O documento apresenta um estudo de caso sobre o custo e rentabilidade de um confinamento para 1000 bovinos no Distrito Federal e Entorno. O autor descreve as instalações necessárias, incluindo currais, galpões e maquinários. Ele também calcula os custos de implantação, manutenção, depreciação e juros sobre o capital investido para cada item. O volumoso utilizado será a cana-de-açúcar plantada em 26,9 hectares. O objetivo é fornecer subsídios para análise de viabilidade econômica da
1. UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA
CUSTO DE PRODUÇÃO DE CONFINAMENTO DE BOVINOS DE CORTE: Uma
estimativa do custo e rentabilidade da atividade no Distrito Federal e Entorno
JOSÉ FERNANDO DE SOUZA
Brasília, Janeiro de 2005
2. UnB – UNIVERSIDADE DE BRASILIA
FAV – FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA
CUSTO DE PRODUÇÃO DE CONFINAMENTO DE BOVINOS DE CORTE: Uma
estimativa do custo e rentabilidade da atividade no Distrito Federal e Entorno.
JOSÉ FERNANDO DE SOUZA
TRABALHO APRESENTADO À FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA
VETERINÁRIA DA UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA, COMO REQUISITO PARCIAL
PARA GRADUAÇÃO EM AGRONOMIA.
BANCA EXAMINADORA
_____________________________
Prof. Dr. Flávio Borges Botelho Filho
Engenheiro Agrônomo, Dr, Professor Adjunto da FAV, UnB.
(Orientador)
______________________________
Prof. Dr. Gumercindo Loriano Franco
Zootecnista, Dr, Pesquisador Associado da FAV, UnB.
______________________________
Prof. Dr. José Mauro S. Diogo
Zootecnista, Dr, Professor Adjunto da FAV, UnB.
Brasília, Janeiro de 2005.
3. AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus pelo dom da vida e pela família que me deste. De meu pai vem a
força para sempre se levantar depois de uma queda; de minha mãe a humildade e o
respeito pelas pessoas; de meu avô, José Teodoro, a honestidade e justiça e, de
minha avó Luzia, a firmeza de opinião e decisão.
Aos meus irmãos pelo apoio, respeito e carinho.
A todos da família de meu Tio João Batista, pelo apoio irrestrito, sem o qual este
sonho jamais se realizaria.
A todos os professores da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária, os quais
contribuíram na minha formação profissional.
A todos os amigos que me incentivaram e auxiliaram, direta ou indiretamente nesta
conquista, e aos que me tomam como exemplo.
A Jane e Fernanda, que chegaram durante a caminhada e se tornaram o meu porto
seguro.
4. DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a todos os meus familiares, os quais foram essenciais para o
sucesso desta empreitada.
A todos os professores que participaram da minha formação acadêmica, onde o
meu êxito representa , de forma indireta, o êxito de todos eles.
A todas as pessoas que de alguma forma contribuíram para o sucesso e êxito na
conclusão deste curso.
6. INTRODUÇÃO
O confinamento é um sistema de criação de bovinos que tem como principal
característica o fornecimento de alimentos via cocho, ou seja, ter um controle total
sobre o fornecimento da alimentação ao animal. Isto permite um melhor
planejamento e maior resultado em termos de ganho de peso e qualidade da carne.
Para tanto são formados lotes de animais que são encerrados em piquetes ou
currais, com os animais entrando com peso entre 11 e 13 arrobas, permanecendo
confinados entre 90 e 120 dias e indo para o abate pesando entre 16 e 17 arrobas.
As principais vantagens apontadas por VELLOSO(1984), citado por WEDEKIN et
al.(1994), ao se conduzir a engorda de bovinos em confinamento são: redução da
idade de abate, maior rendimento de carcaças, obtenção de carne de ótima
qualidade em períodos de maior escassez, mortalidade quase nula, possibilidade de
exploração intensiva em pequenas propriedades, retorno mais rápido do capital de
giro investido na engorda, entre outras. No Brasil, o confinamento é conduzido
durante a época seca do ano, já que cerca de 70% a 80% da produção forrageira se
dá no período chuvoso e somente 20% a 30% ocorre no outono e inverno. Portanto,
o objetivo do confinamento é alcançar elevados ganhos de peso afim de que o
animal seja terminado e abatido o mais rápido possível ainda na entressafra
(Agroanalysis Out.2004). Nas décadas de 70 e 80, as oscilações significativas dos
preços da arroba entre os períodos de safra e entressafra justificavam o investimento
no confinamento como sistema único de produção. Atualmente, com a redução da
amplitude de preços de safra e entressafra, o confinamento como atividade isolada
passou a ser considerado um investimento de risco.
O êxito no sistema de terminação em confinamento está calcado em alguns
requisitos básicos: disponibilidade de animais com potencial para ganho de peso;
disponibilidade de alimentos em quantidade e proporções adequadas, gerência,
preços e mercado para o gado confinado. A eficiência no processo produtivo é um
ponto fundamental para a manutenção das atividades, sendo que estudos com a
finalidade de determinar o custo, a rentabilidade e a engorda de animais
proporcionam aos produtores subsídios na tomada de decisão Ferreira et al. (2004).
7. No Brasil, os seis estados mais importantes no uso desta técnica são: São
Paulo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul, Paraná e Mato Grosso (Tabela 1).
Estes estados participam com mais de 70% do total de confinamentos do Brasil. O
mês de junho marca, na pecuária de corte, o início da grande maioria dos
confinamentos. No centro-oeste há a possibilidade de se realizar dois ciclos de
engorda no mesmo ano.
TABELA 1 – Confinamento no Brasil1, período de 1993 a 2002 (mil cabeças)
Estado 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002
São Paulo 225 270 345 435 510 370 435 580 530 506
Minas Gerais 115 140 145 155 165 135 165 165 155 147
Goiás 80 120 130 145 155 165 185 225 218 255
Mato Grosso do Sul 90 105 130 140 145 155 145 210 211 227
Paraná 75 90 115 130 135 90 90 105 94 90
Mato Grosso 55 75 95 105 120 140 165 210 192 202
Outros 170 205 280 325 360 360 370 455 468 479
Total 810 1005 1240 1435 1590 1415 1555 1950 1868 1906
1
Não inclui semi-confinamento
Fonte: Ferreira etal. 2004
A despeito do risco, o volume de animais confinados no Brasil vem
aumentando: em 2003 foi de cerca de 7%, e para 2004 em torno de 14,5%
(Agroanalysis, Out.2004). Com isto, mesmo o desempenho extraordinário das
exportações de carne bovina no ano de 2004 não foi capaz de sustentar os preços.
O Brasil se consolidou como o maior exportador mundial de carne bovina, o volume
das exportações representaram em torno de 15% da produção, isso significa que o
grande formador do preço do boi continua sendo o consumidor doméstico. Assim, o
baixo poder aquisitivo da população, entre outros fatores, contribuíram para regular a
oferta e depreciar os preços (Agroanalysis Nov. 2004).
8. OBJETIVOS
O objetivo deste trabalho foi analisar a rentabilidade econômica e o custo de
produção de confinamento para bovinos de corte na região do Distrito Federal e
Entorno. Espera-se que seja um instrumento de análise nos seguintes requisitos:
Custo de instalação, avaliando a estrutura física e máquinas necessárias à
implantação de um confinamento;
Custo de produção, com avaliação da participação dos principais
componentes do custo;
Análise de rentabilidade com base em expectativas de preços de venda.
DESCRIÇÃO DO MODELO
Foram idealizadas as instalações necessárias para a prática de um
confinamento para 1000 bois na região do Distrito Federal e Entorno, levando-se em
conta as particularidades da região. O curral idealizado possui 12.000 metros
quadrados e composto de 8 piquetes com capacidade de 125 bois cada; um galpão
destinado a armazenagem do concentrado e máquinas com 100 metros quadrados
de área, dois tratores de 62 e 82 cv, respectivamente, uma carreta com capacidade
para 4 toneladas, uma colhedora de forragem com capacidade para 10 toneladas por
hora, um misturador de ração com capacidade para 2000 kg por hora, um
desintegrador de grãos com capacidade 3000 kg por hora, um motobomba com
produtividade de 20 metros cúbicos por hora, uma balança com capacidade para 300
kg. A mão-de-obra utilizada é composta de 1 gerente, 2 tratoristas, um arraçoador ,
além da utilização de diaristas. O volumoso utilizado será a cana-de-açúcar com área
plantada de 26,9 hectares.
Cálculo dos Custos
9. Depreciação
O cálculo da depreciação foi realizado pelo método linear, considerando o valor atual
dos referidos bens e a vida útil estimada pelo Instituto de Economia Agrícola, de
maio de 2004 e com valor residual de 20%.
DP = (Vi – Vf)/ N
DP = Depreciação
VI = Valor inicial
Vf = Valor final (residual)
N = Vida útil produtiva
Juros sobre o capital investido
Foram calculados juros sobre o capital investido com taxas anuais de 9,6%. Os juros
foram calculados segundo Hoffman (1984), considerando a média aritmética entre o
valor inicial e o valor final multiplicado pela taxa anual.
J = Vi + Vf . Tx
2
onde;
J = juros
Vi = Valor inicial
Vf = Valor final
Tx = Taxa de juros ao ano
Manutenção de instalações.
Segundo o Sebrae (2004) estima-se um percentual de 3% do valor do bem
para a remuneração da manutenção em instalações.
Curral.
A Embrapa gado de Corte preconiza que a área necessária para cada animal
seja em torno 12 a 15 metros quadrados. Assim, definiu-se a área de 12000 metros
quadrados. Trata-se de dois blocos paralelos com 20 metros de largura por 300
10. metros de comprimento, e cada bloco dividido em quatro piquetes. O material
necessário para a construção do curral teve seus preços obtidos junto a casas do
ramo, e apresentou um custo de R$ 44.684,00, acrescentando a esse valor o custo
de construção em torno de R$ 4.020,00, assim perfazendo um custo total de
implantação de R$ 48,704,00. A manutenção, segundo Sebrae, fica em torno de
1,5% do valor deste tipo de instalação, perfazendo-se,assim R$ 670,26. A
depreciação foi calculada levando-se em conta uma vida útil de 25 anos e
apresentou o valor R$1.558,53, Os juros sobre o capital investido representou
R$2.805,35.
Tabela 2. Custo de implantação do curral.
Área Custo do material M.O. para construção Manutenção Amortização Juros capital
12000 m2 R$ 44.684,00 R$ 4.020,00 R$ 670,26 R$ 1.558,53 R$ 2.805,35
Galpão de armazenamento.
Para este confinamento estimou-se, com base no volume do concentrado a
ser armazenado, um galpão com 150 metros quadrados de área e o custo foi
avaliado através do índice da construção civil de Brasília CUB (Custo Unitário
Básico) do mês de novembro de 2004. Este índice apresentava valor R$ 308,81 por
metro quadrado, resultando num valor R$ 45.721,50. A manutenção, segundo o
Sebrae, para este tipo de obra, fica em torno de 3% do valor da instalação,
representando R$ 1.346,65. A depreciação anual para uma vida útil de 25 anos é de
R$ 1.463,09. Os juros sobre o capital empatado fica em R$ 2.633,56.
Tabela 3. Custo de implantação do galpão de armazenamento.
GALPÃO Área m2 Custo inicial Manutenção Depreciação Juros capital
Área 150 R$ 45.721,50 R$ 1.346,65 R$ 1.463,09 R$ 2.633,56
11. Máquinas
As máquinas, tratores e implementos foram dimensionados de acordo com a
produtividade e a necessidade diária do confinamento, o dimensionamento das
máquinas a serem utilizadas num confinamento é em função do volumoso, neste
caso a cana-de-açúcar, e a utilização principal se dá na colheita e trituração da cana,
assim como no transporte até os animais. Na predição do custo, foi utilizado como
base a estimativa do custo de operação de máquinas e implementos do Estado de
São Paulo, do instituto de Economia Agrícola de maio de 2004.
Tabela 4. Custos das máquinas.
Máquinas Valor inicial Depreciação Juros Custo operação
Trator (82cv) 290 R$ 77.000,00 R$ 1.832,42 R$ 4.435,20 R$ 8.320,84
Trator (65 cv) 265 R$ 59.333,33 R$ 1.406,05 R$ 3.417,60 R$ 5.858,04
Colhedora de forragem R$ 15.000,00 R$ 960,69 R$ 864,00 R$ 694,28
Carreta (4 ton. ) R$ 2.800,00 R$ 139,12 R$ 41,26 R$ 192,41
Motobomba R$ 3.000,00 R$ 99,00 R$ 172,80 R$ 631,80
Misturador de ração R$ 5.000,00 R$ 92,84 R$ 192,00 R$ 604,50
Desintegrador R$ 2.818,51 R$ 81,02 R$ 243,52 R$ 418,92
Balança 300kg R$ 540,00 R$ 43,20 R$ 31,10 R$ 16,20
Sub total R$ 165.491,84 R$ 4.645,34 R$ 9.397,48 R$ 16.736,99
Total R$ 30.779,81
Alimentação
Dietas para bovinos em confinamento incluem alimentos volumosos e
concentrados, assim há a necessidade de uma ração balanceada afim de que se
12. alcance os resultados planejados. Para este trabalho almeja-se um ganho de peso
diário de 1,2 kg. Em função deste objetivo é que foi feito o planejamento.
Tabela 5. Formulação da ração utilizada no confinamento.
Ganho diário - kg 1,2
PB 12,93% % na ração Quantidade Custo da ração
NDT 72,11% kg/cab/dia R$/kg / cabeça
Cana 69,26 17,25 R$ 0,034 R$ 93,07
Refinaz/Promil 4,73 1,18 R$ 0,330 R$ 46,73
Farelo de soja 2,63 0,65 R$ 0,540 R$ 42,12
Caroço de algodão 5,31 1,32 R$ 0,380 R$ 60,19
Polpa cítrica 2,21 0,55 R$ 0,260 R$ 17,16
Milho 14,35 3,57 R$ 0,300 R$ 128,52
Núcleo 1,52 0,37 R$ 0,760 R$ 33,74
Total R$ 421,54
Fonte: Scot consultoria (com adaptações)
Volumoso
O volumoso a ser adotado neste trabalho, ou a massa verde, que será
fornecida aos animais será a cana-de-açúcar, que sempre aparece com freqüência
na dieta dos confinamentos da região, assim para a predição do seu custo e a área a
ser plantada, toma-se por base a necessidade diária de cada animal apontada na
dieta prescrita e assim chega-se ao volume total. Com uma produtividade média
avaliada em torno de 100 toneladas por hectare, divide-se a necessidade total do
confinamento pela produtividade média, desta forma teremos a área a ser plantada,
neste caso acrescentamos 30% afim de uma reserva de segurança e prevenção à
perdas e eventualidades, chega-se a 26,9 hectares a serem plantados para suprir as
necessidades do confinamento. Na predição dos custos utilizamos por base um
estudo do custo de implantação da cana-de-açúcar para o Distrito Federal, elaborado
13. pela Emater-DF (Anexo), que resultou em R$ 3.458,69 por hectare. Desse modo, o
custo final é da ordem de R$ 93.073,35.
Concentrado
Sabe-se que não é desejável que durante a engorda seja alterada a
composição da ração. Num confinamento o usual é que o volumoso seja disponível à
vontade no cocho e o concentrado fornecido em quantidade controlada nos horários
definidos. Observando a necessidade diária de cada animal para alcançar a meta
pretendida chega-se ao volume necessário de concentrado, no nosso caso, o milho
vem como o principal componente do concentrado com uma necessidade de 428,40
toneladas, seguido do caroço de algodão 158,40 toneladas, farelo de soja 78,0
toneladas, refinaz/promil 141,60 toneladas, polpa cítrica 66,0 toneladas e núcleo com
44,40 toneladas. Traduzindo aos preços pesquisados na região chega-se ao custo
de R$ 328.464,00.
Mão-de-Obra
Para este trabalho foi levado em conta o número máquinas que seriam
necessárias para o bom funcionamento do confinamento, lembramos que um mesmo
funcionário pode desempenhar mais que uma função, pode-se citar, por exemplo, um
tratorista que levaria em média 5 horas diárias para a tarefa de colheita do volumoso
poderia desempenhar outras funções até completar sua carga horária diária. Os
funcionários efetivos seriam: um gerente; dois tratoristas; um arraçoador. Foi prevista
também a participação de diaristas num total de 120 dias trabalhados, que seriam
distribuídos de acordo com a necessidade do momento. Ao valor da remuneração de
cada trabalhador foi acrescentado além do salário um percentual de 32% de
encargos sociais (Ferreira et al. 2004), para efeito de custos finais por trabalhador.
Assim, os custos referentes a mão-de-obra total chega a soma de R$14.088,00.
Tabela 6. Custos com funcionários.
14. Funcionários R$/Mês Encargos Sociais(32%) Total/mês Total
Gerente R$ 800,00 R$ 256,00 R$ 1.056,00
Tratorista (2) R$ 500,00 R$ 160,00 R$ 1.320,00
Arraçoador R$ 300,00 R$ 96,00 R$ 396,00
R$ 2.772,00 R$ 11.088,00
R$/dia Nº dias trabalhados
Diarista R$ 25,00 120 R$ 3.000,00
Total Geral R$ 14.088,00
Energia Elétrica
O dimensionamento das máquinas, consumidoras de energia, utilizadas
levou-se em conta uma rede trifásica, a necessidade diária do confinamento, e o
rendimento horário da máquina. A previsão de consumo foi realizada seguindo a
seguinte fórmula:
CV . 0,735 = WATTs
HP .0,746 = WATTs
Onde,
Cv = Potência nominal da máquina
Hp = Potência nominal da máquina
0,735 e 0,746 = Fator de correção
WATT = Unidade de energia
O valor de R$ 0,21 por KWh foi obtido junto à Companhia de Energética de Brasília
(CEB) .
Foram dimensionadas 4 lâmpadas de 150 watts cada, num total de 8 horas diárias, o
que resulta num custo de R$ 120,96 ao longo do período de confinamento,
15. acrescentando a projeção do custo com as máquinas em torno de R$ 701,37, assim
perfazendo um custo total de R$ 822,33.
Vermífugo/Vacina
Antes de entrar no confinamento, os animais foram vacinados contra febre
aftosa e botulismo e vermifugados, se for o caso, tratados quanto a ectoparasitos
como bernes e carrapatos. Neste trabalho foram adotadas duas vacinações e uma
vermifugação o que representou em termos de custo cerca de R$ 5,90 por animal e
conseqüentemente um custo total de R$ 5.900,00.
Tabela 7. Custos com produtos veterinários.
Quantidade R$/unidade R$/boi Custo total
Vermífugo 1 R$ 0,90 R$ 0,90 R$ 900,00
Vacina 2 R$ 2,50 R$ 5,00 R$ 5.000,00
Total R$ 5,90 R$ 5.900,00
Boi magro
A aquisição de animais de boa qualidade é dependente da existência de
fornecedores qualificados e da distância até o confinamento já que o frete pode
inviabilizar a rentabilidade do investimento. Para este presente trabalho o preço base
por cabeça é de R$ 500,00, para animal com peso médio de 360 kg, valor que
representa um preço médio do boi no confinamento estando aí incluído o transporte.
Considerando 1000 animais confinados este custo fica estimado em R$500.000,00.
O custo de implantação das instalações apresenta resultado final de R$ 259.917,34.
Deste total, o investimento em máquinas chega a R$165.491,84, já a parcela
referente às instalações é de R$ 94.425,50. Desta forma a participação destes
investimentos por unidade animal confinada chega a R$ 259,91.
16. Tabela 8. Custo inicial de máquinas e instalações.
Valor inicial Depreciação Juros
Máquinas (Investimento) R$ 165.491,84 R$ 4.645,34 R$ 9.397,48
Instalações (Investimento) R$ 94.425,50 R$ 3.021,62 R$ 5.438,91
Total Geral R$ 259.917,34 R$ 7.666,96 R$ 14.836,39
Custo Operacional Efetivo (COE).
Na composição do custo operacional efetivo estão incluídos os custos com o
boi magro e todos os demais custos variáveis referentes ao confinamento, ou seja,
boi magro, volumoso, concentrado, vermífugo, vacinas, operações com máquinas,
energia elétrica e mão-de-obra. O valor apurado chega a soma de R$ 959.084,65.
Custo Operacional Total (COT)
Na determinação do Custo Operacional Total (COT) estão inclusos o Custo
Operacional Efetivo (COE) e os valores referentes à depreciação e juros do capital
investido.O total chega a R$ 999.629,90.
Lucro Operacional
Trata-se da subtração do custo operacional efetivo da receita total, este
cálculo tem como objetivo mensurar a entrada e saída de caixa do confinamento.
Neste caso o lucro operacional foi da ordem de R$ 101.989,91.
Lucro Total
Trata-se do montante que resulta da subtração do Custo Operacional Total
(COT) da Receita total, e objetiva mensurar o lucro real, ou seja, a quantia que
excede a remuneração de todos os custos, neste caso, o Lucro Total foi da ordem de
R$ 61.444,66.
17. Os resultados apresentados estão balizados pelo preço de venda a vista do
índice Esalq/BM&F do final do mês de outubro de 2004, que indicava R$ 60,73 a
arroba.
Tabela 9. Resultado final do confinamento.
Nº bois 1000 Rend. Carcaça 52%
Dias confinados 120 Total @ final 17.472
Peso médio entrada – kg 360 Preço venda/@ R$ 60,73
Peso médio saída – kg 504
R$/cabeça Total %
Boi Magro R$ 500,00 R$ 500.000,00 50,02
Volumoso R$ 93,07 R$ 93.073,35 9,31
Concentrado R$ 328,46 R$ 328.464,00 32,86
Vermífugo/vacina R$ 5,90 R$ 5.900,00 0,59
Máquinas operações R$ 16.74 R$ 16.736,99 1,67
Energia Elétrica R$ 0,82 R$ 822,32 0,08
Mão-de-Obra R$ 14,09 R$ 14.088,00 1,41
Custo Operacional Efetivo (A) R$ 959,08 R$ 959.084,65
Custo Operacional Efetivo/@ R$ 54,89 R$ 54,89
Depreciações Instalações R$ 3,02 R$ 3.021,62 0,30
Manutenção R$ 2,04 R$ 2.041,91 0,20
Juros instalações R$ 5,44 R$ 5.438,91 0,54
Depreciações Máquinas R$ 4,65 R$ 4.645,34 0,46
Juros Máquinas R$ 9,40 R$ 9.397,48 0,94
Juros/boi magro R$ 16,00 R$ 16.000,00 1,60
Custo Operacional Total (B) R$ 999,63 R$ 999.629,90 100,00
Custo Operacional Total/@ R$ 57,21 R$ 57,21
Receita Bruta ( C ) R$ 1.061,07 R$ 1.061.074,56
Lucro Operacional( C-A) R$ 101,99 R$ 101.989,91
Lucro Total (C-B) R$ 61,44 R$ 61.444,66
18. DISCUSSÃO
O boi magro aparece como principal custo variável do confinamento com
participação em torno de 50,02% no custo operacional total (COT). Isto significa que
devemos ter uma atenção especial no momento da tomada de decisão. Sabe-se que
o sucesso no projeto de confinamento tem como base o potencial de ganho de peso
e na qualidade física e sanitária do animal, uma escolha errada neste quesito coloca
em risco o sucesso do empreendimento.
Gráfico 1. Participação do Boi Magro no COT
Demais
7,81%
Boi Magro
Volumoso + 50,02%
Concentrado
42,17%
Considerando a importância do custo do boi magro dentro do custo total do
confinamento, fica evidente que qualquer alteração nos preços deste insumo afeta
diretamente os resultados finais, com base nestes fundamentos apresentamos uma
simulação do lucro operacional levando em conta a tabela de custos, confeccionada
neste trabalho, e variando o preço do boi magro em quatro níveis: R$ 500,00; R$
550,00; R$ 600,00; R$650,00.
19. Gráfico 2. Projeção do lucro operacional, com base em diferentes preços do boi
magro.
R$ 120.000,00 R$ 101.989,91
R$ 100.000,00
R$ 80.000,00
Lucro Operacional
R$ 60.000,00 R$ 51.989,91
R$ 40.000,00
R$ 20.000,00 R$ 1.989,91
R$ 0,00
R$ 500,00 R$ 550,00 R$ 600,00 R$ 650,00
-R$ 20.000,00
-R$ 40.000,00
-R$ 60.000,00 -R$ 48.010,09
Preço boi magro
A alimentação aparece como segundo fator em importância, uma vez que reflete
cerca de 42,29% dos custos do confinamento o que representa cerca de R$
421.537,35. A participação do concentrado chega a 32,95% significando um
montante de R$ 328.464,00. Já o volumoso participa com 9,34% dos custos totais
representando valores de R$ 93.073,35.
Gráfico 3. Participação da alimentação no COT.
Participação da Alimentação no COT
Demais Volumoso
7,18% 8,06%
Concentrado
28,45%
Boi magro
56,30%
20. Ao analisarmos a participação dos juros e depreciações no custo operacional
total, observamos que o maior destaque é para os juros referentes ao capital
empatado no boi magro que chega a R$16.000,00, o que representa 1,61% do custo
operacional total. A segunda maior participação se refere aos juros referentes às
máquinas com montante de R$ 9.397,48,38.
Gráfico 4. Participação das Depreciações e juros no COT ( Custo Operacional total)
1,60%
2,00%
1,50% 0,94%
0,54%
1,00% 0,46%
0,30%
0,20%
0,50%
0,00%
Depreciações Instalações Manutenção instalações Juros instalações
Depreciações Máquinas Juros Máquinas Juros/boi magro
O preço futuro do boi gordo é formado pelo preço à vista adicionado das
expectativas dos agentes quanto a fatores como a evolução da exportação, o
câmbio, a concorrência de produtos alternativos e países produtores, os
consumidores, as exigências sanitárias, os fatores climáticos, a evolução do abate de
matrizes, o número esperado de confinamentos entre outros. O mercado futuro é o
melhor instrumento para prever o comportamento dos preços do boi gordo, pois,
diariamente, os agentes revisam as expectativas de acordo com os acontecimentos
do mercado. A BM&F apresentava, em 21 de dezembro de 2004, a seguinte projeção
do preço da arroba para o ano de 2005:
21. Gráfico 5. Preços dos contratos futuros com vencimento em 2005, em 21/12/2004
R$ 72,15 70,36 70,80
69,34
Valor da arroba
R$ 70,15
67,95
R$ 68,15
65,99 65,98
R$ 66,15
64,34
R$ 64,15 63,00
61,97 62,40 62,95
R$ 62,15 61,15
R$ 60,15
jan/05 fev/05 mar/05 abr/05 mai/05 jun/05 jul/05 ago/05 set/05 out/05 nov/05 dez/05
Fonte BM&F
Utilizando como base os custos apresentados neste trabalho, variando o
preço do boi magro para R$650,00, apresentamos uma simulação do Lucro
Operacional para o ano de 2005. Sabendo que o mês de outubro apresenta o maior
volume de contratos futuros na BM&F e que os valores apurados são do dia 21 de
dezembro de 2004, o referido mês projeta lucro operacional de R$ 102.423,83.
Gráfico 6. Projeção do Lucro Operacional para o ano de 2005, com base nos preços
dos contratos futuros em 21/12/2004.
R$ 130.000,00
R$ 127.932,95
R$ 120.245,27
R$ 110.000,00
R$ 43.717,91
R$ 43.892,63
R$ 102.423,83
R$ 90.000,00
Lucro Operacional
-R$ 18.831,85
-R$ 40.671,85
-R$ 26.344,81
R$ 15.063,83
R$ 78.137,75
R$ 70.000,00
-R$ 8.348,65
-R$ 9.222,25
R$ 50.000,00
R$ 30.000,00
R$ 10.000,00
-R$ 10.000,00
-R$ 30.000,00
-R$ 50.000,00
5
05
05
05
5
5
05
05
5
5
5
05
t/0
l/0
/0
t/0
/0
/0
v/
n/
n/
r/
o/
v/
z
ai
ar
ju
ou
se
de
ab
no
ag
ju
ja
fe
m
m
22. A rentabilidade é definida como sendo a relação percentual entre o Lucro
Operacional e o total imobilizado na atividade, neste caso representa o custo inicial
de máquinas e instalações que é de R$ 259.917,34, mais o Custo Operacional Total,
quando variamos o preço do boi magro para R$ 650,00, é de R$ 1.154.429,90,
perfazendo um total de R$ 1.414.347,24, valor que servirá de base para o cálculo da
projeção da rentabilidade para o ano de 2005, com base nos preços dos contratos
futuros em 21/12/2004.
Gráfico 7. Projeção da rentabilidade para o ano 2005, com base nos preços dos
contratos futuros em 21/12/2004.
10,00 8,50 9,05
8,00 7,24
5,52
Rentabilidade (%)
6,00
4,00 3,10 3,09
2,00 1,07
0,00
-2,00 -0,65 -0,59
-1,33
-2,88 -1,86
-4,00
jan/05 fev/05 mar/05 abr/05 mai/05 jun/05 jul/05 ago/05 set/05 out/05 nov/05 dez/05
CONCLUSÃO
A pecuária brasileira incorpora tecnologia num ritmo crescente, objetivando
aumento da produtividade, isto demanda maior capacidade de planejamento e
eficiência por parte do produtor. Neste trabalho ficou evidenciado que o principal
custo do confinamento é o boi magro, seguido da alimentação. Estimou-se uma
infraestrutura total para a prática do confinamento, onde todas as máquinas e
instalações seriam novas, e ficou evidenciado que resultados positivos dependem de
um arranjo entre custos e preço de venda. Sabemos que o custo de instalação de
23. cada produtor incorpora realidades distintas o que pode resultar em custos menores
ou maiores devido a capacidade de gerenciamento de cada um, assim como os
custos de operação. É comum encontrarmos estruturas superdimensionadas,
principalmente máquinas, o que pode comprometer os benefícios advindos da
utilização da tecnologia, acarretando aumento nos custos. Outro aspecto é
capacidade de negociação junto a fornecedores, principalmente do boi magro, e no
mercado de venda, todos estes fatores influenciam o sucesso final do
empreendimento. Acreditamos que este trabalho alcança o objetivo de ser um
indicativo para os resultados finais de um confinamento no momento atual.
24. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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2004, p. 36-39.
AGROANALYSIS. São Paulo. Mercado Futuro: O comportamento do boi gordo.
Nov. 2004, p. 46-47.
ANUÁRIO DA PECUÁRIA BRASILEIRA – ANUALPEC. São Paulo: FNP Consultoria
e comércio, 2003.
BOLSA DE MERCADORIAS & FUTUROS – BM&F. Indicadores agropecuários.
Indicador de Preço Disponível do Boi Gordo Esalq/Bm&F :in
www.bmf.com.br/2004/pages/clearing1/derivativosnovo/agropecuarios/agropecuarios
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COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO – CONAB. Metodologia de
Cálculo dos Custos de Produção :in
25. www.conab.gov.br/download/safra/custosproducaometodologia.pdf Acesso
31/08/2004.
CONFINAMENTO DE BOVINOS. Curso Suplementação em Pasto e
Confinamento de Bovinos, Campo Grande: EMBRAPA-CNPGC, 2000 : in
www.cnpgc.embrapa.br/publicacoes/naoseriadas/cursosuplementacao/confinamento/
. Acesso 31/08/2004.
FERREIRA, M. M.; FERREIRA, A. C. M.; EZEQUIEL, J. M. B. Avaliação Econômica
da Produção de Bovinos Confinados. Informações Econômicas, São Paulo, v. n.
34, Jul. 2004.
HOFFMANN, R. et al. Administração da Empresa Agrícola. São Paulo: Pioneira,
1984, 326p.
INFORMAÇÕES ECONÔMICAS. Estimativa de Custo de Operação de Máquinas
e Implementos Agrícolas, Estado de são Paulo, Maio de 2004. IEA, São Paulo, v.
34, n.7, jul. 2004.
INICIANDO UM PEQUENO GRANDE NEGÓCIO – IPGN SEBRAE. Modulo 5.
Análise Financeira. IEA. 2004.
SCOT CONSULTORIA – Material técnico. Confinamento: Custos e Perspectivas
para 2003. www.scotconsultoria.com.br/material_tecnico.asp?ArtigoID=47 . acesso
31/08/2004.
WEDEKIN, V. S. P.; BUENO, C. R. F.; AMARAL., A. M. P. Análise econômica do
confinamento de bovinos. Informações Econômicas, São Paulo, v. 24, n. 9, p. 123-
31, Set. 1994.
26. CUSTO DE PRODUÇÃO DE CONFINAMENTO DE BOVINOS DE CORTE.
Anexo 1.
Tabela 1.1 - Custo de implantação da cana-de-açúcar.
Área 1 ha
Insumos Quant Unidade Valor unitário Valor total
Item 10,00 M3 70,00 700,00
Mudas de cana 0,20 T 1.020,67 204,13
Adub. Clor. Potássio 0,40 T 867,00 346,80
Adub. Sulf. Amônio 0,50 T 967,33 483,67
Yoorin master 5,00 Kg 7,24 36,20
Formicida granulado 2,00 L 38,19 76,39
Paraquat 50,00 kg 6,83 341,50
carbofuram Subtotal: 2.188,69
Serviços
Aplicação Formicida 1,00 D/H 15,00 15,00
Plantio/replantio 5,00 D/H 15,00 75,00
Aplicação Agrotóxicos 2,00 D/H 15,00 30,00
Adub. cobertura / manual 4,00 D/H 15,00 60,00
Dist. Adubos 2,00 D/H 15,00 30,00
Corte/tratamento mudas 4,00 D/H 15,00 60,00
Colheita manual 30,00 D/H 15,00 450,00
Aração 3,00 H/M 50,00 150,00
Gradagem 1,50 H/M 50,00 75,00
Abertura sulco- mecânico 1,50 H/M 50,00 75,00
Transporte interno 5,00 H/M 50,00 250,00
Subtotal 1.270,00
Total Geral 3.458,69
Fonte: Emater-DF em 19/08/2004.
27. Anexo 2.
Tabela 2.1 – Número total de horas trabalhadas.
Máquinas Número de horas trabalhadas
Trator (82 cv) 296,01
Trator (62 cv) 296,01
Carreta (4 ton) 296,01
Colhimenta 269,10
Desintegrador 168,80
Misturador de ração 253,20
Motobomba 300,00
28. Anexo – 3
Tabela 3.1 – Cálculo da produção do confinamento
Boi magro R$/Arroba
Preço/boi-entrada R$ 500,00 R$ 41,67
Preço venda/Arroba R$ 60,73
kg Arroba
Peso entrada 360 12,00
Peso saída 504 17,47
Rendimento carcaça % 52
Ganho/animal-kg 144
Ganho total-kg 144000
Ganho/animal (arrobas) 5,47
Total arrobas engordadas 5472
Total final arrobas 17472
Custo aquisição R$ 500.000,00
Receita bruta total R$ 1.061.074,56
Receita sobre arrobas engordadas R$ 332.314,56
Valorização sobre as arrobas iniciais R$ 228.760,00
Agregação total de valor R$ 561.074,56
Fonte: Dados da pesquisa