilhões
O volume de desembolso aguardado pelo Fundo da Marinha
Mercante (FMM), destinado a projetos de financiamento ao
setor naval – a maior parte deles relacionados direta ou
indiretamente ao segmento de petróleo - chega a R$ 15 bilhões.
Esse montante foi anunciado em dezembro de 2009 pelo comitê
do Fundo.
Segundo informações do BNDES, grande parte dessa demanda
deve ir para o Banco, que é o principal agente repassador de
recursos do FMM. Vários setores poderão obter financiamento,
pois há projetos para construção e modernização de embarcações
de apoio, de carga em geral, cabotagem e longo curso, embarcação
de transporte de passageiros, navegação de interior e estaleiros,
embarcações de apoio marítimo offshore , embarcações de apoio
portuário, rebocadores, balsas, embarcações pesqueiras,
embarcações de pesquisa hidrográfica e oceanográfica, e
embarcações da Marinha do Brasil, além de arsenais e bases navais.
De acordo com o BNDES, as liberações de recursos a projetos
apoiados pelo FMM foram crescentes nos últimos cinco anos.
Em 2005, o volume de desembolso atingiu R$ 393,7 milhões. A
estimativa em 2010 é que o montante de liberação chegue a R$
1,7 bilhão para o setor. Veja no gráfico a seguir a evolução dos
desembolsos ano a ano.
A área técnica do BNDES está realizando estudos para avaliar
quais seriam as ‘’dimensões ideais’’de um parque de construção
naval para o Brasil. A condição básica considerada pelos técnicos
do banco é a garantia de sustentabilidade de longo prazo da indústria
naval brasileira. A preocupação é evitar super-dimensionamentos
de estaleiros e de capacidade de produção, diante da corrida de
investimentos a ser gerada pelo pré-sal. Com isso, o banco quer
evitar equívocos do passado, como os ocorridos em décadas
anteriores, quando o Brasil viveu um “boom” de investimentos
no setor, chegando a empregar mais de 40 mil pessoas no segmento
naval, e, em seguida, essa indústria entrou em colapso.
Em termos de financiamento, a grande parte dos recursos para o
setor naval é proveniente do Fundo da Marinha Mercante (FMM)
e o BNDES busca atender a demanda de projetos apresentados.
Segundo Samu de Figueiredo, a princípio, não está sendo criada
nenhuma nova linha específica para financiar investimentos do
pré-sal. Porém, determinados projetos, com grande valor unitário
(por exemplo, sondas e FPSOs), poderão ser objeto de estruturação
financeira especial.
A perspectiva é de aumento na demanda de recursos de
financiamento em função do grande número de projetos a serem
executados - sondas, plataformas de produção e embarcações de
apoio marítimo. A Petrobras já abriu licitação para fornecedores
de sondas.
Em relação a taxas de juros e carências para o setor naval, as
regras atuais atendem os projetos do FMM priorizados a partir de
dezembro de 2009. Deve-se ressaltar que o custo financeiro dos
financiamentos compreende as seguintes alternativas: variação
do dólar americano; Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP),
atualmente em 6% ao ano, ou uma combinação dos dois anteriores.
PRODUTOS & SERVIÇOS
A carteira ativa de projetos do BNDES , com recursos do FMM,
soma R$ 11,4 bilhões , englobando operações contratadas e em
liberação, Aí estão somados os projetos do Programa de
Modernização e Expansão da Frota (Promef 1), da Transpetro,
a subsidiária de logística e transporte da Petrobras, além de
plataformas, navios de apoio, embarcações de navegação de in-
terior e estaleiros. Desse total, R$ 9,2 bilhões deverão ser
desembolsados ao longo de três anos, à medida da construção do
bem financiado. O BNDES está financiando a expansão da frota
da Transpetro no âmbito do Promef 1, que licitou 23 navios–
tanque. Os financiamentos do BNDES a este programa atingiram
R$ 4,7 bilhões, montante em fase de desembolso.
O BNDES aprovou em julho deste ano um financiamento para a
construção das primeiras embarcações do Promef II, da
Transpetro. Foram aprovados R$ 2,6 bilhões, provenientes do
FMM, para a aquisição pela subsidiária da Petrobras de sete
navios-tanque, encomendados ao estaleiro Atlântico Sul (em
Pernambuco). Paralelamente, o Banco aprovou crédito de R$
1,3 bilhão ao estaleiro Atlântico Sul para financiar parte da
construção dos sete navios. O Promef II prevê a construção de
26 navios-tanque. Grande parte dessa demanda deve ir para o
BNDES. Todo esse volume de recursos reforça a atual conjuntura
de reaquecimento da indústria naval brasileira.
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M A G A Z I N EPRODUTOS & SERVIÇOS
A Caixa Econômica Federal entrou com todo gás no promissor mercado de
investimentos do setor petrolífero. Só para dimensionar a importância hoje
do setor, a Caixa Econômica criou uma superintendência regional para atender
exclusivamente a cadeia de petróleo.Anova divisão tem recursos da ordem de
R$ 2 bilhões em projetos concluídos ou em análise para este ano, informa o
superintendente regional do Banco Edalmo Porto Rangel.
Os bancos públicos, Caixa Econômica, Banco do Brasil e BNDES, estão
todos direcionados para um setor que receberá US$ 220 bilhões em
investimentos apenas da Petrobras.Acadeia produtiva de óleo e gás reúne em
torno de 80 mil empresas. E existe por parte do Governo federal todo um
interesse de impulsionar esse mercado. Um episódio recente que confirma
esse engajamento aconteceu em junho deste ano, quando a Caixa emprestou
R$ 2 bilhões à Petrobras, por meio de uma nota de crédito à exportação. A
operação foi identificada pelo Banco Central coma uma das grandes transações
que puxaram os dados de crédito às empresas em junho.
Segundo informações da Caixa, o foco, em um primeiro momento, são as
pequenas e médias empresas. Mas a instituição também pretende concluir,
em breve, a filiação ao FMM (Fundo da Marinha Mercante), para financiar
operações de grande porte, como estaleiros. "Começamos a estudar os projetos
e avaliar prazos, carência e taxas", continua Rangel.
Demanda do pré-sal
Somente para atender a demanda do pré-sal, a Caixa desenvolveu um produto
de crédito de longo prazo com recursos próprios para suprir a necessidade de
investimento das médias e grandes empresas. Segundo
Rangel, será lançado, em breve, um produto de capi-
tal de giro voltado para as empresas participantes da
cadeia do setor petrolífero. Ele não precisou a data de
lançamento do produto.
Rangel explica que prazos dos financiamentos da Caixa
são condizentes com a natureza das operações
contratadas pelas empresas. O passo a passo para
obtenção de financiamento não difere muito das
demais instituições estatais financeiras. Para conseguir
uma linha de crédito, a empresa precisa ser aprovada
pelo modelo de risco Caixa e deve estar em dia com
suas obrigações contraídas no sistema financeiro.
As linhas de investimento possuem carência e prazo
para amortização de até 120 meses. O prazo da
carência é de acordo com a necessidade do projeto
financiado pela Caixa.As linhas de capital de giro têm
prazo de até 36 meses, e a forma de amortização é
adequada ao fluxo de caixa da empresa.
Para dar conta da nova missão, a Caixa prepara o
primeiro empréstimo da sua história com créditos a
performar. "Aárea de risco está avaliando como fazer
isso. Temos três pilotos com empresas para testar a
solução.Até setembro devemos começar a usar a nova
modelagem tanto com recursos próprios quando de
repasses do BNDES", avisa Rangel.Ainda assim, esses
recursos não serão suficientes, diz ele.ACaixa também
estuda formas alternativas de funding. "Mesmo se os
bancos se unissem, o crédito típico apenas não seria
Caixa cria linha de
R$ 2 bilhões para financiar a
área petrolífera
Por Regina Teixeira
INVESTIMENTO
Instituição pretende oferecer
crédito para estaleiros
com filiação ao Fundo da
Marinha Mercante
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suficiente para financiar os investimentos do pré-sal.
Vamos ter de buscar recursos no mercado de
capitais, com outra engenharia financeira", afirma.
O primeiro Fundo de Investimento em Participações
(FIP), de R$ 400 milhões, já está em operação para
financiar a construção de sondas. Um novo fundo, de
R$ 1,5 bilhão, deve sair até setembro, com aplicações
de investidores institucionais, para atuar em todo o
setor de óleo e gás.
Outro projeto grande envolvendo a participação da
Caixa está ligado ao desenvolvimento das regiões
contempladas com a extração de petróleo. A estatal
quer fomentar o desenvolvimento urbano das regiões
com exploração de petróleo para evitar que o
fenômeno de degradação ocorra nas cidades onde a
exploração será intensa. Para isso o objetivo é
financiar a infraestrutura e a habitação em locais onde
serão construídos estaleiros e complexos
petroquímicos, como Suape, Rio Grande, Niterói,
Natal, Salvador, entre outros.
O panorama de concessão de crédito envolvendo
bancos estatais sofreu uma reviravolta em apenas um
ano. Em 2009, a demanda por crédito entre as micro e
pequenas empresas crescia a uma taxa de 26%, quando
aconteceu o impacto da crise internacional. Isso
acabou impactando as linhas de crédito para o setor.
O resultado foi que, de um saldo de R$ 115,54 bilhões,
em novembro de 2009, os financiamentos ao setor
recuaram a R$ 112,78 bilhões, queda de 2,4%. Além
da retração da economia, os empresários passaram a
conviver com a desconfiança dos bancos, que
restringiram limites de financiamentos pré-aprovados,
aumentaram juros e as exigências de garantia,
dificultando o acesso a novas linhas de crédito.
Masdesdefevereirode2009adeterminaçãodoGoverno
foi para que os bancos públicos (Banco do Brasil, Caixa
Econômica Federal e BNDES) tomassem a frente do
mercado e fossem mais agressivos. Em agosto de 2009,
os empréstimos de até R$ 100 mil, usados pelo Serviço
Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
(Sebrae) como referência para avaliar o crédito às
pequenas e micro empresas, já somavam R$ 120,08
bilhões, uma alta de 6,47% no ano.
O avanço dos bancos estatais, diante da retração das
instituições privadas, fez com que a participação
dessas instituições do mercado de crédito, que era de
34,2% em setembro de 2008, chegasse a 40% em setembro de 2009. Para
2010 as perspectivas são ainda melhores.
Crédito em alta
Ao alcançar no segundo trimestre de 2010 o lucro líquido de R$ 890 milhões
(alta de 14,5% frente ao primeiro trimestre), o banco fechou o semestre com
lucro líquido de R$ 1,7 bilhão, variação de 44,1% em relação ao mesmo
período de 2009. O patrimônio líquido consolidado atingiu R$ 14,3 bilhões
ao final de junho, aumento de 5,9% no semestre, e o retorno sobre o patrimônio
líquido médio alcançou 25,8%. O Índice de Basiléia da CAIXA fechou o
semestre em 17,1%, superior aos 11% mínimos exigidos pelo Banco Central
do Brasil.
A CAIXA está presente em todo o Brasil com uma rede de 36,2 mil
unidades de atendimento. São 6,6 mil unidades próprias, entre agências,
postos e salas de auto-atendimento, e 29,6 mil correspondentes bancários,
incluindo 10,5 mil lotéricos.
PRODUTOS & SERVIÇOS
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BB financia até 90% do valor
do projeto da indústria naval
Por Regina Teixeira
Recursos são repassados pelo Fundo
da Marinha Mercante. Em 2009, o
banco financiou seis projetos
vinculados à indústria naval e à infra-
estrutura portuária por meio do FMM
Maior banco público do país, o Banco do
Brasil criou, em junho deste ano, uma área
específica para analisar projetos de infra-estrutura
na área de petróleo e gás. “A necessidade de
investimentos para viabilizar a exploração de
petróleo na camada do pré-sal representa um
aumento de demanda”, afirma o diretor de crédito
do BB, Walter Malieni. Além do BNDES (Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social),
o BB também é um dos repassadores dos recursos
do Fundo da Marinha Mercante (FMM). “Esses
recursos financiam indiretamente as médias e
pequenas empresas que fazem parte da cadeia
produtiva da indústria naval”, ressalta o diretor.
O BB passou a ser repassador de recursos do
FMM para a área de petróleo e gás, em 2007.
De acordo com resultados apurados nos primeiros
três meses deste ano, chegou a R$ 2 bilhões o
saldo de empréstimos realizados pela instituição.
O Banco do Brasil dispõe ainda R$ 2,5 bilhões em
operações com funding do FMM - recentemente
capitalizado pela União.
Como um dos agentes financeiros do FMM, o BB
repassa recursos de acordo com os
projetos prioritários determinados pelo
Conselho Diretor do Fundo. Os números
indicam que o volume de crédito vem tomando corpo. Em 2009, o BB
financiou seis projetos relacionados à indústria naval e à infra-estrutura
portuária por meio do FMM, totalizando R$ 367,8 milhões em
desembolso. Com isso, a carteira do FMM chegou a R$ 680,5 milhões em
dezembro, evolução de 117,6% em relação a dezembro/2008. “No que diz
respeito ao valor a ser financiado com recursos do FMM pode se chegar a
90% do solicitado”, destacou Malieni.
Segundo o diretor de crédito do BB, o FMM é a fonte convencional para
financiamento à marinha mercante e à construção naval. “Os projetos que
recebem recursos do Fundo são priorizados pelo Conselho Diretor do
Fundo da Marinha Mercante, em reuniões anuais ou, excepcionalmente,
semestrais”, explica.
Mas existem alternativas de captação de recursos, além das clássicas. Uma
alternativa de financiamento às pequenas e médias empresas da cadeia de
petróleo e indústria naval poderia ser feita com uma modalidade do BB
chamada Adiantamento a Fornecedores (AF). Trata-se de uma operação de
antecipação de pagamento a fornecedores e que funciona como um capital
de giro para financiar a produção de um bem ou serviço já negociado com
a empresa compradora. Esse tipo de operação permite a uma empresa âncora,
líder de uma cadeia produtiva, oferecer aos seus fornecedores uma
INVESTIMENTO
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alternativa de financiamento da produção
mais competitiva, sem impacto no seu
fluxo de caixa.
Os prazos de financiamento para se
buscar crédito no BB depende de diversos
fatores. No processo de análise são
consideradas as características do cliente
e da operação. No caso do AF, o pré-
requisito é que a empresa âncora
celebre convênio com o BB para esse fim.
Segundo Milieni, a solução financeira
”Adiantamento a Fornecedores” não
tem orçamento determinado. “Trata-se
de uma linha de financiamento com
recursos próprios, destinada a
antecipação de valores de bens entregues
e serviços prestados”, diz.
Em relação aos encargos financeiros,
são avaliados alguns quesitos:
como características do cliente e também
da operação. O custo financeiro do FMM
é equivalente à Taxa de Juros de Longo
Prazo - TJLP e/ou índice de variação da
taxa de câmbio calculado com base
nas cotações de venda do dólar dos EUA,
divulgadas pelo Banco Central do Brasil.
Potencial maior do pré-sal
No início de 2010, o BB divulgou na
imprensa a avaliação de um longo estudo
setorial que fez sobre as perspectivas do
setor naval e as oportunidades que a
instituição terá em participar desses
projetos até 2020. O estudo, que
consumiu noves meses de trabalho,
provou que o potencial de investimentos
no pré-sal seria bem maior que as
estimativas anunciadas. Foram
consideradas as especificidades da
exploração do petróleo, em áreas ainda
mais profundas e também houve
exigências de equipamentos mais
sofisticados “, disse . “Trata-se de um
novo ciclo produtivo neste setor, que tem
uma longa cadeia produtiva”, disse na
ocasião Malieni.
O estudo setorial do Banco do Brasil teve
como referência as encomendas licitadas,
contratadas e em construção em
estaleiros brasileiros. Globalmente, o
setor contabiliza 424 encomendas até
2020, das quais 146 seriam de apoio para
atuação offshore, 47 plataformas, 164
navios offshore, 46 navios tanques, 28
sondas (as sondas têm previsão para
operar a partir de 2013). Além disso,
quatro estaleiros brasileiros estão
preparados tecnicamente para construir
plataformas. Os estados brasileiros que
serão mais agraciados com a injeção de
investimentos são: Rio de Janeiro, Rio
Grande do Sul e estados do Nordeste.
Navio plataforma FPSO Petrojarl Cidade de Rio das Ostras
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Petrobras quer ampliar sua
base de fornecedores entre as
micro e pequenas empresas
Por Regina Teixeira
Diante do excelente panorama de oportunidades de trabalho que se abre com
a perfuração dos campos do pré-sal, fornecedores de equipamentos, peças e
serviços do setor petrolífero estão de olho no cadastro da Petrobras. As
micro, pequenas e médias empresas também querem fazer parte desse
universo. A Petrobras planeja investir, até 2014, em torno de US$ 220
bilhões na exploração de petróleo. Sendo que mais de US$ 100 bilhões serão
aplicados nas atividades de prospecção da camada pré-sal. De acordo com a
área de materiais da estatal, atualmente o cadastro corporativo possui 5.300
fornecedores qualificados. Número insuficiente para atender toda demanda
que surgirá com a perfuração dos campos.A área de materiais informou que
para atender essa demanda a Petrobras precisará aumentar sua base de
fornecedores.
O primeiro passo para as empresas interessadas em se tornar fornecedoras
da Petrobras é acessar o portal de cadastro (http://cadastro.petrobras.com.br/
portal/), que inclui informações sobre o nível de exigência para a venda de
bens e serviços à estatal. Uma vez incluída na base, a empresa pode candidatar-
se aos cursos de qualificação profissional, oferecidos
em parceria com o Sebrae, ou de iniciativa do Programa
de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e
Gás Natural (de Prominp), lançado pelo governo fed-
eral em 2003.
A partir do momento em que as empresas
fornecedoras entregam todas informações requeridas
no processo de cadastro da Petrobras, a avaliação
leva, em média 30 dias. Nos casos onde se faz
necessária visita técnica de avaliação, este prazo é de
60 a 90 dias. As principais exigências para avaliação
das empresas estão contempladas em cinco critérios
de avaliação, onde são verificados aspectos
Econômicos, Legais, Técnicos, de SMS-Saúde, Meio
Ambiente e Segurança Operacional, e também os
aspectos Gerenciais. Este processo é feito a partir do
Portal de Cadastro (acesso pelo site da Petrobras/
Canal Fornecedor), onde estão detalhados todos os
requisitos e etapas do processo
No entanto, para concorrer a uma oportunidade de
compor também essa lista de fornecedores, as
empresas precisam preparar-se para as exigências da
companhia na qualidade do produto ou serviço
oferecido. Além disso, as informações contábeis e
fiscais também precisam estar em dia. Para orientar e
adequar as empresas candidatas, existe um canal de
orientações do Prominp, que é coordenado pelo
INVESTIMENTO
PRODUTOS & SERVIÇOS
Cadastro corporativo tem
mais de 5 mil fornecedores
qualificados, mas que seriam
insuficientes para atender
toda a demanda que surgirá
com a perfuração dos campos
do pré-sal
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Ministério de Minas e Energia (MME).
As empresas podem se cadastrar no site
www.prominp.com.br.
O Plano Nacional de Qualificação
Profissional (PNQP) do Prominp visa o
treinamento de profissionais de níveis
básico, médio, técnico, inspetor e supe-
rior, para atender a demanda de mão-de-
obra qualificada oriunda do grande vol-
ume de investimentos projetado pelas
operadoras de petróleo e gás do País.
Os candidatos aprovados para os cursos,
após o término do treinamento, serão
eventualmente aproveitados pelas
empresas fornecedoras de bens e serviços
do setor, que são as grandes demandadoras
de profissionais qualificados.
Plano de metas
O Plano de Negócios 2010-2014 da
Petrobras, lançado em junho, prevê
investimentos de US$ 224 bilhões. Isso
equivale a uma média de US$ 44,8 bilhões
por ano. Este montante representa um
aumento de 20% em relação ao Plano an-
terior, sendo US$ 31,6 bilhões referentes
a novos projetos, dos quais 62%
dedicados para a área de E&P (US$ 19,7
bilhões). O Plano de Negócios considera
investimentos de 95% (US$ 212,3
bilhões) aplicados no Brasil e 5% (US$
11,7 bilhões) no exterior, com uma taxa
de conteúdo local totalizando 67%, o que
significa um nível de contratação anual no
País de cerca de US$ 28,4 bilhões.
O plano é US$ 50 bilhões maior que o
anterior, de US$ 174,4 bilhões (2009-
2013), e ficou no teto da estimativa ante-
rior da empresa, que previa investimentos
entre US$ 200 bilhões e US$ 220 bilhões
para o período de 2010 a 2014. As áreas
do pré-sal terão maior peso na produção
somente depois de 2014. Agora, a
empresa tem como foco aperfeiçoar a
produção em áreas que já contam com
estruturas em operação.
O objetivo da companhia é de ter 26
sondas em operação até 2014 e 53 até
2020, além de 504 barcos de apoio até
2020 (254 em 2009). A área de
Abastecimento (refino, transporte e
comercialização-RTC) vai receber
investimentos de US$ 73,6 bilhões. No
plano anterior foi de US$ 43,4 bilhões.
Esse volume de recursos inclui também
os projetos de novas refinarias da
companhia, que foram todos mantidos.
Como comparação, a área de Exploração
e Produção (E&P) passou de 59% dos
recursos totais no plano anterior para 53%
agora. Abastecimento, que inclui refino,
subiu de 25 para 30% do total.
Quando anunciou Plano de Negócios
2010-2014, a empresa informou que além
da ampliação de unidades existentes, os
recursos serão destinados à entrada em
operação da RefinariaAbreu e Lima (PE);
as obras da refinaria Premium I e a
primeira fase do Complexo Petroquímico
do Rio de janeiro (Comperj), que ganhou
mais uma refinaria com capacidade de
produzir 165 mil barris de petróleo por
dia (bpd) para produção principalmente
de diesel. "Com esses investimentos, a
carga fresca processada no Brasil em
2014 será de 2,3 milhões bpd",
informou a Petrobras. Mesmo com o
crescimento do refino, a estatal prevê
exportar quase um milhão de barris por
dia de petróleo até 2014.
A meta para a produção de petróleo em
2014 é de 3,9 milhões de barris de óleo
equivalente por dia e em 2020, de 5,4
milhões de boe/d. Para o período pós
2014 está prevista a segunda etapa do
Comperj, com capacidade de 165 mil bpd
para a produção de produtos
petroquímicos básicos, e ainda a Refinaria
Premium II.
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Com a indústria de petróleo pulsando, as empresas já
bem estabelecidas no setor também estão revendo seus
planos de investimentos a médio e longo prazos para
aproveitar todas oportunidades de bons negócios que
surgirão. E isso inclui também mão de obra mais
qualificada. Entre essas empresas que não estão
medindo esforços para aproveitar a onda de
crescimento do setor petrolífero estão a OGX Petróleo
e Gás Participações S.A, a EBSE – Engenharia de
Soluções, e a Engevix.
Integrante do Grupo EBX, capitaneado pelo
empresário Eike Batista, a OGX é focada na exploração
e produção de óleo e gás natural. Conta com equipe de
profissionais altamente qualificados. Segundo fontes
do mercado, no primeiro semestre deste ano, por
exemplo, a Petrobras se ressentiu por perder parte de
seu quadro de funcionários para a OGX. Eike Batista,
considerado o 8º homem mais rico do mundo, de acordo
com a Revista Forbes, já reiterou várias vezes o
compromisso da OGX de fazer encomendas no país,
gerando mais empregos e qualificando mão de obra.
Em termos de prospecção, a empresa não poderia
estar em melhor fase. “Os últimos meses foram
marcados pelo importante progresso da campanha
exploratória no sul da bacia de Campos, com novas
descobertas de grande relevância, bem como o início
de novo ciclo com a perfuração em três novas regiões:
blocos mais ao norte da bacia de Campos e bacias de
Santos e Parnaíba, sendo as duas primeiras já com
sucesso.Também ampliamos nossa fronteira de atuação
com a aquisição de cinco blocos exploratórios terrestres
de grande potencial na Colômbia, mostrando que
estamos capacitados para buscar oportunidades em
regiões de alto potencial para as quais tenhamos conhecimento diferenciado”,
comentou Paulo Mendonça, Diretor Geral da OGX.
Investimento em Tecnologia
Para complementar a boa fase da empresa, na primeira quinzena de agosto,
Eike informou ao mercado a descoberta de "metade de uma Bolívia" em gás
natural no Maranhão, na bacia do Parnaíba, volume que, segundo ele,
garantiria pelo menos 25 por cento do consumo de gás no Brasil. Embora
ressalte que são apenas estimativas, o empresário acredita que as reservas
na região podem atingir 15 trilhões de pés cúbicos, quase dobrando as
reservas atuais do Brasil. Segundo ele, a produção poderia chegar a cerca de
15 milhões de m³ diários ao longo de 40 anos, volume equivalente à metade
que o gasoduto Brasil-Bolívia pode transportar diariamente. "É uma coisa
especial e pode ter certeza absoluta que essa é uma nova província que se
abre no país", disse Eike, que fez inclusive uma visita ao presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto, em Brasília, no dia 19 de agosto,
para comunicar pessoalmente a descoberta.
Como principais eventos para os próximos meses, Mendonça destaca o
término das perfurações dos poços que seguem em andamento nas bacias de
Campos, Santos e Parnaíba, assim como o início de mais catorze poços até
o final de 2010. “Estão programados testes e estudos adicionais que serão
realizados a fim de proporcionar um maior conhecimento dos prospectos
perfurados”, informou Mendonça. A OGX tem blocos exploratórios nas
bacias de Campos, Santos, Espírito Santo, Pará-Maranhão e Parnaíba.
EBSE prevê investimentos de R$ 25 milhões
Na EBSE – Engenharia de Soluções, um dos mais tradicionais fabricantes
nacionais de equipamentos industriais – o cronograma de investimento é
robusto. Com uma carteira de clientes que inclui entre as grandes empresas
a Petrobras, a EBSE vislumbra com a prospecção do pré-sal perspectivas
Por Regina Teixeira
NEGÓCIOS
Expansão do setor petrolífero
impulsiona empresas a realizar
novos investimentos
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promissoras.Aempresa pretende investir
R$ 25 milhões nos próximos cinco anos
para atender o setor.
“As perspectivas são excelentes tanto em
downstream quanto em upstream, diz o
diretor superintendente da empresa,
Marcelo Bonilha. Segundo o executivo, a
EBSE está preparada para enfrentar os
novos desafios. “Temos uma experiência
de quase cem anos. Fabricamos tubos
API, temos todas as certificações de
qualidade, Selo ASME, ISO até 18.000.
Contratamos e treinamos mão de obra
jovem, agregamos novos conhecimentos
através de parcerias com empresas
experientes do exterior. Temos um
parque fabril de mais de 100 mil m²,
próximo de uma ferrovia, uma rodovia
e de portos. A Petrobras e outras
empresas de grande porte confiam em
nossa competência. E isto é muito
importante”, exemplifica Bonilha.
A previsão de crescimento do faturamento
chega a 100% nos próximos cinco anos.
“O mercado está bastante aquecido e isto
nos garante um bom futuro. Precisamos
trabalhar bastante para isso”, diz.
Em setembro, a EBSE prevê inaugurar
uma unidade em Pernambuco. Isso já
visando o crescente mercado do
nordeste. A região terá o Rnest, refinaria
do Nordeste em construção, subsidiária
da Petrobras; o Estaleiro Atlântico Sul,
perspectiva de novas refinarias e além
de outras grandes empresas que querem
instalar-se por lá.
Nicho de mercado
Para atender o setor petrolífero, a EBSE
tem um amplo portfólio com fabricação
de tubos para condução de óleo, gás e
derivados, pré-fabricação de spools,
fabricação de skids, fabricação de
equipamentos caldeirados, montagem de
módulos e serviços de montagem eletro-
mecânica.
A política de investimento da empresa tem
a tradição de buscar no mercado apenas o
que for rigorosamente necessário.AEBSE
em sua cultura tem o departamento de
pesquisa e desenvolvimento bastante
ativo. “Recentemente entregamos um
separador para a plataforma P-55, da
Petrobras, com aço cladeado.
Tecnologicamente é um passo gigantesco.
O pré-sal precisará muito desses
equipamentos. Vamos usar recursos
próprios. Os R$ 25 milhões previstos
para os próximos cinco anos compõem
esse orçamento”, ressalta Bonilha.
A respeito da mão de obra que todos os
projetos devem demandar, o executivo diz
que prevê contratações principalmente
nas atividades de montagens, pois é uma
unidade nova na empresa, em
Pernambuco. “O objetivo é contratar e
treinar pessoas da região”, avisa.
Engevix espera faturar 20% a mais
A Engevix está envolvida com vários
projetos de engenharia na área de petróleo
e gás, alguns tendo a Petrobras como
cliente. Segundo o diretor executivo da
empresa, Gerson de Mello Almada, as
perspectivas de negócios são boas.
“Temos capacitação técnica em trabalhos
na área de petróleo e gás”, ressalta o
executivo que projeta em função da forte
demanda do setor de petróleo aumento
de faturamento da ordem de 20%.
Entre os projetos de vulto em que a
Engevix faz parte está o do Comperj –
Complexo Petroquímico do Rio de
Janeiro, da Petrobras. Será construído
numa área de 45 milhões de m², localizada
no município de Itaboraí, com
investimentos previstos em torno de US$
8,38 bilhões. A empresa compõe o
consórcio que reúne também a Skanska e
a Promon.Aobra começou este ano. Para
atender o setor a empresa oferece serviços
de engenharia, gerenciamento e EPC
(equipamento de proteção coletiva).
Marcelo Bonilha - Superintendente da EBSE
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M A G A Z I N ECURSOS & CARREIRAS
Formação de Profissionais
com nível de excelência
O crescimento da indústria brasileira de petróleo e gás natural resulta, em
grande parte, da competência e qualificação dos profissionais que se
dedicaram, ao longo dos anos, ao trabalho nas mais diversas funções da
cadeia petrolífera e ao desenvolvimento de tecnologias que permitiram
ultrapassar limites na prospecção e produção de petróleo e gás. A formação
dessa mão-de-obra extremamente capacitada se deve muito à atuação do
Programa de Recursos Humanos daAgência Nacional do Petróleo, Gás Natural
e Biocombustíveis (PRH-ANP), que completou uma década no ano passado.
O PRH-ANP foi implementado em 1999 com o objetivo de estimular a
criação de especializações profissionais – e fortalecer as já existentes – em
áreas consideradas estratégicas para atender às demandas da indústria do
petróleo e gás natural. De acordo com Ana Maria Cunha, coordenadora de
atividades do Programa, naquela época existiam no Brasil apenas 20 ou 30
cursos de especialização voltados para a área. O incentivo à formação de
mão-de-obra especializada era uma resposta à expansão observada no setor
após sua abertura à iniciativa privada, em 1997.
Segundo Anália Francisca Martins, coordenadora de tecnologia e formação
de recursos humanos da ANP, o PRH é um programa pioneiro no setor. Na
década de 1970, existiu um programa similar voltado para a capacitação de
mão-de-obra para a área de energia nuclear, mas ele não teve continuação.
“Esse programa serviu de inspiração para o PRH”, diz.
Para elaborar o Programa, aANP identificou, junto às empresas, as áreas em
que havia maior carência de profissionais qualificados. Então, por meio de
um sistema de editais públicos, convocou as universidades a criarem
disciplinas de graduação, mestrado e doutorado paralelas aos seus cursos
originais voltadas para as necessidades do setor de petróleo e gás.
Após a realização de três editais públicos (em março e outubro de 1999 e
Em 10 anos de
atividade, Programa de
Recursos Humanos da
ANP gerou impacto
direto na expansão da
indústria do petróleo e
gás natural no Brasil
Thaís Fernandes
Anália Francisca Martins, coordenadora de
tecnologia e formação de recursos humanos da ANP
CAPACITAÇÃO
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M A G A Z I N E CURSOS & CARREIRAS
novembro de 2000), foram implementados por meio
do PRH-ANP 36 programas de formação de recursos
humanos em 23 instituições de ensino de nível supe-
rior espalhadas por 13 estados brasileiros (confira a
lista dos programas no quadro 1). O PRH é
administrado pela ANP e executado por essas
instituições, que realizam processos seletivos para a
escolha de alunos que receberão bolsas do Programa.
“Hoje podemos dizer que o número de
especializações no Brasil chega a 400”, estima Ana
Maria Cunha. E avalia: “Diria que o PRH teve um
impacto direto no crescimento do setor de petróleo e
gás no país.”
Resultados expressivos
Ana Maria Cunha ressalta que os programas do PRH-
ANP hoje estão maduros e mostram resultados
expressivos. Nesses 10 anos de atuação, o Programa
já concedeu 4.586 bolsas e formou 2.933 alunos. Desse
total, 2.208 ex-bolsistas foram alocados no setor de
petróleo, gás natural e biocombustíveis.Ao todo, mais
de 170 empresas e instituições estão empregando
atualmente esses profissionais. “O nível médio de
empregabilidade é de 70%”, destaca.
A maior parte dos profissionais consegue uma
colocação na Petrobras, empresa que hoje emprega
234 ex-bolsistas do PRH-ANP. “Os bolsistas do PRH
passam em grande número e nas primeiras colocações
nos concursos da Petrobras”, diz. A própria ANP
também absorve ex-bolsistas do PRH, que hoje
totalizam 24 profissionais do quadro de pessoal da
Agência. “Mas não podemos dizer que estamos
atendendo toda a demanda do setor porque ela é
grande”, ressalta.
O sucesso do PRH-ANP também fica evidente quando
se considera o desenvolvimento científico e
tecnológico proporcionado e alavancado pelo
programa. Esse trabalho de excelente qualidade se
reflete no número de prêmios recebidos por bolsistas:
135 ao todo até 2008. Desses, 90 foram prêmios
nacionais – sendo 26 prêmios Petrobras de Tecnologia – e 45 internacionais.
O conhecimento gerado pelo Programa rendeu, apenas de janeiro a dezembro
de 2008, 104 artigos em publicações indexadas (que contam com corpo de
revisores) brasileiras e 86 em publicações estrangeiras, além de 30 livros
publicados no Brasil e sete no exterior. Em relação a capítulos publicados em
livros, foram 73 no Brasil e 42 no exterior. O número de patentes obtidas no
país somente no ano passado chegou a 11. “Os programas estão crescendo
em qualidade e hoje estão estabilizados”, avalia Ana Maria Cunha.
Segundo a coordenadora de atividades do PRH-ANP, os programas se
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M A G A Z I N ECURSOS & CARREIRAS
tornaram multidisciplinares e hoje se
alinham à quase totalidade da cadeia
produtiva do petróleo. Apenas áreas
mais recentes, como o pré-sal e
biocombustíveis, não estão cobertas.
“O pré-sal dará origem à maior demanda
para os próximos anos”, avalia Ana
Maria Cunha.
Para preencher essa carência, a ANP
pretende ampliar o PRH. Está previsto o
lançamento ainda em 2009 de um novo
edital, que irá operar em 2010.As linhas a
serem beneficiadas no novo edital já estão
estabelecidas e dão ênfase a temas de
ponta.Além dos programas voltados para
o pré-sal e os biocombustíveis, serão
contemplados aqueles relacionados a
eficiência energética e fontes alternativas
de energia e à saúde ocupacional do
trabalhador da indústria do petróleo e gás
natural. “Serão implementados mais 10
programas, mas ainda não estão definidos
o número de bolsas a serem concedidas e
o montante de recursos a serem aplicados”,
diz Ana Maria Cunha.
Continuidade de recursos
Até 2008, já foram investidos R$ 164.349
milhões nos programas do PRH-ANP.
Esses recursos são direcionados pelo
Fundo Setorial CT-Petro, que gerencia
parte dos royalties pagos pela indústria
do petróleo.Além disso, o PRH-ANPestá
sendo reforçado por recursos oriundos das
próprias concessionárias do setor, que são
obrigadas por lei a investir 1% de sua
receita bruta em pesquisa e
desenvolvimento. Desse montante, 50%
devem ser aplicados em instituições de
pesquisa e parte desses recursos está
sendo direcionada ao PRH-ANP.
“O PRH é um programa privilegiado,
porque não tem problemas de
continuidade em relação aos recursos
investidos”, diz Anália Francisca Mar-
tins. Segundo ela, a crise econômica que
afetou o mundo recentemente não
impactou esse setor. “O PRH é, em grande
parte, auto-sustentável. Seus 36
programas conseguem alavancar recursos
de todas as fontes de financiamento
brasileiras para petróleo e gás”, completa.
Os recursos destinados ao PRH-ANP são
aplicados na concessão de bolsas de
estudo (de iniciação científica, mestrado
e doutorado) e bolsas para o coordenador
de cada programa (que deve ser um pro-
fessor da instituição) e para um profes-
sor-visitante (um profissional do mercado
que agregue conhecimento prático ao
ensino). “O valor das bolsas é um dos
maiores do mercado”, destacaAnália Mar-
tins. Também estão previstos recursos
para outros gastos, como material para a
pesquisa, participação em congressos e
cursos, pedidos de patentes e publicações
de livros. (Veja no quadro 2 o valor das
bolsas)
De 2001 a 2004, o PRH-ANP também
teve uma vertente técnica, em que
trabalhou com oito centros federais de
educação tecnológica (Cefets). Nesse
caso, o financiamento era feito apenas pela
ANP, mas sofreu contingenciamento, o
que levou à interrupção do programa.
Agora, segundo Ana Maria Cunha, a
Petrobras está injetando recursos na
implementação de um programa com o
mesmo formato do PRH técnico. “Essa
parceria daANPcom a Petrobras acontece
em uma área essencial para a formação de
recursos humanos”, diz.
Entre os programas atualmente
beneficiados pelo PRH-ANP, o maior
número concentra-se na região Sudeste.
Mas há uma exigência legal de que 40%
dos recursos sejam destinados às regiões
Norte, Nordeste e Centro-Oeste. “A
realidade dessas regiões hoje é
completamente diferente do que era há 8
anos”, afirma Ana Maria Cunha. De
acordo com ela, a Universidade Federal
do Rio Grande do Norte (UFRN), por
exemplo, é a segunda instituição a
alavancar recursos do PRH-ANP para
projetos de pesquisa – só perde para a
Universidade Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ). “Estamos conseguindo
descentralizar a formação de recursos
humanos”, comemora.
Anália Martins destaca ainda o duplo
benefício do PRH-ANP à indústria do
petróleo e gás natural. “Além do efeito
do Programa sobre a formação de mão-
de-obra especializada para o mercado, há
o impacto sobre o desenvolvimento
científico e tecnológico do setor”, afirma.
E conclui: “É sem dúvida um programa
de sucesso.”
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Uso de mão de obra
estrangeira avança velozmente
na área petrolífera
Especialista em
legalização de
estrangeiros considera
que situação se deve
ao aumento dos
investimentos
externos no país
Carlos Aud Sobrinho, diretor da CAS
ENTREVISTA
O bom momento da economia brasileira acabou criando um quadro de
importação de mão de obra poucas vezes visto no país. Dados do Ministério
do Trabalho e Emprego (MTE) dão conta que foram concedidas 18,85% a
mais de autorizações de trabalho a estrangeiros no primeiro semestre deste
ano do que no mesmo período de 2009. Foram 3.519 concessões a mais do
que janeiro a junho de 2010, que registrou ao todo 22.188 autorizações,
sendo 20.760 temporárias e 1.428 permanentes. No último mês analisado,
junho, o ministério concedeu 3.497 autorizações - o maior número observado
para este mês em cinco anos. Das concessões temporárias, a maior parte foi
concedida aos que trabalham a bordo de embarcações ou em plataformas
estrangeiras (8.244).
No período de 2005 a 2009, no total foram concedidas 165.993 autorizações.
Por país, os cidadãos dos Estados Unidos foram os que mais tiveram
autorizações para trabalhar em solo brasileiro, 5.590; Filipinas, 4.969; Reino
Unido, 3.496; Índia, 2.630 e França, 1.908, vieram logo atrás.
O setor petrolífero é líder na absorção de estrangeiros no mercado brasileiro
por receber embarcações e plataformas estrangeiras, que já vêm tripuladas
do exterior. Cada embarcação estrangeira chega com uma equipe de
profissionais, que são autorizados a ingressar no Brasil. Como o setor tem
tido um crescimento exponencial, é cada vez maior a presença de embarcações
e plataformas estrangeiras, o que gera aumento no número de autorizações
concedidas.
Em meio a este fenômeno, tramita no Congresso Nacional a Lei do Estrangeiro,
que pretende adequar a nova realidade econômica do país às demandas do
mercado de trabalho atual .Mas o fato é que o quadro acima gera crescente
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preocupação dos profissionais brasileiros, que sentem suas posições
ameaçadas dentro das empresas. Entretanto, na opinião de profissionais
especializados que lidam com a legalização do trabalhador estrangeiro no
país, e inclusive dos próprios representantes do Ministério do Trabalho,
esta situação espelha um momento da economia globalizada, com a realização
de grandes investimentos no país, a exemplo do pré-sal e novos investimentos
no setor siderúrgicos, só para ficar nos dois mais expressivos exemplos. E
para derrubar qualquer argumento mais radical usam um fato irrefutável e
atestado pelo MTE: o número de brasileiros no exterior é quatro vezes maior
que o de estrangeiros trabalhando no Brasil.
Dr. CarlosAud Sobrinho, diretor da CAS, empresa com 38 anos de experiência
na legalização de documentação de estrangeiros, é um dos adeptos desta
linha de raciocínio, do tipo via de mão dupla. “O Brasil cada vez mais ganha
projeção Internacional, em toda área energética. Temos a tecnologia em águas
profundas, temos energia alternativa e isso ajuda a atrair mais estrangeiros
para cá”, argumenta, para em seguida lançar um vaticínio: “Estimamos que o
advento do pré-sal vai fazer com que pelo menos 10% dos empregos diretos
e indiretos sejam ocupados por estrangeiros”. Leia a seguir a entrevista
concedida pelo executivo à Revista Guiaoffshore Magazine.
Guiaoffshore:A entrada de mão obra estrangeira no país na área petrolífera
cresce ano a ano. No período de 2005 a 2009, no total foram concedidas
165.993 autorizaçõesAs autorizações concedidas apenas ao setor petrolífero
passaram de 33% em 2009 para 45,5% nos três primeiros meses de 2010. O
sr. não considera esses números um pouco preocupantes para o trabalhador
brasileiro?
CarlosAud: É preciso analisar também a outra ponta da saída de trabalhadores
brasileiros para o exterior. Anualmente, há uma saída de 3 milhões de
brasileiros para trabalhar no exterior e em grande parte é contratada pela
indústria petrolífera, que é uma das áreas que mais emprega atualmente no
mundo. Muitos profissionais brasileiros se especializam e vão trabalhar em
multinacionais lá fora. A própria Petrobras tem uma extensa atividade no
exterior e contrata brasileiros para trabalhar lá fora.
A entrada de 5 mil a 11 mil trabalhadores estrangeiros por trimestre no
Brasil, especialmente na área petrolífera, é para atender uma enorme
demanda por técnicos e profissionais qualificados e altamente
especializados nesta indústria. Além disso, o Brasil cada vez mais ganha
projeção Internacional, em toda área energética. Temos a tecnologia em
águas profundas, nós temos energia alternativa e isso ajuda a atrair mais
estrangeiros para cá, não concorda? O crescimento da siderurgia no Brasil
também contribuiu para o aumento da demanda de profissionais.
Guiaoffshore: Qual é em sua opinião o maior
problema enfrentado pelas empresas com a
contratação de mão de obra estrangeira?
Carlos Aud: É quando termina o visto de uma
tripulação fixa indispensável, pois para obter um novo
visto existe um prazo de 90 dias de carência, ou seja,
o estrangeiro tem que sair do País e aguardar 90 dias
antes de poder retirar um novo visto. E isso às vezes
cria um hiato que prejudica a produção.
Guiaoffshore: Como as empresas que precisam de
mão de obra estrangeira devem se portar? O que o sr.
sugere?
- É preciso planejar com muita antecedência. Pelo
menos seis meses antes de quando quiser trazer mão
de obra estrangeira. Procurar auxílio de consultores
experientes na área, para adequar a operação às normas
e legislação vigentes. Nunca pedir o visto em cima da
hora. Com a limitação feita à manutenção dos
estrangeiros, de acordo com o tempo de operação para
possam permanecer com o visto, seria importante
uma flexibilização e isso não diminuiria a demanda
por mão de obra brasileira.
Guiaoffshore: O Sr. acha que não há razão para o
trabalhador brasileiro se preocupar então?
CarlosAud: Não, porque quando entra uma empresa
estrangeira no Brasil ela gera centenas de milhares de
empregos diretos e indiretos. Quando se traz uma
plataforma, por exemplo, usam-se estaleiros, posto
de gasolina, lavagem de roupa, comida, hotelaria, além
dos transportes marítimo, aéreo e terrestre.
Estimamos que o advento do pré-sal vai gerar no
mínimo 7 milhões e meio de empregos diretos e
indiretos para brasileiros, enquanto para a fatia de
estrangeiros não compreenderá nem 10% desse total.
Guiaoffshore: Qual é a sua análise a respeito da
carência de mão de obra qualificada no país?
CarlosAud: Existe a falta de mão de obra qualificada
em alguns setores e, no caso da área petrolífera, isso
se agravará com a prospecção no pré-sal. O processo
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de nacionalização muito acelerado junto com o rápido
crescimento e a saída de técnicos brasileiros para o
exterior fazem surgir o perigo de acidentes, que não
podemos dimensionar, pois a área de petróleo exige
uma experiência de longo prazo.
Guiaoffshore: A lei do estrangeiro altera a
proporcionalidade da CLT, que estabelece 2/3 de
empregados brasileiros numa empresa?
Carlos Aud: A proporcionalidade tratada na CLT
relaciona-se ao estrangeiro que é empregado por
empresa brasileira.Alegislação que rege o contrato de
estrangeiros para oo segmento offshore é diferenciada,
pois em sua maioria se trata de estrangeiro trabalhando
para empresa estrangeira. A CLT entra no caso de
contrato de trabalho estrangeiro em empresas
brasileiras, porém se aplica a outras áreas, pois o
contrato da área offshore se equipara com o contrato
de assistência técnica.
Guiaoffshore: A penalidade para situação de
irregularidades na mão de obra estrangeira é grande?
Carlos Aud - A penalidade vai desde multas diárias
altíssimas (tanto para a empresa quanto para o
empregado) até a extradição. Segundo o Código Pe-
nal, a empresa que contratar ilegalmente um
estrangeiro terá a responsabilidade recaída
diretamente em seu presidente. Os valores são
arbitrados pelas autoridades de acordo com a
gravidade da infração.
Guiaoffshore: Qual é sua opinião a respeito dessas mudanças advindas com
a nova lei do estrangeiro?
Carlos Aud - Acho que toda a área de imigração está sendo bem conduzida
pelo governo brasileiro e que nós apenas devemos, no caso da indústria
petrolífera, acompanhar esse desenvolvimento do pré-sal, para que não haja
qualquer empecilho. E que possamos proteger nossas embarcações e nossos
técnicos mais experientes, principalmente, ao não se abrir mão da mão de
obra nacional. Mas já sabemos que realmente no médio prazo, se esse
progresso continuar, faltará mão de obra especializada e precisaremos evitar
problemas semelhantes ao ocorrido no Golfo do México, que para mim se
deveu à pressa e à falta de pessoas experientes. Temos que tirar uma lição
desta tragédia, ao se empregar pessoal mais experiente, para evitar problemas
sérios e, às vezes, irreversíveis. Se nacionalizarmos nossa produção com
muita rapidez, haverá o perigo de ocorrer sérios problemas na prospecção
offshore, com acidentes que não poderemos dimensionar.
Guiaoffshore: O que o Sr. tem a dizer aos profissionais brasileiros que estão
preocupado com a grande entrada de estrangeiros no Brasil?
CarlosAud – Não deveríamos criar barreiras, uma vez que a cada prospecção
que é feita gera-se milhões de empregos diretos e indiretos n o Brasil, além de
quecomoconvívioecomatecnologia,cria-setambémumamelhorqualificação
da nossa mão de obra. A tendência é aumentar cada vez mais o número de
empregos no Brasil.
A lei do estrangeiro que está em tramitação no Congresso adapta a legislação
do estrangeiro com a legislação dos países que recebem imigração e vivem a
globalização. Estamos vivenciando um momento diferente na economia, por
que o Brasil é um dos poucos paises do mundo que não está em crise e
quando atrai mão de obra, atrai também capital. Com isso, o brasileiro se
beneficia direta e indiretamente. Isso inclusive aumenta muito os valores
salariais, porque entrará em parâmetro internacional.
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AVEVA anuncia parceria com o
SENAI para treinar engenheiros
de projeto no Brasil
A empresa AVEVA, fornecedora de ferramentas para
projetos de engenharia e gerenciamento de informações
para plantas, geração de energia e indústria marítima,
firmou com o SENAI uma parceria para treinamento
industrial. Consciente da necessidade urgente no
mercado de mais engenheiros de projeto e tubulação, a
AVEVAe o SENAI uniram-se para treinar candidatos
ao mercado de trabalho em tecnologiaAVEVAPDMS
em desenho de plantas.
A parceria fornecerá aos engenheiros a oportunidade
de aprender o software e alinhar suas habilidades com
os pré-requisitos e necessidades dos empregadores de
hoje. O curso será ministrado em 20 unidades nas
dependências do Senai, em várias cidades do Brasil.
"Existe no Brasil uma demanda real por engenheiros
treinados em PDMS. Poderíamos vislumbrar uma escassez no horizonte
enquanto a economia global melhora. Nossa parceria com o SENAI visa re-
solver esse problema em potencial e proporcionar à indústria os trabalhadores
qualificados dos quais necessita para continuar a expansão econômica e indus-
trial. Estamos satisfeitos por trabalhar com o Senai para atender a essa crescente
necessidade da indústria por engenheiros qualificados", frisa Santiago Pena,
Vice-presidente daAVEVApara aAmérica Latina.
O SENAI e AVEVA têm realizado treinamentos em PDMS em São Paulo e
Salvador, mas o acordo de expansão abrange a partir de novembro todas as
unidades SENAI, dando cobertura total ao mercado Brasileiro.
"Nossa nova parceria com a AVEVA irá proporcionar aos estudantes de
engenharia uma importante vantagem competitiva. Tendo engenheiros mais
qualificados em PDMS que possam apoiar projetos 3D beneficiará não só aos
seus empregadores, mas também ao país", explica José Manuel de Aguiar
Martins, diretor-geral do SENAI.
OAVEVAPDMS é uma solução de gerenciamento de projetos e detalhamento
de instalações industrias. O sistema é baseado na modelagem de sólidos em
ambiente multidisciplinar tridimensional em escala. O processo de
detalhamento do projeto é baseado na utilização de componentes de biblioteca
parametrizada, sendo as informações centralizadas em banco de dados
relacional com possibilidade de trabalho sincronizado em diferente localidades
simultaneamente.As diversas disciplinas envolvidas no projeto são tubulação,
equipamentos, estruturas metálicas, civil, bandejamento, dutos de ventilação,
ar condicionado e ventilação (HVAC) entre outras.
O sistema AVEVA PDMS tipicamente é utilizado por profissionais como
Engenheiros, Técnicos Projetistas nas mais diferentes áreas, profissionais
ligados a área de gerenciamento de materiais entre outras. Portanto a
característicadosistemapermitesuautilizaçãonasdiferentesetapasdeexecução
de um projeto de uma planta industrial, desde a fase de projeto conceitual
passando pelas etapas de projeto básico, detalhamento, construção, montagem,
comissionamento, operação e manutenção.
CURSOS & CARREIRAS
TREINAMENTO
Santiago Pena, Vice-presidente da AVEVApara a América Latina
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Demanda por mão de obra
qualificada está em alta na
área petrolífera
Pesquisa inédita realizada pela HAYS, empresa especializada em recrutamento
de executivos de alta e média gerência, com mais de 7 mil profissionais, em
30 países, revelou que as empresas brasileiras pagam em média US$ 72,5 mil
anuais aos seus colaboradores em posições de gerência, ligeiramente abaixo
da média mundial, de US$ 75 mil. O Brasil está em oitavo lugar, se comparado
aos demais países pesquisados.
“Há uma grande diferença entre os salários pagos pela indústria de alguns
países, como a Austrália e a Indonésia, que chega a 400%. Por essa razão,
não é difícil entender porque há tanta transferência de mão de obra pelo
mundo”, comentaAlexia Franco, diretora da HAYS no Rio de Janeiro, onde
a divisão de petróleo e gás da empresa opera desde junho de 2009.
Para a executiva, o mercado brasileiro está aquecido e vai crescer muito nos
próximos anos, principalmente por causa das recentes descobertas na camada
pré-sal. “Observamos que a disputa por profissionais especializados nesse
setor está bastante acirrada. O Brasil não tem mão de obra qualificada na
quantidade necessária para atender à demanda interna”, afirmaAlexia. Estima-
se que haja um déficit de 207 mil trabalhadores qualificados no setor.
Segundo a diretora da HAYS, as empresas que atuam na indústria de petróleo
e gás são mundiais e, por isso, as buscas por profissionais são realizadas de
forma global. “Além do Brasil, atuamos no Oriente Médio, África, Europa,
Ásia e Oceania. Por isso, os resultados da pesquisa nos ajudaram a entender
o mercado como um todo, o que nos permite atender a contratos
internacionais, prospectar profissionais em outros países e oferecer
trabalhadores brasileiros para multinacionais”, diz a diretora.
Como estratégia para reter talentos, as empresas lançam mão de vários tipos
de benefícios. “As empresas do setor de petróleo e gás consultadas pela
Estudo da HAYS
registra que profissões
mais demandadas
serão geólogos,
geofísicos,
especialistas em
perfuração e
equipamentos, e
gerentes de projetos
Alexia Franco, diretora da HAYS no Rio de Janeiro
CURSOS & CARREIRAS
PESQUISA
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pesquisa oferecem benefícios de forma
consistente. Mas os profissionais de
grandes empresas globais recebem mais
se compararmos com a média das
indústrias (51% dos colaboradores têm
plano de saúde, 50% recebem bônus, 47%
têm ajuda de custo para moradia, 30%
têm habitação paga pela empresa e 36%
têm carro ou transporte oferecidos pela
empresa), dizAlexia.
Áreas mais aquecidas
A pesquisa apontou que os profissionais
mais demandados nos próximos meses
pelo mercado de petróleo e gás no Brasil
na cadeia de exploração (upstream) serão:
geólogos, geofísicos, especialistas em
perfuração, especialistas em
equipamentos e gerentes de projetos. No
setor de distribuição (downstream),
haverá uma procura crescente por
profissionais da área de infraestrutura,
visando a construção de refinarias e
gasodutos. “As empresas estão se
consorciando para atuar em grandes
projetos, por isso, as áreas de orçamento
e planejamento de obras industriais estão
em alta”, explica a diretora da HAYS. No
mundo, as regiões que abrirão mais
oportunidades, segundo a pesquisa, são:
Oriente Médio, África, Ásia, Austrália,
Reino Unido e Norte da Europa, Leste
Europeu eAmérica do Sul.
O levantamento também registrou
otimismo entre os colaboradores da
indústria de petróleo e gás para os
próximos meses. A maioria dos
entrevistados (75%) acredita que o
mercado vai se recuperar em menos de 12
meses e apenas 15% descreve sua
confiança no mercado de trabalho no setor
de forma negativa.
A área de expertise Hays Oil & Gas no
Brasil, baseada no Rio de Janeiro, é um
dos dez polos mundiais da empresa e
atende toda a América do Sul, em
sintonia com outros escritórios da
HAYS no mundo. A equipe de
consultores é 100% dedicada ao setor.
“Nossa expectativa é fazer com que a
divisão Hays Oil & Gas chegue a 30%
do total de posições trabalhadas pela
HAYS no Rio de Janeiro e, em cinco
anos, represente 50% do faturamento
do escritório carioca”, dizAlexia Franco.
Em 2008 a HAYS foi responsável por
cerca de 50 mil contratações em regime
permanente e 270 mil assinaturas de vagas
temporárias no mundo todo. No ano fis-
cal encerrado em junho de 2009, seu
faturamento mundial alcançou £ 2,4
bilhões, com lucro líquido de £ 670,8
milhões e lucro operacional de £ 158
milhões. Seu modelo de negócios tem
como foco os resultados, base de sua
prática comercial, e é 100% voltado ao
sucesso da missão e à parceria de longo
prazo com as empresas empregadoras.
Isso é resultado do exercício diário de seus
valores corporativos: transparência,
excelência, paixão pelo negócio e
construção de relações duradouras.
Chegou ao Brasil em 2006, estabelecendo-
se primeiro em São Paulo e em seguida no
Rio de Janeiro. No País, a HAYS atua em
12 áreas de expertise independentes: Hays
Accountancy & Finance, Hays Banking,
HaysEngineering,HaysHumanResources,
Hays Legal, Hays Logistics, Hays Pro-
curement, Hays Pharma, Hays Sales &
Marketing, Hays Taxation, Hays Oil &
Gas e Hays Information Technology.
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O desafio de recrutar
profissionais qualificados
para atender a demanda
do setor de óleo e gás
Por Adriano Bravo*
ARTIGO
Com a descoberta da camada pré-sal, o setor
de óleo e gás ficou reaquecido e elevou o
Brasil a um dos principais países produtores
de petróleo. O bom momento deve
prosseguir até 2020, com investimentos
totais estimados em U$ 210 bilhões e no-
vas posições abertas para o mercado – cerca
de 200 mil novas vagas, diretas e indiretas.
A meta do Governo é utilizar 80% de mão
de obra local, mas a falta de profissionais
qualificados virou um desafio também para
as empresas do setor que precisam encontrar
rapidamente perfis que se encaixem em
áreas peculiares do projeto Pré-sal.
Atualmente, o maior déficit é de
engenheiros, profissionais de pesquisa de
exploração e desenvolvimento
(engenheiros de reservatório, geofísicos,
petrofísicos e geólogos de petróleo e gás),
e profissionais voltados para as sondas de
perfuração e para as plataformas de
produção. Esse é um setor da economia
formado por profissões que eram pouco
atraentes ou desconhecidas do público geral
e que não ofereciam, até então, amplas
oportunidades. Para se ter uma ideia, em
1991 as universidades formaram sete vezes
mais advogados do que engenheiros. Mas
com as profundas mudanças ocorridas de
dez anos para cá, principalmente nos
últimos cinco anos, baseadas nas novas
descobertas da Petrobras e de empresas
internacionais, ocorreu o rápido
crescimento do setor, que começou a
demonstrar estrangulamento muito rápido
de profissionais plenos e seniores,
principalmente quando as empresas
passaram a demandar mão de obra nacional.
Um estudo do Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada (IPEA) feito no início
deste ano mostrou que o Brasil não tem
número suficiente de engenheiros para dar
conta dos novos postos que devem surgir
com o crescimento econômico. No Brasil,
cerca de 30 mil engenheiros saem das
universidades por ano. De cada sete
engenheiros formados no país, apenas dois
estão formalmente empregados em funções
típicas da profissão. É muito pouco se
compararmos com outros países. Na Coreia
do Sul, por exemplo, este número chega a
80 mil e na Rússia, 140 mil. China e Índia
vão mais além: por ano se formam 600 mil
e 250 mil engenheiros, respectivamente.
Devido a essa falta de profissionais
especializados, a remuneração para quem
atua nesses segmentos está elevada. Uma
série de posições para a área de pesquisa de
reservas chega a atingir cerca de R$ 30 mil.
Recém-formados em engenharia com inglês
fluente e que pretendem trabalhar em re-
gime offshore chegam a ganhar em torno
de R$ 7 mil. A carência só começará a
equilibrar-se dentro de cinco a 10 anos,
dependendo da área de formação.
As empresas especializadas em
recrutamento vêm aumentando seu
contingente, até mesmo de engenheiros,
para dar conta do entendimento técnico
das posições e da demanda contínua. Esta
demanda já ultrapassou a simples procura
local e passou até mesmo a focar a busca
em profissionais, brasileiros, alocados em
projetos no exterior e em profissionais
oriundos de países do Mercosul. Para se
ter uma ideia, em algumas posições
especializadas contamos apenas com
quatro ou cinco profissionais em todo
território nacional para uma demanda que
supera seu número físico. Muitas das vezes
esbarramos em questões como a falta de
domínio do inglês ou a falta experiência
relevante no setor de upstream para
posições de alta gerência.
Com esta lacuna a ser preenchida, a saída
tem sido a contratação de mão de obra
estrangeira. Segundo relatório recente do
Ministério do Trabalho, mais de 90% dos
quase 180 mil estrangeiros que receberam,
ao longo dos últimos cinco anos, algum tipo
de visto de trabalho para atuar em terras
brasileiras, têm diploma universitário,
ensino médio completo ou algum grau de
especialização técnica. Isto infelizmente
demonstra que e a mão de obra nacional
não está preparada para competir com a
estrangeira. Essa demanda por trabalhadores
mais bem qualificados é infelizmente uma
tendência, pois o nosso sistema educacional
não reage na velocidade exigida pelo
mercado. Assim, a vinda de trabalhadores
expatriados para o Brasil tem funcionado
como um ‘pulmão’ enquanto os
trabalhadores locais vão sendo encontrados
ou qualificados. Os custos destes
profissionais estrangeiros no Brasil são
muito maiores que trabalhadores com o
mesmo grau de qualificação, e isto torna a
ideia de qualificar os profissionais brasileiros
compensadora.
A boa notícia é que o setor de petróleo e gás
implica na vinda do exterior de
equipamentos sofisticados, como navios-
sonda para coleta de dados geofísicos e
unidades de perfuração. Na medida em que
esses barcos ingressam no Brasil com
estrangeiros a bordo vão, gradualmente,
incorporando profissionais brasileiros às
tripulações por conta das regras de conteúdo
nacional, sindicatos, governo e pelas
empresas. Além disso, Governo, ANP,
Universidades e SENAI uniram esforços
para elevar o número de formandos de 30
mil para 100 mil nos próximos cinco anos.
Estas são soluções eficazes para evitar que
não somente o Pré-Sal, mas a economia
brasileira como um todo não trave seu
crescimento por falta de profissionais para
cuidar dos principais empreendimentos de
infraestrutura do país.
*Headhunter, CEO da Petra Executive Search
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Processo seletivo exige múltiplas
habilidades de candidato e
até empatia com entrevistador
Por Fernando Montero da Costa
ARTIGO
O que passar como primeira imagem
num processo seletivo? Qual a
importância do primeiro contato com
o entrevistador ou dono de uma vaga
a emprego? De que vale compreender
as necessidades da empresa no que
tange à vaga que se pleiteia? Por que
saber se inter-relacionar e
estabelecer certa proximidade com
nosso entrevistador pode valer o
êxito na conquista da vaga de
emprego?
Com base nestas e em outras
indagações é que possível entender
um pouco melhor as nuances e
particularidades dos processos
seletivos, cuja atenção pode (ou não)
levar o candidato à conquista da tão
almejada vaga de emprego.
Fernando Montero da Costa, Diretor
de Operações da Human Brasil
(empresa especializada na seleção e
recrutamento de talentos, formação,
desenvolvimento e consultoria
estratégica de pessoas nas
organizações), relata abaixo algumas
situações e problemas usuais em
entrevistas e dá dicas para se obter
sucesso:
Coerência com as informações já
passadas anteriormente: ou seja, o
conteúdo da entrevista não
representa uma contradição ou
inconsistência em relação ao CV,
histórico ou quaisquer outras
referências profissionais prévias
fornecidas.
Ausência de informação prévia: o
entrevistador não tem como balizar
ou validar a entrevista com quaisquer
outras informações prévias
fornecidas pelo candidato. O
candidato não conhece o
entrevistador: o momento da
entrevista é de incerteza, pois, regra
geral, não há qualquer informação a
respeito do selecionador.
Nível profissional do entrevistador:
não se sabe ao certo qual é o nível
do selecionador e isto tende a deixar
o candidato inseguro. Exemplo: se o
entrevistador é um analista ou um
diretor, um gerente ou um assistente,
um trainee ou coordenador, um su-
pervisor ou um estagiário. Qualquer
um desses níveis / cargos pode estar
à sua frente e expressando atitudes
variadas durante a entrevista. E, em
muitos casos, o selecionador sequer
revela o seu papel na organização, o
que, dependendo das colocações,
pode colocar o candidato em “saias
justas”.
Utilização de diferentes linguagens:
no caso de algumas vagas de caráter
mais técnico, esse fator exerce par-
Fernando Montero da Costa, Diretor de
Operações da Human Brasil
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ticular influência no contexto da
entrevista. Caso o candidato não seja
da área, restará pouca chance de
seguir no processo, pois sequer está
em condições de entender o linguajar
adotado pelo entrevistador.
A interação com o entrevistador pode
provocar conflitos ou situações
difíceis: a busca de uma maior
interação ou intimidade com o
entrevistador pode colocar o
candidato em situações delicadas,
especialmente quando contextualiza
casos pessoais que possam induzir
o selecionador a juízo de valor fora
de um contexto profissional.
Falta de habilidade para tratar os
aspectos não-técnicos ou de ordem
mais comportamental: esta
ocorrência é especialmente comum
nas chamadas “entrevistas por
competências”, nas quais o
entrevistador convida o candidato a
contextualizar alguma situação de
cunho comportamental e/ou de
competências vividas em algum
momento no passado e que são
necessárias para o adequado
exercício do cargo que pleiteia na
empresa.
Falta de química com o entrevistador:
a ausência de química ou empatia com
o entrevistador pode tirá-lo do
processo seletivo em questão.
Fernando Montero lista também dois
dos principais indícios que sinalizam
que um candidato irá à frente no
processo seletivo: “A capacidade de
transmitir confiança e a habilidade de
gerar credibilidade.”
O diretor da Human Brasil ressata
que, de acordo com estudos de
análise comportamental desenvolvidos
pelos cientistas de renome, existem
alguns fatores preponderantes que
afetam mais ou menos os resultados
das entrevistas de emprego,
particularmente no que tange a car-
gos executivos, de gerência ou
diretoria de alto nível. Isto porque a
expectativa gerada num processo de
entrevista é diferente dos candidatos
a vagas mais operativas ou de
funções menos seniores.
“Aspectos comportamentais, tais
como de iniciativa própria,
competitividade, orientação a
resultados, elevada capacidade de
auto-estima e auto-motivação e
objetividade, são muito apreciados
em executivos”, explica.
“Esses mesmos aspectos, quando
combinados com habilidades de
influência, medidas através do nível
de empatia, capacidade de gerar e
estabelecer relações de confiança,
facilidade para relacionar-se,
otimismo, persuasão e excelente
comunicação, fecham o perfil do líder
ou gestor para o cargo almejado”,
completa o especialista.
Este tipo de expectativa de perfil
comportamental tem sido buscada
tanto por empresas multinacionais
quanto por empresas 100%
brasileiras. “O que normalmente
muda é o tempo do processo, número
de entrevistas, questionários de
avaliação aplicados, etc. Em muitos
casos, por mais sui generis que possa
parecer, empresas 100% nacionais,
inspiradas nas novas tendências de
RH internacionais, acabam até certo
ponto sendo tanto ou mais exigentes
em termos de perfil comportamental
quanto as multinacionais.”
O mesmo tipo de expectativa
comportamental pode ou não variar
em se tratando de diferentes
segmentos setoriais, por exemplo: No
setor industrial, engenharia/
construção civil e financeiro, nos
quais a questão do componente
técnico são preponderantes, além dos
fatores já citados anteriormente,
acrescenta-se o perfil de precisão,
precaução, uniformidade e visão de
processos, perfeccionismo e
meticulosidade.
Já nos setores comercial e de serviços,
nos quais a pressão do
relacionamento externo e muitas vezes
contato direto com clientes exigem
mais de seus profissionais, acresce-
se ao perfil dominante e influente
certas características de auto-
controle, estabilidade, paciência,
amabilidade, tenacidade e
ponderação.
No que diz respeito aos
empreendedores ou empresários
fundadores de novos negócios, além
da dominância e influência,
acrescenta-se fatores comportamentais
que fazem a diferença, tais como:
adaptabilidade, vigor, alto nível de
energia, capacidade de lidar com a
diversidade, flexibilidade e em
particular, aspectos de firmeza,
independência e capacidade de
assunção de riscos.
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M A G A Z I N E
Adaptação é a palavra-chave
para profissionais offshore
Por Villela da Matta*
ARTIGO
CURSOS & CARREIRAS
Planejamento e gerenciamento da carreira,
a partir da delimitação de metas e
objetivos claros são fundamentais,
sobretudo no mercado de trabalho atual,
no qual as mudanças ocorrem de forma
cada vez mais rápida.
Para os profissionais offshore esse
planejamento é ainda mais relevante, uma
vez que estes colaboradores precisam
estar preparados para os impactos
ocasionados por essa atividade em sua vida
pessoal e profissional.
Segundo pesquisa, os grandes problemas
que acometem o trabalhador offshore são
irritabilidade, ansiedade, depressão,
impaciência e insônia, causados,
principalmente, pela distância dos amigos,
da família e da rotina com a qual estava
acostumado, bem como pela escala de 12
horas ininterrupta, o austero modelo de
trabalho e exposição ao risco. Por isso, é
essencial que esses profissionais tenham
um coach que otimize seu
desenvolvimento profissional e aumente
sua performance.
O problema é que geralmente as pessoas
não gostam de mudanças, por mais
necessárias que sejam, pois o conceito
de mudança remete a sensação de
novos desafios e ainda provoca
diferentes sensações e entendimentos
comportamentais.
E quando essas mudanças são mal
conduzidas tornam as pessoas inseguras,
pessimistas, negativas, desmotivadas, o
que mexe com o entusiasmo e,
consequentemente, com sua habilidade de
lidar com pessoas.
É por isso que processo de coaching é tão
relevante para a empresa e para o
profissional, pois quando aplicado com
responsabilidade e utilizando as
ferramentas corretas, pode ser a solução
quando um trabalhador ou uma equipe
está em falta de sintonia e pode acabar em
descarrilamento.
O coaching é uma ferramenta moderna
com comprovações científicas capaz de
reverter qualquer quadro negativo de uma
corporação, em um curto espaço de tempo.
É uma espécie de assessoria individual ou
de grupo que foca em planejamento e
resultados, contribuindo com performance
e qualidade de vida.
Motivação
Para que não haja arrependimento e
“surpresas” com a profissão, é fundamen-
tal que o funcionário saiba exatamente no
que consiste seu trabalho e atividade na
empresa, conheça detalhadamente qual a
finalidade da ação que está exercendo e
sua importância para a corporação. Isso
deve ocorrer antes e durante o exercício
da função.
Vale ressaltar que também é importante
que o funcionário tenha em mente que a
satisfação no trabalho, acabará por refletir
em sua vida pessoal, e que o
desenvolvimento profissional e o aumento
do seu desempenho irão gerar mais
oportunidades, reconhecimento e
sucesso.
Mas para que isso aconteça, é necessário
criar condições para que o colaborador se
adapte à condição de confinamento, re-
gime de turnos, afastamento do convívio
familiar e social, utilização do tempo livre,
entre outras, e o coach é fundamental para
que o trabalhador enxergue essa nova
realidade e se adeque a ela, examinando os
prós e contras da profissão por ele
escolhida, e trabalhando, principalmente,
para que ele não pratique uma
autosabotagem inconsciente, visando
retornar a sua “zona de conforto”.
* Fundador e Presidente da Sociedade Brasileira
de Coaching®. É Certified Master Coach pelo Be-
havioral Coaching Institute e Graduate School of
Master Coaches e membro do ICC.
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M A G A Z I N E
A difícil arte de formar o líder
vindo da carreira técnica
Por Silvio Celestino*
ARTIGO
CURSOS & CARREIRAS
Por vezes a promoção de um
profissional a um cargo de liderança
faz a empresa perder um técnico nota
10 e ganhar um líder nota 1. Existem
muitos fatores a se considerar
quando decidimos promover
alguém a um posto no qual
estará responsável por
pessoas e pela obtenção de
resultados por meio delas. O
principal é despertar no
indivíduo sua capacidade de
sair da esfera técnica e
interessar-se por desenvolver
outros e integrá-los aos
propósitos da empresa e
principalmente dos clientes.
O desafio começa quando
observamos que em sua vida
voltada para máquinas e
processos, o profissional evolui
adquirindo o conhecimento clássico
- aquele que pode ser obtido em livros
ou em cursos. Seu mundo possui uma
lógica que é expressa a partir de uma
sequência de ações que, quando
repetidas, produzem o mesmo
resultado. Por isto a segurança de um
indivíduo oriundo da carreira técnica
está em seu conhecimento. Quanto
mais sólido ele for, quanto mais
profundo e preciso, maior a velocidade
com que consegue resolver os
problemas que lhe são apresentados
e mais valioso se sente para a empresa
e para si mesmo. Entretanto, ao
ingressar na carreira de liderança as
máquinas e os processos vão para o
cenário, ou seja, o indivíduo
deixa de interagir com eles e
passa a lidar com pessoas de
um modo muito específico:
obter resultados por meio
delas. Neste contexto o
conhecimento clássico já não
conta tanto, pois cada
indivíduo é um ser único e
portanto, a melhor forma de
conhecê-lo é conversando
com ele, observando suas
ações e refletindo sobre seus
propósitos - que podem
mudar de um momento a outro
e por fatores desconhecidos
por estarem fora da esfera
profissional. Além disso, nem todos
os comportamentos são lógicos, o que
é incompreensível para aqueles
formados tecnicamente. Para piorar
*Silvio Celestino - Senior Partner da Alliance Coaching
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uma mesma pessoa que o novo líder
conseguia fazer mover-se no passado
com uma frase inspiradora, agora
considera esta mesma mensagem
inócua, enfadonha e desmotivadora.
E finalmente chega o fator da maior
complexidade para o técnico em cargo
de liderança: a emoção. Seres
humanos são máquinas geradoras de
emoção. Se em um dado instante a
pessoa produzir uma que seja
disfuncional, seu trabalho e por vezes
o da equipe estará irremediavelmente
perdido. Neste fator reside a maior
parte do dispêndio de energia do líder,
seu estresse e, no longo prazo, seu
esgotamento. Por exemplo, um
engenheiro que "dirigia-se a um
computador" com palavrões quando
este demorava para responder a um
comando, ao tomar a mesma atitude
com um de seus liderados gera as
condições para que este último
produza medo e se paralise. Um
técnico que conseguia consertar
velozmente vários equipamentos ao
mesmo tempo, ao tentar fazer sua
equipe realizar muitos projetos em
paralelo gera as condições para que
ela fique frustrada, ansiosa e
estressada. Nestes exemplos o
resultado fica comprometido por sua
não realização, qualidade ou atraso. É
quando o líder tem de enfrentar a mais
difícil das emoções: a sua própria. O
desenvolvimento intelectual na
carreira técnica faz o indivíduo
acreditar que tudo pode ser aprendido
estudando e lendo. Na verdade por
maior que seja seu conhecimento
sobre inteligência emocional - e há
muitos livros consagrados a respeito,
se a pessoa não se sujeitar à interação
com outros com os propósitos de
dominar suas emoções e amadurecer,
dificilmente conseguirá exercer a
liderança sem tornar-se disfuncional.
Nas organizações observamos
gestores, inclusive no mais alto posto
da empresa, que são capazes de gerar
excelentes resultados financeiros, mas
estão profundamente estressados e
alguns com doenças em decorrência
disso. Lamentavelmente em
muitos casos são eficientes
profissionalmente mas ineficientes na
vida pessoal, o que é uma forma
terrível de fracasso. A passagem da
carreira técnica para a de liderança
exige que o indivíduo se exponha a
experiências que possam aprimorá-lo
no trato das emoções, principalmente
nos momentos críticos, que são
aqueles onde os resultados não estão
acontecendo, o clima organizacional
está negativo, ou há uma crise em
curso. A capacidade de dominá-las e
lidar com as dos subordinados,
superiores, pares e clientes
desempenha um papel fundamental
nestas ocasiões e é um fator-chave
para o desenvolvimento de sua
carreira. Nestes quase 10 anos de
experiência como coach de líderes
empresariais, observo que o papel da
empresa é oferecer um sistema que
permita a existência de um fluxo
constante de novas lideranças (pipe-
line de líderes). Nele, de acordo com o
nível hierárquico da pessoa, ela tem
acesso a palestras, workshops e
cursos que a despertem para estas
questões do auto-desenvolvimento,
emoções e maturidade. Mas,
complementariamente, a partir de uma
certo ponto em sua carreira, tem a
possibilidade de submeter-se a uma
metodologia específica de formação
de liderança: o coaching. Em linhas
gerais é o processo de
desenvolvimento de competências do
líder e que pode ser utilizado também
de forma abrangente para que o
indivíduo possa desenvolver outras
esferas de sua vida. Entretanto, todas
estas ações devem ser integradas à
estratégia da empresa de forma
a auxiliar o profissional a
paulatinamente ter uma visão cada vez
maior de si mesmo e de seu papel
frente aos desafios da corporação.
Apesar da relevância incontestável da
carreira técnica, o que se espera de um
profissional ao chegar à maturidade é
que seja capaz de se responsabilizar
por pessoas e desenvolvê-las. Daí a
importância de todos se inspirarem a
enfrentar este desafio fundamental
para as organizações e o país: a
formação de líderes.
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  • 1.
  • 2.
  • 3. Capacidade de investimento será o ponto crucial para definir o futuro da exploração do petróleo no pré-sal. Não por menos este é o tema principal desta edição da Guiaoffshore Magazine, que surge para reunir numa só revista as nossas publicações especializadas Produtos&Serviços e Cursos&Carreiras. Na linha de frente de busca por recursos, a Petrobras se dispõe, no papel, a investir mais de US$ 220 bilhões até 2014. Mas está de mãos atadas por conta da capitalização, que ocorrerá a partir da concessão de 5 bilhões de barris pela União, e é tida como a maior operação do gênero no mundo. Caso não realize rapidamente este lançamento de ações, a Petrobras terá duas saídas: reduzir investimentos ou aumentar a dívida. Se optar pela última, perderá seu grau de investimentos, e com ele os benefícios de tomar financiamentos com melhores condições. Como pano de fundo, para tornar o cenário ainda mais inebriante, estão as eleições, que dão o tom apaixonado das críticas do lado da oposição e cauteloso da parte do governo. Interessadas em disputar parte dos esperados investimentos que movimentarão o mercado petrolífero offshore nos próximos anos, as micro, pequena e médias empresas vão à luta em busca de recursos. E, como avalia as reportagens de Regina Teixeira, os bancos estatais parecem dispostos a participar do jogo financeiro. O BNDES larga com vantagem, não apenas pela condição de principal agente repassador dos recursos do Fundo da Marinha Mercante, que deverá transferir ao mercado este ano R$ 15 bilhões, mas também por criar condições de crédito específicas para atendimento de diferentes portes dessas empresas. O Banco do Brasil criou este ano linha de crédito própria para o setor naval offshore, que em apenas três meses resultaram em R$ 2 bilhões em operações. Mais R$ 2,5 bilhões em crédito serão concedidos ao setor até dezembro. Disposta a seguir o mesmo caminho, a Caixa também criou um departamento exclusivo para atender ao segmento petrolífero e está prestes a também se tornar repassadora dos recursos do Fundo da Marinha Mercante. De olho nas oportunidades de emprego que, certamente, surgirão nos próximos anos, os profissionais do mercado de petróleo e gás ou os que pretendem ingressar nele buscam ampliar a capacitação pessoal. A falta de mão de obra especializada criou, inclusive, um novo fenômeno no Brasil: a importação de mão de obra estrangeira de alto nível, que aporta no país para trabalhar sobretudo na exploração e produção offshore, como atesta nossa equipe de reportagem. Para o governo e para especialistas em legalização de estrangeiros, o fenômeno se deve à crescente onda de investimentos na indústria petrolífera, e também à recente consolidação da economia nacional. Não sabem dizer ao certo se o fato é passageiro, mas os profissionais brasileiros começam a abrir o olho. A dobradinha capital e trabalho parece que também será decisiva na definição do que a indústria petrolífera offshore poderá dar de retorno à sociedade brasileira. Por enquanto, o que podemos dizer, assim como o tema de capa desta revista, é que o futuro do pré-sal é enigmático. Boa leitura a todos. Marco Antonio Monteiro Redação: Marco Antonio Monteiro (Editor), Regina Teixeira, Thais Fernandes (Repórteres), Luiz Eduardo Velloso (Fotógrafo) Marina Lazzarotto (Pesquisa) Colaboradores (Artigos): Silvio Celestino e Adriano Bravo Arte e Diagramação Lourenço Maciel Publicidade / Comercial: José Zille (zille@guiaoffshore.com.br) Telefone da Redação (21) 2240-5077 – Email: releases@guiaoffshore.com.br Endereço (sede própria): Rua Evaristo da Veiga, 35 sala 1512 – Centro – Rio de Janeiro – CEP 20031-040 A revista Gui@offshore Magazine é uma publicação da editora MCM Comunicação Ltda, proprietária do portal Gui@offshore (www.guiaoffshore.com.br). A versão digital desta revista pode ser lida no seguinte endereço: http://www.guiaoffshore.com.br/revista_gm.pdf GUI@@@@@OFFSHORE M A G A Z I N E EDITOR O enigma da capitalização da Petrobras 2 A hora e a vez das microempresas no BNDES 4 Caixa cria linha de R$ 2 bilhões para financiar a área petrolífera 10 BB financia até 90% do valor do projeto da indústria naval 12 Petrobras quer ampliar sua base de fornecedores entre as micro e pequenas empresas 15 Expansão do setor petrolífero impulsiona empresas a realizar novos investimentos 18 Formação de Profissionais com nível de excelência 20 Uso de mão de obra estrangeira avança velozmente na área petrolífera 23 AVEVA anuncia parceria com o SENAI para treinar engenheiros de projeto no Brasil 26 Demanda por mão de obra qualificada está em alta na área petrolífera 28 O desafio de recrutar profissionais qualificados para atender a demanda do setor de óleo e gás 31 Processo seletivo exige múltiplas habilidades de candidato e até empatia com entrevistador 32 Adaptação é a palavra-chave para profissionais offshore 34 A difícil arte de formar o líder vindo da carreira técnica 35 SUMÁRIO magazine Produtos, Serviços, Cursos & Carreiras Setembro 2010
  • 4. 22222 GUIAAAAAOFFSHORE M A G A Z I N EPRODUTOS & SERVIÇOS O enigma da capitalização da Petrobras FINANÇAS Administração de gigantesco volume de recursos e política partidária nunca combinaram muito no Brasil. E justamente neste momento, no calor do debate pré- eleitoral, tenta-se definir o processo de capitalização da Petrobras, tido como maior da história da economia mundial, que se dará por meio de cessão onerosa pela União de 5 bilhões de barris. A sua conversão em dinheiro que, para analistas de mercado, poderá chegar a até US$ 50 bilhões, servirá para a estatal deslanchar investimentos superiores a US$ 220 bilhões até 2014. De um lado, a Petrobras, respaldada por seus acionistas minoritários e mercado financeiro em geral, defende uma operação rápida, precisa e pelo menor valor possível a ser pago por barril, para garantir a participação de todos no lançamento das ações. Do outro, o governo federal, com a chance única de aumentar consideravelmente sua fatia no capital da empresa e respaldar o Tesouro Nacional por esta operação bilionária. Ambos representam os papéis claros no jogo mercantil. O vendedor quer receber mais e o comprador, pagar menos. Mas mais do que isso, ambos estão de olho em como os valores podem suscitar ações judiciais e estender para tribunais uma discussão feita a portas fechadas entre os protagonistas. Enquanto estas incertezas não se dissipam, as ações da companhia estão estagnadas e a Petrobras foi a petroleira que mais perdeu patrimônio depois da BP este ano. No caso da britânica, o acidente no Golfo do México fez com que suas ações despencassem nos últimos meses e a empresa reduzisse em quase 10% seu patrimônio. Já Petrobras, que tem ações cotadas na casa dos R$ 26 – menos de um terço do que projetavam analistas para esta época, quando foi anunciada a descoberta do pré-sal – teve uma redução em torno de R$ 60 bilhões em seu capital desde janeiro. O valor equivale ao patrimônio de um banco do porte do Bradesco. Eric Conrads, gerente de hedge na Cidade do México, destaca em relatórios que para cada dólar que se negocia o preço do barril, “estamos falando de bilhões” que serão movimentados mundo afora. “É preciso mais cuidado e mais transparência”, cobra. Também em relatório sobre sua percepção no país, Christopher Palmer, gerente para países emergentes da Gartmore In- vestment lembra que o que está “comendo” as ações da Petrobras é o elevado nível de intervenção política. “Isso implica uma considerável perda de credibilidade junto ao mercado financeiro”, comenta. Para aproveitar um jargão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e homenageá-lo em seu final de mandato, "nunca antes na história deste país" se viu um período com discussões político-econômicas tão aquecidas. Tanto a Petrobras, quando aAgência Nacional do Petróleo (ANP) – que representa o governo – contrataram consultorias independentes para a avaliação do valor da área que será repassada na cessão onerosa. Este valor, que até o final da edição não havia sido concluído é a base de sustentação do processo de capitalização da companhia. Consenso do mercado, este valor poderia ficar entre os US$ 5 e US$ 10. Na Petrobras, segundo fontes, o máximo a ser pago seria US$ 6. Na ANP, julgam os entendidos, não daria para ser menos de US$ 10. Considerando cinco bilhões de barris a serem repassados, o valor a ser recebido pelo governo, variaria entre US$ 25 bilhões e US$ 50 bilhões. A Petrobras pode lançar ações até no máximo US$ 80 bilhões. Se o valor definido ficar na mínima, o governo teria recursos apenas para bancar uma parcela inferior aos 30% que correspondem a sua atual fatia no capital da empresa. Neste caso teria que recorrer ao Tesouro para emissão de novos títulos para o pagamento de uma parcela extra. No caso do valor máximo, o governo teria condições de usar todos os recursos recebidos na cessão onerosa, elevando a participação no capital da estatal em mais de dez pontos porcentuais.
  • 5. 33333 GUIAAAAAOFFSHORE M A G A Z I N E PRODUTOS & SERVIÇOS “Isso não é bom para a Petrobras pelo fato de propiciar uma entrada menor de recursos dos acionistas privados, na forma de dinheiro e não de títulos públicos, não resolvendo a contento o problema da capacidade de investimentos da empresa”, sinaliza o diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Adriano Pires.APetrobras precisa buscar no mercado caixa para cumprir seus investimentos de no mínimo US$ 224 bilhões nos próximos cinco anos. Além de caixa direto, a capitalização deverá aumentar o patrimônio líquido da empresa o que permitiria a ela tomar novos financiamentos sem comprometer índices de boa governança corporativa e não ameaçar uma eventual perda do grau de investimento obtido a duras penas junto a três agências de risco. “Com a Dilma disparando nas pesquisas, tudo o que menos o governo quer é deixar arestas para que uma discussão deste porte atravanque as eleições”, confidenciou uma fonte próxima da campanha da candidata Dilma Rousseff. A ordem, ao que se sabe a bocas pequenas é parar a capitalização se ela manchar de tintas mesmo que minimamente a campanha de Dilma. O tom não é menos preocupante do outro lado da mesa. Os coordenadores da campanha de José Serra garantem: querem adiar ao máximo esta capitalização. “Se houverumavitóriadopartido,onovomarco regulatório deixa de existir. Não há porque pressa em negociar assuntos tão sérios para o futuro do país ao apagar das luzes de um governo”, garante um assessor. Aí entra o segundo fator desconcertante em matéria de capitalização: o prazo. Por enquanto, o lançamento das ações está previsto para ocorrer em meados de setembro e a conclusão da operação no final do mês, a três dias da eleição. Isso se não houver uma ordem direta do presidente Lula. Fontes afirmam que o ministro Guido Mantega agiu diretamente para pedir a Lula por um adiamento, temendo que a operação fracasse tanto por divergências de preços entre as consultorias da ANP e da estatal, quanto por ações judiciais, e mesmo indisponibilidade de fundos estrangeiros a participar da negociação. Porém, se a Petrobras não realizar rapidamente este lançamento de ações terá duas saídas: reduzir investimentos ou aumentar a dívida. Se optar pela última, perde seu grau de investimentos, e com ele os benefícios de tomar financiamentos com melhores condições. Ou seja, só resta à companhia reduzir os investimentos e isso implica cortar as duas refinarias Premium, destinadas ao Maranhão e ao Ceará, que consumiriam investimentos de US$ 20 bilhões e são alvo de duras críticas do mercado financeiro. Na opinião de analistas, trata- se de um gasto muito alto em projetos com retorno baixo. “O grande foco da Petrobras no refino é difícil de entender”, resumiu o analista de petróleo do Credit Suisse, Emerson Leite, em relatório enviado a clientes. Mesmo para especialistas, que discordam da tese dos analistas sobre não investir em refinarias, a escolha do local é questionável. “É justificável que o Brasil invista em refinarias, mas por que em tantas e por que justamente naquela região? Isso é uma decisão política que pode ser questionada”, comentou o con- sultor Luiz Henrique Sanches, ex-diretor comercial da refinaria de Manguinhos, no Rio, a única de controle privado no Brasil. Em junho, o próprio presidente declarou haver ordenado a construção de refinarias no Nordeste, contrariando a orientação técnica defendida pelos dirigentes do grupo. “O governo é majoritário e deve aumentar sua participação na empresa. Portanto, manda e influencia. Mas o que o mercado quer saber é até quanto esta influência prejudica a valorização da empresa enquanto companhia de capital aberto. É preciso transparência e decisões baseadas em conceitos técnicos para que esta visão não se torne cada vez mais turva”, avaliou Eduardo Roche, analista sênior da Asset Manager.
  • 6. 44444 GUIAAAAAOFFSHORE M A G A Z I N E A hora e a vez das microempresas no BNDES Por Regina Teixeira As perspectivas futuras de negócios que se descortinam com a prospecção do pré-sal não têm escala de comparação com nenhum outro setor. Segundo estimativas de analistas, o volume de investimento pode ultrapassar a cifra de US$ 40 bilhões, considerando somente a primeira fase de exploração dos campos que abrigam as maiores reservas, como Tupi e Iara, na Bacia de Santos, em São Paulo. Isso faz com que as estimativas de crescimento da demanda do setor petrolífero por fornecedores de equipamentos, de peças e serviços também aumentem vertiginosamente, gerando muitas oportunidades de trabalho, inclusive para as MPMEs (micro, pequenas e médias empresas). O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), o principal banco de financiamento de longo prazo do país, é o agente mais ativo das MPMEs. O volume de recursos destinados pelo banco, de janeiro a julho deste ano, somente para esse segmento de empresas, é significativo. Em apenas sete meses, a instituição realizou 299 mil operações as empresas de menor porte, representando 92% do volume total de operações realizadas pelo banco no período. Em valores, isso equivale a R$ 25,6 bilhões (35% do total de R$ 72,6 bilhões desembolsados pelo BNDES nos primeiros sete meses do ano) e já supera os R$ 24 bilhões liberados pelo banco às MPMEs em todo o ano passado, quando foram efetuadas 367 mil operações com essas empresas. Para 2010, as estimativas de desembolsos totais do BNDES ultrapassam R$ 130 bilhões. O PSI (Programa de Sustentação do Investimento), implementado pelo BNDES, tem tido um importante papel na expansão do crédito. Isso contribui para que o banco aumente seu apoio às MPMEs e a abrangência de seus empréstimos. O PSI foi lançado em meados do ano passado para garantir a oferta de crédito e, com isso, a manutenção dos investimentos diante da conjuntura de crise internacional. Com taxas de juros atrativas de 5,5% ao ano para aquisição de máquinas e equipamentos, o PSI terá vigência até 31 de dezembro deste ano. Do início de 2008 até o fim do primeiro semestre deste ano, a participação dos empréstimos concedidos pelo BNDES às micro, pequenas e médias empresas é pouco inferior aos financiamentos concedidos aos dez maiores clientes da instituição. Os dez maiores tomadores de recursos junto ao banco responderam por 27,8% das contratações e por 28,6% dos desembolsos totais do Banco, entre janeiro de 2008 e junho de 2010. Excluindo-se do cálculo o empréstimo excepcional de R$ 25 bilhões concedido à Petrobras em 2009, para fazer frente crise internacional, o peso das MPMEs sobre o total dos desembolsos do BNDES supera o dos dez maiores clientes do Banco. Enquanto os re- passes aos grandes grupos atingiu 21,8% do total, as MPMEs ficaram com 25,7% das liberações entre janeiro de 2008 e junho de 2010. Em termos relativos, o BNDES mantém, desde 1996, padrão estável em seus empréstimos por porte de empresa. Ou seja, nos últimos 15 anos, o banco vem destinando, em média, recursos em um patamar infe- rior a 30% de seus desembolsos totais aos seus dez maiores clientes, com alguns períodos excepcionais de alta, como o influenciado pelo crédito à Petrobras. A tendência atual, no entanto, é de desconcentração, PRODUTOS & SERVIÇOS INVESTIMENTO
  • 8. 66666 GUIAAAAAOFFSHORE M A G A Z I N E devido à maior abrangência do crédito do BNDES, proporcionada principalmente pelo PSI. “O fortalecimento das pequenas e médias empresas é prioridade no BNDES”, ressalta o gerente do Departamento de Gás e Petróleo, Vinícius Samu de Figueiredo. Ele explica que embora o BNDES não possua programa de financiamento específico para MPMEs fornecedoras do setor petrolífero, as políticas operacionais já contam com linhas de crédito que atendem às necessidades dessas empresas, pois as condições para esse segmento de empresas são consideradas as mais atrativas do Banco: TJLP (atualmente em 6% ao ano, mais 0,9% ao ano de spread básico). As MPMES são isentas do pagamento de taxas de intermediação financeira do BNDES. Segundo Samu de Figueiredo, o BNDES terá recursos para apoiar a demanda adicional decorrente dos projetos envolvendo o pré-sal, embora não exista ainda uma estimativa sobre a dimensão disso. “O Banco tem entre suas prioridades o fortalecimento e o desenvolvimento da indústria nacional”, diz ele. O aumento do índice de nacionalização das encomendas da Petrobras é uma política de governo e está associado ao trabalho que vem sendo desenvolvido pelo Promimp (Plano Nacional de Qualificação Profissional), que conta também com a participação do BNDES. Estão sendo mapeados os segmentos industriais que apresentam maior potencial de desenvolvimento. “O banco está disponível e tem recursos suficientes para financiar investimentos em capacitação, implantação, expansão e desenvolvimento tecnológico dessas indústrias, por meio das linhas de crédito voltadas à inovação, que têm taxas de juros muito competitivas, instrumentos importantes para a capacitação das MPMEs”, ressalta o especialista do BNDES. Dependendo da linha de crédito, como a de inovação tecnológica, a taxa de juro é fixa em 4,5% ao ano. O gerente do Departamento de Gás e Petróleo explica que as empresas interessadas em obter financiamento do BNDES têm duas possibilidades para pleitear recursos: podem fazer isso de forma direta ou indireta. A primeira o p ç ã o é q u a n d o a i n s t i t u i ç ã o libera recursos diretamente para o empreendedor; são geralmente operações de financiamento acima de R$ 10 milhões. Na maioria desses casos, a opção é a linha Finem, destinada à realização de projetos de implantação, expansão e modernização, incluída a aquisição de máquinas e equipamentos novos de fabricação nacional. Já a forma indireta de financiamento é obtida via um agente financeiro credenciado que PRODUTOS & SERVIÇOS assume o risco de crédito da operação perante o BNDES (operações de menor porte, em geral nas linhas Finame (linha de crédito muito utilizada pelas pequenas e médias empresas, localizadas em qualquer região do país), BNDES Automático e Cartão BNDES. O Cartão BNDES, mecanismo de crédito exclusivo às MPMEs, permite limite máximo de crédito de R$ 1 milhão por banco emissor (atualmente Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal (CEF), Bradesco, Banrisul e Nossa Caixa). Os prazos de financiamento variam de acordo com a linha de crédito utilizada. No Cartão BNDES, por exemplo, o parcelamento pode ser feito em até 48 meses. Já no Finame e no BNDES Automático, esse prazo se estende até 60 meses, incluindo carência de seis meses. Para pleitear financiamento, o empreendedor deve se dirigir ao banco credenciado para a linha correspondente e lá buscar as informações sobre a documentação necessária para obter os recursos - elas variam de acordo com a instituição financeira. Estaleiro Atlantico Sul - Promef
  • 9.
  • 10. 88888 GUIAAAAAOFFSHORE M A G A Z I N E FMM prevê repassar R$ 15 bilhões O volume de desembolso aguardado pelo Fundo da Marinha Mercante (FMM), destinado a projetos de financiamento ao setor naval – a maior parte deles relacionados direta ou indiretamente ao segmento de petróleo - chega a R$ 15 bilhões. Esse montante foi anunciado em dezembro de 2009 pelo comitê do Fundo. Segundo informações do BNDES, grande parte dessa demanda deve ir para o Banco, que é o principal agente repassador de recursos do FMM. Vários setores poderão obter financiamento, pois há projetos para construção e modernização de embarcações de apoio, de carga em geral, cabotagem e longo curso, embarcação de transporte de passageiros, navegação de interior e estaleiros, embarcações de apoio marítimo offshore , embarcações de apoio portuário, rebocadores, balsas, embarcações pesqueiras, embarcações de pesquisa hidrográfica e oceanográfica, e embarcações da Marinha do Brasil, além de arsenais e bases navais. De acordo com o BNDES, as liberações de recursos a projetos apoiados pelo FMM foram crescentes nos últimos cinco anos. Em 2005, o volume de desembolso atingiu R$ 393,7 milhões. A estimativa em 2010 é que o montante de liberação chegue a R$ 1,7 bilhão para o setor. Veja no gráfico a seguir a evolução dos desembolsos ano a ano. A área técnica do BNDES está realizando estudos para avaliar quais seriam as ‘’dimensões ideais’’de um parque de construção naval para o Brasil. A condição básica considerada pelos técnicos do banco é a garantia de sustentabilidade de longo prazo da indústria naval brasileira. A preocupação é evitar super-dimensionamentos de estaleiros e de capacidade de produção, diante da corrida de investimentos a ser gerada pelo pré-sal. Com isso, o banco quer evitar equívocos do passado, como os ocorridos em décadas anteriores, quando o Brasil viveu um “boom” de investimentos no setor, chegando a empregar mais de 40 mil pessoas no segmento naval, e, em seguida, essa indústria entrou em colapso. Em termos de financiamento, a grande parte dos recursos para o setor naval é proveniente do Fundo da Marinha Mercante (FMM) e o BNDES busca atender a demanda de projetos apresentados. Segundo Samu de Figueiredo, a princípio, não está sendo criada nenhuma nova linha específica para financiar investimentos do pré-sal. Porém, determinados projetos, com grande valor unitário (por exemplo, sondas e FPSOs), poderão ser objeto de estruturação financeira especial. A perspectiva é de aumento na demanda de recursos de financiamento em função do grande número de projetos a serem executados - sondas, plataformas de produção e embarcações de apoio marítimo. A Petrobras já abriu licitação para fornecedores de sondas. Em relação a taxas de juros e carências para o setor naval, as regras atuais atendem os projetos do FMM priorizados a partir de dezembro de 2009. Deve-se ressaltar que o custo financeiro dos financiamentos compreende as seguintes alternativas: variação do dólar americano; Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), atualmente em 6% ao ano, ou uma combinação dos dois anteriores. PRODUTOS & SERVIÇOS A carteira ativa de projetos do BNDES , com recursos do FMM, soma R$ 11,4 bilhões , englobando operações contratadas e em liberação, Aí estão somados os projetos do Programa de Modernização e Expansão da Frota (Promef 1), da Transpetro, a subsidiária de logística e transporte da Petrobras, além de plataformas, navios de apoio, embarcações de navegação de in- terior e estaleiros. Desse total, R$ 9,2 bilhões deverão ser desembolsados ao longo de três anos, à medida da construção do bem financiado. O BNDES está financiando a expansão da frota da Transpetro no âmbito do Promef 1, que licitou 23 navios– tanque. Os financiamentos do BNDES a este programa atingiram R$ 4,7 bilhões, montante em fase de desembolso. O BNDES aprovou em julho deste ano um financiamento para a construção das primeiras embarcações do Promef II, da Transpetro. Foram aprovados R$ 2,6 bilhões, provenientes do FMM, para a aquisição pela subsidiária da Petrobras de sete navios-tanque, encomendados ao estaleiro Atlântico Sul (em Pernambuco). Paralelamente, o Banco aprovou crédito de R$ 1,3 bilhão ao estaleiro Atlântico Sul para financiar parte da construção dos sete navios. O Promef II prevê a construção de 26 navios-tanque. Grande parte dessa demanda deve ir para o BNDES. Todo esse volume de recursos reforça a atual conjuntura de reaquecimento da indústria naval brasileira.
  • 12. 1010101010 GUIAAAAAOFFSHORE M A G A Z I N EPRODUTOS & SERVIÇOS A Caixa Econômica Federal entrou com todo gás no promissor mercado de investimentos do setor petrolífero. Só para dimensionar a importância hoje do setor, a Caixa Econômica criou uma superintendência regional para atender exclusivamente a cadeia de petróleo.Anova divisão tem recursos da ordem de R$ 2 bilhões em projetos concluídos ou em análise para este ano, informa o superintendente regional do Banco Edalmo Porto Rangel. Os bancos públicos, Caixa Econômica, Banco do Brasil e BNDES, estão todos direcionados para um setor que receberá US$ 220 bilhões em investimentos apenas da Petrobras.Acadeia produtiva de óleo e gás reúne em torno de 80 mil empresas. E existe por parte do Governo federal todo um interesse de impulsionar esse mercado. Um episódio recente que confirma esse engajamento aconteceu em junho deste ano, quando a Caixa emprestou R$ 2 bilhões à Petrobras, por meio de uma nota de crédito à exportação. A operação foi identificada pelo Banco Central coma uma das grandes transações que puxaram os dados de crédito às empresas em junho. Segundo informações da Caixa, o foco, em um primeiro momento, são as pequenas e médias empresas. Mas a instituição também pretende concluir, em breve, a filiação ao FMM (Fundo da Marinha Mercante), para financiar operações de grande porte, como estaleiros. "Começamos a estudar os projetos e avaliar prazos, carência e taxas", continua Rangel. Demanda do pré-sal Somente para atender a demanda do pré-sal, a Caixa desenvolveu um produto de crédito de longo prazo com recursos próprios para suprir a necessidade de investimento das médias e grandes empresas. Segundo Rangel, será lançado, em breve, um produto de capi- tal de giro voltado para as empresas participantes da cadeia do setor petrolífero. Ele não precisou a data de lançamento do produto. Rangel explica que prazos dos financiamentos da Caixa são condizentes com a natureza das operações contratadas pelas empresas. O passo a passo para obtenção de financiamento não difere muito das demais instituições estatais financeiras. Para conseguir uma linha de crédito, a empresa precisa ser aprovada pelo modelo de risco Caixa e deve estar em dia com suas obrigações contraídas no sistema financeiro. As linhas de investimento possuem carência e prazo para amortização de até 120 meses. O prazo da carência é de acordo com a necessidade do projeto financiado pela Caixa.As linhas de capital de giro têm prazo de até 36 meses, e a forma de amortização é adequada ao fluxo de caixa da empresa. Para dar conta da nova missão, a Caixa prepara o primeiro empréstimo da sua história com créditos a performar. "Aárea de risco está avaliando como fazer isso. Temos três pilotos com empresas para testar a solução.Até setembro devemos começar a usar a nova modelagem tanto com recursos próprios quando de repasses do BNDES", avisa Rangel.Ainda assim, esses recursos não serão suficientes, diz ele.ACaixa também estuda formas alternativas de funding. "Mesmo se os bancos se unissem, o crédito típico apenas não seria Caixa cria linha de R$ 2 bilhões para financiar a área petrolífera Por Regina Teixeira INVESTIMENTO Instituição pretende oferecer crédito para estaleiros com filiação ao Fundo da Marinha Mercante
  • 13. 1111111111 GUIAAAAAOFFSHORE M A G A Z I N E suficiente para financiar os investimentos do pré-sal. Vamos ter de buscar recursos no mercado de capitais, com outra engenharia financeira", afirma. O primeiro Fundo de Investimento em Participações (FIP), de R$ 400 milhões, já está em operação para financiar a construção de sondas. Um novo fundo, de R$ 1,5 bilhão, deve sair até setembro, com aplicações de investidores institucionais, para atuar em todo o setor de óleo e gás. Outro projeto grande envolvendo a participação da Caixa está ligado ao desenvolvimento das regiões contempladas com a extração de petróleo. A estatal quer fomentar o desenvolvimento urbano das regiões com exploração de petróleo para evitar que o fenômeno de degradação ocorra nas cidades onde a exploração será intensa. Para isso o objetivo é financiar a infraestrutura e a habitação em locais onde serão construídos estaleiros e complexos petroquímicos, como Suape, Rio Grande, Niterói, Natal, Salvador, entre outros. O panorama de concessão de crédito envolvendo bancos estatais sofreu uma reviravolta em apenas um ano. Em 2009, a demanda por crédito entre as micro e pequenas empresas crescia a uma taxa de 26%, quando aconteceu o impacto da crise internacional. Isso acabou impactando as linhas de crédito para o setor. O resultado foi que, de um saldo de R$ 115,54 bilhões, em novembro de 2009, os financiamentos ao setor recuaram a R$ 112,78 bilhões, queda de 2,4%. Além da retração da economia, os empresários passaram a conviver com a desconfiança dos bancos, que restringiram limites de financiamentos pré-aprovados, aumentaram juros e as exigências de garantia, dificultando o acesso a novas linhas de crédito. Masdesdefevereirode2009adeterminaçãodoGoverno foi para que os bancos públicos (Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e BNDES) tomassem a frente do mercado e fossem mais agressivos. Em agosto de 2009, os empréstimos de até R$ 100 mil, usados pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) como referência para avaliar o crédito às pequenas e micro empresas, já somavam R$ 120,08 bilhões, uma alta de 6,47% no ano. O avanço dos bancos estatais, diante da retração das instituições privadas, fez com que a participação dessas instituições do mercado de crédito, que era de 34,2% em setembro de 2008, chegasse a 40% em setembro de 2009. Para 2010 as perspectivas são ainda melhores. Crédito em alta Ao alcançar no segundo trimestre de 2010 o lucro líquido de R$ 890 milhões (alta de 14,5% frente ao primeiro trimestre), o banco fechou o semestre com lucro líquido de R$ 1,7 bilhão, variação de 44,1% em relação ao mesmo período de 2009. O patrimônio líquido consolidado atingiu R$ 14,3 bilhões ao final de junho, aumento de 5,9% no semestre, e o retorno sobre o patrimônio líquido médio alcançou 25,8%. O Índice de Basiléia da CAIXA fechou o semestre em 17,1%, superior aos 11% mínimos exigidos pelo Banco Central do Brasil. A CAIXA está presente em todo o Brasil com uma rede de 36,2 mil unidades de atendimento. São 6,6 mil unidades próprias, entre agências, postos e salas de auto-atendimento, e 29,6 mil correspondentes bancários, incluindo 10,5 mil lotéricos. PRODUTOS & SERVIÇOS
  • 14. 1212121212 GUIAAAAAOFFSHORE M A G A Z I N E BB financia até 90% do valor do projeto da indústria naval Por Regina Teixeira Recursos são repassados pelo Fundo da Marinha Mercante. Em 2009, o banco financiou seis projetos vinculados à indústria naval e à infra- estrutura portuária por meio do FMM Maior banco público do país, o Banco do Brasil criou, em junho deste ano, uma área específica para analisar projetos de infra-estrutura na área de petróleo e gás. “A necessidade de investimentos para viabilizar a exploração de petróleo na camada do pré-sal representa um aumento de demanda”, afirma o diretor de crédito do BB, Walter Malieni. Além do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), o BB também é um dos repassadores dos recursos do Fundo da Marinha Mercante (FMM). “Esses recursos financiam indiretamente as médias e pequenas empresas que fazem parte da cadeia produtiva da indústria naval”, ressalta o diretor. O BB passou a ser repassador de recursos do FMM para a área de petróleo e gás, em 2007. De acordo com resultados apurados nos primeiros três meses deste ano, chegou a R$ 2 bilhões o saldo de empréstimos realizados pela instituição. O Banco do Brasil dispõe ainda R$ 2,5 bilhões em operações com funding do FMM - recentemente capitalizado pela União. Como um dos agentes financeiros do FMM, o BB repassa recursos de acordo com os projetos prioritários determinados pelo Conselho Diretor do Fundo. Os números indicam que o volume de crédito vem tomando corpo. Em 2009, o BB financiou seis projetos relacionados à indústria naval e à infra-estrutura portuária por meio do FMM, totalizando R$ 367,8 milhões em desembolso. Com isso, a carteira do FMM chegou a R$ 680,5 milhões em dezembro, evolução de 117,6% em relação a dezembro/2008. “No que diz respeito ao valor a ser financiado com recursos do FMM pode se chegar a 90% do solicitado”, destacou Malieni. Segundo o diretor de crédito do BB, o FMM é a fonte convencional para financiamento à marinha mercante e à construção naval. “Os projetos que recebem recursos do Fundo são priorizados pelo Conselho Diretor do Fundo da Marinha Mercante, em reuniões anuais ou, excepcionalmente, semestrais”, explica. Mas existem alternativas de captação de recursos, além das clássicas. Uma alternativa de financiamento às pequenas e médias empresas da cadeia de petróleo e indústria naval poderia ser feita com uma modalidade do BB chamada Adiantamento a Fornecedores (AF). Trata-se de uma operação de antecipação de pagamento a fornecedores e que funciona como um capital de giro para financiar a produção de um bem ou serviço já negociado com a empresa compradora. Esse tipo de operação permite a uma empresa âncora, líder de uma cadeia produtiva, oferecer aos seus fornecedores uma INVESTIMENTO PRODUTOS & SERVIÇOS
  • 16. 1414141414 GUIAAAAAOFFSHORE M A G A Z I N E alternativa de financiamento da produção mais competitiva, sem impacto no seu fluxo de caixa. Os prazos de financiamento para se buscar crédito no BB depende de diversos fatores. No processo de análise são consideradas as características do cliente e da operação. No caso do AF, o pré- requisito é que a empresa âncora celebre convênio com o BB para esse fim. Segundo Milieni, a solução financeira ”Adiantamento a Fornecedores” não tem orçamento determinado. “Trata-se de uma linha de financiamento com recursos próprios, destinada a antecipação de valores de bens entregues e serviços prestados”, diz. Em relação aos encargos financeiros, são avaliados alguns quesitos: como características do cliente e também da operação. O custo financeiro do FMM é equivalente à Taxa de Juros de Longo Prazo - TJLP e/ou índice de variação da taxa de câmbio calculado com base nas cotações de venda do dólar dos EUA, divulgadas pelo Banco Central do Brasil. Potencial maior do pré-sal No início de 2010, o BB divulgou na imprensa a avaliação de um longo estudo setorial que fez sobre as perspectivas do setor naval e as oportunidades que a instituição terá em participar desses projetos até 2020. O estudo, que consumiu noves meses de trabalho, provou que o potencial de investimentos no pré-sal seria bem maior que as estimativas anunciadas. Foram consideradas as especificidades da exploração do petróleo, em áreas ainda mais profundas e também houve exigências de equipamentos mais sofisticados “, disse . “Trata-se de um novo ciclo produtivo neste setor, que tem uma longa cadeia produtiva”, disse na ocasião Malieni. O estudo setorial do Banco do Brasil teve como referência as encomendas licitadas, contratadas e em construção em estaleiros brasileiros. Globalmente, o setor contabiliza 424 encomendas até 2020, das quais 146 seriam de apoio para atuação offshore, 47 plataformas, 164 navios offshore, 46 navios tanques, 28 sondas (as sondas têm previsão para operar a partir de 2013). Além disso, quatro estaleiros brasileiros estão preparados tecnicamente para construir plataformas. Os estados brasileiros que serão mais agraciados com a injeção de investimentos são: Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e estados do Nordeste. Navio plataforma FPSO Petrojarl Cidade de Rio das Ostras PRODUTOS & SERVIÇOS
  • 17. 1515151515 GUIAAAAAOFFSHORE M A G A Z I N E Petrobras quer ampliar sua base de fornecedores entre as micro e pequenas empresas Por Regina Teixeira Diante do excelente panorama de oportunidades de trabalho que se abre com a perfuração dos campos do pré-sal, fornecedores de equipamentos, peças e serviços do setor petrolífero estão de olho no cadastro da Petrobras. As micro, pequenas e médias empresas também querem fazer parte desse universo. A Petrobras planeja investir, até 2014, em torno de US$ 220 bilhões na exploração de petróleo. Sendo que mais de US$ 100 bilhões serão aplicados nas atividades de prospecção da camada pré-sal. De acordo com a área de materiais da estatal, atualmente o cadastro corporativo possui 5.300 fornecedores qualificados. Número insuficiente para atender toda demanda que surgirá com a perfuração dos campos.A área de materiais informou que para atender essa demanda a Petrobras precisará aumentar sua base de fornecedores. O primeiro passo para as empresas interessadas em se tornar fornecedoras da Petrobras é acessar o portal de cadastro (http://cadastro.petrobras.com.br/ portal/), que inclui informações sobre o nível de exigência para a venda de bens e serviços à estatal. Uma vez incluída na base, a empresa pode candidatar- se aos cursos de qualificação profissional, oferecidos em parceria com o Sebrae, ou de iniciativa do Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural (de Prominp), lançado pelo governo fed- eral em 2003. A partir do momento em que as empresas fornecedoras entregam todas informações requeridas no processo de cadastro da Petrobras, a avaliação leva, em média 30 dias. Nos casos onde se faz necessária visita técnica de avaliação, este prazo é de 60 a 90 dias. As principais exigências para avaliação das empresas estão contempladas em cinco critérios de avaliação, onde são verificados aspectos Econômicos, Legais, Técnicos, de SMS-Saúde, Meio Ambiente e Segurança Operacional, e também os aspectos Gerenciais. Este processo é feito a partir do Portal de Cadastro (acesso pelo site da Petrobras/ Canal Fornecedor), onde estão detalhados todos os requisitos e etapas do processo No entanto, para concorrer a uma oportunidade de compor também essa lista de fornecedores, as empresas precisam preparar-se para as exigências da companhia na qualidade do produto ou serviço oferecido. Além disso, as informações contábeis e fiscais também precisam estar em dia. Para orientar e adequar as empresas candidatas, existe um canal de orientações do Prominp, que é coordenado pelo INVESTIMENTO PRODUTOS & SERVIÇOS Cadastro corporativo tem mais de 5 mil fornecedores qualificados, mas que seriam insuficientes para atender toda a demanda que surgirá com a perfuração dos campos do pré-sal
  • 18. 1616161616 GUIAAAAAOFFSHORE M A G A Z I N E Ministério de Minas e Energia (MME). As empresas podem se cadastrar no site www.prominp.com.br. O Plano Nacional de Qualificação Profissional (PNQP) do Prominp visa o treinamento de profissionais de níveis básico, médio, técnico, inspetor e supe- rior, para atender a demanda de mão-de- obra qualificada oriunda do grande vol- ume de investimentos projetado pelas operadoras de petróleo e gás do País. Os candidatos aprovados para os cursos, após o término do treinamento, serão eventualmente aproveitados pelas empresas fornecedoras de bens e serviços do setor, que são as grandes demandadoras de profissionais qualificados. Plano de metas O Plano de Negócios 2010-2014 da Petrobras, lançado em junho, prevê investimentos de US$ 224 bilhões. Isso equivale a uma média de US$ 44,8 bilhões por ano. Este montante representa um aumento de 20% em relação ao Plano an- terior, sendo US$ 31,6 bilhões referentes a novos projetos, dos quais 62% dedicados para a área de E&P (US$ 19,7 bilhões). O Plano de Negócios considera investimentos de 95% (US$ 212,3 bilhões) aplicados no Brasil e 5% (US$ 11,7 bilhões) no exterior, com uma taxa de conteúdo local totalizando 67%, o que significa um nível de contratação anual no País de cerca de US$ 28,4 bilhões. O plano é US$ 50 bilhões maior que o anterior, de US$ 174,4 bilhões (2009- 2013), e ficou no teto da estimativa ante- rior da empresa, que previa investimentos entre US$ 200 bilhões e US$ 220 bilhões para o período de 2010 a 2014. As áreas do pré-sal terão maior peso na produção somente depois de 2014. Agora, a empresa tem como foco aperfeiçoar a produção em áreas que já contam com estruturas em operação. O objetivo da companhia é de ter 26 sondas em operação até 2014 e 53 até 2020, além de 504 barcos de apoio até 2020 (254 em 2009). A área de Abastecimento (refino, transporte e comercialização-RTC) vai receber investimentos de US$ 73,6 bilhões. No plano anterior foi de US$ 43,4 bilhões. Esse volume de recursos inclui também os projetos de novas refinarias da companhia, que foram todos mantidos. Como comparação, a área de Exploração e Produção (E&P) passou de 59% dos recursos totais no plano anterior para 53% agora. Abastecimento, que inclui refino, subiu de 25 para 30% do total. Quando anunciou Plano de Negócios 2010-2014, a empresa informou que além da ampliação de unidades existentes, os recursos serão destinados à entrada em operação da RefinariaAbreu e Lima (PE); as obras da refinaria Premium I e a primeira fase do Complexo Petroquímico do Rio de janeiro (Comperj), que ganhou mais uma refinaria com capacidade de produzir 165 mil barris de petróleo por dia (bpd) para produção principalmente de diesel. "Com esses investimentos, a carga fresca processada no Brasil em 2014 será de 2,3 milhões bpd", informou a Petrobras. Mesmo com o crescimento do refino, a estatal prevê exportar quase um milhão de barris por dia de petróleo até 2014. A meta para a produção de petróleo em 2014 é de 3,9 milhões de barris de óleo equivalente por dia e em 2020, de 5,4 milhões de boe/d. Para o período pós 2014 está prevista a segunda etapa do Comperj, com capacidade de 165 mil bpd para a produção de produtos petroquímicos básicos, e ainda a Refinaria Premium II.
  • 20. 1818181818 GUIAAAAAOFFSHORE M A G A Z I N E Com a indústria de petróleo pulsando, as empresas já bem estabelecidas no setor também estão revendo seus planos de investimentos a médio e longo prazos para aproveitar todas oportunidades de bons negócios que surgirão. E isso inclui também mão de obra mais qualificada. Entre essas empresas que não estão medindo esforços para aproveitar a onda de crescimento do setor petrolífero estão a OGX Petróleo e Gás Participações S.A, a EBSE – Engenharia de Soluções, e a Engevix. Integrante do Grupo EBX, capitaneado pelo empresário Eike Batista, a OGX é focada na exploração e produção de óleo e gás natural. Conta com equipe de profissionais altamente qualificados. Segundo fontes do mercado, no primeiro semestre deste ano, por exemplo, a Petrobras se ressentiu por perder parte de seu quadro de funcionários para a OGX. Eike Batista, considerado o 8º homem mais rico do mundo, de acordo com a Revista Forbes, já reiterou várias vezes o compromisso da OGX de fazer encomendas no país, gerando mais empregos e qualificando mão de obra. Em termos de prospecção, a empresa não poderia estar em melhor fase. “Os últimos meses foram marcados pelo importante progresso da campanha exploratória no sul da bacia de Campos, com novas descobertas de grande relevância, bem como o início de novo ciclo com a perfuração em três novas regiões: blocos mais ao norte da bacia de Campos e bacias de Santos e Parnaíba, sendo as duas primeiras já com sucesso.Também ampliamos nossa fronteira de atuação com a aquisição de cinco blocos exploratórios terrestres de grande potencial na Colômbia, mostrando que estamos capacitados para buscar oportunidades em regiões de alto potencial para as quais tenhamos conhecimento diferenciado”, comentou Paulo Mendonça, Diretor Geral da OGX. Investimento em Tecnologia Para complementar a boa fase da empresa, na primeira quinzena de agosto, Eike informou ao mercado a descoberta de "metade de uma Bolívia" em gás natural no Maranhão, na bacia do Parnaíba, volume que, segundo ele, garantiria pelo menos 25 por cento do consumo de gás no Brasil. Embora ressalte que são apenas estimativas, o empresário acredita que as reservas na região podem atingir 15 trilhões de pés cúbicos, quase dobrando as reservas atuais do Brasil. Segundo ele, a produção poderia chegar a cerca de 15 milhões de m³ diários ao longo de 40 anos, volume equivalente à metade que o gasoduto Brasil-Bolívia pode transportar diariamente. "É uma coisa especial e pode ter certeza absoluta que essa é uma nova província que se abre no país", disse Eike, que fez inclusive uma visita ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto, em Brasília, no dia 19 de agosto, para comunicar pessoalmente a descoberta. Como principais eventos para os próximos meses, Mendonça destaca o término das perfurações dos poços que seguem em andamento nas bacias de Campos, Santos e Parnaíba, assim como o início de mais catorze poços até o final de 2010. “Estão programados testes e estudos adicionais que serão realizados a fim de proporcionar um maior conhecimento dos prospectos perfurados”, informou Mendonça. A OGX tem blocos exploratórios nas bacias de Campos, Santos, Espírito Santo, Pará-Maranhão e Parnaíba. EBSE prevê investimentos de R$ 25 milhões Na EBSE – Engenharia de Soluções, um dos mais tradicionais fabricantes nacionais de equipamentos industriais – o cronograma de investimento é robusto. Com uma carteira de clientes que inclui entre as grandes empresas a Petrobras, a EBSE vislumbra com a prospecção do pré-sal perspectivas Por Regina Teixeira NEGÓCIOS Expansão do setor petrolífero impulsiona empresas a realizar novos investimentos PRODUTOS & SERVIÇOS
  • 21. 1919191919 GUIAAAAAOFFSHORE M A G A Z I N E promissoras.Aempresa pretende investir R$ 25 milhões nos próximos cinco anos para atender o setor. “As perspectivas são excelentes tanto em downstream quanto em upstream, diz o diretor superintendente da empresa, Marcelo Bonilha. Segundo o executivo, a EBSE está preparada para enfrentar os novos desafios. “Temos uma experiência de quase cem anos. Fabricamos tubos API, temos todas as certificações de qualidade, Selo ASME, ISO até 18.000. Contratamos e treinamos mão de obra jovem, agregamos novos conhecimentos através de parcerias com empresas experientes do exterior. Temos um parque fabril de mais de 100 mil m², próximo de uma ferrovia, uma rodovia e de portos. A Petrobras e outras empresas de grande porte confiam em nossa competência. E isto é muito importante”, exemplifica Bonilha. A previsão de crescimento do faturamento chega a 100% nos próximos cinco anos. “O mercado está bastante aquecido e isto nos garante um bom futuro. Precisamos trabalhar bastante para isso”, diz. Em setembro, a EBSE prevê inaugurar uma unidade em Pernambuco. Isso já visando o crescente mercado do nordeste. A região terá o Rnest, refinaria do Nordeste em construção, subsidiária da Petrobras; o Estaleiro Atlântico Sul, perspectiva de novas refinarias e além de outras grandes empresas que querem instalar-se por lá. Nicho de mercado Para atender o setor petrolífero, a EBSE tem um amplo portfólio com fabricação de tubos para condução de óleo, gás e derivados, pré-fabricação de spools, fabricação de skids, fabricação de equipamentos caldeirados, montagem de módulos e serviços de montagem eletro- mecânica. A política de investimento da empresa tem a tradição de buscar no mercado apenas o que for rigorosamente necessário.AEBSE em sua cultura tem o departamento de pesquisa e desenvolvimento bastante ativo. “Recentemente entregamos um separador para a plataforma P-55, da Petrobras, com aço cladeado. Tecnologicamente é um passo gigantesco. O pré-sal precisará muito desses equipamentos. Vamos usar recursos próprios. Os R$ 25 milhões previstos para os próximos cinco anos compõem esse orçamento”, ressalta Bonilha. A respeito da mão de obra que todos os projetos devem demandar, o executivo diz que prevê contratações principalmente nas atividades de montagens, pois é uma unidade nova na empresa, em Pernambuco. “O objetivo é contratar e treinar pessoas da região”, avisa. Engevix espera faturar 20% a mais A Engevix está envolvida com vários projetos de engenharia na área de petróleo e gás, alguns tendo a Petrobras como cliente. Segundo o diretor executivo da empresa, Gerson de Mello Almada, as perspectivas de negócios são boas. “Temos capacitação técnica em trabalhos na área de petróleo e gás”, ressalta o executivo que projeta em função da forte demanda do setor de petróleo aumento de faturamento da ordem de 20%. Entre os projetos de vulto em que a Engevix faz parte está o do Comperj – Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro, da Petrobras. Será construído numa área de 45 milhões de m², localizada no município de Itaboraí, com investimentos previstos em torno de US$ 8,38 bilhões. A empresa compõe o consórcio que reúne também a Skanska e a Promon.Aobra começou este ano. Para atender o setor a empresa oferece serviços de engenharia, gerenciamento e EPC (equipamento de proteção coletiva). Marcelo Bonilha - Superintendente da EBSE PRODUTOS & SERVIÇOS
  • 22. 2020202020 GUIAAAAAOFFSHORE M A G A Z I N ECURSOS & CARREIRAS Formação de Profissionais com nível de excelência O crescimento da indústria brasileira de petróleo e gás natural resulta, em grande parte, da competência e qualificação dos profissionais que se dedicaram, ao longo dos anos, ao trabalho nas mais diversas funções da cadeia petrolífera e ao desenvolvimento de tecnologias que permitiram ultrapassar limites na prospecção e produção de petróleo e gás. A formação dessa mão-de-obra extremamente capacitada se deve muito à atuação do Programa de Recursos Humanos daAgência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (PRH-ANP), que completou uma década no ano passado. O PRH-ANP foi implementado em 1999 com o objetivo de estimular a criação de especializações profissionais – e fortalecer as já existentes – em áreas consideradas estratégicas para atender às demandas da indústria do petróleo e gás natural. De acordo com Ana Maria Cunha, coordenadora de atividades do Programa, naquela época existiam no Brasil apenas 20 ou 30 cursos de especialização voltados para a área. O incentivo à formação de mão-de-obra especializada era uma resposta à expansão observada no setor após sua abertura à iniciativa privada, em 1997. Segundo Anália Francisca Martins, coordenadora de tecnologia e formação de recursos humanos da ANP, o PRH é um programa pioneiro no setor. Na década de 1970, existiu um programa similar voltado para a capacitação de mão-de-obra para a área de energia nuclear, mas ele não teve continuação. “Esse programa serviu de inspiração para o PRH”, diz. Para elaborar o Programa, aANP identificou, junto às empresas, as áreas em que havia maior carência de profissionais qualificados. Então, por meio de um sistema de editais públicos, convocou as universidades a criarem disciplinas de graduação, mestrado e doutorado paralelas aos seus cursos originais voltadas para as necessidades do setor de petróleo e gás. Após a realização de três editais públicos (em março e outubro de 1999 e Em 10 anos de atividade, Programa de Recursos Humanos da ANP gerou impacto direto na expansão da indústria do petróleo e gás natural no Brasil Thaís Fernandes Anália Francisca Martins, coordenadora de tecnologia e formação de recursos humanos da ANP CAPACITAÇÃO
  • 23. 2121212121 GUIAAAAAOFFSHORE M A G A Z I N E CURSOS & CARREIRAS novembro de 2000), foram implementados por meio do PRH-ANP 36 programas de formação de recursos humanos em 23 instituições de ensino de nível supe- rior espalhadas por 13 estados brasileiros (confira a lista dos programas no quadro 1). O PRH é administrado pela ANP e executado por essas instituições, que realizam processos seletivos para a escolha de alunos que receberão bolsas do Programa. “Hoje podemos dizer que o número de especializações no Brasil chega a 400”, estima Ana Maria Cunha. E avalia: “Diria que o PRH teve um impacto direto no crescimento do setor de petróleo e gás no país.” Resultados expressivos Ana Maria Cunha ressalta que os programas do PRH- ANP hoje estão maduros e mostram resultados expressivos. Nesses 10 anos de atuação, o Programa já concedeu 4.586 bolsas e formou 2.933 alunos. Desse total, 2.208 ex-bolsistas foram alocados no setor de petróleo, gás natural e biocombustíveis.Ao todo, mais de 170 empresas e instituições estão empregando atualmente esses profissionais. “O nível médio de empregabilidade é de 70%”, destaca. A maior parte dos profissionais consegue uma colocação na Petrobras, empresa que hoje emprega 234 ex-bolsistas do PRH-ANP. “Os bolsistas do PRH passam em grande número e nas primeiras colocações nos concursos da Petrobras”, diz. A própria ANP também absorve ex-bolsistas do PRH, que hoje totalizam 24 profissionais do quadro de pessoal da Agência. “Mas não podemos dizer que estamos atendendo toda a demanda do setor porque ela é grande”, ressalta. O sucesso do PRH-ANP também fica evidente quando se considera o desenvolvimento científico e tecnológico proporcionado e alavancado pelo programa. Esse trabalho de excelente qualidade se reflete no número de prêmios recebidos por bolsistas: 135 ao todo até 2008. Desses, 90 foram prêmios nacionais – sendo 26 prêmios Petrobras de Tecnologia – e 45 internacionais. O conhecimento gerado pelo Programa rendeu, apenas de janeiro a dezembro de 2008, 104 artigos em publicações indexadas (que contam com corpo de revisores) brasileiras e 86 em publicações estrangeiras, além de 30 livros publicados no Brasil e sete no exterior. Em relação a capítulos publicados em livros, foram 73 no Brasil e 42 no exterior. O número de patentes obtidas no país somente no ano passado chegou a 11. “Os programas estão crescendo em qualidade e hoje estão estabilizados”, avalia Ana Maria Cunha. Segundo a coordenadora de atividades do PRH-ANP, os programas se
  • 24. 2222222222 GUIAAAAAOFFSHORE M A G A Z I N ECURSOS & CARREIRAS tornaram multidisciplinares e hoje se alinham à quase totalidade da cadeia produtiva do petróleo. Apenas áreas mais recentes, como o pré-sal e biocombustíveis, não estão cobertas. “O pré-sal dará origem à maior demanda para os próximos anos”, avalia Ana Maria Cunha. Para preencher essa carência, a ANP pretende ampliar o PRH. Está previsto o lançamento ainda em 2009 de um novo edital, que irá operar em 2010.As linhas a serem beneficiadas no novo edital já estão estabelecidas e dão ênfase a temas de ponta.Além dos programas voltados para o pré-sal e os biocombustíveis, serão contemplados aqueles relacionados a eficiência energética e fontes alternativas de energia e à saúde ocupacional do trabalhador da indústria do petróleo e gás natural. “Serão implementados mais 10 programas, mas ainda não estão definidos o número de bolsas a serem concedidas e o montante de recursos a serem aplicados”, diz Ana Maria Cunha. Continuidade de recursos Até 2008, já foram investidos R$ 164.349 milhões nos programas do PRH-ANP. Esses recursos são direcionados pelo Fundo Setorial CT-Petro, que gerencia parte dos royalties pagos pela indústria do petróleo.Além disso, o PRH-ANPestá sendo reforçado por recursos oriundos das próprias concessionárias do setor, que são obrigadas por lei a investir 1% de sua receita bruta em pesquisa e desenvolvimento. Desse montante, 50% devem ser aplicados em instituições de pesquisa e parte desses recursos está sendo direcionada ao PRH-ANP. “O PRH é um programa privilegiado, porque não tem problemas de continuidade em relação aos recursos investidos”, diz Anália Francisca Mar- tins. Segundo ela, a crise econômica que afetou o mundo recentemente não impactou esse setor. “O PRH é, em grande parte, auto-sustentável. Seus 36 programas conseguem alavancar recursos de todas as fontes de financiamento brasileiras para petróleo e gás”, completa. Os recursos destinados ao PRH-ANP são aplicados na concessão de bolsas de estudo (de iniciação científica, mestrado e doutorado) e bolsas para o coordenador de cada programa (que deve ser um pro- fessor da instituição) e para um profes- sor-visitante (um profissional do mercado que agregue conhecimento prático ao ensino). “O valor das bolsas é um dos maiores do mercado”, destacaAnália Mar- tins. Também estão previstos recursos para outros gastos, como material para a pesquisa, participação em congressos e cursos, pedidos de patentes e publicações de livros. (Veja no quadro 2 o valor das bolsas) De 2001 a 2004, o PRH-ANP também teve uma vertente técnica, em que trabalhou com oito centros federais de educação tecnológica (Cefets). Nesse caso, o financiamento era feito apenas pela ANP, mas sofreu contingenciamento, o que levou à interrupção do programa. Agora, segundo Ana Maria Cunha, a Petrobras está injetando recursos na implementação de um programa com o mesmo formato do PRH técnico. “Essa parceria daANPcom a Petrobras acontece em uma área essencial para a formação de recursos humanos”, diz. Entre os programas atualmente beneficiados pelo PRH-ANP, o maior número concentra-se na região Sudeste. Mas há uma exigência legal de que 40% dos recursos sejam destinados às regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. “A realidade dessas regiões hoje é completamente diferente do que era há 8 anos”, afirma Ana Maria Cunha. De acordo com ela, a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), por exemplo, é a segunda instituição a alavancar recursos do PRH-ANP para projetos de pesquisa – só perde para a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). “Estamos conseguindo descentralizar a formação de recursos humanos”, comemora. Anália Martins destaca ainda o duplo benefício do PRH-ANP à indústria do petróleo e gás natural. “Além do efeito do Programa sobre a formação de mão- de-obra especializada para o mercado, há o impacto sobre o desenvolvimento científico e tecnológico do setor”, afirma. E conclui: “É sem dúvida um programa de sucesso.”
  • 25. 2323232323 GUIAAAAAOFFSHORE M A G A Z I N E Uso de mão de obra estrangeira avança velozmente na área petrolífera Especialista em legalização de estrangeiros considera que situação se deve ao aumento dos investimentos externos no país Carlos Aud Sobrinho, diretor da CAS ENTREVISTA O bom momento da economia brasileira acabou criando um quadro de importação de mão de obra poucas vezes visto no país. Dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) dão conta que foram concedidas 18,85% a mais de autorizações de trabalho a estrangeiros no primeiro semestre deste ano do que no mesmo período de 2009. Foram 3.519 concessões a mais do que janeiro a junho de 2010, que registrou ao todo 22.188 autorizações, sendo 20.760 temporárias e 1.428 permanentes. No último mês analisado, junho, o ministério concedeu 3.497 autorizações - o maior número observado para este mês em cinco anos. Das concessões temporárias, a maior parte foi concedida aos que trabalham a bordo de embarcações ou em plataformas estrangeiras (8.244). No período de 2005 a 2009, no total foram concedidas 165.993 autorizações. Por país, os cidadãos dos Estados Unidos foram os que mais tiveram autorizações para trabalhar em solo brasileiro, 5.590; Filipinas, 4.969; Reino Unido, 3.496; Índia, 2.630 e França, 1.908, vieram logo atrás. O setor petrolífero é líder na absorção de estrangeiros no mercado brasileiro por receber embarcações e plataformas estrangeiras, que já vêm tripuladas do exterior. Cada embarcação estrangeira chega com uma equipe de profissionais, que são autorizados a ingressar no Brasil. Como o setor tem tido um crescimento exponencial, é cada vez maior a presença de embarcações e plataformas estrangeiras, o que gera aumento no número de autorizações concedidas. Em meio a este fenômeno, tramita no Congresso Nacional a Lei do Estrangeiro, que pretende adequar a nova realidade econômica do país às demandas do mercado de trabalho atual .Mas o fato é que o quadro acima gera crescente CURSOS & CARREIRAS
  • 26. 2424242424 GUIAAAAAOFFSHORE M A G A Z I N E preocupação dos profissionais brasileiros, que sentem suas posições ameaçadas dentro das empresas. Entretanto, na opinião de profissionais especializados que lidam com a legalização do trabalhador estrangeiro no país, e inclusive dos próprios representantes do Ministério do Trabalho, esta situação espelha um momento da economia globalizada, com a realização de grandes investimentos no país, a exemplo do pré-sal e novos investimentos no setor siderúrgicos, só para ficar nos dois mais expressivos exemplos. E para derrubar qualquer argumento mais radical usam um fato irrefutável e atestado pelo MTE: o número de brasileiros no exterior é quatro vezes maior que o de estrangeiros trabalhando no Brasil. Dr. CarlosAud Sobrinho, diretor da CAS, empresa com 38 anos de experiência na legalização de documentação de estrangeiros, é um dos adeptos desta linha de raciocínio, do tipo via de mão dupla. “O Brasil cada vez mais ganha projeção Internacional, em toda área energética. Temos a tecnologia em águas profundas, temos energia alternativa e isso ajuda a atrair mais estrangeiros para cá”, argumenta, para em seguida lançar um vaticínio: “Estimamos que o advento do pré-sal vai fazer com que pelo menos 10% dos empregos diretos e indiretos sejam ocupados por estrangeiros”. Leia a seguir a entrevista concedida pelo executivo à Revista Guiaoffshore Magazine. Guiaoffshore:A entrada de mão obra estrangeira no país na área petrolífera cresce ano a ano. No período de 2005 a 2009, no total foram concedidas 165.993 autorizaçõesAs autorizações concedidas apenas ao setor petrolífero passaram de 33% em 2009 para 45,5% nos três primeiros meses de 2010. O sr. não considera esses números um pouco preocupantes para o trabalhador brasileiro? CarlosAud: É preciso analisar também a outra ponta da saída de trabalhadores brasileiros para o exterior. Anualmente, há uma saída de 3 milhões de brasileiros para trabalhar no exterior e em grande parte é contratada pela indústria petrolífera, que é uma das áreas que mais emprega atualmente no mundo. Muitos profissionais brasileiros se especializam e vão trabalhar em multinacionais lá fora. A própria Petrobras tem uma extensa atividade no exterior e contrata brasileiros para trabalhar lá fora. A entrada de 5 mil a 11 mil trabalhadores estrangeiros por trimestre no Brasil, especialmente na área petrolífera, é para atender uma enorme demanda por técnicos e profissionais qualificados e altamente especializados nesta indústria. Além disso, o Brasil cada vez mais ganha projeção Internacional, em toda área energética. Temos a tecnologia em águas profundas, nós temos energia alternativa e isso ajuda a atrair mais estrangeiros para cá, não concorda? O crescimento da siderurgia no Brasil também contribuiu para o aumento da demanda de profissionais. Guiaoffshore: Qual é em sua opinião o maior problema enfrentado pelas empresas com a contratação de mão de obra estrangeira? Carlos Aud: É quando termina o visto de uma tripulação fixa indispensável, pois para obter um novo visto existe um prazo de 90 dias de carência, ou seja, o estrangeiro tem que sair do País e aguardar 90 dias antes de poder retirar um novo visto. E isso às vezes cria um hiato que prejudica a produção. Guiaoffshore: Como as empresas que precisam de mão de obra estrangeira devem se portar? O que o sr. sugere? - É preciso planejar com muita antecedência. Pelo menos seis meses antes de quando quiser trazer mão de obra estrangeira. Procurar auxílio de consultores experientes na área, para adequar a operação às normas e legislação vigentes. Nunca pedir o visto em cima da hora. Com a limitação feita à manutenção dos estrangeiros, de acordo com o tempo de operação para possam permanecer com o visto, seria importante uma flexibilização e isso não diminuiria a demanda por mão de obra brasileira. Guiaoffshore: O Sr. acha que não há razão para o trabalhador brasileiro se preocupar então? CarlosAud: Não, porque quando entra uma empresa estrangeira no Brasil ela gera centenas de milhares de empregos diretos e indiretos. Quando se traz uma plataforma, por exemplo, usam-se estaleiros, posto de gasolina, lavagem de roupa, comida, hotelaria, além dos transportes marítimo, aéreo e terrestre. Estimamos que o advento do pré-sal vai gerar no mínimo 7 milhões e meio de empregos diretos e indiretos para brasileiros, enquanto para a fatia de estrangeiros não compreenderá nem 10% desse total. Guiaoffshore: Qual é a sua análise a respeito da carência de mão de obra qualificada no país? CarlosAud: Existe a falta de mão de obra qualificada em alguns setores e, no caso da área petrolífera, isso se agravará com a prospecção no pré-sal. O processo CURSOS & CARREIRAS
  • 27. 2525252525 GUIAAAAAOFFSHORE M A G A Z I N E CURSOS & CARREIRAS de nacionalização muito acelerado junto com o rápido crescimento e a saída de técnicos brasileiros para o exterior fazem surgir o perigo de acidentes, que não podemos dimensionar, pois a área de petróleo exige uma experiência de longo prazo. Guiaoffshore: A lei do estrangeiro altera a proporcionalidade da CLT, que estabelece 2/3 de empregados brasileiros numa empresa? Carlos Aud: A proporcionalidade tratada na CLT relaciona-se ao estrangeiro que é empregado por empresa brasileira.Alegislação que rege o contrato de estrangeiros para oo segmento offshore é diferenciada, pois em sua maioria se trata de estrangeiro trabalhando para empresa estrangeira. A CLT entra no caso de contrato de trabalho estrangeiro em empresas brasileiras, porém se aplica a outras áreas, pois o contrato da área offshore se equipara com o contrato de assistência técnica. Guiaoffshore: A penalidade para situação de irregularidades na mão de obra estrangeira é grande? Carlos Aud - A penalidade vai desde multas diárias altíssimas (tanto para a empresa quanto para o empregado) até a extradição. Segundo o Código Pe- nal, a empresa que contratar ilegalmente um estrangeiro terá a responsabilidade recaída diretamente em seu presidente. Os valores são arbitrados pelas autoridades de acordo com a gravidade da infração. Guiaoffshore: Qual é sua opinião a respeito dessas mudanças advindas com a nova lei do estrangeiro? Carlos Aud - Acho que toda a área de imigração está sendo bem conduzida pelo governo brasileiro e que nós apenas devemos, no caso da indústria petrolífera, acompanhar esse desenvolvimento do pré-sal, para que não haja qualquer empecilho. E que possamos proteger nossas embarcações e nossos técnicos mais experientes, principalmente, ao não se abrir mão da mão de obra nacional. Mas já sabemos que realmente no médio prazo, se esse progresso continuar, faltará mão de obra especializada e precisaremos evitar problemas semelhantes ao ocorrido no Golfo do México, que para mim se deveu à pressa e à falta de pessoas experientes. Temos que tirar uma lição desta tragédia, ao se empregar pessoal mais experiente, para evitar problemas sérios e, às vezes, irreversíveis. Se nacionalizarmos nossa produção com muita rapidez, haverá o perigo de ocorrer sérios problemas na prospecção offshore, com acidentes que não poderemos dimensionar. Guiaoffshore: O que o Sr. tem a dizer aos profissionais brasileiros que estão preocupado com a grande entrada de estrangeiros no Brasil? CarlosAud – Não deveríamos criar barreiras, uma vez que a cada prospecção que é feita gera-se milhões de empregos diretos e indiretos n o Brasil, além de quecomoconvívioecomatecnologia,cria-setambémumamelhorqualificação da nossa mão de obra. A tendência é aumentar cada vez mais o número de empregos no Brasil. A lei do estrangeiro que está em tramitação no Congresso adapta a legislação do estrangeiro com a legislação dos países que recebem imigração e vivem a globalização. Estamos vivenciando um momento diferente na economia, por que o Brasil é um dos poucos paises do mundo que não está em crise e quando atrai mão de obra, atrai também capital. Com isso, o brasileiro se beneficia direta e indiretamente. Isso inclusive aumenta muito os valores salariais, porque entrará em parâmetro internacional.
  • 28. 2626262626 GUIAAAAAOFFSHORE M A G A Z I N E AVEVA anuncia parceria com o SENAI para treinar engenheiros de projeto no Brasil A empresa AVEVA, fornecedora de ferramentas para projetos de engenharia e gerenciamento de informações para plantas, geração de energia e indústria marítima, firmou com o SENAI uma parceria para treinamento industrial. Consciente da necessidade urgente no mercado de mais engenheiros de projeto e tubulação, a AVEVAe o SENAI uniram-se para treinar candidatos ao mercado de trabalho em tecnologiaAVEVAPDMS em desenho de plantas. A parceria fornecerá aos engenheiros a oportunidade de aprender o software e alinhar suas habilidades com os pré-requisitos e necessidades dos empregadores de hoje. O curso será ministrado em 20 unidades nas dependências do Senai, em várias cidades do Brasil. "Existe no Brasil uma demanda real por engenheiros treinados em PDMS. Poderíamos vislumbrar uma escassez no horizonte enquanto a economia global melhora. Nossa parceria com o SENAI visa re- solver esse problema em potencial e proporcionar à indústria os trabalhadores qualificados dos quais necessita para continuar a expansão econômica e indus- trial. Estamos satisfeitos por trabalhar com o Senai para atender a essa crescente necessidade da indústria por engenheiros qualificados", frisa Santiago Pena, Vice-presidente daAVEVApara aAmérica Latina. O SENAI e AVEVA têm realizado treinamentos em PDMS em São Paulo e Salvador, mas o acordo de expansão abrange a partir de novembro todas as unidades SENAI, dando cobertura total ao mercado Brasileiro. "Nossa nova parceria com a AVEVA irá proporcionar aos estudantes de engenharia uma importante vantagem competitiva. Tendo engenheiros mais qualificados em PDMS que possam apoiar projetos 3D beneficiará não só aos seus empregadores, mas também ao país", explica José Manuel de Aguiar Martins, diretor-geral do SENAI. OAVEVAPDMS é uma solução de gerenciamento de projetos e detalhamento de instalações industrias. O sistema é baseado na modelagem de sólidos em ambiente multidisciplinar tridimensional em escala. O processo de detalhamento do projeto é baseado na utilização de componentes de biblioteca parametrizada, sendo as informações centralizadas em banco de dados relacional com possibilidade de trabalho sincronizado em diferente localidades simultaneamente.As diversas disciplinas envolvidas no projeto são tubulação, equipamentos, estruturas metálicas, civil, bandejamento, dutos de ventilação, ar condicionado e ventilação (HVAC) entre outras. O sistema AVEVA PDMS tipicamente é utilizado por profissionais como Engenheiros, Técnicos Projetistas nas mais diferentes áreas, profissionais ligados a área de gerenciamento de materiais entre outras. Portanto a característicadosistemapermitesuautilizaçãonasdiferentesetapasdeexecução de um projeto de uma planta industrial, desde a fase de projeto conceitual passando pelas etapas de projeto básico, detalhamento, construção, montagem, comissionamento, operação e manutenção. CURSOS & CARREIRAS TREINAMENTO Santiago Pena, Vice-presidente da AVEVApara a América Latina
  • 30. 2828282828 GUIAAAAAOFFSHORE M A G A Z I N E Demanda por mão de obra qualificada está em alta na área petrolífera Pesquisa inédita realizada pela HAYS, empresa especializada em recrutamento de executivos de alta e média gerência, com mais de 7 mil profissionais, em 30 países, revelou que as empresas brasileiras pagam em média US$ 72,5 mil anuais aos seus colaboradores em posições de gerência, ligeiramente abaixo da média mundial, de US$ 75 mil. O Brasil está em oitavo lugar, se comparado aos demais países pesquisados. “Há uma grande diferença entre os salários pagos pela indústria de alguns países, como a Austrália e a Indonésia, que chega a 400%. Por essa razão, não é difícil entender porque há tanta transferência de mão de obra pelo mundo”, comentaAlexia Franco, diretora da HAYS no Rio de Janeiro, onde a divisão de petróleo e gás da empresa opera desde junho de 2009. Para a executiva, o mercado brasileiro está aquecido e vai crescer muito nos próximos anos, principalmente por causa das recentes descobertas na camada pré-sal. “Observamos que a disputa por profissionais especializados nesse setor está bastante acirrada. O Brasil não tem mão de obra qualificada na quantidade necessária para atender à demanda interna”, afirmaAlexia. Estima- se que haja um déficit de 207 mil trabalhadores qualificados no setor. Segundo a diretora da HAYS, as empresas que atuam na indústria de petróleo e gás são mundiais e, por isso, as buscas por profissionais são realizadas de forma global. “Além do Brasil, atuamos no Oriente Médio, África, Europa, Ásia e Oceania. Por isso, os resultados da pesquisa nos ajudaram a entender o mercado como um todo, o que nos permite atender a contratos internacionais, prospectar profissionais em outros países e oferecer trabalhadores brasileiros para multinacionais”, diz a diretora. Como estratégia para reter talentos, as empresas lançam mão de vários tipos de benefícios. “As empresas do setor de petróleo e gás consultadas pela Estudo da HAYS registra que profissões mais demandadas serão geólogos, geofísicos, especialistas em perfuração e equipamentos, e gerentes de projetos Alexia Franco, diretora da HAYS no Rio de Janeiro CURSOS & CARREIRAS PESQUISA
  • 31. 2929292929 GUIAAAAAOFFSHORE M A G A Z I N E CURSOS & CARREIRAS
  • 32. 3030303030 GUIAAAAAOFFSHORE M A G A Z I N E pesquisa oferecem benefícios de forma consistente. Mas os profissionais de grandes empresas globais recebem mais se compararmos com a média das indústrias (51% dos colaboradores têm plano de saúde, 50% recebem bônus, 47% têm ajuda de custo para moradia, 30% têm habitação paga pela empresa e 36% têm carro ou transporte oferecidos pela empresa), dizAlexia. Áreas mais aquecidas A pesquisa apontou que os profissionais mais demandados nos próximos meses pelo mercado de petróleo e gás no Brasil na cadeia de exploração (upstream) serão: geólogos, geofísicos, especialistas em perfuração, especialistas em equipamentos e gerentes de projetos. No setor de distribuição (downstream), haverá uma procura crescente por profissionais da área de infraestrutura, visando a construção de refinarias e gasodutos. “As empresas estão se consorciando para atuar em grandes projetos, por isso, as áreas de orçamento e planejamento de obras industriais estão em alta”, explica a diretora da HAYS. No mundo, as regiões que abrirão mais oportunidades, segundo a pesquisa, são: Oriente Médio, África, Ásia, Austrália, Reino Unido e Norte da Europa, Leste Europeu eAmérica do Sul. O levantamento também registrou otimismo entre os colaboradores da indústria de petróleo e gás para os próximos meses. A maioria dos entrevistados (75%) acredita que o mercado vai se recuperar em menos de 12 meses e apenas 15% descreve sua confiança no mercado de trabalho no setor de forma negativa. A área de expertise Hays Oil & Gas no Brasil, baseada no Rio de Janeiro, é um dos dez polos mundiais da empresa e atende toda a América do Sul, em sintonia com outros escritórios da HAYS no mundo. A equipe de consultores é 100% dedicada ao setor. “Nossa expectativa é fazer com que a divisão Hays Oil & Gas chegue a 30% do total de posições trabalhadas pela HAYS no Rio de Janeiro e, em cinco anos, represente 50% do faturamento do escritório carioca”, dizAlexia Franco. Em 2008 a HAYS foi responsável por cerca de 50 mil contratações em regime permanente e 270 mil assinaturas de vagas temporárias no mundo todo. No ano fis- cal encerrado em junho de 2009, seu faturamento mundial alcançou £ 2,4 bilhões, com lucro líquido de £ 670,8 milhões e lucro operacional de £ 158 milhões. Seu modelo de negócios tem como foco os resultados, base de sua prática comercial, e é 100% voltado ao sucesso da missão e à parceria de longo prazo com as empresas empregadoras. Isso é resultado do exercício diário de seus valores corporativos: transparência, excelência, paixão pelo negócio e construção de relações duradouras. Chegou ao Brasil em 2006, estabelecendo- se primeiro em São Paulo e em seguida no Rio de Janeiro. No País, a HAYS atua em 12 áreas de expertise independentes: Hays Accountancy & Finance, Hays Banking, HaysEngineering,HaysHumanResources, Hays Legal, Hays Logistics, Hays Pro- curement, Hays Pharma, Hays Sales & Marketing, Hays Taxation, Hays Oil & Gas e Hays Information Technology. CURSOS & CARREIRAS
  • 33. 3131313131 GUIAAAAAOFFSHORE M A G A Z I N E CURSOS & CARREIRAS O desafio de recrutar profissionais qualificados para atender a demanda do setor de óleo e gás Por Adriano Bravo* ARTIGO Com a descoberta da camada pré-sal, o setor de óleo e gás ficou reaquecido e elevou o Brasil a um dos principais países produtores de petróleo. O bom momento deve prosseguir até 2020, com investimentos totais estimados em U$ 210 bilhões e no- vas posições abertas para o mercado – cerca de 200 mil novas vagas, diretas e indiretas. A meta do Governo é utilizar 80% de mão de obra local, mas a falta de profissionais qualificados virou um desafio também para as empresas do setor que precisam encontrar rapidamente perfis que se encaixem em áreas peculiares do projeto Pré-sal. Atualmente, o maior déficit é de engenheiros, profissionais de pesquisa de exploração e desenvolvimento (engenheiros de reservatório, geofísicos, petrofísicos e geólogos de petróleo e gás), e profissionais voltados para as sondas de perfuração e para as plataformas de produção. Esse é um setor da economia formado por profissões que eram pouco atraentes ou desconhecidas do público geral e que não ofereciam, até então, amplas oportunidades. Para se ter uma ideia, em 1991 as universidades formaram sete vezes mais advogados do que engenheiros. Mas com as profundas mudanças ocorridas de dez anos para cá, principalmente nos últimos cinco anos, baseadas nas novas descobertas da Petrobras e de empresas internacionais, ocorreu o rápido crescimento do setor, que começou a demonstrar estrangulamento muito rápido de profissionais plenos e seniores, principalmente quando as empresas passaram a demandar mão de obra nacional. Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) feito no início deste ano mostrou que o Brasil não tem número suficiente de engenheiros para dar conta dos novos postos que devem surgir com o crescimento econômico. No Brasil, cerca de 30 mil engenheiros saem das universidades por ano. De cada sete engenheiros formados no país, apenas dois estão formalmente empregados em funções típicas da profissão. É muito pouco se compararmos com outros países. Na Coreia do Sul, por exemplo, este número chega a 80 mil e na Rússia, 140 mil. China e Índia vão mais além: por ano se formam 600 mil e 250 mil engenheiros, respectivamente. Devido a essa falta de profissionais especializados, a remuneração para quem atua nesses segmentos está elevada. Uma série de posições para a área de pesquisa de reservas chega a atingir cerca de R$ 30 mil. Recém-formados em engenharia com inglês fluente e que pretendem trabalhar em re- gime offshore chegam a ganhar em torno de R$ 7 mil. A carência só começará a equilibrar-se dentro de cinco a 10 anos, dependendo da área de formação. As empresas especializadas em recrutamento vêm aumentando seu contingente, até mesmo de engenheiros, para dar conta do entendimento técnico das posições e da demanda contínua. Esta demanda já ultrapassou a simples procura local e passou até mesmo a focar a busca em profissionais, brasileiros, alocados em projetos no exterior e em profissionais oriundos de países do Mercosul. Para se ter uma ideia, em algumas posições especializadas contamos apenas com quatro ou cinco profissionais em todo território nacional para uma demanda que supera seu número físico. Muitas das vezes esbarramos em questões como a falta de domínio do inglês ou a falta experiência relevante no setor de upstream para posições de alta gerência. Com esta lacuna a ser preenchida, a saída tem sido a contratação de mão de obra estrangeira. Segundo relatório recente do Ministério do Trabalho, mais de 90% dos quase 180 mil estrangeiros que receberam, ao longo dos últimos cinco anos, algum tipo de visto de trabalho para atuar em terras brasileiras, têm diploma universitário, ensino médio completo ou algum grau de especialização técnica. Isto infelizmente demonstra que e a mão de obra nacional não está preparada para competir com a estrangeira. Essa demanda por trabalhadores mais bem qualificados é infelizmente uma tendência, pois o nosso sistema educacional não reage na velocidade exigida pelo mercado. Assim, a vinda de trabalhadores expatriados para o Brasil tem funcionado como um ‘pulmão’ enquanto os trabalhadores locais vão sendo encontrados ou qualificados. Os custos destes profissionais estrangeiros no Brasil são muito maiores que trabalhadores com o mesmo grau de qualificação, e isto torna a ideia de qualificar os profissionais brasileiros compensadora. A boa notícia é que o setor de petróleo e gás implica na vinda do exterior de equipamentos sofisticados, como navios- sonda para coleta de dados geofísicos e unidades de perfuração. Na medida em que esses barcos ingressam no Brasil com estrangeiros a bordo vão, gradualmente, incorporando profissionais brasileiros às tripulações por conta das regras de conteúdo nacional, sindicatos, governo e pelas empresas. Além disso, Governo, ANP, Universidades e SENAI uniram esforços para elevar o número de formandos de 30 mil para 100 mil nos próximos cinco anos. Estas são soluções eficazes para evitar que não somente o Pré-Sal, mas a economia brasileira como um todo não trave seu crescimento por falta de profissionais para cuidar dos principais empreendimentos de infraestrutura do país. *Headhunter, CEO da Petra Executive Search
  • 34. 3232323232 GUIAAAAAOFFSHORE M A G A Z I N ECURSOS & CARREIRAS Processo seletivo exige múltiplas habilidades de candidato e até empatia com entrevistador Por Fernando Montero da Costa ARTIGO O que passar como primeira imagem num processo seletivo? Qual a importância do primeiro contato com o entrevistador ou dono de uma vaga a emprego? De que vale compreender as necessidades da empresa no que tange à vaga que se pleiteia? Por que saber se inter-relacionar e estabelecer certa proximidade com nosso entrevistador pode valer o êxito na conquista da vaga de emprego? Com base nestas e em outras indagações é que possível entender um pouco melhor as nuances e particularidades dos processos seletivos, cuja atenção pode (ou não) levar o candidato à conquista da tão almejada vaga de emprego. Fernando Montero da Costa, Diretor de Operações da Human Brasil (empresa especializada na seleção e recrutamento de talentos, formação, desenvolvimento e consultoria estratégica de pessoas nas organizações), relata abaixo algumas situações e problemas usuais em entrevistas e dá dicas para se obter sucesso: Coerência com as informações já passadas anteriormente: ou seja, o conteúdo da entrevista não representa uma contradição ou inconsistência em relação ao CV, histórico ou quaisquer outras referências profissionais prévias fornecidas. Ausência de informação prévia: o entrevistador não tem como balizar ou validar a entrevista com quaisquer outras informações prévias fornecidas pelo candidato. O candidato não conhece o entrevistador: o momento da entrevista é de incerteza, pois, regra geral, não há qualquer informação a respeito do selecionador. Nível profissional do entrevistador: não se sabe ao certo qual é o nível do selecionador e isto tende a deixar o candidato inseguro. Exemplo: se o entrevistador é um analista ou um diretor, um gerente ou um assistente, um trainee ou coordenador, um su- pervisor ou um estagiário. Qualquer um desses níveis / cargos pode estar à sua frente e expressando atitudes variadas durante a entrevista. E, em muitos casos, o selecionador sequer revela o seu papel na organização, o que, dependendo das colocações, pode colocar o candidato em “saias justas”. Utilização de diferentes linguagens: no caso de algumas vagas de caráter mais técnico, esse fator exerce par- Fernando Montero da Costa, Diretor de Operações da Human Brasil
  • 35. 3333333333 GUIAAAAAOFFSHORE M A G A Z I N E CURSOS & CARREIRAS ticular influência no contexto da entrevista. Caso o candidato não seja da área, restará pouca chance de seguir no processo, pois sequer está em condições de entender o linguajar adotado pelo entrevistador. A interação com o entrevistador pode provocar conflitos ou situações difíceis: a busca de uma maior interação ou intimidade com o entrevistador pode colocar o candidato em situações delicadas, especialmente quando contextualiza casos pessoais que possam induzir o selecionador a juízo de valor fora de um contexto profissional. Falta de habilidade para tratar os aspectos não-técnicos ou de ordem mais comportamental: esta ocorrência é especialmente comum nas chamadas “entrevistas por competências”, nas quais o entrevistador convida o candidato a contextualizar alguma situação de cunho comportamental e/ou de competências vividas em algum momento no passado e que são necessárias para o adequado exercício do cargo que pleiteia na empresa. Falta de química com o entrevistador: a ausência de química ou empatia com o entrevistador pode tirá-lo do processo seletivo em questão. Fernando Montero lista também dois dos principais indícios que sinalizam que um candidato irá à frente no processo seletivo: “A capacidade de transmitir confiança e a habilidade de gerar credibilidade.” O diretor da Human Brasil ressata que, de acordo com estudos de análise comportamental desenvolvidos pelos cientistas de renome, existem alguns fatores preponderantes que afetam mais ou menos os resultados das entrevistas de emprego, particularmente no que tange a car- gos executivos, de gerência ou diretoria de alto nível. Isto porque a expectativa gerada num processo de entrevista é diferente dos candidatos a vagas mais operativas ou de funções menos seniores. “Aspectos comportamentais, tais como de iniciativa própria, competitividade, orientação a resultados, elevada capacidade de auto-estima e auto-motivação e objetividade, são muito apreciados em executivos”, explica. “Esses mesmos aspectos, quando combinados com habilidades de influência, medidas através do nível de empatia, capacidade de gerar e estabelecer relações de confiança, facilidade para relacionar-se, otimismo, persuasão e excelente comunicação, fecham o perfil do líder ou gestor para o cargo almejado”, completa o especialista. Este tipo de expectativa de perfil comportamental tem sido buscada tanto por empresas multinacionais quanto por empresas 100% brasileiras. “O que normalmente muda é o tempo do processo, número de entrevistas, questionários de avaliação aplicados, etc. Em muitos casos, por mais sui generis que possa parecer, empresas 100% nacionais, inspiradas nas novas tendências de RH internacionais, acabam até certo ponto sendo tanto ou mais exigentes em termos de perfil comportamental quanto as multinacionais.” O mesmo tipo de expectativa comportamental pode ou não variar em se tratando de diferentes segmentos setoriais, por exemplo: No setor industrial, engenharia/ construção civil e financeiro, nos quais a questão do componente técnico são preponderantes, além dos fatores já citados anteriormente, acrescenta-se o perfil de precisão, precaução, uniformidade e visão de processos, perfeccionismo e meticulosidade. Já nos setores comercial e de serviços, nos quais a pressão do relacionamento externo e muitas vezes contato direto com clientes exigem mais de seus profissionais, acresce- se ao perfil dominante e influente certas características de auto- controle, estabilidade, paciência, amabilidade, tenacidade e ponderação. No que diz respeito aos empreendedores ou empresários fundadores de novos negócios, além da dominância e influência, acrescenta-se fatores comportamentais que fazem a diferença, tais como: adaptabilidade, vigor, alto nível de energia, capacidade de lidar com a diversidade, flexibilidade e em particular, aspectos de firmeza, independência e capacidade de assunção de riscos.
  • 36. 3434343434 GUIAAAAAOFFSHORE M A G A Z I N E Adaptação é a palavra-chave para profissionais offshore Por Villela da Matta* ARTIGO CURSOS & CARREIRAS Planejamento e gerenciamento da carreira, a partir da delimitação de metas e objetivos claros são fundamentais, sobretudo no mercado de trabalho atual, no qual as mudanças ocorrem de forma cada vez mais rápida. Para os profissionais offshore esse planejamento é ainda mais relevante, uma vez que estes colaboradores precisam estar preparados para os impactos ocasionados por essa atividade em sua vida pessoal e profissional. Segundo pesquisa, os grandes problemas que acometem o trabalhador offshore são irritabilidade, ansiedade, depressão, impaciência e insônia, causados, principalmente, pela distância dos amigos, da família e da rotina com a qual estava acostumado, bem como pela escala de 12 horas ininterrupta, o austero modelo de trabalho e exposição ao risco. Por isso, é essencial que esses profissionais tenham um coach que otimize seu desenvolvimento profissional e aumente sua performance. O problema é que geralmente as pessoas não gostam de mudanças, por mais necessárias que sejam, pois o conceito de mudança remete a sensação de novos desafios e ainda provoca diferentes sensações e entendimentos comportamentais. E quando essas mudanças são mal conduzidas tornam as pessoas inseguras, pessimistas, negativas, desmotivadas, o que mexe com o entusiasmo e, consequentemente, com sua habilidade de lidar com pessoas. É por isso que processo de coaching é tão relevante para a empresa e para o profissional, pois quando aplicado com responsabilidade e utilizando as ferramentas corretas, pode ser a solução quando um trabalhador ou uma equipe está em falta de sintonia e pode acabar em descarrilamento. O coaching é uma ferramenta moderna com comprovações científicas capaz de reverter qualquer quadro negativo de uma corporação, em um curto espaço de tempo. É uma espécie de assessoria individual ou de grupo que foca em planejamento e resultados, contribuindo com performance e qualidade de vida. Motivação Para que não haja arrependimento e “surpresas” com a profissão, é fundamen- tal que o funcionário saiba exatamente no que consiste seu trabalho e atividade na empresa, conheça detalhadamente qual a finalidade da ação que está exercendo e sua importância para a corporação. Isso deve ocorrer antes e durante o exercício da função. Vale ressaltar que também é importante que o funcionário tenha em mente que a satisfação no trabalho, acabará por refletir em sua vida pessoal, e que o desenvolvimento profissional e o aumento do seu desempenho irão gerar mais oportunidades, reconhecimento e sucesso. Mas para que isso aconteça, é necessário criar condições para que o colaborador se adapte à condição de confinamento, re- gime de turnos, afastamento do convívio familiar e social, utilização do tempo livre, entre outras, e o coach é fundamental para que o trabalhador enxergue essa nova realidade e se adeque a ela, examinando os prós e contras da profissão por ele escolhida, e trabalhando, principalmente, para que ele não pratique uma autosabotagem inconsciente, visando retornar a sua “zona de conforto”. * Fundador e Presidente da Sociedade Brasileira de Coaching®. É Certified Master Coach pelo Be- havioral Coaching Institute e Graduate School of Master Coaches e membro do ICC.
  • 37. 3535353535 GUIAAAAAOFFSHORE M A G A Z I N E A difícil arte de formar o líder vindo da carreira técnica Por Silvio Celestino* ARTIGO CURSOS & CARREIRAS Por vezes a promoção de um profissional a um cargo de liderança faz a empresa perder um técnico nota 10 e ganhar um líder nota 1. Existem muitos fatores a se considerar quando decidimos promover alguém a um posto no qual estará responsável por pessoas e pela obtenção de resultados por meio delas. O principal é despertar no indivíduo sua capacidade de sair da esfera técnica e interessar-se por desenvolver outros e integrá-los aos propósitos da empresa e principalmente dos clientes. O desafio começa quando observamos que em sua vida voltada para máquinas e processos, o profissional evolui adquirindo o conhecimento clássico - aquele que pode ser obtido em livros ou em cursos. Seu mundo possui uma lógica que é expressa a partir de uma sequência de ações que, quando repetidas, produzem o mesmo resultado. Por isto a segurança de um indivíduo oriundo da carreira técnica está em seu conhecimento. Quanto mais sólido ele for, quanto mais profundo e preciso, maior a velocidade com que consegue resolver os problemas que lhe são apresentados e mais valioso se sente para a empresa e para si mesmo. Entretanto, ao ingressar na carreira de liderança as máquinas e os processos vão para o cenário, ou seja, o indivíduo deixa de interagir com eles e passa a lidar com pessoas de um modo muito específico: obter resultados por meio delas. Neste contexto o conhecimento clássico já não conta tanto, pois cada indivíduo é um ser único e portanto, a melhor forma de conhecê-lo é conversando com ele, observando suas ações e refletindo sobre seus propósitos - que podem mudar de um momento a outro e por fatores desconhecidos por estarem fora da esfera profissional. Além disso, nem todos os comportamentos são lógicos, o que é incompreensível para aqueles formados tecnicamente. Para piorar *Silvio Celestino - Senior Partner da Alliance Coaching
  • 38. 3636363636 GUIAAAAAOFFSHORE M A G A Z I N ECURSOS & CARREIRAS uma mesma pessoa que o novo líder conseguia fazer mover-se no passado com uma frase inspiradora, agora considera esta mesma mensagem inócua, enfadonha e desmotivadora. E finalmente chega o fator da maior complexidade para o técnico em cargo de liderança: a emoção. Seres humanos são máquinas geradoras de emoção. Se em um dado instante a pessoa produzir uma que seja disfuncional, seu trabalho e por vezes o da equipe estará irremediavelmente perdido. Neste fator reside a maior parte do dispêndio de energia do líder, seu estresse e, no longo prazo, seu esgotamento. Por exemplo, um engenheiro que "dirigia-se a um computador" com palavrões quando este demorava para responder a um comando, ao tomar a mesma atitude com um de seus liderados gera as condições para que este último produza medo e se paralise. Um técnico que conseguia consertar velozmente vários equipamentos ao mesmo tempo, ao tentar fazer sua equipe realizar muitos projetos em paralelo gera as condições para que ela fique frustrada, ansiosa e estressada. Nestes exemplos o resultado fica comprometido por sua não realização, qualidade ou atraso. É quando o líder tem de enfrentar a mais difícil das emoções: a sua própria. O desenvolvimento intelectual na carreira técnica faz o indivíduo acreditar que tudo pode ser aprendido estudando e lendo. Na verdade por maior que seja seu conhecimento sobre inteligência emocional - e há muitos livros consagrados a respeito, se a pessoa não se sujeitar à interação com outros com os propósitos de dominar suas emoções e amadurecer, dificilmente conseguirá exercer a liderança sem tornar-se disfuncional. Nas organizações observamos gestores, inclusive no mais alto posto da empresa, que são capazes de gerar excelentes resultados financeiros, mas estão profundamente estressados e alguns com doenças em decorrência disso. Lamentavelmente em muitos casos são eficientes profissionalmente mas ineficientes na vida pessoal, o que é uma forma terrível de fracasso. A passagem da carreira técnica para a de liderança exige que o indivíduo se exponha a experiências que possam aprimorá-lo no trato das emoções, principalmente nos momentos críticos, que são aqueles onde os resultados não estão acontecendo, o clima organizacional está negativo, ou há uma crise em curso. A capacidade de dominá-las e lidar com as dos subordinados, superiores, pares e clientes desempenha um papel fundamental nestas ocasiões e é um fator-chave para o desenvolvimento de sua carreira. Nestes quase 10 anos de experiência como coach de líderes empresariais, observo que o papel da empresa é oferecer um sistema que permita a existência de um fluxo constante de novas lideranças (pipe- line de líderes). Nele, de acordo com o nível hierárquico da pessoa, ela tem acesso a palestras, workshops e cursos que a despertem para estas questões do auto-desenvolvimento, emoções e maturidade. Mas, complementariamente, a partir de uma certo ponto em sua carreira, tem a possibilidade de submeter-se a uma metodologia específica de formação de liderança: o coaching. Em linhas gerais é o processo de desenvolvimento de competências do líder e que pode ser utilizado também de forma abrangente para que o indivíduo possa desenvolver outras esferas de sua vida. Entretanto, todas estas ações devem ser integradas à estratégia da empresa de forma a auxiliar o profissional a paulatinamente ter uma visão cada vez maior de si mesmo e de seu papel frente aos desafios da corporação. Apesar da relevância incontestável da carreira técnica, o que se espera de um profissional ao chegar à maturidade é que seja capaz de se responsabilizar por pessoas e desenvolvê-las. Daí a importância de todos se inspirarem a enfrentar este desafio fundamental para as organizações e o país: a formação de líderes.
  • 39. 3737373737 GUIAAAAAOFFSHORE M A G A Z I N ECURSOS & CARREIRAS