O documento discute como a educação física escolar pode ser usada para desenvolver a percepção corporal e sensorial dos estudantes através de exercícios que estimulam os sentidos. Ele também explora como o desenvolvimento motor está ligado ao cognitivo e como atividades na educação física podem promover ganhos nessas áreas.
1. Trabalhando a percepção corporal
e sensorial na Educação Física
Rodrigo Augusto Trusz
A Educação Física Escolar como uma
oportunidade para os estudantes
explorarem e descobrirem o seu corpo
através da percepção dos sentidos.
2. Algumas idéias
O desenvolvimento cognitivo/intelectual
está ligado ao desenvolvimento motor.
O conhecimento do corpo e dos sentidos
pode sim proporcionar facilidades na hora
do aprendizado de sala de aula.
Crianças em idade de A30 já poderiam ter
melhor desenvolvimento das percepções
corporal e sensorial.
3. Educação Física e
desenvolvimento cognitivo
Rodrigues (2005) destaca que, ao longo
do desenvolvimento da criança no contexto
escolar, a Educação Física tem seu papel
de importância, uma vez que as atividades,
exercícios e brincadeiras, dentre outras
vivenciadas nas aulas, promovem o
desenvolvimento e aprimoramento das
esferas cognitivas, motora e auditiva.
4. Educação Física e
desenvolvimento cognitivo
O brincar não visa somente à busca do
prazer, ele está ligado também aos
aspectos do desenvolvimento físico e da
atividade simbólica.
O aspecto físico abrange as habilidades
motoras e sensoriais que a criança
necessita desenvolver para sobreviver e
adaptar-se, enquanto o desenvolvimento
das habilidades lingüísticas, cognitivas e
sociais pode ser observado pelo brincar
simbólico. (CORDAZZO; VIEIRA, 2008)
5. Desenvolvimento Motor
O desenvolvimento motor engloba um
conjunto de transformações humanas ao
longo da vida bem como, as influências de
fatores genéticos e ambientais (Gallahue e
Ozmum, 2005)
Segundo Gallahue e Ozmum (2005), o
desenvolvimento motor está dividido em
fases e estágios, como representado na
figura:
6.
7. Desenvolvimento Motor
Apesar da existência das faixas etárias
aproximadas de desenvolvimento, isto não
significa que todas as crianças integrantes
de uma fase ou estágio, consigam realizar
os mesmos movimentos, pois a velocidade
de progressão é variável de indivíduo para
indivíduo. (Gallahue e Ozmun, 2005)
8. Desenvolvimento Motor
A criança em idade escolar, entre 6 e 10
anos, evidencia ganhos cognitivos, sociais
e biológicos que facilitam a participação.
(Valentini, 2006)
9. Desenvolvimento Motor
No aspecto biológico, esse período é
caracterizado por um aumento lento, porém
estável, da estatura e do peso, com um
constante progresso em direção à maior
organização dos sistemas sensorial e
motor. Isso permite à criança acostumar-se
com seu corpo, fator importante na melhora
na coordenação e no controle motor.
(Valentini, 2006)
10. Desenvolvimento Motor
As habilidades perceptivo-visuais tornam-
se mais refinadas (precisão visual,
acompanhamento, tempo de reação e de
movimento e integração sensório-motora),
com a experiência e o processo
maturacional, o que permite desempenhar
habilidades mais sofisticadas. (Gallahue e
Ozmun, 2001)
11. Percepção Sensorial
O modo como nos relacionamos com o
mundo está intrinsecamente ligado a como
o percebemos. Toda informação que nos
chega passa por nossos sentidos e as
codificamos em forma de pensamentos.
A maioria de nós desenvolveu mais uns
sentidos do que outros e não seria
incorreto afirmar que, por esse motivo,
temos formas viciadas de pensamento que
nos limitam e prejudicam. (Massi, 2011)
12. Percepção Sensorial
Desenvolvemos nossos pensamentos de
forma Visual (mais ligada a estímulos
visuais), Auditiva (mais ligada a estímulos
auditivos) ou Cinestésica (mais ligada às
sensações e aos movimentos).
Esse desenvolvimento é um processo
dinâmico, possibilitando diferentes
combinações: Cinestésica-Visual, Auditiva-
Visual, Cinestésica-Auditiva. (Massi, 2011)
13. Percepção Sensorial
"Alta Percepção Sensorial" é a capacidade
seletiva de captar informações do mundo
externo utilizando diferentes tipos de
percepção.
É uma forma de ver onde percebemos a
imagem em nossa mente, sem o uso da
visão normal. (Massi, 2011)
14. Percepção Sensorial
"Primeiro Sentido" é a forma como
usualmente registramos os diferentes fatos
e/ou estímulos que nos chegam.
Podemos imaginá-lo como uma marca que
trazemos conosco e que, de certa forma,
interfere nas nossas relações, nas nossas
escolhas. (Massi, 2011)
15. Percepção Sensorial
É comum haver maior predominância de
um dos sentidos em detrimento dos outros.
Equilibrá-los e desenvolvê-los de forma
harmoniosa contribuirá para alcançarmos o
nível de Alta Percepção Sensorial, o que
nos possibilitará um maior entendimento da
nossa relação com as coisas que nos
cercam e conosco mesmo. (Massi, 2011)
16. Desenvolvimento Perceptivo-motor
A garantia de um pleno desenvolvimento
perceptivo motor e sensorial por parte da
criança, oferecerá condições para
favorecer o amadurecimento e
depuramento de suas estruturas cognitivas.
É pelo comportamento perceptivo motor
que a criança aprende o mundo do qual faz
parte.(Alvim, 2009)
17. Desenvolvimento Perceptivo-motor
O desenvolvimento global da criança
apoia-se no comportamento perceptivo
motor, o qual exige como condição variada
oportunidades de aplicação: a exploração
lúdica, o controle motor, a percepção
figura-fundo, integração intersensorial
(sentidos), noção de corpo, espaço e
tempo, etc. (Alvim, 2009)
18. Trabalhando a Percepção Sensorial
nas aulas de Educação Física
Exercícios de Percepção Tátil:
Apalpar sacos e pacotes com as mãos, a
fim de adivinhar que objetos estão dentro.
Reconhecer colegas pelo tato.
Manipular objetos de madeira para poder
experimentar variações de temperatura
(quente, gelado, morno).
Manipular objetos de madeira para poder
experimentar variações de tamanho
(pequeno, médio, grande).
19. Trabalhando a Percepção Sensorial
nas aulas de Educação Física
Exercícios de Percepção Gustativa:
Experimentar coisas que têm e que não tem
gosto.
Provar alimentos em diferentes temperaturas.
Provar alimentos fritos, assados, cozidos,
crus.
Provar alimentos sólidos, líquidos, crocantes,
macios, duros.
Provar e comparar alimentos da mesma cor,
mas sabores bem diferente: sal, açúcar,
farinha de trigo comum, farinha de mandioca
crua.
20. Trabalhando a Percepção Sensorial
nas aulas de Educação Física
Exercícios de Percepção Olfativa:
Experimentar coisas que têm e que não têm
cheiro.
Experimentar odores fortes e fracos,
agradáveis e desagradáveis em materiais
como: vinagre, álcool, café, perfumes.
21. Trabalhando a Percepção Sensorial
nas aulas de Educação Física
Exercícios de Percepção Auditiva:
Identificar e imitar sons e ruídos produzidos
por animais e fenômenos da natureza.
Procurar a fonte de onde se origina
determinado som.
Brincar de cobra cega.
Tocar instrumentos musicais.
Fazer rimas com palavras.
22. Trabalhando a Percepção Sensorial
nas aulas de Educação Física
Exercícios de Percepção Visual:
Identificar o branco e o preto.
Reconhecer, entre muitos, objetos que têm as
cores primárias - vermelho, azul e amarelo.
Agrupar objetos de acordo com suas cores.
Agrupar objetos de acordo com suas formas.
Montar quebra-cabeças simples.
23. Trabalhando a Percepção Sensorial
nas aulas de Educação Física
Trilha cega (Profa. Márcia e Prof. Fabiano)
A atividade consiste em fazer os alunos
atravessarem uma trilha marcada com
estacas e corda utilizando todos os
sentidos, menos o da visão.
Os alunos tinham os olhos vendados no
começo da trilha e então faziam o percurso
seguindo o professor-guia.
31. Trabalhando a Percepção Sensorial
nas aulas de Educação Física
Os alunos faziam somente o percurso de
ida com os olhos vendados.
No ponto final da trilha, os alunos
retiravam a venda e eram orientados a
observar o caminho que haviam percorrido.
O percurso de volta era realizado sem a
venda nos olhos e os alunos eram
orientados a observar e relatar o que eles
percebiam do caminho.
37. Trabalhando a Percepção Sensorial
nas aulas de Educação Física
No final da atividade, os alunos relatavam
quais as sensações que tiveram no
percurso.
Perguntou-se aos alunos quais os
sentidos, tirando a visão, que foram mais
percebidos.
Uma parte das orientações de observação
dizia respeito ao acúmulo de lixo que
estava depositado no entorno da trilha.
38. Trabalhando a Percepção Sensorial
nas aulas de Educação Física
As nossas percepções sobre a Trilha Cega:
Os alunos participaram com bastante
interesse.
Criou-se uma expectativa, uma sensação
de aventura pelos alunos.
Os alunos queriam contar sobre o que
sentiram.
O sentimento mais relatado foi de “medo“.
A proposta da atividade foi atendida.
39. Referências bibliográficas
ALVIM, R. A., A Educação Física Escolar e o
Desenvolvimento Motor, 2009.
CORDAZZO, Scheila Tatiana Duarte; VIEIRA, Mauro Luís
Vieira. Caracterização de Brincadeiras de Crianças em Idade
Escolar. Psicologia Reflexiva Crítica, Porto Alegre, v. 21, n.
3, p. 365-373, 2008.
GALLAHUE, David L.; OZMUN, John C. Compreendendo o
desenvolvimento motor: bebês, Crianças, Adolescentes e
Adultos. 3. ed. São Paulo: Phorte, 2005.
RODRIGUES, Catalina González. Educação Física infantil:
motricidade de 1 a 6 anos. São Paulo: Phorte, 2005
VALENTINI, N.C., TOIGO, A.M. Ensinando Educação Física
nas séries iniciais: desafios & estratégias. 2. ed. Canoas:
Salles, 2006
MASSI, R.J.D.M. Percepção Sensorial, 2011.