1. Tarefas atuais da teologia
Afonso Murad
www.casadateologia.blogspot.com
2. A grande tarefa
A urgência da teologia consiste em
conseguir que a experiência radical da fé se
torne compreensível, crível e vivível para as
mulheres e os homens de hoje (Torres
Queiruga).
5. Uma tarefa complexa
• Interpretar a fé conjuga fatores que antes se
consideravam incompatíveis:
- olhar apaixonado e rigor científico,
- envolvimento em realidades humanas concretas e
elaboração crítica,
- aprender da Bíblia, da tradição e também com os
“sinais dos tempos” da atualidade.
• No dizer de Paulo Freire, exercita-se a “razão
encharcada de emoção”.
• Pensar a fé com espiritualidade e humildade.
6. Hermenêutica da fé
• Hermenêutica duradoura estabelece relação de
ruptura e continuidade com a comunidade eclesial.
• Continuidade: Acredita na Bíblia como Palavra de
Deus em linguagem humana. Acolhe a fé cristã
numa comunidade e crê que o Espírito de Deus
habita nela, apesar de tantos limites institucionais.
• Ruptura: propõe modelos, conceitos, ideias e
comportamentos que quebram a segurança do já
estabelecido e tido como certo.
• Contribui para a tradição viva, ao recriar, aprofundar
e acrescentar elementos ainda não presentes ou
perdidos durante o trajeto milenar da Igreja
cristã, em suas distintas confissões e denominações.
7. Pré-requisitos
• Reconhecer o alcance e o limite dos
pressupostos adotados e ser capaz de
autocriticar-se.
• Identificar o horizonte intelectivo e vivencial
do próprio teólogo e dos interlocutores
privilegiados. Ex: público arreligioso ou
devoto.
• Encarnar-se sem perder a identidade, pois
cada ambiente vital possibilita e/ou interdita a
tarefa teológica.
8. Muitas em uma
• Distintas correntes teológicas:
- ancoram-se na Palavra de Deus,
- Em sintonia com a Igreja,
- atentas aos sinais dos tempos,
- em constante processo de conversão e
crescimento,
- aprendendo com os interlocutores e com os
opositores.
9. Tarefa do diálogo
• Por que dialogar: ninguém tem a verdade
absoluta. Estamos a caminho....
• Com que dialogar:
- Na comunidade eclesial
- Entre as Igrejas cristãs (ecumenismo)
- Com outras religiões (diálogo interreligioso)
- Com as ciências
- Com homens e mulheres comprometidos na
mudança da sociedade.
- Com homens e mulheres em busca de Deus.
10. Tarefa crítico-construtiva
• Crítico: questiona, desinstala e purifica.
• Construtiva: justifica, harmoniza e integra.
• Só crítica: cria insegurança insuportável e
relativismo.
• Só construtiva: torna-se ingênua e
legitimadora.
• Ambas: faz crescer.....
11. Deconstrução e inovação
• Para inovar é preciso saber desconstruir. Não com martelo
(destruir), mas com chave de fenda (desmontar), pois trata-se de
comprovar, do que está feito, como se juntam e articulam as
peças, quais são os estratos ocultos que o constituem, assim como
as forças não controladas em ação. Sem desmontar o obsoleto, o a-
histórico, as estruturas defasadas no tempo, é impossível dar cabida
ao novo. Trata-se de desmontar, não de destruir, pois o avançar
depende da experiência do passado e do material acumulado. A
experiência é mestra da vida, a condição de saber aprender com ela.
Destruir é desrespeitar o passado e os antepassados; é suscitar
animosidades e opositores à mudança; é inviabilizar uma resposta
histórica às novas perguntas. Desconstruir é potencializar um
futuro, já no presente, alicerçado nos sólidos fundamentos da
experiência do passado.
• Para reconstruir, faz-se necessário espaços de liberdade, de
criatividade e de ensaios comunitários. É sempre fruto de buscas e
discernimentos conjuntos. É um ato social, eclesial (A. BRIGHENTI)
12. Tarefas específicas da teologia
• Crescer na profissionalização.
• Promover a unidade na diversidade do pensar
teológico.
• Articular a teologia com a espiritualidade.
• Formar multiplicadores.
• Contribuir na evangelização das massas.
• Engajar-se em causas humanistas, sociais e
ambientais.
• Atuar na Universidade.
• Crescer como “teologia pública”.
13. Contribuição dos estudantes
• Utilizam os conhecimentos em benefício da
comunidade cristã. Reelaboram o que aprendem com
linguagem e recursos apropriados.
• Disseminam a teologia no ciberespaço.
• Atuam na multiplicação de multiplicadores, em cursos
de formação de lideranças.
• Participam da tarefa evangelizadora da Igreja, em
múltiplas formas: na pregação, nas escolas
dominicais, na catequese, nas pastorais sociais, em
grupos de oração.
• Articulam teologia com espiritualidade e a pastoral.
• Trazem para a faculdade os questionamentos e as
vivências da comunidade eclesial.
• Ajudam os professores a perceber questões
contemporâneas que serão objeto da teologia.
14. Contribuição dos professores
• Docência e pesquisa. Dão
aulas, escrevem, produzem conhecimento
teológico.
• Assessoram encontros e outras atividades em
âmbito eclesial, universitário e da sociedade civil.
• Colaboram no diálogo com as ciências, atuação
na universidade e consolidação da teologia
pública.
• Identificam, estimulam e acompanham os novos
talentos. Empenham-se em formar futuros
teólogos.
Ensinar, refletir, corrigir, acompanhar, propor, visl
umbrar temas e estimular a criatividade dos
aprendizes em teologia.
15. Fonte:
A. Murad e J. B.
Libanio, Introdução à
Teologia.
Perfil, enfoque, tarefas.
Loyola, 8 ed revista e
ampliada, 2011, capítulo
8, pág. 291-323