Este documento descreve a tetrodotoxina (TTX), uma potente neurotoxina encontrada em peixes como o baiacu e o fugu. A TTX bloqueia a propagação do potencial de ação nas células nervosas, causando paralisia muscular e podendo levar à morte em doses muito baixas. Os sintomas de intoxicação incluem dormência, parestesia e descoordenação motora. O tratamento envolve suporte de funções vitais e remoção da toxina do estômago com lavagem gástrica ou
3. O que é tetrodotoxina ?
A Tetrodotoxina é uma potente toxina marinha
e esta sua designação deriva da ordem dos
tetraodontiformes. É vulgarmente encontrada
nos baiacus, um peixe desta ordem.
Esta toxina encontra-se também noutras
espécies marinhas como góbios, peixes-
papagaio, escalares, polvos-de-anéis-azuis e
estrelas do mar.
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4. A Tetrodotoxina (TTX)
Esta toxina apresenta relevância nas doenças de origem
alimentar e os envenenamentos que provoca são
considerados um problema de Saúde Pública em alguns
países, sobretudo nos asiáticos onde o peixe-balão é
considerado uma iguaria gastronómica.
No Japão, o Fugu é um prato muito apreciado mas muito
perigoso quando mal preparado.
Apenas cozinheiros especializados têm autorização para
preparar este prato devido ao cuidado necessário para a
remoção das vísceras (onde a tetrodotoxina se encontra
concentrada).
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5. Um pouco da sua história...
A tetrodotoxina (TTX) é uma das mais
intrigantes toxinas naturais isolada e descrita
no século XX. Foi assim denominada por ter
sido isolada pela primeira vez num peixe da
ordem Tetrodontiformes.
Tetrodotoxina é também o principal
ingrediente utilizado por "mestres"de Voodoo,
no Haiti, para criar "Zumbis".
Y. Kishi
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7. Características TTX
Fórmula: C11H17N3O8
Peso Molecular: 319, 27
Ponto de Fusão: 220ºC
Solubilidade: Solúvel em ácido acético diluído; Ligeiramente
solúvel em água, éter e etanol; praticamente insolúvel noutros
solventes orgânicos.
Toxina termo estável e não proteica 7
8. Ocorrência na natureza
A TTX é uma potente neurotoxina que se encontra
presente no peixe-balão ou fugu e cuja toxicidade já
era conhecida pelos Egípcios (2500 AC).
Encontrada : Geograficamente, os envenenamentos
por esta toxina estão quase exclusivamente
associados ao consumo de peixes-balão das regiões
do oceano Índico e Pacífico. Há no entanto casos de
envenenamento no Oceano Atlântico, Golfo do
México, Golfo da Califórnia.
A tetrodotoxina não se altera com a temperatura e
nem pode ser destruída com as altas temperaturas
de um cozinhado.
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9. Imagem 2 : Vísceras de peixe-balão - local de acumulação da TTX
Imagem 1 : Víscera azul do peixe
Baiacus
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10. Toxicidade
A toxicidade da TTX resulta
do bloqueio da propagação do
potencial de ação, das células
nervosas, do qual resulta uma
paralisia muscular.
A TTX atua nos sistemas
nervoso central e periférico,
estimula a ativação de
quimiorreceptores e provoca
depressão dos centros
respiratórios e
vasomotores. A dose
tóxica de TTX em humanos é
muito baixa,
aproximadamente 1 mg.
Doente com suporte respiratório
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11. Toxicidade
A TTX é 10 a 100 vezes mais mortal do que o veneno
de uma aranha viúva negra quando administrada a
ratos, e mais de 10000 vezes mais mortal que o
cianeto.
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12. Sintomas
Os sintomas relativos à intoxicação por tetrodotoxina são
diversos, sendo que existe uma classificação destes mesmos
sintomas em diferentes graus conforme a sintomatologia
apresentada.
O grau 1: é caracterizado por dormência na região peri-oral,
parestesias, e por vezes sintomas gastrointestinais.
O grau 2 : apresenta sintomas, tais como: dormência da face e de
outras zonas, parestesias, paralisia das extremidades,
descoordenação motora, discurso arrastado e reflexos normais.
O grau 3: incluem descoordenação muscular, afonia, disfagia,
dispneia, cianose, diminuição da pressão sanguínea, dilatação das
pupilas; no entanto o indivíduo ainda se encontra consciente.
O grau 4: a sintomatologia apresentada é de hipóxia, falência
respiratória, hipotensão severa, bradicardia e arritmias cardíacas.
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13. Representação de alguns sintomas apresentados
por indivíduos expostos a TTX
O início dos sintomas acontece frequentemente às 6 horas, no
entanto alguns pacientes apresentam as primeiras manifestações
após 20 horas da ingestão do peixe contaminado.
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14. Tratamento
O diagnóstico é realizado principalmente através da
sintomatologia apresentada pelo doente, bem como do seu
historial recente de alimentação, o tratamento foca-se
essencialmente na cura destes sintomas.
A linha de ação do tratamento passa pela observação e
monitorização cuidada dos efeitos clínicos de forma a que a
insuficiência respiratória e a falência cardíaca sejam
adequadamente tratadas. A admissão da vítima na unidade
de cuidados intensivos é requerida para os casos de
intoxicação moderada e severa, para prevenir complicações
relacionadas com efeitos cardiovasculares, falência
respiratória e coma.
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15. Tratamento
O doente poderá precisar de intubação endotraqueal para
oxigenação e proteção no caso de fraqueza muscular com
falência respiratória. A disfunção cardíaca pode ser
prevenida com administração intravenosa (IV) de fluidos,
vaso constritorese e antiarrítmicos.
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16. Tratamento
A remoção da TTX do estômago é outra medida a tomar e deve
ser feita usando os métodos normalmente utilizados em
toxicologia. As lavagens nasogástricas ou orogástricas são
eficazes teoricamente, mas podem ficar dificultadas pela
aspiração e por danos no esófago.
A administração de carvão ativado é recomendada para todos os
doentes sintomáticos nos primeiros 30 minutos após a ingestão
de TTX, porque absorve a toxina que ainda permanece no
estômago (1g de carvão ativado absorve 100-1000mg de TTX).
O tratamento apenas ajuda a reverter os sintomas, já que não se
descobriu ainda um antídoto eficaz contra a TTX.
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17. Dicas para o pública:
1. Não consuma peixe obtido através de pesca
não autorizada.
2. Evite comprar ou amanhar baiacus ou
qualquer outro tipo de peixe que desconheça.
3. Se pretender comer baiacu num restaurante,
assegure-se que os cozinheiros são devidamente
treinados e qualificados para tal.
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