SlideShare una empresa de Scribd logo
1 de 178
Descargar para leer sin conexión
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA
       CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS
    DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO
        FACULDADE DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
    CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL – HABILITAÇÃO
            PUBLICIDADE E PROPAGANDA




   UM VOO SOBRE PRÁTICAS E PERCEPÇÕES:
 A INSTITUCIONALIZAÇÃO DO PLANEJAMENTO
PUBLICITÁRIO PELA PERSPECTIVA ARQUETÍPICA




           MONOGRAFIA DE GRADUAÇÃO




                   Thana Barcellos




                Santa Maria, RS, Brasil

                         2011
UM VOO SOBRE PRÁTICAS E PERCEPÇÕES:
A INSTITUCIONALIZAÇÃO DO PLANEJAMENTO PUBLICITÁRIO
            PELA PERSPECTIVA ARQUETÍPICA




                             Thana Barcellos




  Monografia apresentada ao Curso de Comunicação Social – Habilitação:
    Publicidade e Propaganda, da Faculdade de Comunicação Social, do
 Departamento de Ciências da Comunicação do Centro de Ciências Sociais e
Humanas da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, RS), como requisito
                     parcial para a obtenção do grau de
                   Graduação em Publicidade e Propaganda




             Orientadora: Profª. Drª. Juliana Petermann
        Co-Orientadora: Profª. Ma. Laura Hastenpflug Wottrich




                         Santa Maria, RS, Brasil

                                   2011
Universidade Federal de Santa Maria
             Centro de Ciências Sociais e Humanas
           Departamento de Ciências da Comunicação
                Faculdade de Comunicação Social
Curso de Comunicação Social – Habilitação Publicidade e Propaganda



             A Comissão Examinadora, abaixo assinada,
             Aprova a Monografia de Conclusão de Curso



         UM VOO SOBRE PRÁTICAS E PERCEPÇÕES:
A INSTITUCIONALIZAÇÃO DO PLANEJAMENTO PUBLICITÁRIO
            PELA PERSPECTIVA ARQUETÍPICA


                            Elaborada por
                           Thana Barcellos


           Como requisito parcial para a obtenção do grau de
             Graduada em Publicidade e Propaganda

                     COMISSÃO EXAMINADORA:


                     Juliana Petermann, Drª. (UFSM)
                          (Presidente/Orientadora)



                Laura Hastenpflug Wottrich, Ma. (UFSM)
                           (Co-Orientadora)



       Milena Carvalho Bezerra Freire de Oliveira-Cruz, Ma. (UFSM)



                Marcos Pippi de Medeiros, Me. (UNIFRA)



                Santa Maria, 28 de novembro de 2011.
Dedico este trabalho
                                         ao papai e à mamãe
                         à vó Emyr, o exemplo da minha vida
à vó Celina, minha estrelinha, que está sempre comigo, eu sei.
AGRADECIMENTOS



   Agradeço, primeiramente, aos meus pais, Tomaz e Andréa por todo amor e confiança que
  depositam em mim dia após dia. São inspirações para minha vida. Amo vocês mais do que
                                                                                        tudo!
  À minha irmã, Alana, que soube compreender minhas emoções no decorrer do processo da
          pesquisa, relevando os estresses e sendo uma ótima companheira nos momentos de
      descontração. Além disto, toda estética deste trabalho fundamentou-se na opinião dela.
   À minha querida e amada “boadrasta” Gi que, desde o início, prontificou-se em ajudar-me
 com a formatação do trabalho. Porém, além de ter executado outras funções, ela, com toda a
                   sua preocupação, deu-me forças para seguir quando eu já estava esgotada.
Ao Vitor, que, ainda não tenha tido um envolvimento direto com esta monografia, fortaleceu
minhas ideias com os churrascos maravilhosos que fez (é claro, que eu não poderia deixar de
                                                        mencionar o delicioso pão com alho).
  Ao Rafa, que eu “amoeadorotudo”, por ter me entendido em todos os momentos e, quando
  parecia não haver solução, ele “girava o mosaico”, para mostrar que tudo é uma questão de
                                                                                 perspectiva.
     Ao meu amado Dindo, que fez com que eu refletisse sobre minhas escolhas e, com suas
        “provocações construtivas” - que eu adoro - faz com que eu busque, constantemente,
                                                                              surpreendê-lo.
                                          A todos os meus familiares, que eu amo de paixão.
    Às queridas orientadores e parceiras, Ju e Laura, com quem eu tive o prazer de trabalhar.
          Às minhas Cristais, que, embora distantes, estão sempre por perto no meu coração.
    Aos meus amigos: “a amizade é maior do que tudo já diziam os antigos” – obrigada pela
                                                                           amizade de vocês.
Ao bonito Lenine que me forneceu dicas maravilhosas para o português e fez o meu abstract.
Todos estes que aí estão
Atravancando o meu caminho,
               Eles passarão.
              Eu passarinho!


              MÁRIO QUINTANA ,
           POEMINHA DO CONTRA
RESUMO



                        Monografia de Conclusão de Graduação
           Curso de Comunicação Social – Habilitação Publicidade e Propaganda
                           Faculdade de Comunicação Social
                       Departamento de Ciências da Comunicação
                         Centro de Ciências Sociais e Humanas
                         Universidade Federal de Santa Maria



                UM VOO SOBRE PRÁTICAS E PERCEPÇÕES:
    A INSTITUCIONALIZAÇÃO DO PLANEJAMENTO PUBLICITÁRIO PELA
                         PERSPECTIVA ARQUETÍPICA
                            AUTORA : THANA BARCELLOS
                   ORIENTADORA : PROFª. DRª.JULIANA PETERMANN
                Coorientadora: Profª Ma. Laura Hastenpflug Wottrich
            Local e Data de Defesa: Santa Maria, 28 de novembro de 2011.



        Este trabalho debate sobre as práticas institucionalizadas do planejamento publicitário
observadas a partir de uma perspectiva arquetípica. Tendo em vista a complexidade do nosso
objeto, utilizamos a cartografia como suporte teórico-metodólogico, o que nos levou a um
movimento de libertação e, consequentemente, a uma interpretação mais subjetiva dos dados
coletados e a um pensamento rizomático. Por meio de sobrevoos e pousos, conseguimos
investigar as práticas institucionalizadas do planejamento publicitário em três agências de
Santa Maria, contrapondo-as com as práticas institucionalizadas apresentadas nas
bibliografias da área. Após esta primeira análise, passamos por uma fase de reconhecimento
atento, a qual proporcionou enxergar tais práticas pelo viés arquetípico, identificando rastros
e, até mesmo, os arquétipos que configuram o rizoma desta pesquisa




Palavras-Chave: Planejamento Publicitário. Institucionalização. Arquétipos. Cartografia.
Santa Maria.
ABSTRACT



                                   Graduation Monograph
                     Social Communication Course - Enable Advertising
                              Faculty of Social Communication
                          Department of Communication Sciences
                           Social and Humanities Sciences Center
                             Federal University of Santa Maria



             A FLIGHT UPON PRACTICES AND PERCEPTIONS:
     THE INSTITUTIONALIZATION OF THE ADVERTISING PLANNING BY
                         ARCHETYPAL PERPECTIVE
                          AUTHORESS: THANA BARCELLOS
                        ADVISOR:. PHD.JULIANA PETERMANN
                 Joint Supervisor: Ms. Laura Hastenpflug Wottrich
            Place and Date of Defense: Santa Maria, 28 November, 2011.


         This work discusses the institutionalized practices of the advertising planning
observed from an archetypical perspective. In view of the complexity of our object we use the
cartography as theoretical-methodological support, which led us to a liberation movement and
consequently to an interpretation much more subjective about the collected data and also to a
rhyzomatic thought. Through overflights and landings we were able to investigate the
institutionalized practices of the advertising planning in three agencies located in Santa Maria,
contrasting them and the institutionalized practices presented in the bibliographies of this
field. After this first analysis we passed by an attentive recognition phase, which provided us
to see such practices through the archetypical perspective, identifying tracks and even the
archetypes that form the rhizome.




Keywords: Advertising Planning. Institutionalization. Archetypes. Cartography. Santa Maria.
SUMÁRIO


AGRADECIMENTOS ............................................................................................................ V

RESUMO............................................................................................................................... VII

ABSTRACT ........................................................................................................................ VIII

INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 11

1 PERSPECTIVAS METODOLÓGICAS ........................................................................... 16

   1.1 O processo cartográfico.......................................................................... 16
   1.2 Passos para configurar a macro e a microvisão ..................................... 29
     1.2.1. Análise documental ................................................................................................ 35
     1.2.2 Observação direta intensiva ..................................................................................... 38
     1.2.3 Pesquisa bibliográfica .............................................................................................. 40
     1.2.4 Pesquisa de campo ................................................................................................... 43
        1.2.4.1 Técnicas utilizadas............................................................................................ 46
           1.2.4.1.1 Entrevista em profundidade ....................................................................... 46
           1.2.4.1.2 Técnicas projetivas .................................................................................... 49
2 PERSPECTIVAS TEÓRICAS ........................................................................................... 55

   2.1 Institucionalização .................................................................................. 55
   2.2 Construindo uma perspectiva arquetípica do planejamento publicitário 63
     2.2.1 O anseio pelo paraíso............................................................................................... 71
     2.2.2 Os que deixam sua marca no mundo ....................................................................... 75
     2.2.3 Nenhum homem (ou mulher) é uma ilha ................................................................. 79
     2.2.4 Os que dão estrutura ao mundo ............................................................................... 83
3 MACROVISÃO: AS PRÁTICAS INSTITUCIONALIZADAS DO PLANEJAMENTO
PUBLICITÁRIO NO RIZOMA............................................................................................ 88

   3.1 Platô agências de Santa Maria ................................................................ 90
     3.1.1 Sobrevoo .................................................................................................................. 91
     3.1.2 Pouso ....................................................................................................................... 99
   3.2 Platô perspectivas teóricas e práticas do planejamento publicitário .....104
     3.2.1 Sobrevoo ................................................................................................................ 105
     3.2.2 Pouso ..................................................................................................................... 114
   3.3 Platô profissionais de planejamento publicitário do mercado ...............119
     3.3.1 Sobrevoo ................................................................................................................ 120
     3.3.2 Pouso ..................................................................................................................... 122
4 MICROVISÃO: O RECONHECIMENTO ATENTO NO RIZOMA SOB A
PERSPECTIVA DOS ARQUÉTIPOS ............................................................................... 136

   4.1 Rastros arquetípicos do planejamento publicitário................................138
     4.1.1 Platô agências de publicidade de Santa Maria....................................................... 140
     4.1.2 Platô perspectivas teóricas e práticas do planejamento publicitário...................... 142
4.1.2.1 Rastros arquetípicos nas perspectivas teóricas do planejamento publicitário 143
       4.1.2.2 Rastros arquetípicos nas perspectivas práticas do planejamento publicitário 145
   4.2 Os arquétipos do planejamento publicitário ..........................................146
CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 163

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................... 169

APÊNDICES......................................................................................................................... 174

       APÊNDICE A – Roteiro Final ....................................................................................... 175
       APÊNDICE B – Termo de consentimento livre e informado ........................................ 177




                                                                                                                                    x
INTRODUÇÃO



                                                                       “Como cada um de nós era vários,
                                                                                   já era muita gente”.

                                                                                          Deleuze e Guattari



         “O medo de ousar fechou muito mais empresas que a ousadia” – é com a frase de Júlio
Ribeiro, um dos planejadores mais importantes do Brasil, que começamos este trabalho.
Ousadia é a marca de nossa pesquisa desde o momento da escolha do objeto que estudamos: o
planejamento publicitário1. Um departamento recente, fundado, de acordo com o Account
Planning Group2 (2001), no final da década de 60, que não parece tão encantador como o
departamento de criação. Os boatos, no meio acadêmico, indicavam que o planejamento
publicitário não era um departamento presente nas agências de Santa Maria. Logo, este fato
despertou nossa atenção: se as agências de Santa Maria não realizam o planejamento
publicitário, como definem as estratégias de seus clientes?
         Ainda que houvesse uma inquietação, percebemos que deveríamos dar um passo atrás
antes de aventurarmo-nos nas investigações, pois não nos sentíamos preparados. Então,
buscamos um suporte para nossa pesquisa que consentisse um percurso diferente – e ousado –
daquilo com que estávamos acostumados. Neste sentido, entramos em contato com a
cartografia, a qual permitiu a formação de um pensamento rizomático:


                             o rizoma é uma mescla de tramas que se combina, se mistura, se embaralha, se junta
                             e se afasta. É a trama da vida e a trama da pesquisa. Afinal, o trajeto feito pelo
                             pesquisador no procedimento da cartografia traz em si um pouco disso que
                             chamamos de caos, ou pouco dessas tramas e embaralhamentos [...]. (ROSÁRIO,
                             2008).




1
    Existem divergências na nomenclatura do planejamento publicitário, também chamado de planejamento de
    comunicação ou planejamento de marketing. Em razão disto, esclarecemos que, para nós, o planejamento
    publicitário é uma parte dentro do planejamento de comunicação, que engloba questões de promoção de
    vendas, publicidade, jornalismo e relações públicas. Já o planejamento de marketing, é ainda mais amplo,
    englobando os dois anteriores e mais as outras questões referentes ao mix de marketing. Ainda que muitos
    falem em comunicação integrada, acreditamos que, antes de pensar em um planejamento de comunicação, os
    publicitários precisam entender, de fato, como funciona o planejamento publicitário. Portanto, trabalharemos
    com esta denominação neste trabalho.
2
    Grupo de planejamento de Londres.
Compreendemos que, no pensamento rizomático, o cartógrafo deve entender as
especificidades de seu objeto e deixar que elas guiem o percurso de sua pesquisa. Não no
sentido de apontarem para uma única direção como sendo a certa, mas, o contrário disto:
indicarem diferentes possibilidades a serem investigadas, objetivando um processo e não um
resultado exato: “diferentemente de preencher tabelas e cruzar resultados, a cartografia está
intimamente ligada ao processo de envolvimento com o objeto e a vivência e a bagagem que o
cartógrafo trás consigo” (AGUIAR, 2008, p. 251).
       Pensando neste envolvimento com o objeto e na bagagem teórica que possuíamos do
planejamento publicitário, preocupamo-nos em aprimorar o assunto, tanto para o
desenvolvimento deste estudo, quanto para nossa vida profissional. Deste modo, por quatro
meses, viajamos a Porto Alegre, todos os sábados, para o curso Click! Planejamento Criativo,
ofertado pela Escola Superior de Marketing e Propaganda – Sul (ESPM-Sul). Ao deixarmos a
subjetividade se expressar, notamos que o curso de Porto Alegre “re-despertou” a paixão que
sentíamos pela propaganda no início da faculdade, tendo em vista, que, durante nosso
percurso acadêmico, passamos por momentos de inseguranças, dúvidas e, até mesmo,
decepções.
       Ao respeitarmos as peculiaridades do objeto, durante todo o trajeto deste estudo,
ficamos à deriva, o que Aguiar (2008) relaciona com o movimento de “andar sem rumo”,
deixando-nos levar pelas direções do objeto. Assim, como dissemos anteriormente, foram as
peculiaridades do objeto que formaram o rizoma de nosso trabalho. Ele é constituído por três
platôs: agências de publicidade de Santa Maria, perspectivas teóricas e práticas do
planejamento publicitário e profissionais de planejamento publicitário do mercado, e seu
elemento básico é o planejamento publicitário, compreendido por meio de práticas e
percepções. Observe a figura:




                                                                                          12
Figura 1– O rizoma
       Fonte: o próprio autor




       A fim de investigarmos as práticas do planejamento publicitário, contamos com a
ajuda da teoria de institucionalização, proposta por Berger e Luckmann (1997). Os autores
analisam o processo pelo qual as instituições passam para tornarem-se instituições e, também,
como elas mantêm-se nesta posição, isto é, institucionalizadas: “o mundo institucional é a
atividade humana objetivada, e isso em cada instituição particular” (BERGER E
LUCKMANN, 1997, p. 87). Com isto, analisamos as práticas institucionalizadas do
planejamento publicitário em cada um dos três platôs, relacionando-as umas com as outras.
       O entendimento das percepções do planejamento publicitário foi possível, aqui, graças
à aproximação que aconteceu, no curso de Porto Alegre, com a teoria arquetípica defendida
por Mark e Pearson (2003). As autoras fundamentam sua obra no conceito de arquétipos,
evidenciado por Carl G. Jung. Entretanto, a abordagem que elas utilizam é inteiramente
direcionada ao mundo das marcas, razão pela qual os professores do Click! Planejamento
Criativo apresentaram-nos tal possibilidade como ferramenta no processo de posicionamento
de marca. Deste modo, utilizamos o estudo de Mark e Pearson (2003) para compor uma
perspectiva diferente, pela qual observamos nosso rizoma: a perspectiva arquetípica. Vale
ressaltar que não aplicamos tal teoria como as autoras apresentaram, focada no marketing,
mas sim, como uma interpretação do significado das práticas do planejamento publicitário
realizadas. A partir disto, verificamos as significações dos arquétipos ou dos seus rastros, que
estão ativos em cada platô, engendrando nossa percepção arquetípica sobre o rizoma.
       Ao considerarmos estas questões, somadas à inquietação que nos motivou a
analisarmos o planejamento publicitário em Santa Maria, apresentamos o problema que

                                                                                             13
orientou todo o processo desta pesquisa: como se configura, por meio da perspectiva
arquetípica, o rizoma das práticas institucionalizadas do plane jame nto publicitário e m
Santa Maria?
       O leitor deve compreender que, por trabalharmos com a cartografia, a definição deste
problema de pesquisa não foi realizada antes de irmos a campo. O que ocorreu foi exatamente
o oposto disto, nosso problema de pesquisa foi construído conforme nossos sobrevoos e
pousos aconteciam. Lembramos, aqui, do movimento de “andar sem rumo” citado
previamente, ou seja, deixamos o problema deste estudo à deriva e, pouco a pouco, podemos
descobri-lo e entendê-lo.
       Com a definição do problema, conseguimos traçar os objetivos que pretendíamos
alcançar para chegarmos à solução desta questão. Portanto, como objetivo geral do presente
trabalho, pretendemos discutir a institucionalização do planejamento publicitário nas agências
de Santa Maria, fazendo comparativos com as práticas institucionalizadas trazidas pelas
bibliografias e, assim, verificando as práticas reais, identificando possíveis deficiências e
sugerindo possíveis modificações.
       Apontamos como objetivos específicos deste estudo os seguintes:
       -Realizar a identificação dos platôs que nortearão o processo cartográfico,
determinando as práticas institucionalizadas do planejamento publicitário que consideramos
adequadas e as que entendemos como não apropriadas;
       -Comparar as práticas institucionalizadas do planejamento publicitário realizadas nas
agências de Santa Maria com as práticas apresentadas pelas bibliografias;
       -Identificar os arquétipos que representam as diferentes práticas institucionalizadas do
planejamento publicitário no rizoma.
       Para finalizar, gostaríamos de situar o leitor na forma como nossa pesquisa foi
construída e organizada. Primeiramente, pensamos em escrever este trabalho de modo que
parecesse um diálogo entre nós e o leitor. No planejamento publicitário, os planejadores
utilizam esta abordagem, juntamente com outros artifícios, para inspirar a equipe de criação
da agência. Aqui, acreditamos que as ilustrações sejam um ótimo complemento para isto.
       Além disto, como bons planejadores, por meio de alguns elementos, definimos o
posicionamento que gostaríamos de ocupar na mente do leitor – aqui, nosso principal público-
alvo –. Como apreenderemos adiante, o posicionamento orienta as tomadas de decisões
referentes à marca, construindo a imagem que desejamos atribuir a ela. Para Mark e Pearson
(2003), é no momento de posicionar a marca que definimos a estrutura arquetípica em que

                                                                                            14
fundamentaremos sua imagem. Então, levando em conta nossas habilidades como
pesquisadores, os quais se aventuram em diversos territórios para conhecer, cada vez mais, as
peculiaridades de seu objeto, e, consequentemente, constroem um percurso de pesquisa
inovador, definimos o Explorador como arquétipo deste trabalho:


                        a jornada dos Exploradores é uma experiência ao mesmo tempo interna e externa,
                        porque eles são motivados por um profundo desejo de encontrar, no mundo exterior,
                        aquilo que se adapta às suas necessidades, preferências e esperanças interiores
                        (MARK E PEA RSON, 2003, p. 79).


       Neste sentido, preocupamo-nos em manter a identidade – o trabalho como ele é – em
acordo com a imagem – o trabalho como é percebido –, identidade esta que desejamos que o
leitor tenha. Para isto, todos os elementos, desde a escolha da paleta de cores até o título dos
capítulos do trabalho, estão interligados e contribuem para a construção desta imagem. Ao
entrarmos em contato com a metáfora de W. James, o qual compara o fluxo de pensamento ao
voo de um pássaro e ao refletir sobre nosso papel como Explorador, representamo-nos neste
estudo por meio de um pássaro, que voa livremente e, quando necessário, pousa para analisar
mais profundamente determinados territórios. Portanto, convidamos o leitor a acompanhar -
nos em nosso voo pelas práticas e percepções do planejamento publicitário e, para isto,
apresentamos o trajeto que o espera.
       Na primeira parte do capítulo Perspectivas metodológicas, contaremos mais sobre o
nosso encontro com a cartografia e sobre o processo pelo qual passamos para definirmos
nosso rizoma. Na segunda parte deste capítulo, registramos, detalhadamente, nosso percurso
metodológico. O capítulo dois, Perspectivas teóricas, é formado pelas teorias que embasaram
toda a pesquisa, a institucionalização e os arquétipos. O terceiro capítulo, Macrovisão: as
práticas institucionalizadas do planejamento publicitário no rizoma, mostra ao leitor a
formação de cada um dos platôs a partir das análises dos dados coletados sobre as práticas
institucionalizadas do planejamento publicitário em cada um deles. E, por fim, o capítulo
Microvisão: o reconhecimento atento do rizoma por meio da perspectiva dos arquétipos
relaciona as práticas identificadas, no capítulo anterior, com os arquétipos que compõe os
platôs, constituindo nossa percepção arquetípica sobre o rizoma.
       Desejamos a todos um bom voo...




                                                                                                      15
1 PERSPECTIVAS METODOLÓGICAS



                                                                       “[...] cada história que
                                             tão misteriosamente nos prende é alguma versão
                            do „Era uma vez...‟– uma fábula mítica representada na vida real”

                                                                                Mark e Pearson



       Um capítulo dedicado às etapas necessárias para atingir a solução do problema de
pesquisa é o momento em que o leitor consegue acompanhar todo o movimento realizado pelo
pesquisador e, consequentemente, tornar a pesquisa algo mais tangível. Com isto, o nome
perspectivas metodológicas dá a ideia da visualização do objeto pela perspectiva dos métodos
aqui realizados. O subcapítulo dedicado à cartografia introduz estas etapas, já que utilizamos
“a cartografia como um procedimento teórico-metodológico” (ROSÁRIO, 2008), ou seja, a
cartografia foi a nossa grande guia. Desta maneira, ela permitiu que andássemos por
territórios diferentes do território da comunicação, a fim de identificar pontos que pudessem
contribuir com o este trabalho, reuni-los e, então, construir o universo de nossa pesquisa.
       Ora, se na cartografia, de uma forma ou de outra, tudo está interligado, por que não se
apropriar de tais ligações para desenvolver um trabalho com uma perspectiva diferente? Quer
dizer, poderíamos simplesmente apresentar um mapeamento tradicional do planejamento
publicitário praticado em Santa Maria. No entanto, desejamos enxergar esta situação de outra
maneira, por meio de uma nova perspectiva: assim, deparamo-nos com a possibilidade de
visualização do objeto por um viés arquetípico. E é por isto que nos encantamos com a
cartografia, afinal, ela forneceu todo o suporte para esta nova forma de observar nosso objeto.
Agora o leitor pode compreender o motivo deste suporte teórico-metodológico ser
considerado o guia dessa pesquisa.




1.1 O processo cartográfico



       De acordo com Farina (2007), a cartografia objetiva delinear os passos do cartógrafo
em um terreno subjetivo; entretanto, as vivências do pesquisador devem ser coletivizadas para
que sua jornada faça sentido. Então, “é importante que o cartógrafo mostre todos os
desdobramentos que foram realizados na pesquisa, todos os passos que foram dados ”
(AGUIAR, 2008, p. 242). Deste modo, o título o processo cartográfico é aplicado a este
subcapítulo, no qual deixamos registradas nossas vivências e decisões como cartógrafos
durante o trajeto da pesquisa, trajeto este que pode ser entendido como um diário de bordo.
       A cartografia perpassa por todas as partes deste trabalho, assim como o fez em nossas
observações e decisões. Neste contexto, o conceito de rizoma de Deleuze e Guattari (2007) é
entendido como o alicerce desta pesquisa. Seguindo o raciocínio das perspectivas diferentes,
além dos autores propriamente ditos, procuramos visões de outros que escreveram sobre o
mesmo assunto e procedemos da mesma maneira: identificamos as considerações que
pareceram mais relevantes e as organizamos aqui. Ainda que o conceito seja o mesmo, cada
autor o compreende a seu modo, principalmente devido à sensibilidade de cada um – razão de
ser da cartografia, como veremos a seguir.
       Dessa maneira, conforme dito antes, precisamos entender de que se trata um rizoma na
concepção de Deleuze e Guattari. Para os autores, este rizoma é diferente daquele da botânica
– caule em forma de raiz –, porque o rizoma das árvores possui um eixo central e, assim, é
hierárquico. Já no rizoma dos autores não existe hierarquia, pois ele tem a ver integralmente
com multiplicidade e potência:


                        Para Deleuze, o rizoma é a inter-relação entre os conceitos. O rizoma é o modelo de
                        realização dos acontecimentos, que tem espaços e tempos livres, onde os
                        acontecimentos são potencialidades desenvolvidas das relações entre os elementos
                        do princípio característico das multiplicidades. (IGNA CIO, 2009).


       Nas figuras abaixo, é possível perceber as diferenças entre as duas formas de rizoma.
A primeira imagem faz referência à flor de lírio e ao rizoma hierárquico que sugere a
botânica. A segunda figura apresenta-nos o rizoma de Deleuze e Guattari com suas inter-
relações e múltiplas possibilidades.




                                                                                                        17
Figura 1.1.1 – Rizoma botânica
       Fonte: IGNA CIO, P. Mil Platôs. Capitalismo e Esquizofrenia – Deleuze e Guattari. 15 mai. 2009.
       Disponível em: <http://www.conciencia.org>. Acesso em: 8 ago. 2011.




       Figura 1.1.2 – Rizoma de Deleuze e Guattari
       Fonte: GOOGLE IMA GENS. Disponível em: <http://www.google.com.br>. Acesso em: 15 set. 2011.




       Outra maneira mais próxima de nossa realidade, que poderia ilustrar o rizoma de
Deleuze e Guiattari, são as linhas do metrô de Tóquio. Ao observá-las, torna-se mais fácil
entender as relações rizomáticas, pois todas as linhas, de alguma forma, estão interligadas:
“um rizoma é feito de platôs. Cada platô pode ser lido em qualquer posição e posto em
relação com qualquer outro” (DELEUZE E GUATTARI, 2007, p. 33). Desta maneira, o
indivíduo tem muitas possibilidades de chegar a um mesmo destino. Além disso, é possível
perceber que o rizoma dá-se em espaços e tempos livres. Portanto, ele não é linear, isto é, não
é limitador:


                        O rizoma é o que Latour, citado por Kastrup, denominou de “o meio”, onde ele se
                        modifica a todo instante e não possui uma forma única. O rizoma é a multiplicidade
                        que contém múltiplas entradas e múltiplas saídas”. (AGUIAR, 2008, p. 243).




                                                                                                       18
Figura 1.1.3 – Linhas de metrô, um modelo rizomático
       Fonte: GOOGLE IMA GENS. Disponível em: <http://www.google.com.br>. Acesso em: 27 set. 2011.



       Um rizoma é composto por linhas em constante movimento que fazem a conexão entre
platôs: “chamamos platô toda multiplicidade conectável com outras hastes subterrâneas
superficiais de maneira a formar e estender um rizoma” (DELEUZE E GUATTARI, 2007, p.
33). Vamos à outra cadeia semiótica, a geografia, para entender o que significa um platô.
Platô, ou plateau, é sinônimo de planalto: um tipo de relevo constituído por áreas irregulares
devido à ação de agentes internos e externos (chuvas, erosões, movimento das placas
tectônicas). Neste momento, conseguimos compreender melhor a explicação dos autores:


                        Gregory Bateson serve-se da palavra "platô" para designar algo muito especial: uma
                        região contínua de intensidades, vibrando sobre ela mesma, e que se desenvolve
                        evitando toda orientação sobre um ponto culminante ou em direção a uma finalidade
                        exterior. (DELEUZE E GUATTARI, 2007, p. 33).


       Por ser o platô uma multiplicidade que “[...] não tem nem sujeito nem objeto, mas
somente determinações, grandezas, dimensões que não podem crescer sem que mudem de
natureza” (DELEUZE E GUATTARI, 2007, p. 17), ele se conecta a outras multiplicidades.
Como indica Petermann (2011), os platôs acabam por compor objetos multifacetados, nos
quais cada face interfere nas demais. Desta forma, para definir os platôs que formariam o
rizoma central deste trabalho, precisamos imergir no objeto e deixar que ele, naturalmente,

                                                                                                       19
apontasse quais linhas deveríamos percorrer. Foi um processo complexo que exigiu foco, para
manter o rigor científico e, ao mesmo tempo, sensibilidade.
       Desde o princípio sabíamos que o planejamento publicitário deveria ser nosso objeto
de estudo, porém, trilhar um caminho tradicional levaria a produzir o que chamamos de “mais
do mesmo”, isto é, produzir trabalhos com resultados muito parecidos e sem inovações.
Então, a partir da construção de um rizoma e de suas intensidades – os platôs –, apresentamos
ao leitor outra forma de perceber o planejamento publicitário.
       O pensamento rizomático permite uma infinidade de relações que são impossíveis de
representar e, até mesmo, de conhecê-las por completo. Em razão disto, ilustramos um recorte
do rizoma que chamamos de publicidade e propaganda com alguns dos platôs que
identificamos – repetimos que as possibilidades de platôs e de suas relações são imensuráveis.
Identificamos diversos platôs, dentre eles, os departamentos de uma agência, os meios de
comunicação, os consumidores, as escolas de publicidade e propaganda, as premiações na
área, os anúncios, as agências de publicidade, os profissionais do mercado e as perspectivas
teóricas deste campo.




       Figura 1.1.4 – Um recorte do rizoma publicidade e propaganda
       Fonte: o próprio autor




                                                                                           20
Após o reconhecimento destes platôs, refletimos sobre o modo que nosso objeto
necessitaria ser analisado, isto é, por intermédio de quais platôs ele poderia, por nós, ser
melhor compreendido. Além disto, levamos em consideração a inquietação que nos
movimentou para desenvolver este estudo: se as agências de Santa Maria não realizam o
planejamento publicitário, como definem as estratégias de seus clientes? Neste sentido,
preocupamo-nos em investigar as dimensões teóricas do planejamento publicitário e compará-
las com as dimensões práticas realizadas nas agências e com as questões do planejamento
publicitário compreendidas pelos profissionais do mercado.
       Desta maneira, optamos por direcionar nossos olhares para três platôs, que
identificamos como mais específicos. Assim, do platô agências de publicidade, definimos o
platô agências de publicidade de Santa Maria; no platô profissionais do mercado,
identificamos o platô profissionais de planejamento publicitário do mercado; e, por fim, no
platô perspectivas teóricas, reconhecemos o platô perspectivas teóricas e práticas do
planejamento publicitário. Neste momento, podemos visualizar o rizoma do nosso trabalho,
praticamente formado:




       Figura 1.1.5 – Os três platôs
       Fonte: o próprio autor




                                                                                         21
Para finalizarmos a representação do rizoma 1, precisamos entender mais algumas de
suas características, pois “sentimos que não convenceremos ninguém se não enumerarmos
certas características aproximativas do rizoma” (DELEUZE E GUATTARI, 2007, p. 15). Os
autores afirmam que “qualquer ponto de um rizoma pode ser conectado a qualquer outro e
deve sê-lo. É muito diferente da árvore ou da raiz que fixam um ponto, uma ordem”
(DELEUZE E GUATTARI, 2007, p. 15), isto é, o rizoma é completamente livre, conecta-se
por meio do contato e pode ramificar-se por qualquer direção. É por isso que, anteriormente,
destacamos a infinidade de conexões e relações que um rizoma pode ter.
          A construção do nosso rizoma depende destas ramificações, que acontecem graças às
suas linhas formadoras: “[...] um rizoma pode ser rompido, quebrado em um lugar qualquer, e
também retomado segundo uma ou outra de suas linhas e segundo outras linhas” (DELEUZE
E GUATTARI, 2007, p. 18). É válido mencionar os diferentes tipos de linhas que conectam
cada uma de suas intensidades. Existem as linhas de continuidade ou de territorialização e as
linhas de fuga ou de desterritorialização. As primeiras conectam os platôs de mesma natureza,
já as outras fazem as conexões entre as diferentes naturezas e dimensões.
          Graças ao movimento das linhas de fuga é que chegamos à essência do rizoma: a
desconstrução e a multiplicação das possibilidades. De acordo com o que sugere Aguiar
(2008), uma linha de fuga permite-nos romper com um sistema já estabelecido, o que
complementa a ideia de Ignacio (2009), segundo a qual o rizoma desenvolve-se por meio da
variação, da expansão e da conquista de novos territórios. Portanto, a filosofia do rizoma é
desbravadora.
          Por saber que tudo no rizoma leva em conta a multiplicidade em qualquer situação
sobre a qual formos pensar - os platôs e as suas relações ou/e as linhas de conexão –, sempre
teremos infinitas possibilidades. Neste sentido, dizemos que o rizoma é movente e está em
constante metamorfose. Quer dizer que, por oferecer tantas opções, a cada momento em que
observamos nosso rizoma, provavelmente teremos novos insights que poderão modificar
algum ponto da pesquisa, ou seja, é um processo que nunca chega ao fim. É possível que o
próprio leitor, ao se deparar com o rizoma apresentado, tenha enxergado outras maneiras de
compreender o planejamento – eis a beleza da cartografia.
          Em decorrência das infinitas oportunidades de conexão, definimos dois critérios para
cada um dos platôs para representar as linhas de fuga e as linhas de continuidade existentes
em nosso rizoma. No platô agências de publicidade de Santa Maria, temos três agências que,
1
    As representações dos elementos que constituem cada platô, bem como a escolha destes, foram definidas
    através de métodos e critérios que o leitor encontra no subcapítulo seguinte, Passos para microvisão.
                                                                                                      22
por serem da mesma natureza – agência de publicidade –, estão conectadas por linhas de
continuidade. Conforme o critério departamento de planejamento, as agências Cravo e
Violeta 2 conectam-se por outra linha de continuidade, uma vez que possuem um departamento
de planejamento. Já a agência Tulipa, por não possuir o departamento, liga-se às outras por
meio de uma linha de fuga.
        O platô profissionais de planejamento publicitário do mercado apresenta seus três
profissionais interligados por linhas de continuidade, porque são da mesma natureza, isto é,
profissionais do mercado. Embora todos executem a função de atendimento – o que gera
outras linhas de continuidade entre eles –, a profissional Valéria, além de atendimento, é
proprietária da agência, conectando-se a Tarso e a Caetano, ambos funcionários, por
intermédio de linhas de fuga. Para finalizar, no platô perspectivas teóricas e práticas do
planejamento publicitário, observamos os livros conectados por linhas de continuidade ao
computador, que representa a Internet, por serem de naturezas iguais – todos são fontes de
informações. Entretanto, as linhas de fuga fazem a ligação entre os livros e o computador por
se tratarem de dispositivos diferentes.




                               Platô                                    Critério
             Agências de publicidade de Santa Maria                     Natureza
                                                               Departamento de planejamento
             Profissionais de planejamento publicitário                 Natureza
             do mercado                                                  Função
             Perspectivas teóricas e práticas do                        Natureza
             planejamento publicitário                                 Dispositivos

        Quadro 1.1.1 – Critérios para a representação das linhas
        Fonte: o próprio autor




        Preocupamo-nos em detalhar a explicação sobre as linhas internas de cada platô, mas
como o leitor pôde notar, os três platôs estão interligados entre si, ao mesmo tempo em que
também se conectam com os platôs que estão fora 3 de nosso rizoma. Este fato reforça a
afirmação anterior sobre a permanente movimentação do rizoma, ou seja, ele está sempre
construindo uma ligação nova ou desconstruindo outra: ele não é estanque.

2
  Para preservar os nomes das agências, eles foram trocados , e a explicação da escolha pela forma de representá-
  los está no subcapítulo posterior.
3
  O platô escolas de publicidade e propaganda é externo ao nosso rizoma, entretanto, realizamos sobrevoos nele
durante todo o processo da pesquisa.
                                                                                                             23
Figura 1.1.6 – As conexões e os platôs
Fonte: o próprio autor




Figura 1.1.7 – Infinitas possibilidades de conexões
Fonte: o próprio autor




                                                      24
Sabemos que pode ser um pouco difícil visualizar a complexidade deste sistema aberto
e livre do qual se trata o rizoma. Tendo em vista isto, Rosário explica o porquê de tal
resistência ao dizer que


                           Nossa compreensão está acostumada a lógicas lineares e binárias (ou isso ou aquilo)
                           que seguem ordenamentos também lineares e duais: horizontal ou vertical,
                           ascendente ou descendente, direita ou esquerda, corpo ou mente, razão ou
                           subjetividade. No rizoma, a conjunção „ou‟ é substituída pela conjunção „e‟.
                           (ROSÁRIO, 2008).


        Na mesma linha, Rosário (2008) faz um paralelo entre os métodos tradicionais 4,
geralmente positivistas, e os métodos inovadores, como é o caso da cartografia. A sua
principal crítica em relação aos métodos já consolidados é que estes apresentam o
racionalismo e a objetividade como único caminho a ser seguido no decorrer da pesquisa.
Neste sentido, a autora questiona a legitimidade de tais métodos por ignorarem a
subjetividade:


                           Sem dúvida, a objetividade, o raciocínio lógico são ingredientes importantes na
                           busca de conhecimento, entretanto, eles não eliminam a subjetividade que é inerente
                           ao humano e que, independentemente da vontade, atravessa o processo de percepção
                           e teorização sobre fatos e fenômenos. Desse modo, negar a subjetividade é um
                           equívoco, conviver também com ela, um fato; e admiti-la, uma necessidade.
                           (ROSÁRIO, 2008).


        A subjetividade foi imprescindível para o rumo que tomou esta pesquisa. Se não fosse
a cartografia permitir a atuação de nossa sensibilidade, sem dúvida não chegaríamos ao
resultado a que chegamos e teríamos, de certa forma, acomodado-nos com uma ideia inicial e
mais convencional de compreender a relação do planejamento com a dupla de criação.
Rosário (2008) evidencia ainda que os metodólogos convencionais além de ignorarem a
subjetividade, também ignoram as especificidades de cada objeto.
        Em razão disto, os resultados de pesquisas não variam muito uns em relação aos
outros, como se as pesquisas passassem a ser uma linha de produção em série,
desconsiderando o que, aparentemente, deu errado: “o que é considerado “lixo” vai para
debaixo do tapete, sem que se perceba a riqueza desses detritos” (Rosário, 2008). Resta dizer
que, neste trabalho, a subjetividade foi – é, e continuará sendo – combustível para a
construção de um caminho inovador e diferente, já que, além de analisarmos as práticas

4
  É válido evidenciarmos outros métodos que também levam e m conta a subjetividade do pesquisador, como a
etnografia e os grupos focais.
                                                                                                           25
institucionalizadas do planejamento publicitário nos três platôs, preocupamo-nos em observar
tais práticas por meio de uma perspectiva não convencional, a perspectiva arquetípica.
           Por ser o oposto dos modelos racionalistas tradicionais é que nos aproximamos da
cartografia. Como dissemos antes, ela jamais é linear e, nela, a subjetividade do cartógrafo é
levada em conta durante todo o processo: a cartografia “visa acompanhar um processo, e não
representar um objeto. Em linhas gerais, trata-se sempre de investigar um processo de
produção” (KASTRUP, 2007, p. 15). Tratando-se de um procedimento teórico-metodológico
que propõe a desconstrução para com aquilo que já estávamos acostumados, Rosário (2008)
alerta ser possível o estranhamento das pessoas com a noção de caos que a multiplicidade
pode trazer; porém, a autora destaca que o caos faz parte da ciência, já que “[...] é apenas
outro tipo de ordem que se constitui e se acomoda de forma diferente daquela a que se está
acostumado” (ROSÁRIO, 2008). Há uma noção de caos, justamente pelo o que a cartografia
possui de mais fascinante: cada experiência cartográfica é única.
         Mesmo com as questões cartográficas um pouco mais claras, o leitor deve estar se
questionando: por que utilizar o termo cartografia? Por que Deleuze e Guattari apropriaram-
se de um termo da topologia para metaforizar o “diário de bordo” do cartógrafo? Isto ocorre
porque utiliza-se muito mais do que a mera terminologia, isto é, este termo abrange todas as
nuances do método, afinal,


                             o processo cartográfico herda da topologia o exercício da observação e da descrição
                             detalhada, permitindo indicar linhas e formas, fluxos e movimentos, bem como
                             amplitudes e intensidade no desenho do mapa. A expressão desenho do mapa vem
                             como metáfora, mas concebe muito bem a idéia de rizoma e de cartografia.
                             (ROSÁRIO, 2008).


           Além do exercício de observação e da descrição detalhada com os quais a autora
justifica a cartografia, Deleuze e Guattari explicam que “o mapa é aberto, é conectável em
todas as suas dimensões, desmontável, reversível, suscetível de receber modificações
constantemente” (DELEUZE E GUATTARI, 2007, p. 22), justamente por isto, uma valiosa
representação para a cartografia. Neste contexto, Aguiar (2008) sugere que a cartografia pode
ser reconhecida como uma deriva 5 metodológica, isto é, quando os sujeitos deixam-se levar e
colocam em prática a famosa expressão: “andar sem rumo”. Mergulhar no objeto, deixar que
ele aponte as direções mais convenientes em cada momento e não se preocupar com a busca



5
    Sentido original: desgoverno da embarcação pelo vento.
                                                                                                            26
de uma verdade, mas sim com a percepção do processo em que se está. É andar sem rumo e,
portanto, cartografar.
           Ao andarmos sem rumo e sermos guiados somente pelo que indicava nosso objeto,
definimos a perspectiva arquetípica, através da qual observamos e analisamos todo o rizoma
desta pesquisa. Entramos em contato com o universo dos arquétipos ao assistir a uma aula
direcionada ao posicionamento de marca, no curso da ESPM. Em um primeiro momento,
simpatizamos com a novidade, entretanto, parecia ser só mais uma entre as tantas novas
informações que lá apreendemos. Durante o desenvolvimento do projeto final do mesmo
curso, tivemos a oportunidade de entrar em contato novamente com as estruturas arquetípicas
e sentimos despertar nossa curiosidade em relação a este novo mundo de significações.
Todavia, como se tratava de um momento conturbado, deixamos passar e não nos
aprofundamos.
           Depois de algum tempo, no decorrer dos estudos e das reflexões sobre o rizoma,
percebemos que, estruturalmente, ele estava bem formado, mas, reflexivamente, faltava algo.
Ao deixar falar o objeto, cada caminho revelou-se no momento em que lhe foi mais
apropriado. Neste contexto, pudemos aproveitar os arquétipos neste trabalho como uma
oportunidade de estudá-los e compreendê-los melhor. O leitor deve estar ciente de que nosso
objetivo com o estudo dos arquétipos não é discutir a eficácia do assunto na publicidade, e
sim, compreender melhor esta teoria tão mencionada pelos planejadores. Desta maneira,
finalizamos a representação do rizoma com uma lente arquetípica 6, ou seja, o viés pelo qual
observamos e analisamos os platôs, engendrando uma nova perspectiva de pensar o
planejamento publicitário. Isto significa que os arquétipos devem ser levados em consideração
ao longo deste estudo.




6
    No esquema, a lente arquetípica, representada por uma lente de aumento, parece “cortar” o rizoma. Entretanto,
    nossa intenção é mostrar que com a lente sobre o rizoma, os platôs ficam maiores .
                                                                                                             27
Figura 1.1.8 – A lente arquetípica: uma nova perspectiva
       Fonte: o próprio autor




       Utilizamos a metáfora feita por W. James que compara o fluxo de pensamento ao voo
de um pássaro que, com seus movimentos contínuos, deixa suas marcas como que desenhos
no céu, e pousa quando preciso. Somamos a isto o que Kastrup (2007) chama de variedades
de atenção do cartógrafo e, por fim, delineamos as fases do movimento pensar pelas quais
passamos no decorrer da pesquisa. Na forma de um pássaro que transmite sensações de
liberdade e fluidez, apontamos como a fase inicial do movimento pensar a libertação, tendo
em vista a liberdade que a cartografia oferece.
       O segundo passo foi sobrevoar o rizoma e pousar, quando necessário, para enxergá-lo
de cima e, a partir de um ângulo mais exploratório, entendê-lo de modo generalizado,
configurando o que Petermann (2011) nomeou de macrovisão. De acordo com as variedades
de atenção do cartógrafo que propõe Kastrup (2007), o pouso indica que a percepção “realiza
uma parada e o campo se fecha, numa espécie de zoom. Um novo território se forma”
(KASTRUP, 2007, p. 19). Neste sentido, ao realizarmos sobrevoos e pousos, reconstruímos
nosso rizoma sob a ótica da institucionalização de Berger e Luckmann (1997), ou seja,
constituímos as práticas institucionalizadas do planejamento publicitário nos três platôs.
       A partir dos movimentos realizados na macrovisão, conseguimos desenvolver um
olhar mais específico e detalhado sobre o rizoma, isto é, uma perspectiva, segundo Petermann
(2011), empírica e analítica que deu origem à microvisão. Enxergar o rizoma por meio da

                                                                                             28
lente arquetípica exigiu maior envolvimento com o rizoma. Logo, vivenciamos a fase do
reconhecimento atento, que se trata de “[...] produzir conhecimento ao longo de um percurso
de pesquisa, o que envolve a atenção e, com ela, a própria criação do território de observação”
(KASTRUP, 2007, p. 20). Com o maior desprendimento de atenção que tal movimento
requer, desejamos identificar rastros arquetípicos das práticas institucionalizadas do
planejamento publicitário nos platôs agências de publicidade de Santa Maria e perspectivas
teóricas e práticas do planejamento publicitário. No platô profissionais de planejamento
publicitário do mercado, almejamos definir os arquétipos ali existentes.
       A autora lembra que “o pouso não deve ser entendido como uma parada do
movimento, mas como uma parada no movimento. Vôos e pousos conferem um ritmo ao
pensamento e a atenção desempenha aí um papel essencial” (KASTRUP, 2007, p. 16, grifo
nosso). Sublinhamos que as fases podem ser repetidas quantas vezes forem necessárias e que
também não precisam seguir uma ordem de acontecimento.
       É essencial que o leitor permita-se a sensação de voar!




       Figura 1.1.9 – As fases do movimento pensar
       Fonte: o próprio autor


1.2 Passos para configurar a macro e a microvisão



                                                                                            29
Sabemos da presença constante da subjetividade e da reflexão durante a trajetória do
cartógrafo; porém, isto não exclui a necessidade de um percurso metodológico 7 de rigor
científico. De acordo com Aguiar, o “cartógrafo deve perder-se nas suas sensações,
percepções e na busca pelo conhecimento que pode estar nos mais variados territórios, mas é
necessário treinar o olhar para a „coerência conceitual‟ [...]” (AGUIAR, 2008, p. 241). Quer
dizer que, por mais forte que seja a influência de suas sensações, o cartógrafo precisa
organizá-las para que tenham algum sentido ou, do contrário, teríamos um “[...] amontoado de
percepções vivenciadas pelo sujeito sem gerar novas visões e possibilidades reflexivas”
(AGUIAR, 2008, p. 241). E é justamente para manter o rigor científico e o sentido de nossa
pesquisa que apresentamos ao leitor o percurso metodológico e as diferentes técnicas e
recursos de pesquisa que se fizeram necessárias no decorrer deste estudo.
        Pelas questões de reflexão e sensibilidade, a cartografia configura-se como um
processo de pesquisa qualitativa, já que “os pesquisadores qualitativos ressaltam a natureza
socialmente construída da realidade, a íntima relação entre o pesquisador e o que é estudado, e
as limitações situacionais que influenciam a investigação” (DENZIN E LINCOLN, 2007, p.
23). Neste sentido, os autores tratam o pesquisador qualitativo – aqui, o cartógrafo – como um
bricoleur, isto é, “um pau-para-toda-obra ou um profissional do faça-você-mesmo” (LÉVI-
STRAUSS, 1966, p. 17), já que este tipo de pesquisa “não pertence a uma única disciplina.
Nem possui um conjunto distinto de métodos ou práticas que seja inteiramente seu” (DENZIN
E LINCOLN, 2007, p. 20). Desta forma, cabe ao pesquisador escolher os métodos que ele
julga mais apropriados para sua pesquisa, adaptá-los ao seu problema e juntá-los, como em
uma colcha de retalhos, na qual cada pedacinho, com suas particularidades, é costurado a
outros e, juntos, compõem o todo, a colcha:




7
  Apesar deste estudo ser cartográfico e por ser o nosso primeiro contato com a cartografia, não tínhamos
segurança para ficar à deriva durante todo o percurso. Em razão disto, não ab rimos mão de um percurso
metodológico.
                                                                                                      30
Figura 1.2.1 – Colcha de retalhos
          Fonte: Disponível em <http://amorperfeitopresentes.blogspot.com/2011/07/colcha-de-retalhos.html>.
          Acesso em 28 out. 2011.




          Como bricoleurs deste trabalho, precisamos fazer uma colcha metodológica composta
por métodos e técnicas que melhor atendessem às demandas do nosso objeto e às
especificidades do problema de pesquisa, especificidades estas que se tornaram as condutoras
no processo de escolha metodológica. Tendo em vista os três platôs formadores do rizoma que
construímos e reconstruímos para esta pesquisa (agências de publicidade de Santa Maria,
profissionais de planejamento publicitário do mercado e perspectivas teóricas e práticas do
planejamento publicitário), apropriamo-nos de algumas técnicas utilizadas em outros
territórios, adaptamos modelos mais tradicionais e costuramos diferentes métodos para
delinear cada um dos três.
          Além disto, levamos em conta as duas teorias que sustentam nosso estudo: a
institucionalização de Berger e Luckmann (1997) e os arquétipos, na concepção de Mark e
Pearson (2001). Sendo assim, elas também incidem na escolha e na aplicação dos métodos,
bem como na análise dos resultados. Nos quadros 8 abaixo, registramos a relação de cada platô
com os métodos utilizados, nossos objetivos em cada platô, a perspectiva teórica que orientou
todo o processo de coleta e análise dos dados e as fases do movimento pensar pelas quais



8
    Quadro baseado em Petermann, 2011, p. 41.
                                                                                                              31
passamos. Deste modo, é possível que o leitor visualize, de uma forma mais geral, nosso
trabalho e como se configuram a macrovisão e a microvisão desta pesquisa.
        Ao separar os métodos das técnicas aplicadas, levamos em conta o que Denzin e
Lincoln (2007) observaram


                           [...] as estratégias de investigação também ligam o pesquisador a métodos
                           específicos de coleta e de análise de materiais empíricos. Por exemplo, o estudo de
                           caso depende de entrevistas, de observação e da análise de documentos”. (DENZIN
                           E LINCOLN, 2007, p. 36).


        Com isto, percebemos a diferença entre método – os meios de chegar a um fim - e
método específico – instrumentos com os quais atingimos o objetivo da pesquisa. Entretanto,
optamos pelo termo técnica ao invés de método específico pelo fato de o primeiro ser mais
habitual. Vale sublinhar que apresentamos os métodos e as técnicas sem uma delimitação,
pois, como veremos no quadro a seguir, muitos dos métodos utilizados são considerados
métodos-técnica:




           Macrovisão: as práticas institucionalizadas do planejamento publicitário no rizoma
                                                                        Fase do
                                                                                           Perspectiva
   Platô           Objetivo            Método            Técnica      movimento
                                                                                             teórica
                                                                        pensar
              *Escolha das         1. Análise documental
              agências de          (relatório da disciplina Fluxos
              publicidade          de agência)
                                                                   Sobrevôo
                *Identificação das    1. Análise documental
Agências de
publicidade     práticas              (relatório da disciplina Fluxos
 de Santa       institucionalizadas   de agência)
  Maria         do planejamento       2. Observação direta intensiva
                publicitário nas      (observação da estrutura física
                estruturas das        das agências que constituem o     Pouso
                agências              corpus)
                                                                                           Institucionalização
                selecionadas para
                                                                                              por Berger e
                o corpus
                                                                                            Luckmann (1997)
                *Levantamento de      1. Pesquisa bibliográfica
                bibliografia sobre    (coleta de publicações que           Sobrevôo
                o planejamento        tratam sobre o planejamento
                publicitário          publicitário – livros e
Perspectivas                          publicações na internet)
  teóricas e
 práticas do
planejamento    *Identificação das    1. Análise documental
 publicitário   práticas              (relatório da disciplina Fluxos
                institucionalizadas   de agência)
                do planejamento       2. Pesquisa bibliográfica         Pouso
                publicitário nas      (leitura e reunião das
                bibliografias,        informações sobre o

                                                                                                          32
realizando um         planejamento publicitário)
                contraponto às
                práticas
                percebidas nas
                agências do
                corpus
                *Identificação dos    1. Pesquisa de campo
                profissionais de      (recrutamento dos
                planejamento          profissionais aptos e
                publicitário do       disponíveis para participarem     Sobrevôo
                mercado               da pesquisa)
                *Identificação do     1. Pesquisa       2.1.
                papel e do perfil     bibliográfica     Entrevista em
                do planejador a       (delineamento profundidade
                partir das            do papel e do
                bibliografias,        perfil dos
Profissionais   realizando um         profissionais
     de         contraponto com o     de
planejamento    papel e o perfil do   planejamento
 publicitário   planejador            a partir de
 do mercado     percebidos nas        bibliografias)
                agências de Santa     2. Pesquisa de
                Maria                 campo                             Pouso
                                      (delineamento
                                      do papel e do
                                      perfil dos
                                      profissionais
                                      das agências e
                                      suas relações
                                      com o
                                      planejamento)

        Quadro 1.2.1 – Macrovisão: as práticas institucionalizadas do planejamento publicitário no rizoma
        Fonte: o próprio autor




             Microvisão: o reconhecimento atento no rizoma sob a perspectiva dos arquétipos
                                                                           Fase do
                                                                                           Perspectiva
    Platô              Objetivo           Método            Técnica      movimento
                                                                                             teórica
                                                                           pensar
                Identificar rastros   1. Análise documental
                arquetípicos das      (relatório da disciplina Fluxos
                práticas              de agência)
                institucionalizadas   2. Observação direta intensiva
                do planejamento       (observação da estrutura física
                publicitário, na      das agências que constituem o
 Agências de                                                                             Arquétipos por
                percepção das         corpus)
publicidade de                                                                           Mark e Pearson
                estruturas física e   1. Análise documental           Reconhecimento
 Santa Maria    organizacional das                                                            (2001)
                                      (relatório da disciplina Fluxos atento
                agências do corpus    de agência)
                                      2. Pesquisa bibliográfica
                                      (leitura e reunião das
                                      informações sobre o
                                      planejamento publicitário)




                                                                                                            33
Identificar rastros     1. Pesquisa bibliográfica (coleta
                  arquetípicos das        de publicações que tratam sobre
                  práticas                o planejamento publicitário –
                  institucionalizadas     livros e publicações na internet)
                  do planejamento         1. Análise documental
Perspectivas      publicitário, na        (relatório da disciplina Fluxos
  teóricas e      percepção das           de agência)
 práticas do      bibliografias,          2. Pesquisa bibliográfica
planejamento      contrapondo com as      (leitura e reunião das              Reconhecimento
 publicitário     práticas                informações sobre o                 atento
                  institucionalizadas     planejamento publicitário)
                  do planejamento
                  publicitário na
                  percepção das
                  agências do corpus
                  Identificar os          1. Pesquisa de campo
                  arquétipos que          (recrutamento dos profissionais
                  compõe, na              aptos e disponíveis para
                  percepção dos           participarem da pesquisa)
                  profissionais           1. Pesquisa      2.1. Entrevista
                  entrevistados, o        bibliográfica    em
                  universo do             (delineamento profundidade
                  planejamento            do papel e do    2.2. Técnicas
                  publicitário            perfil dos       projetivas
                  institucionalizado em   profissionais
 Profissionais    suas agências           de
      de
planejamento                              planejamento
publicitário do                           a partir de                         Reconhecimento
   mercado                                bibliografias)                      atento
                                          2. Pesquisa de
                                          campo
                                          (delineamento
                                          do papel e do
                                          perfil dos
                                          profissionais
                                          das agências e
                                          suas relações
                                          com o
                                          planejamento)

         Quadro 1.2.2 – Microvisão: o reconhecimento atento no rizoma sob a perspectiva dos arquétipos
         Fonte: o próprio autor




         Destacamos nossa preocupação com o equilíbrio dos métodos nos três platôs, pois,
como retrata o esquema, cada platô será desenhado a partir de dois métodos diferentes. Cada
um dos métodos serviu de suporte para que realizássemos a coleta dos dados e déssemos
forma à nossa pesquisa. Com isto, no capítulo Macrovisão: as práticas institucionalizadas do
planejamento publicitário no rizoma, o leitor compreende o modo como realizamos a análise
dos dados coletados e, consequentemente, a contribuição destes dados para a co nstrução dos
platôs. No capítulo Microvisão: o reconhecimento atento no rizoma sob a perspectiva dos


                                                                                                         34
arquétipos, apresentamos a maneira como constituímos a lente arquetípica deste estudo e a
forma como analisamos as técnicas projetivas.
       Como informamos previamente, estes quadros mostram, de maneira geral, a relação
dos quatro métodos com os três platôs. Porém, conforme formos detalhando cada um dos
métodos, apresentaremos o que chamamos de Mapa Metodológico: uma espécie de “você está
aqui”, que destacará, com cores, somente o método em questão e o seu respectivo platô, com
o objetivo de evitar que o leitor perca-se no meio de tantas informações novas.
       Desejo a todos uma boa jornada por nosso percurso metodológico.




       Figura 1.2.2 – Mapa Metodológico: métodos
       Fonte: o próprio autor




1.2.1. Análise documental




       A análise documental, como o próprio nome já diz, é um método que se preocupa em
identificar e analisar documentos. Pode ser considerada tanto técnica quanto método, “método
porque pressupõe o ângulo escolhido como base de uma investigação. Técnica porque é um
recurso que complementa outras formas de obtenção de dados [...]” (MOREIRA, 2011,

                                                                                         35
p.272). No entanto, referimo-nos a ela aqui como método. Além disto, a autora afirma que a
análise documental trata-se, geralmente, de uma pesquisa qualitativa, já que verifica o
conteúdo do material.
           Por ser um método que, na maior parte das vezes, trabalha com materiais cujas
informações já foram reunidas, isto é, já estão prontas e disponíveis, podemos afirmar que as
informações presentes nos documentos são secundárias: “as fontes da análise documental
frequentemente são de origem secundária, ou seja, constituem conhecimento, dados ou
informações já reunidos ou organizados” (Moreira, 2011, p.272). Neste sentido, a
identificação e a análise de um relatório científico enquadra-se, portanto, no método em
questão.
           Durante a disciplina de Fluxos de Agência, oferecida no sétimo 9 semestre pelo
currículo do curso, realizamos um trabalho sob a orientação da professora Milena Carvalho
Bezerra Freire de Oliveira-Cruz, com o objetivo de aproximar o mercado e a academia. O
projeto, A publicidade e o consumo no mercado santamariense propunha a divisão da turma
em trios. Cada trio ficou responsável por frequentar uma agência da cidade durante três
manhãs. O critério para a seleção das agências foi a certificação das mesmas pelo Conselho
Executivo de Normas Padões (CENP), que naquele período compunham um quadro de nove
empresas.
           Elaboramos conjuntamente um questionário e um relatório de observação, ambos
padronizados para todos os grupos. Também, procuramos incluir questões referentes a todas
as áreas da agência, a relação desta com o cliente e com o mercado. As entrevistas foram
realizadas diretamente com os proprietários, sendo que, em alguns casos, foi possível
conversar também com alguns integrantes da equipe da agência.
           Levando em conta o problema desta pesquisa, um mapeamento das agências de Santa
Maria fez-se necessário e é neste contexto que a análise documental se encaixa. A partir dos
relatórios10 desenvolvidos na disciplina, conseguimos informações suficientes para eleger
nossa amostra, embasar as técnicas utilizadas nos outros métodos e dar forma aos três platôs.
Destacamos que, em troca da disponibilidade das agências e de sua equipe, foi entregue um
relatório científico com embasamento teórico contendo as percepções do grupo, críticas e
sugestões. A análise documental e, consequentemente, o mapeamento desenvolvido neste
estudo aproveitou-se dos relatórios finais deste projeto, tais quais aqueles entregues para os
proprietários das agências.
9
    1º semestre de 2011.
10
     Todos os projetos utilizados foram devidamente autorizados pelos autores.
                                                                                           36
Conforme aponta o Mapa Metodológico, podemos observar que a análise documental
está presente nos platôs agências de publicidade de Santa Maria e perspectivas teóricas e
práticas do planejamento publicitário. É importante ressaltar que tanto a institucionalização
quanto os arquétipos tensionam, desde agora, a coleta de informações:




       Figura 1.2.1.1 – Mapa Metodológico: análise documental
       Fonte: o próprio autor




       Tendo em vista a amostra utilizada neste estudo, o leitor deve compreender quais
foram os critérios utilizados para selecioná-la. Pela análise documental, foram observadas
nove agências, as quais foram enquadradas nos critérios que chamamos de ano, número de
funcionários e planejamento. O quesito ano avaliou o tempo de existência da agência em
Santa Maria e, consequentemente, sua tradição - optamos pelas mais tradicionais, por,
possivelmente, terem maior experiência. Ao identificar o número de funcionários, levamos
em conta a hipótese de que, provavelmente, aquelas com maior número de funcionários
possuíam suas funções melhor distribuídas. Por fim, considerando que o planejamento era o
objeto de nosso trabalho, o critério planejamento informou sobre as agências que possuíam
um profissional específico para a área. Preferimos não revelar os nomes das agências, bem
como de seus proprietários e funcionários.




                                                                                          37
Agência                        Ano                      Nº de funcionários             Planejamento
         Cravo                         2009                             15                          SIM
         Gérbera                       2002                              4                          NÃO
        Girassol                         -                               6                          NÃO
          Lírio                        2007                              8                          NÃO
                   11
      Margarida                          -                               -                            -
        Orquídea                       2010                              5                          NÃO
         Rosa12                        1993                             10                          NÃO
         Tulipa                        1987                              6                          NÃO
         Violeta                       1980                             17                         SIM 13


        Quadro 1.2.1.1 – Critérios da amostra
        Fonte: o próprio autor



        A partir da análise dos critérios, engendra-se nosso corpus14: Cravo, Tulipa e Violeta.
Como o leitor percebeu, utilizamos nomes de flores, de modo a preservar os nomes originais
das agências. Retomando a metáfora apresentada no subcapítulo O processo cartográfico,
como cartógrafos, somos, aqui, representados por um pássaro. Os passarinhos se relacionam
ativamente com as flores, que aqui representam aquelas com as quais nos relacionamos
profundamente: as agências.




1.2.2 Observação direta intensiva




        Para a construção do platô agências de publicidade de Santa Maria, além de
utilizarmos o método análise documental, complementamos com o método observação direta
intensiva.



11
   O relatório da agência não foi disponibilizado.
12
   A Rosa encaixa-se nos critérios estipulados para a amostra, entretanto, não estava disponível para a pesquisa
no período estipulado.
13
   O planejamento é executado por dois estagiários, portanto, não há orientação de um planejador efetivo para o
setor.
14
   Em virtude do tempo disponível para o desenvolvimento da pesquisa,optamos por pesquisar três agências
somente.
                                                                                                             38
Figura 1.2.2.1 – Mapa Metodológico: observação direta intensiva
       Fonte: o próprio autor




       De acordo com Marconi e Lakatos (2010), a observação depende dos sentidos para
obter informações, porém, “não consiste apenas em ver e ouvir, mas também em examinar
fatos ou fenômenos que se deseja estudar” (MARCONI E LAKATOS, 2010, p.76). Neste
sentido, durante nossos encontros, nas agências, procuramos observar certas situações que
pudessem contribuir com a formação do platô, bem como com a relação dele com os outros
dois métodos.
       A observação é muito importante no processo da investigação social, pois “[...] obriga
o investigador a um contato mais direto com a realidade” (MARCONI E LAKATOS, 2010, p.
76). Com este método foi possível confirmar ou refutar algumas questões trazidas no relatório
da análise documental, tendo em vista que a observação também foi um dos métodos
utilizados para desenvolver tal relatório. As autoras apresentam diversos tipos de observações.
Em suas próprias palavras, “na investigação científica são empregadas várias modalidades de
observação, que variam de acordo com as circunstâncias” (MARCONI E LAKATOS, 2010,
p. 77). Deste modo, entendemos que a modalidade mais apropriada para este estudo seria a
observação assistemática (ou não estruturada), que também pode ser chamada de espontânea,
informal, ordinária, simples, livre, ocasional ou acidental. Pelas nomenclaturas, já
conseguimos compreender, de maneira superficial, o objetivo deste tipo de observação.
Geralmente, este tipo de observação é mais utilizada em estudos exploratórios, uma vez que
                                                                                        39
recolhe e registra os fatos da realidade sem meios técnicos ou perguntas diretas. Como afirma
Rudio (1979), o conhecimento é obtido através de uma experiência casual.
       Sendo assim, concluímos que o sucesso do método depende do pesquisador, “de estar
atento aos fenômenos que ocorrem no mundo que o cerca, de sua perspicácia, discernimento,
preparo e treino, além de ter uma atitude de prontidão” (MARCONI E LAKATOS, 2010, p.
78). Outro fator imprescindível, destacado pelas autoras, é a fidelidade no registro das
informações. Logo, ao ir às agências, estávamos sempre atentos aos fatos que pudessem ter
alguma relação com as práticas institucionalizadas do planejamento publicitário e com os
rastros arquetípicos, para a construção do platô agências de publicidade de Santa Maria.




1.2.3 Pesquisa bibliográfica




       A pesquisa bibliográfica é um método utilizado durante todo o processo de
desenvolvimento do trabalho “que vai desde a identificação, localização e obtenção da
bibliografia pertinente sobre o assunto, até a apresentação de um texto sistematizado, onde é
apresentada toda a literatura que o aluno examinou [...]”. (STUMPF, 2011, p. 51).
       Contudo, o que apresentamos, neste subcapítulo, é a relação dos métodos com os
platôs. Então, trataremos a pesquisa bibliográfica de um modo mais específico, ou seja, a que
utilizamos para compor os platôs perspectivas teóricas e práticas do planejamento
publicitário e profissionais de planejamento publicitário do mercado, como um complemento
à análise documental, naquele, e à pesquisa de campo, neste.




                                                                                           40
Figura 1.2.3.1 – Mapa Metodológico: pesquisa bibliográfica
        Fonte: o próprio autor




        Stumpf (2011) sublinha que a tradição oral deu lugar a uma tradição impressa, ou seja,
a registros impressos, e estes permitiram a transmissão do conhecimento com mais precisão.
Além disto, afirma que para o embasamento teórico, “alunos precisam conhecer o que já
existe, revisando a literatura existente sobre o assunto” (STUMPF, 2011, p. 52). Confessamos
que a bibliografia, em específico sobre planejamento, é escassa e, para compor o platô,
contamos com a ajuda da Internet, que nos auxiliou na busca de obras referentes ao tema e até
mesmo como mais uma fonte de informações.
        Seguem abaixo dois quadros, o primeiro refere-se às obras bibliográficas utilizadas, e
o segundo, aos sites em que pesquisamos. A construção destes quadros levou em consideração
partes do que Stumpf chama de fichamento do material. Segundo a autora, “o registro das
anotações deve começar pela referência do documento que será lido”, deste modo, a tabela
apresenta as referências 15 dos materiais consultados.
        Por fim, sabemos que, muitas vezes, desperdiçamos tempo com fontes e informações
inadequadas para o objetivo da pesquisa. Neste sentido, “convém ainda delimitar o tema no
tempo e no espaço, ou seja, definir o período e a área geográfica que vai estudar” (MACEDO,

15
   Cada tipo de fonte possui seus devidos elementos referenciais: “para referenciar livros, devem-se anotar o (s)
nome(s) do(s) autor(es), título, edição, local (cidade) de publicação, editora, ano de publicação; [...] e, para os
documentos acessados via Internet, são anotados o site e a data em que o acesso foi feito” (STUMPF, 2011, p.
60). Tendo em vista que consultamos somente os livros e a Internet, não é preciso detalhar como referenciar as
informações obtidas em outras fontes.
                                                                                                               41
1994; SIERRA BRAVO, 1996, apud STUMPF, 2011, p. 55). Então, o método de análise das
informações levantadas também auxilia na otimização do tempo e na qualidade da pesquisa.
Stumpf defende a ideia de que, “após a leitura do material disponível, o pesquisador organiza
uma seqüência de idéias lógicas para formar um quadro referencial teórico e conceitual”
(STUMPF, 2011, p. 54), ou seja, a partir das informações absorvidas da pesquisa bibliográfica
e do objeto de estudo, o pesquisador deve eleger os conceitos mais apropriados e desenvolvê-
los.




     Autor                          Título                            Edição    Local       Editora       Ano
 Al Ries e Jack         Posicionamento, a batalha por sua                                   Pearson
                                                                        4ª     São Paulo                  2005
     Trout                          mente                                                  Education
                                                                        1ª
  Alan Cooper              Como planejar a propaganda                          São Paulo      Talento     2006
                                                                                           Pioneira
   Armando
                       Propaganda: teoria, técnica e prática            1ª     São Paulo   Thomson        2002
   Sant‟Anna
                                                                                           Learning
 Edison Beneti,
 Julio Ribeiro,
                       Tudo o que você queria saber sobre
 Walter Longo,
                      propaganda e ninguém teve paciência               4ª     São Paulo       Atlas      2008
 Magy, Sergio
                                 para explicar
  Dias e Vera
    Aldrighi
                                                                                Rio de
       Jon Steel             A arte do planejamento                     2ª                    Campus      2006
                                                                                Janeiro
  Julio Ribeiro             Fazendo acontecer.com.br                    1ª     São Paulo      Saraiva     2009
Neusa Demartini                                                                  Porto
                      Publicidade: comunicação persuasiva               1ª                    Sulina      2003
    Gomes                                                                       Alegre
                                                                                Rio de
 Rafael Sampaio                Propaganda de A a Z                      7ª                    Campus      1999
                                                                                Janeiro
 Roberto Corrêa            Planejamento de propaganda                  10ª     São Paulo      Global      2008
  Zeca Martins                Propaganda é isso aí!                     1ª     São Paulo      Futura      1999

          Quadro 1.2.3.1 – Bibliografias sobre planejamento publicitário
          Fonte: o próprio autor




   Documento/pesquisa                                          Site                              Data de acesso
   Matriz dos papéis do         www.slideshare.net/bruno.araldi/planejamento-publicitrio-2-
                                                                                                   25/09/2011
      planejamento                                      3527912
    Pesquisa de obras                      www.grupodeplanejamento.com.br                          08/08/2011

          Quadro 1.2.3.2 – O planejamento publicitário na Internet
          Fonte: o próprio autor



                                                                                                                42
1.2.4 Pesquisa de campo




        A pesquisa de campo é um termo muito utilizado pelas agências de propaganda e,
embora seja um método aplicado em pesquisas de mercado, este é composto por técnicas que
possuem origem na pesquisa científica 16. Assim, informamos que o rigor científico das
técnicas permanece, porém, apropriamo-nos da nomenclatura mercadológica para uma melhor
organização.
        Na realidade mercadológica, a pesquisa de campo permite compreender o
comportamento do consumidor em seus contextos através da observação direta: “a pesquisa
de campo é conduzida fora da agência (isto é, em “campo”), geralmente em domicílio ou no
local de consumo” (O‟GUINN, ALLEN E SEMENIK, 2008, p. 203). Os autores reforçam a
importância da imersão do pesquisador no universo do entrevistado, afinal, “os consumidores
vivem vidas reais e seu comportamento como consumidores está ligado inteiramente a essa
realidade” (O‟GUINN, ALLEN E SEMENIK, 2008, p. 203), ou seja, o entrevistado deve
sentir-se à vontade, e é papel do pesquisador provocar empatia para que tudo ocorra da forma
mais natural possível.
        Ao visualizar o Mapa Metodológico, o leitor entende que a pesquisa de campo,
juntamente com a pesquisa bibliográfica, está alocada no platô profissionais de planejamento
publicitário do mercado:




16
   “Tipicamente, o estudo de campo focaliza uma comunidade, que não é necessariamente geográfica, já que
pode ser uma comunidade de trabalho, de estudo, de lazer ou voltada para qualquer outra atividade humana. No
estudo de campo, o pesquisador realiza a maior parte do trabalho pessoalmente, pois é enfatizada a importância
de o pesquisador ter tido ele mesmo uma experiência direta com a situação de estudo” (GIL, 2007, p. 53).
                                                                                                           43
Figura 1.2.4.1 – Mapa Metodológico: pesquisa de campo
       Fonte: o próprio autor




       Levando em conta o que O‟Guinn, Allen e Semenik definiram sobre o método,
podemos fazer uma adaptação: os profissionais de planejamento são os consumidores, e nós,
os pesquisadores. Com isto, assim como existe a preocupação com a espontaneidade do
consumidor, precisamos tomar algumas decisões para garantir que nossos entrevistados
sintam-se à vontade e colaborem com a qualidade dos resultados da pesquisa. Tais decisões
dizem respeito ao local do encontro escolhido para a investigação, vestuário e equipamentos
utilizados pelo pesquisador, termo de compromisso assinado pelos entrevistados e tipos de
técnicas aplicadas.
       O lugar que nos pareceu mais propício para a investigação sobre o profissional de
planejamento foi o seu local de trabalho, já que o planejamento era o tema da conversa.
Assim, os encontros foram realizados nas agências. Para existir empatia, até mesmo a maneira
que o pesquisador se veste pode influenciar. Sendo assim, a escolha das roupas esteve de
acordo com o contexto do entrevistado. Além disso, ao gravar uma entrevista, depende-se de
equipamentos eletrônicos e, por isto, é importa nte verificar sua funcionalidade para não
ocorrerem situações constrangedoras.
       Um termo de compromisso que explique os objetivos do trabalho e informe ao
entrevistado que seus dados serão mantidos no anonimato é imprescindível para o bom
andamento da pesquisa. Por fim, devemos entender à realidade de nossos entrevistados para
escolher as técnicas mais adequadas. É claro que não existem técnicas prontas para cada tipo
                                                                                          44
de situação, então, é ofício do pesquisador adaptá-las, evitando um desgaste do entrevistado
por conta de técnicas inapropriadas. Logo, utilizamos dois tipos de técnicas, ambas de
metodologia qualitativa: a entrevista em profundidade e as técnicas projetivas, provenientes
do campo da psicologia.
       A análise documental, a observação indireta e a pesquisa de campo indicaram rastros
arquetípicos na percepção das práticas institucionalizadas do planejamento publicitário nos
livros e nas agências do corpus. Já a pesquisa de campo revelou, de fato, quais arquétipos
constituem o universo do planejamento publicitário institucionalizado nas agências
pesquisadas na percepção dos profissionais do mercado. Com isto, definimos uma espécie de
pergunta-guia para orientar nossa pesquisa de campo: quais são os arquétipos que compõe m
o plane jamento publicitário institucionalizado, nas agências, na percepção dos
profissionais do mercado?
       Para aplicação das técnicas, que formaram nossa pesquisa de campo, dividimos o
método em duas etapas, que foram realizadas em dois dias, já que as técnicas do primeiro dia
foram essenciais para a formulação e aplicação da técnica do segundo. Segue abaixo o roteiro
de nossa pesquisa de campo e, mais adiante, o detalhamento de cada atividade:




                                                              Entrevista em profundidade
                      Dia 1
                                                        Técnica projetiva de completar palavras
                      Dia 2                             Técnica projetiva do baralho de imagens

       Quadro 1.2.4.1 – Etapas da pesquisa de campo
       Fonte: o próprio autor




       De acordo com um esquema proposto por Malhorta (2005), intitulado Uma
classificação dos procedimentos da pesquisa qualitativa, os procedimentos da pesquisa
qualitativa são classificados como diretos ou indiretos e, segundo a autora, esta classificação é
feita “com base na consciência que os entrevistados têm sobre o verdadeiro propósito do
objeto” (MALHORTA, 2005, p. 115). Na abordagem direta, o entrevistado sabe os reais
objetivos da pesquisa, porque “a abordagem direta não é disfarçada” (MALHORTA, 2005, p.
115). As duas principais técnicas da abordagem direta apresentadas pela autora são a
entrevista em profundidade e as discussões em grupo (grupo focal). Já a abordagem indireta é
o oposto, porque ela “disfarça o verdadeiro propósito do projeto” (MALHORTA, 2005, p.


                                                                                                  45
115) e sua melhor representante é a técnica projetiva. Embora as abordagens tenham
características contrastantes, isto não rejeita a possibilidade de uma complementar a outra.




       Figura 1.2.4.2 – Uma classificação dos procedimentos da pesquisa qualitativa
       Fonte: Malhorta, 2005, p. 116.
       Organização: o próprio autor




1.2.4.1 Técnicas utilizadas




1.2.4.1.1 Entrevista em profundidade




       A entrevista em profundidade é uma técnica qualitativa com abordagem direta que,
conforme vimos no esquema de Malhorta, revela o propósito da pesquisa. Desta forma,
utilizamos esta técnica para tratar de questões mais direcionadas ao planejamento publicitário,
sem dar indicações das questões arquetípicas que desejamos explorar.
       A busca de informações é um processo, e inicia muito antes da entrevista em si, “a
entrevista em profundidade é um recurso metodológico que busca, com base em teorias e
                                                                                   46
pressupostos definidos pelo investigador, recolher respostas a partir da experiência subjetiva
de uma fonte” (DUARTE, 2011, p. 62), quer dizer, a busca por essas respostas iniciam desde
o momento em que se começa o projeto de pesquisa.
          Dessa maneira, para que nós atingíssemos o real objetivo deste estudo, nossa base
teórica deveria estar muito bem desenvolvida. Para tanto, foi imprescindível estar com os
conceitos de cartografia, institucionalização, arquétipos e planejamento publicitário muito
claros.
          Duarte (2011) evidencia que a entrevista em profundidade é uma pseudoconversa
baseada em um quadro conceitual previamente definido. Em razão disto, é “uma técnica
dinâmica e flexível, útil para apreensão de uma realidade tanto para tratar de questões
relacionadas ao íntimo do entrevistado, como para descrição de processos complexos nos
quais está ou esteve envolvido” (DUARTE, 2011, p. 64). Logo, mostrou-se a técnica mais
adequada para entendermos o contexto do planejamento publicitário em Santa Maria.
          Em um quadro, Duarte (2011) propõe as tipologias em entrevistas. Não explicaremos
cada tipo, somente aqueles em que a técnica utilizada se encaixa.




  Pesquisa            Questões         Entrevista         Modelo        Abordagem        Respostas
                         Não-
                                         Aberta       Questão central
                     estruturadas                                            Em
  Qualitativa                                                                          Indeterminadas
                        Semi-                                           profundidade
                                      Semi-aberta         Roteiro
                     estruturadas
 Quantitativa        Estruturadas       Fechada        Questionário        Linear        Previstas

          Quadro 1.2.4.1.1.1 – Modelo de tipologia em entrevista
          Fonte: Duarte, 2011, p. 65.
          Organização: o próprio autor




          Toda entrevista em profundidade é qualitativa – em sua totalidade ou em partes-, uma
vez que trabalha com a subjetividade do entrevistado. Optamos por fazer uma entrevista semi -
aberta, isto é, com um roteiro de questões semi-estruturadas, que serve como um orientador e
não como um limitador, onde o roteiro é utilizado para evitar o esquecimento ou
tangenciamento do tema. Duarte (2011) nomeou tais questões de questões-guia, e afirmou que
a lista de questões que se origina do problema de pesquisa busca entender as especificidades
do tema. Por isto, as perguntas devem ser feitas da maneira mais aberta possível.



                                                                                                     47
Refletindo a partir dos aspectos cartográficos, é impossível não relacionar estes a
entrevista em profundidade. A técnica é bastante apropriada para um procedimento teórico-
metodológico, no qual os elementos-chaves são a subjetividade, a fluidez e a liberdade. Neste
sentido, “o pesquisador faz a primeira pergunta e explora ao máximo cada resposta até esgotar
a questão” (DUARTE, 2011, p. 66). O leitor percebe a responsabilidade do pesquisador em
uma entrevista deste tipo? Como afirma Malhorta, “[...] o sucesso das entrevistas de
profundidade está na habilidade do entrevistador”. (MALHORTA, 2005, p. 120).
       Além destas informações, o autor explica como deve ocorrer a construção do roteiro.
De acordo com ele, o roteiro, frequentemente, é composto de quatro a sete questões-centrais
ou questões-chave, isto é, que podem ser desmembradas em outros tópicos até esgotar o
assunto de que tratam: “o roteiro exige poucas questões, mas suficientemente ampl as para
serem discutidas em profundidade [...]”.(DUARTE, 2011, p. 66). Complementando estas
sugestões com nosso embasamento teórico e com o objetivo da pesquisa, definimos as
categorias (no capítulo 4 desenvolvemos o conceito categorias) nas quais enquadramos as
respostas dos entrevistados e, a partir delas, produzimos o roteiro:




       Figura 1.2.4.1.1.1 – As categorias e o roteiro
       Fonte: o próprio autor

                                                                                          48
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica
Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica

Más contenido relacionado

Similar a Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica

Monografia teoria e_clínica_psicanalítica_ masarela_ nov_ 2009
Monografia teoria e_clínica_psicanalítica_ masarela_ nov_ 2009Monografia teoria e_clínica_psicanalítica_ masarela_ nov_ 2009
Monografia teoria e_clínica_psicanalítica_ masarela_ nov_ 2009
Maria Masarela Passos
 
Monografiateoriaeclnicapsicanalticamasarelanov2009 100626072146-phpapp02
Monografiateoriaeclnicapsicanalticamasarelanov2009 100626072146-phpapp02Monografiateoriaeclnicapsicanalticamasarelanov2009 100626072146-phpapp02
Monografiateoriaeclnicapsicanalticamasarelanov2009 100626072146-phpapp02
L R
 
TCC em Jornalismo - Josiele Souza
TCC em Jornalismo - Josiele SouzaTCC em Jornalismo - Josiele Souza
TCC em Jornalismo - Josiele Souza
Josiele Souza
 
Machado, Jones. Monografia, 2010
Machado, Jones. Monografia, 2010Machado, Jones. Monografia, 2010
Machado, Jones. Monografia, 2010
Jones Machado
 
Interfaces entre comunicação e religião - uma proposta de assessoria com f...
Interfaces entre comunicação e religião  -   uma proposta de assessoria com f...Interfaces entre comunicação e religião  -   uma proposta de assessoria com f...
Interfaces entre comunicação e religião - uma proposta de assessoria com f...
isagsrp
 
Servico social 1b
Servico social 1bServico social 1b
Servico social 1b
Léia Mayer
 
Servico social 4b
Servico social 4bServico social 4b
Servico social 4b
Léia Mayer
 
Servico social 3b
Servico social 3bServico social 3b
Servico social 3b
Léia Mayer
 
Servico social 2b
Servico social 2bServico social 2b
Servico social 2b
Léia Mayer
 
Servico social 5b
Servico social 5bServico social 5b
Servico social 5b
Léia Mayer
 
Circulação e apropriação do ideário do Movimento da Matemática Moderna nas s...
Circulação e apropriação do ideário do Movimento da  Matemática Moderna nas s...Circulação e apropriação do ideário do Movimento da  Matemática Moderna nas s...
Circulação e apropriação do ideário do Movimento da Matemática Moderna nas s...
Rosimeire Borges
 

Similar a Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica (20)

Monografia teoria e_clínica_psicanalítica_ masarela_ nov_ 2009
Monografia teoria e_clínica_psicanalítica_ masarela_ nov_ 2009Monografia teoria e_clínica_psicanalítica_ masarela_ nov_ 2009
Monografia teoria e_clínica_psicanalítica_ masarela_ nov_ 2009
 
Monografiateoriaeclnicapsicanalticamasarelanov2009 100626072146-phpapp02
Monografiateoriaeclnicapsicanalticamasarelanov2009 100626072146-phpapp02Monografiateoriaeclnicapsicanalticamasarelanov2009 100626072146-phpapp02
Monografiateoriaeclnicapsicanalticamasarelanov2009 100626072146-phpapp02
 
WOTTRICH, Laura H. Dissertação, 2011.
WOTTRICH, Laura H. Dissertação, 2011.WOTTRICH, Laura H. Dissertação, 2011.
WOTTRICH, Laura H. Dissertação, 2011.
 
TCC em Jornalismo - Josiele Souza
TCC em Jornalismo - Josiele SouzaTCC em Jornalismo - Josiele Souza
TCC em Jornalismo - Josiele Souza
 
Machado, Jones. Monografia, 2010
Machado, Jones. Monografia, 2010Machado, Jones. Monografia, 2010
Machado, Jones. Monografia, 2010
 
Possibilidades do feminino as telespectadoras
Possibilidades do feminino as telespectadorasPossibilidades do feminino as telespectadoras
Possibilidades do feminino as telespectadoras
 
Tese monika dowbor
Tese monika dowborTese monika dowbor
Tese monika dowbor
 
Conexaoimagin
ConexaoimaginConexaoimagin
Conexaoimagin
 
Conexaoimagin
ConexaoimaginConexaoimagin
Conexaoimagin
 
Interfaces entre comunicação e religião - uma proposta de assessoria com f...
Interfaces entre comunicação e religião  -   uma proposta de assessoria com f...Interfaces entre comunicação e religião  -   uma proposta de assessoria com f...
Interfaces entre comunicação e religião - uma proposta de assessoria com f...
 
Monografia - CATÁLOGOS DE MODA: A influência do figurino nas propagandas do ...
Monografia -  CATÁLOGOS DE MODA: A influência do figurino nas propagandas do ...Monografia -  CATÁLOGOS DE MODA: A influência do figurino nas propagandas do ...
Monografia - CATÁLOGOS DE MODA: A influência do figurino nas propagandas do ...
 
Servico social 1b
Servico social 1bServico social 1b
Servico social 1b
 
Servico social 4b
Servico social 4bServico social 4b
Servico social 4b
 
Servico social 3b
Servico social 3bServico social 3b
Servico social 3b
 
Servico social 2b
Servico social 2bServico social 2b
Servico social 2b
 
Servico social 5b
Servico social 5bServico social 5b
Servico social 5b
 
Telenovela e identidade feminina de jovens de classe popular
Telenovela e identidade feminina de jovens de classe popularTelenovela e identidade feminina de jovens de classe popular
Telenovela e identidade feminina de jovens de classe popular
 
kjkjl;kj;l;lk;lk
kjkjl;kj;l;lk;lkkjkjl;kj;l;lk;lk
kjkjl;kj;l;lk;lk
 
Circulação e apropriação do ideário do Movimento da Matemática Moderna nas s...
Circulação e apropriação do ideário do Movimento da  Matemática Moderna nas s...Circulação e apropriação do ideário do Movimento da  Matemática Moderna nas s...
Circulação e apropriação do ideário do Movimento da Matemática Moderna nas s...
 
A comunicação organizacional e a atuação das relações públicas na era da dial...
A comunicação organizacional e a atuação das relações públicas na era da dial...A comunicação organizacional e a atuação das relações públicas na era da dial...
A comunicação organizacional e a atuação das relações públicas na era da dial...
 

Último

Slide - SAEB. língua portuguesa e matemática
Slide - SAEB. língua portuguesa e matemáticaSlide - SAEB. língua portuguesa e matemática
Slide - SAEB. língua portuguesa e matemática
sh5kpmr7w7
 
Considerando as pesquisas de Gallahue, Ozmun e Goodway (2013) os bebês até an...
Considerando as pesquisas de Gallahue, Ozmun e Goodway (2013) os bebês até an...Considerando as pesquisas de Gallahue, Ozmun e Goodway (2013) os bebês até an...
Considerando as pesquisas de Gallahue, Ozmun e Goodway (2013) os bebês até an...
azulassessoria9
 
ATIVIDADE 3 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
ATIVIDADE 3 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024ATIVIDADE 3 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
ATIVIDADE 3 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
azulassessoria9
 
atividade-de-portugues-paronimos-e-homonimos-4º-e-5º-ano-respostas.pdf
atividade-de-portugues-paronimos-e-homonimos-4º-e-5º-ano-respostas.pdfatividade-de-portugues-paronimos-e-homonimos-4º-e-5º-ano-respostas.pdf
atividade-de-portugues-paronimos-e-homonimos-4º-e-5º-ano-respostas.pdf
Autonoma
 
ATIVIDADE 2 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
ATIVIDADE 2 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024ATIVIDADE 2 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
ATIVIDADE 2 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
azulassessoria9
 

Último (20)

Quiz | Dia da Europa 2024 (comemoração)
Quiz | Dia da Europa 2024  (comemoração)Quiz | Dia da Europa 2024  (comemoração)
Quiz | Dia da Europa 2024 (comemoração)
 
Educação Financeira - Cartão de crédito665933.pptx
Educação Financeira - Cartão de crédito665933.pptxEducação Financeira - Cartão de crédito665933.pptx
Educação Financeira - Cartão de crédito665933.pptx
 
Slide - SAEB. língua portuguesa e matemática
Slide - SAEB. língua portuguesa e matemáticaSlide - SAEB. língua portuguesa e matemática
Slide - SAEB. língua portuguesa e matemática
 
E a chuva ... (Livro pedagógico para ser usado na educação infantil e trabal...
E a chuva ...  (Livro pedagógico para ser usado na educação infantil e trabal...E a chuva ...  (Livro pedagógico para ser usado na educação infantil e trabal...
E a chuva ... (Livro pedagógico para ser usado na educação infantil e trabal...
 
Considerando as pesquisas de Gallahue, Ozmun e Goodway (2013) os bebês até an...
Considerando as pesquisas de Gallahue, Ozmun e Goodway (2013) os bebês até an...Considerando as pesquisas de Gallahue, Ozmun e Goodway (2013) os bebês até an...
Considerando as pesquisas de Gallahue, Ozmun e Goodway (2013) os bebês até an...
 
apostila filosofia 1 ano 1s (1).pdf 1 ANO DO ENSINO MEDIO . CONCEITOSE CARAC...
apostila filosofia 1 ano  1s (1).pdf 1 ANO DO ENSINO MEDIO . CONCEITOSE CARAC...apostila filosofia 1 ano  1s (1).pdf 1 ANO DO ENSINO MEDIO . CONCEITOSE CARAC...
apostila filosofia 1 ano 1s (1).pdf 1 ANO DO ENSINO MEDIO . CONCEITOSE CARAC...
 
Introdução às Funções 9º ano: Diagrama de flexas, Valor numérico de uma funçã...
Introdução às Funções 9º ano: Diagrama de flexas, Valor numérico de uma funçã...Introdução às Funções 9º ano: Diagrama de flexas, Valor numérico de uma funçã...
Introdução às Funções 9º ano: Diagrama de flexas, Valor numérico de uma funçã...
 
ATIVIDADE 3 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
ATIVIDADE 3 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024ATIVIDADE 3 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
ATIVIDADE 3 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
 
atividade-de-portugues-paronimos-e-homonimos-4º-e-5º-ano-respostas.pdf
atividade-de-portugues-paronimos-e-homonimos-4º-e-5º-ano-respostas.pdfatividade-de-portugues-paronimos-e-homonimos-4º-e-5º-ano-respostas.pdf
atividade-de-portugues-paronimos-e-homonimos-4º-e-5º-ano-respostas.pdf
 
Sopa de letras | Dia da Europa 2024 (nível 2)
Sopa de letras | Dia da Europa 2024 (nível 2)Sopa de letras | Dia da Europa 2024 (nível 2)
Sopa de letras | Dia da Europa 2024 (nível 2)
 
Slides Lição 6, Betel, Ordenança para uma vida de obediência e submissão.pptx
Slides Lição 6, Betel, Ordenança para uma vida de obediência e submissão.pptxSlides Lição 6, Betel, Ordenança para uma vida de obediência e submissão.pptx
Slides Lição 6, Betel, Ordenança para uma vida de obediência e submissão.pptx
 
Monoteísmo, Politeísmo, Panteísmo 7 ANO2.pptx
Monoteísmo, Politeísmo, Panteísmo 7 ANO2.pptxMonoteísmo, Politeísmo, Panteísmo 7 ANO2.pptx
Monoteísmo, Politeísmo, Panteísmo 7 ANO2.pptx
 
tensoes-etnicas-na-europa-template-1.pptx
tensoes-etnicas-na-europa-template-1.pptxtensoes-etnicas-na-europa-template-1.pptx
tensoes-etnicas-na-europa-template-1.pptx
 
Apresentação | Dia da Europa 2024 - Celebremos a União Europeia!
Apresentação | Dia da Europa 2024 - Celebremos a União Europeia!Apresentação | Dia da Europa 2024 - Celebremos a União Europeia!
Apresentação | Dia da Europa 2024 - Celebremos a União Europeia!
 
6ano variação linguística ensino fundamental.pptx
6ano variação linguística ensino fundamental.pptx6ano variação linguística ensino fundamental.pptx
6ano variação linguística ensino fundamental.pptx
 
ATIVIDADE 2 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
ATIVIDADE 2 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024ATIVIDADE 2 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
ATIVIDADE 2 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
 
Missa catequese para o dia da mãe 2025.pdf
Missa catequese para o dia da mãe 2025.pdfMissa catequese para o dia da mãe 2025.pdf
Missa catequese para o dia da mãe 2025.pdf
 
aprendizagem significatica, teórico David Ausubel
aprendizagem significatica, teórico David Ausubelaprendizagem significatica, teórico David Ausubel
aprendizagem significatica, teórico David Ausubel
 
Sistema de Bibliotecas UCS - Cantos do fim do século
Sistema de Bibliotecas UCS  - Cantos do fim do séculoSistema de Bibliotecas UCS  - Cantos do fim do século
Sistema de Bibliotecas UCS - Cantos do fim do século
 
Tema de redação - As dificuldades para barrar o casamento infantil no Brasil ...
Tema de redação - As dificuldades para barrar o casamento infantil no Brasil ...Tema de redação - As dificuldades para barrar o casamento infantil no Brasil ...
Tema de redação - As dificuldades para barrar o casamento infantil no Brasil ...
 

Um voo sobre práticas e percepções: a institucionalização do planejamento publicitário pela perspectiva arquetípica

  • 1. UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO FACULDADE DE COMUNICAÇÃO SOCIAL CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL – HABILITAÇÃO PUBLICIDADE E PROPAGANDA UM VOO SOBRE PRÁTICAS E PERCEPÇÕES: A INSTITUCIONALIZAÇÃO DO PLANEJAMENTO PUBLICITÁRIO PELA PERSPECTIVA ARQUETÍPICA MONOGRAFIA DE GRADUAÇÃO Thana Barcellos Santa Maria, RS, Brasil 2011
  • 2. UM VOO SOBRE PRÁTICAS E PERCEPÇÕES: A INSTITUCIONALIZAÇÃO DO PLANEJAMENTO PUBLICITÁRIO PELA PERSPECTIVA ARQUETÍPICA Thana Barcellos Monografia apresentada ao Curso de Comunicação Social – Habilitação: Publicidade e Propaganda, da Faculdade de Comunicação Social, do Departamento de Ciências da Comunicação do Centro de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, RS), como requisito parcial para a obtenção do grau de Graduação em Publicidade e Propaganda Orientadora: Profª. Drª. Juliana Petermann Co-Orientadora: Profª. Ma. Laura Hastenpflug Wottrich Santa Maria, RS, Brasil 2011
  • 3. Universidade Federal de Santa Maria Centro de Ciências Sociais e Humanas Departamento de Ciências da Comunicação Faculdade de Comunicação Social Curso de Comunicação Social – Habilitação Publicidade e Propaganda A Comissão Examinadora, abaixo assinada, Aprova a Monografia de Conclusão de Curso UM VOO SOBRE PRÁTICAS E PERCEPÇÕES: A INSTITUCIONALIZAÇÃO DO PLANEJAMENTO PUBLICITÁRIO PELA PERSPECTIVA ARQUETÍPICA Elaborada por Thana Barcellos Como requisito parcial para a obtenção do grau de Graduada em Publicidade e Propaganda COMISSÃO EXAMINADORA: Juliana Petermann, Drª. (UFSM) (Presidente/Orientadora) Laura Hastenpflug Wottrich, Ma. (UFSM) (Co-Orientadora) Milena Carvalho Bezerra Freire de Oliveira-Cruz, Ma. (UFSM) Marcos Pippi de Medeiros, Me. (UNIFRA) Santa Maria, 28 de novembro de 2011.
  • 4. Dedico este trabalho ao papai e à mamãe à vó Emyr, o exemplo da minha vida à vó Celina, minha estrelinha, que está sempre comigo, eu sei.
  • 5. AGRADECIMENTOS Agradeço, primeiramente, aos meus pais, Tomaz e Andréa por todo amor e confiança que depositam em mim dia após dia. São inspirações para minha vida. Amo vocês mais do que tudo! À minha irmã, Alana, que soube compreender minhas emoções no decorrer do processo da pesquisa, relevando os estresses e sendo uma ótima companheira nos momentos de descontração. Além disto, toda estética deste trabalho fundamentou-se na opinião dela. À minha querida e amada “boadrasta” Gi que, desde o início, prontificou-se em ajudar-me com a formatação do trabalho. Porém, além de ter executado outras funções, ela, com toda a sua preocupação, deu-me forças para seguir quando eu já estava esgotada. Ao Vitor, que, ainda não tenha tido um envolvimento direto com esta monografia, fortaleceu minhas ideias com os churrascos maravilhosos que fez (é claro, que eu não poderia deixar de mencionar o delicioso pão com alho). Ao Rafa, que eu “amoeadorotudo”, por ter me entendido em todos os momentos e, quando parecia não haver solução, ele “girava o mosaico”, para mostrar que tudo é uma questão de perspectiva. Ao meu amado Dindo, que fez com que eu refletisse sobre minhas escolhas e, com suas “provocações construtivas” - que eu adoro - faz com que eu busque, constantemente, surpreendê-lo. A todos os meus familiares, que eu amo de paixão. Às queridas orientadores e parceiras, Ju e Laura, com quem eu tive o prazer de trabalhar. Às minhas Cristais, que, embora distantes, estão sempre por perto no meu coração. Aos meus amigos: “a amizade é maior do que tudo já diziam os antigos” – obrigada pela amizade de vocês. Ao bonito Lenine que me forneceu dicas maravilhosas para o português e fez o meu abstract.
  • 6. Todos estes que aí estão Atravancando o meu caminho, Eles passarão. Eu passarinho! MÁRIO QUINTANA , POEMINHA DO CONTRA
  • 7. RESUMO Monografia de Conclusão de Graduação Curso de Comunicação Social – Habilitação Publicidade e Propaganda Faculdade de Comunicação Social Departamento de Ciências da Comunicação Centro de Ciências Sociais e Humanas Universidade Federal de Santa Maria UM VOO SOBRE PRÁTICAS E PERCEPÇÕES: A INSTITUCIONALIZAÇÃO DO PLANEJAMENTO PUBLICITÁRIO PELA PERSPECTIVA ARQUETÍPICA AUTORA : THANA BARCELLOS ORIENTADORA : PROFª. DRª.JULIANA PETERMANN Coorientadora: Profª Ma. Laura Hastenpflug Wottrich Local e Data de Defesa: Santa Maria, 28 de novembro de 2011. Este trabalho debate sobre as práticas institucionalizadas do planejamento publicitário observadas a partir de uma perspectiva arquetípica. Tendo em vista a complexidade do nosso objeto, utilizamos a cartografia como suporte teórico-metodólogico, o que nos levou a um movimento de libertação e, consequentemente, a uma interpretação mais subjetiva dos dados coletados e a um pensamento rizomático. Por meio de sobrevoos e pousos, conseguimos investigar as práticas institucionalizadas do planejamento publicitário em três agências de Santa Maria, contrapondo-as com as práticas institucionalizadas apresentadas nas bibliografias da área. Após esta primeira análise, passamos por uma fase de reconhecimento atento, a qual proporcionou enxergar tais práticas pelo viés arquetípico, identificando rastros e, até mesmo, os arquétipos que configuram o rizoma desta pesquisa Palavras-Chave: Planejamento Publicitário. Institucionalização. Arquétipos. Cartografia. Santa Maria.
  • 8. ABSTRACT Graduation Monograph Social Communication Course - Enable Advertising Faculty of Social Communication Department of Communication Sciences Social and Humanities Sciences Center Federal University of Santa Maria A FLIGHT UPON PRACTICES AND PERCEPTIONS: THE INSTITUTIONALIZATION OF THE ADVERTISING PLANNING BY ARCHETYPAL PERPECTIVE AUTHORESS: THANA BARCELLOS ADVISOR:. PHD.JULIANA PETERMANN Joint Supervisor: Ms. Laura Hastenpflug Wottrich Place and Date of Defense: Santa Maria, 28 November, 2011. This work discusses the institutionalized practices of the advertising planning observed from an archetypical perspective. In view of the complexity of our object we use the cartography as theoretical-methodological support, which led us to a liberation movement and consequently to an interpretation much more subjective about the collected data and also to a rhyzomatic thought. Through overflights and landings we were able to investigate the institutionalized practices of the advertising planning in three agencies located in Santa Maria, contrasting them and the institutionalized practices presented in the bibliographies of this field. After this first analysis we passed by an attentive recognition phase, which provided us to see such practices through the archetypical perspective, identifying tracks and even the archetypes that form the rhizome. Keywords: Advertising Planning. Institutionalization. Archetypes. Cartography. Santa Maria.
  • 9. SUMÁRIO AGRADECIMENTOS ............................................................................................................ V RESUMO............................................................................................................................... VII ABSTRACT ........................................................................................................................ VIII INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 11 1 PERSPECTIVAS METODOLÓGICAS ........................................................................... 16 1.1 O processo cartográfico.......................................................................... 16 1.2 Passos para configurar a macro e a microvisão ..................................... 29 1.2.1. Análise documental ................................................................................................ 35 1.2.2 Observação direta intensiva ..................................................................................... 38 1.2.3 Pesquisa bibliográfica .............................................................................................. 40 1.2.4 Pesquisa de campo ................................................................................................... 43 1.2.4.1 Técnicas utilizadas............................................................................................ 46 1.2.4.1.1 Entrevista em profundidade ....................................................................... 46 1.2.4.1.2 Técnicas projetivas .................................................................................... 49 2 PERSPECTIVAS TEÓRICAS ........................................................................................... 55 2.1 Institucionalização .................................................................................. 55 2.2 Construindo uma perspectiva arquetípica do planejamento publicitário 63 2.2.1 O anseio pelo paraíso............................................................................................... 71 2.2.2 Os que deixam sua marca no mundo ....................................................................... 75 2.2.3 Nenhum homem (ou mulher) é uma ilha ................................................................. 79 2.2.4 Os que dão estrutura ao mundo ............................................................................... 83 3 MACROVISÃO: AS PRÁTICAS INSTITUCIONALIZADAS DO PLANEJAMENTO PUBLICITÁRIO NO RIZOMA............................................................................................ 88 3.1 Platô agências de Santa Maria ................................................................ 90 3.1.1 Sobrevoo .................................................................................................................. 91 3.1.2 Pouso ....................................................................................................................... 99 3.2 Platô perspectivas teóricas e práticas do planejamento publicitário .....104 3.2.1 Sobrevoo ................................................................................................................ 105 3.2.2 Pouso ..................................................................................................................... 114 3.3 Platô profissionais de planejamento publicitário do mercado ...............119 3.3.1 Sobrevoo ................................................................................................................ 120 3.3.2 Pouso ..................................................................................................................... 122 4 MICROVISÃO: O RECONHECIMENTO ATENTO NO RIZOMA SOB A PERSPECTIVA DOS ARQUÉTIPOS ............................................................................... 136 4.1 Rastros arquetípicos do planejamento publicitário................................138 4.1.1 Platô agências de publicidade de Santa Maria....................................................... 140 4.1.2 Platô perspectivas teóricas e práticas do planejamento publicitário...................... 142
  • 10. 4.1.2.1 Rastros arquetípicos nas perspectivas teóricas do planejamento publicitário 143 4.1.2.2 Rastros arquetípicos nas perspectivas práticas do planejamento publicitário 145 4.2 Os arquétipos do planejamento publicitário ..........................................146 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 163 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................... 169 APÊNDICES......................................................................................................................... 174 APÊNDICE A – Roteiro Final ....................................................................................... 175 APÊNDICE B – Termo de consentimento livre e informado ........................................ 177 x
  • 11. INTRODUÇÃO “Como cada um de nós era vários, já era muita gente”. Deleuze e Guattari “O medo de ousar fechou muito mais empresas que a ousadia” – é com a frase de Júlio Ribeiro, um dos planejadores mais importantes do Brasil, que começamos este trabalho. Ousadia é a marca de nossa pesquisa desde o momento da escolha do objeto que estudamos: o planejamento publicitário1. Um departamento recente, fundado, de acordo com o Account Planning Group2 (2001), no final da década de 60, que não parece tão encantador como o departamento de criação. Os boatos, no meio acadêmico, indicavam que o planejamento publicitário não era um departamento presente nas agências de Santa Maria. Logo, este fato despertou nossa atenção: se as agências de Santa Maria não realizam o planejamento publicitário, como definem as estratégias de seus clientes? Ainda que houvesse uma inquietação, percebemos que deveríamos dar um passo atrás antes de aventurarmo-nos nas investigações, pois não nos sentíamos preparados. Então, buscamos um suporte para nossa pesquisa que consentisse um percurso diferente – e ousado – daquilo com que estávamos acostumados. Neste sentido, entramos em contato com a cartografia, a qual permitiu a formação de um pensamento rizomático: o rizoma é uma mescla de tramas que se combina, se mistura, se embaralha, se junta e se afasta. É a trama da vida e a trama da pesquisa. Afinal, o trajeto feito pelo pesquisador no procedimento da cartografia traz em si um pouco disso que chamamos de caos, ou pouco dessas tramas e embaralhamentos [...]. (ROSÁRIO, 2008). 1 Existem divergências na nomenclatura do planejamento publicitário, também chamado de planejamento de comunicação ou planejamento de marketing. Em razão disto, esclarecemos que, para nós, o planejamento publicitário é uma parte dentro do planejamento de comunicação, que engloba questões de promoção de vendas, publicidade, jornalismo e relações públicas. Já o planejamento de marketing, é ainda mais amplo, englobando os dois anteriores e mais as outras questões referentes ao mix de marketing. Ainda que muitos falem em comunicação integrada, acreditamos que, antes de pensar em um planejamento de comunicação, os publicitários precisam entender, de fato, como funciona o planejamento publicitário. Portanto, trabalharemos com esta denominação neste trabalho. 2 Grupo de planejamento de Londres.
  • 12. Compreendemos que, no pensamento rizomático, o cartógrafo deve entender as especificidades de seu objeto e deixar que elas guiem o percurso de sua pesquisa. Não no sentido de apontarem para uma única direção como sendo a certa, mas, o contrário disto: indicarem diferentes possibilidades a serem investigadas, objetivando um processo e não um resultado exato: “diferentemente de preencher tabelas e cruzar resultados, a cartografia está intimamente ligada ao processo de envolvimento com o objeto e a vivência e a bagagem que o cartógrafo trás consigo” (AGUIAR, 2008, p. 251). Pensando neste envolvimento com o objeto e na bagagem teórica que possuíamos do planejamento publicitário, preocupamo-nos em aprimorar o assunto, tanto para o desenvolvimento deste estudo, quanto para nossa vida profissional. Deste modo, por quatro meses, viajamos a Porto Alegre, todos os sábados, para o curso Click! Planejamento Criativo, ofertado pela Escola Superior de Marketing e Propaganda – Sul (ESPM-Sul). Ao deixarmos a subjetividade se expressar, notamos que o curso de Porto Alegre “re-despertou” a paixão que sentíamos pela propaganda no início da faculdade, tendo em vista, que, durante nosso percurso acadêmico, passamos por momentos de inseguranças, dúvidas e, até mesmo, decepções. Ao respeitarmos as peculiaridades do objeto, durante todo o trajeto deste estudo, ficamos à deriva, o que Aguiar (2008) relaciona com o movimento de “andar sem rumo”, deixando-nos levar pelas direções do objeto. Assim, como dissemos anteriormente, foram as peculiaridades do objeto que formaram o rizoma de nosso trabalho. Ele é constituído por três platôs: agências de publicidade de Santa Maria, perspectivas teóricas e práticas do planejamento publicitário e profissionais de planejamento publicitário do mercado, e seu elemento básico é o planejamento publicitário, compreendido por meio de práticas e percepções. Observe a figura: 12
  • 13. Figura 1– O rizoma Fonte: o próprio autor A fim de investigarmos as práticas do planejamento publicitário, contamos com a ajuda da teoria de institucionalização, proposta por Berger e Luckmann (1997). Os autores analisam o processo pelo qual as instituições passam para tornarem-se instituições e, também, como elas mantêm-se nesta posição, isto é, institucionalizadas: “o mundo institucional é a atividade humana objetivada, e isso em cada instituição particular” (BERGER E LUCKMANN, 1997, p. 87). Com isto, analisamos as práticas institucionalizadas do planejamento publicitário em cada um dos três platôs, relacionando-as umas com as outras. O entendimento das percepções do planejamento publicitário foi possível, aqui, graças à aproximação que aconteceu, no curso de Porto Alegre, com a teoria arquetípica defendida por Mark e Pearson (2003). As autoras fundamentam sua obra no conceito de arquétipos, evidenciado por Carl G. Jung. Entretanto, a abordagem que elas utilizam é inteiramente direcionada ao mundo das marcas, razão pela qual os professores do Click! Planejamento Criativo apresentaram-nos tal possibilidade como ferramenta no processo de posicionamento de marca. Deste modo, utilizamos o estudo de Mark e Pearson (2003) para compor uma perspectiva diferente, pela qual observamos nosso rizoma: a perspectiva arquetípica. Vale ressaltar que não aplicamos tal teoria como as autoras apresentaram, focada no marketing, mas sim, como uma interpretação do significado das práticas do planejamento publicitário realizadas. A partir disto, verificamos as significações dos arquétipos ou dos seus rastros, que estão ativos em cada platô, engendrando nossa percepção arquetípica sobre o rizoma. Ao considerarmos estas questões, somadas à inquietação que nos motivou a analisarmos o planejamento publicitário em Santa Maria, apresentamos o problema que 13
  • 14. orientou todo o processo desta pesquisa: como se configura, por meio da perspectiva arquetípica, o rizoma das práticas institucionalizadas do plane jame nto publicitário e m Santa Maria? O leitor deve compreender que, por trabalharmos com a cartografia, a definição deste problema de pesquisa não foi realizada antes de irmos a campo. O que ocorreu foi exatamente o oposto disto, nosso problema de pesquisa foi construído conforme nossos sobrevoos e pousos aconteciam. Lembramos, aqui, do movimento de “andar sem rumo” citado previamente, ou seja, deixamos o problema deste estudo à deriva e, pouco a pouco, podemos descobri-lo e entendê-lo. Com a definição do problema, conseguimos traçar os objetivos que pretendíamos alcançar para chegarmos à solução desta questão. Portanto, como objetivo geral do presente trabalho, pretendemos discutir a institucionalização do planejamento publicitário nas agências de Santa Maria, fazendo comparativos com as práticas institucionalizadas trazidas pelas bibliografias e, assim, verificando as práticas reais, identificando possíveis deficiências e sugerindo possíveis modificações. Apontamos como objetivos específicos deste estudo os seguintes: -Realizar a identificação dos platôs que nortearão o processo cartográfico, determinando as práticas institucionalizadas do planejamento publicitário que consideramos adequadas e as que entendemos como não apropriadas; -Comparar as práticas institucionalizadas do planejamento publicitário realizadas nas agências de Santa Maria com as práticas apresentadas pelas bibliografias; -Identificar os arquétipos que representam as diferentes práticas institucionalizadas do planejamento publicitário no rizoma. Para finalizar, gostaríamos de situar o leitor na forma como nossa pesquisa foi construída e organizada. Primeiramente, pensamos em escrever este trabalho de modo que parecesse um diálogo entre nós e o leitor. No planejamento publicitário, os planejadores utilizam esta abordagem, juntamente com outros artifícios, para inspirar a equipe de criação da agência. Aqui, acreditamos que as ilustrações sejam um ótimo complemento para isto. Além disto, como bons planejadores, por meio de alguns elementos, definimos o posicionamento que gostaríamos de ocupar na mente do leitor – aqui, nosso principal público- alvo –. Como apreenderemos adiante, o posicionamento orienta as tomadas de decisões referentes à marca, construindo a imagem que desejamos atribuir a ela. Para Mark e Pearson (2003), é no momento de posicionar a marca que definimos a estrutura arquetípica em que 14
  • 15. fundamentaremos sua imagem. Então, levando em conta nossas habilidades como pesquisadores, os quais se aventuram em diversos territórios para conhecer, cada vez mais, as peculiaridades de seu objeto, e, consequentemente, constroem um percurso de pesquisa inovador, definimos o Explorador como arquétipo deste trabalho: a jornada dos Exploradores é uma experiência ao mesmo tempo interna e externa, porque eles são motivados por um profundo desejo de encontrar, no mundo exterior, aquilo que se adapta às suas necessidades, preferências e esperanças interiores (MARK E PEA RSON, 2003, p. 79). Neste sentido, preocupamo-nos em manter a identidade – o trabalho como ele é – em acordo com a imagem – o trabalho como é percebido –, identidade esta que desejamos que o leitor tenha. Para isto, todos os elementos, desde a escolha da paleta de cores até o título dos capítulos do trabalho, estão interligados e contribuem para a construção desta imagem. Ao entrarmos em contato com a metáfora de W. James, o qual compara o fluxo de pensamento ao voo de um pássaro e ao refletir sobre nosso papel como Explorador, representamo-nos neste estudo por meio de um pássaro, que voa livremente e, quando necessário, pousa para analisar mais profundamente determinados territórios. Portanto, convidamos o leitor a acompanhar - nos em nosso voo pelas práticas e percepções do planejamento publicitário e, para isto, apresentamos o trajeto que o espera. Na primeira parte do capítulo Perspectivas metodológicas, contaremos mais sobre o nosso encontro com a cartografia e sobre o processo pelo qual passamos para definirmos nosso rizoma. Na segunda parte deste capítulo, registramos, detalhadamente, nosso percurso metodológico. O capítulo dois, Perspectivas teóricas, é formado pelas teorias que embasaram toda a pesquisa, a institucionalização e os arquétipos. O terceiro capítulo, Macrovisão: as práticas institucionalizadas do planejamento publicitário no rizoma, mostra ao leitor a formação de cada um dos platôs a partir das análises dos dados coletados sobre as práticas institucionalizadas do planejamento publicitário em cada um deles. E, por fim, o capítulo Microvisão: o reconhecimento atento do rizoma por meio da perspectiva dos arquétipos relaciona as práticas identificadas, no capítulo anterior, com os arquétipos que compõe os platôs, constituindo nossa percepção arquetípica sobre o rizoma. Desejamos a todos um bom voo... 15
  • 16. 1 PERSPECTIVAS METODOLÓGICAS “[...] cada história que tão misteriosamente nos prende é alguma versão do „Era uma vez...‟– uma fábula mítica representada na vida real” Mark e Pearson Um capítulo dedicado às etapas necessárias para atingir a solução do problema de pesquisa é o momento em que o leitor consegue acompanhar todo o movimento realizado pelo pesquisador e, consequentemente, tornar a pesquisa algo mais tangível. Com isto, o nome perspectivas metodológicas dá a ideia da visualização do objeto pela perspectiva dos métodos aqui realizados. O subcapítulo dedicado à cartografia introduz estas etapas, já que utilizamos “a cartografia como um procedimento teórico-metodológico” (ROSÁRIO, 2008), ou seja, a cartografia foi a nossa grande guia. Desta maneira, ela permitiu que andássemos por territórios diferentes do território da comunicação, a fim de identificar pontos que pudessem contribuir com o este trabalho, reuni-los e, então, construir o universo de nossa pesquisa. Ora, se na cartografia, de uma forma ou de outra, tudo está interligado, por que não se apropriar de tais ligações para desenvolver um trabalho com uma perspectiva diferente? Quer dizer, poderíamos simplesmente apresentar um mapeamento tradicional do planejamento publicitário praticado em Santa Maria. No entanto, desejamos enxergar esta situação de outra maneira, por meio de uma nova perspectiva: assim, deparamo-nos com a possibilidade de visualização do objeto por um viés arquetípico. E é por isto que nos encantamos com a cartografia, afinal, ela forneceu todo o suporte para esta nova forma de observar nosso objeto. Agora o leitor pode compreender o motivo deste suporte teórico-metodológico ser considerado o guia dessa pesquisa. 1.1 O processo cartográfico De acordo com Farina (2007), a cartografia objetiva delinear os passos do cartógrafo em um terreno subjetivo; entretanto, as vivências do pesquisador devem ser coletivizadas para
  • 17. que sua jornada faça sentido. Então, “é importante que o cartógrafo mostre todos os desdobramentos que foram realizados na pesquisa, todos os passos que foram dados ” (AGUIAR, 2008, p. 242). Deste modo, o título o processo cartográfico é aplicado a este subcapítulo, no qual deixamos registradas nossas vivências e decisões como cartógrafos durante o trajeto da pesquisa, trajeto este que pode ser entendido como um diário de bordo. A cartografia perpassa por todas as partes deste trabalho, assim como o fez em nossas observações e decisões. Neste contexto, o conceito de rizoma de Deleuze e Guattari (2007) é entendido como o alicerce desta pesquisa. Seguindo o raciocínio das perspectivas diferentes, além dos autores propriamente ditos, procuramos visões de outros que escreveram sobre o mesmo assunto e procedemos da mesma maneira: identificamos as considerações que pareceram mais relevantes e as organizamos aqui. Ainda que o conceito seja o mesmo, cada autor o compreende a seu modo, principalmente devido à sensibilidade de cada um – razão de ser da cartografia, como veremos a seguir. Dessa maneira, conforme dito antes, precisamos entender de que se trata um rizoma na concepção de Deleuze e Guattari. Para os autores, este rizoma é diferente daquele da botânica – caule em forma de raiz –, porque o rizoma das árvores possui um eixo central e, assim, é hierárquico. Já no rizoma dos autores não existe hierarquia, pois ele tem a ver integralmente com multiplicidade e potência: Para Deleuze, o rizoma é a inter-relação entre os conceitos. O rizoma é o modelo de realização dos acontecimentos, que tem espaços e tempos livres, onde os acontecimentos são potencialidades desenvolvidas das relações entre os elementos do princípio característico das multiplicidades. (IGNA CIO, 2009). Nas figuras abaixo, é possível perceber as diferenças entre as duas formas de rizoma. A primeira imagem faz referência à flor de lírio e ao rizoma hierárquico que sugere a botânica. A segunda figura apresenta-nos o rizoma de Deleuze e Guattari com suas inter- relações e múltiplas possibilidades. 17
  • 18. Figura 1.1.1 – Rizoma botânica Fonte: IGNA CIO, P. Mil Platôs. Capitalismo e Esquizofrenia – Deleuze e Guattari. 15 mai. 2009. Disponível em: <http://www.conciencia.org>. Acesso em: 8 ago. 2011. Figura 1.1.2 – Rizoma de Deleuze e Guattari Fonte: GOOGLE IMA GENS. Disponível em: <http://www.google.com.br>. Acesso em: 15 set. 2011. Outra maneira mais próxima de nossa realidade, que poderia ilustrar o rizoma de Deleuze e Guiattari, são as linhas do metrô de Tóquio. Ao observá-las, torna-se mais fácil entender as relações rizomáticas, pois todas as linhas, de alguma forma, estão interligadas: “um rizoma é feito de platôs. Cada platô pode ser lido em qualquer posição e posto em relação com qualquer outro” (DELEUZE E GUATTARI, 2007, p. 33). Desta maneira, o indivíduo tem muitas possibilidades de chegar a um mesmo destino. Além disso, é possível perceber que o rizoma dá-se em espaços e tempos livres. Portanto, ele não é linear, isto é, não é limitador: O rizoma é o que Latour, citado por Kastrup, denominou de “o meio”, onde ele se modifica a todo instante e não possui uma forma única. O rizoma é a multiplicidade que contém múltiplas entradas e múltiplas saídas”. (AGUIAR, 2008, p. 243). 18
  • 19. Figura 1.1.3 – Linhas de metrô, um modelo rizomático Fonte: GOOGLE IMA GENS. Disponível em: <http://www.google.com.br>. Acesso em: 27 set. 2011. Um rizoma é composto por linhas em constante movimento que fazem a conexão entre platôs: “chamamos platô toda multiplicidade conectável com outras hastes subterrâneas superficiais de maneira a formar e estender um rizoma” (DELEUZE E GUATTARI, 2007, p. 33). Vamos à outra cadeia semiótica, a geografia, para entender o que significa um platô. Platô, ou plateau, é sinônimo de planalto: um tipo de relevo constituído por áreas irregulares devido à ação de agentes internos e externos (chuvas, erosões, movimento das placas tectônicas). Neste momento, conseguimos compreender melhor a explicação dos autores: Gregory Bateson serve-se da palavra "platô" para designar algo muito especial: uma região contínua de intensidades, vibrando sobre ela mesma, e que se desenvolve evitando toda orientação sobre um ponto culminante ou em direção a uma finalidade exterior. (DELEUZE E GUATTARI, 2007, p. 33). Por ser o platô uma multiplicidade que “[...] não tem nem sujeito nem objeto, mas somente determinações, grandezas, dimensões que não podem crescer sem que mudem de natureza” (DELEUZE E GUATTARI, 2007, p. 17), ele se conecta a outras multiplicidades. Como indica Petermann (2011), os platôs acabam por compor objetos multifacetados, nos quais cada face interfere nas demais. Desta forma, para definir os platôs que formariam o rizoma central deste trabalho, precisamos imergir no objeto e deixar que ele, naturalmente, 19
  • 20. apontasse quais linhas deveríamos percorrer. Foi um processo complexo que exigiu foco, para manter o rigor científico e, ao mesmo tempo, sensibilidade. Desde o princípio sabíamos que o planejamento publicitário deveria ser nosso objeto de estudo, porém, trilhar um caminho tradicional levaria a produzir o que chamamos de “mais do mesmo”, isto é, produzir trabalhos com resultados muito parecidos e sem inovações. Então, a partir da construção de um rizoma e de suas intensidades – os platôs –, apresentamos ao leitor outra forma de perceber o planejamento publicitário. O pensamento rizomático permite uma infinidade de relações que são impossíveis de representar e, até mesmo, de conhecê-las por completo. Em razão disto, ilustramos um recorte do rizoma que chamamos de publicidade e propaganda com alguns dos platôs que identificamos – repetimos que as possibilidades de platôs e de suas relações são imensuráveis. Identificamos diversos platôs, dentre eles, os departamentos de uma agência, os meios de comunicação, os consumidores, as escolas de publicidade e propaganda, as premiações na área, os anúncios, as agências de publicidade, os profissionais do mercado e as perspectivas teóricas deste campo. Figura 1.1.4 – Um recorte do rizoma publicidade e propaganda Fonte: o próprio autor 20
  • 21. Após o reconhecimento destes platôs, refletimos sobre o modo que nosso objeto necessitaria ser analisado, isto é, por intermédio de quais platôs ele poderia, por nós, ser melhor compreendido. Além disto, levamos em consideração a inquietação que nos movimentou para desenvolver este estudo: se as agências de Santa Maria não realizam o planejamento publicitário, como definem as estratégias de seus clientes? Neste sentido, preocupamo-nos em investigar as dimensões teóricas do planejamento publicitário e compará- las com as dimensões práticas realizadas nas agências e com as questões do planejamento publicitário compreendidas pelos profissionais do mercado. Desta maneira, optamos por direcionar nossos olhares para três platôs, que identificamos como mais específicos. Assim, do platô agências de publicidade, definimos o platô agências de publicidade de Santa Maria; no platô profissionais do mercado, identificamos o platô profissionais de planejamento publicitário do mercado; e, por fim, no platô perspectivas teóricas, reconhecemos o platô perspectivas teóricas e práticas do planejamento publicitário. Neste momento, podemos visualizar o rizoma do nosso trabalho, praticamente formado: Figura 1.1.5 – Os três platôs Fonte: o próprio autor 21
  • 22. Para finalizarmos a representação do rizoma 1, precisamos entender mais algumas de suas características, pois “sentimos que não convenceremos ninguém se não enumerarmos certas características aproximativas do rizoma” (DELEUZE E GUATTARI, 2007, p. 15). Os autores afirmam que “qualquer ponto de um rizoma pode ser conectado a qualquer outro e deve sê-lo. É muito diferente da árvore ou da raiz que fixam um ponto, uma ordem” (DELEUZE E GUATTARI, 2007, p. 15), isto é, o rizoma é completamente livre, conecta-se por meio do contato e pode ramificar-se por qualquer direção. É por isso que, anteriormente, destacamos a infinidade de conexões e relações que um rizoma pode ter. A construção do nosso rizoma depende destas ramificações, que acontecem graças às suas linhas formadoras: “[...] um rizoma pode ser rompido, quebrado em um lugar qualquer, e também retomado segundo uma ou outra de suas linhas e segundo outras linhas” (DELEUZE E GUATTARI, 2007, p. 18). É válido mencionar os diferentes tipos de linhas que conectam cada uma de suas intensidades. Existem as linhas de continuidade ou de territorialização e as linhas de fuga ou de desterritorialização. As primeiras conectam os platôs de mesma natureza, já as outras fazem as conexões entre as diferentes naturezas e dimensões. Graças ao movimento das linhas de fuga é que chegamos à essência do rizoma: a desconstrução e a multiplicação das possibilidades. De acordo com o que sugere Aguiar (2008), uma linha de fuga permite-nos romper com um sistema já estabelecido, o que complementa a ideia de Ignacio (2009), segundo a qual o rizoma desenvolve-se por meio da variação, da expansão e da conquista de novos territórios. Portanto, a filosofia do rizoma é desbravadora. Por saber que tudo no rizoma leva em conta a multiplicidade em qualquer situação sobre a qual formos pensar - os platôs e as suas relações ou/e as linhas de conexão –, sempre teremos infinitas possibilidades. Neste sentido, dizemos que o rizoma é movente e está em constante metamorfose. Quer dizer que, por oferecer tantas opções, a cada momento em que observamos nosso rizoma, provavelmente teremos novos insights que poderão modificar algum ponto da pesquisa, ou seja, é um processo que nunca chega ao fim. É possível que o próprio leitor, ao se deparar com o rizoma apresentado, tenha enxergado outras maneiras de compreender o planejamento – eis a beleza da cartografia. Em decorrência das infinitas oportunidades de conexão, definimos dois critérios para cada um dos platôs para representar as linhas de fuga e as linhas de continuidade existentes em nosso rizoma. No platô agências de publicidade de Santa Maria, temos três agências que, 1 As representações dos elementos que constituem cada platô, bem como a escolha destes, foram definidas através de métodos e critérios que o leitor encontra no subcapítulo seguinte, Passos para microvisão. 22
  • 23. por serem da mesma natureza – agência de publicidade –, estão conectadas por linhas de continuidade. Conforme o critério departamento de planejamento, as agências Cravo e Violeta 2 conectam-se por outra linha de continuidade, uma vez que possuem um departamento de planejamento. Já a agência Tulipa, por não possuir o departamento, liga-se às outras por meio de uma linha de fuga. O platô profissionais de planejamento publicitário do mercado apresenta seus três profissionais interligados por linhas de continuidade, porque são da mesma natureza, isto é, profissionais do mercado. Embora todos executem a função de atendimento – o que gera outras linhas de continuidade entre eles –, a profissional Valéria, além de atendimento, é proprietária da agência, conectando-se a Tarso e a Caetano, ambos funcionários, por intermédio de linhas de fuga. Para finalizar, no platô perspectivas teóricas e práticas do planejamento publicitário, observamos os livros conectados por linhas de continuidade ao computador, que representa a Internet, por serem de naturezas iguais – todos são fontes de informações. Entretanto, as linhas de fuga fazem a ligação entre os livros e o computador por se tratarem de dispositivos diferentes. Platô Critério Agências de publicidade de Santa Maria Natureza Departamento de planejamento Profissionais de planejamento publicitário Natureza do mercado Função Perspectivas teóricas e práticas do Natureza planejamento publicitário Dispositivos Quadro 1.1.1 – Critérios para a representação das linhas Fonte: o próprio autor Preocupamo-nos em detalhar a explicação sobre as linhas internas de cada platô, mas como o leitor pôde notar, os três platôs estão interligados entre si, ao mesmo tempo em que também se conectam com os platôs que estão fora 3 de nosso rizoma. Este fato reforça a afirmação anterior sobre a permanente movimentação do rizoma, ou seja, ele está sempre construindo uma ligação nova ou desconstruindo outra: ele não é estanque. 2 Para preservar os nomes das agências, eles foram trocados , e a explicação da escolha pela forma de representá- los está no subcapítulo posterior. 3 O platô escolas de publicidade e propaganda é externo ao nosso rizoma, entretanto, realizamos sobrevoos nele durante todo o processo da pesquisa. 23
  • 24. Figura 1.1.6 – As conexões e os platôs Fonte: o próprio autor Figura 1.1.7 – Infinitas possibilidades de conexões Fonte: o próprio autor 24
  • 25. Sabemos que pode ser um pouco difícil visualizar a complexidade deste sistema aberto e livre do qual se trata o rizoma. Tendo em vista isto, Rosário explica o porquê de tal resistência ao dizer que Nossa compreensão está acostumada a lógicas lineares e binárias (ou isso ou aquilo) que seguem ordenamentos também lineares e duais: horizontal ou vertical, ascendente ou descendente, direita ou esquerda, corpo ou mente, razão ou subjetividade. No rizoma, a conjunção „ou‟ é substituída pela conjunção „e‟. (ROSÁRIO, 2008). Na mesma linha, Rosário (2008) faz um paralelo entre os métodos tradicionais 4, geralmente positivistas, e os métodos inovadores, como é o caso da cartografia. A sua principal crítica em relação aos métodos já consolidados é que estes apresentam o racionalismo e a objetividade como único caminho a ser seguido no decorrer da pesquisa. Neste sentido, a autora questiona a legitimidade de tais métodos por ignorarem a subjetividade: Sem dúvida, a objetividade, o raciocínio lógico são ingredientes importantes na busca de conhecimento, entretanto, eles não eliminam a subjetividade que é inerente ao humano e que, independentemente da vontade, atravessa o processo de percepção e teorização sobre fatos e fenômenos. Desse modo, negar a subjetividade é um equívoco, conviver também com ela, um fato; e admiti-la, uma necessidade. (ROSÁRIO, 2008). A subjetividade foi imprescindível para o rumo que tomou esta pesquisa. Se não fosse a cartografia permitir a atuação de nossa sensibilidade, sem dúvida não chegaríamos ao resultado a que chegamos e teríamos, de certa forma, acomodado-nos com uma ideia inicial e mais convencional de compreender a relação do planejamento com a dupla de criação. Rosário (2008) evidencia ainda que os metodólogos convencionais além de ignorarem a subjetividade, também ignoram as especificidades de cada objeto. Em razão disto, os resultados de pesquisas não variam muito uns em relação aos outros, como se as pesquisas passassem a ser uma linha de produção em série, desconsiderando o que, aparentemente, deu errado: “o que é considerado “lixo” vai para debaixo do tapete, sem que se perceba a riqueza desses detritos” (Rosário, 2008). Resta dizer que, neste trabalho, a subjetividade foi – é, e continuará sendo – combustível para a construção de um caminho inovador e diferente, já que, além de analisarmos as práticas 4 É válido evidenciarmos outros métodos que também levam e m conta a subjetividade do pesquisador, como a etnografia e os grupos focais. 25
  • 26. institucionalizadas do planejamento publicitário nos três platôs, preocupamo-nos em observar tais práticas por meio de uma perspectiva não convencional, a perspectiva arquetípica. Por ser o oposto dos modelos racionalistas tradicionais é que nos aproximamos da cartografia. Como dissemos antes, ela jamais é linear e, nela, a subjetividade do cartógrafo é levada em conta durante todo o processo: a cartografia “visa acompanhar um processo, e não representar um objeto. Em linhas gerais, trata-se sempre de investigar um processo de produção” (KASTRUP, 2007, p. 15). Tratando-se de um procedimento teórico-metodológico que propõe a desconstrução para com aquilo que já estávamos acostumados, Rosário (2008) alerta ser possível o estranhamento das pessoas com a noção de caos que a multiplicidade pode trazer; porém, a autora destaca que o caos faz parte da ciência, já que “[...] é apenas outro tipo de ordem que se constitui e se acomoda de forma diferente daquela a que se está acostumado” (ROSÁRIO, 2008). Há uma noção de caos, justamente pelo o que a cartografia possui de mais fascinante: cada experiência cartográfica é única. Mesmo com as questões cartográficas um pouco mais claras, o leitor deve estar se questionando: por que utilizar o termo cartografia? Por que Deleuze e Guattari apropriaram- se de um termo da topologia para metaforizar o “diário de bordo” do cartógrafo? Isto ocorre porque utiliza-se muito mais do que a mera terminologia, isto é, este termo abrange todas as nuances do método, afinal, o processo cartográfico herda da topologia o exercício da observação e da descrição detalhada, permitindo indicar linhas e formas, fluxos e movimentos, bem como amplitudes e intensidade no desenho do mapa. A expressão desenho do mapa vem como metáfora, mas concebe muito bem a idéia de rizoma e de cartografia. (ROSÁRIO, 2008). Além do exercício de observação e da descrição detalhada com os quais a autora justifica a cartografia, Deleuze e Guattari explicam que “o mapa é aberto, é conectável em todas as suas dimensões, desmontável, reversível, suscetível de receber modificações constantemente” (DELEUZE E GUATTARI, 2007, p. 22), justamente por isto, uma valiosa representação para a cartografia. Neste contexto, Aguiar (2008) sugere que a cartografia pode ser reconhecida como uma deriva 5 metodológica, isto é, quando os sujeitos deixam-se levar e colocam em prática a famosa expressão: “andar sem rumo”. Mergulhar no objeto, deixar que ele aponte as direções mais convenientes em cada momento e não se preocupar com a busca 5 Sentido original: desgoverno da embarcação pelo vento. 26
  • 27. de uma verdade, mas sim com a percepção do processo em que se está. É andar sem rumo e, portanto, cartografar. Ao andarmos sem rumo e sermos guiados somente pelo que indicava nosso objeto, definimos a perspectiva arquetípica, através da qual observamos e analisamos todo o rizoma desta pesquisa. Entramos em contato com o universo dos arquétipos ao assistir a uma aula direcionada ao posicionamento de marca, no curso da ESPM. Em um primeiro momento, simpatizamos com a novidade, entretanto, parecia ser só mais uma entre as tantas novas informações que lá apreendemos. Durante o desenvolvimento do projeto final do mesmo curso, tivemos a oportunidade de entrar em contato novamente com as estruturas arquetípicas e sentimos despertar nossa curiosidade em relação a este novo mundo de significações. Todavia, como se tratava de um momento conturbado, deixamos passar e não nos aprofundamos. Depois de algum tempo, no decorrer dos estudos e das reflexões sobre o rizoma, percebemos que, estruturalmente, ele estava bem formado, mas, reflexivamente, faltava algo. Ao deixar falar o objeto, cada caminho revelou-se no momento em que lhe foi mais apropriado. Neste contexto, pudemos aproveitar os arquétipos neste trabalho como uma oportunidade de estudá-los e compreendê-los melhor. O leitor deve estar ciente de que nosso objetivo com o estudo dos arquétipos não é discutir a eficácia do assunto na publicidade, e sim, compreender melhor esta teoria tão mencionada pelos planejadores. Desta maneira, finalizamos a representação do rizoma com uma lente arquetípica 6, ou seja, o viés pelo qual observamos e analisamos os platôs, engendrando uma nova perspectiva de pensar o planejamento publicitário. Isto significa que os arquétipos devem ser levados em consideração ao longo deste estudo. 6 No esquema, a lente arquetípica, representada por uma lente de aumento, parece “cortar” o rizoma. Entretanto, nossa intenção é mostrar que com a lente sobre o rizoma, os platôs ficam maiores . 27
  • 28. Figura 1.1.8 – A lente arquetípica: uma nova perspectiva Fonte: o próprio autor Utilizamos a metáfora feita por W. James que compara o fluxo de pensamento ao voo de um pássaro que, com seus movimentos contínuos, deixa suas marcas como que desenhos no céu, e pousa quando preciso. Somamos a isto o que Kastrup (2007) chama de variedades de atenção do cartógrafo e, por fim, delineamos as fases do movimento pensar pelas quais passamos no decorrer da pesquisa. Na forma de um pássaro que transmite sensações de liberdade e fluidez, apontamos como a fase inicial do movimento pensar a libertação, tendo em vista a liberdade que a cartografia oferece. O segundo passo foi sobrevoar o rizoma e pousar, quando necessário, para enxergá-lo de cima e, a partir de um ângulo mais exploratório, entendê-lo de modo generalizado, configurando o que Petermann (2011) nomeou de macrovisão. De acordo com as variedades de atenção do cartógrafo que propõe Kastrup (2007), o pouso indica que a percepção “realiza uma parada e o campo se fecha, numa espécie de zoom. Um novo território se forma” (KASTRUP, 2007, p. 19). Neste sentido, ao realizarmos sobrevoos e pousos, reconstruímos nosso rizoma sob a ótica da institucionalização de Berger e Luckmann (1997), ou seja, constituímos as práticas institucionalizadas do planejamento publicitário nos três platôs. A partir dos movimentos realizados na macrovisão, conseguimos desenvolver um olhar mais específico e detalhado sobre o rizoma, isto é, uma perspectiva, segundo Petermann (2011), empírica e analítica que deu origem à microvisão. Enxergar o rizoma por meio da 28
  • 29. lente arquetípica exigiu maior envolvimento com o rizoma. Logo, vivenciamos a fase do reconhecimento atento, que se trata de “[...] produzir conhecimento ao longo de um percurso de pesquisa, o que envolve a atenção e, com ela, a própria criação do território de observação” (KASTRUP, 2007, p. 20). Com o maior desprendimento de atenção que tal movimento requer, desejamos identificar rastros arquetípicos das práticas institucionalizadas do planejamento publicitário nos platôs agências de publicidade de Santa Maria e perspectivas teóricas e práticas do planejamento publicitário. No platô profissionais de planejamento publicitário do mercado, almejamos definir os arquétipos ali existentes. A autora lembra que “o pouso não deve ser entendido como uma parada do movimento, mas como uma parada no movimento. Vôos e pousos conferem um ritmo ao pensamento e a atenção desempenha aí um papel essencial” (KASTRUP, 2007, p. 16, grifo nosso). Sublinhamos que as fases podem ser repetidas quantas vezes forem necessárias e que também não precisam seguir uma ordem de acontecimento. É essencial que o leitor permita-se a sensação de voar! Figura 1.1.9 – As fases do movimento pensar Fonte: o próprio autor 1.2 Passos para configurar a macro e a microvisão 29
  • 30. Sabemos da presença constante da subjetividade e da reflexão durante a trajetória do cartógrafo; porém, isto não exclui a necessidade de um percurso metodológico 7 de rigor científico. De acordo com Aguiar, o “cartógrafo deve perder-se nas suas sensações, percepções e na busca pelo conhecimento que pode estar nos mais variados territórios, mas é necessário treinar o olhar para a „coerência conceitual‟ [...]” (AGUIAR, 2008, p. 241). Quer dizer que, por mais forte que seja a influência de suas sensações, o cartógrafo precisa organizá-las para que tenham algum sentido ou, do contrário, teríamos um “[...] amontoado de percepções vivenciadas pelo sujeito sem gerar novas visões e possibilidades reflexivas” (AGUIAR, 2008, p. 241). E é justamente para manter o rigor científico e o sentido de nossa pesquisa que apresentamos ao leitor o percurso metodológico e as diferentes técnicas e recursos de pesquisa que se fizeram necessárias no decorrer deste estudo. Pelas questões de reflexão e sensibilidade, a cartografia configura-se como um processo de pesquisa qualitativa, já que “os pesquisadores qualitativos ressaltam a natureza socialmente construída da realidade, a íntima relação entre o pesquisador e o que é estudado, e as limitações situacionais que influenciam a investigação” (DENZIN E LINCOLN, 2007, p. 23). Neste sentido, os autores tratam o pesquisador qualitativo – aqui, o cartógrafo – como um bricoleur, isto é, “um pau-para-toda-obra ou um profissional do faça-você-mesmo” (LÉVI- STRAUSS, 1966, p. 17), já que este tipo de pesquisa “não pertence a uma única disciplina. Nem possui um conjunto distinto de métodos ou práticas que seja inteiramente seu” (DENZIN E LINCOLN, 2007, p. 20). Desta forma, cabe ao pesquisador escolher os métodos que ele julga mais apropriados para sua pesquisa, adaptá-los ao seu problema e juntá-los, como em uma colcha de retalhos, na qual cada pedacinho, com suas particularidades, é costurado a outros e, juntos, compõem o todo, a colcha: 7 Apesar deste estudo ser cartográfico e por ser o nosso primeiro contato com a cartografia, não tínhamos segurança para ficar à deriva durante todo o percurso. Em razão disto, não ab rimos mão de um percurso metodológico. 30
  • 31. Figura 1.2.1 – Colcha de retalhos Fonte: Disponível em <http://amorperfeitopresentes.blogspot.com/2011/07/colcha-de-retalhos.html>. Acesso em 28 out. 2011. Como bricoleurs deste trabalho, precisamos fazer uma colcha metodológica composta por métodos e técnicas que melhor atendessem às demandas do nosso objeto e às especificidades do problema de pesquisa, especificidades estas que se tornaram as condutoras no processo de escolha metodológica. Tendo em vista os três platôs formadores do rizoma que construímos e reconstruímos para esta pesquisa (agências de publicidade de Santa Maria, profissionais de planejamento publicitário do mercado e perspectivas teóricas e práticas do planejamento publicitário), apropriamo-nos de algumas técnicas utilizadas em outros territórios, adaptamos modelos mais tradicionais e costuramos diferentes métodos para delinear cada um dos três. Além disto, levamos em conta as duas teorias que sustentam nosso estudo: a institucionalização de Berger e Luckmann (1997) e os arquétipos, na concepção de Mark e Pearson (2001). Sendo assim, elas também incidem na escolha e na aplicação dos métodos, bem como na análise dos resultados. Nos quadros 8 abaixo, registramos a relação de cada platô com os métodos utilizados, nossos objetivos em cada platô, a perspectiva teórica que orientou todo o processo de coleta e análise dos dados e as fases do movimento pensar pelas quais 8 Quadro baseado em Petermann, 2011, p. 41. 31
  • 32. passamos. Deste modo, é possível que o leitor visualize, de uma forma mais geral, nosso trabalho e como se configuram a macrovisão e a microvisão desta pesquisa. Ao separar os métodos das técnicas aplicadas, levamos em conta o que Denzin e Lincoln (2007) observaram [...] as estratégias de investigação também ligam o pesquisador a métodos específicos de coleta e de análise de materiais empíricos. Por exemplo, o estudo de caso depende de entrevistas, de observação e da análise de documentos”. (DENZIN E LINCOLN, 2007, p. 36). Com isto, percebemos a diferença entre método – os meios de chegar a um fim - e método específico – instrumentos com os quais atingimos o objetivo da pesquisa. Entretanto, optamos pelo termo técnica ao invés de método específico pelo fato de o primeiro ser mais habitual. Vale sublinhar que apresentamos os métodos e as técnicas sem uma delimitação, pois, como veremos no quadro a seguir, muitos dos métodos utilizados são considerados métodos-técnica: Macrovisão: as práticas institucionalizadas do planejamento publicitário no rizoma Fase do Perspectiva Platô Objetivo Método Técnica movimento teórica pensar *Escolha das 1. Análise documental agências de (relatório da disciplina Fluxos publicidade de agência) Sobrevôo *Identificação das 1. Análise documental Agências de publicidade práticas (relatório da disciplina Fluxos de Santa institucionalizadas de agência) Maria do planejamento 2. Observação direta intensiva publicitário nas (observação da estrutura física estruturas das das agências que constituem o Pouso agências corpus) Institucionalização selecionadas para por Berger e o corpus Luckmann (1997) *Levantamento de 1. Pesquisa bibliográfica bibliografia sobre (coleta de publicações que Sobrevôo o planejamento tratam sobre o planejamento publicitário publicitário – livros e Perspectivas publicações na internet) teóricas e práticas do planejamento *Identificação das 1. Análise documental publicitário práticas (relatório da disciplina Fluxos institucionalizadas de agência) do planejamento 2. Pesquisa bibliográfica Pouso publicitário nas (leitura e reunião das bibliografias, informações sobre o 32
  • 33. realizando um planejamento publicitário) contraponto às práticas percebidas nas agências do corpus *Identificação dos 1. Pesquisa de campo profissionais de (recrutamento dos planejamento profissionais aptos e publicitário do disponíveis para participarem Sobrevôo mercado da pesquisa) *Identificação do 1. Pesquisa 2.1. papel e do perfil bibliográfica Entrevista em do planejador a (delineamento profundidade partir das do papel e do bibliografias, perfil dos Profissionais realizando um profissionais de contraponto com o de planejamento papel e o perfil do planejamento publicitário planejador a partir de do mercado percebidos nas bibliografias) agências de Santa 2. Pesquisa de Maria campo Pouso (delineamento do papel e do perfil dos profissionais das agências e suas relações com o planejamento) Quadro 1.2.1 – Macrovisão: as práticas institucionalizadas do planejamento publicitário no rizoma Fonte: o próprio autor Microvisão: o reconhecimento atento no rizoma sob a perspectiva dos arquétipos Fase do Perspectiva Platô Objetivo Método Técnica movimento teórica pensar Identificar rastros 1. Análise documental arquetípicos das (relatório da disciplina Fluxos práticas de agência) institucionalizadas 2. Observação direta intensiva do planejamento (observação da estrutura física publicitário, na das agências que constituem o Agências de Arquétipos por percepção das corpus) publicidade de Mark e Pearson estruturas física e 1. Análise documental Reconhecimento Santa Maria organizacional das (2001) (relatório da disciplina Fluxos atento agências do corpus de agência) 2. Pesquisa bibliográfica (leitura e reunião das informações sobre o planejamento publicitário) 33
  • 34. Identificar rastros 1. Pesquisa bibliográfica (coleta arquetípicos das de publicações que tratam sobre práticas o planejamento publicitário – institucionalizadas livros e publicações na internet) do planejamento 1. Análise documental Perspectivas publicitário, na (relatório da disciplina Fluxos teóricas e percepção das de agência) práticas do bibliografias, 2. Pesquisa bibliográfica planejamento contrapondo com as (leitura e reunião das Reconhecimento publicitário práticas informações sobre o atento institucionalizadas planejamento publicitário) do planejamento publicitário na percepção das agências do corpus Identificar os 1. Pesquisa de campo arquétipos que (recrutamento dos profissionais compõe, na aptos e disponíveis para percepção dos participarem da pesquisa) profissionais 1. Pesquisa 2.1. Entrevista entrevistados, o bibliográfica em universo do (delineamento profundidade planejamento do papel e do 2.2. Técnicas publicitário perfil dos projetivas institucionalizado em profissionais Profissionais suas agências de de planejamento planejamento publicitário do a partir de Reconhecimento mercado bibliografias) atento 2. Pesquisa de campo (delineamento do papel e do perfil dos profissionais das agências e suas relações com o planejamento) Quadro 1.2.2 – Microvisão: o reconhecimento atento no rizoma sob a perspectiva dos arquétipos Fonte: o próprio autor Destacamos nossa preocupação com o equilíbrio dos métodos nos três platôs, pois, como retrata o esquema, cada platô será desenhado a partir de dois métodos diferentes. Cada um dos métodos serviu de suporte para que realizássemos a coleta dos dados e déssemos forma à nossa pesquisa. Com isto, no capítulo Macrovisão: as práticas institucionalizadas do planejamento publicitário no rizoma, o leitor compreende o modo como realizamos a análise dos dados coletados e, consequentemente, a contribuição destes dados para a co nstrução dos platôs. No capítulo Microvisão: o reconhecimento atento no rizoma sob a perspectiva dos 34
  • 35. arquétipos, apresentamos a maneira como constituímos a lente arquetípica deste estudo e a forma como analisamos as técnicas projetivas. Como informamos previamente, estes quadros mostram, de maneira geral, a relação dos quatro métodos com os três platôs. Porém, conforme formos detalhando cada um dos métodos, apresentaremos o que chamamos de Mapa Metodológico: uma espécie de “você está aqui”, que destacará, com cores, somente o método em questão e o seu respectivo platô, com o objetivo de evitar que o leitor perca-se no meio de tantas informações novas. Desejo a todos uma boa jornada por nosso percurso metodológico. Figura 1.2.2 – Mapa Metodológico: métodos Fonte: o próprio autor 1.2.1. Análise documental A análise documental, como o próprio nome já diz, é um método que se preocupa em identificar e analisar documentos. Pode ser considerada tanto técnica quanto método, “método porque pressupõe o ângulo escolhido como base de uma investigação. Técnica porque é um recurso que complementa outras formas de obtenção de dados [...]” (MOREIRA, 2011, 35
  • 36. p.272). No entanto, referimo-nos a ela aqui como método. Além disto, a autora afirma que a análise documental trata-se, geralmente, de uma pesquisa qualitativa, já que verifica o conteúdo do material. Por ser um método que, na maior parte das vezes, trabalha com materiais cujas informações já foram reunidas, isto é, já estão prontas e disponíveis, podemos afirmar que as informações presentes nos documentos são secundárias: “as fontes da análise documental frequentemente são de origem secundária, ou seja, constituem conhecimento, dados ou informações já reunidos ou organizados” (Moreira, 2011, p.272). Neste sentido, a identificação e a análise de um relatório científico enquadra-se, portanto, no método em questão. Durante a disciplina de Fluxos de Agência, oferecida no sétimo 9 semestre pelo currículo do curso, realizamos um trabalho sob a orientação da professora Milena Carvalho Bezerra Freire de Oliveira-Cruz, com o objetivo de aproximar o mercado e a academia. O projeto, A publicidade e o consumo no mercado santamariense propunha a divisão da turma em trios. Cada trio ficou responsável por frequentar uma agência da cidade durante três manhãs. O critério para a seleção das agências foi a certificação das mesmas pelo Conselho Executivo de Normas Padões (CENP), que naquele período compunham um quadro de nove empresas. Elaboramos conjuntamente um questionário e um relatório de observação, ambos padronizados para todos os grupos. Também, procuramos incluir questões referentes a todas as áreas da agência, a relação desta com o cliente e com o mercado. As entrevistas foram realizadas diretamente com os proprietários, sendo que, em alguns casos, foi possível conversar também com alguns integrantes da equipe da agência. Levando em conta o problema desta pesquisa, um mapeamento das agências de Santa Maria fez-se necessário e é neste contexto que a análise documental se encaixa. A partir dos relatórios10 desenvolvidos na disciplina, conseguimos informações suficientes para eleger nossa amostra, embasar as técnicas utilizadas nos outros métodos e dar forma aos três platôs. Destacamos que, em troca da disponibilidade das agências e de sua equipe, foi entregue um relatório científico com embasamento teórico contendo as percepções do grupo, críticas e sugestões. A análise documental e, consequentemente, o mapeamento desenvolvido neste estudo aproveitou-se dos relatórios finais deste projeto, tais quais aqueles entregues para os proprietários das agências. 9 1º semestre de 2011. 10 Todos os projetos utilizados foram devidamente autorizados pelos autores. 36
  • 37. Conforme aponta o Mapa Metodológico, podemos observar que a análise documental está presente nos platôs agências de publicidade de Santa Maria e perspectivas teóricas e práticas do planejamento publicitário. É importante ressaltar que tanto a institucionalização quanto os arquétipos tensionam, desde agora, a coleta de informações: Figura 1.2.1.1 – Mapa Metodológico: análise documental Fonte: o próprio autor Tendo em vista a amostra utilizada neste estudo, o leitor deve compreender quais foram os critérios utilizados para selecioná-la. Pela análise documental, foram observadas nove agências, as quais foram enquadradas nos critérios que chamamos de ano, número de funcionários e planejamento. O quesito ano avaliou o tempo de existência da agência em Santa Maria e, consequentemente, sua tradição - optamos pelas mais tradicionais, por, possivelmente, terem maior experiência. Ao identificar o número de funcionários, levamos em conta a hipótese de que, provavelmente, aquelas com maior número de funcionários possuíam suas funções melhor distribuídas. Por fim, considerando que o planejamento era o objeto de nosso trabalho, o critério planejamento informou sobre as agências que possuíam um profissional específico para a área. Preferimos não revelar os nomes das agências, bem como de seus proprietários e funcionários. 37
  • 38. Agência Ano Nº de funcionários Planejamento Cravo 2009 15 SIM Gérbera 2002 4 NÃO Girassol - 6 NÃO Lírio 2007 8 NÃO 11 Margarida - - - Orquídea 2010 5 NÃO Rosa12 1993 10 NÃO Tulipa 1987 6 NÃO Violeta 1980 17 SIM 13 Quadro 1.2.1.1 – Critérios da amostra Fonte: o próprio autor A partir da análise dos critérios, engendra-se nosso corpus14: Cravo, Tulipa e Violeta. Como o leitor percebeu, utilizamos nomes de flores, de modo a preservar os nomes originais das agências. Retomando a metáfora apresentada no subcapítulo O processo cartográfico, como cartógrafos, somos, aqui, representados por um pássaro. Os passarinhos se relacionam ativamente com as flores, que aqui representam aquelas com as quais nos relacionamos profundamente: as agências. 1.2.2 Observação direta intensiva Para a construção do platô agências de publicidade de Santa Maria, além de utilizarmos o método análise documental, complementamos com o método observação direta intensiva. 11 O relatório da agência não foi disponibilizado. 12 A Rosa encaixa-se nos critérios estipulados para a amostra, entretanto, não estava disponível para a pesquisa no período estipulado. 13 O planejamento é executado por dois estagiários, portanto, não há orientação de um planejador efetivo para o setor. 14 Em virtude do tempo disponível para o desenvolvimento da pesquisa,optamos por pesquisar três agências somente. 38
  • 39. Figura 1.2.2.1 – Mapa Metodológico: observação direta intensiva Fonte: o próprio autor De acordo com Marconi e Lakatos (2010), a observação depende dos sentidos para obter informações, porém, “não consiste apenas em ver e ouvir, mas também em examinar fatos ou fenômenos que se deseja estudar” (MARCONI E LAKATOS, 2010, p.76). Neste sentido, durante nossos encontros, nas agências, procuramos observar certas situações que pudessem contribuir com a formação do platô, bem como com a relação dele com os outros dois métodos. A observação é muito importante no processo da investigação social, pois “[...] obriga o investigador a um contato mais direto com a realidade” (MARCONI E LAKATOS, 2010, p. 76). Com este método foi possível confirmar ou refutar algumas questões trazidas no relatório da análise documental, tendo em vista que a observação também foi um dos métodos utilizados para desenvolver tal relatório. As autoras apresentam diversos tipos de observações. Em suas próprias palavras, “na investigação científica são empregadas várias modalidades de observação, que variam de acordo com as circunstâncias” (MARCONI E LAKATOS, 2010, p. 77). Deste modo, entendemos que a modalidade mais apropriada para este estudo seria a observação assistemática (ou não estruturada), que também pode ser chamada de espontânea, informal, ordinária, simples, livre, ocasional ou acidental. Pelas nomenclaturas, já conseguimos compreender, de maneira superficial, o objetivo deste tipo de observação. Geralmente, este tipo de observação é mais utilizada em estudos exploratórios, uma vez que 39
  • 40. recolhe e registra os fatos da realidade sem meios técnicos ou perguntas diretas. Como afirma Rudio (1979), o conhecimento é obtido através de uma experiência casual. Sendo assim, concluímos que o sucesso do método depende do pesquisador, “de estar atento aos fenômenos que ocorrem no mundo que o cerca, de sua perspicácia, discernimento, preparo e treino, além de ter uma atitude de prontidão” (MARCONI E LAKATOS, 2010, p. 78). Outro fator imprescindível, destacado pelas autoras, é a fidelidade no registro das informações. Logo, ao ir às agências, estávamos sempre atentos aos fatos que pudessem ter alguma relação com as práticas institucionalizadas do planejamento publicitário e com os rastros arquetípicos, para a construção do platô agências de publicidade de Santa Maria. 1.2.3 Pesquisa bibliográfica A pesquisa bibliográfica é um método utilizado durante todo o processo de desenvolvimento do trabalho “que vai desde a identificação, localização e obtenção da bibliografia pertinente sobre o assunto, até a apresentação de um texto sistematizado, onde é apresentada toda a literatura que o aluno examinou [...]”. (STUMPF, 2011, p. 51). Contudo, o que apresentamos, neste subcapítulo, é a relação dos métodos com os platôs. Então, trataremos a pesquisa bibliográfica de um modo mais específico, ou seja, a que utilizamos para compor os platôs perspectivas teóricas e práticas do planejamento publicitário e profissionais de planejamento publicitário do mercado, como um complemento à análise documental, naquele, e à pesquisa de campo, neste. 40
  • 41. Figura 1.2.3.1 – Mapa Metodológico: pesquisa bibliográfica Fonte: o próprio autor Stumpf (2011) sublinha que a tradição oral deu lugar a uma tradição impressa, ou seja, a registros impressos, e estes permitiram a transmissão do conhecimento com mais precisão. Além disto, afirma que para o embasamento teórico, “alunos precisam conhecer o que já existe, revisando a literatura existente sobre o assunto” (STUMPF, 2011, p. 52). Confessamos que a bibliografia, em específico sobre planejamento, é escassa e, para compor o platô, contamos com a ajuda da Internet, que nos auxiliou na busca de obras referentes ao tema e até mesmo como mais uma fonte de informações. Seguem abaixo dois quadros, o primeiro refere-se às obras bibliográficas utilizadas, e o segundo, aos sites em que pesquisamos. A construção destes quadros levou em consideração partes do que Stumpf chama de fichamento do material. Segundo a autora, “o registro das anotações deve começar pela referência do documento que será lido”, deste modo, a tabela apresenta as referências 15 dos materiais consultados. Por fim, sabemos que, muitas vezes, desperdiçamos tempo com fontes e informações inadequadas para o objetivo da pesquisa. Neste sentido, “convém ainda delimitar o tema no tempo e no espaço, ou seja, definir o período e a área geográfica que vai estudar” (MACEDO, 15 Cada tipo de fonte possui seus devidos elementos referenciais: “para referenciar livros, devem-se anotar o (s) nome(s) do(s) autor(es), título, edição, local (cidade) de publicação, editora, ano de publicação; [...] e, para os documentos acessados via Internet, são anotados o site e a data em que o acesso foi feito” (STUMPF, 2011, p. 60). Tendo em vista que consultamos somente os livros e a Internet, não é preciso detalhar como referenciar as informações obtidas em outras fontes. 41
  • 42. 1994; SIERRA BRAVO, 1996, apud STUMPF, 2011, p. 55). Então, o método de análise das informações levantadas também auxilia na otimização do tempo e na qualidade da pesquisa. Stumpf defende a ideia de que, “após a leitura do material disponível, o pesquisador organiza uma seqüência de idéias lógicas para formar um quadro referencial teórico e conceitual” (STUMPF, 2011, p. 54), ou seja, a partir das informações absorvidas da pesquisa bibliográfica e do objeto de estudo, o pesquisador deve eleger os conceitos mais apropriados e desenvolvê- los. Autor Título Edição Local Editora Ano Al Ries e Jack Posicionamento, a batalha por sua Pearson 4ª São Paulo 2005 Trout mente Education 1ª Alan Cooper Como planejar a propaganda São Paulo Talento 2006 Pioneira Armando Propaganda: teoria, técnica e prática 1ª São Paulo Thomson 2002 Sant‟Anna Learning Edison Beneti, Julio Ribeiro, Tudo o que você queria saber sobre Walter Longo, propaganda e ninguém teve paciência 4ª São Paulo Atlas 2008 Magy, Sergio para explicar Dias e Vera Aldrighi Rio de Jon Steel A arte do planejamento 2ª Campus 2006 Janeiro Julio Ribeiro Fazendo acontecer.com.br 1ª São Paulo Saraiva 2009 Neusa Demartini Porto Publicidade: comunicação persuasiva 1ª Sulina 2003 Gomes Alegre Rio de Rafael Sampaio Propaganda de A a Z 7ª Campus 1999 Janeiro Roberto Corrêa Planejamento de propaganda 10ª São Paulo Global 2008 Zeca Martins Propaganda é isso aí! 1ª São Paulo Futura 1999 Quadro 1.2.3.1 – Bibliografias sobre planejamento publicitário Fonte: o próprio autor Documento/pesquisa Site Data de acesso Matriz dos papéis do www.slideshare.net/bruno.araldi/planejamento-publicitrio-2- 25/09/2011 planejamento 3527912 Pesquisa de obras www.grupodeplanejamento.com.br 08/08/2011 Quadro 1.2.3.2 – O planejamento publicitário na Internet Fonte: o próprio autor 42
  • 43. 1.2.4 Pesquisa de campo A pesquisa de campo é um termo muito utilizado pelas agências de propaganda e, embora seja um método aplicado em pesquisas de mercado, este é composto por técnicas que possuem origem na pesquisa científica 16. Assim, informamos que o rigor científico das técnicas permanece, porém, apropriamo-nos da nomenclatura mercadológica para uma melhor organização. Na realidade mercadológica, a pesquisa de campo permite compreender o comportamento do consumidor em seus contextos através da observação direta: “a pesquisa de campo é conduzida fora da agência (isto é, em “campo”), geralmente em domicílio ou no local de consumo” (O‟GUINN, ALLEN E SEMENIK, 2008, p. 203). Os autores reforçam a importância da imersão do pesquisador no universo do entrevistado, afinal, “os consumidores vivem vidas reais e seu comportamento como consumidores está ligado inteiramente a essa realidade” (O‟GUINN, ALLEN E SEMENIK, 2008, p. 203), ou seja, o entrevistado deve sentir-se à vontade, e é papel do pesquisador provocar empatia para que tudo ocorra da forma mais natural possível. Ao visualizar o Mapa Metodológico, o leitor entende que a pesquisa de campo, juntamente com a pesquisa bibliográfica, está alocada no platô profissionais de planejamento publicitário do mercado: 16 “Tipicamente, o estudo de campo focaliza uma comunidade, que não é necessariamente geográfica, já que pode ser uma comunidade de trabalho, de estudo, de lazer ou voltada para qualquer outra atividade humana. No estudo de campo, o pesquisador realiza a maior parte do trabalho pessoalmente, pois é enfatizada a importância de o pesquisador ter tido ele mesmo uma experiência direta com a situação de estudo” (GIL, 2007, p. 53). 43
  • 44. Figura 1.2.4.1 – Mapa Metodológico: pesquisa de campo Fonte: o próprio autor Levando em conta o que O‟Guinn, Allen e Semenik definiram sobre o método, podemos fazer uma adaptação: os profissionais de planejamento são os consumidores, e nós, os pesquisadores. Com isto, assim como existe a preocupação com a espontaneidade do consumidor, precisamos tomar algumas decisões para garantir que nossos entrevistados sintam-se à vontade e colaborem com a qualidade dos resultados da pesquisa. Tais decisões dizem respeito ao local do encontro escolhido para a investigação, vestuário e equipamentos utilizados pelo pesquisador, termo de compromisso assinado pelos entrevistados e tipos de técnicas aplicadas. O lugar que nos pareceu mais propício para a investigação sobre o profissional de planejamento foi o seu local de trabalho, já que o planejamento era o tema da conversa. Assim, os encontros foram realizados nas agências. Para existir empatia, até mesmo a maneira que o pesquisador se veste pode influenciar. Sendo assim, a escolha das roupas esteve de acordo com o contexto do entrevistado. Além disso, ao gravar uma entrevista, depende-se de equipamentos eletrônicos e, por isto, é importa nte verificar sua funcionalidade para não ocorrerem situações constrangedoras. Um termo de compromisso que explique os objetivos do trabalho e informe ao entrevistado que seus dados serão mantidos no anonimato é imprescindível para o bom andamento da pesquisa. Por fim, devemos entender à realidade de nossos entrevistados para escolher as técnicas mais adequadas. É claro que não existem técnicas prontas para cada tipo 44
  • 45. de situação, então, é ofício do pesquisador adaptá-las, evitando um desgaste do entrevistado por conta de técnicas inapropriadas. Logo, utilizamos dois tipos de técnicas, ambas de metodologia qualitativa: a entrevista em profundidade e as técnicas projetivas, provenientes do campo da psicologia. A análise documental, a observação indireta e a pesquisa de campo indicaram rastros arquetípicos na percepção das práticas institucionalizadas do planejamento publicitário nos livros e nas agências do corpus. Já a pesquisa de campo revelou, de fato, quais arquétipos constituem o universo do planejamento publicitário institucionalizado nas agências pesquisadas na percepção dos profissionais do mercado. Com isto, definimos uma espécie de pergunta-guia para orientar nossa pesquisa de campo: quais são os arquétipos que compõe m o plane jamento publicitário institucionalizado, nas agências, na percepção dos profissionais do mercado? Para aplicação das técnicas, que formaram nossa pesquisa de campo, dividimos o método em duas etapas, que foram realizadas em dois dias, já que as técnicas do primeiro dia foram essenciais para a formulação e aplicação da técnica do segundo. Segue abaixo o roteiro de nossa pesquisa de campo e, mais adiante, o detalhamento de cada atividade: Entrevista em profundidade Dia 1 Técnica projetiva de completar palavras Dia 2 Técnica projetiva do baralho de imagens Quadro 1.2.4.1 – Etapas da pesquisa de campo Fonte: o próprio autor De acordo com um esquema proposto por Malhorta (2005), intitulado Uma classificação dos procedimentos da pesquisa qualitativa, os procedimentos da pesquisa qualitativa são classificados como diretos ou indiretos e, segundo a autora, esta classificação é feita “com base na consciência que os entrevistados têm sobre o verdadeiro propósito do objeto” (MALHORTA, 2005, p. 115). Na abordagem direta, o entrevistado sabe os reais objetivos da pesquisa, porque “a abordagem direta não é disfarçada” (MALHORTA, 2005, p. 115). As duas principais técnicas da abordagem direta apresentadas pela autora são a entrevista em profundidade e as discussões em grupo (grupo focal). Já a abordagem indireta é o oposto, porque ela “disfarça o verdadeiro propósito do projeto” (MALHORTA, 2005, p. 45
  • 46. 115) e sua melhor representante é a técnica projetiva. Embora as abordagens tenham características contrastantes, isto não rejeita a possibilidade de uma complementar a outra. Figura 1.2.4.2 – Uma classificação dos procedimentos da pesquisa qualitativa Fonte: Malhorta, 2005, p. 116. Organização: o próprio autor 1.2.4.1 Técnicas utilizadas 1.2.4.1.1 Entrevista em profundidade A entrevista em profundidade é uma técnica qualitativa com abordagem direta que, conforme vimos no esquema de Malhorta, revela o propósito da pesquisa. Desta forma, utilizamos esta técnica para tratar de questões mais direcionadas ao planejamento publicitário, sem dar indicações das questões arquetípicas que desejamos explorar. A busca de informações é um processo, e inicia muito antes da entrevista em si, “a entrevista em profundidade é um recurso metodológico que busca, com base em teorias e 46
  • 47. pressupostos definidos pelo investigador, recolher respostas a partir da experiência subjetiva de uma fonte” (DUARTE, 2011, p. 62), quer dizer, a busca por essas respostas iniciam desde o momento em que se começa o projeto de pesquisa. Dessa maneira, para que nós atingíssemos o real objetivo deste estudo, nossa base teórica deveria estar muito bem desenvolvida. Para tanto, foi imprescindível estar com os conceitos de cartografia, institucionalização, arquétipos e planejamento publicitário muito claros. Duarte (2011) evidencia que a entrevista em profundidade é uma pseudoconversa baseada em um quadro conceitual previamente definido. Em razão disto, é “uma técnica dinâmica e flexível, útil para apreensão de uma realidade tanto para tratar de questões relacionadas ao íntimo do entrevistado, como para descrição de processos complexos nos quais está ou esteve envolvido” (DUARTE, 2011, p. 64). Logo, mostrou-se a técnica mais adequada para entendermos o contexto do planejamento publicitário em Santa Maria. Em um quadro, Duarte (2011) propõe as tipologias em entrevistas. Não explicaremos cada tipo, somente aqueles em que a técnica utilizada se encaixa. Pesquisa Questões Entrevista Modelo Abordagem Respostas Não- Aberta Questão central estruturadas Em Qualitativa Indeterminadas Semi- profundidade Semi-aberta Roteiro estruturadas Quantitativa Estruturadas Fechada Questionário Linear Previstas Quadro 1.2.4.1.1.1 – Modelo de tipologia em entrevista Fonte: Duarte, 2011, p. 65. Organização: o próprio autor Toda entrevista em profundidade é qualitativa – em sua totalidade ou em partes-, uma vez que trabalha com a subjetividade do entrevistado. Optamos por fazer uma entrevista semi - aberta, isto é, com um roteiro de questões semi-estruturadas, que serve como um orientador e não como um limitador, onde o roteiro é utilizado para evitar o esquecimento ou tangenciamento do tema. Duarte (2011) nomeou tais questões de questões-guia, e afirmou que a lista de questões que se origina do problema de pesquisa busca entender as especificidades do tema. Por isto, as perguntas devem ser feitas da maneira mais aberta possível. 47
  • 48. Refletindo a partir dos aspectos cartográficos, é impossível não relacionar estes a entrevista em profundidade. A técnica é bastante apropriada para um procedimento teórico- metodológico, no qual os elementos-chaves são a subjetividade, a fluidez e a liberdade. Neste sentido, “o pesquisador faz a primeira pergunta e explora ao máximo cada resposta até esgotar a questão” (DUARTE, 2011, p. 66). O leitor percebe a responsabilidade do pesquisador em uma entrevista deste tipo? Como afirma Malhorta, “[...] o sucesso das entrevistas de profundidade está na habilidade do entrevistador”. (MALHORTA, 2005, p. 120). Além destas informações, o autor explica como deve ocorrer a construção do roteiro. De acordo com ele, o roteiro, frequentemente, é composto de quatro a sete questões-centrais ou questões-chave, isto é, que podem ser desmembradas em outros tópicos até esgotar o assunto de que tratam: “o roteiro exige poucas questões, mas suficientemente ampl as para serem discutidas em profundidade [...]”.(DUARTE, 2011, p. 66). Complementando estas sugestões com nosso embasamento teórico e com o objetivo da pesquisa, definimos as categorias (no capítulo 4 desenvolvemos o conceito categorias) nas quais enquadramos as respostas dos entrevistados e, a partir delas, produzimos o roteiro: Figura 1.2.4.1.1.1 – As categorias e o roteiro Fonte: o próprio autor 48