SlideShare una empresa de Scribd logo
1 de 6
Descargar para leer sin conexión
1
do estudanteNúm. 55 - ANO VI 2ª Quinzena - Fev/2017
Folhetim do estudante é uma
publicação de cunho cultural e
educacional com artigos e textos de
Professores, alunos, membros de
comunidades das Escolas Públicas
do Estado de SP e pensadores
humanistas.
Acesse o BLOG do folhetim
http://folhetimdoestudante.blogspot.com.br
Sugestões e textos para:
vogvirtual@gmail.com
Festival Sul-Americano
da Cultura Árabe
O Festival Sul-Americano da Cultura
Árabe, realizado anualmente entre os
dias 18 e 31 de março, conta com o
apoio da Unesco e de outras
importantes instituições.
Memórias de longa data mostram as
contribuições dos imigrantes árabes
para o Brasil, embora parte da
sociedade ainda desconheça a
densidade desse intercâmbio
cultural.
A intenção é fortalecer o
estabelecimento de um vínculo entre
a América do Sul e os Países Árabes
com base no respeito à diversidade
cultural e nos laços históricos e
culturais, especialmente em São
Paulo, Estado que possui uma
comunidade árabe expressiva e
atuante.
O Brasil possui uma presença
contínua de comunidades de
imigrantes árabes que participaram
ativamente da construção e do
desenvolvimento do Estado nacional
a partir do século XIX.
Atualmente, mais de 16 milhões de
árabes e descendentes vivem no
Brasil e contribuem cultural,
econômica e politicamente para as
sociedades locais. Apenas em São
Paulo, são aproximadamente 3
milhões de pessoas; trata-se da
maior cidade árabe fora dos países
árabes.
O evento, para a população em geral,
tem como público alvo estudantes de
escola e faculdade, jornalistas,
empresários, pesquisadores e
interessados em geral e ocorre em
espaços e equipamentos culturais das
diversas cidades envolvidas.
No ano de 2017, será promovido o
VIII Festival Sul-Americano da
Cultura Árabe - África em diversas
cidades como São Paulo, Diadema,
Rio de Janeiro, Brasília, Curitiba,
Porto Alegre, Foz do Iguaçu,
Guarulhos e Buenos Aires.
Localizado na Rua Baronesa de Itu,
639, Santa Cecília, São Paulo, o
Espaço BibliASPA – Centro de
Cultura e Pesquisa Árabe e Sul-
Americana, possui biblioteca com
acervo bibliográfico e multimídia,
centro de documentação, editora,
museu, sala de restauro, espaço para
projeção de filmes e realização de
outras propostas. Também dispõe de
uma cabine de memória para o
registro de história oral dos povos
árabes, bem como da coleta de
documentos que fortaleçam este
acervo. Em outras cidades, outras
sedes da BibliASPA também
promovem eventos educativos e
culturais.
Realizado anualmente entre os dias
18 e 31 de março, o Festival Sul-
Americano da Cultura Árabe -
África, promovido pela BibliASPA,
tem como objetivo principal refletir
sobre as manifestações culturais
árabes, africanas e as contribuições
dos imigrantes. A intenção é
fortalecer o vínculo entre a América
do Sul e os Países Árabes com base
no respeito à diversidade cultural e
nos laços históricos, além de
promover a cultura da paz por meio
da aproximação dos povos.
O objetivo é também reunir
expressões de diferentes linguagens
que revelem e reflitam a importância
da cultura árabe e a influência da
história e da riqueza da cultura árabe
no Brasil, bem como favorecer um
amplo acesso a população por meio
de ações descentralizadas
O festival promove apresentações,
palestras, debates, exposições,
lançamento de livros e Mostra de
Cinema Árabe-Sul-Americano além
de propiciar à população brasileira
atividades relevantes. A
programação deste V Festival Sul-
Americano da Cultura Árabe prevê
apresentações de vários segmentos
artísticos, entre os quais caligrafia
árabe, cinema, literatura, teatro,
música, dança, artes plásticas (em
diversas exposições), contação de
histórias, arqueologia, fotografia,
palestras, debates, colóquios, mesa-
redonda, mediação de leitura,
publicações e intervenções diversas.
Prof. Valter Gomes
_______________________________
Folhetim
2
do estudante ano VI fevereiro/2017
LEITURA
A Amizade eterna
e outras vozes da
África
Sobre o autor :Ilan Brenman
Prof. Valter Gomes
____________________________________
A Importância da Amizade
A amizade é algo fundamental na
vida humana, como se fosse uma
necessidade básica como por
exemplo alimentar-se ou
descansar. Quanto mais amigos
melhor é a vida. Se um dia você
está triste ou passando por
momentos difíceis, seus amigos
verdadeiros sempre estarão ali
para te ajudar. A partir do
momento que você se sente bem
perto de pessoas, você já pode
considera-las amigas. Pense como
sua vida seria sem seus amigos.
Ao longo da vida nós vamos
conhecendo muitas pessoas,
algumas que nós nos
identificamos e outras que não são
tão parecidas mas nós admiramos.
Tem uma frase que minha mãe
sempre fala para mim e ela adora.
“Existem pessoas que passam pela
gente e deixam um pouco de si,
outros levam um pouco da gente,
assim somos um pouco de cada
um...”
Essa frase resume tudo!
Maria Luiza – 7ºA
Colégio EAG
folhetim
3
do estudante ano VI fevereiro/2017
EDUCAÇÃO
Hampâté Bâ leva
oralidade africana ao
papel
Relato autobiográfico de etnólogo e
filósofo malinês descreve a trajetória
de mestre da transmissão oral do
continente
Na África, cada ancião que morre é
uma biblioteca que se queima. A
frase, do malinês Amadou Hampâté
Bâ, expressa a importância da
transmissão oral no continente e a
sensação de ouvir um sábio africano
relatar suas experiências: é como se
vários livros se abrissem, com uma
profusão de detalhes, para dar voz
às histórias e às tradições locais.
"Desde a infância, éramos treinados
a observar, olhar e escutar com tanta
atenção que todo acontecimento se
inscrevia em nossa memória como
cera virgem", diz o etnólogo, filósofo
e historiador em "Amkoullel, o
Menino Fula".
Um dos maiores pensadores da
África no século 20, Hampâté Bâ
integra a primeira geração do Mali
com educação ocidental. Seu vínculo
com a tradição oral do povo fula
(nação de pastores nômades que
conduz seu rebanho pela África
savânica) o levou a buscar o
reconhecimento da oralidade
africana como fonte legítima de
conhecimento histórico.
Hampâté Bâ (1900-91) participou da
elaboração dos primeiros estudos
que usam as fontes orais de maneira
sistemática, como em "História Geral
da África", publicada pela Unesco em
1980. Se escritos como esse e
outros de caráter sociológico e
filosófico são mais conhecidos, o
relato autobiográfico tem o mérito de
revelar a trajetória desse mestre da
transmissão oral e comprovar a força
da "oralidade deitada no papel" (nas
palavras do autor).
"O extraordinário é que ele faz a
palavra por escrito. Em momentos do
livro, tenho a impressão de escutar
um mestre da palavra. E ele era um
mestre da palavra", afirma o
professor Fábio Leite, do Centro de
Estudos Africanos da USP. "A obra
aborda a realidade das sociedades
africanas a partir de uma visão
interna, que vai de dentro para fora
dos fenômenos e revela a África-
sujeito, a África da identidade
profunda, originária, mal conhecida,
portadora de propostas em valores
diferenciais."
Nascido em 1900 em Bandiagara, no
atual Mali, Hampâté Bâ começou a
viajar "com apenas 41 dias de
presença neste mundo" e logo entrou
em contato com fulas, bambaras,
dogons e hauçás, entre outras
comunidades étnicas.
O rei Tidjani Tall, fundador de
Bandiagara, mandara dizimar todos
os membros do sexo masculino da
família de seu pai, que sobreviveu ao
massacre. À mãe, empreendedora e
de caráter forte, chamavam de
"mulher de calças". Os pais naturais,
o pai espiritual (o mestre sufi Tierno
Bokar) e o padrasto lhe ensinaram
cedo as regras de honra e conduta.
Hampâté Bâ examina a "morte" da
primeira infância, o papel das
associações de jovens na formação
da personalidade africana e a
relação com os brancos-brancos (os
europeus) e os brancos-negros (os
africanos europeizados). O autor
conta que, quando pequeno, tocou a
mão de um "filho do fogo" (um
francês) e descobriu que ele era
"uma brasa que não queima". Sem
perífrases, descreve uma expedição
ao lixo dos europeus para confirmar
se seus excrementos eram negros –
como diziam os rumores- e, mais
tarde, o envio à "escola dos
brancos", "considerada pela grande
maioria dos muçulmanos como o
caminho mais rápido para o inferno!".
A descrição de uma cerimônia de
circuncisão, precedida de uma
grande festa que vai do pôr-do-sol ao
amanhecer, recebe descrição
minuciosa.
Após as arengas destinadas a
estimular a coragem, ao pé de duas
acácias, colocavam-se pedaços de
noz-de-cola na boca dos meninos,
entre os molares, para medir sua
coragem. Após a retirada do
prepúcio, "que retém prisioneira a
maioridade", a marca dos dentes, se
ligeira, confirmava a bravura do
circunciso.
Hampâté Ba expõe ainda a
fragilidade da civilização da oralidade
que tanto defendeu. "Uma das
maiores consequências da guerra de
1914, pouco conhecida, foi provocar
a primeira ruptura na transmissão
oral dos conhecimentos tradicionais."
No livro, ouve-se o timbre de sua voz
e o murmúrio de um mundo
ameaçado.
Amkoullel, o Menino Fula
Prof. Dr.Paulo Daniel Farah
______________________________
_
Etnomatemática
O ensino de matemática não pode ser
hermético nem elitista. Deve levar em
consideração a realidade sócio cultural
do aluno, o ambiente em que ele vive e o
conhecimento que ele traz de casa. Essas
afirmações fazem parte da
etnomatemática, teoria defendida por
Ubiratan D‘Ambrosio, professor emérito
de matemática da Unicamp, professor do
Programa de Estudos Pós-Graduados de
História da Ciência da PUC de São
Paulo, professor credenciado no
Programa de PósGraduação da
Faculdade de
folhetim
4
do estudante ano VI fevereiro/2017
Educação da USP e do Programa de Pós-
Graduação em Educação Matemática do
Instituto de Geociências e Ciências
Exatas da Unesp
Segundo D’Ambrósio, desde pequena a
criança é condicionada a achar que a
matemática é complicada. “Se ela tem
em casa um irmão mais velho, já ouve
que matemática é difícil. É um
comportamento condicionado: ela entra
na escola apavorada com a disciplina.”
Ele diz acreditar que o natural seria a
matemática ser tratada como um
conhecimento presente em todas as
coisas do cotidiano das pessoas. “Como
era até a Idade Média. Já nos séculos,
XVII, XVIII e XIX, a matemática entra
na página da ciência e da tecnologia.
Surge a idéia de uma matemática mais
rigorosa e precisa. A partir da transição
do século XIX para o XX, a disciplina
passa efetivamente a lidar com
tecnologia e ciência e inicia-se o
conceito de que o aluno tem que estar
preparado para isso.” O professor explica
que desse período em diante a escola
passou a atribuir à matemática um caráter
rigoroso, com muitas abstrações,
esquecendo-se que ela está no cotidiano
das crianças e que é espontânea. “Olhar,
classificar, comparar são princípios da
matemática. Se alguém estender uma
mão cheia de balas e outra com poucas
para que uma criança escolha, ela
reconhece a diferença de quantidades e
vai optar pela mão cheia. Isso é uma
aplicação cotidiana e prática da
matemática.” Para Ubiratan, a escola
optou por formalizar essas relações.
“Pensar em números é abstrato, diferente
de pensar em balas. O ensino da
matemática assumiu a postura de se
encaminhar para o abstrato e se libertar
do espontâneo. É daí que vem o
distanciamento entre as crianças e a
matemática.”
Filtro social – De acordo com
D’Ambrósio, outra questão importante a
ser ressaltada é a utilização da
matemática como filtro de segregação
intelectual e social. “A nova organização
da sociedade é política. A escola passa a
ser o filtro que seleciona quem tem
condições de atingir uma posição de
decisão e comando. É um filtro que
existe na sociedade e no sistema de
produção: sem diploma, o indivíduo não
está preparado para assumir posições
altas. Isso é uma distorção. Capacidade
para desenvolver uma função deveria
estar relacionada com competência. Com
isso, a participação da população nos
processos de decisão fica comprometida.
A matemática é um instrumento forte
neste processo de filtragem”, afirma. Ele
diz acreditar que é necessário um grande
esforço dos educadores modernos para
que a matemática deixe de parecer tão
complexa e elitista. “Os professores
precisam aproximar a disciplina do que é
espontâneo, deixar a criança à vontade,
propor jogos, distribuir balas, objetos,
para que o aluno se sinta bem. A criança
adquire habilidades para a matemática
em casa, no meio em que vive. Cada um
tem um modo próprio de aplicá-la. Só
que na escola dizem que a matemática
não se faz do jeito de casa. Rechaçam
esse conhecimento que o aluno traz e
isso cria conflito.”
A teoria – Por isso, o professor é o
principal idealizador e defensor da
etnomatemática, que leva em
consideração os fatos e conhecimentos
que fazem parte do ambiente cultural no
qual a criança vive. “Quando o aluno
chega na escola ele traz experiências de
casa, traz o conhecimento de jogos, de
brincadeiras, pois já viveu sete anos
produtivos e criativos. Aprendeu a falar,
andar, brincar. Isso não é aproveitado
pelo sistema escolar. O professor parece
que pede: ‘esqueça tudo que você fez e
aprenda números e coisas mais
intelectualizadas’.”
Segundo D’Ambrósio, os professores
valorizam muito o pensamento formal,
têm hesitação e medo de se libertar. “É
mais importante aquilo que a criança
pode fazer com um instrumento que
trouxe de sua vida anterior à escola do
que dar instrumentos novos. Com o que
ela já sabe de casa pode fazer muito e ser
feliz. Só quando o aluno sentir que
necessita de algo novo é que o educador
deve intervir cultivando e explorando
esse desejo de saber e fazer mais. Neste
momento, o professor pode dizer: ‘você
parou aí, vou mostrar como ir adiante’.
Aos poucos, a criança irá aprender as
coisas novas apresentadas. A matemática
é isso. Só que esse momento não está
sendo adequadamente explorado pelo
sistema educacional. Falta
uma pedagogia na linha da
etnomatemática.”
Mudança de atitude – Para que esse jeito
de ensinar seja efetivamente colocado em
prática, o professor Ubiratan diz ser
imprescindível uma mudança de atitude
do educador. Ele afirma que o professor
que viu ser possível ensinar matemática
considerando os conhecimentos trazidos
pelo aluno, deve propagar essa idéia e
passar suas experiências para outros
colegas. “Neste processo, os que fazem
ensinam para os outros. Os educadores
estão interessados em fazer algo melhor.
Muita gente pensa que os professores são
mal preparados. Isso é falso, a
preparação é boa e competente. Os
educadores precisam é perder o receio de
entrar no novo. As autoridades também
poderiam ter participação mais ativa,
propiciando condições para o professor
fazer o novo. Mas o que acontece são
medidas controladoras como o Provão
para alunos e professores. Não se resolve
um problema sério com medidas
fiscalizadoras e controladoras. Os
professores precisam de medidas mais
liberais, pois educadores são criativos e
dedicados”, diz. Raciocínio e razão –
Matemática é raciocínio, afirma o
professor. Ele argumenta que a música é
tão racional quanto a matemática e
explica que ser racional é encontrar
caminhos para uma situação nova. “Um
jogador de futebol, na grande área,
descobre a solução para uma jogada e faz
gol. Ele usou o raciocínio. Já um sujeito
muito bom em matemática encontra uma
situação difícil na vida e não toma a
decisão certa, lógica, apesar de todo
conhecimento matemático que tem.
Portanto, ser racional não significa ir
bem em matemática.” O professor afirma
que raciocínio e razão se ajudam e são
inerentes à espécie humana, mas a
matemática ensinada na escola não
explora isso. “A maioria da população
passa longe da matemática formal. É um
erro pensar que só tem raciocínio quem
passa pela escola.” A matemática do
folhetim
5
do estudante ano VI fevereiro/2017
sistema de ensino é muito específica e
voltada para ciência e tecnologia. “Isso
tem sua importância pois a ciência é
espantosa e a tecnologia é sofisticada,
mas há coisas muito menos sofisticadas
que requerem ciência, tecnologia e uma
matemática menos sofisticada também.
Um médico de cultura indígena não usa
um ecocardiograma para enxergar o que
se passa no coração do paciente, ele usa
elementos de outra natureza. Essa
matemática não é menor que a outra, é
adequada àquele ambiente.”
Sociedade tecnológica – Ele acrescenta
que a sociedade repleta de tecnologia
exige o ensino de uma matemática que
permita à criança lidar com o mundo à
sua volta, mas há outras prioridades além
disso. “Temos que dar matemática
adequada que permita acesso à toda
tecnologia. Mas é importante ressaltar
que a pessoa não terá falta de acesso só
por não saber matemática. A questão de
fato é a injustiça social. A criança não
deixa de ter comida e hospital por não ter
matemática. Os problemas fundamentais
da sociedade são de ordem social e
política.” D’Ambrósio diz acreditar que
os pais são enganados pela falsa idéia de
que seus filhos precisam aprender
matemática para ter um bom emprego.
“Os pais não percebem que a causa do
desemprego não está na matemática e
sim na organização perversa da
sociedade. Enganam-se achando que se o
aluno vai bem na escola e em
matemática, vai bem na sociedade. Os
pais sequer entendem o que está sendo
ensinado e acham que sabem o que o
filho precisa aprender. Enquanto isso, as
crianças se sentem pressionadas a
aprender algo que não é gostoso, nem
bonito, e não podem se abrir com os pais.
Se o aluno não aprendeu frações, recebe
punição e a família nem sabe o que é
fração. Se a criança diz que não entende
o que os
professores dizem, os pais ficam bravos,
chamam os filhos de burros. Isso fecha o
diálogo. Perde-se aí a confiança que a
criança tem nos pais, até para falar de
coisas maiores como uma gravidez
precoce ou drogas. Os pais tem a melhor
das intenções, só que foram enganados
pelo sistema, prestam atenção em coisas
mais acessórias do que o fundamental,
que é a situação difícil que vivemos. Para
eles terem outra compreensão, as
autoridades, os professores, precisam
ajudar a abrir os olhos dos pais para o
fato de que o mais importante não é a
matemática, mas as relações humanas.”
O professor reconhece a impossibilidade
da sociedade resolver grandes problemas
sem a matemática e seus instrumentos,
até cita a questão da falta de água que
pede a intervenção de engenheiros para
buscar soluções, mas acha que há
problemas maiores. “A sociedade não é
feita só de engenheiros que irão cuidar
da água. A matemática é muito
importante na sociedade tecnológica
moderna, porém há outros pilares da
sociedade que estão sendo colocados de
lado, como as relações humanas que
estão ofuscadas pela busca por uma
melhor matemática. A escola deveria
formar gente melhor, entretanto toda a
energia vai para um ensino errado e,
entre os alunos, para passar em
matemática. É necessário que todos
achem a matemática importante mas há
outras questões mais fundamentais que
não estão sendo olhadas com o mesmo
carinho.”
D’Ambrósio conclui sua reflexão
explicando que tudo o que ele disse faz
parte da etnomatemática. “A teoria nos
ensina a dar importância ao contexto e ao
ambiente cultural no qual a matemática
se desenvolve. Se os engenheiros da
Embraer vão colocar um novo avião no
mercado, eles usam a etnomatemática
para aquele ambiente. Usam equações
complexas para resolver situações de
vôo. Já as crianças jogando bolinha de
gude estão em um ambiente que pede
outra matemática específica. Eles pensam
‘vou jogar assim com o dedão, qual será
a trajetória da bolinha, qual força vou
usar, qual a distância da outra bola’, isso
é matemática. O aluno que sai de casa e
vai para a escola tem que traçar um
trajeto, isso é etnomatemática adequada
àquele ambiente, assim como o piloto de
avião que sai de São Paulo e vai para o
Rio. Ele usa a etnomatemática adequada
para aquela situação. A teoria intervém
na solução da situação que se apresenta e
no conhecimento dessa situação. Mas
a matemática que está na escola só
reconhece as regras e formalismos
desligados das reflexões mutáveis de
acordo com o ambiente em que se está.”
Entrevista concedida e publicada
ao Diário do Grande ABC – 2003
Imagem do Prof. Ubiratan
D´Ambrosio e professores da E.
E. Com. Miguel Maluhy – Junho
de 2003
Prof. Valter Gomes
folhetim
6
do estudante ano VI fevereiro/2017
EDUCAÇÃO
Deslocamentos,
Migração e Humanismo
Importante discussão que se
amplia em termos de urbanidade,
pertencimento e acolhimento, o
grande debate sobre Refúgio,
Moradia e Cidade, toma cada vez,
mais maiores proporções. Com o
objetivo em dar visibilidade à
questão dos deslocamentos de
refugiados, gerar reflexões e ao
mesmo tempo permitir um
aprofundamento sobre os
principais problemas e conflitos
gerados a partir desses
deslocamentos novos estudos,
novos conteúdos estéticos
permitem acessar um rico acervo
de informações que auxiliam na
pesquisa e na compreensão desses
fenômenos humanos que ganham
novos perfis geográficos e
culturais que se formam nesses
cruzamentos populacionais.
Com a intensificação dos conflitos
mundiais em plena era da
globalização, a questão dos
imensos deslocamentos de
refugiados entre diversas nações
já se tornou um dos principais
problemas e desafios para as
grandes cidades. Em São Paulo,
nos últimos dois anos um
fenômeno novo vem chamando a
atenção da mídia oficial e redes
sociais: a imersão de refugiados e
estrangeiros dentro dos
movimentos organizados de luta
por moradia digna. Em um país
que lida com um grave déficit de
moradia para seus próprios
habitantes, tal realidade vem
tecendo um novo panorama de
problemas e questões de caráter
urbano, político e humanitário que
devem ser assumidos na pauta
diária das políticas públicas e das
gestões administrativas ligadas ao
“direito à cidade”. Sobre esse
tema chama atenção a importante
contribuição para o debate
proporcionada pelo filme “A
CHAVE DA CASA” produção do
ano de 2009 mas que está
totalmente dentro do contexto
crescente de grandes cidades do
Brasil e de outros centros urbanos
em países que ainda não criaram
maiores restrições aos
movimentos migratórios.
RESENHA
Sobre o filme
A Chave da Casa (2009, 52
minutos, Direção: Paschoal
Samora e Stela Grizotti, Co-
Produção: Grifa Filmes e RT2A)
acompanha as últimas 48 horas de
um grupo de palestinos no campo
de refugiados de Al-Rweished, na
fronteira entre a Jordânia e o
Iraque, antes de partir para o
Brasil. Deixam para trás parentes,
amigos e um passado cheio de
lembranças. Nove meses depois, o
filme acompanha cinco deles em
diversos pontos do Brasil,
mostrando seus problemas de
adaptação, seus temores em
relação a família, o país e as
incertezas e esperanças de um
novo futuro.
Prof. Valter Gomes
POÉTICAS
O CÂNTICO DA MULHER
De lado,
Tinhas o rosto de um homem idoso
Que, assaltado por dias de mágoa,
Me trouxe o seu frasquinho
esverdeado
E pedia que tomasse a última
refeição.
Esse frasquinho é uma enseada,
O casamento de um barco com
uma enseada
Nos dias em que as praias se
afundam
E as gaivotas encontram os rostos
E o capitão pressente o seu
futuro.
Ele veio cheio de fome até mim,
eu dei-lhe o meu amor
Como um pão, como uma bilha,
como um leito
E abri as portas ao vento e ao sol
E partilhei com ele a última
refeição.
ADONIS, ‫أدونيس‬ ( Ali Ahmad Said )
folhetim

Más contenido relacionado

La actualidad más candente

Registros sobre mulheres surdas na História
 Registros sobre mulheres surdas na História Registros sobre mulheres surdas na História
Registros sobre mulheres surdas na HistóriaREVISTANJINGAESEPE
 
Cultura brasileira - 1º Bimestre - UNIVESP
Cultura brasileira - 1º Bimestre - UNIVESPCultura brasileira - 1º Bimestre - UNIVESP
Cultura brasileira - 1º Bimestre - UNIVESPdicasdubr
 
Aspectos socio-históricos dos povos !kung (khoisan) de Angola
Aspectos socio-históricos dos povos !kung (khoisan) de AngolaAspectos socio-históricos dos povos !kung (khoisan) de Angola
Aspectos socio-históricos dos povos !kung (khoisan) de AngolaREVISTANJINGAESEPE
 
Franchetto, bruna a guerra dos alfabetos
Franchetto, bruna a guerra dos alfabetosFranchetto, bruna a guerra dos alfabetos
Franchetto, bruna a guerra dos alfabetossergiomendonza
 
Ritmos Afro Brasileiros
Ritmos Afro BrasileirosRitmos Afro Brasileiros
Ritmos Afro Brasileirosculturaafro
 
Projeto anual sobre o conciencia negra
Projeto anual sobre o conciencia negraProjeto anual sobre o conciencia negra
Projeto anual sobre o conciencia negraRodrigo Vicente
 
Negritude, nação e retratos da mãe África em poemas de Noémia de Sousa e Agos...
Negritude, nação e retratos da mãe África em poemas de Noémia de Sousa e Agos...Negritude, nação e retratos da mãe África em poemas de Noémia de Sousa e Agos...
Negritude, nação e retratos da mãe África em poemas de Noémia de Sousa e Agos...REVISTANJINGAESEPE
 
ANTUNES, A. Amazônia dos brabos (LIVRO)
ANTUNES, A. Amazônia dos brabos (LIVRO)ANTUNES, A. Amazônia dos brabos (LIVRO)
ANTUNES, A. Amazônia dos brabos (LIVRO)Eduardo Carneiro
 
Pronto de leandro gomes de barros a rodolfo coelho
Pronto de leandro gomes de barros a rodolfo coelhoPronto de leandro gomes de barros a rodolfo coelho
Pronto de leandro gomes de barros a rodolfo coelhoatodeler
 
Lições Sobre a África (Tese)
Lições Sobre a África (Tese)Lições Sobre a África (Tese)
Lições Sobre a África (Tese)Historia_da_Africa
 
Coleção Historia - Estudos Africanos - Multiplas Abordagens
Coleção Historia - Estudos Africanos - Multiplas AbordagensColeção Historia - Estudos Africanos - Multiplas Abordagens
Coleção Historia - Estudos Africanos - Multiplas AbordagensHistoria_da_Africa
 

La actualidad más candente (19)

cultura afro
cultura afrocultura afro
cultura afro
 
Registros sobre mulheres surdas na História
 Registros sobre mulheres surdas na História Registros sobre mulheres surdas na História
Registros sobre mulheres surdas na História
 
Cultura brasileira - 1º Bimestre - UNIVESP
Cultura brasileira - 1º Bimestre - UNIVESPCultura brasileira - 1º Bimestre - UNIVESP
Cultura brasileira - 1º Bimestre - UNIVESP
 
Aspectos socio-históricos dos povos !kung (khoisan) de Angola
Aspectos socio-históricos dos povos !kung (khoisan) de AngolaAspectos socio-históricos dos povos !kung (khoisan) de Angola
Aspectos socio-históricos dos povos !kung (khoisan) de Angola
 
Historia da Africa
Historia da AfricaHistoria da Africa
Historia da Africa
 
Franchetto, bruna a guerra dos alfabetos
Franchetto, bruna a guerra dos alfabetosFranchetto, bruna a guerra dos alfabetos
Franchetto, bruna a guerra dos alfabetos
 
Slide eliane
Slide elianeSlide eliane
Slide eliane
 
NEJA MÓDULO 01 LCT
NEJA MÓDULO 01 LCTNEJA MÓDULO 01 LCT
NEJA MÓDULO 01 LCT
 
Ritmos Afro Brasileiros
Ritmos Afro BrasileirosRitmos Afro Brasileiros
Ritmos Afro Brasileiros
 
Projeto anual sobre o conciencia negra
Projeto anual sobre o conciencia negraProjeto anual sobre o conciencia negra
Projeto anual sobre o conciencia negra
 
Atividades conteúdos
Atividades conteúdos Atividades conteúdos
Atividades conteúdos
 
Negritude, nação e retratos da mãe África em poemas de Noémia de Sousa e Agos...
Negritude, nação e retratos da mãe África em poemas de Noémia de Sousa e Agos...Negritude, nação e retratos da mãe África em poemas de Noémia de Sousa e Agos...
Negritude, nação e retratos da mãe África em poemas de Noémia de Sousa e Agos...
 
ANTUNES, A. Amazônia dos brabos (LIVRO)
ANTUNES, A. Amazônia dos brabos (LIVRO)ANTUNES, A. Amazônia dos brabos (LIVRO)
ANTUNES, A. Amazônia dos brabos (LIVRO)
 
Pronto de leandro gomes de barros a rodolfo coelho
Pronto de leandro gomes de barros a rodolfo coelhoPronto de leandro gomes de barros a rodolfo coelho
Pronto de leandro gomes de barros a rodolfo coelho
 
ÁFrica na sala de aula
ÁFrica na sala de aulaÁFrica na sala de aula
ÁFrica na sala de aula
 
Lições Sobre a África (Tese)
Lições Sobre a África (Tese)Lições Sobre a África (Tese)
Lições Sobre a África (Tese)
 
federal reserve
federal reservefederal reserve
federal reserve
 
O poder dos candomblés
O poder dos candomblésO poder dos candomblés
O poder dos candomblés
 
Coleção Historia - Estudos Africanos - Multiplas Abordagens
Coleção Historia - Estudos Africanos - Multiplas AbordagensColeção Historia - Estudos Africanos - Multiplas Abordagens
Coleção Historia - Estudos Africanos - Multiplas Abordagens
 

Destacado

Folhetim do Estudante - Ano V - Núm. 52
Folhetim do Estudante - Ano V - Núm. 52Folhetim do Estudante - Ano V - Núm. 52
Folhetim do Estudante - Ano V - Núm. 52Valter Gomes
 
Folhetim do Estudante - Ano V - Núm. 53
Folhetim do Estudante - Ano V - Núm. 53Folhetim do Estudante - Ano V - Núm. 53
Folhetim do Estudante - Ano V - Núm. 53Valter Gomes
 
Folhetim do Estudante - Ano V - Núm. 50
Folhetim do Estudante - Ano V - Núm. 50Folhetim do Estudante - Ano V - Núm. 50
Folhetim do Estudante - Ano V - Núm. 50Valter Gomes
 
Folhetim do Estudante - Ano III - Núm. 36
Folhetim do Estudante - Ano III - Núm. 36Folhetim do Estudante - Ano III - Núm. 36
Folhetim do Estudante - Ano III - Núm. 36Valter Gomes
 
Folhetim do Estudante - Ano V - Núm. 54
Folhetim do Estudante - Ano V - Núm. 54Folhetim do Estudante - Ano V - Núm. 54
Folhetim do Estudante - Ano V - Núm. 54Valter Gomes
 
Folhetim do Estudante Digital núm. XII
Folhetim do Estudante Digital núm. XIIFolhetim do Estudante Digital núm. XII
Folhetim do Estudante Digital núm. XIIValter Gomes
 
Folhetim do Estudante - Ano II - Núm. XXI
Folhetim do Estudante - Ano II - Núm. XXIFolhetim do Estudante - Ano II - Núm. XXI
Folhetim do Estudante - Ano II - Núm. XXIValter Gomes
 
Folhetim do Estudante - Ano II - Núm. XXII
Folhetim do Estudante - Ano II - Núm. XXIIFolhetim do Estudante - Ano II - Núm. XXII
Folhetim do Estudante - Ano II - Núm. XXIIValter Gomes
 
Consumo de arte
Consumo de arteConsumo de arte
Consumo de arteerikapo1
 
Remote Deposit Capture Risk Management & FFIEC Complaince
Remote Deposit Capture Risk Management & FFIEC ComplainceRemote Deposit Capture Risk Management & FFIEC Complaince
Remote Deposit Capture Risk Management & FFIEC ComplainceJTLeekley
 
2017 RWCA conference and Wake of Fame location
2017 RWCA conference and Wake of Fame location2017 RWCA conference and Wake of Fame location
2017 RWCA conference and Wake of Fame locationK 38
 
2017-02-04 01 Евгений Тюменцев. Выразительные возможности языков программиро...
2017-02-04 01 Евгений Тюменцев. Выразительные возможности языков программиро...2017-02-04 01 Евгений Тюменцев. Выразительные возможности языков программиро...
2017-02-04 01 Евгений Тюменцев. Выразительные возможности языков программиро...Омские ИТ-субботники
 
Save-Guarding Your Innovation Landscape: Outsource Innovation and Channel Rev...
Save-Guarding Your Innovation Landscape: Outsource Innovation and Channel Rev...Save-Guarding Your Innovation Landscape: Outsource Innovation and Channel Rev...
Save-Guarding Your Innovation Landscape: Outsource Innovation and Channel Rev...Derrydean Dadzie
 
Sortiment e-shopu Garnamama.com
Sortiment e-shopu Garnamama.comSortiment e-shopu Garnamama.com
Sortiment e-shopu Garnamama.comJan Ruzicka
 
Особенности внедрения РРО в чешском e-commerce
Особенности внедрения РРО в чешском e-commerceОсобенности внедрения РРО в чешском e-commerce
Особенности внедрения РРО в чешском e-commerceJan Ruzicka
 
Hidrate spark FMK 2016-17 Grupo 9 presentacion
Hidrate spark  FMK 2016-17 Grupo 9  presentacionHidrate spark  FMK 2016-17 Grupo 9  presentacion
Hidrate spark FMK 2016-17 Grupo 9 presentacionFernando Saenz-Marrero
 
Folhetim do Estudante - Ano V - Núm. 48
Folhetim do Estudante - Ano V - Núm. 48Folhetim do Estudante - Ano V - Núm. 48
Folhetim do Estudante - Ano V - Núm. 48Valter Gomes
 
Revista criança sobre inclusão
Revista criança  sobre inclusãoRevista criança  sobre inclusão
Revista criança sobre inclusãoCompede
 
E-commerce in der Ukraine 2016
E-commerce in der Ukraine 2016E-commerce in der Ukraine 2016
E-commerce in der Ukraine 2016Jan Ruzicka
 

Destacado (20)

Folhetim do Estudante - Ano V - Núm. 52
Folhetim do Estudante - Ano V - Núm. 52Folhetim do Estudante - Ano V - Núm. 52
Folhetim do Estudante - Ano V - Núm. 52
 
Folhetim do Estudante - Ano V - Núm. 53
Folhetim do Estudante - Ano V - Núm. 53Folhetim do Estudante - Ano V - Núm. 53
Folhetim do Estudante - Ano V - Núm. 53
 
Folhetim do Estudante - Ano V - Núm. 50
Folhetim do Estudante - Ano V - Núm. 50Folhetim do Estudante - Ano V - Núm. 50
Folhetim do Estudante - Ano V - Núm. 50
 
Folhetim do Estudante - Ano III - Núm. 36
Folhetim do Estudante - Ano III - Núm. 36Folhetim do Estudante - Ano III - Núm. 36
Folhetim do Estudante - Ano III - Núm. 36
 
Folhetim do Estudante - Ano V - Núm. 54
Folhetim do Estudante - Ano V - Núm. 54Folhetim do Estudante - Ano V - Núm. 54
Folhetim do Estudante - Ano V - Núm. 54
 
Folhetim do Estudante Digital núm. XII
Folhetim do Estudante Digital núm. XIIFolhetim do Estudante Digital núm. XII
Folhetim do Estudante Digital núm. XII
 
Folhetim do Estudante - Ano II - Núm. XXI
Folhetim do Estudante - Ano II - Núm. XXIFolhetim do Estudante - Ano II - Núm. XXI
Folhetim do Estudante - Ano II - Núm. XXI
 
Folhetim do Estudante - Ano II - Núm. XXII
Folhetim do Estudante - Ano II - Núm. XXIIFolhetim do Estudante - Ano II - Núm. XXII
Folhetim do Estudante - Ano II - Núm. XXII
 
Consumo de arte
Consumo de arteConsumo de arte
Consumo de arte
 
Remote Deposit Capture Risk Management & FFIEC Complaince
Remote Deposit Capture Risk Management & FFIEC ComplainceRemote Deposit Capture Risk Management & FFIEC Complaince
Remote Deposit Capture Risk Management & FFIEC Complaince
 
2017 RWCA conference and Wake of Fame location
2017 RWCA conference and Wake of Fame location2017 RWCA conference and Wake of Fame location
2017 RWCA conference and Wake of Fame location
 
2017-02-04 01 Евгений Тюменцев. Выразительные возможности языков программиро...
2017-02-04 01 Евгений Тюменцев. Выразительные возможности языков программиро...2017-02-04 01 Евгений Тюменцев. Выразительные возможности языков программиро...
2017-02-04 01 Евгений Тюменцев. Выразительные возможности языков программиро...
 
Save-Guarding Your Innovation Landscape: Outsource Innovation and Channel Rev...
Save-Guarding Your Innovation Landscape: Outsource Innovation and Channel Rev...Save-Guarding Your Innovation Landscape: Outsource Innovation and Channel Rev...
Save-Guarding Your Innovation Landscape: Outsource Innovation and Channel Rev...
 
Sortiment e-shopu Garnamama.com
Sortiment e-shopu Garnamama.comSortiment e-shopu Garnamama.com
Sortiment e-shopu Garnamama.com
 
Особенности внедрения РРО в чешском e-commerce
Особенности внедрения РРО в чешском e-commerceОсобенности внедрения РРО в чешском e-commerce
Особенности внедрения РРО в чешском e-commerce
 
Axonim mobile apps en
Axonim mobile apps enAxonim mobile apps en
Axonim mobile apps en
 
Hidrate spark FMK 2016-17 Grupo 9 presentacion
Hidrate spark  FMK 2016-17 Grupo 9  presentacionHidrate spark  FMK 2016-17 Grupo 9  presentacion
Hidrate spark FMK 2016-17 Grupo 9 presentacion
 
Folhetim do Estudante - Ano V - Núm. 48
Folhetim do Estudante - Ano V - Núm. 48Folhetim do Estudante - Ano V - Núm. 48
Folhetim do Estudante - Ano V - Núm. 48
 
Revista criança sobre inclusão
Revista criança  sobre inclusãoRevista criança  sobre inclusão
Revista criança sobre inclusão
 
E-commerce in der Ukraine 2016
E-commerce in der Ukraine 2016E-commerce in der Ukraine 2016
E-commerce in der Ukraine 2016
 

Similar a Festival Árabe promove cultura e história

Folhetim do Estudante Núm. XVI
Folhetim do Estudante Núm. XVIFolhetim do Estudante Núm. XVI
Folhetim do Estudante Núm. XVIValter Gomes
 
Cultura iorubá maria inez couto de almeida
Cultura iorubá   maria inez couto de almeidaCultura iorubá   maria inez couto de almeida
Cultura iorubá maria inez couto de almeidaDaniel Torquato
 
Www.dialogarts.uerj.br admin arquivos_emquestao_[1]ioruba
Www.dialogarts.uerj.br admin arquivos_emquestao_[1]iorubaWww.dialogarts.uerj.br admin arquivos_emquestao_[1]ioruba
Www.dialogarts.uerj.br admin arquivos_emquestao_[1]iorubaNika Play
 
Uma historia do negro no brasil
Uma historia do negro no brasilUma historia do negro no brasil
Uma historia do negro no brasilnatielemesquita
 
Allysson fernandesgarcia
Allysson fernandesgarciaAllysson fernandesgarcia
Allysson fernandesgarciaGeraa Ufms
 
As manifestações da sabedoria popular nos contos trinta e dois e tangerinos d...
As manifestações da sabedoria popular nos contos trinta e dois e tangerinos d...As manifestações da sabedoria popular nos contos trinta e dois e tangerinos d...
As manifestações da sabedoria popular nos contos trinta e dois e tangerinos d...Almiranes Dos Santos Silva
 
Remanescentes Culturais Africanos no Brasil
Remanescentes Culturais Africanos no BrasilRemanescentes Culturais Africanos no Brasil
Remanescentes Culturais Africanos no BrasilTathy Pereira
 

Similar a Festival Árabe promove cultura e história (20)

áFrica 2012
áFrica 2012áFrica 2012
áFrica 2012
 
Folhetim do Estudante Núm. XVI
Folhetim do Estudante Núm. XVIFolhetim do Estudante Núm. XVI
Folhetim do Estudante Núm. XVI
 
Consciêncianegraoficina
ConsciêncianegraoficinaConsciêncianegraoficina
Consciêncianegraoficina
 
Griots culturas africanas
Griots   culturas africanasGriots   culturas africanas
Griots culturas africanas
 
Griots livro
Griots livroGriots livro
Griots livro
 
Contacto
Contacto Contacto
Contacto
 
Cultura iorubá maria inez couto de almeida
Cultura iorubá   maria inez couto de almeidaCultura iorubá   maria inez couto de almeida
Cultura iorubá maria inez couto de almeida
 
Www.dialogarts.uerj.br admin arquivos_emquestao_[1]ioruba
Www.dialogarts.uerj.br admin arquivos_emquestao_[1]iorubaWww.dialogarts.uerj.br admin arquivos_emquestao_[1]ioruba
Www.dialogarts.uerj.br admin arquivos_emquestao_[1]ioruba
 
Ler a áfrica para compreender o mundo
Ler a áfrica para compreender o mundoLer a áfrica para compreender o mundo
Ler a áfrica para compreender o mundo
 
Resenha Árica
Resenha ÁricaResenha Árica
Resenha Árica
 
Uma historia do negro no brasil
Uma historia do negro no brasilUma historia do negro no brasil
Uma historia do negro no brasil
 
federal reserve
federal reservefederal reserve
federal reserve
 
Allysson fernandesgarcia
Allysson fernandesgarciaAllysson fernandesgarcia
Allysson fernandesgarcia
 
Florentina Souza
Florentina SouzaFlorentina Souza
Florentina Souza
 
Literaturaafrobrasileira 130902150849-phpapp01 (1)
Literaturaafrobrasileira 130902150849-phpapp01 (1)Literaturaafrobrasileira 130902150849-phpapp01 (1)
Literaturaafrobrasileira 130902150849-phpapp01 (1)
 
Literatura afrobrasileira
Literatura afrobrasileiraLiteratura afrobrasileira
Literatura afrobrasileira
 
Tccpavulagemfinal
TccpavulagemfinalTccpavulagemfinal
Tccpavulagemfinal
 
Carranca 01 2021a
Carranca 01 2021aCarranca 01 2021a
Carranca 01 2021a
 
As manifestações da sabedoria popular nos contos trinta e dois e tangerinos d...
As manifestações da sabedoria popular nos contos trinta e dois e tangerinos d...As manifestações da sabedoria popular nos contos trinta e dois e tangerinos d...
As manifestações da sabedoria popular nos contos trinta e dois e tangerinos d...
 
Remanescentes Culturais Africanos no Brasil
Remanescentes Culturais Africanos no BrasilRemanescentes Culturais Africanos no Brasil
Remanescentes Culturais Africanos no Brasil
 

Más de Valter Gomes

Projeto atrás dos fatos - Direitos Humanos, Cidadania e Democracia
Projeto atrás dos fatos - Direitos Humanos, Cidadania e DemocraciaProjeto atrás dos fatos - Direitos Humanos, Cidadania e Democracia
Projeto atrás dos fatos - Direitos Humanos, Cidadania e DemocraciaValter Gomes
 
Folhetim do Estudante - Ano IX - Número 67
Folhetim do Estudante - Ano IX - Número 67Folhetim do Estudante - Ano IX - Número 67
Folhetim do Estudante - Ano IX - Número 67Valter Gomes
 
Folhetim do Estudante - Ano IX - Número 66_Edição Especial
Folhetim do Estudante - Ano IX - Número 66_Edição EspecialFolhetim do Estudante - Ano IX - Número 66_Edição Especial
Folhetim do Estudante - Ano IX - Número 66_Edição EspecialValter Gomes
 
Folhetim do Estudante - Ano IX - Número 65
Folhetim do Estudante - Ano IX - Número 65Folhetim do Estudante - Ano IX - Número 65
Folhetim do Estudante - Ano IX - Número 65Valter Gomes
 
Folhetim do Estudante - Ano VIII - Núm. 64
Folhetim do Estudante - Ano VIII - Núm. 64Folhetim do Estudante - Ano VIII - Núm. 64
Folhetim do Estudante - Ano VIII - Núm. 64Valter Gomes
 
Gazeta do Maluhy - Nov 2021
Gazeta do Maluhy - Nov 2021Gazeta do Maluhy - Nov 2021
Gazeta do Maluhy - Nov 2021Valter Gomes
 
Folhetim do Estudante - Ano VIII - Núm. 63
Folhetim do Estudante - Ano VIII - Núm. 63Folhetim do Estudante - Ano VIII - Núm. 63
Folhetim do Estudante - Ano VIII - Núm. 63Valter Gomes
 
Folhetim do Estudante - Ano VIII - Núm. 62
Folhetim do Estudante - Ano VIII - Núm. 62Folhetim do Estudante - Ano VIII - Núm. 62
Folhetim do Estudante - Ano VIII - Núm. 62Valter Gomes
 
Folhetim do Estudante - Ano VII - Núm. 61
Folhetim do Estudante - Ano VII - Núm. 61Folhetim do Estudante - Ano VII - Núm. 61
Folhetim do Estudante - Ano VII - Núm. 61Valter Gomes
 
Folhetim do Estudante - Ano VII - Núm. 60
Folhetim do Estudante - Ano VII - Núm. 60Folhetim do Estudante - Ano VII - Núm. 60
Folhetim do Estudante - Ano VII - Núm. 60Valter Gomes
 
Folhetim do Estudante - Ano VII - Núm. 59
Folhetim do Estudante - Ano VII - Núm. 59Folhetim do Estudante - Ano VII - Núm. 59
Folhetim do Estudante - Ano VII - Núm. 59Valter Gomes
 
Folhetim do Estudante - Ano VII - Núm. 58
Folhetim do Estudante - Ano VII - Núm. 58Folhetim do Estudante - Ano VII - Núm. 58
Folhetim do Estudante - Ano VII - Núm. 58Valter Gomes
 
Folhetim do Estudante - Ano VI - Núm. 56
Folhetim do Estudante - Ano VI - Núm. 56Folhetim do Estudante - Ano VI - Núm. 56
Folhetim do Estudante - Ano VI - Núm. 56Valter Gomes
 
Folhetim do Estudante - Ano V - Núm. 51
Folhetim do Estudante - Ano V - Núm. 51Folhetim do Estudante - Ano V - Núm. 51
Folhetim do Estudante - Ano V - Núm. 51Valter Gomes
 
Folhetim do Estudante - Ano V - Núm. 49
Folhetim do Estudante - Ano V - Núm. 49Folhetim do Estudante - Ano V - Núm. 49
Folhetim do Estudante - Ano V - Núm. 49Valter Gomes
 
Folhetim do Estudante - Ano V - Núm. 47
Folhetim do Estudante - Ano V - Núm. 47Folhetim do Estudante - Ano V - Núm. 47
Folhetim do Estudante - Ano V - Núm. 47Valter Gomes
 
Folhetim do Estudante - Ano IV - Núm. 46
Folhetim do Estudante - Ano IV - Núm. 46Folhetim do Estudante - Ano IV - Núm. 46
Folhetim do Estudante - Ano IV - Núm. 46Valter Gomes
 
Folhetim do Estudante - Ano IV - Núm. 45
Folhetim do Estudante - Ano IV - Núm. 45Folhetim do Estudante - Ano IV - Núm. 45
Folhetim do Estudante - Ano IV - Núm. 45Valter Gomes
 
Folhetim do Estudante - Ano IV - Núm. 44
Folhetim do Estudante - Ano IV - Núm. 44Folhetim do Estudante - Ano IV - Núm. 44
Folhetim do Estudante - Ano IV - Núm. 44Valter Gomes
 
Folhetim do Estudante - Ano IV - Núm. 42
Folhetim do Estudante - Ano IV - Núm. 42Folhetim do Estudante - Ano IV - Núm. 42
Folhetim do Estudante - Ano IV - Núm. 42Valter Gomes
 

Más de Valter Gomes (20)

Projeto atrás dos fatos - Direitos Humanos, Cidadania e Democracia
Projeto atrás dos fatos - Direitos Humanos, Cidadania e DemocraciaProjeto atrás dos fatos - Direitos Humanos, Cidadania e Democracia
Projeto atrás dos fatos - Direitos Humanos, Cidadania e Democracia
 
Folhetim do Estudante - Ano IX - Número 67
Folhetim do Estudante - Ano IX - Número 67Folhetim do Estudante - Ano IX - Número 67
Folhetim do Estudante - Ano IX - Número 67
 
Folhetim do Estudante - Ano IX - Número 66_Edição Especial
Folhetim do Estudante - Ano IX - Número 66_Edição EspecialFolhetim do Estudante - Ano IX - Número 66_Edição Especial
Folhetim do Estudante - Ano IX - Número 66_Edição Especial
 
Folhetim do Estudante - Ano IX - Número 65
Folhetim do Estudante - Ano IX - Número 65Folhetim do Estudante - Ano IX - Número 65
Folhetim do Estudante - Ano IX - Número 65
 
Folhetim do Estudante - Ano VIII - Núm. 64
Folhetim do Estudante - Ano VIII - Núm. 64Folhetim do Estudante - Ano VIII - Núm. 64
Folhetim do Estudante - Ano VIII - Núm. 64
 
Gazeta do Maluhy - Nov 2021
Gazeta do Maluhy - Nov 2021Gazeta do Maluhy - Nov 2021
Gazeta do Maluhy - Nov 2021
 
Folhetim do Estudante - Ano VIII - Núm. 63
Folhetim do Estudante - Ano VIII - Núm. 63Folhetim do Estudante - Ano VIII - Núm. 63
Folhetim do Estudante - Ano VIII - Núm. 63
 
Folhetim do Estudante - Ano VIII - Núm. 62
Folhetim do Estudante - Ano VIII - Núm. 62Folhetim do Estudante - Ano VIII - Núm. 62
Folhetim do Estudante - Ano VIII - Núm. 62
 
Folhetim do Estudante - Ano VII - Núm. 61
Folhetim do Estudante - Ano VII - Núm. 61Folhetim do Estudante - Ano VII - Núm. 61
Folhetim do Estudante - Ano VII - Núm. 61
 
Folhetim do Estudante - Ano VII - Núm. 60
Folhetim do Estudante - Ano VII - Núm. 60Folhetim do Estudante - Ano VII - Núm. 60
Folhetim do Estudante - Ano VII - Núm. 60
 
Folhetim do Estudante - Ano VII - Núm. 59
Folhetim do Estudante - Ano VII - Núm. 59Folhetim do Estudante - Ano VII - Núm. 59
Folhetim do Estudante - Ano VII - Núm. 59
 
Folhetim do Estudante - Ano VII - Núm. 58
Folhetim do Estudante - Ano VII - Núm. 58Folhetim do Estudante - Ano VII - Núm. 58
Folhetim do Estudante - Ano VII - Núm. 58
 
Folhetim do Estudante - Ano VI - Núm. 56
Folhetim do Estudante - Ano VI - Núm. 56Folhetim do Estudante - Ano VI - Núm. 56
Folhetim do Estudante - Ano VI - Núm. 56
 
Folhetim do Estudante - Ano V - Núm. 51
Folhetim do Estudante - Ano V - Núm. 51Folhetim do Estudante - Ano V - Núm. 51
Folhetim do Estudante - Ano V - Núm. 51
 
Folhetim do Estudante - Ano V - Núm. 49
Folhetim do Estudante - Ano V - Núm. 49Folhetim do Estudante - Ano V - Núm. 49
Folhetim do Estudante - Ano V - Núm. 49
 
Folhetim do Estudante - Ano V - Núm. 47
Folhetim do Estudante - Ano V - Núm. 47Folhetim do Estudante - Ano V - Núm. 47
Folhetim do Estudante - Ano V - Núm. 47
 
Folhetim do Estudante - Ano IV - Núm. 46
Folhetim do Estudante - Ano IV - Núm. 46Folhetim do Estudante - Ano IV - Núm. 46
Folhetim do Estudante - Ano IV - Núm. 46
 
Folhetim do Estudante - Ano IV - Núm. 45
Folhetim do Estudante - Ano IV - Núm. 45Folhetim do Estudante - Ano IV - Núm. 45
Folhetim do Estudante - Ano IV - Núm. 45
 
Folhetim do Estudante - Ano IV - Núm. 44
Folhetim do Estudante - Ano IV - Núm. 44Folhetim do Estudante - Ano IV - Núm. 44
Folhetim do Estudante - Ano IV - Núm. 44
 
Folhetim do Estudante - Ano IV - Núm. 42
Folhetim do Estudante - Ano IV - Núm. 42Folhetim do Estudante - Ano IV - Núm. 42
Folhetim do Estudante - Ano IV - Núm. 42
 

Último

PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEM
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEMPRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEM
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEMHELENO FAVACHO
 
ATIVIDADE - CHARGE.pptxDFGHJKLÇ~ÇLJHUFTDRSEDFGJHKLÇ
ATIVIDADE - CHARGE.pptxDFGHJKLÇ~ÇLJHUFTDRSEDFGJHKLÇATIVIDADE - CHARGE.pptxDFGHJKLÇ~ÇLJHUFTDRSEDFGJHKLÇ
ATIVIDADE - CHARGE.pptxDFGHJKLÇ~ÇLJHUFTDRSEDFGJHKLÇJaineCarolaineLima
 
2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO
2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO
2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSOLeloIurk1
 
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdfo ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdfCamillaBrito19
 
A QUATRO MÃOS - MARILDA CASTANHA . pdf
A QUATRO MÃOS  -  MARILDA CASTANHA . pdfA QUATRO MÃOS  -  MARILDA CASTANHA . pdf
A QUATRO MÃOS - MARILDA CASTANHA . pdfAna Lemos
 
planejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdf
planejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdfplanejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdf
planejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdfmaurocesarpaesalmeid
 
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividadesRevolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividadesFabianeMartins35
 
Construção (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! SertãConstrução (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! SertãIlda Bicacro
 
AULA DE CARIOLOGIA TSB introdução tudo sobre
AULA DE CARIOLOGIA TSB introdução tudo sobreAULA DE CARIOLOGIA TSB introdução tudo sobre
AULA DE CARIOLOGIA TSB introdução tudo sobremaryalouhannedelimao
 
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?AnabelaGuerreiro7
 
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!Ilda Bicacro
 
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...IsabelPereira2010
 
Recomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdf
Recomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdfRecomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdf
Recomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdfFrancisco Márcio Bezerra Oliveira
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...azulassessoria9
 
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcante
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcanteCOMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcante
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcanteVanessaCavalcante37
 
Historia da Arte europeia e não só. .pdf
Historia da Arte europeia e não só. .pdfHistoria da Arte europeia e não só. .pdf
Historia da Arte europeia e não só. .pdfEmanuel Pio
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...azulassessoria9
 
FASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃO
FASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃOFASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃO
FASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃOAulasgravadas3
 
Reta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdf
Reta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdfReta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdf
Reta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdfWagnerCamposCEA
 
apostila projeto de vida 2 ano ensino médio
apostila projeto de vida 2 ano ensino médioapostila projeto de vida 2 ano ensino médio
apostila projeto de vida 2 ano ensino médiorosenilrucks
 

Último (20)

PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEM
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEMPRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEM
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEM
 
ATIVIDADE - CHARGE.pptxDFGHJKLÇ~ÇLJHUFTDRSEDFGJHKLÇ
ATIVIDADE - CHARGE.pptxDFGHJKLÇ~ÇLJHUFTDRSEDFGJHKLÇATIVIDADE - CHARGE.pptxDFGHJKLÇ~ÇLJHUFTDRSEDFGJHKLÇ
ATIVIDADE - CHARGE.pptxDFGHJKLÇ~ÇLJHUFTDRSEDFGJHKLÇ
 
2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO
2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO
2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO
 
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdfo ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
 
A QUATRO MÃOS - MARILDA CASTANHA . pdf
A QUATRO MÃOS  -  MARILDA CASTANHA . pdfA QUATRO MÃOS  -  MARILDA CASTANHA . pdf
A QUATRO MÃOS - MARILDA CASTANHA . pdf
 
planejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdf
planejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdfplanejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdf
planejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdf
 
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividadesRevolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
 
Construção (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! SertãConstrução (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! Sertã
 
AULA DE CARIOLOGIA TSB introdução tudo sobre
AULA DE CARIOLOGIA TSB introdução tudo sobreAULA DE CARIOLOGIA TSB introdução tudo sobre
AULA DE CARIOLOGIA TSB introdução tudo sobre
 
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
 
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
 
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
 
Recomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdf
Recomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdfRecomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdf
Recomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdf
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
 
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcante
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcanteCOMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcante
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcante
 
Historia da Arte europeia e não só. .pdf
Historia da Arte europeia e não só. .pdfHistoria da Arte europeia e não só. .pdf
Historia da Arte europeia e não só. .pdf
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
 
FASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃO
FASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃOFASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃO
FASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃO
 
Reta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdf
Reta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdfReta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdf
Reta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdf
 
apostila projeto de vida 2 ano ensino médio
apostila projeto de vida 2 ano ensino médioapostila projeto de vida 2 ano ensino médio
apostila projeto de vida 2 ano ensino médio
 

Festival Árabe promove cultura e história

  • 1. 1 do estudanteNúm. 55 - ANO VI 2ª Quinzena - Fev/2017 Folhetim do estudante é uma publicação de cunho cultural e educacional com artigos e textos de Professores, alunos, membros de comunidades das Escolas Públicas do Estado de SP e pensadores humanistas. Acesse o BLOG do folhetim http://folhetimdoestudante.blogspot.com.br Sugestões e textos para: vogvirtual@gmail.com Festival Sul-Americano da Cultura Árabe O Festival Sul-Americano da Cultura Árabe, realizado anualmente entre os dias 18 e 31 de março, conta com o apoio da Unesco e de outras importantes instituições. Memórias de longa data mostram as contribuições dos imigrantes árabes para o Brasil, embora parte da sociedade ainda desconheça a densidade desse intercâmbio cultural. A intenção é fortalecer o estabelecimento de um vínculo entre a América do Sul e os Países Árabes com base no respeito à diversidade cultural e nos laços históricos e culturais, especialmente em São Paulo, Estado que possui uma comunidade árabe expressiva e atuante. O Brasil possui uma presença contínua de comunidades de imigrantes árabes que participaram ativamente da construção e do desenvolvimento do Estado nacional a partir do século XIX. Atualmente, mais de 16 milhões de árabes e descendentes vivem no Brasil e contribuem cultural, econômica e politicamente para as sociedades locais. Apenas em São Paulo, são aproximadamente 3 milhões de pessoas; trata-se da maior cidade árabe fora dos países árabes. O evento, para a população em geral, tem como público alvo estudantes de escola e faculdade, jornalistas, empresários, pesquisadores e interessados em geral e ocorre em espaços e equipamentos culturais das diversas cidades envolvidas. No ano de 2017, será promovido o VIII Festival Sul-Americano da Cultura Árabe - África em diversas cidades como São Paulo, Diadema, Rio de Janeiro, Brasília, Curitiba, Porto Alegre, Foz do Iguaçu, Guarulhos e Buenos Aires. Localizado na Rua Baronesa de Itu, 639, Santa Cecília, São Paulo, o Espaço BibliASPA – Centro de Cultura e Pesquisa Árabe e Sul- Americana, possui biblioteca com acervo bibliográfico e multimídia, centro de documentação, editora, museu, sala de restauro, espaço para projeção de filmes e realização de outras propostas. Também dispõe de uma cabine de memória para o registro de história oral dos povos árabes, bem como da coleta de documentos que fortaleçam este acervo. Em outras cidades, outras sedes da BibliASPA também promovem eventos educativos e culturais. Realizado anualmente entre os dias 18 e 31 de março, o Festival Sul- Americano da Cultura Árabe - África, promovido pela BibliASPA, tem como objetivo principal refletir sobre as manifestações culturais árabes, africanas e as contribuições dos imigrantes. A intenção é fortalecer o vínculo entre a América do Sul e os Países Árabes com base no respeito à diversidade cultural e nos laços históricos, além de promover a cultura da paz por meio da aproximação dos povos. O objetivo é também reunir expressões de diferentes linguagens que revelem e reflitam a importância da cultura árabe e a influência da história e da riqueza da cultura árabe no Brasil, bem como favorecer um amplo acesso a população por meio de ações descentralizadas O festival promove apresentações, palestras, debates, exposições, lançamento de livros e Mostra de Cinema Árabe-Sul-Americano além de propiciar à população brasileira atividades relevantes. A programação deste V Festival Sul- Americano da Cultura Árabe prevê apresentações de vários segmentos artísticos, entre os quais caligrafia árabe, cinema, literatura, teatro, música, dança, artes plásticas (em diversas exposições), contação de histórias, arqueologia, fotografia, palestras, debates, colóquios, mesa- redonda, mediação de leitura, publicações e intervenções diversas. Prof. Valter Gomes _______________________________ Folhetim
  • 2. 2 do estudante ano VI fevereiro/2017 LEITURA A Amizade eterna e outras vozes da África Sobre o autor :Ilan Brenman Prof. Valter Gomes ____________________________________ A Importância da Amizade A amizade é algo fundamental na vida humana, como se fosse uma necessidade básica como por exemplo alimentar-se ou descansar. Quanto mais amigos melhor é a vida. Se um dia você está triste ou passando por momentos difíceis, seus amigos verdadeiros sempre estarão ali para te ajudar. A partir do momento que você se sente bem perto de pessoas, você já pode considera-las amigas. Pense como sua vida seria sem seus amigos. Ao longo da vida nós vamos conhecendo muitas pessoas, algumas que nós nos identificamos e outras que não são tão parecidas mas nós admiramos. Tem uma frase que minha mãe sempre fala para mim e ela adora. “Existem pessoas que passam pela gente e deixam um pouco de si, outros levam um pouco da gente, assim somos um pouco de cada um...” Essa frase resume tudo! Maria Luiza – 7ºA Colégio EAG folhetim
  • 3. 3 do estudante ano VI fevereiro/2017 EDUCAÇÃO Hampâté Bâ leva oralidade africana ao papel Relato autobiográfico de etnólogo e filósofo malinês descreve a trajetória de mestre da transmissão oral do continente Na África, cada ancião que morre é uma biblioteca que se queima. A frase, do malinês Amadou Hampâté Bâ, expressa a importância da transmissão oral no continente e a sensação de ouvir um sábio africano relatar suas experiências: é como se vários livros se abrissem, com uma profusão de detalhes, para dar voz às histórias e às tradições locais. "Desde a infância, éramos treinados a observar, olhar e escutar com tanta atenção que todo acontecimento se inscrevia em nossa memória como cera virgem", diz o etnólogo, filósofo e historiador em "Amkoullel, o Menino Fula". Um dos maiores pensadores da África no século 20, Hampâté Bâ integra a primeira geração do Mali com educação ocidental. Seu vínculo com a tradição oral do povo fula (nação de pastores nômades que conduz seu rebanho pela África savânica) o levou a buscar o reconhecimento da oralidade africana como fonte legítima de conhecimento histórico. Hampâté Bâ (1900-91) participou da elaboração dos primeiros estudos que usam as fontes orais de maneira sistemática, como em "História Geral da África", publicada pela Unesco em 1980. Se escritos como esse e outros de caráter sociológico e filosófico são mais conhecidos, o relato autobiográfico tem o mérito de revelar a trajetória desse mestre da transmissão oral e comprovar a força da "oralidade deitada no papel" (nas palavras do autor). "O extraordinário é que ele faz a palavra por escrito. Em momentos do livro, tenho a impressão de escutar um mestre da palavra. E ele era um mestre da palavra", afirma o professor Fábio Leite, do Centro de Estudos Africanos da USP. "A obra aborda a realidade das sociedades africanas a partir de uma visão interna, que vai de dentro para fora dos fenômenos e revela a África- sujeito, a África da identidade profunda, originária, mal conhecida, portadora de propostas em valores diferenciais." Nascido em 1900 em Bandiagara, no atual Mali, Hampâté Bâ começou a viajar "com apenas 41 dias de presença neste mundo" e logo entrou em contato com fulas, bambaras, dogons e hauçás, entre outras comunidades étnicas. O rei Tidjani Tall, fundador de Bandiagara, mandara dizimar todos os membros do sexo masculino da família de seu pai, que sobreviveu ao massacre. À mãe, empreendedora e de caráter forte, chamavam de "mulher de calças". Os pais naturais, o pai espiritual (o mestre sufi Tierno Bokar) e o padrasto lhe ensinaram cedo as regras de honra e conduta. Hampâté Bâ examina a "morte" da primeira infância, o papel das associações de jovens na formação da personalidade africana e a relação com os brancos-brancos (os europeus) e os brancos-negros (os africanos europeizados). O autor conta que, quando pequeno, tocou a mão de um "filho do fogo" (um francês) e descobriu que ele era "uma brasa que não queima". Sem perífrases, descreve uma expedição ao lixo dos europeus para confirmar se seus excrementos eram negros – como diziam os rumores- e, mais tarde, o envio à "escola dos brancos", "considerada pela grande maioria dos muçulmanos como o caminho mais rápido para o inferno!". A descrição de uma cerimônia de circuncisão, precedida de uma grande festa que vai do pôr-do-sol ao amanhecer, recebe descrição minuciosa. Após as arengas destinadas a estimular a coragem, ao pé de duas acácias, colocavam-se pedaços de noz-de-cola na boca dos meninos, entre os molares, para medir sua coragem. Após a retirada do prepúcio, "que retém prisioneira a maioridade", a marca dos dentes, se ligeira, confirmava a bravura do circunciso. Hampâté Ba expõe ainda a fragilidade da civilização da oralidade que tanto defendeu. "Uma das maiores consequências da guerra de 1914, pouco conhecida, foi provocar a primeira ruptura na transmissão oral dos conhecimentos tradicionais." No livro, ouve-se o timbre de sua voz e o murmúrio de um mundo ameaçado. Amkoullel, o Menino Fula Prof. Dr.Paulo Daniel Farah ______________________________ _ Etnomatemática O ensino de matemática não pode ser hermético nem elitista. Deve levar em consideração a realidade sócio cultural do aluno, o ambiente em que ele vive e o conhecimento que ele traz de casa. Essas afirmações fazem parte da etnomatemática, teoria defendida por Ubiratan D‘Ambrosio, professor emérito de matemática da Unicamp, professor do Programa de Estudos Pós-Graduados de História da Ciência da PUC de São Paulo, professor credenciado no Programa de PósGraduação da Faculdade de folhetim
  • 4. 4 do estudante ano VI fevereiro/2017 Educação da USP e do Programa de Pós- Graduação em Educação Matemática do Instituto de Geociências e Ciências Exatas da Unesp Segundo D’Ambrósio, desde pequena a criança é condicionada a achar que a matemática é complicada. “Se ela tem em casa um irmão mais velho, já ouve que matemática é difícil. É um comportamento condicionado: ela entra na escola apavorada com a disciplina.” Ele diz acreditar que o natural seria a matemática ser tratada como um conhecimento presente em todas as coisas do cotidiano das pessoas. “Como era até a Idade Média. Já nos séculos, XVII, XVIII e XIX, a matemática entra na página da ciência e da tecnologia. Surge a idéia de uma matemática mais rigorosa e precisa. A partir da transição do século XIX para o XX, a disciplina passa efetivamente a lidar com tecnologia e ciência e inicia-se o conceito de que o aluno tem que estar preparado para isso.” O professor explica que desse período em diante a escola passou a atribuir à matemática um caráter rigoroso, com muitas abstrações, esquecendo-se que ela está no cotidiano das crianças e que é espontânea. “Olhar, classificar, comparar são princípios da matemática. Se alguém estender uma mão cheia de balas e outra com poucas para que uma criança escolha, ela reconhece a diferença de quantidades e vai optar pela mão cheia. Isso é uma aplicação cotidiana e prática da matemática.” Para Ubiratan, a escola optou por formalizar essas relações. “Pensar em números é abstrato, diferente de pensar em balas. O ensino da matemática assumiu a postura de se encaminhar para o abstrato e se libertar do espontâneo. É daí que vem o distanciamento entre as crianças e a matemática.” Filtro social – De acordo com D’Ambrósio, outra questão importante a ser ressaltada é a utilização da matemática como filtro de segregação intelectual e social. “A nova organização da sociedade é política. A escola passa a ser o filtro que seleciona quem tem condições de atingir uma posição de decisão e comando. É um filtro que existe na sociedade e no sistema de produção: sem diploma, o indivíduo não está preparado para assumir posições altas. Isso é uma distorção. Capacidade para desenvolver uma função deveria estar relacionada com competência. Com isso, a participação da população nos processos de decisão fica comprometida. A matemática é um instrumento forte neste processo de filtragem”, afirma. Ele diz acreditar que é necessário um grande esforço dos educadores modernos para que a matemática deixe de parecer tão complexa e elitista. “Os professores precisam aproximar a disciplina do que é espontâneo, deixar a criança à vontade, propor jogos, distribuir balas, objetos, para que o aluno se sinta bem. A criança adquire habilidades para a matemática em casa, no meio em que vive. Cada um tem um modo próprio de aplicá-la. Só que na escola dizem que a matemática não se faz do jeito de casa. Rechaçam esse conhecimento que o aluno traz e isso cria conflito.” A teoria – Por isso, o professor é o principal idealizador e defensor da etnomatemática, que leva em consideração os fatos e conhecimentos que fazem parte do ambiente cultural no qual a criança vive. “Quando o aluno chega na escola ele traz experiências de casa, traz o conhecimento de jogos, de brincadeiras, pois já viveu sete anos produtivos e criativos. Aprendeu a falar, andar, brincar. Isso não é aproveitado pelo sistema escolar. O professor parece que pede: ‘esqueça tudo que você fez e aprenda números e coisas mais intelectualizadas’.” Segundo D’Ambrósio, os professores valorizam muito o pensamento formal, têm hesitação e medo de se libertar. “É mais importante aquilo que a criança pode fazer com um instrumento que trouxe de sua vida anterior à escola do que dar instrumentos novos. Com o que ela já sabe de casa pode fazer muito e ser feliz. Só quando o aluno sentir que necessita de algo novo é que o educador deve intervir cultivando e explorando esse desejo de saber e fazer mais. Neste momento, o professor pode dizer: ‘você parou aí, vou mostrar como ir adiante’. Aos poucos, a criança irá aprender as coisas novas apresentadas. A matemática é isso. Só que esse momento não está sendo adequadamente explorado pelo sistema educacional. Falta uma pedagogia na linha da etnomatemática.” Mudança de atitude – Para que esse jeito de ensinar seja efetivamente colocado em prática, o professor Ubiratan diz ser imprescindível uma mudança de atitude do educador. Ele afirma que o professor que viu ser possível ensinar matemática considerando os conhecimentos trazidos pelo aluno, deve propagar essa idéia e passar suas experiências para outros colegas. “Neste processo, os que fazem ensinam para os outros. Os educadores estão interessados em fazer algo melhor. Muita gente pensa que os professores são mal preparados. Isso é falso, a preparação é boa e competente. Os educadores precisam é perder o receio de entrar no novo. As autoridades também poderiam ter participação mais ativa, propiciando condições para o professor fazer o novo. Mas o que acontece são medidas controladoras como o Provão para alunos e professores. Não se resolve um problema sério com medidas fiscalizadoras e controladoras. Os professores precisam de medidas mais liberais, pois educadores são criativos e dedicados”, diz. Raciocínio e razão – Matemática é raciocínio, afirma o professor. Ele argumenta que a música é tão racional quanto a matemática e explica que ser racional é encontrar caminhos para uma situação nova. “Um jogador de futebol, na grande área, descobre a solução para uma jogada e faz gol. Ele usou o raciocínio. Já um sujeito muito bom em matemática encontra uma situação difícil na vida e não toma a decisão certa, lógica, apesar de todo conhecimento matemático que tem. Portanto, ser racional não significa ir bem em matemática.” O professor afirma que raciocínio e razão se ajudam e são inerentes à espécie humana, mas a matemática ensinada na escola não explora isso. “A maioria da população passa longe da matemática formal. É um erro pensar que só tem raciocínio quem passa pela escola.” A matemática do folhetim
  • 5. 5 do estudante ano VI fevereiro/2017 sistema de ensino é muito específica e voltada para ciência e tecnologia. “Isso tem sua importância pois a ciência é espantosa e a tecnologia é sofisticada, mas há coisas muito menos sofisticadas que requerem ciência, tecnologia e uma matemática menos sofisticada também. Um médico de cultura indígena não usa um ecocardiograma para enxergar o que se passa no coração do paciente, ele usa elementos de outra natureza. Essa matemática não é menor que a outra, é adequada àquele ambiente.” Sociedade tecnológica – Ele acrescenta que a sociedade repleta de tecnologia exige o ensino de uma matemática que permita à criança lidar com o mundo à sua volta, mas há outras prioridades além disso. “Temos que dar matemática adequada que permita acesso à toda tecnologia. Mas é importante ressaltar que a pessoa não terá falta de acesso só por não saber matemática. A questão de fato é a injustiça social. A criança não deixa de ter comida e hospital por não ter matemática. Os problemas fundamentais da sociedade são de ordem social e política.” D’Ambrósio diz acreditar que os pais são enganados pela falsa idéia de que seus filhos precisam aprender matemática para ter um bom emprego. “Os pais não percebem que a causa do desemprego não está na matemática e sim na organização perversa da sociedade. Enganam-se achando que se o aluno vai bem na escola e em matemática, vai bem na sociedade. Os pais sequer entendem o que está sendo ensinado e acham que sabem o que o filho precisa aprender. Enquanto isso, as crianças se sentem pressionadas a aprender algo que não é gostoso, nem bonito, e não podem se abrir com os pais. Se o aluno não aprendeu frações, recebe punição e a família nem sabe o que é fração. Se a criança diz que não entende o que os professores dizem, os pais ficam bravos, chamam os filhos de burros. Isso fecha o diálogo. Perde-se aí a confiança que a criança tem nos pais, até para falar de coisas maiores como uma gravidez precoce ou drogas. Os pais tem a melhor das intenções, só que foram enganados pelo sistema, prestam atenção em coisas mais acessórias do que o fundamental, que é a situação difícil que vivemos. Para eles terem outra compreensão, as autoridades, os professores, precisam ajudar a abrir os olhos dos pais para o fato de que o mais importante não é a matemática, mas as relações humanas.” O professor reconhece a impossibilidade da sociedade resolver grandes problemas sem a matemática e seus instrumentos, até cita a questão da falta de água que pede a intervenção de engenheiros para buscar soluções, mas acha que há problemas maiores. “A sociedade não é feita só de engenheiros que irão cuidar da água. A matemática é muito importante na sociedade tecnológica moderna, porém há outros pilares da sociedade que estão sendo colocados de lado, como as relações humanas que estão ofuscadas pela busca por uma melhor matemática. A escola deveria formar gente melhor, entretanto toda a energia vai para um ensino errado e, entre os alunos, para passar em matemática. É necessário que todos achem a matemática importante mas há outras questões mais fundamentais que não estão sendo olhadas com o mesmo carinho.” D’Ambrósio conclui sua reflexão explicando que tudo o que ele disse faz parte da etnomatemática. “A teoria nos ensina a dar importância ao contexto e ao ambiente cultural no qual a matemática se desenvolve. Se os engenheiros da Embraer vão colocar um novo avião no mercado, eles usam a etnomatemática para aquele ambiente. Usam equações complexas para resolver situações de vôo. Já as crianças jogando bolinha de gude estão em um ambiente que pede outra matemática específica. Eles pensam ‘vou jogar assim com o dedão, qual será a trajetória da bolinha, qual força vou usar, qual a distância da outra bola’, isso é matemática. O aluno que sai de casa e vai para a escola tem que traçar um trajeto, isso é etnomatemática adequada àquele ambiente, assim como o piloto de avião que sai de São Paulo e vai para o Rio. Ele usa a etnomatemática adequada para aquela situação. A teoria intervém na solução da situação que se apresenta e no conhecimento dessa situação. Mas a matemática que está na escola só reconhece as regras e formalismos desligados das reflexões mutáveis de acordo com o ambiente em que se está.” Entrevista concedida e publicada ao Diário do Grande ABC – 2003 Imagem do Prof. Ubiratan D´Ambrosio e professores da E. E. Com. Miguel Maluhy – Junho de 2003 Prof. Valter Gomes folhetim
  • 6. 6 do estudante ano VI fevereiro/2017 EDUCAÇÃO Deslocamentos, Migração e Humanismo Importante discussão que se amplia em termos de urbanidade, pertencimento e acolhimento, o grande debate sobre Refúgio, Moradia e Cidade, toma cada vez, mais maiores proporções. Com o objetivo em dar visibilidade à questão dos deslocamentos de refugiados, gerar reflexões e ao mesmo tempo permitir um aprofundamento sobre os principais problemas e conflitos gerados a partir desses deslocamentos novos estudos, novos conteúdos estéticos permitem acessar um rico acervo de informações que auxiliam na pesquisa e na compreensão desses fenômenos humanos que ganham novos perfis geográficos e culturais que se formam nesses cruzamentos populacionais. Com a intensificação dos conflitos mundiais em plena era da globalização, a questão dos imensos deslocamentos de refugiados entre diversas nações já se tornou um dos principais problemas e desafios para as grandes cidades. Em São Paulo, nos últimos dois anos um fenômeno novo vem chamando a atenção da mídia oficial e redes sociais: a imersão de refugiados e estrangeiros dentro dos movimentos organizados de luta por moradia digna. Em um país que lida com um grave déficit de moradia para seus próprios habitantes, tal realidade vem tecendo um novo panorama de problemas e questões de caráter urbano, político e humanitário que devem ser assumidos na pauta diária das políticas públicas e das gestões administrativas ligadas ao “direito à cidade”. Sobre esse tema chama atenção a importante contribuição para o debate proporcionada pelo filme “A CHAVE DA CASA” produção do ano de 2009 mas que está totalmente dentro do contexto crescente de grandes cidades do Brasil e de outros centros urbanos em países que ainda não criaram maiores restrições aos movimentos migratórios. RESENHA Sobre o filme A Chave da Casa (2009, 52 minutos, Direção: Paschoal Samora e Stela Grizotti, Co- Produção: Grifa Filmes e RT2A) acompanha as últimas 48 horas de um grupo de palestinos no campo de refugiados de Al-Rweished, na fronteira entre a Jordânia e o Iraque, antes de partir para o Brasil. Deixam para trás parentes, amigos e um passado cheio de lembranças. Nove meses depois, o filme acompanha cinco deles em diversos pontos do Brasil, mostrando seus problemas de adaptação, seus temores em relação a família, o país e as incertezas e esperanças de um novo futuro. Prof. Valter Gomes POÉTICAS O CÂNTICO DA MULHER De lado, Tinhas o rosto de um homem idoso Que, assaltado por dias de mágoa, Me trouxe o seu frasquinho esverdeado E pedia que tomasse a última refeição. Esse frasquinho é uma enseada, O casamento de um barco com uma enseada Nos dias em que as praias se afundam E as gaivotas encontram os rostos E o capitão pressente o seu futuro. Ele veio cheio de fome até mim, eu dei-lhe o meu amor Como um pão, como uma bilha, como um leito E abri as portas ao vento e ao sol E partilhei com ele a última refeição. ADONIS, ‫أدونيس‬ ( Ali Ahmad Said ) folhetim