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O PAPEL DA IGREJA CATÓLICA NA CONVERGÊNCIA
                    DIGITAL


Sumário


Introdução .......................................................................................................... 3
O Papel Da Igreja Católica Na Convergência Digital ......................................... 3
A missão da Igreja .............................................................................................. 4
Convergência digital ........................................................................................... 5
A mãe Igreja, ou a Empresa eclesial? ................................................................ 7
A prática digital ................................................................................................... 8
As lutas contra Leviatã ..................................................................................... 10
Por que Leviatã? .............................................................................................. 11
A situação Atual ............................................................................................... 13
Conclusão ........................................................................................................ 14




INTRODUÇÃO

         Neste trabalho vamos expor a missão da Igreja que está intimamente
ligada ao seu incentivo para adentrar no mundo dos meios de comunicação.
Serão apontados muitos problemas que a Igreja encontra enquanto instituição
sacramentalizada, e por isso abordaremos os temas tanto no âmbito doutrinal,
como na aplicação pastoral de suas ações para a evangelização através dos
instrumentos midiáticos.
         Optamos por definir a intenção da Igreja ao abordar o tema da
convergência digital, que por sinal difere em todos os sentidos, de todos os
usos fitos pelo mundo secular, e também exploramos os termos “convergência”
e “digital” para esclarecer os aspectos facilitadores da tecnologia e sua
influência dentro da Igreja.




                                                                                                                     3
Por último, mas não menos importante, nós desenvolvemos as
dificuldades referentes ao “super desenvolvimento” tecnológico que refletido e
abordado nos meios de comunicação que não pertencem somente a Igreja,
mas são dificuldades do humano em nível geral. Apontamos também os
aspectos positivos e negativos do efeito da convergência digital e re-colocamos
o homem no centro da responsabilidade ao lidar com tais instrumentos de
comunicação.


A MISSÃO DA IGREJA

       Para compreendermos a atuação e também as dificuldades que a Igreja
de hoje enfrenta ao se deparar com a questão da comunicação, temos que
perceber a intuição que a move. Se a Igreja hoje necessita mais do que nunca
de uma comunicação eficaz, é por que ela vê nas comunicações uma
necessidade    a   ser     preenchida        e    uma   condição    essencial     para    o
desenvolvimento do próprio Evangelho.

       A Igreja não pretende apenas comunicar ou ser objeto de comunicação,
o princípio a ser manifestado é a utilização dos meios de comunicação, sejam
eles   quais   forem,     para    que    o       Evangelho   seja    anunciado.     Assim
compreendemos sua demanda missionária fundada num ideal bíblico: “Ide por
todo o mundo, proclamando a boa notícia a toda a humanidade” (MC 16; 15).

       Por isso desde já adiantamos que a nossa abordagem a respeito do
papel desta instituição em relação à comunicação trará subjacente tais efeitos
a priori, que confluênciará em todos os aspectos ideais da mesma.

       Se a missão da igreja é anunciar sua mensagem e é nisto que consiste
sua finalidade, entende-se desde já que todos os meios comunicativos terão
um aspecto de instrumental e social de grande impacto.

                        Entre as maravilhosas invenções da técnica que, sobre tudo no nosso
                        tempo, a inteligência humana, com o auxílio de Deus, desprendeu
                        das coisas criadas a santa mãe Igreja com especial solicitude acolhe
                        e promove aquelas que de preferência dizem respeito ao espírito do
                        homem e abriram novos caminhos para a fácil comunicação de toda
                        espécie de informações, idéias e ensinamentos. Entre essas
                        invenções sobressaem os meios que, por sua natureza, são capazes
                        de atingir e movimentar não somente os indivíduos mas toda a

                                                                                          4
sociedade humana, como a imprensa, o cinema, o rádio, a televisão,
                        e outra invenção deste gênero, que por isso mesmo podem ser
                        chamadas de comunicação social. (Inter Merifica, vat. II, Paulus,
                        2007, p. 88, cap. I, par. 02).

       A final, por que a Igreja se submete, ou adere a tais meios de
comunicação? A resposta é curta e aparentemente insignificante. O mundo
sofre hoje um processo de Globalização, onde todos os sistemas, devido ao
desenvolvimento tecnológico, estão interligados interados a velocidade
instantânea. E para defender tal questão não precisamos de um “doutorado” no
assunto, apenas uma percepção apurada já nos indica que o mundo está
essencialmente organizado numa “cadeia de comunicação instantânea”, e
quem não se localizar será lançado para fora.

       É por isso que a Igreja tenta estar presente no mundo digital, pois nos
tempos atuais, ela depende muito de tais recursos para alcançar sua meta
missionária.

       É percebendo a necessidade da Igreja de “ressuscitar” no mundo atual
que o Papa Bento XVI escreveu:

                        Ora, aos presbíteros é pedida a capacidade de estarem presentes no
                        mundo digital em constante fidelidade à mensagem evangélica, para
                        desempenharem o próprio papel de animadores de comunidades,
                        que hoje se exprimem cada vez mais frequentemente através das
                        muitas <<vozes>> que surgem do mundo digital, e anunciar o
                        Evangelho recorrendo não só as mídias tradicionais, mas também ao
                        contributo da nova geração de audiovisuais (fotografia, vídeo,
                        animações, blogues, páginas na internet) que representam ocasiões
                        inéditas de diálogo e meio úteis inclusive para a evangelização e a
                        catequese. (Bento XIV, 44° Dia Mundial das Comunicações Sociais,
                        Paulus, 2010, p.5).



       Assim a Igreja se vê impelida na obrigação missionária que implica
numa “Epipháneia” (epifania), ou, manifestação através do uso da Palavra1 por
realizar uma dicotomia da cultura, no atual mundo digital.

       Subentende-se que se a missão desta instituição é anunciar sua
mensagem, ela já não o pode fazer sem o auxilio dos meios de comunicação, e
ainda mais, sem desenvolver adequadamente uma convergência digital.


1
 Aqui o sentido Do termo Palavra, difere do uso comum, ele significa toda a complexidade da
mensagem cristã. (Sagradas Escrituras, Tradição, Magistério).

                                                                                         5
CONVERGÊNCIA DIGITAL

       Até o presente momento enfatizamos o papel da Igreja na sociedade e
os intuitos que a movem em direção à tentativa de buscar se utilizar de meios
de comunicação social. Agora queremos expor aos leitores o que entendemos
por convergência digital, isso será feito de maneira sucinta, para melhor
compreensão da relação existente entre a Igreja e o mundo digital.

       Convergir significa caminhar em direção a um mesmo ponto. Pode ser
entendido como sinônimo de confluência, de reunião, ponto de encontro, ou até
destino obrigatório.

       Já o conceito de digital vai além da simples definição daquilo que
entende tal conceito como algarismo, ou como aplicação matemática em ordem
binária, como por exemplo, todo o sistema lógico-matemático encontrado nos
computadores.

       A nossa utilização do termo digital é mais abrangente do que a relação
entre verdadeiro e falso, numa soma de combinações, o que entendemos como
digital é tudo aquilo que está disponível ao nível de tecnologia, de tal maneira,
que se faz acessível ao mundo global da comunicação. (televisão, rádio, jornal,
e meios eletrônicos em geral). O que pretendemos ao definir digital é incluir
tudo o que pode ter acesso, devido ao desenvolvimento tecnológico que nos
encontramos.

       Por isso, quando dizemos convergência digital temos um termo
vislumbrado no outro e inseparável, para significar um fenômeno de nosso
século, onde, por exemplo, podemos de um mesmo aparelho, ter acesso a tudo
                                          2
o que se faz disponível em Rede,              Assim, se um indivíduo tem um aparelho
celular, ele pode ter acesso a todos os meios de comunicação sem
necessariamente precisar se deslocar, ou ainda, em completo movimento de
deslocação.




2
  “Rede” é tudo o que entendemos como relação de comunicação em tempo real, como por exemplo, a
Internet, e todos os aparelhos audiovisuais.

                                                                                             6
A convergência digital, em suma, é a capacidade de ter acesso de tudo,
ou ao menos, de uma variedade grandiosa de informações, convergida em um
único ponto, ou em um único aparelho tecnológico. Aqui se faz verdade a frase
que diz: “A minha casa não pode ser todo o mundo, mas todo o mundo pode
estar dentro da minha casa!” É a esse efeito que atribuímos todo o
desenvolvimento dos termos desenvolvidos acima.


A MÃE IGREJA, OU A EMPRESA ECLESIAL?

        Quando analisamos o papel de uma instituição na comunicação social,
temos que perceber um caminho dialético, onde muitos pontos podem se
chocarem. Assim acontece com a Igreja quando não ocorre uma distinção
interna. Para ilustrar tamanha dificuldade, imaginemos uma empresa de
“pequeno porte”, onde são distribuídas várias funções, onde há funcionários e
estes respondem a um responsável, que por sua vez responde ao diretor, e
este aos donos desta mesma empresa. Neste contexto percebemos uma
relação hierárquica, onde há responsabilidades profissionais, remuneração
devida, e ainda, um “efeito secular” 3 no desenvolvimento de todo o sistema.

        Subentendemos então, a necessidade real para o bom desenvolvimento
de qualquer instituição, e isso por excelência no campo da convergência digital,
a necessidade de agir com o intuito de ser auto sustentável, de ter condições
estruturais para competir, e ainda, ter um caráter extremamente capitalista no
sentido de possíveis investimentos e aprimoramentos, para acompanhar o
desenvolvimento histórico.

        Uma das maiores dificuldades da instituição católica é fazer a distinção
entre o “estado secular” e a “sacralidade do fiel”.

        Ou um fiel é filho da mãe Igreja e é tratado como tal, ou ele é um
funcionário da instituição da qual trabalha. O fato aqui seria simples se não


3
 Este efeito é secular e no sentido de haver um clima, uma organização totalmente mundana, onde não
se empreende aspectos sagrados, ou importâncias que vão além do nível profissional. Por exemplo, se
um patrão necessitar despedir um empregado, ele não irá se basear na vida “externa” do mesmo, na
quantidade possível de filhos, nas contas a pagar deste funcionário. O patrão vai despedir aquele que
mais lhe convém, e sua decisão será baseada em princípios funcionais e não “caridosos”.

                                                                                                   7
fosse os casos onde o funcionário é fiel e fielmente é um funcionário, a
problemática está no ato de definir uma mesma instituição em dois pólos
distintos, a Igreja e a Empresa Eclesial. 4

        Levando em conta tantas divergências da práxis, a questão que
perpassa o leitor deveria ser: Se para a Igreja, ter “sucesso” e eficácia no nível
de desenvolvimento das comunicações, significa em última instância agir
necessariamente como uma empresa, tendo que distinguir entre fiel e
funcionário, a sua mensagem não estaria sendo comprometida? Se para
acompanhar o desenvolvimento das comunicações, ela, a igreja necessita
abandonar, ainda que parcialmente alguns de seus princípios religiosos, para
ela que adentrou neste mundo para anunciar uma Verdade imutável e
coerente, não estará traindo seu ideal inicial? Eis a questão!


A PRÁTICA DIGITAL

        Sabemos que o mundo digital é um lugar de muitos desafios, onde os
ciberespaços são um desafio para a Igreja, que como instituição se submeter e
penetrar. O mundo digital deve ser evangelizado!

        Contudo se estabelece diante da questão uma problemática que
caminha num linear dialético, onde, ao mesmo tempo em que a Igreja deve
estar preparada para adentrar em tal mundo, ela deve também ser parte deste
mundo digitalizado, onde as pessoas terão acesso. Literalmente temos dois
lados de uma mesma moeda.

        Num primeiro instante temos o apelo dos lideres religiosos que
apressam em orientar toda a Igreja a fazer parte deste mundo digital, se
utilizando de seus meio tecnológicos, para difundir a moral e a doutrina sacra
da instituição, assim:

4
  Reparemos que a grande dificuldade da Igreja não está no fato de ter funcionários e tratá-los como tal,
mas sim na incoerência de sua mensagem (anuncio e vivência do Evangelho) quando ela se submete,
por exemplo, a demitir um funcionário para contratar outro mais eficiente e barato. Tendo em vista que
o primeiro funcionário também é seu filho espiritual, passa por necessidades físicas e financeiras de
grande importância. A questão é: O que fazer? Neste ponto ou a Igreja é Empresa e deixa de agir
segundo seus vários princípios religiosos, ou permanece com um funcionário (ou fiel, pois a está altura
já não é fácil tal distinção) que do ponto de vista empresarial não é conveniente.

                                                                                                       8
Procurem todos os filhos da Igreja, em unidade de espíritos e
                     intenções, que os instrumentos de comunicação social sejam
                     empregados, sem a menor dilação e com máximo empenho, nas
                     múltiplas obras de apostolado tal como exigem as realidades e as
                     circunstâncias do nosso tempo (...) Apressem-se, pois os sagrados
                     pastores a cumprir neste campo a sua tarefa, que está intimamente
                     ligada ao seu dever ordinário de pregação. Também os leigos que
                     usam tais instrumentos procurem dar testemunho de Cristo
                     particularmente desempenhando os respectivos deveres com
                     competência e espírito apostólico, e ainda, segundo suas
                     possibilidades, colaborando diretamente na ação pastoral da Igreja,
                     com seu contributo técnico, econômico, cultural e artístico. (Inter
                     Merifica, vat. II, Paulus, 2007, p. 94, cap. II, par. 02).




      A orientação é clara e teoricamente bem declarativa de intenção, todos
devem enquanto instituição católica procurar se utilizar, ou ainda, adentrar no
íntimo do desafio de se fazer parte (como Igreja) deste mundo atual de mídias.

      Este primeiro aspecto, o de adentrar nas mídias é menos delicado tendo
em vista uma aplicação de nível orientador aos seus fiéis, pois muitos dos fiéis
já estão, ou, já fazem parte do mundo midiático. A problemática complexada
acontece no sentido oposto, quando a Igreja enquanto instituição deve fazer-se
mídia para que os fiéis possam ter acesso a Igreja enquanto mundo digital.

      O outro aspecto que por sinal se faz mais delicado é a capacidade e o
empenho da Igreja em disponibilizar a evangelização pelos meios de
comunicação.

      Primeiro temos a falta de formação e preparo de dentro da Igreja para
atender a demanda dos fiéis, depois percebemos a deficiência do conteúdo
disponibilizado (aqui subjaz a dificuldade da transmissão de tal conteúdo) que
na maioria das vezes não corresponde com a atratividade que se exige e não
se encaixa com a dinamicidade desses novos meios de comunicação, e por
fim, temos a falta de profissionalismo na realização e na aplicação do
evangelho no mundo digital.

      No entanto não negamos o empenho, ainda que não suficiente, da Igreja
em tais aspectos, apenas apontamos que estamos longe daquilo que deveria
ser o ideal. Indicamos de maneira otimista, por exemplo, o desenvolvimento
das mídias no Brasil, que dizem respeito ao catolicismo.


                                                                                      9
Segundo o próprio assessor de imprensa da CNBB, o Padre Geraldo
Martins: "Não é possível, hoje, ficar fora da convergência das mídias. A Igreja
também quer seguir este caminho porque entende que, desta forma, a
possibilidade de fazer chegar a informação para todos é muito mais segura", e
ainda: “"O Twitter lançado pela CNBB é uma prova do quanto a Igreja
reconhece a força das novas tecnologias e de sua importância na
evangelização".5

        Aqui percebemos uma prática atual da Igreja, que mesmo longe de
alcançar o ideal, está sem dúvida buscando lentamente corresponder as
necessidades de comunicação desta época.



AS LUTAS CONTRA LEVIATÃ


        Explorando de maneira análoga o nome e as “qualidades” de Leviatã 6,
nós o transformaremos no monstro da convergência digital e seu caráter
ambíguo, sua influência no mundo de hoje, e muitas das catástrofes heróicas
que ele tem realizado. Então a partir de agora, quando nos referirmos a
Leviatã, estaremos indicando todo o “fenômeno da convergência digital”, e
seus efeitos tecnológicos.

        Antes de aprofundarmos propriamente no que diz respeito a Leviatã,
deixamo-nos mais um aspecto esclarecido, nós vamos dar um salto para além
do âmbito clerical que até aqui tratamos, designando as complexidades que
não estão somente no meio eclesial, e perpassaremos para um pertencer de
toda a humanidade presente em nossos dias, no que diz respeito as
conseqüências da evolução tecnológica, mais especificamente no fenômeno


5
  Conteúdo acessado no site: http://www.gaudiumpress.org/view/show/11781-conferencia-nacional-
dos-bispos-do-brasil-cnbb-lanca-seu-proprio-twitter- em 07/11/2010.
6
   Leviatã é citado na Bíblia, mais especificamente no livro de Jó, no cap. 40 – 41. Este nome designa
propriamente um monstro do caos primitivo, que se pensava viver permanentemente no mar, ele trás
em si o sentido daquele que foi vencido por Iahweh, sendo um tipo de potência hostil contra Deus.
Segundo o autor ao se referir a tal monstro ele diz: “Os músculos de sua carne são compactos, são
sólidos e não se movem. Seu coração é duro como rocha, sólido como uma pedra molar. A espada que o
atinge não resiste, nem a lança, nem o dardo, nem o arpão. O ferro para ele é como palha, o bronze,
como madeira carcomida. (vers. 15 -20).

                                                                                                   10
ocorrido no mundo digital. Assim nos limitaremos em apontar dificuldades e
ajudas do mesmo, em um nível mais universal.


POR QUE LEVIATÃ?

       Leviatã traz de maneira analógica todas as características e qualidades
boas e ruins que podemos encontrar no mundo paralelo das mídias.

       O Leviatã é um monstro que todos temem, embora não o conheçam eles
sabem que ele existe e não têm domínio sobre ele, este monstro aparece
misteriosamente.

       O efeito que a tecnologia causou sobre os homens é semelhante, nós
nos vemos diante de técnicas que nem conhecemos, somos constantemente
assombrados com o terror das mídias, tanto em seus efeitos como a
globalização, nós temos acesso a tudo de modo instantâneo, e o que fazemos
com tamanha informação? Será que estamos preparados, para em tão pouco
tempo, desenvolvermos de “pombos” a “Internet banda larga”? Perguntamos
ainda, nós temos controle da mídia? Quem tem? Muitas vezes somos
engolidos e convergidos pelo efeito “exposição”, onde somos explorados em
nossas intimidades a todo tempo. Basta querer comprovar e perceber o quanto
as pessoas se expõem em sites como “Orkut”, “Face book”, “Twitter”, sites
sociais, ou será anti-pessoais?

       As forças humanas nada podem contra Leviatã, ele é forte, robusto, e
temível. “Por onde passa deixa uma marca que parece um rastro iluminado”.

       Hoje vemos os homens serem escravizados pela mídia, tanto pelo
caráter persuasivo, como pela insistência e exploração da “singeleza critica” do
povo. Isso é um verdadeiro monstro, que longe de estar dentro do mar, como
Leviatã, ele se torna real e cruel.

       Outro aspecto que julgamos digno de comparação é que o Leviatã “foi
criado para não ter medo de ninguém”, a comunicação como também toda a
tecnologia é criação do homem, que se volta contra ele e não o teme!



                                                                              11
Pelo contrário o mundo digital pode facilmente aniquilar o caráter moral
do homem:

                    Em último lugar, a narração, descrição e representação do mal moral
                    podem, sem dúvida, com o auxílio dos meios de comunicação social,
                    prestar-lhe a um mais profundo conhecimento a análise do homem, a
                    manifestar e engrandecer a beleza da verdade e do bem, obtendo,
                    além disso, mais oportunos efeitos dramáticos. Contudo, para que
                    não causem mais dano do que utilidade às almas (Inter Merifica, vat.
                    II, Paulus, 2007, p. 91, cap. I, par. 07).



      Sendo assim, o mundo das comunicações sociais está ligado à
capacidade de formar o caráter da sociedade. Muitas são as vezes que
infelizmente transformamos os aspectos midiáticos em situações dramáticas
que ferem essencialmente o homem, e ainda, que propagam um mal nocivo e
incontrolável. É destacando este “lado negro” do uso das comunicações que a
Igreja denuncia uma situação particular, e que ao mesmo tempo é universal. É
a divulgação pelos meios sociais de comunicação da pornografia, que nós nos
utilizamos para exemplificar o quanto à comunicação pode ser destrutiva.

      Assim:

                    A experiência cotidiana confirma os estudos realizados no mundo
                    inteiro acerca das conseqüências negativas da pornografia e das
                    cenas de violência que os meios de comunicação social transmitem.
                    Entende-se por pornografia, neste contexto, a violação, por meio do
                    uso das técnicas audiovisuais, do direito à privacidade do corpo
                    humano em sua natureza masculina e feminina, violação que reduz a
                    pessoa humana e o corpo humano a um objeto anônimo, destinado a
                    uma má utilização, com a intenção de obter gratificação
                    concupiscente. (Pornografia e violência nas comunicações sociais
                    uma resposta pastoral, Paulinas, 4° Ed. 2005, p. 9).




      Vejamos toda a perversidade do erotismo hoje divulgada e extensiva a
todos em todos os momentos por intermédio dos meios sociais de
comunicação, quantos sites de pornografia, quantos casos de violência sexual
e abuso de menores sendo exibidos via internet, quantos casos de sexo
através de “Webcam”, e tudo isso sem qualquer possibilidade de ser
controlado. Quanto mal, somente neste pequeno horizonte aqui citado.




                                                                                     12
E, são os meios de comunicação culpados de tamanho estrago? São
eles, por ventura, as armas destrutivas de mentes jovens? Jamais, eles são e
sempre serão apenas instrumentos, isso é fato.

      Subentendem-se que somos nós que criamos nossos Leviatãs, os
monstros são e têm as qualidades e defeitos que nós lhe atribuímos. Por isso a
capacidade assustadora de Leviatã e sua onipotência são os próprios aspectos
que nós humanos lhe damos, assim funciona com os meios de comunicação,
por exemplo, por mais que em minha casa eu tenha os programas impostos
pelos canais abertos, sou eu quem escolho ligar ou não o aparelho de
televisão, os canais e programas que vou assistir... O monstro existe, mas ele
mergulha no mar de nossas vidas, apenas na medida e autoridade que nós lhe
damos.

      São inúmeros os benefícios que a comunicação convergida e
digitalizada trouxe a humanidade, nós estamos de comum acordo com tal
aspecto, como já demonstramos neste trabalho quando tratamos sobre A
Missão da Igreja. Quantas pessoas são beneficiadas com a força da Palavra,
onde, por exemplo, o evangelho não pode chegar somente pelo esforço
missionário, imaginemos u hospital com muitos enfermos que podem dispor de
missas pela televisão, de palavras de consolo, de musicas e programas de
aconselhamento... Literalmente nosso Leviatã socialmente comunicável é uma
navalha afiada, capaz de cortar para ambos os lados.


A SITUAÇÃO ATUAL

      Na atualidade vemos o progresso que está muito além da realidade
cotidiana da maioria dos homens, e isso é refletido nos meios de comunicação.
Somos e estamos globalizados num processo onde ora somos consumidores
de suas vantagens, ora somos as vantagens consumidas pelo sistema.

      Na comunicação podemos ter a vida e a morte, ambas transmitidas a
partir de nosso caráter socialmente moldado. Como não nos reportarmos a
Sagrada Escritura para exclamarmos a este século palavras tão antigas e tão
novas como:

                                                                            13
Na verdade este mandamento que hoje te prescrevo não é difícil para
                     ti nem está fora de teu alcance. Não está no céu, para que digas:
                     Quem poderá subis nos céus para nós e apanhá-lo?Quem no-lo fará
                     ouvir para que possamos cumprir? Não está do outro lado do mar,
                     para que digas: Quem atravessará o mar por nós para apanhá-lo?
                     Quem no-lo fará ouvir para que possamos cumprir? Ao contrário, esta
                     palavra está bem ao teu alcance, está em tua boca e em teu coração,
                     para que possas cumprir. Vê que eu hoje proponho a vida e a
                     felicidade, a morte e a desgraça. (...) Cito hoje o céu a terra como
                     testemunhas contra vós, de que vos propus a vida e a morte, a
                     benção e a maldição. Escolhe, pois, a vida para que vivas, tu e teus
                     descendentes, amando ao Senhor teu Deus, obedecendo à sua voz e
                     apegando-te a ele – pois ele é tua vida e prolonga teus dias-, a fim de
                     que habites na terra que o Senhor jurou dar a teus pais, Abraão,
                     Isaac, e Jacó. (Dt 30; 11-14; 19-20).




      Eis a situação dos homens diante da convergência digital, eis a
responsabilidade moral e religiosa diante de todo o sistema te aqui esboçado.
Essas palavras, vida e morte resultam perfeitamente e com precisão a
responsabilidade, as atitudes, e ainda, as conseqüências que o homem tem e
terá diante do uso que faz dos meios de comunicação social.


CONCLUSÃO


      Confessamos aos leitores que este trabalho tornar-se-ia delicado e muito
nocivo em sua coerência se tivéssemos a intenção de concluí-lo no sentido
pleno do termo. Afinal defendemos desde o inicio a intenção de não
esgotarmos as questões aqui propostas. Contudo desejamos expressar alguns
pontos que são, aos nossos olhos, essenciais. Primeiro o aspecto crítico do
trabalho, por parte de quem está escrevendo, sendo assim considerado por
nós como desnecessário atribuir um capítulo somente para as conclusões
críticas de nossa parte, isso está subjacente em todo o trabalho.

      Por conseguinte, afirmamos a importância dos temas discutidos,
defendendo a posição que hoje é impossível falar em evangelização sem a
utilização dos meios de comunicação social, e que a Igreja enquanto instituição
tem o dever e a obrigação de investir mais serenamente e fortemente em todos
os âmbitos que dizem respeito à convergência digital.




                                                                                         14
É   nobre       também    a   confissão   que   fazemos   a   respeito   da
responsabilidade de cada individuo e conseqüentemente de todos nós
enquanto participantes da sociedade, de que somos responsáveis pelo uso e
orientação de cada instrumento apontado. Também temos para além da
obrigação cristã, mas baseado nos efeitos éticos e humanos, de defender o
bom uso de tais instrumentos para que não sejamos surpreendidos pelos
nossos próprios erros. Cabem a nós escolhermos a vida, ou a morte que
iremos comunicar e oxalá que seja a vida!

        Por fim, enfatizamos o papel da Igreja na convergência digital apontando
o fato e a necessidade de ela se fazer heroína da realidade, e enfrentar os
monstros que se lhe apresentam no “mundo comunicativo”, sem se esquecer
de seus mais variados pontos que merecem uma atenção redobrada, e por que
não sustentar a idéia e a necessidade de um novo Concílio para resolver
questões que        a    partir   dos novos métodos de       comunicação     e   do
desenvolvimento tecnológico, desencadeiam-se em feridas, ou ao menos
complexidades de dogmas. Sendo assim precisamos urgentemente que o
Espírito Santo se uma a igreja reunida para nos comunicar respostas que já
deveríamos ter dado ao mundo digital.




REFERÊNCIAS

VATICANO II, Documentos do Concílio. Inter Merifica,SP. Paulus. 4° Ed.
2007.

BENTO XIV, 44° Dia Mundial das Comunicações Sociais. SP. Paulus. 2010.

Conselho para as Comunicações Sociais. Pornografia e violência nas
comunicações sociais uma resposta pastoral, SP. Paulinas. 4° Ed. 2005.
Bíblia Sagrada. Tradução CNBB. SP. Canção Nova. 2006.

SITE: http://www.gaudiumpress.org/view/show/11781-conferencia-nacional-
dos-bispos-do-brasil-cnbb-lanca-seu-proprio-twitter- acesso em 07/11/2010.




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O papel da Igreja Católica na convergência digital

  • 1. O PAPEL DA IGREJA CATÓLICA NA CONVERGÊNCIA DIGITAL Sumário Introdução .......................................................................................................... 3 O Papel Da Igreja Católica Na Convergência Digital ......................................... 3 A missão da Igreja .............................................................................................. 4 Convergência digital ........................................................................................... 5 A mãe Igreja, ou a Empresa eclesial? ................................................................ 7 A prática digital ................................................................................................... 8 As lutas contra Leviatã ..................................................................................... 10 Por que Leviatã? .............................................................................................. 11 A situação Atual ............................................................................................... 13 Conclusão ........................................................................................................ 14 INTRODUÇÃO Neste trabalho vamos expor a missão da Igreja que está intimamente ligada ao seu incentivo para adentrar no mundo dos meios de comunicação. Serão apontados muitos problemas que a Igreja encontra enquanto instituição sacramentalizada, e por isso abordaremos os temas tanto no âmbito doutrinal, como na aplicação pastoral de suas ações para a evangelização através dos instrumentos midiáticos. Optamos por definir a intenção da Igreja ao abordar o tema da convergência digital, que por sinal difere em todos os sentidos, de todos os usos fitos pelo mundo secular, e também exploramos os termos “convergência” e “digital” para esclarecer os aspectos facilitadores da tecnologia e sua influência dentro da Igreja. 3
  • 2. Por último, mas não menos importante, nós desenvolvemos as dificuldades referentes ao “super desenvolvimento” tecnológico que refletido e abordado nos meios de comunicação que não pertencem somente a Igreja, mas são dificuldades do humano em nível geral. Apontamos também os aspectos positivos e negativos do efeito da convergência digital e re-colocamos o homem no centro da responsabilidade ao lidar com tais instrumentos de comunicação. A MISSÃO DA IGREJA Para compreendermos a atuação e também as dificuldades que a Igreja de hoje enfrenta ao se deparar com a questão da comunicação, temos que perceber a intuição que a move. Se a Igreja hoje necessita mais do que nunca de uma comunicação eficaz, é por que ela vê nas comunicações uma necessidade a ser preenchida e uma condição essencial para o desenvolvimento do próprio Evangelho. A Igreja não pretende apenas comunicar ou ser objeto de comunicação, o princípio a ser manifestado é a utilização dos meios de comunicação, sejam eles quais forem, para que o Evangelho seja anunciado. Assim compreendemos sua demanda missionária fundada num ideal bíblico: “Ide por todo o mundo, proclamando a boa notícia a toda a humanidade” (MC 16; 15). Por isso desde já adiantamos que a nossa abordagem a respeito do papel desta instituição em relação à comunicação trará subjacente tais efeitos a priori, que confluênciará em todos os aspectos ideais da mesma. Se a missão da igreja é anunciar sua mensagem e é nisto que consiste sua finalidade, entende-se desde já que todos os meios comunicativos terão um aspecto de instrumental e social de grande impacto. Entre as maravilhosas invenções da técnica que, sobre tudo no nosso tempo, a inteligência humana, com o auxílio de Deus, desprendeu das coisas criadas a santa mãe Igreja com especial solicitude acolhe e promove aquelas que de preferência dizem respeito ao espírito do homem e abriram novos caminhos para a fácil comunicação de toda espécie de informações, idéias e ensinamentos. Entre essas invenções sobressaem os meios que, por sua natureza, são capazes de atingir e movimentar não somente os indivíduos mas toda a 4
  • 3. sociedade humana, como a imprensa, o cinema, o rádio, a televisão, e outra invenção deste gênero, que por isso mesmo podem ser chamadas de comunicação social. (Inter Merifica, vat. II, Paulus, 2007, p. 88, cap. I, par. 02). A final, por que a Igreja se submete, ou adere a tais meios de comunicação? A resposta é curta e aparentemente insignificante. O mundo sofre hoje um processo de Globalização, onde todos os sistemas, devido ao desenvolvimento tecnológico, estão interligados interados a velocidade instantânea. E para defender tal questão não precisamos de um “doutorado” no assunto, apenas uma percepção apurada já nos indica que o mundo está essencialmente organizado numa “cadeia de comunicação instantânea”, e quem não se localizar será lançado para fora. É por isso que a Igreja tenta estar presente no mundo digital, pois nos tempos atuais, ela depende muito de tais recursos para alcançar sua meta missionária. É percebendo a necessidade da Igreja de “ressuscitar” no mundo atual que o Papa Bento XVI escreveu: Ora, aos presbíteros é pedida a capacidade de estarem presentes no mundo digital em constante fidelidade à mensagem evangélica, para desempenharem o próprio papel de animadores de comunidades, que hoje se exprimem cada vez mais frequentemente através das muitas <<vozes>> que surgem do mundo digital, e anunciar o Evangelho recorrendo não só as mídias tradicionais, mas também ao contributo da nova geração de audiovisuais (fotografia, vídeo, animações, blogues, páginas na internet) que representam ocasiões inéditas de diálogo e meio úteis inclusive para a evangelização e a catequese. (Bento XIV, 44° Dia Mundial das Comunicações Sociais, Paulus, 2010, p.5). Assim a Igreja se vê impelida na obrigação missionária que implica numa “Epipháneia” (epifania), ou, manifestação através do uso da Palavra1 por realizar uma dicotomia da cultura, no atual mundo digital. Subentende-se que se a missão desta instituição é anunciar sua mensagem, ela já não o pode fazer sem o auxilio dos meios de comunicação, e ainda mais, sem desenvolver adequadamente uma convergência digital. 1 Aqui o sentido Do termo Palavra, difere do uso comum, ele significa toda a complexidade da mensagem cristã. (Sagradas Escrituras, Tradição, Magistério). 5
  • 4. CONVERGÊNCIA DIGITAL Até o presente momento enfatizamos o papel da Igreja na sociedade e os intuitos que a movem em direção à tentativa de buscar se utilizar de meios de comunicação social. Agora queremos expor aos leitores o que entendemos por convergência digital, isso será feito de maneira sucinta, para melhor compreensão da relação existente entre a Igreja e o mundo digital. Convergir significa caminhar em direção a um mesmo ponto. Pode ser entendido como sinônimo de confluência, de reunião, ponto de encontro, ou até destino obrigatório. Já o conceito de digital vai além da simples definição daquilo que entende tal conceito como algarismo, ou como aplicação matemática em ordem binária, como por exemplo, todo o sistema lógico-matemático encontrado nos computadores. A nossa utilização do termo digital é mais abrangente do que a relação entre verdadeiro e falso, numa soma de combinações, o que entendemos como digital é tudo aquilo que está disponível ao nível de tecnologia, de tal maneira, que se faz acessível ao mundo global da comunicação. (televisão, rádio, jornal, e meios eletrônicos em geral). O que pretendemos ao definir digital é incluir tudo o que pode ter acesso, devido ao desenvolvimento tecnológico que nos encontramos. Por isso, quando dizemos convergência digital temos um termo vislumbrado no outro e inseparável, para significar um fenômeno de nosso século, onde, por exemplo, podemos de um mesmo aparelho, ter acesso a tudo 2 o que se faz disponível em Rede, Assim, se um indivíduo tem um aparelho celular, ele pode ter acesso a todos os meios de comunicação sem necessariamente precisar se deslocar, ou ainda, em completo movimento de deslocação. 2 “Rede” é tudo o que entendemos como relação de comunicação em tempo real, como por exemplo, a Internet, e todos os aparelhos audiovisuais. 6
  • 5. A convergência digital, em suma, é a capacidade de ter acesso de tudo, ou ao menos, de uma variedade grandiosa de informações, convergida em um único ponto, ou em um único aparelho tecnológico. Aqui se faz verdade a frase que diz: “A minha casa não pode ser todo o mundo, mas todo o mundo pode estar dentro da minha casa!” É a esse efeito que atribuímos todo o desenvolvimento dos termos desenvolvidos acima. A MÃE IGREJA, OU A EMPRESA ECLESIAL? Quando analisamos o papel de uma instituição na comunicação social, temos que perceber um caminho dialético, onde muitos pontos podem se chocarem. Assim acontece com a Igreja quando não ocorre uma distinção interna. Para ilustrar tamanha dificuldade, imaginemos uma empresa de “pequeno porte”, onde são distribuídas várias funções, onde há funcionários e estes respondem a um responsável, que por sua vez responde ao diretor, e este aos donos desta mesma empresa. Neste contexto percebemos uma relação hierárquica, onde há responsabilidades profissionais, remuneração devida, e ainda, um “efeito secular” 3 no desenvolvimento de todo o sistema. Subentendemos então, a necessidade real para o bom desenvolvimento de qualquer instituição, e isso por excelência no campo da convergência digital, a necessidade de agir com o intuito de ser auto sustentável, de ter condições estruturais para competir, e ainda, ter um caráter extremamente capitalista no sentido de possíveis investimentos e aprimoramentos, para acompanhar o desenvolvimento histórico. Uma das maiores dificuldades da instituição católica é fazer a distinção entre o “estado secular” e a “sacralidade do fiel”. Ou um fiel é filho da mãe Igreja e é tratado como tal, ou ele é um funcionário da instituição da qual trabalha. O fato aqui seria simples se não 3 Este efeito é secular e no sentido de haver um clima, uma organização totalmente mundana, onde não se empreende aspectos sagrados, ou importâncias que vão além do nível profissional. Por exemplo, se um patrão necessitar despedir um empregado, ele não irá se basear na vida “externa” do mesmo, na quantidade possível de filhos, nas contas a pagar deste funcionário. O patrão vai despedir aquele que mais lhe convém, e sua decisão será baseada em princípios funcionais e não “caridosos”. 7
  • 6. fosse os casos onde o funcionário é fiel e fielmente é um funcionário, a problemática está no ato de definir uma mesma instituição em dois pólos distintos, a Igreja e a Empresa Eclesial. 4 Levando em conta tantas divergências da práxis, a questão que perpassa o leitor deveria ser: Se para a Igreja, ter “sucesso” e eficácia no nível de desenvolvimento das comunicações, significa em última instância agir necessariamente como uma empresa, tendo que distinguir entre fiel e funcionário, a sua mensagem não estaria sendo comprometida? Se para acompanhar o desenvolvimento das comunicações, ela, a igreja necessita abandonar, ainda que parcialmente alguns de seus princípios religiosos, para ela que adentrou neste mundo para anunciar uma Verdade imutável e coerente, não estará traindo seu ideal inicial? Eis a questão! A PRÁTICA DIGITAL Sabemos que o mundo digital é um lugar de muitos desafios, onde os ciberespaços são um desafio para a Igreja, que como instituição se submeter e penetrar. O mundo digital deve ser evangelizado! Contudo se estabelece diante da questão uma problemática que caminha num linear dialético, onde, ao mesmo tempo em que a Igreja deve estar preparada para adentrar em tal mundo, ela deve também ser parte deste mundo digitalizado, onde as pessoas terão acesso. Literalmente temos dois lados de uma mesma moeda. Num primeiro instante temos o apelo dos lideres religiosos que apressam em orientar toda a Igreja a fazer parte deste mundo digital, se utilizando de seus meio tecnológicos, para difundir a moral e a doutrina sacra da instituição, assim: 4 Reparemos que a grande dificuldade da Igreja não está no fato de ter funcionários e tratá-los como tal, mas sim na incoerência de sua mensagem (anuncio e vivência do Evangelho) quando ela se submete, por exemplo, a demitir um funcionário para contratar outro mais eficiente e barato. Tendo em vista que o primeiro funcionário também é seu filho espiritual, passa por necessidades físicas e financeiras de grande importância. A questão é: O que fazer? Neste ponto ou a Igreja é Empresa e deixa de agir segundo seus vários princípios religiosos, ou permanece com um funcionário (ou fiel, pois a está altura já não é fácil tal distinção) que do ponto de vista empresarial não é conveniente. 8
  • 7. Procurem todos os filhos da Igreja, em unidade de espíritos e intenções, que os instrumentos de comunicação social sejam empregados, sem a menor dilação e com máximo empenho, nas múltiplas obras de apostolado tal como exigem as realidades e as circunstâncias do nosso tempo (...) Apressem-se, pois os sagrados pastores a cumprir neste campo a sua tarefa, que está intimamente ligada ao seu dever ordinário de pregação. Também os leigos que usam tais instrumentos procurem dar testemunho de Cristo particularmente desempenhando os respectivos deveres com competência e espírito apostólico, e ainda, segundo suas possibilidades, colaborando diretamente na ação pastoral da Igreja, com seu contributo técnico, econômico, cultural e artístico. (Inter Merifica, vat. II, Paulus, 2007, p. 94, cap. II, par. 02). A orientação é clara e teoricamente bem declarativa de intenção, todos devem enquanto instituição católica procurar se utilizar, ou ainda, adentrar no íntimo do desafio de se fazer parte (como Igreja) deste mundo atual de mídias. Este primeiro aspecto, o de adentrar nas mídias é menos delicado tendo em vista uma aplicação de nível orientador aos seus fiéis, pois muitos dos fiéis já estão, ou, já fazem parte do mundo midiático. A problemática complexada acontece no sentido oposto, quando a Igreja enquanto instituição deve fazer-se mídia para que os fiéis possam ter acesso a Igreja enquanto mundo digital. O outro aspecto que por sinal se faz mais delicado é a capacidade e o empenho da Igreja em disponibilizar a evangelização pelos meios de comunicação. Primeiro temos a falta de formação e preparo de dentro da Igreja para atender a demanda dos fiéis, depois percebemos a deficiência do conteúdo disponibilizado (aqui subjaz a dificuldade da transmissão de tal conteúdo) que na maioria das vezes não corresponde com a atratividade que se exige e não se encaixa com a dinamicidade desses novos meios de comunicação, e por fim, temos a falta de profissionalismo na realização e na aplicação do evangelho no mundo digital. No entanto não negamos o empenho, ainda que não suficiente, da Igreja em tais aspectos, apenas apontamos que estamos longe daquilo que deveria ser o ideal. Indicamos de maneira otimista, por exemplo, o desenvolvimento das mídias no Brasil, que dizem respeito ao catolicismo. 9
  • 8. Segundo o próprio assessor de imprensa da CNBB, o Padre Geraldo Martins: "Não é possível, hoje, ficar fora da convergência das mídias. A Igreja também quer seguir este caminho porque entende que, desta forma, a possibilidade de fazer chegar a informação para todos é muito mais segura", e ainda: “"O Twitter lançado pela CNBB é uma prova do quanto a Igreja reconhece a força das novas tecnologias e de sua importância na evangelização".5 Aqui percebemos uma prática atual da Igreja, que mesmo longe de alcançar o ideal, está sem dúvida buscando lentamente corresponder as necessidades de comunicação desta época. AS LUTAS CONTRA LEVIATÃ Explorando de maneira análoga o nome e as “qualidades” de Leviatã 6, nós o transformaremos no monstro da convergência digital e seu caráter ambíguo, sua influência no mundo de hoje, e muitas das catástrofes heróicas que ele tem realizado. Então a partir de agora, quando nos referirmos a Leviatã, estaremos indicando todo o “fenômeno da convergência digital”, e seus efeitos tecnológicos. Antes de aprofundarmos propriamente no que diz respeito a Leviatã, deixamo-nos mais um aspecto esclarecido, nós vamos dar um salto para além do âmbito clerical que até aqui tratamos, designando as complexidades que não estão somente no meio eclesial, e perpassaremos para um pertencer de toda a humanidade presente em nossos dias, no que diz respeito as conseqüências da evolução tecnológica, mais especificamente no fenômeno 5 Conteúdo acessado no site: http://www.gaudiumpress.org/view/show/11781-conferencia-nacional- dos-bispos-do-brasil-cnbb-lanca-seu-proprio-twitter- em 07/11/2010. 6 Leviatã é citado na Bíblia, mais especificamente no livro de Jó, no cap. 40 – 41. Este nome designa propriamente um monstro do caos primitivo, que se pensava viver permanentemente no mar, ele trás em si o sentido daquele que foi vencido por Iahweh, sendo um tipo de potência hostil contra Deus. Segundo o autor ao se referir a tal monstro ele diz: “Os músculos de sua carne são compactos, são sólidos e não se movem. Seu coração é duro como rocha, sólido como uma pedra molar. A espada que o atinge não resiste, nem a lança, nem o dardo, nem o arpão. O ferro para ele é como palha, o bronze, como madeira carcomida. (vers. 15 -20). 10
  • 9. ocorrido no mundo digital. Assim nos limitaremos em apontar dificuldades e ajudas do mesmo, em um nível mais universal. POR QUE LEVIATÃ? Leviatã traz de maneira analógica todas as características e qualidades boas e ruins que podemos encontrar no mundo paralelo das mídias. O Leviatã é um monstro que todos temem, embora não o conheçam eles sabem que ele existe e não têm domínio sobre ele, este monstro aparece misteriosamente. O efeito que a tecnologia causou sobre os homens é semelhante, nós nos vemos diante de técnicas que nem conhecemos, somos constantemente assombrados com o terror das mídias, tanto em seus efeitos como a globalização, nós temos acesso a tudo de modo instantâneo, e o que fazemos com tamanha informação? Será que estamos preparados, para em tão pouco tempo, desenvolvermos de “pombos” a “Internet banda larga”? Perguntamos ainda, nós temos controle da mídia? Quem tem? Muitas vezes somos engolidos e convergidos pelo efeito “exposição”, onde somos explorados em nossas intimidades a todo tempo. Basta querer comprovar e perceber o quanto as pessoas se expõem em sites como “Orkut”, “Face book”, “Twitter”, sites sociais, ou será anti-pessoais? As forças humanas nada podem contra Leviatã, ele é forte, robusto, e temível. “Por onde passa deixa uma marca que parece um rastro iluminado”. Hoje vemos os homens serem escravizados pela mídia, tanto pelo caráter persuasivo, como pela insistência e exploração da “singeleza critica” do povo. Isso é um verdadeiro monstro, que longe de estar dentro do mar, como Leviatã, ele se torna real e cruel. Outro aspecto que julgamos digno de comparação é que o Leviatã “foi criado para não ter medo de ninguém”, a comunicação como também toda a tecnologia é criação do homem, que se volta contra ele e não o teme! 11
  • 10. Pelo contrário o mundo digital pode facilmente aniquilar o caráter moral do homem: Em último lugar, a narração, descrição e representação do mal moral podem, sem dúvida, com o auxílio dos meios de comunicação social, prestar-lhe a um mais profundo conhecimento a análise do homem, a manifestar e engrandecer a beleza da verdade e do bem, obtendo, além disso, mais oportunos efeitos dramáticos. Contudo, para que não causem mais dano do que utilidade às almas (Inter Merifica, vat. II, Paulus, 2007, p. 91, cap. I, par. 07). Sendo assim, o mundo das comunicações sociais está ligado à capacidade de formar o caráter da sociedade. Muitas são as vezes que infelizmente transformamos os aspectos midiáticos em situações dramáticas que ferem essencialmente o homem, e ainda, que propagam um mal nocivo e incontrolável. É destacando este “lado negro” do uso das comunicações que a Igreja denuncia uma situação particular, e que ao mesmo tempo é universal. É a divulgação pelos meios sociais de comunicação da pornografia, que nós nos utilizamos para exemplificar o quanto à comunicação pode ser destrutiva. Assim: A experiência cotidiana confirma os estudos realizados no mundo inteiro acerca das conseqüências negativas da pornografia e das cenas de violência que os meios de comunicação social transmitem. Entende-se por pornografia, neste contexto, a violação, por meio do uso das técnicas audiovisuais, do direito à privacidade do corpo humano em sua natureza masculina e feminina, violação que reduz a pessoa humana e o corpo humano a um objeto anônimo, destinado a uma má utilização, com a intenção de obter gratificação concupiscente. (Pornografia e violência nas comunicações sociais uma resposta pastoral, Paulinas, 4° Ed. 2005, p. 9). Vejamos toda a perversidade do erotismo hoje divulgada e extensiva a todos em todos os momentos por intermédio dos meios sociais de comunicação, quantos sites de pornografia, quantos casos de violência sexual e abuso de menores sendo exibidos via internet, quantos casos de sexo através de “Webcam”, e tudo isso sem qualquer possibilidade de ser controlado. Quanto mal, somente neste pequeno horizonte aqui citado. 12
  • 11. E, são os meios de comunicação culpados de tamanho estrago? São eles, por ventura, as armas destrutivas de mentes jovens? Jamais, eles são e sempre serão apenas instrumentos, isso é fato. Subentendem-se que somos nós que criamos nossos Leviatãs, os monstros são e têm as qualidades e defeitos que nós lhe atribuímos. Por isso a capacidade assustadora de Leviatã e sua onipotência são os próprios aspectos que nós humanos lhe damos, assim funciona com os meios de comunicação, por exemplo, por mais que em minha casa eu tenha os programas impostos pelos canais abertos, sou eu quem escolho ligar ou não o aparelho de televisão, os canais e programas que vou assistir... O monstro existe, mas ele mergulha no mar de nossas vidas, apenas na medida e autoridade que nós lhe damos. São inúmeros os benefícios que a comunicação convergida e digitalizada trouxe a humanidade, nós estamos de comum acordo com tal aspecto, como já demonstramos neste trabalho quando tratamos sobre A Missão da Igreja. Quantas pessoas são beneficiadas com a força da Palavra, onde, por exemplo, o evangelho não pode chegar somente pelo esforço missionário, imaginemos u hospital com muitos enfermos que podem dispor de missas pela televisão, de palavras de consolo, de musicas e programas de aconselhamento... Literalmente nosso Leviatã socialmente comunicável é uma navalha afiada, capaz de cortar para ambos os lados. A SITUAÇÃO ATUAL Na atualidade vemos o progresso que está muito além da realidade cotidiana da maioria dos homens, e isso é refletido nos meios de comunicação. Somos e estamos globalizados num processo onde ora somos consumidores de suas vantagens, ora somos as vantagens consumidas pelo sistema. Na comunicação podemos ter a vida e a morte, ambas transmitidas a partir de nosso caráter socialmente moldado. Como não nos reportarmos a Sagrada Escritura para exclamarmos a este século palavras tão antigas e tão novas como: 13
  • 12. Na verdade este mandamento que hoje te prescrevo não é difícil para ti nem está fora de teu alcance. Não está no céu, para que digas: Quem poderá subis nos céus para nós e apanhá-lo?Quem no-lo fará ouvir para que possamos cumprir? Não está do outro lado do mar, para que digas: Quem atravessará o mar por nós para apanhá-lo? Quem no-lo fará ouvir para que possamos cumprir? Ao contrário, esta palavra está bem ao teu alcance, está em tua boca e em teu coração, para que possas cumprir. Vê que eu hoje proponho a vida e a felicidade, a morte e a desgraça. (...) Cito hoje o céu a terra como testemunhas contra vós, de que vos propus a vida e a morte, a benção e a maldição. Escolhe, pois, a vida para que vivas, tu e teus descendentes, amando ao Senhor teu Deus, obedecendo à sua voz e apegando-te a ele – pois ele é tua vida e prolonga teus dias-, a fim de que habites na terra que o Senhor jurou dar a teus pais, Abraão, Isaac, e Jacó. (Dt 30; 11-14; 19-20). Eis a situação dos homens diante da convergência digital, eis a responsabilidade moral e religiosa diante de todo o sistema te aqui esboçado. Essas palavras, vida e morte resultam perfeitamente e com precisão a responsabilidade, as atitudes, e ainda, as conseqüências que o homem tem e terá diante do uso que faz dos meios de comunicação social. CONCLUSÃO Confessamos aos leitores que este trabalho tornar-se-ia delicado e muito nocivo em sua coerência se tivéssemos a intenção de concluí-lo no sentido pleno do termo. Afinal defendemos desde o inicio a intenção de não esgotarmos as questões aqui propostas. Contudo desejamos expressar alguns pontos que são, aos nossos olhos, essenciais. Primeiro o aspecto crítico do trabalho, por parte de quem está escrevendo, sendo assim considerado por nós como desnecessário atribuir um capítulo somente para as conclusões críticas de nossa parte, isso está subjacente em todo o trabalho. Por conseguinte, afirmamos a importância dos temas discutidos, defendendo a posição que hoje é impossível falar em evangelização sem a utilização dos meios de comunicação social, e que a Igreja enquanto instituição tem o dever e a obrigação de investir mais serenamente e fortemente em todos os âmbitos que dizem respeito à convergência digital. 14
  • 13. É nobre também a confissão que fazemos a respeito da responsabilidade de cada individuo e conseqüentemente de todos nós enquanto participantes da sociedade, de que somos responsáveis pelo uso e orientação de cada instrumento apontado. Também temos para além da obrigação cristã, mas baseado nos efeitos éticos e humanos, de defender o bom uso de tais instrumentos para que não sejamos surpreendidos pelos nossos próprios erros. Cabem a nós escolhermos a vida, ou a morte que iremos comunicar e oxalá que seja a vida! Por fim, enfatizamos o papel da Igreja na convergência digital apontando o fato e a necessidade de ela se fazer heroína da realidade, e enfrentar os monstros que se lhe apresentam no “mundo comunicativo”, sem se esquecer de seus mais variados pontos que merecem uma atenção redobrada, e por que não sustentar a idéia e a necessidade de um novo Concílio para resolver questões que a partir dos novos métodos de comunicação e do desenvolvimento tecnológico, desencadeiam-se em feridas, ou ao menos complexidades de dogmas. Sendo assim precisamos urgentemente que o Espírito Santo se uma a igreja reunida para nos comunicar respostas que já deveríamos ter dado ao mundo digital. REFERÊNCIAS VATICANO II, Documentos do Concílio. Inter Merifica,SP. Paulus. 4° Ed. 2007. BENTO XIV, 44° Dia Mundial das Comunicações Sociais. SP. Paulus. 2010. Conselho para as Comunicações Sociais. Pornografia e violência nas comunicações sociais uma resposta pastoral, SP. Paulinas. 4° Ed. 2005. Bíblia Sagrada. Tradução CNBB. SP. Canção Nova. 2006. SITE: http://www.gaudiumpress.org/view/show/11781-conferencia-nacional- dos-bispos-do-brasil-cnbb-lanca-seu-proprio-twitter- acesso em 07/11/2010. 15